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Observação: este trabalho foi produzido em 2013, quando o autor estava no 1º período da graduação em Direito e, encontrado nos arquivos, é compartilhado para exclusivos fins de reflexões para os usuários Premium do Passei Direto. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO FACULDADE NACIONAL DE DIREITO CURSO DE DIREITO CARLOS EDUARDO FERREIRA DE SOUZA ANÁLISE DAS FASES HISTÓRICAS DE ROMA NOS ÂMBITOS POLÍTICO, ECONÔMICO-SOCIAL E JURÍDICO RIO DE JANEIRO 2013 Observação: este trabalho foi produzido em 2013, quando o autor estava no 1º período da graduação em Direito e, encontrado nos arquivos, é compartilhado para exclusivos fins de reflexões para os usuários Premium do Passei Direto. CARLOS EDUARDO FERREIRA DE SOUZA ANÁLISE DAS FASES HISTÓRICAS DE ROMA NOS ÂMBITOS POLÍTICO, ECONÔMICO-SOCIAL E JURÍDICO RIO DE JANEIRO 2013 Trabalho apresentado ao professor da disciplina História e Instituições do direito romano da Faculdade Nacional de Direito / UFRJ. Tema: Análise das fases históricas de Roma nos âmbitos político, econômico-social e jurídico. Professor: Aurélio Bouret Observação: este trabalho foi produzido em 2013, quando o autor estava no 1º período da graduação em Direito e, encontrado nos arquivos, é compartilhado para exclusivos fins de reflexões para os usuários Premium do Passei Direto. INTRODUÇÃO O presente trabalho visa justificar a necessidade e a importância dos estudos acerca da civilização romana, sobretudo com enfoque no direito desenvolvido por essa sociedade em suas diversas etapas históricas, visto que “Ubi homos, ibi societas; Ubi societas, ibi jus” (Ulpiano, séc. II a.C). Com essa frase, o jurista romano buscava afirmar que onde existe o indivíduo, haverá sociedade e, consequentemente, o Direito. Ora, se o Direito é produto da sociedade, a análise daquele não poderia prescindir do estudo desta. Portanto, objetiva-se entender as transformações de Roma em seus aspectos político e social para entender as razões que levaram às grandes transformações do direito romano, visto que o direito tem, como algumas das funções, prescrever condutas e normatizar o convívio social, logo, as transformações históricas demandam mudanças jurídicas. A constatação desse tipo de necessidade de alteração da ordem jurídica será facilitada ao analisar duas linhas do tempo paralelas, em que marquem os diversos cenários políticos e jurídicos, respectivamente. Essa comprovação fica evidente, afinal, porque nota-se que, primeiramente, troca-se a realidade política, enquanto a jurídica muda-se à posteriori, suprindo (ou tentando suprir), desta forma, a demanda social por regulação. O direito tenta acompanhar, quase sempre, a evolução da civilização. A razão é, dentre outras, aquela constatada por Sigmund Freud. “O pai da psicanálise afirmava que, segundo o “princípio de realidade”, não seria possível a existência de civilização sem a repressão”, sendo assim, novos mores e hábitos premeditavam a necessidade real de novas regras. Presumindo-se daí que, se houve a conclusão de que não há direito sem sociedade, a partir das sustentações feitas anteriormente, agora se demonstra que a recíproca é verdadeira, ou seja, não é possível que haja sociedade sem Direito, como diria Émile Durkheim (1960, p.17): “A sociedade sem o direito não resistiria, seria anárquica, teria o seu fim. O direito é a grande coluna que sustenta a sociedade. Criado pelo homem, para corrigir a sua imperfeição, o direito representa um grande esforço para adaptar o mundo exterior às suas necessidades de vida.” Observação: este trabalho foi produzido em 2013, quando o autor estava no 1º período da graduação em Direito e, encontrado nos arquivos, é compartilhado para exclusivos fins de reflexões para os usuários Premium do Passei Direto. Pode-se extrair que Direito e sociedade estão intrinsecamente relacionados, sendo assim, concluo a sustentação da importância da História de Roma, de seus sistemas políticos e suas instituições, moldados pela sociedade, para compreender o direito romano. Contudo, antes de iniciar os estudos de fato, cabe justificar o porquê de incidirmos justamente no direito vigente na Roma antiga, ao invés de analisarmos a sistemática jurídica das demais civilizações da Antiguidade. Para cumprir esta função, foi fundamental recorrer ao início da obra de Cretella, antes de fazer referência ao estudo histórico que será desenvolvido pelo autor e será objeto do presente trabalho. O teórico citado dispõe, destarte, de características do direito romano. Primeiramente sobre o fato de que seria criado, modificado e produziria efeito por um longo período temporal, cerca de 1.200 (mil e duzentos) anos, desta forma mostrava a consistência e o amadurecimento deste direito ao longo da história, visto que, se fosse o contrário, provavelmente não seria possível essa extensa duração. A estabilidade das instituições romanas já havia sido alvo de admiração de outros autores, inclusive os clássicos, como Maquiavel, que elogia, em “Comentários sobre as últimas décadas de Tito Lívio”, a estabilidade e a durabilidade da civilização romana, em especial do período republicano. Em sua apreciação, o autor atribuía o sucesso desse sistema, justamente, a instauração de boas leis e instituições, já que esse era o principal caminho para a manutenção do Estado. Num segundo momento, Cretella dispõe do direito privado romano, haja vista que esse foi o grande legado jurídico deixado pela Roma antiga, aliás, constituiu a parte mais consistente e preponderante do direito romano que, se obteve sucesso com relação ao seu direito privado, não se poderia dizer o mesmo de seu direito público, pouco desenvolvido e limitado. Desse modo, cumpre destacar que o grande legado deixado ao mundo moderno e contemporâneo de herança terá sido o referido direito no âmbito privado, que influenciará, principalmente, os direitos civil e comercial do mundo contemporâneo (Reale, M.). Cretella aponta, ainda, o Corpus Juris Civilis, que foi o ordenamento sistemático do direito romano e que permite a tomada deste corpo formal do direito e Observação: este trabalho foi produzido em 2013, quando o autor estava no 1º período da graduação em Direito e, encontrado nos arquivos, é compartilhado para exclusivos fins de reflexões para os usuários Premium do Passei Direto. aplicação aos códigos, bem como permite o acesso a informações mais precisas sobre o funcionamento do direito nestes tempos, visto que diversas (e não raras) civilizações não codificavam as leis, o que torna o estudo impreciso. Por fim, afirmará que o verdadeiro jurista deve estudar direito romano porque foi desta civilização que surgiram grandes teóricos, afinal, o conhecimento acerca da essência desse direito seria fundamental para a formação acadêmica e cultural do bacharel em Direito. Justificada a importância do estudo que será desenvolvido, cumpre expor a metodologia que será utilizada e adiantar os assuntos que serão tratados, bem como os conteúdos que serão abordados ao longo do desenvolvimento e conclusão da obra. Como principais questões, serão trabalhadas as mudanças históricas da civilização romana, demonstrando os elementos e personagens políticos de cada etapa da história externa, assim chamada pelos autores que servem de base a toda a construção do presente estudo. Em meio a esta exposição, analítica e descritiva, serão abordados temas jurídicos, políticos e sociais que permeavam a história de Roma. Iniciando pelo surgimento da Roma antiga, abordar-se-á o período da realeza, ou monarquia, adentrando as fronteiras da república, seguida do principado, ou alto império, seguindo-se ao dominado, ou baixo império. No que consiste a persecução da caracterizaçãodos períodos históricos de Roma, comentar-se-á as questões que envolvam a história do Direito. Feito o breve resumo, pretender-se-á o desenvolvimento das fases supramencionadas ao longo do texto, desta forma será possível construir uma linha de pensamento mais nítida, compreensível e completa. Ambas as histórias terão forte embasamento em autores diversos, dentre filósofos, juristas, historiadores e outros mais que se fizerem necessários. Observação: este trabalho foi produzido em 2013, quando o autor estava no 1º período da graduação em Direito e, encontrado nos arquivos, é compartilhado para exclusivos fins de reflexões para os usuários Premium do Passei Direto. 1. A realeza e o direito arcaico 1.1. A origem Pode-se afirmar que este, dentre os demais, é o período histórico de Roma mais complexo em nível de estudo, visto que a história de sua fundação até o início da república (753 a 510 a.C.) carece de provas concretas, sendo assim, surgem vários nortes que expressam a fundação da civilização romana. Uma delas é essencialmente mítica, visto se pautar na lenda dos filhos de Anquises e Vênus. Buscando-se esclarecer o mito, conta-se a história: “[...] o jovem Remo acabou sendo preso pelo rei Amúlio [...] Perturbado com a prisão de seu filho de criação, Fáustulo contou para Rômulo que ele e seu irmão eram os verdadeiros descendentes do trono de Alba Longa. Enfurecido pelo desvendamento da verdade, Rômulo foi até o palácio, libertou o seu irmão, matou o rei Amúlio e libertou o seu avô Numitor. [...] Remo tomou para si o monte Aventino [...] Logo depois, Rômulo foi indicado como o abençoado. [...] Depois que recebeu a distinta bênção das divindades, Rômulo cavou um sulco que separava seus domínios do seu irmão. Enciumado por aquela situação, Remo desconsiderou o marco criado pelo seu irmão e atravessou o território. Furioso com o comportamento desrespeitoso de Remo, Rômulo matou o irmão e [...]se tornara o primeiro rei de Roma” (SOUSA, R.) Outra versão, mais realista, condiz com a teoria de Aristóteles acerca da formação da polis, que seria um processo gradual. Basicamente, o estagirita afirmava que a família era elemento central para a formação da polis, passando por outras etapas anteriores, tendo a tribo como uma delas, que era, basicamente, a reunião de várias famílias. Bem, essa teoria que se aproxima da realidade, e é adotada por Cretella, afirma a concepção aristotélica, ou seja, que Roma teria sido fundada, a princípio, por um conjunto de tribos: ramnenses, tirienses e lúceres. Claro que, se tratando de uma reunião de tribos, teoriza-se a fase primitiva da civilização romana, dado que a Observação: este trabalho foi produzido em 2013, quando o autor estava no 1º período da graduação em Direito e, encontrado nos arquivos, é compartilhado para exclusivos fins de reflexões para os usuários Premium do Passei Direto. cidade, ou polis, em Aristóteles, de Roma seria fundada, de fato, pelos reis etruscos, ou seja, os três últimos reis romanos anteriores ao período republicano. 1.2. Classificação social No período real, ou monárquico, a sociedade romana dividia-se em dois grupos: patrícios e plebeus, além dos clientes, que representam uma classe distinta. Os patrícios pertenciam à camada superior da sociedade, visto que eram livres e descendentes de pessoas livres também. Nesta época predominava o regime patriarcal, sendo o chamado paterfamilias o principal membro da família, cabendo a ele decidir sobre assuntos relativos ao matrimônio, dentre outros julgamentos que poderiam ser feitos e eram tutelados por essa figura social. Como classe privilegiada faziam parte das gentes, compostas por famílias. As gens compunham uma tribo. Nota-se, então, a semelhança com a concepção aristotélica da formação da polis. Além disso, ocupavam cargos privilegiados na administração pública e no meio social. Os plebeus ocupavam posição de extrema inferioridade, não se integravam na classe dos patrícios, ao mesmo tempo em que não recebiam proteção por parte destes. Apesar de compor a sociedade, eram abastados e não tutelados pelo direito da época, nem em direitos, nem em deveres, daí a necessidade de viverem sob a proteção do rei. Por último cabe definir e desmembrar a classe dos clientes, estrangeiros que viviam em Roma, que não possuíam direitos e recebiam a proteção dos patrícios. Ressalta-se, que apesar de viverem sob a proteção dos patrícios, eram livres, podendo laborar atividades livremente. A observação feita ao final do trecho anterior é para instar nesta análise uma última “classe”, que era composta por escravos, que, como a intuição já aponta, não possuíam liberdade e, mais que isso, não faziam parte da sociedade romana, sendo totalmente abastados de qualquer tipo de benefício. 1.3. Poder Político Observação: este trabalho foi produzido em 2013, quando o autor estava no 1º período da graduação em Direito e, encontrado nos arquivos, é compartilhado para exclusivos fins de reflexões para os usuários Premium do Passei Direto. O poder político estava dividido, em tese, entre três instituições: o rei, o senado e o povo, por meio de comícios. O rei exercia a figura suprema, responsável pelo comando do exército, que seria composto por patrícios e plebeus, além do Sumo Sacerdócio, logo, a principal figura responsável pela aplicação das regras de direito da sociedade, dado que, conforme se observará adiante, os pontífices e sacerdotes detinham o poder de julgar, contudo, não cabe detalhar esta função neste tópico, ainda. Simplificando, o rei detém o poder do Imperium, poder supremo e de ordem, ou seja, cabe a ele decidir acerca das medidas a serem tomadas, principalmente no tangente a, vulgarmente chamada, palavra final, já que atende a conselhos dos comícios, mas, principalmente, do senado. Por sua vez, o Senado era composto exclusivamente por patrícios, dentre os quais eram escolhidos os mais experientes, herança deixada até hoje para a sociedade brasileira, dado que, segundo a Constituição Federal de 1988: “Art. 14, 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei: VI - a idade mínima de: a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador; b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; d) dezoito anos para Vereador.” Desta norma constitucional, relativamente recente na história do Brasil, nota-se que o cidadão que atender a todos os requisitos necessários de elegibilidade ao senado, deverá, ainda, possuir idade superior àquela necessária para a candidatura a outros cargos componentes do Legislativo, como de deputados ou vereadores. Assim, busca-se alcançar, nesta casa, membros mais experientes para compô-la. Se o rei detinha o poder imperium, cabia aos senadores o poder da autorictas, visto que eram os responsáveis, nem tanto por legislar, mas por legitimar as decisões tomadas pelo povo com base em proposta do rei. Além disso, suas opiniões e pareceres acerca de diversos temas funcionavam, na prática, como Observação: este trabalho foi produzido em 2013, quando o autor estava no 1º período da graduação em Direito e, encontrado nos arquivos, é compartilhado para exclusivos fins de reflexões para os usuários Premium do Passei Direto. ordens ao rei, principalmente no que tange aos grandes negócios. Já o populus romanus são formados, até este momento histórico, por patricios, exclusivamente, que eram responsáveis por votar decisões dos reis, que, em última instância, deveriam ser ratificadas pelo senado. As votações resultavam em leis que passavam a valer; ainda que, como será mostrado adiante, o predomínio no direito romano sejam os mores ou costumes. 1.4. SérvioTúlio, o rei reformador Sérvio Túlio foi um dos últimos reis de Roma, merecendo destaque devido às reformas financeira e militar que acabariam, posteriormente, resultando em uma reforma política. O rei lutava para situar a plebe em alguma camada social, visto que esta era destacada, sem direitos ou obrigações dentro da sociedade. Para que pudesse ter maior conhecimento acerca desta camada, Túlio ordenou que fosse feito o primeiro censo de que se tem conhecimento na história da humanidade. Interrompo o raciocínio para comentar a lei federal nº 5.534/68, que institui a obrigatoriedade do recenseamento no Brasil, herdado, também, dos costumes praticados em Roma. Retornando ao censo da era monárquica romana, pode-se atestar que teve como principais utilidades identificar o número de plebeus existentes em território romano e diferenciá-los de acordo com o montante de capital que possuíam para que pudessem pagar impostos. Dessa forma, aqueles que tinham condições de contribuir com a tributação romana, passavam a ter privilégios, como o de prestação de serviço militar, exercício de atividade econômica, mormente a comercial, e a participação em comícios populares, tendo o direito de votar uma gama restrita de leis. Essa reforma foi fundamental para incluir os plebeus na sociedade e dar início às transformações que gerariam oportunidades maiores de inclusão e, como será evidenciado em tópicos posteriores, da ampliação de poderes e participação política da plebe. Dentre as transformações ocorridas pode-se destacar a possibilidade de colocação da plebe como membros efetivos do exército romano, atividade que aumentava a honra daquele que a praticava, além disso, o serviço militar servia Observação: este trabalho foi produzido em 2013, quando o autor estava no 1º período da graduação em Direito e, encontrado nos arquivos, é compartilhado para exclusivos fins de reflexões para os usuários Premium do Passei Direto. como contribuição dada à Roma por meio de seus trabalhos a disposição do exército. 1.5. O direito arcaico, a lex e as fontes do direito O estudo da história e da sociedade romanas foi importante para que se tornasse possível traçar o Direito desta época, contextualizando, desta forma, os personagens e as instituições anteriormente apresentadas, fazendo conexões entre estes e os acontecimentos históricos, caracterizando e explicando o Direito arcaico. O referido Direito que regeu as relações durante toda a realeza não era escrito, sendo essencialmente consuetudinário, ou seja, advindo da aplicação de costumes e construção de normas pautadas nas tradições do povo romano. A afirmação ora feita não descarta a existência da lex, ou lei, ou norma, que era transmitida de forma oral e aplicada segundo critérios estabelecidos pelos sacerdotes, pelo rei e por patrícios. Enquanto os costumes eram práticas observadas constantemente e aplicadas nas relações entre cidadãos romanos, as leis eram normas proferidas pelo rei e aprovados pelos comícios, sendo, posteriormente ratificado e legitimado pelo senado. Não se faz necessário aprofundar o âmbito das atribuições, haja vista a conceituação das classes sociais, feita em tópicos anteriores. Contudo, é fundamental que se encaixe os elementos constitutivos, a fim de esclarecer o processo de tramitação da lei e suas etapas, coletando elementos soltos e soldando- os em uma definição geral. A princípio abrangia, exclusivamente, a classe dos patricios, deixando de englobar tanto os plebeus quanto os estrangeiros, ou clientes. Contudo, após a reforma de Túlio, através da qual se incluiu a plebe na política, passou-se a adotar processos legislativos que englobavam os plebeus, fazendo-se a distinção entre dois comícios: o curiatos, formados por patricios, e o centuriatos, formados por plebeus, ambos com poder de aceitar ou rejeitar leis propostas pelo rei, mesmo que ainda existissem diferenças entre assuntos tratados em cada comício. Cabe salientar, ainda, que a lei não era impessoal ou geral, visando o bem da coletividade, pois eram verdadeiros acordos entre patres diversos, que legislavam Observação: este trabalho foi produzido em 2013, quando o autor estava no 1º período da graduação em Direito e, encontrado nos arquivos, é compartilhado para exclusivos fins de reflexões para os usuários Premium do Passei Direto. de acordo com seus interesses pessoais, de caráter financeiro ou não. Desta forma adaptavam as leis comerciais, sucessórias, dentre outras, a suas vontades. Primeiramente desejava-se, em seguida, criavam-se as leis. O fim da realeza é marcado pela morte do último rei de Roma, Tarquínio, qualificado como “o soberbo”, que viria a ser destronado por revolucionários, dentre patricios e militares que, motivados por diversos fatores, de ordens políticas e sociais, tomaram o poder, alterando a conjuntura social, primeiramente, para que, viessem a modificar o Direito romano vigente posteriormente. Nas palavras do escritor francês Honoré de Balzac: “A administração é a arte de aplicar as leis sem lesar os interesses.” Portanto, se um governo não corresponde mais aos interesses da sociedade, provavelmente suas leis e, consequentemente, seu Direito, também não o farão, logo, será comum que as mudanças políticas e sociais alterem, também, a estrutura jurídica deste grupo. 2. A república: o fim do direito arcaico e ascensão do direito pré-clássico 2.1. Questões históricas O período mais longo da história romana (510 a.C. - 27 a.C.) teve início após a queda do último rei de Roma e a tomada do poder por patrícios e militares. Essa fase, ao contrário da anterior, possui fontes mais concretas, o que facilita o estudo da mesma por parte de historiadores. Dentre outros motivos, a república tem seu destaque justamente pelo fato de possuir duração tão extensa, sendo alvo de elogios para diversos teóricos, dentre eles Cícero e Maquiavel, além disso, esse sistema, pela forma e pela durabilidade, é elogiado, indiretamente, por Aristóteles, que ao se referir a Atenas dizia que a República é uma forma boa de governo e que retardava a anaciclose polibiana (formas boas de governos seguidas por formas más), o que aconteceu, de fato, com o período republicano de Roma. A opinião de Maquiavel sobre a república romana pode ser dada pela citação de Santana, F.: Observação: este trabalho foi produzido em 2013, quando o autor estava no 1º período da graduação em Direito e, encontrado nos arquivos, é compartilhado para exclusivos fins de reflexões para os usuários Premium do Passei Direto. “O elogio que Maquiavel faz da República romana se centra principalmente na capacidade que esta teve de lidar com seus conflitos. Para ele, a estabilidade e a força política que Roma atingiu estavam principalmente centradas paradoxalmente na tensão que havia entre a força do povo e a dos poderosos.” O fim da conjuntura social que vigorava durante toda a época régia trouxe consigo a ascensão de outros cargos com novas nomenclaturas e, quando não, com novos poderes e funções. Essa questão será detalhada em tópicos posteriores, quando, seguindo a mesma metodologia, será exposta a estrutura social para que seja facilitado o entendimento do Direito clássico, originado nesta época. 2.2. Conjuntura social A estrutura social foi alterada em grande parte, desde a ascensão de novas instituições à modificação nos poderes e funções de cargos. Deve-se incluir a esta gama de transformações, o aumento da participação da plebe, ao mesmo tempo em que a legislação passa a ser escrita devido a pressões sociais, o que evidencia que a plebe não apenas ganhava mais direitos, mas passava a pressionar a implantação de mecanismos que coibissem abusos por parte dos patrícios. Na posição, antes ocupada pelo rei, ascende o poder consular, composto por dois cônsules que revezavam no poder, permanecendoem exercício em prazos mensais e possuíam o imperium, que era o poder supremo de controle sobre a magistratura, o exército, a administração e finanças da civilização romana. De poder quase ilimitado, tinham sua regulação controlada de forma mútua: um possuía o poder de veto sobre a decisão do outro. Contudo, em épocas de perigo considerável, o cônsul que estivesse em exercício assumia o poder de ditador, passando a tomar decisões de forma monocrática e suprema, logo, em tempos de ameaça à sociedade, o poder de intercessio, ou de veto, do segundo cônsul perdia a validade. Ainda em profunda desvantagem da plebe com relação aos patrícios, inicia-se uma onda de greves que, aos poucos, causam a paralisação produtiva de Roma, o que leva os patrícios a negociar com a plebe, afinal, a sociedade funciona de forma orgânica, como diria Durkheim: Observação: este trabalho foi produzido em 2013, quando o autor estava no 1º período da graduação em Direito e, encontrado nos arquivos, é compartilhado para exclusivos fins de reflexões para os usuários Premium do Passei Direto. “[...] o objetivo máximo da vida social é a promoção da harmonia da sociedade consigo mesma e com as outras sociedades, a saúde do organismo social se confunde com a generalidade dos acontecimentos.” Após acordos feitos, criam-se os tribunos da plebe, no qual um grupo de plebeus passa a ter o poder de veto de diversas leis e decisões, inclusive de cônsules. Com isso, a categoria passava a assumir determinadas responsabilidades, como, por exemplo, a obrigatoriedade de intervenção em favor da plebe em geral, não podendo se ausentar ou negar atendimento à classe, adquirindo, ainda, um benefício que atualmente é chamada de “imunidade parlamentar”, ressalvadas alterações. Segundo o artigo 53 da Constituição Federal de 1988, segundo a qual “Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.”, ou seja, os membros dos tribunos da plebe não poderiam ser presos, questionados ou punidos por seus atos e considerações. Além destas mudanças, exigiu-se, de forma populacional majoritária, que as funções consulares se repartissem para que o poder pudesse ser menos concentrado e mais abrangente, criando-se diversos cargos, tais como: os questores, os censores, os edis curuis, os pretores e governadores de províncias. Os questores eram responsáveis pela segurança do tesouro de Roma e agregavam as funções criminais, possuindo participação na administração das finanças romanas. Além disso, assumiam funções auxiliares, submetendo-se aos pretores e cônsules. Os censores eram responsáveis pelo recenseamento, já realizado na era de Sérvio Túlio no período da realeza, sendo agora oficializado e regulamentado, inclusive na própria criação de um cargo de realização e fiscalização do censo, além de estabelecer a tempestividade da ocorrência do mesmo. Os edis curuis exerciam a função, na época, cabível àquela dada à polícia atual, competindo a eles o patrulhamento do território, a proteção dos gêneros alimentícios em geral, além de cuidados com a segurança interna. Os pretores se assemelham, na atualidade, aos magistrados, competindo a eles as soluções de conflitos entre os particulares e distribuição da justiça, ou seja, mediar conflitos, aplicando a lei e estabelecendo a solução mais plausível para solução da chamada, atualmente, lide. Observação: este trabalho foi produzido em 2013, quando o autor estava no 1º período da graduação em Direito e, encontrado nos arquivos, é compartilhado para exclusivos fins de reflexões para os usuários Premium do Passei Direto. Essa última classe dividia-se em duas subclasses, ocupadas por um cidadão cada: o pretor peregrino, responsável por exercer a função cabível ao pretor em situações que envolvessem dois peregrinos (estrangeiros) ou um peregrino e um cidadão, a medida que o pretor urbano era competente para sanar conflitos entre dois, ou mais, cidadãos. Os governadores de províncias eram “encarregados de distribuir a justiça”, já que poderiam ser chamados, também, de procônsules ou protetores, segundo Cretella. Além disso, existiam os comícios e o senado. Os primeiros eram subdivididos entre curiatos e centuriatos, que exerciam as mesmas funções exercidas na época da realeza. A diferença está no segundo órgão, que passa a ter o papel, não mais legitimador, mas consultivo, podendo ser chamado de senatusconsultus. O concilia plebis era um concílio composto por integrantes da plebe, exclusivamente, que votavam plebiscitos, que funcionavam como uma forma de aprovação aos atos praticados ou pretendidos pelos governantes. O plebiscito é um dos mecanismos, previstos pela Constituição Federal de 1988 como um meio de participação direta do povo, previsto no artigo 14, inciso I: “A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I - plebiscito” 2.3. O Direito pré-clássico, tipos de leges e as fontes do Direito Destarte, é possível distinguir este período daquele que o antecede pela questão das fontes, haja vista que o período jurídico clássico, além de manter as leis e costumes, as formalizou em um documento específico, que será detalhado adiante, tendo sido criado, também, mais outras três fontes de Direito: o plebiscito, a interpretação dos prudentes e os editos dos magistrados. Como visto em título anterior, no período arcaico não existiam leis escritas, o que não dava garantia aos cidadãos romanos, em especial a plebe, que ficavam sujeitos ao livre julgamento por parte dos patrícios, que possuíam a função de magistrados. Sendo assim, a plebe, reunida em tribuno, decide que as leis e costumes deveriam ser concretizados em documento oficial, buscando garantir a chamada segurança jurídica e a objetividade das leis, traduzindo-se modernamente. Observação: este trabalho foi produzido em 2013, quando o autor estava no 1º período da graduação em Direito e, encontrado nos arquivos, é compartilhado para exclusivos fins de reflexões para os usuários Premium do Passei Direto. Intuitivamente, já poderia ser prevista a oposição de patrícios e do próprio senado com relação à redação desta lei, visto que aumentaria a igualdade jurídica e reduziria os poderes concentrados nesta classe. De fato ocorreu, segundo Cretella, evidenciando-se o aumento da participação política por parte dos plebeus, visto que foi imposta a criação de tal documento, o que originou a chamada Lei das XII Tábuas. Sem dúvida que foi uma das fontes mais importantes do Direito romano, sendo fixada durante anos e difundida por diversos autores. Nota-se, então, o registro legal em material duradouro e que chega a estudos por meio de escritas de outros autores, o que reafirma a importância e a validade épica de tal documento. Ademais, criam-se leis diversas, destacando-se dois tipos: as leges rogatae, propostas pelo magistrado e entregue para aprovação, ou não, do povo, e as leges datae, que surgiriam ao fim da república e seriam mais localizadas e dispersas, visto que o membro da magistratura era responsável por outorgar leis e decisões, em nome do bem ao cidadão ou provinciano. Os plebiscitos romanos são semelhantes aos atuais, eram deliberações feitas pelo povo, em especial da plebe, e que ganhavam a força de lei. Contudo, como seguem os moldes atuais, eram votações pautadas em iniciativas dos magistrados, ou seja, não parte do povo, mas depende da aprovação para que, então, ganhe força de lei ao longo do tempo. A interpretação dos prudentes é outra herança acolhida pelo Direito contemporâneo, o da jurisprudência e da doutrina, que ganha maior força com o passar do tempo. Naquela época era feita pelos jurisconsultos, que eram encarregados de sanar as lacunas das leis, sendo autorizados a fixar suasdecisões e opiniões. Desde esta época, a jurisprudência já era uma espécie de fixação de sentenças, decisões e conselhos, que orientavam os magistrados e consistia, basicamente, em três funções: respondere, que é o exercício da função consultiva, agere, que era a assistência jurídica a clientes, ou seja, a ação contenciosa e a cavere, esta última como assessoria nas redações de leis. Estas três funções são exercidas, ainda hoje, pelos advogados, contudo de formas distintas daquelas de antigamente, por exemplo, os advogados não possuem poderes para fixação do direito, papel exercido por tribunais das diversas instâncias. Observação: este trabalho foi produzido em 2013, quando o autor estava no 1º período da graduação em Direito e, encontrado nos arquivos, é compartilhado para exclusivos fins de reflexões para os usuários Premium do Passei Direto. A última fonte do Direito romano clássico, e de suma importância na época, eram os editos dos magistrados, que agregavam, basicamente, diretrizes estabelecidas ao início do exercício de cada um, independente de suas classes e que iria reger sua administração. De certa forma, os magistrados do judiciário atual estabelecem as diretrizes judiciais, ao estabelecer súmulas ou, no caso do STF, as chamadas súmulas vinculantes. Tomando como base fundamental deste estudo a apostila de Direito romano, escrita pelo professor Francisco Amaral e o livro de Direito Romano de Cretella, já mencionado anteriormente, seguir-se-á a mesma linha ao destacar os editos mais importantes para o curso de Direito: os pretorianos. Os editos se partiam em quatro tipos, basicamente: urbano, perpétuo, repentino e translatício. O primeiro assume maior importância por ser indicado pelo pretor urbano, cargo supracitado, que assumia alta importância na distribuição da justiça entre cidadãos romanos. O segundo é uma fixação feita para que tenha vigência semelhante àquela conferida ao mandato exercido, ou seja, no caso dos pretores, o equivalente a um ano. Já o terceiro, que fora revogado mais tarde, admitia que o pretor expedisse editos de emergência, para situações que ocorressem sem previsibilidade, o que gerou abuso do poder. Por último, aquele edito que é basicamente a compilação do que fora elaborado pelo magistrado anterior, sendo aproveitado por seu sucessor. 3. O principado ou alto império: o direito clássico 3.1. História externa O período político republicano entraria em colapso após diversas crises, em especial ao que tange a proliferação de guerras civis por várias partes do território romano. Com duração superior a três séculos (27 a.C. – 284 d.C.), o alto império é a época que engloba o chamado século de ouro do imperador César Augusto, durando até a morte de Diocleciano. O imperador Augusto é responsável por vencer o Egito de Cleópatra, além de instituir-se como figura santificada, que não poderia ser, portanto, questionada ou Observação: este trabalho foi produzido em 2013, quando o autor estava no 1º período da graduação em Direito e, encontrado nos arquivos, é compartilhado para exclusivos fins de reflexões para os usuários Premium do Passei Direto. deposta, sendo figurado como o grande líder do Império que se expandia em alta velocidade. Com uma política expansionista, ainda que não formalmente nomeada desta forma, Augusto passa a manter as províncias pertencentes a Roma e a conquistar outras, sendo, também, o responsável pelo comando militar e guarda do tesouro de Roma, oriundo do fiscus, ou seja, cobrança de impostos. Este período é um dos mais retratados em filmes e histórias contemporâneas, fato que é devido ao forte militarismo, ao surgimento e aumento dos poderes do imperador e, consequentemente, diminuição do poder de outros órgãos, como o senado e os comícios populares. Com a expansão do império, passava a englobar diversas culturas dentro de mesmo território, o que exigiria um novo Direito, que fosse capaz de regulamentar as ações, relações e costumes típicos das sociedades que compunham o império romano. 3.2. Conjuntura social A vigência do principado, ou alto império, é marcada, basicamente, por uma estrutura autocrática, na qual o imperium pertencente aos cônsules encontrava-se mais acentuado e, agora, concentrado na mão de um único governante: o príncipe. O povo ainda se reunia em comícios, a princípio, deliberando, desta forma, de maneira semelhante àquelas feitas durante o período republicano, entretanto, com o passar dos anos, este tipo de mecanismo fora se dissolvendo e, consequentemente, desaparecendo do sistema político romano, o que ampliava os poderes conferidos ao soberano, o imperador. O terceiro órgão responsável, principalmente, pelo Poder Judiciário, era o senado, que perdia sua competência deliberativa ao longo do tempo, passando a dividir a magistratura com o magistrado supremo, representado, na ocasião, pela figura do imperador. Desta forma, é possível observar que o príncipe conquistara poderes praticamente ilimitados, sagrados e incontestáveis, reunindo o imperium em sua mão e assumindo as funções de administrar o império, cobrar tributos, defender o tesouro, comandar o exército e julgar os acontecimentos romanos. É possível Observação: este trabalho foi produzido em 2013, quando o autor estava no 1º período da graduação em Direito e, encontrado nos arquivos, é compartilhado para exclusivos fins de reflexões para os usuários Premium do Passei Direto. identificar a presença de outros cargos e instituições, mas que não possuíam poderes, praticamente, e quando o tinham, era em representação ao imperador. 3.3. O Direito clássico e as fontes do Direito Este período da trajetória do Direito romano possui um grau de riqueza e complexidade no que tange às matérias regidas pelo Direito, suas formas e fontes. Destarte cabe indicar o que dava origem ao Direito desta época: os costumes, as leis, os senatusconsultos, os editos dos magistrados, as constituições imperiais e as respostas dos prudentes. Ainda que algumas fontes tornem-se repetitivas, cabe salientá-las devido a alterações presentes em algumas delas. O costume, presente em todas as fases do direito romano, continuava integrando o sistema jurídico de Roma por diversos motivos, mormente ao que se refere ao forte tradicionalismo, típico da sociedade da época, que pautava suas políticas e atitudes nos hábitos desenvolvidos ao longo da história. A lei passa por um profundo processo de desenvolvimento neste período, sendo dividida de acordo com seus efeitos e consequências. Sendo fundamental para o Direito da época, as leis eram compostas por partes formais e obrigatórias: o index, o praescriptio, o rogatio e o sanctio. Os dois primeiros elementos eram meramente formais, visto que o primeiro indicava o nome de seu autor, ou propositor, seguido do segundo elemento que indicava o local de aprovação da lei, além de seu nome e referências jurisprudenciais e doutrinárias. As duas últimas partes são as mais importantes, visto que o rogatio indicava o preceito a ser seguido e a sanctio impunha as consequências que seriam provenientes daquele ato. As consequências poderiam ser de duas naturezas: de nulidade, que anulava o ato praticado em desconformidade com a lei, ou de penalidade, que pune os autores dos atos que ferem o preceito indicado pela norma. A partir daí torna-se possível a classificação das leis em: perfeita, menos que perfeita, mais que perfeita e imperfeita. A primeira conferia como punição a nulidade do ato, enquanto a segunda impunha a penalidade, apenas, já a lei subsequente agregava, simultaneamente, as duas sanções, ou seja, além de anular o ato, Observação: este trabalho foi produzido em 2013, quando o autor estava no 1º período da graduação em Direito e, encontrado nos arquivos, é compartilhado para exclusivos fins de reflexões para os usuáriosPremium do Passei Direto. impunha pena ao transgressor. A última norma não produzia efeito coercitivo, visto que regulamentava regra que não era passível de punibilidade. O senatusconsulto apresenta diminuição do poder de ação, visto que perde a competência de propositura de lei, passando a deliberar, de forma consentida, sobre as propostas feitas pelo imperador, lembrando que este era sagrado e inviolável, portanto, o senado desta época havia perdido o poder efetivo de legislar. Os editos devem ter composto a fonte que mais perdeu o poder durante o alto império, visto que, além do imperador ter assumido a suprema magistratura, os editos perpétuos, ou translatícios, passaram a ser mais comuns, ou seja, os parâmetros fixados por magistrados tornam-se cópias, corriqueiramente falando, de seus antecessores. As constituições imperiais emanam, formalmente, do príncipe, ou imperador, e adquirem força de lei. É a fonte mais importante deste período, dados os fatos de que os poderes que corresponderiam aos Executivo, Legislativo e Judiciário concentravam-se nas mãos do próprio governante. Desta forma, o rei passa a exercer as funções de poder por meio de quatro tipos de constituições: edicta, mandata, decreta e rescripta. As edictas eram as decisões que equivaliam às pretorianas no período republicano, ou seja, o imperador passava a agregar os poderes pertencentes aos magistrados, em especial aos pretores e seus auxiliares. As mandatas são, basicamente, um conjunto de ordens que irão reger a administração do império, ou seja, é uma legislação vigente pelo período estabelecido pelo príncipe e que funcionaria de forma interna, regendo a função de seus funcionários. As decretas são os pareceres e sentenças proferidas pelo imperador mediante situações concretas; é o exercício da magistratura, como definida nos dias atuais. Julgando caso a caso, o príncipe solucionava lides, aplicava as penas, enquadrando-os em preceitos determinados pelo próprio juiz em questão. Rescriptas eram mecanismos utilizados pela figura ápice do império para responder a consultas feitas por cidadãos romanos, fossem eles magistrados ou simplesmente pertencentes a sociedade comum de Roma. As respostas dos prudentes permanecem com as mesmas características do período republicano, exceto pelo fato de agora passar a ter autorização e Observação: este trabalho foi produzido em 2013, quando o autor estava no 1º período da graduação em Direito e, encontrado nos arquivos, é compartilhado para exclusivos fins de reflexões para os usuários Premium do Passei Direto. regulamentação por parte do império, visto que era, anteriormente, praticada de forma paralela ao poder do governante. 4. O dominado: o baixo império e a decadência de Roma 4.1. O fim do alto império e a configuração histórica de Roma A derrocada do período do alto império coincide com o decreto do cristianismo como a religião oficial de Roma, feito por Teodósio I, que se confrontou com a maioria dos cidadãos, que não eram cristãos, sendo fundamental para a ascensão da Igreja Católica, que viria a ser forte opositora de algumas práticas do dominado. O início do dominado é marcado por forte absolutismo, por parte do imperador, e ex-membro do exército, Diocleciano que, ao contrário de Teodósio I, será criticado por Santo Agostinho ao fim do império. O bispo de Hipona irá afirmar que o ditador fora sanguinário e o colocará em posição semelhante a Nero, dentre outros motivos, pelos ataques e discordâncias frente ao cristianismo. Ascendendo ao trono, Diocleciano sente-se invencível e se coloca como o novo deus romano, confrontando-se com os cristãos e promovendo uma verdadeira perseguição aos partidários do cristianismo. Além disso, divide o império em duas partes: Roma ocidental e Roma oriental e, apesar de concentrar o poder em suas mãos, divide a administração com membros de confiança da administração. 4.2. A formação social De acordo com as normas constitucionais que acabavam de entrar em vigor, todos os órgãos e instituições públicos seriam subordinados à vontade do imperador, que ampliara seus poderes durante o dominado, estes que já eram amplos durante o principado. Exclui-se do poder o único órgão que ainda possuía alguma demonstração de poder e governança durante o alto império: o senado, que passa a ter as atribuições praticadas pelo próprio imperador. Nas palavras do grande autor José Cretella Observação: este trabalho foi produzido em 2013, quando o autor estava no 1º período da graduação em Direito e, encontrado nos arquivos, é compartilhado para exclusivos fins de reflexões para os usuários Premium do Passei Direto. Júnior: “O que agradou ao príncipe tem força de lei.” ou, analogamente, o que desagrada ao imperador, não possui efeitos legais, nem coercitivos. Conclui-se que não há o que se falar em cargos e órgãos políticos que vigoravam a esta época, visto que, se existiam, não exerciam poderes de fato e, se no principado o imperador concentrava o Legislativo, Executivo e Judiciário, mas ainda admitia a presença de outros órgãos, críticas e pareceres, agora o governante o exercia de forma plena e absoluta. 4.3. O Direito e a codificação de Justiniano Se a fase jurídica anterior era rica e vasta no concernente às leis e demais fontes do Direito, o mesmo não poderia ser dito deste período, que fora subtraído das fontes anteriormente citadas, sem negar o exercício de qualquer influência, mas afirmando-se que as constituições imperiais passam a reger o Direito diretamente. A forma como se davam as constituições e o regimento que impunham continuavam sendo as mesmas, com exceção do fim da participação de magistrados e senadores em suas elaborações e edições. Em resumo, o poder é monopolizado e ditado pelo imperador, nenhuma norma poderia contrariar sua vontade, tampouco existiam cargos e órgãos competentes para interferir no governo ou questionar a vontade do príncipe. Pouco tempo depois o império romano ocidental cederia e viria às ruínas, provocado pelas crises com o cristianismo, as constantes invasões bárbaras, a vasta extensão imperial e a diversidade cultural dentro do império, o que tornou difícil a subordinação a leis únicas e exclusivas. Persistindo por mais tempo, o império romano oriental viria a ser governado por Justiniano, que seria o responsável pela reunião de todo o Direito romano e a compilação de diversos dispositivos, agrupando-os em um só código, o Corpus Juris Civilis, organizando a estrutura jurídica de Roma e mantendo-o unificado. 5. Conclusão: A sociedade romana construiu sua história ao longo de séculos de forma brilhante, atingindo ápices e conquistas que não seriam vistas novamente pela Observação: este trabalho foi produzido em 2013, quando o autor estava no 1º período da graduação em Direito e, encontrado nos arquivos, é compartilhado para exclusivos fins de reflexões para os usuários Premium do Passei Direto. história mundial, o que torna o estudo aprofundado da civilização romana de extrema importância aos historiadores, políticos, economistas e estudiosos em geral, ainda nos dias de hoje. Apesar de tudo, o império mostrou-se decadente, entrando em colapso e afundando completamente, o que transformaria uma poderosa civilização em ruínas, porém inclusive o seu fim deveria servir de lição, ao analisar seus erros e crises: políticas, econômicas e culturais. Destarte, é possível observar a importância que a história de Roma delega às gerações seguintes, mormente naquilo que tange a questão jurídica e, em especial, ao aspecto do direito civil, privado e comercial. Notou-se, ao longo dos estudos, que muitos artifícios, mecanismos e dispositivos utilizados em Roma permanecem ativos nos códigos e constituições atuais, além de proposições em normas infraconstitucionais em geral, o que poderia ser comprovado,de forma mais abrangente, em um estudo dirigido a exposição e conceituação das instituições e leis deixadas por Roma aos impérios e sistemas de governo in posteriori. BIBLIOGRAFIA: CRETELLA JÚNIOR, J. Curso de direito romano: o direito romano e o direito civil brasileiro no Novo Código Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2007 p. 17-57. cap. II – VII. AMARAL, F. Introdução ao direito romano. Rio de Janeiro: UFRJ, Sub-Reitoria de Ensino e Graduação e Corpo Discente / SR-1, 1996. cap. 1. GARCIA, H. Ubi societas, ibi jus. Disponível em: <http://ubisocietas- ibijus.blogspot.com.br/2008/09/ubi-homo-ibi-societas-ubi-societas-ibi.html> acesso em: 12 set. 2013. Autor desconhecido. Ulpiano. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ulpiano> acesso em: 12 set. 2013. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ulpiano Observação: este trabalho foi produzido em 2013, quando o autor estava no 1º período da graduação em Direito e, encontrado nos arquivos, é compartilhado para exclusivos fins de reflexões para os usuários Premium do Passei Direto. KELSEN, H. Teoria Pura do Direito. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2012 p. 4-10. cap. 1. LUIS IASI, M. Cidades rebeldes: passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil. São Paulo: Boitempo, 2013. In: MARICATO, E. et al. p. 41-46, cap. 6 MOTA FREITAS FORTES, W. Sociedade, Direito e controle social. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura& artigo_id=8675> acesso em: 12 set. 2013. MAQUIAVEL, N. Comentários sobre a primeira década de Tito Lívio. Tradução: Sérgio Bath. Brasília: UNB, 1994, 3ª ed. REALE, M. Lições Preliminares de Direito. São Paulo: Saraiva, 2009, 27ª ed. Cap. XXVI. Quintana, F. Ética e política: a politeia. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2013. SOUSA, R. A origem mítica de Roma. Disponível em: < http://www.brasilescola.com /historiag/a-origem-mitica-roma.htm> Acesso em: 12 set. 2013 BRASIL. Constituição Federal de 1988. Art. 14, parágrafo 3º. SANTANA, F. Do Príncipe aos Discorsi: Algumas Considerações sobre o Pensamento Político de Maquiavel. São João del Rei. 2011
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