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OBRAS LITERARIAS
· A Cartomante - Machado de Assis
A Cartomante, Machado de Assis, 1884. Domínio público.
Sobre o conto
· Enredo
O conto da cartomante se passa em 1869 e conta a história de Rita, Camilo e Vilela. Vilela e Camilo eram amigos de infância, “Vilela seguiu a carreira de magistrado, e Camilo entrou no funcionalismo, contra a vontade do pai, que queria vê-lo médico; mas o pai morreu, e Camilo preferiu não ser nada, até que a mãe lhe arranjou um emprego público”. Vilela abandonou o magistério e voltou da província com Rita, sua esposa, para abrir uma banca de advocacia.
Após a morte da mãe de Camilo, Vilela e Rita o ajudaram. Enquanto o amigo Vilela cuidou de toda a papelada, Rita esteve ao lado do amigo, oferecendo suporte. Os dois se apaixonaram e viveram um romance proibido, Camilo decidiu se afastar quando recebeu cartas que revelavam que os dois tinham sido descobertos. Rita, preocupada, achando que Camilo não correspondia seus sentimentos, procurou uma cartomante, que a tranquilizou com relação a isso. Rita procurou Camilo e contou para ele sobre a cartomante, ele apenas riu.
Alguns dias após esse episódio, Camilo recebeu uma carta urgente de Vilela, pedindo que ele fosse até sua casa. Camilo ficou nervoso com a carta e decidiu parar na cartomante antes da ida até a casa do amigo. A cartomante o acalmou, afirmando que o “terceiro” não sabia de nada. Com isso, Camilo continua sua jornada até a casa de Vilela, tranquilo e apreciando a paisagem. Ao chegar, Camilo se depara com Rita ensanguentada e morta e ele leva dois tiros do amigo.
· Análise
O conto é narrado em prosa e existe um narrador que se apresenta como superior aos personagens. Ao contrário do que geralmente acontece nos contos, nessa obra é apresentado um anticlímax, que acontece com um aparente fim da história. Não há muita expectativa do leitor para saber o que acontece em seguida, aparentemente a história já acabou, mas existe uma grande surpresa ao final do conto, pela qual ninguém esperava.
Durante o conto, somos convidados a acompanhar a o que será dito logo em seguida. Há, também, intensa descrição da cidade de São Paulo, que sempre é detalhada quando os personagens percorrem as ruas.
Podemos encontrar características marcantes de Machado de Assis no texto, como uso sutil de ironia, paródia, humor, metalinguagem e intertextualidade (há “Hamlet” de Shakespeare como início e o impasse da razão/emoção humana como o que há entre o céu e a terra). Encontramos também um recurso utilizado pelo autor em outras obras, como “Dom Casmurro”, que é a ideia de não ter algumas respostas finais: como Vilela descobriu? Por que a cartomante não contou o que acontecia? Seria ela a informante de Vilela?
Esta obra pertence à fase madura do autor, em que há um retrato da sociedade da época. O conto foi escrito em uma época em que muitos casos de adultério estavam sendo relatados nos jornais. Machado mostra claramente que os personagens desempenham um papel social, possuem características boas e ruins e não há um vilão especificamente. Além disso, há uma crítica social com relação à hipocrisia da burguesia e à estrutura dos casamentos, que apenas aparentam serem bons, quando a realidade é bem diferente.
O conto foi publicado em um jornal de 1884 e pertence ao livro “Várias histórias”.
· Características de Conto
O conto é uma narrativa curta com conflito único. As histórias contam com poucos personagens e o tempo e o espaço são reduzidos somente ao essencial para a construção do enredo. O enredo é a sequência de acontecimentos da narrativa e, no caso dos contos, ele é marcado pela existência de um único acontecimento principal. Por isso, os contos contam com o clímax - momento de maior tensão. No caso da obra analisada, existe um anticlímax.
· Sobre Machado de Assis
Legenda_imagem_1: Machado de Assis. https://pt.m.wikipedia.org/wiki/
Machado de Assis foi um dos maiores escritores brasileiros. Foi o responsável pela criação da Academia Brasileira de Letras, da qual foi presidente por dez anos.
Ele implementou o Realismo na literatura brasileira e suas obras traziam observações críticas da sociedade.
Machado nasceu em 1839, no Morro do Livramento, região marginalizada do Rio de Janeiro. As suas condições financeiras eram muito ruins, pois ele era descendente de escravos e tinha epilepsia. Saiu de casa aos 16 anos quando começou a trabalhar em jornais da capital carioca e, por meio desses empregos, conheceu o escritor Manuel Antônio de Almeida. Essa parceria o ajudou em sua ascensão social. Machado chegou a ocupar variados cargos públicos durante sua vida.
Em 1897, fundou a Academia Brasileira de Letras e veio a falecer em 1908, sendo enterrado junto a sua esposa, Carolina Augusta Xavier de Novais, no cemitério de São João Batista no Rio de Janeiro.
· Corrente literária e estilo de Machado de Assis
A carreira de Machado de Assis pode ser dividida em duas fases: Romântica e Realista.
Machado é conhecido por criticar valores burgueses e da sociedade em geral por meio de ironias e metalinguagens. As obras machadianas possuem, em grande parte, um humor reflexivo, às vezes amargo, às vezes divertido. Há, também, uma certa ruptura com a narrativa linear, de modo que as ações não seguem uma linha cronológica, o relato acontece à medida que surgem informações na memória do personagem ou do narrador.
Foi o criador do realismo psicológico, visto em seus romances por meio de diálogos diretos com o leitor, acontecimentos do romance ou por meio da construção do personagem. Tinha o objetivo de trazer uma grande reflexão do leitor como indivíduo frente à sociedade.
A construção dos personagens era baseada em arquétipos sociais, "modelos" de pessoas da sociedade, isso gera uma identificação forte do leitor com aquele determinado personagem. Há, ainda, presença de grande pessimismo nas obras de Machado, principalmente quando se trata dos valores e da moral do indivíduo.
Machado de Assis retrata a ascensão social e a manutenção de aparências sociais por meio de críticas à burguesia. Suas obras são um retrato da realidade, em que ele assume forte postura crítica.
· Romantismo na literatura
O Romantismo foi um movimento estético e cultural que revolucionou a sociedade durante os séculos XVIII e XIX, quando os valores clássicos foram deixados para trás. As obras românticas baseavam-se nos valores da burguesia, a classe social que substituiu a elite absolutista em diversos países.
Na poesia, identificamos três gerações do Romantismo brasileiro: os indianistas, os ultrarromânticos e os condoreiros.
Na prosa, José de Alencar foi o principal escritor, e suas obras retratam a sociedade brasileira em seus ambientes urbanos, rurais ou ainda, mitológicos — como no caso dos romances Iracema e O Guarani, que buscam descrever o mito da criação do povo brasileiro enquanto mistura entre índios e europeus.
Algumas características:
· Egocentrismo;
· Sentimentalismo exacerbado;
· Nacionalismo;
· Idealização da mulher e do amor;
· Fuga da realidade - seja pela morte, pelo sonho ou pela arte.
Em sua primeira fase, Machado produziu algumas obras em que podemos encontrar características do Romantismo, tais como: idealização exacerbada, conformismo com valores da época, pouca profundidade psicológica e narrativa simples. Essa primeira fase representa um contraste com a segunda.
· Realismo na literatura
O Realismo, movimento da obra “A Cartomante”, foi um movimento artístico do final do século XIX. No Brasil, teve marco inicial justamente com Machado de Assis, que se contrapôs ao romantismo.
Os realistas buscavam a maior objetividade possível e menor influência pessoal em suas obras. A grande marca do realismo é a crítica social, representada por meio das hipocrisias da sociedade, normalmente retratadas de forma escancarada. Existe forte crítica ao moralismo da elite burguesa nas produções realistas.
Percebe-se um forte traço de ironia como retórica das narrativas. Além disso, as obras realistas se preocupam com o retrato da sociedade brasileira do final do século XIX, também representandouma excepcional descrição psicológica, voltada para uma profunda reflexão sobre os valores e pensamentos dos personagens.
· Contexto Histórico
O Realismo surgiu na segunda metade do século XIX. As duas décadas de vigência dessa corrente literária no país foram um período conturbado e de grandes transformações na nossa história social, política, econômica e literária.
Entre os fatos mais importantes, podem ser elencados a abolição da escravatura (1888), a Proclamação da República (1889), as revoltas militares, a especulação na Bolsa de Valores, o Encilhamento, o surgimento das primeiras escolas de direito e o início da Filosofia Positivista.
O Rio de Janeiro passava por uma transição, deixando de ser uma cidade marcada pela falta de infraestrutura e passando a ganhar planejamento baseado no urbanismo de Paris: sofisticação para satisfazer a proeminente parcela burguesa da população da época.
Estima-se que de 200 mil cidadãos cariocas, 100 mil eram escravos e, desse total, apenas 20% eram letrados, configurando uma população em que 80% era composta por analfabetos.
· Por dentro da Matriz
Nesta etapa, cabe questionar mais profundamente a relação do indivíduo e sua cultura no processo de mudança social, assim como as possibilidades das identidades construídas gerarem mudança social. Os contos Pai contra a mãe, A cartomante, A igreja do Diabo e O enfermeiro (Machado de Assis), assim como o romance O Bom-Crioulo (Adolfo Caminha), ilustram a partir da literatura algumas dessas questões. Em Desobediência Civil, Henry David Thoreau divulga suas ideias políticas vinculadas às liberdades individuais e ao direito à resistência, relacionando-as aos Direitos Humanos.
Na prosa, Machado de Assis, um dos maiores contistas de nossa literatura, propõe reflexões sobre sua sociedade contemporânea por meio de textos curtos e ágeis, uma grande inovação em seu tempo. A Cartomante não apenas debate a noção de inexorabilidade do destino, questão debatida desde a Antiguidade Clássica na Grécia, como também começa com uma citação de William Shakespeare em seu teatro.
A literatura amplia os espaços ou territórios existenciais dos sentimentos humanos a partir de exercícios de leitura e apreciação, nos quais podem ser desenvolvidas potencialidades humanas. A leitura dos contos de Machado de Assis O enfermeiro, Pai contra mãe, A igreja do diabo e A cartomante provoca questionamentos acerca das possibilidades das relações afetivas nos diferentes espaços. Essas obras também levam a um entendimento da dinâmica espacial do período histórico retratado pelos contos, pois o autor produz descrições espaciais de diferentes lugares e as percepções dos personagens em relação aos mesmos.
· Itens que já caíram no PAS
Ainda não encontramos nenhum item no PAS sobre a obra “A Cartomante”.
· Artigo 6° da Constituição Federal
O Artigo 6°:
"Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição."
· Sobre o artigo:
O artigo 6° da Constituição Federal faz parte do capítulo II, que trata sobre os direitos sociais. Ele expressa, de maneira geral, quais são as garantias do âmbito social e está localizado na parte inicial do texto, inserido no título II - dos direitos e garantias fundamentais.
Destaca-se que o artigo 6º é uma das formas de assegurar que se alcance os objetivos do país previstos no art 3°.
"Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação."
Para assegurar esse objetivos, o artigo 6º traz, de forma simples, aspectos fundamentais que devem ser garantidos na vida em sociedade, como, por exemplo:
· Acesso a remédios e consultas gratuitas por meio do direito à saúde.
· Diminuição das desigualdades sociais por meio da assistência aos desamparados.
· Avançar no desenvolvimento nacional por meio do direito à educação e ao trabalho.
Esses direitos foram elaborados tendo em vista o processo de formação social do Brasil, principalmente pelas questões de acesso a políticas públicas básicas, que grande parte dos brasileiros foram excluídos ao longo da história.
A Constituição Federal foi promulgada no ano de 1988 em um contexto histórico de redemocratização do país e término da ditadura militar. Por isso, o texto enfatiza a tentativa de recuperar padrões de legislações sociais e de cidadania com a finalidade de diminuir as desigualdades vinculadas a esses processos e possibilitar maior acesso às políticas sociais.
Tanto que, nesse contexto, os anos seguintes ao surgimento da CF/88 foram também criadas legislações para definir algumas políticas, por exemplo:
· Saúde (Legislação Aplicada ao Sistema Único de Saúde - SUS, Lei 8.080/1990)
· Assistência (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, Lei 8.742/1993)
· Infância (Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, Lei 8069/1990)
O Sistema Único de Saúde, criado em 1988, foi uma conquista do movimento sanitário, que tinha como objetivo possibilitar o acesso a um sistema de saúde universal e gratuito.
Da mesma forma, a Lei Orgânica da Assistência Social teve origem com os movimentos sociais e busca garantir a assistência enquanto direito como uma ação afirmativa da desigualdade social do país.
E, também, há a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente, cujo objetivo é reforçar crianças e adolescentes como sujeitos de direitos. A criação do Estatuto se deu por conta do reconhecimento da inferiorização desse público por conta de uma sociedade adultocêntrica, ou seja, voltada para reconhecer o adulto como indivíduo.
Podemos notar que as ações e leis mencionadas no artigo 6º são atos para amparar e sanar a deficiência relacionada a estereótipos sociais desenvolvidos a partir de normas jurídicas e padrões estabelecidos na sociedade.
Concomitante ao contexto de reivindicações e lutas de movimentos sociais do fim da década de 80, o texto constitucional traz uma nova perspectiva, reconhecendo a diversidade da população do Brasil e buscando oferecer, por meio da justiça social, condições dignas para a vida de todos os cidadãos.
· Por dentro da Matriz
O texto da Constituição Federal, Capítulo II, Direitos Fundamentais, artigos 6° (Congresso Nacional Constituinte - Brasil - 1988); a Declaração Universal dos Direitos Humanos; e a Lei Maria da Penha, artigos 1o a 12-B (Lei no 11.340/2006) podem ser pensados em conexão com os temas problematizados até aqui, como noções de cidadania, direitos individuais, direitos sociais, entre outros.
Dentre as possibilidades de textos literários, têm-se os poemas A canção do exílio (Gonçalves Dias), Ideias íntimas (Álvares de Azevedo), Meus oito anos (Casimiro de Abreu), Marieta (Castro Alves), O sonho africano (Francisca Júlia), Mal secreto (Raimundo Correia), O assinalado (Cruz e Sousa), Ismália (Alphonsus de Guimaraens). No campo das ideias, como formas não literárias, cabe pensar sobre como o texto de Kant, Resposta à pergunta: o que é o esclarecimento?, trata do uso da razão e reflete-se na Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948) e na Constituição Federal, Capítulo II, Direitos Sociais Fundamentais, artigos 6° (Congresso Nacional Constituinte, Brasil, 1988).
Pode-se também refletir a respeito de tipologização de estereótipos e preconceitos a partir dos vídeos Povos indígenas do Brasil (Cristian Wariu, 2018) e A cidade é uma só? (Adirley Queirós), de forma a relacioná-los à Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948), à Constituição Federal, Capítulo II, Direitos Sociais Fundamentais, artigos 6° (Congresso Nacional Constituinte, Brasil, 1988), e aos demais objetos de conhecimento nas diferentes áreas do saber.
Dessa forma, essanova relação do homem com o espaço geográfico e ambiental, regulamentados em diversos documentos oficiais, despertou a consciência antropológica e cultural do sujeito moderno, tal como a Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948) e a Constituição Federal, Capítulo II, Direitos Sociais Fundamentais, artigos 6° (Congresso Nacional Constituinte, Brasil, 1988) que promovem o posicionamento ético frente ao conhecimento científico.
Ainda no que diz respeito aos seres vivos, deve-se dar importância aos causadores de doenças como vírus, bactérias, protozoários e vermes. Cabe enfatizar os desdobramentos das principais patologias e seus modos de transmissão e profilaxia. É importante lembrar que muitas doenças estão diretamente relacionadas a questões ambientais. O desmatamento resulta em prejuízos irreparáveis ao meio ambiente e pode ser responsável pelo reaparecimento de doenças infecciosas. A falta de saneamento básico e cuidados nos ambientes dificultam o acesso à água potável, criando condições propícias ao desenvolvimento de doenças. Os direitos à água potável e limpa e ao saneamento básico estão previstos na Declaração Universal de Direitos Humanos como essenciais para garantir a dignidade humana e o direito à saúde, assegurados no artigo 6o da Constituição Federal.
Textos contemporâneos, como a Constituição Federal, Capítulo II, Direitos Fundamentais, artigo 6° (Congresso Nacional Constituinte - Brasil - 1988), a Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU,1948) e a Lei Maria da Penha, artigos 1o a 12-B (Lei no 11.340/2006), são bastante representativos no concernente aos conceitos e noções de cidadania, direitos individuais, sociais, à propriedade, à nacionalidade como princípios influenciados pelos acontecimentos relacionados à Era das Revoluções.
Segundo pesquisadores brasileiros, os resíduos da mineração encontrados após o rompimento da barragem em Mariana contêm metais pesados, como chumbo, bário, zinco, manganês, alumínio, cromo e ferro, nocivos à saúde e ao ambiente. Esse fato é abordado no artigo O rompimento da barragem de Mariana e seus impactos socioambientais (Luciano M. N. Lopes), exemplificando o desrespeito ao Artigo 6o da Constituição Federal.
· Por dentro das questões do PAS
Não foram encontradas questões relacionadas à obra Artigo 6° da Constituição Federal.
Declaração Universal dos Direitos Humanos
Declaração Universal dos Direitos Humanos, versão em português.
· Sobre a Declaração
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi construída pela Organização das Nações Unidas (ONU) e, desde sua origem, é um direcionamento no âmbito da luta pela igualdade social em diversas partes do mundo.
A Carta da Declaração Universal dos Direitos Humanos tem, dentre um dos seus objetivos, a garantia dos direitos fundamentais a todo ser humano independentemente da sua condição. Dentre as previsões, ele direciona de forma universal os direitos que devem ser garantidos pelo Estado, conforme apresenta o texto:
“Considerando que é essencial a proteção dos direitos do Homem através de um regime de direito, para que o Homem não seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania e a opressão.”
Dessa forma, a luta por sociedades democráticas é um dos aspectos inerentes no documento, diante do contexto histórico pós regimes extremistas da Segunda Guerra Mundial, de modo a viabilizar que as nações seguissem com governos que respeitassem os cidadãos e que fossem contrários à opressão.
O documento cita também as noções de cidadania que todos indivíduos têm direito, como no artigo 29°, que trata dos deveres do indivíduo em comunidade e da importância de seu desenvolvimento dentro dela. Além disso, mostra que os cidadãos inseridos em uma sociedade com respeito às garantias individuais deve ter direito ao trabalho digno, a professar uma religião, independentemente de qual seja, a constituir uma família que, segundo o artigo 16°- 3, “é o elemento natural e fundamental da sociedade”.
São muitos os direitos individuais previstos e grande parte deles se conectam com direitos sociais, como o de ter condições básicas de saúde, estabelecido no artigo 25°-1. Infelizmente, ainda há em muitos locais, como na África, a falta de direitos básicos, como alimentação e saneamento básico, o que gera grandes impactos humanos e geográficos, por exemplo, alta taxa de mortalidade infantil por condições desfavoráveis de desnutrição, higiene e segurança.
Não se pode negar que a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi um avanço para a humanidade, porém é inegável que a humanidade deve percorrer caminhos longos quando o assunto é a construção de uma sociedade humanitária e justa.
· Influência dos Direitos Humanos
A Declaração dos Direitos Humanos é considerada um marco histórico e social, que serviu de base para inúmeras legislações no mundo, inclusive a Constituição Federal de 1988. Já foi traduzida para mais de 500 línguas e, junto com outros pactos e tratados internacionais, forma a Carta Internacional dos Direitos Humanos.
A Declaração tem por objetivo integrar as nações a seguirem diretrizes de respeito à dignidade humana por meio da garantia de direitos, como o da igualdade de gênero. Em cada artigo, observam-se princípios fundamentais adotados na perspectiva humana para a vida em sociedade.
Muitas ações em prol dos direitos humanos são tomadas tanto no ambiente virtual, por meio da produção de conteúdo, como também no espaço físico, na atuação das políticas públicas, como transporte, moradia, saúde e assistência. Esses direitos sociais estão inclusive expressos no Artigo 6º da Constituição Federal.
Além das políticas sociais oferecidas pelo Estado, existem diversas tentativas para superar as desigualdades socialmente estabelecidas, como, por exemplo, por meio das organizações humanas e societárias. Essas organizações realizam esforços financeiros e humanos para gerar conscientização sobre a necessidade de novas relações entre os seres humanos e com seu espaço geográfico e ambiental.
Portanto, o Estado, as instituições, a família e cada cidadão são responsáveis pela garantia dos direitos previstos nesse documento. É dever de cada um verificar as ações estatais e participar do processo de desconstrução de estereótipos sociais que interferem na transformação de uma sociedade mais justa e humana.
· Contexto histórico
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi elaborada em 1946 em um contexto relacionado com eventos que se passaram durante a Segunda Guerra Mundial. Alguns episódios, como o Holocausto e os bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki, foram marcantes para a humanidade.
Ao visualizar esse contexto, as grandes autoridades do mundo, por meio da recém-criada Organização das Nações Unidas, resolveram organizar um documento que enumerasse direitos básicos para toda a humanidade. Tal iniciativa tinha como objetivo evitar que genocídios e outros horrores que foram cometidos na guerra acontecessem novamente.
Ela surgiu porque houve a necessidade de criar um instrumento com a finalidade de diminuir desigualdades sociais causadas por exploração e condições desumanas que foram permeadas ao longo das décadas.
· Por dentro da Matriz
O texto da Constituição Federal, Capítulo II, Direitos Fundamentais, artigo 6° (Congresso Nacional Constituinte - Brasil - 1988); a A Declaração Universal dos Direitos Humanos; e a Lei Maria da Penha, artigos 1o a 12-B (Lei no 11.340/2006) podem ser pensados em conexão com os temas problematizados até aqui, como noções de cidadania, direitos individuais, direitos sociais, entre outros.
Dentre as possibilidades de textos literários, têm-se os poemas A canção do exílio (Gonçalves Dias); Ideias íntimas (Álvares de Azevedo); Meus oito anos (Casimiro de Abreu); Marieta (Castro Alves); O sonho africano (Francisca Júlia); Mal secreto (Raimundo Correia); O assinalado (Cruz e Sousa); Ismália (Alphonsus de Guimaraens). No campo das ideias, como formas não literárias, cabe pensar sobre como o texto de Kant, Resposta à pergunta: o que é o esclarecimento?, trata do uso da razão e sereflete na A Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948) e na Constituição Federal, Capítulo II, Direitos Sociais Fundamentais, artigos 6° (Congresso Nacional Constituinte, Brasil, 1988).
Pode-se também refletir a respeito de tipologização de estereótipos e preconceitos a partir dos vídeos Povos indígenas do Brasil (Cristian Wariu, 2018) e A cidade é uma só? (Adirley Queirós), de forma a relacioná-los à A Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948); à Constituição Federal, Capítulo II, Direitos Sociais Fundamentais, artigos 6° (Congresso Nacional Constituinte, Brasil, 1988) e aos demais objetos de conhecimento nas diferentes áreas do saber.
Dessa forma, essa nova relação do homem com o espaço geográfico e ambiental, regulamentados em diversos documentos oficiais, despertou a consciência antropológica e cultural do sujeito moderno, tal como a A Declaração Universal dos Direitos Humanos, Capítulo II, Direitos Sociais Fundamentais, artigos 6° (Congresso Nacional Constituinte, Brasil, 1988), que promovem o posicionamento ético frente ao conhecimento científico.
Ainda no que diz respeito aos seres vivos, deve-se dar importância aos causadores de doenças, como vírus, bactérias, protozoários e vermes. Cabe enfatizar os desdobramentos das principais patologias e seus modos de transmissão e profilaxia. É importante lembrar que muitas doenças estão diretamente relacionadas a questões ambientais. O desmatamento resulta em prejuízos irreparáveis ao meio ambiente e pode ser responsável pelo reaparecimento de doenças infecciosas. A falta de saneamento básico e cuidados nos ambientes dificultam o acesso à água potável, criando condições propícias ao desenvolvimento de doenças. Os direitos à água potável e limpa e ao saneamento básico estão previstos na A Declaração Universal dos Direitos Humanos como essenciais para garantir a dignidade humana e o direito à saúde, assegurado no artigo 6o da Constituição Federal.
Textos contemporâneos, como a Constituição Federal, Capítulo II, Direitos Fundamentais, artigo 6° (Congresso Nacional Constituinte - Brasil - 1988); a A Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU,1948) e a Lei Maria da Penha, artigos 1o a 12-B (Lei no 11.340/2006), são bastante representativos no concernente aos conceitos e noções de cidadania, direitos individuais, sociais, à propriedade, à nacionalidade, como princípios influenciados pelos acontecimentos relacionados à Era das Revoluções.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela ONU, nos serve, também, como base para estabelecer debates acerca do espaço virtual, que é um meio tecnológico de geração de informação e, também, sobre o espaço físico brasileiro em que se pode estabelecer reflexões sobre a eficácia dos meios de transporte, moradia, saúde, etc. Ainda nessa óptica, as novas formas de comunicação via redes sociais, como ilustra a obra Povos indígenas do Brasil, (Cristian Wariu) servem para ilustrar a inter-relação dos espaços físico-midiáticos, debatendo sobre o espaço social do índio no Brasil.
· Por dentro das questões do PAS
Não foram encontradas questões relacionadas à obra Declaração Universal dos Direitos Humanos.
· IDEIAS INTIMAS
· Sobre o Poema
Ideias íntimas é um dos poemas presentes na “Lira dos vinte anos” (1853).
Lira dos Vinte anos é uma das grandes produções de Álvares de Azevedo e foi dividida pelo próprio autor em duas partes, uma é chamada Ariel (visão positiva) e a outra, Calibã (visão negativa, na qual esse poema se encontra). As duas referências são personagens de Shakespeare na obra “A tempestade”.
A obra tem um caráter intertextual e faz referência a textos de autores como Byron, Victor Hugo e Goethe. Com relação aos aspectos técnicos do poema, ele é composto por 14 partes, estrofes irregulares, versos decassílabos e brancos (sem rima). Há repetições de palavras e sílabas tônicas, aliterações (repetição de fonemas no mesmo verso) e assonâncias (semelhança de sons em palavras distintas).
Sobre os elementos que dão dramaticidade ao texto, há reflexão sobre a oposição de sonho/realidade, de modo que, por apresentar características mórbidas, de momentos à noite em que o eu-lírico está em seu leito, gera dúvidas sobre a veracidade ou imaginação do autor em cada parte.
Além disso, há mistura de estilos, diferentes interlocutores (inovação do autor, pois essa característica é de uso do modernismo), grandeza e vivacidade de detalhes, intensidade, idealização da mulher e frustração amorosa (da mulher que ele via em seus sonhos e por ela ardia de prazer), movimentação pela casa e apego com os objetos, recurso da ironia, sarcasmo, senso crítico, e dualidade.
O autor oferece ao eu lírico durante o texto uma mistura de sentimentos, sendo eles prazer, felicidade, angústia, pessimismo e solidão, fatos que vão do sublime ao grotesco.
· Características de poesia
A poesia é um texto poético, por isso é representado em verso. Faz parte do gênero literário denominado "lírico". Ela combina palavras, significados e qualidades estéticas. Prevalece a estética da língua sobre o conteúdo, de forma geral. Por isso, utiliza-se de diferentes dispositivos fonéticos, sintáticos e semânticos, trazendo riqueza às obras.
A poesia é dividida em versos e eles são agrupados formando estrofes. As origens literárias da poesia apontam que ela nasceu para ser cantada, por isso a preocupação com a estética, a métrica e a rima. Por mais que a obra “Ideias íntimas” seja um poema, possui características descritivas de prosa, com predomínio do conteúdo e versos brancos.
· Sobre Álvares de Azevedo
Manuel Antônio Álvares de Azevedo nasceu em 1831 na cidade de São Paulo, tendo residido no Rio de Janeiro a maior parte de sua vida. Foi um poeta, contista e ensaísta da segunda geração romântica brasileira.
Começou a cursar Direito em 1848, momento em que voltou para sua cidade de origem, São Paulo. Foi por lá que se aproximou da literatura romântica. Inclusive, foi durante os seus anos na faculdade que escreveu algumas de suas obras poéticas. As temáticas trazidas nesse período retratam a solidão e a saudade que ele sentia de seus familiares no período em que estava na universidade.
Em uma época em que o Brasil vivia um período de modelagem em sua nacionalidade literária, Álvares de Azevedo utilizava maior autonomia criativa, sendo individualista e subjetivo. Temas frequentes de suas obras são: morte, vício e o amor (idealizado), sob perspectivas melancólicas.
O escritor morreu aos 20 anos de idade. Ele tinha tuberculose pulmonar e o quadro foi agravado em um acidente a cavalo. Apesar de ter sido operado, o jovem não resistiu e faleceu no dia 25 de abril de 1852.
Ficou reconhecido por suas contribuições literárias, tanto que tornou-se patrono da Cadeira nº 2 da Academia Brasileira de Letras.
· Corrente literária
Romantismo
O Movimento Romantismo na literatura surgiu na Alemanha por volta do século XVIII, com a obra “Os Sofrimentos do Jovem Werther” de Goethe.
As características principais desse novo movimento estavam embasadas em abordagens como o sentimentalismo, a idealização da mulher e do amor e a evasão da realidade. Contudo, no Brasil, esse movimento teve três gerações e quando chegou ao país as obras tinham caráter saudosista, nacionalista e de valorização do índio e da natureza.
Segunda Geração romântica no Brasil
A segunda geração do Romantismo, que teve destaque entre 1853 e 1869, ficou conhecida como Ultrarromantismo ou Mal do século.
As produções literárias dessa geração tinham um forte teor pessimista, uma característica marcante é a evasão da realidade por meio de situações trágicas. As temáticas predominantes eram amor não correspondido, sentimento mórbido, insatisfação, isolamento e dor existencial. Os principais elementos das obras são: subjetivismo, individualidade, sofrimento, escapismo, sentimentalismo exagerado, melancolia e saudosismo.
Também ficou conhecida como Geração Byroniana, por ter bastante influência do poeta britânico George Gordon Byron. No entanto, seus principais representantes brasileiros são Álvaresde Azevedo e Casimiro de Abreu.
· Contexto histórico
O contexto histórico da segunda metade do século XIX foi marcado pelo surgimento da industrialização na Europa, a qual se expandiu para o Brasil. Esse processo foi possível por conta da ascensão da burguesia pós Revolução Francesa.
A influência da Revolução Francesa repercutiu nas gerações seguintes, que foram direcionadas por valores radicalistas, em que os jovens eram motivados a lutar por causas mais justas em favor dos três ideais difundidos pelo movimento: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. O movimento Iluminista foi o movimento que surgiu durante a revolução, que pregava o uso da racionalidade (luz) em contraponto ao absolutismo francês (trevas).
Junto aos valores de Igualdade, Liberdade e Fraternidade, cresceu, entre alguns jovens, um exacerbado sentimento melancólico que adveio do vazio existencial gerado pelo racionalismo do movimento iluminista. Esse sentimento mórbido, de tristeza e inutilidade foi refletido na literatura da época, especialmente no movimento do Romantismo. Destaca-se a obra de Werther de Johann Wolfgang von Goethe, que gerou grande influência nos sentimentos melancólicos e no número de suicídios pelos jovens. Desse modo, o “Mal do Século” também ficou conhecido como Mal de Werther.
A Revolução Francesa tinha como objetivo contestar as classes(estados) que eram estabelecidas: Clero/Nobreza/Burguesia. A burguesia veio para reivindicar direitos mais amplos e representação política, como a dos outros estados, e foi assim que ela conseguiu crescer e obter prestígio político.
Já a nova burguesia no Brasil crescia transpassada pelas práticas abolicionistas, indo para o fim da escravidão. A proibição do tráfico negreiro ocorreu em 1850, mas não foi efetivamente cumprida. Dessa forma, em 13 de maio de 1888, foi assinada a Lei Áurea, que concedia liberdade aos negros das fazendas, de modo a incentivar no país a expansão da mão de obra assalariada, que também seria o mercado consumidor para manter o novo sistema capitalista em funcionamento. Além disso, em 15 de novembro de 1889 houve o fim do império e a proclamação da República.
· Por dentro da Matriz
Os poemas A canção do exílio (Gonçalves Dias, 1843), Ideias íntimas (Álvares de Azevedo, 1853), Meus oito anos (Casimiro de Abreu, 1859), Marieta (Castro Alves, 1870), O sonho africano (Francisca Júlia, 1895), Mal secreto (Raimundo Correia, 1883), O assinalado (Cruz e Sousa, 1905) e Ismália (Alphonsus de Guimaraens, 1923) contribuem para o enriquecimento da sensibilidade, ao expressarem poeticamente as muitas significações da linguagem.
É importante lembrar que o texto literário pode ser entendido como manifestação dentro do contexto cultural da época, como instrumento de socialização da cultura e da construção da identidade brasileira, como um conjunto de códigos artísticos historicamente elaborados, que se refere à esfera extratextual. Devem-se considerar os gêneros literários e a caracterização do texto literário como recriação subjetiva da realidade, o que nos possibilita a comparação entre texto literário e não literário.
Dentre as possibilidades de texto literários têm-se os poemas A canção do exílio (Gonçalves Dias), Ideias íntimas (Álvares de Azevedo), Meus oito anos (Casimiro de Abreu), Marieta (Castro Alves), O sonho africano (Francisca Júlia), Mal secreto (Raimundo Correia), O assinalado (Cruz e Sousa), Ismália (Alphonsus de Guimaraens).
· Itens que já caíram no PAS
Ainda não foram encontrados itens do PAS acerca dessa obra
· Mal Secreto
· O poema
"Se a cólera que espuma, a dor que mora
N'alma, e destrói cada ilusão que nasce
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;
(pungir: estimular)
Se pudesse, o espírito que chora,
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!
Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo
Como invisível chaga cancerosa!
(recôndito: oculto)
Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa! "
Raimundo Correia.
· Sobre o Poema
Podemos separar a interpretação do poema pelas estrofes.
É possível inferir da primeira estrofe que Raimundo apresenta um ser humano com sentimentos obscuros, nos iludimos ao passar pela felicidade já que ao mesmo tempo somos corroídos por dentro o tempo todo. Essa corrosão não está estampada no rosto para que as outras pessoas a vejam.
Na segunda estrofe, o autor comenta sobre a inveja que sentimos de pessoas que aparentam ter uma vida perfeita. Se soubéssemos a realidade da vida dessas pessoas, teríamos outros sentimentos associados a elas. A realidade é diferente do que aparenta ser.
A terceira estrofe perpassa pelo mesmo sentimento da primeira. O autor fala sobre pessoas que externalizam uma coisa para o mundo sendo que na verdade sentem outra coisa completamente diferente.
Por fim, na quarta estrofe, o escritor reflete sobre a possibilidade de a real felicidade dessas pessoas estar nas aparências.
Portanto, podemos concluir que o tema central do poema são as máscaras sociais, que foram criadas e influenciadas pelos estados da mente. Note que esse tema pode estar associado à utilização das redes sociais e da superficialidade no contexto contemporâneo, em que muitas pessoas mostram para os outros somente aspectos positivos de suas vidas. O poema não foi escrito na atualidade mas reflete aspectos que vivemos ainda hoje em nossa sociedade.
Algumas características do parnasianismo podem ser encontradas no poema “Mal secreto”:
· Análise psicológica;
· Linguagem culta;
· Preocupação com a forma do poema;
· Enjambement: ruptura de uma unidade sintática, seja em uma frase, proposição ou sentença, no final de uma linha ou entre dois versos.
O poema é constituído de rimas alternadas nos quartetos e de rimas misturadas nos tercetos. As rimas são ricas (o autor utiliza palavras de diferentes classes gramaticais para rimar).
Em relação às figuras de linguagem, há a presença de metáforas e anáforas ("Tudo o que punge, tudo o que devora"). Há extrema preocupação com a forma mas o conteúdo também é importante.
· Características de poesia
A Poesia é um texto poético, por isso é representado em verso. Faz parte do gênero literário denominado "lírico". Ela combina palavras, significados e qualidades estéticas. Prevalece a estética da língua sobre o conteúdo, de forma geral. Por isso, utiliza-se de diferentes dispositivos fonéticos, sintáticos e semânticos, trazendo riqueza às obras.
A poesia é dividida em versos e eles são agrupados formando estrofes. As origens literárias da poesia apontam que ela nasceu para ser cantada, por isso a preocupação com a estética, a métrica e a rima. No poema “Mal Secreto” temos quatro estrofes e 14 versos, sendo dois quartetos (estrofes com quatro versos) e dois tercetos (estrofes com três versos), essa forma é chamada de soneto.
· Sobre Raimundo Correia
Raimundo Correia https://www.escritas.org/pt/t/12347/mal-secreto
Raimundo Correia foi professor, diplomata, poeta e juiz. Nasceu em 1859 a bordo do navio brasileiro São Luís, ancorado no Maranhão. Raimundo costumava referir-se a si como um homem sem pátria, por ter nascido no Oceano.
Raimundo veio de uma família da classe alta. Cursou o Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, formou-se em direito pela Faculdade de Direito de São Paulo e foi Juiz de Direito no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.
O grande escritor iniciou sua carreira poética com o livro "Primeiros sonhos", carregado de influências dos poetas românticos Castro Alves e Casimiro de Abreu. Em 1883, assume a Tríade Parnasiana com o livro "Sinfonias". O trio foi formado por Alberto de Oliveira, Olavo Bilac e Raimundo Correia, os três poetas de maior destaque no parnasianismo brasileiro.
Raimundo veio a falecer em 1911 em Paris, onde procurava por tratamentos de saúde.
· Corrente literária e estilo de Raimundo Correia
Raimundo era um parnasiano diferenciado por escrever poesias de forte pessimismo, que chegavam a ser sombrias. Sua poesiaestá cheia de sombras e luares, revelando grande dor e amargura. O autor aproxima-se mais da paisagem europeia em seus versos e apresenta um estilo sóbrio, demonstrando objetividade.
Por vezes, os poemas transmitem sensações complexas, provocadas pela musicalidade dos versos e pelo emprego de sinestesias, a ponto de seus últimos trabalhos se aproximarem da estética do Simbolismo. Sinestesia é uma figura de linguagem que consiste na união de termos que expressam diferentes percepções sensoriais.
Sua poesia pode ser considerada como descritiva, voltada à exaltação da forma e à Antiguidade Clássica.
Parnasianismo
Os poetas brasileiros tomam como fonte de inspiração os portugueses do século XVIII. A escola adota uma linguagem mais trabalhada, empregando palavras sofisticadas e incomuns, dispostas na construção de frases, atendendo às necessidades da métrica e ritmo regulares, que dificultam a compreensão, mas que lhes são característicos. Para os parnasianos, a poesia deve pintar objetivamente as coisas sem demonstrar emoção.
Cultuam a estética do Arcadismo, a correção da linguagem, propiciadora de originalidade e imortalidade, buscando objetividade e impassibilidade diante do objeto, cultivando a forma para atingir a perfeição. Tem como característica sintática: devoção à clareza, à lógica e à sonoridade.
Os parnasianos evitam as aliterações, homofonias, hiatos, ecos e expressões arrebatadoras, mas apreciam a rima consoante, aplicada de forma rígida e exigindo a rima em todas as quadras. Rima consoante também pode ser chamada de rima perfeita, é caracterizada pela correspondência total de sons, havendo repetição tanto dos sons vocálicos como dos sons consonantais.
Os parnasianos apreciam as metáforas derivadas das lendas e história da Antiguidade Clássica, símbolo do ideal de beleza. A vida é cantada em toda sua glória, sobressaindo-se a alegria e a sensualidade. A imaginação é sempre dominada pela realidade objetiva.
No início, o Parnasianismo está ligado à inspiração derivada dos temas históricos de Roma e Grécia. Aos poucos, vai se deslocando para a paisagem brasileira, graças à ação do meio e das tradições poéticas, tendendo à busca da simplicidade clássica. A recorrência ao arcadismo interno e ao português acaba dando ao movimento uma configuração própria. O social perde a força do início, cedendo lugar ao princípio da Arte pela Arte, sem, entretanto, suprimir o subjetivismo.
Assim, os poetas não obedecem com precisão o cientificismo e nem primam pela objetividade, mas se orientam pelo determinismo, pessimismo e sensualidade, prevalecendo, com frequência, a exigência de precisão, a riqueza de linguagem e a descrição.
Algumas características pontuais:
· Idealização da arte pela arte;
· Busca da perfeição formal;
· Preferência pelo soneto;
· Rimas raras;
· Vocabulário culto; 
· Objetivismo;
· Racionalismo.
· Contexto Histórico
Iniciado na década de 80 do século XIX, o Parnasianismo é resultado da ambiguidade do momento histórico que marcou a passagem do século XIX para o século XX.
Nesse contexto, grandes potências brigavam para conquistar os mercados consumidores fornecedores de matéria-prima e, por isso, foi desenvolvida a política do neocolonialismo e do imperialismo.
Houve grande progresso das indústrias e o capitalismo estava em plena expansão, trazendo um ambiente eufórico em todo o planeta. Tais situações facilitaram o aumento do consumo e a modernização da urbanização. Contudo, o aumento do consumo criou grupos marginalizados na sociedade, o movimento operário se organizou e greves surgiram, proporcionando um ambiente desagradável. Sentimentos como insegurança e pessimismo eram comuns na sociedade da época.
· Por dentro da Matriz
Os poemas A canção do exílio (Gonçalves Dias, 1843), Ideias íntimas (Álvares de Azevedo, 1853), Meus oito anos (Casimiro de Abreu, 1859), Marieta (Castro Alves, 1870), O sonho africano (Francisca Júlia, 1895), Mal secreto (Raimundo Correia, 1883), O assinalado (Cruz e Sousa, 1905) e Ismália (Alphonsus de Guimaraens, 1923) contribuem para o enriquecimento da sensibilidade ao expressarem poeticamente as muitas significações da linguagem. O romance O Bom-Crioulo (Adolfo Caminha, 1895), vinculado aos ideais naturalistas, apresenta-se em linguagem clara, direta e objetiva.
É importante lembrar que o texto literário pode ser entendido como manifestação dentro do contexto cultural da época, como instrumento de socialização da cultura e da construção da identidade brasileira, como um conjunto de códigos artísticos historicamente elaborados, que se refere à esfera extratextual. Devem-se considerar os gêneros literários e a caracterização do texto literário como recriação subjetiva da realidade, o que nos possibilita a comparação entre texto literário e não literário.
Dentre as possibilidades de texto literários, têm-se os poemas A canção do exílio (Gonçalves Dias), Ideias íntimas (Álvares de Azevedo), Meus oito anos (Casimiro de Abreu), Marieta (Castro Alves), O sonho africano (Francisca Júlia), Mal secreto (Raimundo Correia), O assinalado (Cruz e Sousa), Ismália (Alphonsus de Guimaraens).
· Itens que já caíram no PAS
Ainda não encontramos nenhum item no PAS sobre a obra Mal Secreto, de Raimundo Correia.
· Meus oito anos
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/wk000472.pdf
Meus oito anos, Casimiro de Abreu, 1859.
· Sobre o poema
Tema Central
O poema “Meus oito anos” aborda a temática da saudade da infância e da terra natal. Logo no início do poema, ocorre uma epígrafe, ou seja, uma homenagem, feita por Casimiro de Abreu ao poeta romântico francês Victor Hugo, para quem deixa uma mensagem revelando o tema principal do poema: as recordações da época de primavera e a aurora da vida.
Para Casimiro, a “aurora da vida” é aquela permeada de amor, sonhos, flores, bananeiras e laranjais. O poema apresenta a fuga do presente vivenciado pelo eu lírico, de modo que a retomada do passado é tida como um escape para que se alcance o mínimo de alívio possível. O poeta tem noção de que a sua realidade do passado jamais voltará, porém acredita que o escapismo por meio das lembranças idealizadas pode fazê-lo esquecer as “mágoas de agora”.
A saudosa infância do eu lírico é idealizada como um cenário ideal de tempo e espaço, descritos de maneira extremamente detalhada pelo autor, o que ressalta a expressividade da saudade sentida.
O cenário natural que molda a idealização do poeta, com árvores frutíferas e pássaros cantando, compõe o quadro das pequenas cidades do interior do Brasil.
· Análise
O poema “Meus oito anos” apresenta versos de aspecto direto, sem abstrações ou segundas intenções, por meio do uso de vocábulos simples e adjetivados para dar riqueza de detalhes à cena.
A estrutura do texto consiste no uso de redondilhas maiores, ou seja, versos de 7 sílabas poéticas, sendo que a forma e o conteúdo dos 8 primeiros e dos 8 últimos versos são idênticos.
As rimas não possuem uma sequência organizacional fixa, ou seja, encontram-se misturadas ao longo do texto, de modo que não seguem um padrão. No entanto, compreende-se que a musicalidade do poema se dá devido à posição das rimas na estrofe, classificadas como assonantes, ou seja, as palavras colocadas em pares reproduzem apenas a repetição dos sons vocálicos, como ocorre nas seguintes combinações:
· vida/querida
· fagueiras/bananeiras
No poema também encontramos rimas consoantes, que são aquelas em que há correspondência total do som, como ocorre nas seguintes combinações:
· existência/inocência
· azulado/dourado
· cheia/areia
Os travessões utilizados por Casimiro em determinados pontos do poema servem para dar uma pausa na musicalidade como forma de mostrar uma verdade, e dar mais ênfase àquilo. O ritmo poético logo é retomado nas redondilhas seguintes.
Quanto à organização das estrofes, o poema se organiza da seguinte forma:
A cada 8 versos, se constitui uma estrofe, por isso, ao fazermos referências à posição das oitavas (estrofes de 8 versos), é importante contar os versos de 8 em 8 para identificá-las.
Na segundaoitava do poema, a saudade possui características nostálgicas da pureza infantil, dando a entender que o poeta adulto está sofrendo com uma vida dolorosa por conta da perda de sua inocência.
Na terceira oitava há a presença de uma síncope (desaparecimento do fonema no interior do vocábulo) em “O céu bordado d/’estrelas”, revelando um aspecto mais coloquial do verso. Nessa estrofe, especificamente, ocorre uma forte característica de culto à natureza, que se perpetua ao longo de todo o texto e configura um importante elemento da infância do poeta.
Na quarta oitava, ocorre uma abordagem de alusão familiar por parte do poeta, que afirma o valor da figura feminina, referindo-se à sua mãe e à sua irmã. Casimiro ressalta a saudade da família, que se mostra mais intensa por conta da tristeza e da solidão sentidas naquele momento.
O poeta também ressalta o sentimento de liberdade e felicidade que sentia quando podia desfrutar da natureza de sua terra natal, mostrando que, em sua infância, era comum a prática de correr e se aventurar. Casimiro descreve com riqueza os movimentos do eu lírico, fazendo com que a imagem se recrie na mente do leitor.
Ainda sobre a relação do eu lírico com a natureza, podemos notar a fascinação do poeta nos seguintes versos:
“Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!”
Nessa passagem do poema, fica clara a relação romântica com o teocentrismo, em que o poeta cultua a natureza e a associa com uma expressão divina por meio de uma íntima oração.
Por fim, o poeta repete as 8 primeiras estrofes com o intuito de reforçar a ideia principal que se resume nessa oitava.
· Sobre Casimiro de Abreu
Casimiro de Abreu.
https://es.wikipedia.org/wiki/Archivo:Casimiro_de_Abreu.jpg
Casimiro de Abreu foi um poeta brasileiro nascido no estado do Rio de Janeiro em 1839. Filho de uma brasileira com um comerciante português bem-sucedido, Casimiro viveu sua infância na fazenda da Prata, onde atualmente localiza-se o município de Silva Jardim, RJ.
O poeta já demonstrava interesse pela literatura quando criança, porém não teve o apoio paterno. Aos 14 anos, Casimiro viaja para Lisboa, a mando de seu pai, para estudar práticas comerciais e afastar-se de seu gosto pela literatura. Porém, em Portugal, acontece exatamente o contrário, durante sua vivência no país, Casimiro escreveu diversos poemas, dando início a sua carreira literária. O poeta se destacou na literatura da Segunda Geração do Romantismo por conta de seu livro chamado “As Primaveras”, publicado em 1859 e em que encontramos, dentre diversos outros poemas, a obra “Meus oito anos”.
Casimiro de Abreu se tornou um dos maiores poetas românticos por conta de seu lirismo ingênuo de adolescente. O poeta faleceu aos 21 anos de idade por conta da tuberculose, deixando um legado extremamente importante por meio das poucas obras que produziu em vida.
· Romantismo
Características gerais
O Romantismo foi um movimento artístico do final do século XVIII e início do XIX, que teve sua origem na Alemanha e na Inglaterra, porém atingiu seu apogeu na França. O Romantismo europeu representou a burguesia da época, e mais especificamente a burguesia que se consolidou após a superação dos regimes absolutistas por meio da Revolução Francesa, no final do século XVIII.
O Romantismo surge dentro desse contexto de liberalismo em detrimento do poder da aristocracia, além de se mostrar como resposta aos modelos iluministas, que privilegiavam o racional e o objetivo, enquanto o romantismo irá abordar o emocional e a subjetividade. Outro ponto que se relaciona ao contexto de surgimento desse movimento artístico é a questão da nacionalidade e o fortalecimento do indivíduo, que muitas vezes se verá incapaz de resolver os conflitos com a sociedade, lançando-se assim à evasão (fuga da realidade).
Caracterizando-se como um movimento de produção artística da nova elite social burguesa, podemos citar como principais características do romantismo:
· Subjetividade
O homem se encontra no centro da existência, contrariando o antropocentrismo iluminista, que trata o homem de maneira mais generalista.
· Liberdade criativa
A intenção romântica de revelar o mundo pessoal e emocional do eu lírico só ocorre quando o autor está livre de normas e imposições formais.
· Sentimentalismo
A exposição dos sentimentos do eu lírico ocorre de maneira extremamente exagerada.
· Evasão
A evasão se manifesta de 3 maneiras: o homem romântico foge de sua realidade por meio do tempo, espaço e morte, esta última considerada a maior das evasões.
· Idealização da mulher
A mulher é tratada com profunda pureza e ingenuidade, assim como todos os outros assuntos abordados no romantismo. A mulher representada é comparada a um anjo, capaz de salvar o eu lírico. Suas principais características são a palidez, a fragilidade e a virgindade.
· Culto à natureza
A natureza se revela de acordo com o estado de espírito do autor, aumentando o seu contato com o eu lírico e configurando-se de forma mais expressiva. O romantismo também desenvolve a fascinação pela natureza, que envolve o artista de modo que ele se sinta parte daquele lugar.
· Senso de mistério
O autor romântico possui uma tendência de se inspirar e retratar em suas poesias cenários de cemitérios, ruínas e até a própria ideia de morte.
· Morte
A morte é vista pelos românticos como a principal saída para seus problemas.
No Brasil, a chegada de D. João VI e a Independência política em 1822 criaram um contexto favorável para a instalação do Romantismo no país, criando nos escritores o desejo de retratar o nacionalismo, que irá desencadear posteriormente o nativismo, indianismo e ufanismo.
A poesia romântica brasileira é dividida em 3 gerações: indianista, que enaltece o heroísmo indígena; a ultrarromântica, que se baseia em temas de amor e morte; e a condoreira, pautada em questões de cunho social.
O Romantismo brasileiro tem como ponto principal definir uma identidade brasileira e estimular o nacionalismo. Os índios e a natureza são os principais elementos das obras românticas como forma de simbolizar as raízes nacionais. De um modo geral, as características abordadas no romantismo da Europa são as mesmas adotadas no Brasil, havendo algumas especificações em determinadas gerações românticas brasileiras.
Segunda geração da poesia romântica
A obra “Meus oito anos”, de Casimiro de Abreu, pertence à 2ªgeração romântica, a qual possui algumas particularidades. Compreender com mais profundidade essa fase romântica auxilia no entendimento dos elementos literários presentes na obra e na compreensão do estilo do autor.
Também conhecida como “mal do século”, a poesia da segunda fase do Romantismo se inspira em uma visão ceticista, satírica e extravagante da vida. Suas principais características são:
· Individualismo;
· Subjetividade;
· Pessimismo;
· Temas de amor, morte, dúvida, tédio, tristeza, angústia e saudade;
· Evasão;
· Escapismo da realidade presente;
· Idealização da vida, da mulher e do amor inatingíveis, causando o sofrimento do eu lírico;
· Ironia e sarcasmo.
· Estilo de Casimiro de Abreu
A literatura ultrarromântica de Casimiro de Abreu apresenta um amor totalmente idealizado e o lirismo saudosista. Nota-se também o predomínio da simplicidade e da fluência dos seus textos.
A sua produção literária se apresenta desvinculada de modelos rígidos de métrica e rima, predominando os versos livres e brancos, ou seja, versos que não possuem rima, e a estrofação é livre ou inexistente, configurando um poema apenas com versos. A simetria e o paralelismo não são recorrentes nos poemas de Casimiro de Abreu. Os principais temas de suas obras são: amor, saudade da infância, tristeza da vida, saudade de sua pátria, Deus, natureza e morte.
· Contexto histórico
A obra “Meus oito anos”, exibida no livro de poemas de Casimiro de Abreu, foi lançada em 1859, porém foi escrita pelo poeta quando o mesmo ainda vivia em Lisboa, em meio a um contexto pessoal de solidão e saudade de sua terra natal, o Brasil. Portanto esse é o principal contexto queabarca a intenção de Casimiro ao escrever esse poema.
Simultaneamente ao período em que o poeta romântico encontrava-se em Portugal, o Brasil vivia um momento de intenso nacionalismo devido a todos os recentes avanços que se tinham atingido desde o início do século XIX, como por exemplo a proclamação da independência em 1822.
· Por dentro da Matriz
Nesse sentido, os poemas A canção do exílio (Gonçalves Dias, 1843), Ideias íntimas (Álvares de Azevedo, 1853), Meus oito anos (Casimiro de Abreu, 1859), Marieta (Castro Alves, 1870), O sonho africano (Francisca Júlia, 1895), Mal secreto (Raimundo Correia, 1883), O assinalado (Cruz e Sousa, 1905) e Ismália (Alphonsus de Guimaraens, 1923) contribuem para o enriquecimento da sensibilidade, ao expressarem poeticamente as muitas significações da linguagem.
Dentre as possibilidades de textos literários, têm-se os poemas A canção do exílio (Gonçalves Dias), Ideias íntimas (Álvares de Azevedo), Meus oito anos (Casimiro de Abreu), Marieta (Castro Alves), O sonho africano (Francisca Júlia), Mal secreto (Raimundo Correia), O assinalado (Cruz e Sousa), Ismália (Alphonsus de Guimaraens).
· Itens que já caíram no PAS
Ainda não foram encontrados itens do PAS acerca dessa obra.
· O bom crioulo
http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/Livros_eletronicos/Bom_crioulo.pdf
O bom crioulo, Adolfo Caminha, 1895.
· Sobre o romance
Enredo
O romance “O bom crioulo” conta a história de Amaro, um escravo fugido que se alista na Marinha e se torna um soldado exemplar. O homem ganhou o apelido de Bom-Crioulo por conta de sua gentileza com o próximo, no entanto, com o passar dos anos, ele começa a perder sua disposição para o trabalho e sua bondade. Amaro começa a se envolver com bebidas e desenvolve uma atração por um colega de trabalho, Aleixo, um jovem marinheiro.
Amaro, que nunca havia sentido atração física por mulheres, é tomado por um desejo sexual desconhecido até então, e por isso passa a defender Aleixo em diversas situações no navio onde trabalhavam. Amaro se arriscava por Aleixo e o defendia em todas as circunstâncias.
Por conta do trabalho, Amaro e Aleixo vão para o Rio de Janeiro e se instalam em uma pensão na Rua da Misericórdia, onde a proprietária e ex prostituta, D. Carolina, oferece um quarto discreto para os dois. Eles começam um relacionamento secreto, que dura um ano.
Amaro é designado para trabalhar em outra embarcação, o que acaba causando muitos desencontros entre ele e Aleixo, e consequentemente o distanciamento do casal. Na ausência de Amaro, Aleixo passa a ser seduzido por D. Carolina.
Durante um trabalho de condução de mantimentos, o Bom-Crioulo vê uma oportunidade de atracar no Rio de Janeiro na intenção de poder ver Aleixo na pensão, no entanto seu amante não apareceu durante toda a noite, despertando desconfianças e ciúmes. Embriagado, Amaro se vê no cais perturbado de ciúmes. A polícia é acionada e o Bom Crioulo é levado até o comandante do navio para o qual trabalha. Amaro recebe um castigo tão severo de seu superior que precisa ser levado ao hospital.
Herculano, antigo companheiro de embarcação de Amaro, o visita no hospital e acaba revelando o envolvimento de Aleixo com a proprietária da pensão. Amaro fica intensamente abalado com a notícia e decide fugir do hospital para tirar satisfações com Aleixo. Então ele vai até a padaria próxima da pensão para confirmar com o funcionário do estabelecimento o caso de Aleixo e D. Carolina.
Logo em seguida, Amaro vê Aleixo saindo pela porta da pensão, e por meio de uma abordagem nada delicada, ele inicia uma discussão com o ex amante, culminando em um episódio trágico. A briga causa grande alvoroço na rua e, quando D. Carolina se dá conta, Aleixo está estirado no chão com seu pescoço cortado. Amaro se afasta desolado da cena do crime.
· Análise
Nessa obra de Adolfo Caminha, são nítidas diversas características do movimento ao qual o romance pertence, o Naturalismo. O enredo amoroso abordado por Caminha revela a veracidade dos desejos humanos e a recusa ao sentimentalismo, pois mesmo que Amaro tenha desenvolvido um amor voraz por Aleixo, o mesmo não ocorre de maneira idealizada, e sim em sua forma mais crua e real. Tratar de temas vistos como tabu, como a sexualidade, também é algo marcante na obra. O livro é uma paródia do amor romântico, tendo um casal homossexual, a bissexualidade de Aleixo e o desfecho marcado por uma tragédia.
O romance é narrado em 3° pessoa, utilizando uma linguagem clara e objetiva, típica do Naturalismo. Ocorrem interferências por parte do narrador em alguns momentos, que introduz certos comentários pessoais a respeito do enredo que se apresenta. Podemos ver tal ocorrência no seguinte comentário do narrador, que expressa seu ponto de vista, destacado em negrito: “A velha e gloriosa corveta - que pena! - já nem sequer lembrava o mesmo navio de outr’ora”. Essa tendência do narrador revela uma subjetividade, vista em obras do romantismo, movimento de que o Naturalismo é contrário.
Sugestões românticas ocorrem na narrativa, funcionando como uma crítica, e podem ser vistas em outras situações do romance de Adolfo Caminha, como por exemplo quando ocorre a dor da separação e do ciúme, a descoberta do amor e a presença do herói forte e protetor, capaz de qualquer sacrifício pelo seu amor.
Amaro, ao se descobrir homossexual, começa a desenvolver um ciúmes doentio, semelhante ao das novelas sentimentais. Já Aleixo possui semelhanças com as heroínas românticas convencionais que se demonstravam indefesas e frágeis. Diante desses fatos, vemos que Adolfo Caminha realizou, propositalmente, uma versão grotesca do romantismo, com a apelação sexual e descrições de ambientes sujos, fatos improváveis em um enredo do romantismo. As personagens desse romance naturalista são marginalizadas e se entregam explicitamente aos seus desejos carnais e instintivos.
O narrador trata as questões de homossexualidade como sendo uma manifestação natural dos instintos. No naturalismo não há um caráter moral que se preocupe com preceitos sociais ou julgamento das ações das personagens, no entanto é possível observar um viés moralista condenatório no romance de Adolfo Caminha, que é evidenciado devido à marginalização das personagens, acentuada pelos espaços de livre manifestação sexual, caracterizados pelas sombras e pelo distanciamento da sociedade, como ocorre nos porões do navio ou no humilde quartinho da pensão de D. Carolina.
O comportamento do bom crioulo é tomado pela força do sexo, que o transforma e o transfere da zona da submissão, de quando ele ainda era um soldado exemplar, para a instabilidade comportamental manifestada devido ao afloramento dos desejos depois de conhecer Aleixo, o qual também manifesta a força sexual em suas ações, como por exemplo, quando se deixa levar pela sedução de D. Carolina.
Outro ponto marcante nas personagens desse romance é quanto à descrição das mesmas. Amaro é explicitamente descrito como um homem negro e forte, já Aleixo é branco, loiro e possui olhos azuis. Propositalmente, essas características são marcadas no intuito de relacioná-las com a vida das personagens. Amaro é quem defende o seu amado, e Aleixo, muito indefeso, é o protegido.
Do ponto de vista teórico, o romance naturalista de Adolfo Caminha é de caráter cientificista, característico do pensamento positivista, que investiga as situações por meio da ciência para entender os comportamentos. O mesmo ocorre quando observamos a essência das personagens de maneira mais profunda e analisamos os aspectos racionais que as circundam e as fazem ser como são. Outro pensamento encontrado no romance é o do determinismo, que diz respeito ao meio que certo indivíduo vive e como o mesmo influencia nas atitudes desse ser.
· Características de Romance
Pertencente ao gênero narrativo, a forma literária de um romance apresenta uma narrativa em prosa e uma história completa, geralmente com personagens variados e tramas longas. Possui enredo, temporalidade, ambientação, narrador e personagens definidos de maneira clara. Os temas abordadosem romances costumam representar sentimentos ou acontecimentos que possivelmente aconteceriam na vida real.
· Sobre Adolfo Caminha
Adolfo Caminha nasceu em 1867 na cidade de Aracati (CE), onde viveu até os 10 anos, quando ficou órfão e precisou se mudar para Fortaleza com seus irmãos. Desde cedo já manifestava sentimentos republicanos e abolicionistas em meio ao cenário conservador e monarquista que presenciava na Escola Naval do Rio de Janeiro, onde se formou como guarda-marinha.
Em 1886 começou a demonstrar gosto pela literatura por meio da publicação de seus poemas chamados “voos incertos”. Então, foi vivendo por meio dos trabalhos como escritor e por meio da marinha ao mesmo tempo.
Em 1888, quando ocorre a abolição, Caminha pede demissão do seu cargo de 2° tenente na marinha e volta para o Ceará para comemorar o fim da escravidão.
Adolfo foi um grande representante naturalista, e sua tendência de escrita girava em torno de tramas densas e trágicas, sofrendo muitas críticas ao longo de sua carreira por conta da irreverência de algumas de suas obras, que ousaram abordar temas polêmicos para o contexto em que vivia. Adolfo faleceu aos 30 anos, debilitado pela tuberculose e sofrendo com dificuldades econômicas.
· Movimento artístico
Naturalismo
O Naturalismo se desenvolveu no Brasil nas duas últimas décadas do século XIX e início do século XX. Como principais representantes do movimento, temos as figuras de Aluísio de Azevedo, Raul Pompéia e Adolfo Caminha. A tendência teve sua origem na França e foi vista como um modelo extremista das características do Realismo, sendo muitas vezes considerada uma vertente realista. Sofreu influência de correntes teóricas como o determinismo, teoria da evolução das espécies e o postulado das leis da hereditariedade. O Positivismo, corrente cientificista, e as teorias socialistas de Karl Marx também influenciaram o movimento.
Por meio do interesse em escrever um retrato extremamente verídico da realidade, o Naturalismo se contrapõe ao Romantismo, desenvolvendo um estilo objetivo e investigativo quanto à natureza humana, desvendando seus mais intensos e secretos desejos e expondo todos os podres da sociedade de forma crua e sem filtros.
As feridas sociais são reveladas por meio de situações que testam os limites da personagem naturalista, que uma hora ou outra, irá revelar sua verdadeira essência.
· Contexto histórico
Estamos falando de uma época em que o capitalismo brasileiro formava a tendência da consolidação da exploração dos vários tipos de trabalho, de maneira direta ou indireta. A escravidão foi abolida em 1888 e não houve políticas de indenização ou suporte para os ex-escravos, que estavam à mercê da marginalização.
Os romances “O cortiço” e “Bom Crioulo” exemplificam que as atividades marginais tanto podem salvar, em alguma medida, alguns empobrecidos da derrota total, da pobreza extrema e de parte das arbitrariedades que estão sempre à espreita, quanto podem fortalecer a riqueza dos homens do poder, intensificando a desigualdade e a violência social.
A obra de Adolfo Caminha se insere em um contexto de virada de século, em que ocorriam diversas transformações econômicas, políticas e sociais na Europa por conta da Revolução Industrial e Revolução Francesa, ocorridas no século XVIII. Os primeiros centros urbanos começam a surgir e uma nova ordem econômica do capitalismo financeiro começa a dividir a sociedade entre burguesia e proletariado.
As novas condições de trabalho impulsionaram o surgimento das teorias socialistas de Karl Marx, que influenciaram diretamente o Naturalismo e a obra de Adolfo Caminha. Além disso, houve também influência do cenário histórico do Positivismo, que surge do entusiasmo das novas descobertas e invenções humanas daquele período e afirma que, para chegar à verdade, era necessário utilizar a ciência como único método de comprovação.
Naquele momento também houve destaque para a teoria da evolução das espécies, de Charles Darwin, e para as leis da hereditariedade, postuladas por Mendel, que também influenciaram o Naturalismo. As leis da hereditariedade entendem o homem como produto da natureza, o que é marcante em “O bom crioulo”. Pertencente ao mesmo contexto histórico, temos também o surgimento da corrente determinista, que entende o contexto e o meio em que vive o homem como determinantes em suas ações, além de sua raça e o momento vivenciado pelo ser. Essa teoria deu espaço para correntes teóricas acerca do racismo científico, que surgirão posteriormente.
· Por dentro da Matriz
O romance O Bom-Crioulo (Adolfo Caminha, 1895), vinculado aos ideais naturalistas, apresenta-se em linguagem clara, direta e objetiva.
Cabe questionar mais profundamente a relação do indivíduo e sua cultura no processo de mudança social, assim como as possibilidades das identidades construídas gerarem mudança social. Os contos Pai contra a mãe, A cartomante, A igreja do Diabo e O enfermeiro (Machado de Assis), assim como o romance O Bom-Crioulo (Adolfo Caminha), ilustram a partir da literatura algumas dessas questões.
É possível analisar criticamente como o gênero de cada indivíduo condiciona seus pensamentos e estabelece limitações para suas atitudes. Nesse viés, há abordagem semelhante na obra O Bom-Crioulo (Adolfo Caminha, publicada em 1895), visto que o romance engendra questões de gênero, corpo e sexualdiade, não só como identidades representadas, mas também discursivamente construídas.
Nesse mesmo período, conhecido como a Era das Revoluções, constroem-se novos paradigmas e pensamentos científicos que repercutem nas produções artísticas desse período, como se percebe em O Bom-Crioulo (Adolfo Caminha), representante do Naturalismo, diretamente influenciado pelo Positivismo de Augusto Comte e Determinismo de Hippolyte Taine.
Outras obras também criticaram as contradições do emergente Capitalismo Industrial ou até mesmo apontaram caminhos para perspectivas sociais alternativas, como pode ser observado no conto realista A Igreja do Diabo (Machado de Assis, 1884), na obra naturalista O Bom-Crioulo (Adolfo Caminha, 1895), assim como na peça realista Um Inimigo do Povo (Henrik Ibsen, 1882).
· Itens que já caíram no PAS
Ainda não encontramos nenhum item no PAS acerca dessa obra.
· O rompimento da barragem de Mariana e seus impactos socioambientais
Clique aqui para ver o artigoO rompimento da barragem de Mariana e seus impactos socioambientais – Luciano M. N. Lopes
· Sobre o artigo
O artigo tem por objetivo revisitar matérias da imprensa, laudos técnicos de órgãos públicos e entrevistas produzidas durante o período de cobertura jornalística do denominado "desastre de Mariana", um rompimento de barragem de rejeitos de mineração na cidade de Mariana, Minas Gerais. O trabalho em questão é uma pesquisa de revisão bibliográfica.
Depois do resumo do artigo, Luciano traz o poema “A Montanha Pulverizada” de Carlos Drummond de Andrade. Esse poema é uma crítica à atividade mineradora que destrói as paisagens naturais, essa reflexão ocorre porque a barragem de Fundão, que rompeu em Mariana, pertencia à mineradora Samarco S/A.
A introdução começa abordando os inúmeros acidentes relacionados à atividade mineradora e destaca o rompimento da barragem em Mariana por conta de seus impactos não só ambientais, mas também sociais. Nas palavras de Luciano Lopes: “um rastro de destruição, contaminação e mortes”.
As barragens de Fundão e Santarém foram criadas para receber os dejetos do processo de extração de minério de ferro, ambas estavam localizadas no complexo Alegria, em Mariana-MG. Estudos de 2015 apontam que somente na barragem Fundão (a que rompeu) havia cerca de 50 milhões de m³ de resíduos, classificados como sólidos inertes e não perigosos por norma técnica.
No dia 5 de novembro de 2015, por volta de 16h, a primeira barragem (Fundão) entrou em colapso, os rejeitos de minério atingiram a segunda barragem (Santarém) e causaram seu transbordo, formando um “mar de lama”, que destruiu Bento Rodrigues e causou prejuízos a outros sete distritos de Mariana.
O texto explicaque as barragens foram construídas seguindo métodos tradicionais, no entanto, existem sistemas de barragens mais modernos e seguros. Como esses sistemas são mais caros, as mineradoras preferem assumir os riscos e adotar os sistemas tradicionais de construção (aterro hidráulico). Especialistas afirmam que se as medidas de segurança, fiscalização e monitoramento tivessem sido executadas corretamente, o desastre poderia ter sido evitado, ou no mínimo, ter tido consequências menos graves.
O artigo foi publicado em junho de 2016 e cita algumas medidas governamentais tomadas no sentido de investigação. Na época, uma das principais hipóteses para a causa do rompimento foi o processo de liquefação. Esse fenômeno ocorre quando a areia depositada no fundo da barragem (para filtrar os resíduos) começa a reter água ao invés de expeli-la. Dessa forma, a areia deixa de filtrar os resíduos e começa a se transformar em lama. Outras hipóteses foram: abalos sísmicos ocorridos, sobrecarga da barragem e negligência da Samarco com laudos que já afirmavam que a barragem estava comprometida.
Um dia após o ocorrido, o IBAMA iniciou o acompanhamento da evolução do desastre sob a perspectiva ambiental. Além dos impactos imediatos, como a destruição direta de ecossistemas, é citado que os efeitos do rompimento da barragem serão sentidos por muitos anos, culminando em prejuízos incalculáveis.
A seguir são apresentadas algumas especificações mais claras sobre os prejuízos na cidade de Bento Rodrigues e dos seus moradores, como também à flora, às Áreas de Preservação permanentes atingidas, e ao Rio Doce. Não iremos entrar em detalhes dos prejuízos, porém, é importante destacar a relevância de se entender alguns termos associados com áreas da biologia, pois há a possibilidade de que o PAS cobre itens dessa matéria a partir da obra que estamos analisando.
Por fim, a conclusão de Luciano é baseada em todos os fatos expostos ao longo do documento. Ele reflete sobre o descaso das autoridades brasileiras frente aos órgãos de fiscalização e controle de grandes mineradoras, como é o caso da Samarco.
Vidas foram tiradas, ecossistemas foram destruídos, rios contaminados e distritos inteiros completamente devastados pela lama. Além do prejuízo direto para a natureza, o autor cita prejuízos indiretos, como por exemplo o fato de as águas contaminadas não servirem mais para consumo humano e irrigação, além da atividade pesqueira e o turismo da região, que foram comprometidos.
O autor conclui, diante dos fatos apresentados, que a tragédia poderia ter sido evitada.
· Artigo científico
O artigo científico é um texto com função de divulgar e discutir resultados de pesquisas científicas. Ele pode ser materializado sob a forma de um relato acerca dos estudos da pesquisa em questão por meio de uma linguagem clara, objetiva e impessoal.
Artigos científicos se tornam conhecidos por meio das revistas científicas, que são destinadas ao público que possui interesse no tema, geralmente a comunidade acadêmica.
Esse artigo específico possui uma abordagem crítica e pontual acerca das prováveis causas do rompimento da barragem do Fundão, levando em consideração os impactos ambientais, sociais e econômicos que perpassam o desastre.
· Sobre Luciano M. N. Lopes
Luciano M. N. Lopes é o autor do artigo científico “O rompimento da barragem de Mariana e seus impactos socioambientais”. Atualmente, Luciano é Mestre em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense (UFF) em parceria com o Núcleo de Ciências do Poder Judiciário (NUPEJ). Suas atuações são: Mediador Judicial e Servidor Público da Corregedoria Geral da Justiça do Estado do Espírito Santo desde março/1998.
· Contexto histórico
O artigo foi escrito em junho de 2016, logo depois da tragédia ocorrida em novembro de 2015.
O rompimento da barragem causou uma enxurrada de lama, que devastou cidades, deixando várias pessoas desabrigadas e 19 mortos. Os prejuízos ambientais causados pelo incidente são incalculáveis e, muito provavelmente, irreversíveis.
A lama afetou o rio Gualaxo, que é afluente do rio Carmo, que deságua no rio Doce, o qual é responsável pelo abastecimento de várias cidades da região. Quando a lama atinge os ecossistemas aquáticos, causa morte de peixes e algas, comprometendo a quantidade de oxigênio presente na água e obstruindo as brânquias dos peixes.
A lama compromete também os ecossistemas terrestres à medida que endurece e forma uma espécie de cobertura que é pobre em matéria orgânica, deixando o solo infértil.
Reservatório da Usina Hidrelétrica Risoleta Neves (Candonga) atingido pelo rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco, em Rio Doce, Minas Gerais. Felipe Werneck - Ascom/Ibama
O rio de lama matou 19 pessoas, afetou 39 municípios e percorreu mais de 600 km pelo rio Doce, até chegar ao oceano Atlântico. Quatro anos depois da tragédia, restam apenas ruínas de cidades, uma natureza devastada e milhares de brasileiros sem indenização.
Segundo uma notícia de 2019, as empresas de mineração Samarco, a Vale e a BHP Billiton Brasil, respondem por cerca de 12 crimes ambientais. Já a VogBr responde por emissão de laudo falso ou enganoso.
A contabilização de afetados pelo rompimento chegou a 700 mil pessoas, se considerarmos que os impactos do mar de lama chegaram até o litoral do estado do Espírito Santo.
· Por dentro da Matriz
Acontecimentos recentes podem ilustrar a necessidade do uso da razão na análise de fatos catastróficos, na medida em que decorrem de maneiras contemporâneas de sistematizar a realidade, como é possível constatar na reportagem Museu Nacional: em 10 anos, fogo dizima ao menos 8 prédios com tesouros culturais e científicos do país (BBC, 3 de setembro de 2018) ou no artigo O rompimento da barragem de Mariana e seus impactos socioambientais, de Luciano M. N. Lopes (Sinapse Múltipla, 5 (1), jun 1-14, 2016).
Ao longo da história da humanidade, temos observado que a biodiversidade é constantemente negligenciada em benefício do capital, como exposto por Beto Guedes em O Sal da Terra. O texto O rompimento da barragem de Mariana e seus impactos socioambientais (Luciano M. N. Lopes) e o vídeo Conservar a Amazônia, uma questão ambiental, social e econômica mostram como as ações humanas impactam o meio ambiente e podem causar a destruição de espaços e prejudicar espécies, evidenciando a necessidade de repensar o uso desses ambientes. Kant, no texto Resposta à pergunta: o que é o esclarecimento?, sugere que, ao fazer uso da razão, o homem exerce sua autonomia, condição que o torna responsável pela manutenção das demais formas de vidas, assegurando o equilíbrio ambiental.
Acontecimentos como os rompimentos das barragens das atividades de mineração, como pode ser observado no texto O rompimento da barragem de Mariana e seus impactos socioambientais (Luciano M. N. Lopes), impactaram o ambiente, tornando a água imprópria para o consumo e contribuíram para incidência de focos do mosquito Aedes aegypti e seus surtos de dengue, febre chikungunya e zika vírus. A maior parte das doenças relacionada à falta de saneamento básico se desenvolve devido à água contaminada.
África, Ásia e América Latina foram submetidas e expostas a situações dramáticas, relacionadas à expansão dos modelos capitalistas industriais europeus e norte americano em sua fase imperialista. Reflexões acerca dessa temática estão presentes em: O Sal da Terra (Beto Guedes), Cabaça d’água (Alberto Salgado), O rompimento da barragem de Mariana e seus impactos socioambientais (Luciano M. N. Lopes), Um Inimigo do Povo (Henrik Ibsen) e Conservar a Amazônia, uma questão ambiental, social e econômica (Agência FAPESP), ao criticarem os impactos sociais e ambientais relacionados ao Imperialismo.
Representações numéricas, assim como de grandeza, estão presentes nos textos Entrevista - Edgar Zanotto: um olho na ciência, outro na indústria (Revista Fapesp - Ed. 269, jul. 2018), O rompimento da barragem de Mariana e seus impactos socioambientais (Revista Sinapse Múltipla, v.5, n.1), Onde as cientistas não

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