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Aspectos culturais e religiosos no Brasil Colônia

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Aspectos culturais e religiosos no Brasil 
Colônia
APRESENTAÇÃO
Certos aspectos da cultura e da religião no período colonial da América Portuguesa são 
encontrados no dia a dia de muitas cidades brasileiras, seja pela arquitetura ou pela 
predominância da religião católica. As artes e a religião foram processos paralelos à colonização 
e sua dinâmica econômica. Além disso, pelas próprias dinâmicas do colonialismo português, 
houve transformações nessas esferas, devido ao sincretismo cultural característico de uma 
sociedade formada por africanos, europeus e indígenas.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar a importância da Igreja Católica no processo 
de colonização da América Portuguesa e compreender as formas pelas quais ocorreu um 
sincretismo religioso entre as manifestações presentes na colônia. Além disso, vai aprender mais 
sobre a arte e a literatura produzidas na América Portuguesa durante o período colonial.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Analisar a influência da Igreja Católica no desenvolvimento do Brasil colonial.•
Definir aspectos gerais do sincretismo religioso entre europeus, africanos e indígenas.•
Descrever os movimentos artísticos e literários do Brasil colonial.•
DESAFIO
Uma das facetas da atuação da Igreja Católica durante o período colonial da América 
Portuguesa foi o Tribunal do Santo Ofício. Fazendo devassas ou visitações, os inquisidores 
reprimiam os desviantes dos dogmas católicos e estimulavam as delações, as denúncias e as 
confissões espontâneas, instituindo julgamentos e penas aos "infiéis".
A seguir, leia o caso de uma professora que abordou o assunto de religiosidades em uma turma 
de Educação Básica.
Neste Desafio, suponha que seus alunos façam o mesmo tipo de comentário.
a) De que forma você utilizaria a temática da Inquisição para resolver essa situação? 
b) A partir dessa situação, como promover o respeito à diversidade religiosa em sala de aula?
INFOGRÁFICO
As modificações artísticas e culturais ocorridas após a descoberta das jazidas de ouro na região 
das Minas tiveram diferentes registros, como nas artes plásticas, na literatura e nos quadros de 
Manoel da Costa Ataíde. Além disso, foram eternizadas nos escritos de Tomás Antônio 
Gonzaga, na escultura de Aleijadinho e na própria arquitetura e urbanismo das cidades mineiras.
Neste Infográfico, você vai conhecer algumas dessas modificações, suas principais 
características, a maneira como o enriquecimento de certos setores da sociedade impactou as 
construções das cidades mineiras e suas manifestações nestas.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
 
CONTEÚDO DO LIVRO
O processo de colonização da América Portuguesa teve uma faceta econômica, ligada ao 
expansionismo comercial-marítimo lusitano e à busca de metais preciosos, mas também uma 
dimensão cultural e religiosa. Tenha em mente que a disseminação da fé católica e a conversão 
dos povos contatados são indissociáveis da colonização. Da mesma forma, as manifestações 
artísticas do período evidenciam as dinâmicas específicas de uma sociedade colonial, marcada 
por influências externas e particularidades locais.
No capítulo Aspectos culturais e religiosos no Brasil Colônia, da obra História do Brasil 
Colônia, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai analisar a influência da Igreja 
Católica no desenvolvimento do Brasil colonial e definir aspectos gerais do sincretismo 
religioso entre europeus, africanos e indígenas. Além disso, vai aprender mais sobre a arte e a 
literatura produzidas na América Portuguesa durante o período colonial.
Boa leitura.
HISTÓRIA DO 
BRASIL 
COLÔNIA
Caroline Silveira Bauer
Aspectos culturais e 
religiosos no Brasil Colônia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Analisar a influência da Igreja Católica no desenvolvimento do Brasil colonial.
  Definir aspectos gerais do sincretismo religioso entre europeus, afri-
canos e indígenas.
  Descrever os movimentos artísticos e literários do Brasil colonial.
Introdução
Quando falamos em cultura e religião na América portuguesa, devemos 
estar atentos à diversidade, enfocando as práticas culturais e religiosas 
dos povos indígenas, dos africanos trazidos escravizados para a colônia 
e dos colonos europeus. Além disso, é importante ressaltar que cada um 
desses grupos era bastante diverso entre si, até mesmo os europeus. Ou 
seja, a América portuguesa caracterizava-se pela existência de múltiplas 
manifestações culturais e religiosidades, e, desta variedade, houve muitos 
sincretismos no âmbito da cultura e da religião. 
Neste capítulo, você vai estudar o papel da Igreja Católica no processo 
de colonização da América portuguesa e as manifestações de sincretismo 
religioso entre africanos, europeus e indígenas, resultando em culturas e 
religiosidades híbridas. Por fim, conhecerá alguns movimentos artísticos 
e literários dos círculos culturais europeus.
1 A Igreja Católica e a colonização 
da América lusa
A Igreja Católica possuiu um papel determinante no processo de colonização da 
América, seja pela Espanha ou por Portugal. O catolicismo dos reinos ibéricos, 
aliado a questões diplomáticas e políticas, esteve diretamente relacionado às 
guerras de conquista da península, dominada por povos muçulmanos, nas 
chamadas Cruzadas. O mesmo espírito cruzadista e empreendedor de uma 
“guerra santa” foi transposto para a América, buscando a conversão dos 
indígenas ao catolicismo. Assim, a religião pode ser entendida como uma das 
estratégias da colonização.
Para a historiadora Mary del Priore (1994, p. 9), colonização e cristianização, 
Coroa e Igreja eram processos indissociáveis:
Isso fez com que o povoamento português do Brasil fosse dominado por um 
vivo espírito cruzadista. Os colonos partilhavam a mentalidade de seus reis, 
ou seja, participavam de uma maneira de pensar comum aos católicos de seu 
tempo: todo o não católico era considerado inimigo, infiel, aliado do demônio, 
um perigo para a unidade religiosa desejada por Roma. Por isso deveria ser 
tratado com rigor e a violência com que nas cruzadas foram tratados os mouros.
A chegada da Igreja Católica ao território que viria a se tornar a América 
portuguesa ocorreu concomitantemente com o “descobrimento” realizado 
pela frota de Cabral. Lembremos a realização da primeira missa, celebrada 
pelos missionários franciscanos que compunham a tripulação, ocorrida no 
dia 26 de abril de 1500. No dia 1º de maio, foi erguida uma enorme cruz de 
madeira, que deu nome de Terra de Santa Cruz ao território (PRIORE, 1994).
Na carta escrita por Pero Vaz de Caminha ao rei D. Manuel, foi anunciada 
a possibilidade de conversão dos indígenas à religião católica. De acordo com 
Mary del Piore (1994, p. 7), essa preocupação apressada com a cristianiza-
ção dos indígenas pode ser explicada pela íntima relação entre a Igreja e o 
Estado português para fins religiosos, políticos e econômicos, “uma relação 
encontrada também em outras nações da cristandade, mas que em Portugal 
era acentuada pela completa submissão à autoridade papal e por uma forte 
aliança com o poder de Roma”.
Essa aliança entre a coroa portuguesa e a Igreja Católica chamava-se 
padroado: por uma concessão papal, o monarca lusitano poderia exercer o 
governo moral e religioso no reino e em suas colônias. Ou seja, além do poder 
político, exercia também o poder espiritual, exigindo doações e cobrando taxas 
para a Igreja. Dessa forma, o rei poderia administrar a cobrança do dízimo, 
indicar os bispos, proteger ou perseguir ordens religiosas, construir conventos e 
pagar capelães, vigários e bispos, bem como toda uma burocracia eclesiástica, 
como se fossem funcionários da coroa (PRIORE, 1994).
Diferentes ordens religiosas vieram para a América, mas nenhuma teve 
tanta proeminência como os religiosos jesuítas da Companhia de Jesus. Os 
primeirosjesuítas vieram para a América portuguesa com Tomé de Souza, em 
Aspectos culturais e religiosos no Brasil Colônia2
1548, quando instalado o governo geral. O governador possuía a incumbência 
de colonizar, povoar e converter os indígenas à fé cristã. A atividade religiosa 
era realizada nos aldeamentos indígenas e em escolas e colégios, sendo esse 
um dos diferenciais da ordem jesuítica. Até 1580, os jesuítas tiveram a exclu-
sividade de atuação na América portuguesa, como missionários “oficiais” da 
coroa, situação que mudou com a anexação de Portugal à Espanha durante a 
União Ibérica (1580–1640). Contudo, com o advento das reformas pombalinas 
(1750–1777), os jesuítas foram expulsos de Portugal e da América portuguesa 
em 1759, acusados de enriquecimento e criação de um poder paralelo à coroa.
Antes disso, porém, pouco mais de 50 anos após a posse do território americano, 
em 1551, por solicitação do jesuíta Manoel da Nóbrega, o rei D. João III autorizou 
a criação do primeiro bispado em Salvador, sendo Dom Pero Fernandes Sardinha 
o primeiro bispo. Sardinha opunha-se aos modos jesuítas de catequização:
escandalizava-o a tolerância para com a nudez dos índios, a confissão realizada por 
meio de intérpretes, o hábito de misturarem as cerimônias litúrgicas com cantos 
e danças indígenas. Para ele, a animalidade dos índios era tanta que o próprio 
Deus não haveria de querê-los como ovelhas de seu curral (PRIORE, 1994, p. 10). 
Os conflitos com os jesuítas e com o governador-geral, Duarte da Costa, 
fizeram com que Sardinha fosse chamado de volta a Lisboa. Na viagem de 
regresso, seu navio afundou na foz do rio Coruripe, no litoral de Alagoas, 
e, juntamente com o restante da tripulação, foram devorados em um ritual 
antropofágico pelos caetés, em 16 de junho de 1556 (PRIORE, 1994).
Como mencionado anteriormente, a União Ibérica rompeu com a exclusi-
vidade da Companhia de Jesus no território da América portuguesa. A partir 
de então, outras ordens religiosas passaram a atuar na colônia. Os franciscanos 
chegam ao território no final do século XVI e se instalaram no litoral do 
Nordeste, do Rio Grande do Norte a Alagoas. 
Ali se uniam aos senhores de engenho, rezando missas em suas fazendas ou 
abençoando as moendas de açúcar. Acompanharam as bandeiras e outras expedi-
ções para apresamento de índios e várias vezes ajudaram os colonos em guerras 
contra os nativos, que eram apoiados pelos jesuítas (PRIORE, 1994, p. 13). 
Os franciscanos também atuaram no sudeste da colônia, mas por menos tempo.
Por sua vez, os carmelitas também chegaram na América Portuguesa no 
final do século XVI, e se instalaram em Olinda, Pernambuco, espalhando-se 
posteriormente para diversas regiões da colônia. “Foram vigorosos defensores 
dos interesses portugueses na Amazônia e perderam rapidamente o caráter 
missionário: preferiam dar assistência aos moradores das cidades onde se 
3Aspectos culturais e religiosos no Brasil Colônia
instalavam ou construir magníficos conventos, como o do Rio de Janeiro” 
(PRIORE, 1994, p. 14).
Houve ainda a presença de outras ordens na América portuguesa. Os 
beneditinos ficaram alheios ao movimento missionário, pois eram integrantes 
de uma ordem religiosa rica, possuidora de escravos, imóveis e terras. Já os 
capuchinos dedicaram-se à evangelização no sertão e, como não possuíam 
vínculos com a coroa portuguesa, apenas ao papado, dispunham de maior 
liberdade de atuação. Os oratorianos dedicavam-se aos enfermos, aos encar-
cerados e aos escravizados (PRIORE, 1994).
Foi pelo alvará régio de 9 de abril de 1655 que o rei D. João IV reafirmou ser a Com-
panhia de Jesus a única autoridade competente para tratar de assuntos referentes 
aos indígenas. E, por inspiração do padre Antônio Vieira, em 1667, a coroa decretou a 
liberdade dos indígenas escravizados, estabelecendo severas punições para os que 
não cumprissem a lei (PRIORE, 1994).
Ainda que os objetivos da Igreja Católica coincidissem com os da coroa 
portuguesa no processo de colonização, nem sempre a relação entre os reli-
giosos e os colonos foi pacífica. Um dos principais pontos de divergência dizia 
respeito à escravização dos indígenas pelos colonos, o que, para os religiosos, 
impedia sua conversão e catequese. Com a pressão exercida pelos jesuítas, 
a coroa proibiu a utilização do trabalho compulsório dos povos indígenas e 
permitiu que somente essa ordem pudesse contatá-los, o que gerou inúmeras 
revoltas dos colonos, levando inclusive à expulsão dos jesuítas de algumas 
localidades. 
Apesar das boas intenções da coroa, as grandes perturbações sociais e políticas 
resultantes da proibição de escravizar índios levaram o governo luso a aceitar 
o cativeiro indígena no caso de guerra justa: quando os indígenas se recusas-
sem à catequese, cometessem latrocínio em terra ou no mar e se negassem a 
pagar tributos, a defender o rei ou a trabalhar para ele (PRIORE, 1994, p. 16).
Aspectos culturais e religiosos no Brasil Colônia4
Além das religiosidades africanas e indígenas, o catolicismo era a única religião presente 
na América portuguesa? A resposta é não. Houve um intenso movimento migratório 
de cristãos-novos e judeus para a colônia, como forma de reconstruir suas vidas após 
a perseguição religiosa do Tribunal do Santo Ofício já desde meados do século XVI. Na 
própria América portuguesa, esse grupo foi visado pela Inquisição, controlando suas 
manifestações culturais e religiosas, para identificar “falsas conversões” ao catolicismo. 
Para tanto, os inquisidores realizavam confissões, buscando identificar qualquer crime 
de heresia, fosse ele individual, cometido em família ou em público: “a crença ou a 
prática do judaísmo, maometismo, luteranismo; a bigamia, a sodomia, a bestialidade; 
as feitiçarias, as superstições, os cultos ao diabo, as adivinhações, a leitura e a posse de 
livros proibidos pelo Santo Ofício” (PRIORE, 1994, p. 23). Nos domínios conquistados 
pelos holandeses, havia melhores condições de exercer sua crença.
Além disso, é importante fazer referência ao protestantismo, presente na ocupação 
francesa da região da Baía de Guanabara, com os calvinistas (huguenotes) franceses, 
e a colonização holandesa no Nordeste.
Dessa forma, podemos afirmar que a Igreja Católica foi uma aliada religiosa 
à dinâmica econômica e política da colonização, sendo de fato tão eficaz 
em sua tarefa colonizadora que se tornou em uma das mais sólidas e rígidas 
instituições de poder no Brasil (PRIORE, 1994). Porém, mesmo com todo esse 
poder e com a instituição da catequese e da Inquisição, compartilhou o terri-
tório colonial com outras religiões e religiosidades, tópico da próxima seção.
2 Sincretismos religiosos
Quando falamos em religião e religiosidade na América portuguesa, devemos 
fi car atentos aos signifi cados dessas práticas para homens e mulheres daquele 
tempo. Para eles, suas crenças, sua fé, sua religiosidade impregnavam sua 
expressão cultural, “[...] realizavam-se em cada ato de vida, no modo de agir 
e pensar, na vida familiar e na atuação social e política” (PRIORE, 1994, p. 
5). Ou seja, a separação que hoje em dia conseguimos estabelecer entre essas 
diferentes esferas não existia para aquelas pessoas, e a religião não era vivida 
apenas como uma tradição ou repetição de uma liturgia.
5Aspectos culturais e religiosos no Brasil Colônia
Da mesma forma, é importante compreendermos que a religião, como 
uma dimensão cultural, não é estanque e está sujeita a apropriações e usos 
diversos, conforme as necessidades conjunturais, sendo o sincretismo algo 
bastante comum:
No campo da religião, é importante perceber que os seres humanos não se 
limitam a reproduzir aquilo que aprenderam: são agentes ativos na construção 
de uma realidade simbólica, da qual participam de acordo com sua experi-
ência social. O rico, o remediado ou o pobre, o negro, o mulato ou o branco 
apropriam-se das práticas religiosas, usando-as segundo suas necessidades 
espirituais e materiais. Assim, a religião se configuranum conjunto de for-
mas de conhecimento e de crença que religa as experiências concretas das 
pessoas ao significado que elas lhes atribuem, ao sentido que dão à vida e à 
morte (PRIORE, 1994, p. 5).
Em relação às práticas religiosas africanas, existe maior dificuldade em 
seu estudo durante o período colonial, pois a maioria das fontes é de origem 
policial, e diz respeito à repressão a essas práticas, consideradas então heréticas 
e ilegais. Por meio desses documentos, sabemos que existiam cerimônias 
religiosas como o acotundá, o candomblé e o calundu (PRIORE, 1994).
Os africanos escravizados compartilhavam ritos tradicionais durante o 
cativeiro ainda na África e nas viagens transatlânticas, e seguiram praticando 
sua religiosidade em seus locais de trabalho. “Ali, numa tentativa de recriar a 
identidade social perdida com o exílio, eles e seus descendentes se entregavam 
a manifestações mágico-religiosas quase sempre malvistas pelas autoridades 
civis e principalmente pela Igreja Católica” (CALAINHO, 2013, p. 118). 
O acotundá, também conhecido como “dança de tunda”, era praticado em 
Minas no século XVIII. A descrição do culto nos demonstra como havia um 
sincretismo entre aspectos da religiosidade africana e o catolicismo: 
[...] aos sábados, grande número de “negros forros e cativos para ali acorriam 
para fazer um folguedo, dançando ao som de um tambor ou tabaque”, como diz 
um documento de 1747. Uma mulher entrava na dança, cantando com palavras 
extraídas de textos católicos, mas também utilizando o dialeto courá, da Costa 
da Mina (atualmente parte de Gana) (PRIORE, 1994, p. 30).
Alguns autores consideram que o acotundá assemelha-se ao candomblé e 
ao xangô praticados no Nordeste. 
Aspectos culturais e religiosos no Brasil Colônia6
O altar de um legítimo candomblé baiano, o peji, fica comumente instalado no 
interior da casa, e o santo é representado por pedras, búzios e fragmentos de 
pedra, conforme a invocação, e encerrado em uma urna de barro. [...] Muitos 
elementos do ritual são praticamente idênticos no século XVIII e na atuali-
dade: o emprego de galos e galinhas, moringas, recipiente com terra fétida; a 
predominância feminina, o destaque de uma das dançantes identificada como 
líder cerimonial; o sacrifício de animais, a possessão e o transe ao som de 
atabaques (PRIORE, 1994, p. 31). 
A historiadora Mary del Priore (1994) afirma ainda que, nesses cultos, a 
evocação de Nossa Senhora do Rosário e de Santo Antônio era uma forma 
de cultuar as divindades da religiosidade africana, só que com outros nomes.
A palavra candomblé tem origem no banto (família linguística da África ocidental 
geralmente falada por escravos que no Brasil eram chamados de angolas, congos, 
benguelas, cabindas etc., trazidos principalmente de território da atual Angola). Embora 
tenham restado poucos registros escritos sobre cultos especificamente bantos até o 
século XIX, é possível perceber sua presença por indícios linguísticos: as expressões 
candonga e milonga designavam feitiçaria, enquanto o vocábulo calundu definia a 
prática religiosa africana em geral. “Este último termo, que predominou até o final do 
século XVIII, foi mais tarde substituído por candomblé. É possível, porém, identificar uns 
poucos sacerdotes angolas entre os líderes desse universo religioso” (REIS, 2013, p. 58).
Já o calundu seria um ritual remanescente da religião dos vodus, de origem 
jeje, povo do Reino de Daomé, atual Benin, o qual não parece ter se sincretizado 
com outras práticas religiosas na América portuguesa. 
Conduzido por um vodunô, um líder espiritual, e com a ajuda de vodúnsis, 
membros do culto, o ritual consistia em danças e cantos na língua jeje, ao som 
de ferrinhos (agogôs e gans) e atabaques. O centro do cerimonial abrigava 
elementos ainda hoje utilizados no candomblé baiano: ervas, búzios, dinheiro, 
aguardente. Folhas de diversas plantas serviam na preparação de ebós (alimentos 
oferecidos às divindades), em ritos de iniciação e limpeza do corpo, na medicina 
africana e no assentamento de altares de entidades. [...] Os calundus tinham a 
função de dar a seus participantes um sentido para a vida e um sentimento de 
segurança e proteção contra um mundo incerto e hostil (PRIORE, 1994, p. 31).
7Aspectos culturais e religiosos no Brasil Colônia
Em relação aos indígenas, os pajés ou caraíbas eram homens que possuíam 
o dom de conversar com os espíritos e interpretar suas mensagens. Foram 
chamados pelos jesuítas de “santidades”. Os rituais, que envolviam uma série 
de práticas, demonstravam a crença em uma mitologia tupi, mas também um 
sincretismo com a religião católica, porque muitos indígenas haviam sido 
educados em escolas e colégios jesuítas.
A historiadora Mary del Priore (1994, p. 53) traz o relato de um episódio 
de “santidade” ocorrido na Bahia em 1586:
O movimento foi iniciado não por um dos velhos pajés, mas por um certo 
Antônio, educado pelos padres da Companhia de Jesus em suas aldeias de 
Tinharé, na Capitania de Ilhéus. Antônio se internou no sertão, munido do 
que aprendera no contato com os portugueses e com os padres. Não tardou a 
enxertar na santidade algumas cerimônias da liturgia católica. Em sua ceri-
mônia, anunciava o advento próximo de uma idade de ouro em que reinariam 
a abundância e a preguiça, e os brancos passariam de senhores a escravos. 
[...] Em torno de Antônio se juntou rapidamente uma verdadeira multidão de 
índios pagãos e batizados, forros e cativos.
Essa santidade também conquistou colonos, e, por sua importância na 
região, recebeu o nome de Santidade do Jaguaripe.
Assim, podemos afirmar que o campo religioso da América portuguesa 
é um espaço caracterizado pela presença do sincretismo religioso, ainda que 
a presença católica fosse de destaque na estruturação da sociedade colonial.
3 Artes e literatura na América portuguesa
Quando nos referimos às artes e à literatura na América portuguesa, geral-
mente nos referimos à produção feita por europeus e seus descendentes, já 
que as manifestações artísticas e literárias de africanos e indígenas não eram 
integradas aos ambientes de prática e difusão cultural, embora possamos 
conhecê-las a partir da arqueologia e da transmissão oral intergeracional.
Aspectos culturais e religiosos no Brasil Colônia8
Historicamente considerado, o problema da ocorrência de uma literatura no 
Brasil se apresenta ligado de modo indissolúvel ao do ajustamento de uma 
tradição literária já provada há séculos — a portuguesa — às novas condições 
de vida no trópico. Os homens que escrevem aqui durante todo o período 
colonial são ou formados em Portugal, ou formados à portuguesa, iniciando-
-se no uso de instrumentos expressivos conforme os moldes da mãe-pátria. 
A sua atividade intelectual ou se destina a um público português, quando 
desinteressado, ou é ditada por necessidades práticas — administrativas, 
religiosas (AB’SABER, 2003, p. 106).
Assim, se compreendermos “literatura” de uma forma ampliada, podemos 
considerar as cartas e os relatos de viajantes que acompanharam as navegações 
exploratórias e as primeiras incursões no território americano como trabalhos 
documentais, uma “literatura informativa”. Nesse sentido, a primeira “obra” 
teria sido a carta de Pero Vaz de Caminha ao rei D. Manuel, escrita em um 
gênero de literatura de viagens comum ao século XV na Espanha e em Por-
tugal, evidenciando interesses mercantis e religiosos, a partir de um olhar 
observador e descritivo.
As artes e a cultura na colônia tiveram nos colégios jesuítas um espaço 
de realização e difusão, e foram utilizadas com a finalidade de catequizar 
os indígenas e os colonos. A conversão se dava por meio de manifestações 
artísticas marcadas por uma moral e pedagogia cristãs. Destacam-se as obras 
teatrais e a poesia do padre José de Anchieta (1533–1597), que trazem consigo 
valores religiosos católicos adaptados à realidade dos indígenas, com a utili-
zação, por exemplo, do tupi e de traços da cultura desses povos representandoas dualidades cristãs (bem versus mal, virtude versus vício). Nesse contexto, 
podemos citar também os sermões do padre Antônio Vieira (1608–1697) 
(AB’SABER, 2003).
Fora desses espaços religiosos, podemos destacar a obra de Gregório de 
Matos Guerra (1633–1696), que compôs poesias com temáticas amorosas, 
religiosas e satíricas. As poesias desse último grupo renderam-lhe o apelido 
de Boca do Inferno. De acordo com Ab’Saber (2003, p. 107), Gregório de 
Matos “foi o profano a entrar pela religião adentro com o clamor do pecado, 
da intemperança, do sarcasmo, nela buscando fanal e lenitivo”.
9Aspectos culturais e religiosos no Brasil Colônia
No poema “Triste Bahia”, Gregório de Matos explicita sua nostalgia com uma época 
de prosperidade da capitania, bem como uma crítica às ações comerciais e mercantis 
e seus empreendedores (MATOS, 2010, p. 44):
Triste Bahia! Ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vejo eu já, tu a mi abundante.
A ti tocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.
Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.
Oh se quisera Deus que de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote!
No século XVIII, fundaram-se as primeiras academias artísticas e literárias 
que temos registro. Elas surgiram em núcleos urbanos e reuniam diversos grupos 
sociais: religiosos, militares, desembargadores, altos funcionários, etc. Citemos 
como exemplos a Brasílica dos Esquecidos, fundada em 1724, e a Brasílica dos 
Renascidos, fundada em 1759, ambas na Bahia. Já no Rio de Janeiro, foi criada 
a Academia dos Felizes, em 1736, e a Academia dos Seletos, em 1752. 
As academias e os atos acadêmicos significam que a colônia já dispunha, na 
primeira metade do século XVIII, de razoável consistência grupal. E embora se 
tenham restringido a imitar os sestros da Europa barroca, já puderam nutrir-se 
da história local, debruçando-se sobre os embates como os holandeses no Nor-
deste ou sobre as bandeiras e o ciclo mineiro no centro-sul (BOSI, 2015, p. 54).
Após a descoberta de metais e pedras preciosas na região das Minas, houve o 
desenvolvimento de um movimento arquitetônico e artístico que ficou conhecido 
como barroco mineiro, e de um movimento literário chamado arcadismo. É 
importante destacar que não há consenso na historiografia sobre a denominação 
“barroco” para esse movimento na colônia, como uma mimese do barroco europeu.
Aspectos culturais e religiosos no Brasil Colônia10
Do barroco mineiro, o escultor mais conhecido é Antônio Francisco Lisboa 
(1738–1814), o Aleijadinho (Figura 1), que esculpiu diversas obras em Vila 
Rica, atual Ouro Preto, e arredores. Quanto ao arcadismo, foi um movimento 
literário surgido na região das Minas por volta de 1757. Caracterizava-se 
por privilegiar as temáticas bucólicas e a simplicidade, utilizando modelos 
literários e mitológicos greco-romanos. Por isso, o arcadismo também foi 
chamado de “neoclassicismo”, evidenciando uma concepção humanista.
Figura 1. Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, localizado no município de Congonhas, 
em Minas Gerais, com o conjunto de esculturas de Aleijadinho.
Fonte: Nogueira (2019, documento on-line).
Dois de seus principais representantes foram Claudio Manuel da Costa (1729–
1789) e Tomás Antônio Gonzaga (1744–1810). Os árcades mineiros criticavam 
aspectos do colonialismo, evidenciando o conflito de interesses locais e metropo-
litanos, tendo alguns participado da Inconfidência Mineira. Em Cartas Chilenas, 
Gonzaga, por exemplo, ridiculariza o governador da Capitania de Minas Gerais, 
Luís Cunha Meneses (chamado de “Fanfarrão Minésio”) (AB’SABER, 2003).
As artes
Em relação às artes plásticas, podemos afi rmar que a produção artística do 
período colonial esteve diretamente relacionada à Igreja Católica ou a temas 
religiosos e sacros, bom como à imagem do poder régio português. De acordo 
com Cattani (1984, p. 116):
11Aspectos culturais e religiosos no Brasil Colônia
[...] a produção artística foi dominada com exclusividade pelas diversas ordens 
religiosas que se instalaram no Brasil, para catequizar os indígenas e vigiar 
os colonos, estes muitas vezes fugidos da Inquisição. A produção artísti-
ca concentrou-se nas Igrejas, centro da vida social. O dirigismo artístico 
manifestou-se, inicialmente, na imposição de uma arte de caráter religioso, 
respondendo evidentemente às necessidades do jogo político, pois, em última 
análise, era o rei de Portugal que comandava.
Nos séculos XVII e XVIII, as artes plásticas na América portuguesa 
possuíam características do barroco, tanto em Salvador, na Bahia, com os 
frades beneditinos, como em Minas (BRUNETO, 2001). “Barroco” é uma 
categoria com um longo debate artístico e historiográfico, referendada por 
uns, questionada por outros, mas parece haver um consenso por se referir às 
manifestações artísticas luso-brasileiras dos séculos XVII e XVIII.
De acordo com Vainfas (2000, p. 68):
Nas artes plásticas, o barroco tem sido caracterizado por uma grande va-
riedade de traços, em que se destacam a exuberância das formas, o gosto 
pelas oposições (como o uso do chiaro e oscuro na pintura), a visão do 
conjunto como uma composição de elementos distintos a que sempre podem 
ser justapostos [...] a prevalência da imagem sobre o desenho, a integração 
em profundidade dos planos da composição, e a manipulação de volumes 
que emprestam uma certa dimensão arquitetônica às obras. Na literatura, 
destaca-se o estilo ornamentado, o emprego das antíteses e das hipérboles, 
o jogo de palavras, que valorizava composições como os acrósticos. Na 
música, exprime-se por meio de novas formas, como a cantata (voz solista 
versus conjunto) e o concerto (concertino versus ripieno); da profusa or-
namentação, que cabia ao executante acrescentar; e do apego a um certo 
virtuosismo vocal ou instrumental.
Esse estilo teria sido trazido para a América portuguesa com os jesuítas, 
que já o praticavam em Portugal. Seria a concepção estilística predominante 
na construção de capelas e igrejas nos arraiais mineiros no século XVIII. 
Favorecido pelo grande número de pequenos núcleos urbanos típicos da 
ocupação de Minas, esse movimento mobilizou quantidade extraordinária de 
recursos e de artesãos especializados, criando um ambiente cultural único, 
o chamado barroco mineiro, ao qual não faltaram manifestações musicais e 
literárias, além de pelo menos um artista de gênio, o mulato Antônio Francisco 
Lisboa, o Aleijadinho (VAINFAS, 2000, p. 69).
Aspectos culturais e religiosos no Brasil Colônia12
Esse estilo teria sido predominante até meados de 1760, quando passou 
cedeu espaço ao chamado rococó.
AB'SABER, A. N. Aspectos da geografia econômica do Brasil. In: HOLANDA, S. B. História 
geral da civilização brasileira. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003. (t. 1 A época colonial, 
v. 2 administração, economia, sociedade).
BOSI, A. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2015.
BRUNETO, C. J. C. O problema cronológico do barroco artístico brasileiro. Veredas: Revista 
da Associação Internacional de Lusitanistas, n. 4, p. 57–69, 2001.
CALAINHO, D. B. Feitiços e feiticeiros. In: FIGUEIREDO, L. (Org.). História do Brasil para 
ocupados. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.
CATTANI, I. M. B. A produção artística no Brasil no período colonial e no século XIX. 
Estudos Ibero-Americanos, v. 10, n. 1, p. 115–126, 1984.
MATOS, G. Poemas escolhidos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
NOGUEIRA, P. J. C. File:Santuário Bom Jesus de Matosinhos — Congonhas, MG — pa-
noramio (2).jpg. Wikimedia Commons, the free media repositor, 8 nov. 2019. Disponível 
em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Santu%C3%A1rio_Bom_Jesus_de_Ma-
tosinhos_-_Congonhas,_MG_-_panoramio_(2).jpg. Acesso em: 26 abr. 2020.
PRIORE, M. Religião e religiosidade noBrasil colonial. São Paulo: Ática, 1994.
REIS, J. J. Candomblé para todos. In: FIGUEIREDO, L. (Org.). História do Brasil para ocupados. 
Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.
VAINFAS, R. Dicionário do Brasil colonial: 1500-1808. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.
Leituras recomendadas
BASTIDE, R. As religiões africanas no Brasil. São Paulo: EDUSP, 1971.
MOTT, L. Cotidiano e vivência religiosa: entre a capela e o calundu. In: SOUZA, L. M. 
(Org.). História da vida privada no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. (v. 1, 
Cotidiano e vida privada na América portuguesa).
NOVINSKY, A. Cristãos novos na Bahia: a inquisição. São Paulo: Perspectiva, 1992.
SOUZA, L. M. Inferno Atlântico: demonologia e colonização séculos XVI–XVIII. São Paulo: 
Companhia das Letras, 1993.
13Aspectos culturais e religiosos no Brasil Colônia
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Aspectos culturais e religiosos no Brasil Colônia14
DICA DO PROFESSOR
A religião tinha sua importância na sociedade colonial da América Portuguesa, não somente 
pela prática religiosa em si, mas também pela estruturação social e pelas sociabilidades 
existentes no Brasil. Nesse sentido, as irmandades tiveram um papel fundamental na colônia, ao 
congregar nos mesmos espaços pessoas semelhantes e com interesses em comum. Para alguns 
grupos, como os africanos e afrodescendentes, era o único espaço de sociabilidade.
Nesta Dica do Professor, você vai aprender mais sobre essa instituição, o que eram as 
irmandades, qual o seu papel na sociedade colonial e as especificidades das irmandades dos 
chamados "homens de cor".
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EXERCÍCIOS
1) As práticas religiosas no Brasil têm suas especificidades, que podem ser explicadas 
pelas características de sua formação social desde o período colonial.
A seguir, leia o texto escrito pela historiadora Mary del Priore:
“Quem toma a estrada BR 166 no trecho que liga o Rio de Janeiro à Bahia encontra, 
na altura do quilômetro 90, a Santinha da Serra: escondida no meio da exuberante 
Mata Atlântica que cobre a Serra dos Órgãos, perto de uma cascata, uma ermida 
singela abriga uma imagem de Nossa Senhora com estrela na testa e véu azul. Maria 
ou Iansã? As duas... A seus pés, velas coloridas e círios brancos, gamelas de barro 
com despachos, ex-votos de madeira narrando episódios milagrosos ocorridos na 
estrada. Nas mãos, flores de plástico, amuletos e terços.”
A partir do texto apresentado e sobre as práticas religiosas no Brasil durante o 
período colonial, é correto afirmar que estas se caracterizam:
A) pela aculturação dos povos africanos frente à predominância da religião católica.
B) pelo sincretismo entre a religião católica e as religiosidades africanas, além das 
contribuições indígenas.
C) pelo mimetismo das práticas religiosas europeias e africanas, que não sofreram 
transformações na colônia.
D) pela submissão da Igreja Católica aos rituais africanos, já que a maior parte da população 
era negra.
E) pela total dominância da religião católica, por meio da repressão promovida pela 
Inquisição.
2) A Igreja Católica teve um papel muito importante no processo de colonização da 
América Portuguesa. Em relação ao catolicismo e às populações nativas, são feitas as 
seguintes afirmações:
I. No processo de colonização, o catolicismo era visto como símbolo civilizacional, 
enquanto os indígenas eram considerados bestiais e selvagens.
II. A principal ordem dedicada à catequese dos indígenas foi a Companhia de Jesus, 
pelo trabalho nos aldeamentos.
III. Os jesuítas acreditavam que era necessário preservar as práticas culturais e 
religiosas dos indígenas, como os rituais canibais e a nudez, como forma de melhor 
catequizá-los.
Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas III.
D) Apenas I e II.
E) Apenas II e III.
3) As práticas religiosas durante o período colonial eram múltiplas, ainda que houvesse 
uma primazia da Igreja Católica, como parte do processo de colonização da América 
Portuguesa.
Sobre o catolicismo e a sociedade colonial, são feitas as seguintes afirmações. Assinale 
V para as verdadeiras e F para as falsas.
( ) A Igreja Católica desempenhou um importante papel na colonização pela difusão 
da fé católica e cristianização dos indígenas, contribuindo para certas características 
da sociedade colonial.
( ) As iniciativas da Igreja Católica de perseguir e reprimir outras religiões e cultos, 
por meio do Tribunal do Santo Ofício, limitaram-se à Europa, não atingindo a 
América Portuguesa.
( ) As escolas e os colégios jesuítas e os sermões escritos por religiosos podem ser 
considerados, respectivamente, espaços de difusão da arte e da cultura e exemplos de 
uma literatura colonial.
( ) Os interesses dos colonos e dos jesuítas eram similares em relação aos indígenas, o 
que fez com que esses grupos tivessem uma excelente relação durante o período 
colonial da América Portuguesa.
A ordem correta de preenchimento dos parênteses é:
A) F – F – V – F.
B) F – F – V – V.
C) V – F – F – V.
D) V – V – F – F.
E) V – F – V – F.
4) As irmandades foram importantes instituições, com múltiplas funções, atingindo seu 
ápice no século XVIII e primeiras décadas do século XIX, disseminando-se por todo o 
território colonial.
A seguir, leia o texto escrito pelo historiador Fabio Kuhn:
“Se as irmandades do Santíssimo impediam o acesso dos ‘homens de cor’ aos seus 
quadros, diversa era a situação quando tratamos das irmandades dedicadas à Nossa 
Senhora do Rosário. Nessas confrarias, brancos, pardos e negros conviviam lado a 
lado, tornando-se irmãos na devoção a este orago de grande popularidade.”
A partir do fragmento de texto e do conhecimento sobre as irmandades no período 
colonial, são feitas as seguintes afirmações:
I. Existiam irmandades de todas as religiões, católica, judaica e protestante, o que é 
uma evidência da diversidade e da tolerância religiosas do período colonial.
II. Além do caráter religioso, as irmandades tinham funções assistencialistas entre 
seus membros e eram espaços de sociabilidade de estratos sociais.
III. As irmandades dos “homens de cor” tinham especial atenção da administração 
colonial, pela possibilidade de rebelião e resistência de escravizados.
Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas III.
D) Apenas I e II.
E) Apenas II e III.
5) As manifestações artísticas e culturais da América Portuguesa ficaram registradas na 
arquitetura, na escultura e na literatura produzidas durante o período colonial.
A seguir, analise as informações que tratam da arte e da cultura colonial e julgue 
cada uma com V para verdadeiro e F para falso.
( ) Os artistas e os escritores coloniais pertenciam aos estratos mais altos da 
sociedade, pois apenas esses grupos frequentavam academias, escolas, colégios e 
irmandades, espaços de difusão da arte.
( ) Os debates sobre a literatura brasileira durante o período colonial levam em 
consideração, além do local de nascimento do autor, o local de produção e a língua 
em que foi escrita, problematizando a noção de “literatura nacional”.
( ) A poesia e a prosa do período colonial tinham apenas temáticas bucólicas e 
religiosas, deixando de lado questões políticas e críticas sociais.
( ) Aleijadinho, um dos maiores escultores do período colonial, pertencia à elite da 
sociedade mineradora e utilizava os lucros obtidos no sistema mercantil para 
desenvolver sua arte.
Marque a alternativa que apresenta a ordem correta de preenchimento dos 
parênteses.
A) V – F – F – V.
B) V – F – V – F.
C) V – V – F– F.
D) F – F – V – F.
E) F – V – F – F.
NA PRÁTICA
A Igreja Católica teve papel fundamental no processo de colonização empreendido pela Coroa 
portuguesa, seja na África, na América ou na Ásia. Em relação à sua colônia na América, a 
realização da primeira missa, no dia 26 de abril de 1500, e a instalação da cruz que deu nome ao 
território de “Santa Cruz”, no dia 1.º de maio do mesmo ano, são evidências da coincidência 
entre os interesses comerciais e religiosos na colonização.
Acompanhe, Na Prática, como um professor do Ensino Fundamental trabalhou esse tema com 
seus alunos a partir das informações contidas no livro didático.
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SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Leitura e literatura no Brasil Colônia: esquecimentos e apagamentos dos séculos XVI ao 
XVIII
O que determina que certa obra pertença à literatura de um país? Ter sido escrita em seu idioma? 
Ter sido produzida dentro de suas fronteiras? Neste artigo, a autora explora a possibilidade de 
você compreender como "literatura brasileira" as obras escritas em latim no período colonial, 
problematizando os limites da definição de uma literatura nacional.
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A formação das religiões afro-brasileiras: a interferência do sincretismo religioso
Neste artigo, você confere um estudo sobre como se formaram os cultos afro-brasileiros, como a 
umbanda, mesclando elementos do catolicismo, do espiritismo kardecista e das religiões de 
matriz africana.
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Rosa Egipcíaca: uma santa africana no Brasil Colonial
O artigo a seguir aborda as dinâmicas da Igreja Católica na América Portuguesa e sua 
perseguição a outras manifestações religiosas. Você vai conhecer, como exemplo, o caso de 
Rosa Egipcíaca, uma africana escravizada que foi transformada em santa, demonstrando, 
também, os sincretismos religiosos.
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