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Obrigações do Direito Romano e Moderno

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Obrigações do Direito Romano e Moderno
Pode-se entender obrigações como um vínculo jurídico entre sujeitos (credor e devedor), no qual o segundo pode exigir do primeiro o cumprimento de uma determinada prestação. 
Trata-se de um compromisso, no presente, que se projeta para o futuro, esperando solução. O sentido etimológico da palavra envolve a ideia de laço e refere-se a uma situação primitiva de enlaçamento, que provém do elemento ligação. 
Jurisconsultos romanos assim a definiam:
• “obrigação é o vínculo de direito por imposição do qual somos obrigados a solver algo de alguém de acordo com o direito de nossa cidade” (Florentino).
 • “obrigação é o vínculo que liga duas pessoas de tal maneira que uma deve dar, fazer ou prestar algo à outra segundo o direito do país, em que ambos vivem” (noção clássica dada por Justiniano e completada por Paulo).
São elementos básicos que devem estar presentes em qualquer vínculo obrigacional:
a) sujeito ativo, que é o credor (pessoa que tem o direito de exigir a prestação, objeto da obrigação); 
b) sujeito passivo, o devedor (pessoa que é obrigada a fornecer a prestação, objeto da obrigação); 
c) objeto da obrigação, ou seja, o que é devido, a dívida; as obrigações podem ser alternativas e facultativas, certas e incertas, divisíveis e indivisíveis; 
d) vínculo jurídico, o laço que liga o devedor ao credor, constrangendo o primeiro a pagar a dívida a este. São protegidas por uma ação.
 São fontes das obrigações, os fatos jurídicos decorrentes do vínculo obrigacional. No período clássico classificam-se em contrato e delito.
Segundo Gaio, as fontes são: contrato, delito e várias figuras de causas. No direito Justinianeu: contrato, delito, quase-contrato e quase delito. Esta última é ainda reproduzida em alguns códigos modernos baseados no Código Civil Francês. As obrigações podem ser empregadas segundo três acepções:
a) relação jurídica obrigacional, ou seja, obrigação pela qual alguém deve realizar uma prestação de conteúdo econômico, em favor de outrem;
b) dever jurídico de conteúdo econômico, entendida como débito ou obrigação; 
c) direito subjetivo correspondente a esse dever jurídico de conteúdo econômico, compreendido como direito de crédito. 
Os intérpretes de textos romanos distinguem certas figuras especiais de obrigação, a saber:
a) quanto à prestação – obrigações genéricas, alternativas, facultativas, divisíveis e indivisíveis; 
b) quanto aos sujeitos – obrigações ambulatórias, parciais e solidárias; 
c) quanto à sanção – obrigações naturais. O objeto da obrigação chama-se prestação e, para os romanos consiste de três formas verbais: dar – transferir a propriedade de uma coisa (genérica ou fungível) ou direito real; fazer – positiva ou negativamente, executar um ato ou abster-se de praticá-lo designa prestação de qualquer natureza; e prestar– fornecer uma prestação (acessória ou derivada), entregando a coisa ao credor sem transferir-lhe a propriedade; é a origem do termo moderno prestação. Para que a prestação seja válida, ela necessariamente deve ser: possível física e juridicamente; lícita; determinada ou determinável, e representar interesse econômico para o credor.
O inadimplemento da obrigação ocorre quando o devedor não quer ou não pode efetuar a prestação, por ter se tornado impossível realizá-la. Quando este não quer realizar a prestação, ele sempre se responsabiliza pelos danos causados ao credor. Quando não pode, e a impossibilidade disto resultar de seu ato ou omissão, continuará sendo responsabilizado por isto. Por outro lado, quando a impossibilidade resultar de ato ou fato imputável a ele, a obrigação se extingue, desobrigando-se assim o devedor.
A dívida é um dever jurídico de prestação e esta gera, em proveito do credor, um direito de crédito, considerado uma coisa incorpórea. 
Dividem-se em:
a) custódia – culpa de quem guarda a coisa;
b) mora – atraso no cumprimento de uma obrigação, que pode ser mora debitoris ou mora creditoris. 
c) culpa – em sentido amplo (ou dolo) – é a violação de um dever jurídico de forma intencional; e em sentido restrito, decorrente da falta de diligência, classificada por graus em culpa lata e culpa levis;
“A culpa é a negligência, a falta de diligência necessária, isto é, não prever o que é previsível, porém sem intenção de agir ilicitamente e sem conhecimento do caráter ilícito da própria ação. Tal negligência pode-se verificar em um ato positivo, como, por exemplo, guiar com velocidade excessiva, ou numa omissão. Por exemplo: a enfermeira que não dispensa ao doente os devidos cuidados”
A culpa lata ocorre quando há extrema negligência do devedor, que não se utiliza da mais básica cautela ou não prevê o previsível. É equiparada, por vários autores, ao dolo, ampliando a responsabilidade da parte na obrigação. 
a) no Direito Clássico, havia obrigações tuteladas pelos judicia. Quanto às primeiras, o devedor somente se responsabilizava quando a execução da obrigação se tornava impossível por ato positivo seu. Com referência às segundas, o juiz popular podia apreciar amplamente o comportamento do devedor, levando em conta não só os atos de má-fé, mas também a conduta que não houvesse diligência e que, portanto, fosse culposa em sentido restrito. Neste caso o devedor era responsabilizado sempre que, por ação ou omissão, sua conduta fosse dolosa ou culposa (em sentido restrito). Há dois critérios para se saber se o devedor só responde por dolo, ou por dolo e culpa. O defendido pelo maior número de textos é aquele que respondia: apenas por dolo, os devedores de obrigações sancionadas por ações, que acarretavam ao condenado a infâmia; e por dolo e culpa, quando a condenação não implicava esta. Pelo outro critério, provavelmente mais recente do que o primeiro, eram responsáveis: somente por dolo, os devedores para quem a relação obrigacional não trouxesse benefícios (por exemplo, no contrato de depósito); e por dolo e culpa, quando resultasse vantagem para o devedor (contrato de comodato); 
b) No Direito Justinianeu persiste a responsabilidade por dolo, mas o regime da culpa em sentido restrito apresenta modificações, a saber: surge a gradação culpa lata e culpa levis; equipara-se culpa lata ao dolo; por necessidade de ordem prática alguns devedores, responsáveis por dolo, passaram a ser também por culpa levis (mandatário); estendeu-se às obrigações sancionadas por judicia a responsabilidade por culpa levis; embora, pela regra geral, a culpa levis deva ser apreciada nas hipóteses em que o devedor, ao cuidar dos interesses do credor, defende também interesse próprio (assim, por exemplo, o sócio na gestão dos negócios sociais), a culpa levis deve ser apurada. A condenação pecuniária do devedor era realizada após avaliação dos danos sofrido pelo credor. Essa avaliação podia ser feita pelo credor (por meio de juramento), pelo juiz, ou pelas partes antecipadamente. 
Aqui novamente destaca-se as diferenças encontradas no Direito Clássico e no Justinianeu. No Clássico obrigava-se o devedor a ressarcir apenas os danos emergenciais. Em se tratando de ação de boa fé, o juiz popular condenava o réu ao quanto interessa, visando ressarcir e lucrar. No Justinianeu, “tendia-se cada vez mais para o ressarcimento em ambos os elementos, sendo que foi estabelecido um limite para este, o qual era o dobro do valor do objeto da obrigação, se este tivesse valor certo”.
 A extinção das obrigações poderiam se dar pelo modos voluntário (resultante da vontade de pelo menos uma das partes) ou pelo modos involuntários ou necessários (resultantes de fatos alheios à vontade das partes). 
São eles:
a) modos reconhecidos pelo jus civil, determinam a extinção do direito de crédito e a liberação do devedor) revogação do contrato, privação de crédito a título de pena; 
b) modos reconhecidos pelo jus honorário, possibilita ao devedor resistir ao credor, opondo-lhe uma exceção, obtendo assim a absolvição: prescrição.
Finalmente, a garantia é o meio pelo qual o credor se vale para não sofrer prejuízos, em caso de insolvência eventual de seu devedor. Agarantia pode ser pessoal (devedores acessórios que respondem pela insolvência do devedor principal, isto é, baseia=se na pessoa – a figura dessa garantia é a fiança); e reais (os bens do devedor respondem pelas dívidas contraídas por estes, isto é, baseia-se na coisa).
Referências: 
http://wellingtonwanderleyadvogado.blogspot.com.br/2012/08/fontes-das-obrigacoes.html (visto em 09/03/2018 às 18h53)
https://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=398 (visto em 10/03/2018 às 10h27)

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