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DISCIPLINA: Introdução aos Estudos Universitários I – UGF 100 UNIDADE I: O mundo contemporâneo Aula 03 TEXTO 02: Projeto Político Institucional – Marco Referencial AUTORIA: Universidade Gama Filho Ano: 2006 Na definição do marco referencial que balizará a atuação da UGF, devem ser tomadas em consideração incidências estruturais e conjunturais mais evidentes, bem como os desafios para a educação brasileira, o ensino superior e o setor privado, em relação aos quais a Universidade deverá, permanentemente, posicionar-se. As INCIDÊNCIAS ESTRUTURAIS mais evidentes constituem-se em questões de médio e longo prazo potencialmente capazes de mudar em profundidade a vida social em todos os seus aspectos. Em relação a uma instituição como a Universidade, admitimos que, prioritariamente, sobre ela influam os fatores identificados com a chamada SOCIEDADE DO CONHECIMENTO. A criação de novas formas de conhecimento, quer pela definição de novos objetos, quer pela ampliação de instrumentos teóricos e metodológicos e sua aplicação ao mundo material por meio da tecnologia, é o mais importante elemento - tomado isoladamente - de transformação do mundo contemporâneo. A própria aceleração do processo de invenção e inovação, se considerarmos como parâmetro o período que vai da “revolução científica” do século XVII até meados do século XX, comparando-o ao que se seguiu, do segundo pós-guerra até o início do século XXI, é por si só um fator que revolucionou estruturas intelectuais, mentais e econômicas. O PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO, por sua vez, é outra macroestrutura cujos efeitos fazem- se sentir no quotidiano de homens e instituições por todo o mundo, e não seria diferente com a Universidade e seus agentes – docentes, discentes, gestores e funcionários. A tendência é a crescente integração de mercados, de tecnologias, de procedimentos; a busca de estratégias que permitam tornar esse processo positivo, e não um cadinho de conflitos; a existência de relações perigosamente assimétricas, como as do Primeiro e Terceiro Mundo, as dos Estados Unidos com o conjunto de nações que seu potencial econômico e bélico deixa para trás, as dos estados tradicionais com as células terroristas ou as máfias do narcotráfico. Todas essas características da globalização, de uma forma ou de outra, incidem sobre a vida universitária, não apenas pelo fato de propiciarem análises acadêmicas, mas porque podem alterar sua autonomia, seu desenvolvimento e até determinar sua existência. A ESTRUTURA OCUPACIONAL nas sociedades da terceira revolução industrial concentrou-se de modo cada vez mais acentuado no setor terciário. O exercício direto da mão de obra nos setores primário e secundário reduziu-se substancialmente com a mecanização e a automatização. Em conseqüência, a diversificação e a sofisticação da mão de obra no setor de serviços, assim como nas áreas técnicas e gerenciais dos dois primeiros, associadas às transformações no âmbito do conhecimento, fizeram com que novas competências e habilidades fossem requeridas e novas profissões surgissem. A essa demanda o sistema de ensino superior precisa estar atento, sob pena de perder seu atendimento para outras agências, como as da educação corporativa, por exemplo. Decorrência dessa situação, é um fato a necessidade da educação continuada, constatada a evidência de que a maioria, senão todas as antigas profissões, foram e estão sendo profundamente reformuladas. Trata-se de algo, que incide diretamente sobre a Universidade e suas ações e que precisa ser claramente conscientizado e equacionado por ela. Como pano de fundo de ambas as situações – a modificação estrutural ocupacional e a educação continuada – certamente está a mudança mais profunda de todas, sob o ponto de vista da dinâmica do industrialismo e numa perspectiva de longa duração, considerados os últimos duzentos anos: o papel primordial assumido, entre os diferentes fatores de produção – capital, matéria prima, técnicas, recursos humanos – por estes últimos. De maneira cada vez mais significativa e explícita o CAPITAL HUMANO, ao longo do século XX, tornou-se o fator preponderante do processo econômico, como a recuperação da Alemanha e do Japão, no imediato pós-guerra, evidenciaram à saciedade. E ninguém duvida que tal capital humano fundamentou-se num sólido sistema educacional – se ainda, pairasse algum ceticismo em relação ao tema, o sucesso dos “Tigres Asiáticos” tornaria de todo ociosa qualquer discussão sobre o assunto. No caso brasileiro, essa realidade - profundamente DESESTRUTURANTE de antigas situações e profundamente REESTRUTURANTE de novas - acentua uma característica típica de países em desenvolvimento, a da multiplicidade de tempos sociais, ou de diferentes historicidades. Vivem-se, simultaneamente, experiências coloniais e do século XXI, práticas arcaicas e atividades inovadoras, num processo cultural profundamente contraditório, conflituoso e desafiador. Esse legado histórico não é o único fator que condiciona tal diversidade. Há também, embora muitas vezes desconsiderado pela sua aparente auto-evidência, o fator geográfico. A continentalidade do país implica numa diversividade de situações econômicas e ambientais que maximizam problemas e implicam em soluções complexas, impossíveis de redução e fórmulas rigidamente planejadas e de pretensa validade nacional. Por outro lado, as diferentes historicidades e a continentalidade do país podem também atuar como fatores altamente positivos. Se considerarmos a riqueza cultural e a plasticidade implícitas à diversidade e, ao reverso, a notável unidade cultural e lingüística numa superfície territorial de contínuas dimensões continentais, percebemos como os problemas podem resolver-se em soluções criativas e enriquecedoras. A ausência de dificuldades linguísticas, religiosas e étnicas, como os que ocorrem em outros países continentais – Rússia, Índia e China – é fator altamente positivo para a afirmação histórica do Brasil. Em conseqüência, cabe à Universidade, como a todas demais agências sociais, identificar seu papel e sua forma de atuar. Catalisar todos esses condicionamentos para um programa social positivo nas próximas gerações, que inclua objetivos como desenvolvimento equilibrado social e regionalmente, plenificação da cidadania, mentalidade aberta e inovadora e afirmação dos valores humanistas, é um magno desafio cuja superação dar-se-á sem dúvida pela generalização e qualificação da educação e, nela, do ensino superior. As INCIDÊNCIAS CONJUNTURAIS que afetam a educação brasileira e em particular a superior certamente começam pela inserção internacional do país, que implicará não apenas no aprofundamento das relações existentes no âmbito da pesquisa científica e das realizações culturais, como na concreta possibilidade de os demais efeitos da globalização atingirem o setor educacional brasileiro. Nossas instituições serão instadas a atuar no exterior, como deverão conviver com instituições estrangeiras atuando, de per se ou em parceria, no Brasil. O que isso implicará de efeitos acadêmicos, financeiros, de gestão e de recursos humanos pode-se vislumbrar, mas não dimensionar. Por outro lado, a expansão da educação superior no País encontra um outro dilema. A duplicação do número de matrículas ocorrida entre 1997 e 2004 - de dois para quatro milhões de estudantes – aparentemente não se repetirá, dado o gargalo do poder aquisitivo da população. Não obstante a recomendação da Unesco, de 1998, para a generalização do ensino superior, ou a vontade política freqüentemente manifestada de alcançar-se rapidamente o patamar chileno ou argentino da população em idade escolar universitária em relação à população total, parece razoável que até 2010 convivamos com uma expansão moderada do sistema universitário, a menos que ocorra um rápido e acentuado aumento de ingressos nas classesde renda C e D. As políticas inclusivas,como FIES e Pro- Uni, não tem sido suficientes para alargar de modo significativo a população universitária naqueles padrões. A própria projeção de estabilidade do ensino médio entre 2005 e 2010 – manutenção de uma base de 10,3 milhões de alunos - reforça esta impressão, a menos que ocorra outra mudança estrutural, a passagem da 8ª série do ensino fundamental para o ensino médio de um maior percentual de alunos. Ao mesmo tempo, a educação superior continuará sendo pressionada pela demanda de seus egressos pelos cursos de pós-graduação, de atualização, de aperfeiçoamento e de extensão, ditada pelas mais diversas motivações da sociedade – o aprofundamento científico e tecnológico, o acompanhamento das transformações dos diferentes setores profissionais, o aprimoramento cultural. Por tais razões, parece razoável admitir que o dilema conjuntural – estabilidade com leve expansão, versus crescente demanda social pela educação superior – poderá superar-se e apontar para uma consolidação do ensino superior e de suas instituições, melhor qualificadas, a longo prazo. Entretanto, é necessário sobreviver no médio prazo. Há, assim, quer para a passagem do médio prazo (os próximos dez anos) quer para o lançamento de bases sólidas a longo prazo, alguns desafios a equacionar, enfrentar e vencer no âmbito da educação superior e, particularmente, pela Universidade Gama Filho. Em primeiro lugar, o desafio da qualidade. Isso ocorre a partir de duas premissas simples de enunciar, mas de complexa implementação. A Universidade busca que o aluno consiga construir seu próprio conhecimento – isto é, que domine conceitos, categorias e processos, antes que informações – e que, nos primeiros semestres adquira as condições básicas para um bom rendimento acadêmico. Isto implica num trabalho propedêutico que habilite o aluno a construir seu próprio conhecimento – e, assim, preparar-se para “aprender a aprender”. Em segundo lugar, a preocupação com a educação continuada. Um bom ensino no plano da formação acadêmica e profissional, será desdobrado pelos diferentes cursos e atividades que caracterizam a educação continuada. A Universidade Gama Filho deverá ser capaz de criar e aperfeiçoar permanentemente este setor, como forma de atender a uma demanda que será crescente da sociedade, fidelizando seus alunos e abrindo-se a interessados oriundos de outras instituições do sistema. Em terceiro lugar, o desenvolvimento da educação à distância. A junção das potencialidades tecnológicas com os diferenciais regionais do Brasil, indicam um papel relevante à EAD na dinamização da informação e do conhecimento. O uso exclusivo ou supletivo desta modalidade de ensino nos diferentes cursos / atividades será uma opção da UGF. Em quarto lugar, a produção do conhecimento. A Universidade Gama Filho, como instituição não apenas de ensino superior, mas universitária, entende de seu dever produzir conhecimento em suas diferentes acepções. Assim, embora seu lócus privilegiado seja os Programas de Pós – Graduação, estenderá os projetos de iniciação científica e o apoio às linhas de pesquisas a campos / setores em que haja potencial, mesmo sem a existência de Programas Stricto Sensu, bem como a atividades culturais e educacionais que envolvam efetiva produção de conhecimento em outros campos que não o científico. Por último, mas não menos importante, a realização de atividades de extensão. O desenvolvimento das atividades existentes e a criação de novas terão como parâmetros a significação social dos empreendimentos, a parceria com empresas públicas e privadas e a colaboração com organizações não governamentais, em especial entidades educacionais, culturais e de proteção ao meio ambiente. A eventual expansão das atividades da Universidade, nas áreas de ensino, pesquisa e extensão, sempre que se der, deverá ocorrer tendo como parâmetros sua missão e valores, a legislação vigente e as efetivas demandas sociais, de modo a fazer-se equilibrado e consentâneo ao desenvolvimento harmônico da Instituição. Entende-se, enfim, como meio para a superação desses desafios – tornados ao mesmo tempo objetivos institucionais – a racionalização nos empreendimentos implementados, o comportamento ético nas atitudes interna corporis e externas de seus membros (gestores, docentes, funcionários, discentes), a consideração sistemática das variáveis estratégicas e a saúde financeira da instituição. A viabilidade desta somente ocorrerá mediante uma estabilidade econômico-financeira que passe por três condicionantes: o auto-financiamento, a partir da contribuição dos alunos; as contrapartidas em capital, equipamentos e recursos humanos obtidos por meio de parcerias com empresas privadas e públicas; e a habilitação, com projetos de qualidade, nos programas de fomento nacionais, estrangeiros e internacionais. Glossário (segundo o dicionário Michaelis): Plenificar: 1 Tornar pleno, preencher. Conjuntura: 1 Coincidência ou concorrência de fatos ou circunstâncias. 2 Acontecimento, ato, ocasião. 3 Dificuldade, situação embaraçosa. 4 Ensejo, oportunidade. Consentâneo: 1. Adequado, apropriado, conforme, congruente, de acordo. Fomento: 1 Ação de fomentar. 2 Proteção, auxílio. 3 Incitação, estímulo.
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