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1 CAROL PESSL FOGLIANO DANIELLY GONÇALVES RODRIGUES ELAINE SILVA MATOS ERICK HENGLES CREM GABRIELA RODRIGUES DA SILVA LEANDRO NORBERTO OLIVEIRA MARIANA IVY DIAS GODINHO MATHEUS FRANSCISCO LEBER NIVYA BARRETO CARDOSO RAQUEL FERREIRA DA SILVA BRAGA ROGERIO MARCOS FERREIRA FILHO RUAN CARDOSO DE SOUZA SANTOS SILVANA MELO DA SILVA TALITA GABRIELE ROCHA PAROQUI OBRIGAÇÃO DE NATUREZA ALIMENTÍCIA COTIA 2018 2 CAROL PESSL FOGLIANO DANIELLY GONÇALVES RODRIGUES ELAINE SILVA MATOS ERICK HENGLES CREM GABRIELA RODRIGUES DA SILVA LEANDRO NORBERTO OLIVEIRA MARIANA IVY DIAS GODINHO MATHEUS FRANSCISCO LEBER NYVIA BARRETO CARDOSO RAQUEL FERREIRA DA SILVA BRAGA ROGERIO MARCOS FERREIRA FILHO RUAN CARDOSO DE SOUZA SANTOS SILVANA MELO DA SILVA TALITA GABRIELE ROCHA PAROQUI OBRIGAÇÃO DE NATUREZA ALIMENTÍCIA Trabalho para obtenção de nota submetido à apreciação da professora Hayde Silveira, do Curso de Direito da Faculdade Mário Schenberg, como exigência parcial para obtenção de nota da avaliação D2. COTIA 2018 3 SÚMARIO INTRODUÇÃO........................................................................................................4 DESENVOLVIMENTO............................................................................................5 1.OBRIGAÇÃO.......................................................................................................5 2.IMPORTÂNCIA DOS ALIMENTOS.....................................................................5 3.ALIMENTOS PROVISÓRIOS, PROVISIONAIS E DEFINITIVOS.......................5 4.DESTINATÁRIOS DAS OBRIGAÇÕES ALIMENTARES....................................5 5.QUANTO AOS ALIMENTOS GRAVÍDICOS.......................................................8 6.ASPECTOS PROCESSUAIS..............................................................................9 7.DO QUANTUM DOS ALIMENTOS GRAVÍDICOS............................................10 8.POSSIBILIDADE DE CONVERSÃO, REVISÃO E EXTINÇÃO.........................11 9.POSSIBILIDADE DE INDENIZAÇÃO AO SUPOSTO PAI.................................11 10.ALIMENTOS COMPENSATÓRIOS.................................................................12 11.QUANTO AOS CONJUGES............................................................................14 12 OBJETO DAS OBRIGAÇÕES ALIMENTARES...............................................14 13.EXTINÇÃO PELA EXONERAÇÃO DA PENSÃO ALIMENTÍCIA.....................15 14.CESSAÇÃO DA OBRIGAÇÃO.........................................................................15 15.LIMITES DOS ALIMENTOS.............................................................................16 16.CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES ALIMENTÍCIAS.................................18 17.QUANTO AS FONTES.....................................................................................19 18.QUANTO A NATUREZA...................................................................................19 19.QUANTO AO MOMENTO EM QUE SÃO PEDIDOS........................................19 20.QUANTO À FINALIDADE.................................................................................20 21.CARACTERÍSTICAS DA OBRIGAÇÃO ALIMENTÍCIA....................................20 22.TUTELA DE URGÊNCIA...................................................................................23 23.DOUTRINA........................................................................................................24 24.JURISPRUDÊNCIA ..........................................................................................26 CONCLUSÃO.........................................................................................................28 REFERENCIAS......................................................................................................29 ANEXO...................................................................................................................31 4 INTRODUÇÃO O presente trabalho versa sobre "Obrigação de natureza alimentícia", ao analisar o tema citado, é possível compreender e avaliar o instituto dos alimentos com fundamento no Código Civil Brasileiro de 2002. Neste trabalho, procura se apresentar uma noção geral, ressaltando a importância vital assumida no âmbito do direito de família. É um tema bastante profundo e também com muitos conflitos, que provém, sobretudo, da complexidade das relações sociais e de algumas omissões legais. Neste contexto, o presente trabalho visa demonstrar de forma clara a natureza jurídica e as principais característica do instituto alimentos. Rolf Madaleno cita que a sobrevivência está entre os fundamentais direitos da pessoa humana e o crédito alimentar é o meio adequado para alcançar os recursos necessários à subsistência de quem não consegue por si só prover sua manutenção pessoal, em razão da idade, doença, incapacidade, impossibilidade ou ausência de trabalho. Contudo tratar dos alimentos é, em última análise, tratar da perpetuação da vida. 5 DESENVOLVIMENTO 1. OBRIGAÇÃO Obrigação, é a relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre devedor e credor cujo objetivo consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento por meio de seu patrimônio (Washington Monteiro de Barros). 2. IMPORTÂNCIA DOS ALIMENTOS A boa alimentação deve fazer parte da nossa rotina porque pode auxiliar na manutenção da saúde, na prevenção e tratamento de doenças, no desempenho da atividade física esportiva, no controle do peso corporal, nos estados de alergias e intolerâncias alimentares e na redução de fatores de risco para doenças crônicas. Alimentação também é parte importante do tratamento de doenças como hipertensão, diabetes, dislipidemias, cardiopatias, doenças renais, anorexia, etc. Ou seja, é de grande importância este elemento diário na vida das pessoas independente de qualquer fator. Obviamente coube ao judiciário tutelar a todos que possam estar necessitando dos alimentos naturais. 3. ALIMENTOS PROVISÓRIOS E PROVISIONAIS E ALIMENTOS DEFINITIVOS. Os alimentos provisórios e provisionais são fixados em antecipação de tutela e visam a manutenção do alimentando durante o curso do processo. Os alimentos definitivos são aqueles fixados por sentença ou por acordo entre as partes, após a sua homologação. 4. DESTINATÁRIOS DAS OBRIGAÇÕES ALIMENTARES A Constituição Federal, lei maior, põe a salvo prioritariamente os interesses da criança, do adolescente e do jovem. Em seu artigo 227 determina a proteção à diversos 6 direitos dos menores, entre eles o direito à vida, à educação, à liberdade, convivência familiar e de importante fundamento para esse tema, o direito alimentação, entre outros, atribuindo esse dever de proteção à família e ao próprio Estado: 1Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Corroborando essa proteção de direitos, o artigo 229 diz: Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade. Neste artigo fica explicita a reciprocidade de direitos e deveres entre pais e filhos. No que concerne ao Direito das Obrigações Alimentares, existem leis específicas que nos garante pleitear prestações alimentares, basta que exista vinculo de parentesco, sejaele de ordem natural, que é definido pelos laços sanguíneos ou de ordem civil, que é definido pela lei, como é o caso das adoções, do casamento entre outros. Entre as leis destinadas ao direito de alimento, está a Lei nº 5478/68 Lei de Alimentos, onde entre outras garantias, assegura a fixação de alimentos provisórios desde o despacho do pedido e não somente depois de citado o devedor. Assegurando assim que o devedor não dificulte a citação com finalidade de se esquivar da obrigação. Existem dois princípios, por assim chamar, de proteção ao direito de alimentos, que estão inseridas no direito de família: o poder familiar que incide sobre os filhos em relação aos pais que o Código Civil atesta tal imposição através do artigo 1630: “Os filhos estão sujeitos ao poder familiar, enquanto menores”. O segundo é o princípio da solidariedade, fundamentado na mutua assistência, para que todos os membros da família possam gozar da mesma afeição solidária. O Código Civil, entre os artigos 1694 e 1710 versa sobre quem são os credores e os devedores no que tange ao direito de alimentos. Iniciando pelo art. 1694 do referido código: 1 Constituição Federal 7 2Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns ao outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação. Observamos que, basta haver vinculo de parentesco, necessidade de alimento pelo alimentado e a possibilidade de pagamento pelo alimentante para que haja legitimidade para pleitear tal direito perante o Poder Judiciário. Estes são os pressupostos que legitimam a ação. Iniciaremos apontando os agentes ativos (credor) e passivos (devedor) dessa relação. Explanando sobre como se firma a aplicação efetiva desse direito. Sob esta óptica, é relevante analisar o que o Código Civil classifica como parente: Art.1591: São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as outras na relação de ascendentes e descendentes. Art.1592: São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra. Art. 1593: O parentesco é natural ou civil, conforme resulte da consanguinidade ou outra origem. Diante do exposto, conclui-se que dentro de um rol de relações próximas, familiares, em que haja os requisitos do art. 1695 do Código Civil: São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento. Os filhos biológicos, concebidos dentro ou fora do matrimonio, ou, filhos por adoção, sem distinção entre eles, pais, avós, cônjuges ou companheiros, irmãos, tios, sobrinhos, primos, todos são legitimados, considerando os pressupostos de necessidade do autor e possibilidade do devedor, para pleitear direito de alimentos, tanto como credor, como também, devedor. Algumas particularidades diferenciam uns e outros. 2 Código Civil Brasileiro 8 Os filhos menores, biológicos ou adotivos, desde que comprovado o parentesco, através, de suas incapacidades, devidamente representados por um de seus genitores, deve acionar o judiciário, em face do genitor que não possui a guarda e não provém os alimentos como determina a lei, na impossibilidade de cumprimento das suas obrigações paternas (considerando a prevalência dos casos), pode-se chamar à lide os avós, seguindo a linha sucessória em grau imediato, constituindo, ainda assim, impossibilidade da prestação de alimentos, aciona os descendentes, na impossibilidade destes, os irmãos, seguindo a linha sucessória (o mais velho), germanos ou unilaterais. Pode se chamar diversos familiares para compor a quantia estipulada pelo juiz, caso o pai não tenha como liquidar por si só. Já os filhos maiores, que não tenham como prover seu sustento e estejam cursando ensino superior, o direito aos alimentos não se extingue automaticamente, como previsto na súmula 358 do STJ que diz: 3O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito a decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos. Assim, ele tem que apresentar provas da necessidade dos alimentos, o que não era necessário quando menor. Ademais, o direito que o assiste não é mais derivado do poder familiar, mas sim da solidariedade familiar. Prevalecendo a mesma linha sucessória do direito de alimentos, pais, avós, filhos, irmãos, tios e sobrinhos. Como disposto no art. 1.696 do Código Civil, pais e filhos tem reciprocidade nos direito e obrigações de alimentos. 5. QUANTO AOS ALIMENTOS GRAVÍDICOS Os alimentos gravídicos são aqueles destinados à mulher gestante para custear as despesas da gestação, desde o momento da concepção ao momento do parto, incluindo os referentes à alimentação especial, assistência médica e psicológica, demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico e de outras a que o juiz considere pertinentes. Tais alimentos devem 3 Súmula vinculante 358 – Supremo Tribunal de Justiça 9 compreender os valores suficientes para garantir a sobrevivência do feto, conforme previsão expressa na Lei n. 11.804, de 05 de novembro de 2008. A ação de alimentos gravídicos é movida pela gestante face o suposto pai do nascituro, existindo a possibilidade de a ação ser promovida com fundamentos apenas em indícios de paternidade. Entretanto, o ônus probatório é da gestante, e há que se aplicar a regra do 333, I, do Código Civil, que diz que o ônus probatório1 se incumbe ao autor da ação. Para provar o relacionamento, a autora da ação poderá se utilizar de bilhetes, fotos, e-mail, testemunhas e enfim, qualquer meio de prova lícito que comprove o envolvimento entre as partes, uma vez que não se faz necessário a existência de união estável, casamento ou sequer um relacionamento duradouro entre as partes. Vale ressaltar que, o valor dos alimentos gravídicos não poderá ultrapassar os gastos relativos à gravidez, e o magistrado deverá estar atento para que a prestação alimentícia não seja utilizada para “fomentar futilidades, luxo e ostentação, ainda que visível a riqueza do suposto genitor’’ (Francisco José Cahali). 6. ASPECTOS PROCESSUAIS Para entrar com a ação se faz necessária petição inicial contendo a narrativa dos fatos. Em seguida o juiz observa quem são os legitimados ativo e passivo da ação, que conforme o artigo 1º da lei 11.804/2008 são da gestante (legitimidade ativa) e do suposto pai (legitimidade passiva). Cabe ressaltar que não é permitido o litisconsórcio passivo nesse tipo de ação, vez que traria dúvidas ao magistrado quanto à condição de suposto pai, acarretando a improcedência do pedido. A partir do princípio da solidariedade, se o suposto pai alegar incapacidade financeira para cumprir com a obrigação, há a possibilidade do encargo ser transferido para os supostos avós paternos. Esse modo se dará por regra insculpida no artigo 10 1.698 do Código Civil, possibilitando os alimentos gravídicos avoengos (que vem dos avós). Em caso de falta destes, a obrigação recairá sobre os parentes de até o segundo grau. 4Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide. 7. DO QUANTUM DOS ALIMENTOS GRAVÍDICOS O valor é fixadono artigo 2º da lei 11.804/2008, ou seja, os alimentos gravídicos compreendem os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período da gravidez e as despesas que sejam dela decorrentes, tendo a contribuição do suposto pai e da mulher gestante na proporção dos recursos de ambos. Quanto às despesas de internação e parto, salvo ajuste entre as partes, não cabe impor ao suposto pai se a gestante possuir plano de saúde e também se essas despesas já são arcadas pelo SUS. 5Art. 2o. Os alimentos de que trata esta Lei compreenderão os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive os referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes. Parágrafo único. Os alimentos de que trata este artigo referem-se à parte das despesas que deverá ser custeada pelo futuro pai, considerando-se a contribuição que também deverá ser dada pela mulher grávida, na proporção dos recursos de ambos. 4 Código Civil 5 LEI 11.804/2008 11 8. POSSIBILIDADE DE CONVERSÃO, REVISÃO E EXTINÇÃO DOS ALIMENTOS GRAVÍDICOS Conforme dispõe o artigo 6º da lei, após o nascimento com vida os alimentos gravídicos se converterão em pensão alimentícia em favor do menor. A revisão dos alimentos ocorrerá nos moldes do artigo 1699 do Código Civil e poderá ser realizada cumulada com ação de investigação de paternidade, feita através de exame de DNA, caso a paternidade não seja reconhecida. A extinção ocorrerá apenas nos casos de aborto ou natimorto. 6Art. 6o Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré. Parágrafo único. Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos em pensão alimentícia em favor do menor até que uma das partes solicite a sua revisão. 9. POSSIBILIDADE DE INDENIZAÇÃO AO SUPOSTO PAI Em regra, os alimentos não são passíveis de restituição, pois visam à sobrevivência da pessoa. A Lei 11.804/08 em seu artigo 10º previa a responsabilidade da gestante em caso de resultado negativo, porém foi vetado, por ser considerado norma intimidadora. Mesmo com o veto do artigo que tratava da responsabilidade objetiva da autora, ainda persiste a responsabilidade subjetiva, pois a reparação de danos está prevista no âmbito geral dos aspectos civis. Permanece então a regra geral da responsabilidade subjetiva do artigo 186 do CC ao qual a autora pode responder pela indenização cabível desde que verificada sua culpa em sentido estrito (negligência ou imprudência) ou dolo (vontade deliberada de causar prejuízo) ao promover a ação. 6 LEI 11.804/2008 12 Assim, a autora deverá ser responsabilizada subjetivamente tanto em sua conduta culposa quanto em sua conduta dolosa, pois configura exercício irregular de um direito, que diante do artigo 927 do Código Civil se equipara ao ato ilícito, tornando- se fundamento para a responsabilidade civil. Além de indenização por dano moral e material, existem algumas correntes que entendem ser possível o pedido por litigância de má-fé se provado que ao invés de apenas exercitar regularmente seu direito, a gestante sabia que o suposto pai realmente não o era, mas se valeu do instituto para obter auxílio financeiro. 10. ALIMENTOS COMPENSATÓRIOS Denomina-se alimentos compensatórios a prestação pecuniária devida por um dos cônjuges a outro, na ocorrência de ruptura do vínculo de casamento ou da união estável, visando reestabelecer o equilíbrio financeiro que vigorava antes da referida ruptura, quando há regime de separação total de bens estipulado no artigo 1.687 do Código Civil Brasileiro de 2002. Tal prestação é pleiteada pelo cônjuge dependente e que não tenha bens ou condições para gerar um nível de renda compatível com a condição social a qual se acostumou. A doutrina dos alimentos compensatórios foi desenvolvida, no Brasil, pelo jurista Rolf Madaleno, a partir de estudos do Direito Espanhol e do Direito Argentino. Segundo Madaleno: 7A finalidade da pensão compensatória é corrigir o desequilíbrio existente no momento da separação, quando ocorre a comparação do status econômico de ambos os cônjuges e há a constatação de que um dos cônjuges desfavorecido em relação a separação conjugal. Para ele, os alimentos compensatórios constituem uma prestação periódica, em dinheiro, efetuada por um cônjuge em favor do outro na ocasião da separação ou do divórcio, no qual “se produziu um desequilíbrio econômico em comparação com o estilo de vida experimentado durante a convivência matrimonial, compensando deste modo a disparidade social e econômica com a qual se depara 7 Rolf Madaleno 13 o alimentando em função da separação, comprometendo suas obrigações materiais, seu estilo de vida e a sua subsistência pessoal” Nesses casos, pode o juiz, seguindo a doutrina e a jurisprudência atuais, determinar que o cônjuge que teve maior vantagem econômica pague àquele que empobreceu alimentos compensatórios, podendo a pensão compensatória consistir em uma prestação única, por determinados meses ou alguns anos, podendo, ainda, açambarcar valores mensais e sem prévio termo final. O direito a uma pensão compensatória origina-se da existência de um casamento ou união estável e o surgimento, durante o processo de divórcio, de uma situação de bruta perda do padrão socioeconômico decorrente da separação, resultando em prejuízo ou dano à um dos cônjuges. Vale ressaltar que não é todo dano e prejuízo que pode ser considerado como pressuposto para concessão do benefício, é necessário que o dano ou prejuízo tenha origem imediata no término do convívio matrimonial. Em relação a duração ou limitação temporal do pagamento da pensão, uma primeira corrente defende a pensão compensatória como uma obrigação vitalícia. Como por exemplo, nos casos em que a mulher sempre se dedicou ao lar e aos filhos ao longo da relação e não se preocupou em aprimorar seus dotes profissionais, e muitos menos exercer atividades laborais. Neste caso, os alimentos compensatórios não podem dispor de um tempo determinado, devido a sua particularidade de evitar um desequilíbrio econômico, que poderá ou não alcançar sua finalidade. Vale destacar que, mesmo que o beneficiário tenha meios de obter sua subsistência, o devedor não fica desobrigado de cumprir o pagamento da pensão alimentar compensatória, mesmo que a justificativa de inadimplemento seja informar as condições financeiras da outra parte. Em relação a possibilidade de revisão, Maria Berenice Dias diz que: 8Só cabe quando alteradas as condições econômicas do alimentante, em face da teoria da imprevisão, cuja cláusula rebus sic stantibus sempre está presente em se tratando de obrigações que se prolongam no tempo. 8 Maria Berenice Dias 14 17. QUANTO AOS CÔNJUGES Dispõe o artigo 1.704 do Código Civil: 9Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de alimentos, será o outro obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha sido declarado culpado na ação de separação judicial. Parágrafo único. Se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não tiver parentes em condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será obrigado a assegurá- los, fixando o juiz o valor indispensávelà sobrevivência. Então, ex-cônjuge que não tenha motivado culposamente a separação ou divorcio gozara dos direitos integrais dos alimentos, com valor fixado pelo juiz, já o cônjuge que for considerado culpado pela separação e não tiver parentes que possa prestar- lhe alimentos, e que também não tenha como conseguir sustento através do próprio trabalho, será atendida no mínimo valor, o indispensável à sobrevivência. Assim se dá para as uniões estáveis e homoafetivas. Necessário salientar que caso o ex-cônjuge, recebedor de alimentos se case novamente, tome união estável ou passe a viver em concubinato, ou ainda que tenha atitudes indignas com relação ao devedor, cessara seu direito de alimentos. Como disposto no artigo 1707. Já o ex- cônjuge, devedor que se casar novamente não se liberta as obrigações constantes da sentença do divórcio. Previsto no artigo 1708 do Código Civil. Ao credor de direitos de alimentos é vedada a renúncia, podendo ele não exercer o direito, sendo este direito insuscetível de cessão, compensação ou penhora. De certo, você pode não o exercer, mas nunca transferir. A qualquer tempo, havendo mudança na situação financeira tanto do credor, como de devedor, poderá há quem for do interesse, reclamar ao juiz para que se avalie uma possível exoneração, redução ou majoração, conforme art. 1699 do código acima citado. 18. REFERENTE AO OBJETO DAS OBRIGAÇÕES ALIMENTARES O objeto imediato é a conduta humana de dar a cada qual o que é seu, como objeto mediato, este é a prestação em si, que nesses casos é quantia em dinheiro 9 Código Civil Brasileiro 15 acordada entre as partes ou imposta pelo juiz para o suprimento das necessidades do alimentado. 19. EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO PELA EXONERAÇÃO DA PENSÃO ALIMENTÍCIA Prestar alimento não se aplica apenas em prestação de alimentos naturais, a obrigação alcança outros patamares relevantes à uma boa qualidade de vida do titular do direito, a exemplo: alimentos se dá também pelo acesso do alimentado á educação, lazer, cultura, suprimentos de vestuário, e demais necessidades para uma vida com um mínimo de dignidade. A obrigação alimentícia tem aspecto mutável, pois a observância do binômio: necessidade- possibilidade, nesse tipo de sentença não há transito em julgado, e isso lhe confere o caráter mutável. Segundo Fabio Tartuce a extinção da obrigação pode ocorrer através da: 10Morte do credor alimentado. Advento da maior idade; Comportamento indigno do credor em face do devedor; Alteração substancial prevista no artigo 1699 do Código Civil. O casamento, união estável ou concubinato faz cessar a obrigação do alimentante, em face ao alimentado. 20. CESSAÇÃO DA OBRIGAÇÃO Extinção da necessidade do alimentando ou possibilidade econômica do alimentante: o binômio necessidade-possibilidade determina a obrigação alimentícia e sua extensão, dessa forma, sem um desses pressupostos, a obrigação termina; Procedimento indigno do alimentando: Segundo o parágrafo único do artigo 1.708 do Código Civil, o “procedimento indigno do alimentando” pode causar o fim da obrigação alimentícia, mas não indica o que seria tal ação. A analogia utilizada pela doutrinadora Maria Helena Diniz diz que: 11O devedor de alimentos [...] deixará de ter tal obrigação com relação ao credor se este [...] tiver procedimento indigno [...] em relação ao devedor, por ofendê-lo em sua integridade corporal ou mental, por expô-lo a situações humilhantes ou vexatórias, por 10 Fabio Tartuce 11 Código Civil Brasileiro 16 injuriá-lo, caluniá-lo ou difamá-lo, atingindo-o em sua honra e boa fama [...]. A morte do alimentando também pode gerar a cessação da obrigação alimentícia, por se tratar de um direito personalíssimo não pode ser transferido. Com morte do alimentante o encargo de prover alimentos pode ser transferido (artigos 1.700 e 1.792 do Código Civil). 21. LIMITES DOS ALIMENTOS Binômio: Necessidade e Possibilidade Este binômio trata-se sobre os critérios de fixação/revisão que são pagos como título de alimentos, por um dos pais aos filhos. Desta forma, temos o entendimento do TJRR sobre este assunto, o qual será explanado a seguir. Temos como exemplo um filho, este é o alimentando, e o pai/mãe/responsável é o alimentante. Sendo então as duas variáveis para a fixação dos alimentos e sua revisão. Como já explanado no trabalho os alimentos devem assegurar não só a subsistência digna dos alimentandos, como também suprir as necessidades dos filhos. De acordo com a desembargadora Elaine Bianchi: 12No âmbito da quantia fixada, o Código Civil, em seu artigo 1.694, § 1º, dispõe que os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do alimentando e dos recursos da pessoa obrigada, ou seja, que a verba alimentar deve ser fixada observando-se o binômio necessidade x possibilidade (AgReg 0000.16.000022-0 ). Conforme artigo 1.694, § 1º do Código Civil: ‘’§ 1º Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.’’ Então, tendo o entendimento desta citação e do artigo do Código Civil temos que os alimentos deverão ser ordenados conforme a necessidade do alimentando, do filho, mas também dos recursos da pessoa obrigada, ou seja, a possibilidade que o alimentante tem conforme seus recursos financeiros para com o alimentando. 12 Elaine Bianchi 17 Assim, temos a necessidade do filho, que deve ser vista como necessidade de alimentos, educação, vestimentas, remédios, etc. E também a possibilidade da pessoa obrigada, que seria a renda que o indivíduo tem para que desta renda saia a porcentagem para seu filho. Ainda assim, nesta mesma razão, temos a citação do desembargador Ricardo Oliveira: 13É cediço que a fixação da prestação alimentícia deve respeitar o binômio necessidade/possibilidade. O arbitramento dos alimentos não pode converter-se em gravame insuportável ao alimentante nem mesmo em enriquecimento ilícito do alimentado. Deve-se observar o equilíbrio entre a situação financeira daquele que os presta e a real necessidade daquele que recebe. Levando-se em conta o que foi observado, a fixação das prestações alimentícias deve ser feita segundo este binômio que se traduz na interdependência entre a necessidade de quem requer o benefício (o alimentando) e a possibilidade da pessoa demandada (o alimentante). Este binômio leva em conta o fato de que o prestador dos alimentos também necessita de subsistência, motivo pelo qual a prestação acordada entre as partes ou a fixada pelo juiz não deverá privar o devedor dos alimentos da capacidade para a sua própria manutenção, ou seja, nunca a prestação acordada será exorbitante a ponto de que o alimentante fique sem possibilidades de se manter. Trinômio: Necessidade, Possibilidade e Proporcionalidade Ainda analisando o art. 1.694 do C.C., especificamente do seu parágrafo primeiro, pode se perceber e muitos doutrinadores falam sobre o trinômio necessidade-possibilidade-proporcionalidade. Que mostra como já explicado assim a necessidade e possibilidade e incrementa a proporcionalidade, onde os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. Então, o princípio da proporcionalidade trata da fixação dos alimentos que deve atentar às necessidades de quem os reclama e às possibilidades do obrigado de 13 Ricardo Oliveira 18 prestá-los. Havendo alteração nesse parâmetro, possível é, a qualquer tempo, revisar- se o valor da pensão alimentícia. Tais modificações, como provocam afronta ao que se passou a chamar de trinômia proporcionalidade/necessidade/possibilidade,autorizam a busca de nova equalização do valor dos alimentos. A exigência de obedecer a este verdadeiro dogma é que permite buscar a revisão (para mais ou para menos) ou a exoneração, exclusão da obrigação alimentar. Portanto, o que autoriza a modificação do quantum é o surgimento de um fato novo que enseje desequilíbrio do encargo alimentar. Essas possibilidades revisionais decorrem exclusivamente da exigência de respeito ao princípio da proporcionalidade. Aliás, esse é o fundamento que permite a alteração, a qualquer tempo, do valor dos alimentos, quer para majorá-los, quer para reduzi-los, quer, inclusive para pôr fim ao encargo quando não há mais necessidade do credor ou possibilidade do devedor. Mas a obediência a esse critério norteador da obrigação alimentar impõe-se não só após a fixação dos alimentos para efeitos revisionais. Tal é possível sempre que houver flagrada afronta a este preceito. Deve ser respeitado o princípio da proporcionalidade também por ocasião da fixação dos alimentos. Desrespeitado tal princípio, é necessário admitir a modificação dos alimentos, para ser estabelecido o equilíbrio exigido pela lei. Para que haja o entendimento deste princípio da proporcionalidade, segue um exemplo: quando os alimentos são fixados sem que tenha ideia o credor dos reais ganhos do devedor, até porque, em geral, não convivem alimentante e alimentado sob o mesmo teto e, muitas vezes, sequer residem na mesma cidade. Isso tudo sem considerar a intenção do devedor de não cumprir com a obrigação de sustento, sendo unilaterais os elementos trazidos como prova da sua condição de vida. Ora, ao tomar conhecimento o credor de que o valor estabelecido desatende ao princípio da proporcionalidade, cabe buscar a adequação, sem que possa o devedor sustentar que a pretensão esbarra na coisa julgada. 22. CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES ALIMENTÍCIAS Tendo em vista a compreensão do tema e suas variáveis, serão apresentados neste tópico algumas classificações das obrigações alimentícias. 19 23. QUANTO AS FONTES Vontade das partes: Por vezes a obrigação nasce de forma graciosa, sem lide, dessa maneira pode ser convencionado entres as partes em comum acordo a prestação de alimentos; Lei: O artigo 1.694 do Código Civil dá aos parentes, cônjuges ou companheiros a possibilidade de pedir alimentos uns aos outros, de acordo com as necessidades do alimentando e as possibilidades do alimentante. Dessa forma os pais obtêm o encargo de prover o mantimento necessário a seus filhos e semelhantemente aos filhos é dada a obrigação de manter seus pais na velhice se comprovada a necessidade; Ato ilícito: A terceira origem da obrigação alimentar se inicia com um ato ilícito, tendo perfil indenizatório. Também tem origem na lei, mas, diferente do caso anterior, é necessário um ato ilícito para dar início à essa obrigação, presente no inciso II do artigo 948, do Código Civil. 24. QUANTO À NATUREZA. Civil: São chamados de civis os alimentos que tem por função manter o status quo do alimentando, com a moradia, educação, vestuário e lazer. Tais alimentos, mesmo não sendo de primeira necessidade podem ser supridos pela obrigação alimentícia visto que está também tem o sentido de manter a dignidade do alimentando conforme as possibilidades econômicas do alimentante; Naturais: Os alimentos naturais são os que se destinam a suprir as necessidades básicas de vida, como comida e medicamentos. 25. QUANTO AO MOMENTO EM QUE SÃO PEDIDOS Pretéritos: O pretérito é o pedido de alimentos que busca retroagir a um período anterior ao ajuizamento da ação. Tal modalidade não é aceita no Brasil; Atuais: Atuais são os alimentos solicitados na inicial e que duram até a sentença. São para manter o alimentando durante o processo; 20 Futuros: Os futuros são os alimentos fixados na sentença, de grande duração. 26. QUANTO À FINALIDADE Provisória: Quando há certeza do parentesco do réu, podem ser determinados os alimentos provisórios por uma liminar de forma provisória, enquanto durar o processo; Provisional: Em casos em que não exista a comprovação de parentesco do réu mas uma grande possibilidade, podem ser previstos os alimentos provisionais durante a tramitação do processo, evitando que o alimentando fique em desamparo; Definitiva: é a obrigação alimentícia determinada pelo juiz em sentença ou homologada (se for voluntária); Todavia, a tal classificação difere-se do momento de pedir, por não se destinar a explicar o tempo e sim o modo. Como forma de avaliar a extensão da obrigação alimentícia, temos a necessidade versus possibilidade. Neste caso a necessidade do alimentando e a possibilidade do alimentante são medidas, de forma a evitar o benefício excessivo do alimentando e evitar o prejuízo ao alimentante, assim, cada caso é único. Existem duas formas de pagamento de obrigação alimentar, sendo elas: In natura: dessa maneira o alimentante fornece exatamente o que é necessário ao alimentando, como a moradia, alimentação, vestuário, saúde e educação; Em espécie: quando alimentante paga as despesas do alimentando. 27. CARACTERÍSTICA DA OBRIGAÇÃO ALIMENTÍCIA Divisível e Solidaria De acordo com o artigo 265 que diz “a solidariedade não se presume; resulta da lei e da vontade das partes”. Essa característica acabou ficando sem importância no dispositivo legal impondo a solidariedade à obrigação alimentar, esta é a divisível, ou seja, cada alimentando responde por sua parte na obrigação alimentar. Por essa razão os alimentos são motivados através de um dever subsidiário e complementar, e não solidário. 21 Imprescritível É um direito do alimentado de procurar as vias judiciais para requerer certos benefícios. Ressalva-se que essa característica analisa as prescrições para haver prestações de alimentos, mas mesmo que às vezes esse direito não seja exercido por um longo tempo, não prescreve o direito de postular em juízo a pensão alimentícia. Esse direito está no artigo 206 § 2°; “Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se venceram”. Incessível Também conhecido como direito personalíssimo ou pessoal e intransferível, é uma característica fundamental da obrigação alimentar. O conceito dessa característica é simples, ela detém a titularidade de tal direito não pode ceder a outrem por negócio ou fato jurídico, visto que os alimentos são destinados a subsistência do alimentado, sendo direito pessoal e intransferível. Artigo 1.707 “Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora”. Incompensável Compreende-se que se o devedor da pensão alimentícia torna-se credor da pessoa alimentada, não pode opor-lhe o seu crédito quando for exigida a obrigação, conforme o artigo 373, inciso II e 1.707 do Código Civil a compensação é meio de extinção de obrigações, isto posto, como os alimentos destinam-se à subsistência do alimentado, a cessão total ou parcial deste direito poderia constituir prejuízo irreparável para ele. Entretanto quando uma dívida for de alimentos, não poderá haver compensação, pois ficaria frustrada a finalidade assistencial desse tipo de obrigação. Portanto, se o filho tem uma dívida com o pai decorrente de empréstimo, por exemplo, não poderá o pai alegar compensação quando o filho vier a exigir dele alimentos. 22 Deste modo, a doutrina assentou entendimento no sentido de que os valores atinentes à pensão alimentícia são incompensáveis e irrepetíveis, porque restituí-los seria privar o alimentando dos recursos indispensáveis a própria mantença, condenando-o, assim, a inevitável perecimento. Daí que o credor da pessoa alimentada não pode opor o seu crédito, quando exigidapensão. Impenhorável Entende-se é inadmissível que qualquer credor venha privar o alimentado do que é estritamente necessário à sua subsistência, como expressamente previsto no artigo 649, VII do Código de Processo Civil e 1.707 do Código Civil. Não há como se admitir a penhora de um direito essencial para a subsistência do mínimo existencial (alimentos) logo, por sua natureza, é um crédito impenhorável. Trata Orlando Gomes que essa característica deriva do fundamento e da finalidade do instituto dos alimentos, uma vez que, não se pode privar o alimentando dos alimentos que se fazem necessários à sua sobrevivência para satisfazer dívidas com credores. Contudo, a penhora poderá recair nos alimentos provenientes de prestações atrasadas. O direito aos alimentos, visa atender as necessidades pessoais de quem os recebe, não podendo a mesma ser objeto de penhora por parte de seus credores. A pensão alimentícia configura-se, assim, de pleno direito, isenta de penhora, o que foi previsto expressamente nos comentários do art. 1.707 do Código Civil, artigos 649 inciso IV, § 2º, e por fim o artigo 650 do Código de Processo Civil. No entanto, o crédito decorrente de prestações alimentícias vencidas, e que tenham perdido o caráter alimentar, podem ser penhorados como créditos em geral. Admitem, Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald, a possibilidade de penhora dos alimentos para pagamento de outra obrigação da mesma natureza, como também, bens adquiridos com o montante recebido a título de alimentos, desde que não protegidos pela impenhorabilidade dos bens de família. Irrepetível Estes destinam-se a ser consumidos, e paga dívida. Carlos Roberto Gonçalves, salienta que os alimentos, uma vez pagos, são irrestituíveis, sejam provisórios, definitivos ou ad litem. Vez que o dever alimentar constitui matéria de ordem pública, 23 e só nos casos legais pode ser afastado, devendo subsistir até decisão final em contrário, mesmo que a ação venha a ser julgada improcedente, não cabe a restituição dos alimentos provisórios ou provisionais. A quantia paga a título de alimentos não pode ser restituída pelo alimentando por ter servido à sua sobrevivência. O pagamento dos alimentos é sempre bom e perfeito, sejam eles provisionais, provisórios ou definitivos, assim, ainda que venha a ser julgada improcedente a ação, ao final, os alimentos já prestados não poderão ser objeto de ação de repetição de indébito, uma vez pagos, os alimentos não devem ser devolvidos, são irrestituíveis. Intransacionável É intransacionável, de acordo com a redação original do art. 1.707 do Código Civil, que o crédito alimentar seria insuscetível de “transação”, expressão oportunamente excluída na redação final porque o que não é transacionável é o direito aos alimentos, podendo, no entanto, ser objeto de transação o seu valor. Logo, por ser indisponível e personalíssimo, o direito aos alimentos não pode ser objeto de transação, salvo os créditos já vencidos e não pagos. 28. TUTELA DE URGÊNCIA A tutela de urgência pode ser concedida por liminar ou justificação previa. Em determinados casos a tutela de urgência deve ser pedido quando por análise do advogado da parte entenda que existe risco de perda ou prejuízo do direito do processo caso, haja uma venda de um bem pela parte contraria trazendo perda do direito, ou ao resultado útil da lide que se corre em juízo podendo ele assim garantir ao seu cliente a segurança de que suas intenções serão conseguidas. Na tutela de urgência antecipada caso não exista irreversibilidade dos efeitos da decisão, assim trazendo prejuízo a parte contraria tendo o processo sido parcialmente procedente. A tutela de urgência pela doutrina é tratada como parte da celeridade processual, caso o bem possa se deteriorar, trazendo a perda de o que se é litigado. Percebe-se aqui a importância da tutela de urgência na efetivação do direito. 24 Cabe ao estado, que então chamou para si a função jurisdicional de dirimir os conflitos, e arcar com encargo inerente a sua função, fazer se de meios necessários que os anseios de seus súditos sejam alcançados de maneira que venham de forma plena e sem perdas pela demora ou deterioração do bem. 29. DOUTRINA A partir da edição do Código Civil de 1916, e com influência de Clóvis Bevilacqua, a obrigação alimentar foi entendida como não solidária, conjunta e divisível, ou seja, quando houver pluralidade de devedores, cada um responderá por uma parcela da dívida conforme suas possibilidades econômicas. Para Clóvis: 14A obrigação de prestar alimentos não é solidária, nem indivisível, porque, como diz Laurent, não há solidariedade sem declaração expressada lei, nem obrigação indivisível que recaia sobre objeto divisível. O Colendo Superior Tribunal de Justiça concorda em que essa obrigação não é solidária, no artigo 397, caput, do Código Civil, "O direito a prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros." Logo, a obrigação alimentar é considerada conjunta e divisível, os coobrigados são chamados no processo por meio de litisconsórcio, prevalecendo pela jurisprudência mais atualizada, o litisconsórcio será facultativo. Outro aspecto a se avaliar é na hipótese de vários parentes do mesmo grau, obrigados a prestação não existe solidariedade, como por exemplo, um idoso, pai de vários filhos, que se encontra necessitando de alimentos. Não é lícito dirigir a ação apenas a um deles, mesmo que seja o mais abastado, o juiz devera dividir entre os litisconsortes o valor da soma arbitrada de acordo com a situação financeira de cada um, e assim, todos colaboraram de forma igual dentro de suas possibilidades. Por isso, os ascendentes de um mesmo grau são obrigados em conjunto a ação de alimentos. Em primeiro lugar são obrigados pais e mães, depois avós, seguidos dos bisavós e assim por diante, existindo o ascendente de grau mais próximos, os 14 BEVILACQUA, 1982, p.390. 25 mais distantes ficam desobrigados, e também avós paternos e maternos são chamados a cumprir a obrigação de forma igual, nas devidas proporções. O Código Civil de 2002 trouxe algumas alterações, como por exemplo, o artigo 1698 15Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide. Ou seja, se os recursos do demandado direto não forem suficientes para o alimentado, ele deverá chamar ao processo os corresponsáveis para auxiliá-lo, chegando assim a suprir totalmente as necessidades do alimentado. Tratando-se assim de uma intervenção de terceiros, assim, o litisconsórcio deixa de ser facultativo e se torna passivo obrigatório simples. Passivo porque a pensão é obrigação que deve ser paga só pelo demandado ou parentes, obrigatório devido a opção que o legislador fez em razão dos princípios da celeridade e da economia processual, e, por fim, simples porque a verba será distribuída entre os parentes conforme as possibilidades. Com base nesses fundamentos, o Ministro Relator lavrou o seguinte acórdão: "CIVIL. ALIMENTOS. RESPONSABILIDADE DOS AVÓS. OBRIGAÇÃO COMPLEMENTAR E SUCESSIVA. LITISCONSÓRCIO. SOLIDARIEDADE. AUSÊNCIA. 1 - A obrigação alimentar não tem caráter de solidariedade, no sentido que "sendo várias pessoas obrigadas a prestar alimentos todos devem concorrer na proporção dos respectivos recursos." 2 - O demandado, no entanto, terá direito de chamar ao processo os co- responsáveis daobrigação alimentar, caso não consiga suportar sozinho o encargo, para que se defina quanto caberá a cada um contribuir de acordo com as suas possibilidades financeiras. 3 - Neste contexto, à luz do novo Código Civil, frustrada a obrigação alimentar principal, de responsabilidade dos pais, a obrigação subsidiária deve ser diluída entre 15 Código Civil Brasileiro 26 os avós paternos e maternos na medida de seus recursos, diante de sua divisibilidade e possibilidade de fracionamento. A necessidade alimentar não deve ser pautada por quem paga, mas sim por quem recebe, representando para o alimentado maior provisionamento tantos quantos coobrigados houver no pólo passivo da demanda. 4 - RECURSO ESPECIAL conhecido e provido. ( REsp 658139 / RS ; RECURSO ESPECIAL 2004/0063876-0, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, 4ª.T. julg. 11/10/2005, DJ 13.03.2006 p. 326)." 24. JURISPRUDÊNCIA CASO COLLOR “Collor terá de pagar pensão a ex-primeira-dama por três anos” Tal notícia foi manchete nas revistas mais famosas do Brasil, quando a Quarta Turma Do Superior Tribunal De Justiça (STJ) admitiu a fixação de alimentos compensatórios ao julgar recurso do Fernando Collor (...) O Juiz proferiu sentença conjunta, arbitrando os alimentos em 30 salários mínimos mensais, a serem pagos enquanto a ex-mulher necessitar. Garantiu também a ex-mulher dois veículos e imóveis no valor total de R$ 950 mil. CASO SOBRE ALIMENTOS GRAVÍDICOS MP Nega Erro Em Ação Que Obrigou ‘Pai’ A Pagar Despesas De Falsa Grávida Victor e Pâmela namoraram por quatro anos e terminaram o relacionamento em 2015, mas a jovem não aceitava o fim da relação. Pouco tempo após o último encontro, ela procurou o jovem para contar que estava grávida e apresentou um exame, que estava gravida. Segundo a família de Victor, Pâmela entrou na Justiça para obrigar o ex- namorado a custear as despesas da gestação, e conseguiu uma decisão favorável. Após o nascimento da criança, no entanto, o rapaz nunca conseguiu ver a menina, chamada de Laura pela mãe. Desconfiada do comportamento de Pâmela, a mãe de https://jus.com.br/tudo/recurso-especial 27 Victor diz que há quatro meses busca evidências sobre a existência da neta. Rosa Helena Sedassare conta que foram várias tentativas frustradas de conhecer Laura. Em julho deste ano, Rosa procurou o laboratório responsável pelo exame que atestou a gravidez de Pâmela e descobriu o que seria uma grande mentira. A descoberta da farsa deixou Victor perplexo, e ele passou a acreditar que Pâmela agiu por vingança. Rosa procurou o juiz e relatou sobre a possibilidade de o exame de gravidez ter sido fraudado por Pâmela. Um oficial de Justiça foi enviado à casa da jovem para informar que ela e a criança teriam que comparecer ao Fórum para apresentar a certidão de nascimento da menina. O oficial foi enviado no dia da festa do primeiro aniversário de Laura, em 11 de julho deste ano. A mulher distribuiu convites a familiares, amigos e vizinhos dela e do pai da criança, e chegou a gastar R$ 3 mil com a contratação de um buffet para o evento. A farsa foi, enfim, revelada quando uma mulher chamada Emily invadiu a festa e afirmou que três pessoas tinham tentado levar a filha dela de casa. Pâmela foi levada para a delegacia para prestar esclarecimentos por suposto sequestro 28 CONCLUSÃO Alimentos em qualquer período temporal é de suma importância pois garante, via de regra o mínimo para a subsistência do ser humano, sejam estes alimentos civis ou alimentos naturais, Isto posto, é simples entender por que o direito das obrigações enquadra tal temática em suas ramificações, vez que, as obrigações constituem parte integrante do Direito e o mesmo, em consonância constitui parte integrante da Sociedade, resguardando direitos pertinentes ao homem. Quando se fala em obrigação de natureza alimentícia muito se entende como, uma prestação de alimentos, ou seja, o provimento “comida”. Todavia tal pensamento é totalmente equivocado, esta obrigação tutela pelos alimentos naturais, sim claro, mas em contrapartida como já foi dito pelos civis também, estes são casas, carros, ou seja, bens. Isto posto tal obrigação não se restringe exclusivamente a estes citado, posto que, em suas ramificações estão os alimentos gravídicos, compensatórios, provenientes etc., suas variações são extensas. Esta obrigação resguarda os direitos dos destinatários, estes em suma são os filhos, biológicos, adotivos, fora do casamento, ex-cônjuges, pais, avó avô etc. Entende-se que a pluralidade de destinatários garante uma menor invalidez da obrigação. Perceba-se dois princípios de proteção ao direito de alimentos, que estão inseridas no direito de família, que seria o poder familiar que incide sobre os filhos em relação aos pais, e por fim o princípio da solidariedade, fundamentado na mutua assistência, para que fundamentalmente todos os membros da família possam gozar da mesma afeição solidária. Contudo, como já relatado muitos são as características os limites as classificações, entre outras diversas nuances desta temática que nos possibilitou a observar as obrigações de natureza alimentícias sobre diretrizes que se quer poderíamos imaginar e sair da simples e rasa ideia que a obrigação alimentícia é somente a provisão e tutela de alimentos substanciais. Conclui-se que este trabalho foi de extremo enriquecimento, posto que demostra a preocupação do Código Civil e outros diplomas, pela tutela de Direitos que na sociedade atual tornam-se imprescindíveis. 29 REFERÊNCIAS BERTOCCO ZAQUEO, Ciara. Qual a diferença entre alimentos naturais e civis? Disponível em <https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/41429/qual-a-diferenca-entre- alimentos-naturais-e-civis-ciara-bertocco-zaqueo>. Acesso em: 10 mar. 2018. COLLOR terá de pagar pensão a ex-primeira-dama por três anos. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2013-nov-12/stj-decide-fernando-collor-pagar-pensao- rosane-tres-anos?imprimir=1>. Acesso em: 20 maio 2018. DE AGUIRRE, Caio Eduardo. Alimentos: aspectos gerais. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,alimentos-aspectos-gerais,50939.html>. Acesso em: 08 maio 2018. DE OLIVEIRA QUEIROZ, Clodoaldo. A natureza jurídica da obrigação alimentar. Disponível em: <http://www.buscalegis.ufsc.br/revistas/files/anexos/9093-9092-1- PB.htm>. Acesso em: 20 maio 2018. DIAS, Maria Berenice. Princípio da proporcionalidade para além da coisa julgada. Disponível em: <http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI33147,41046- Principio+da+proporcionalidade+para+alem+da+coisa+julgada>. Acesso em: 02 maio 2018. FERRAZ DE SOUSA, Áurea Maria. Dos alimentos . Rede de Ensino Luiz Flávio Gomes. Disponível em: <https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2606902/dos-alimentos- aurea-maria-ferraz-de-sousa>. Acesso em: 09 maio 2018. GONTIJO, Juliana. 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Disponívelem: <https://jus.com.br/artigos/17628/o-conceito-de- familia-ao-longo-da-historia-e-a-obrigacao-alimentar/2>. Acesso em: 17 mar. 2018. MASSAD DE OLIVEIRA, Joanna. Obrigação alimentar entre ascendente e descendente. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,obrigacao- alimentar-entre-ascendente-e-descendente,53258.html>. Acesso em: 10 maio 2018. NERY JUNIOR, Nelson. Código Civil comentado. 12 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2018 SAMIRA GOMES DE SANTANA, Jehnyphen. Obrigação Alimentar: Conceito, Natureza Jurídica, Requisitos e Características. WebArtigos, São Paulo, 01 jun. 2010. Disponível em:<https://www.webartigos.com/artigos/obrigacao-alimentar- conceito-natureza-juridica-requisitos-e-caracteristicas/39343/#ixzz59sONgA3A>. Acesso em: 14 mar. 2018 MP nega erro em ação que obrigou ?pai? a pagar despesas de falsa grávida. Disponível em: <http://www.saojoaquim.sirfm.com.br/mp-nega-erro-em-acao-que- obrigou-pai-a-pagar-despesas-de-falsa-gravida/>. 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