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Apostila-Da-Africa-Em-Portugues-Tudo-Sobre-Orisa-Osun pdf · versão 1

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O s u n
IBÀ ÒSUN! ÒSUN SIGINSI EMI L’OMO ÌJÈSÀ.
ÒSUN Ó JÍRE E O! 
SAUDAÇÕES ÒSUN! ÒSUN SIGINSI SOU CIDADÃO DE ÌJÈSÀ.
ÒSUN, BOM DIA PARA VC!
OXUN TERIA NASCIDO DE UMA CONCHA DEPOSITADA POR SUA MÃE 
YEMANJÁ, NAS MARGENS DE UM GRANDE RIO AO QUAL EMPRESTA O SEU 
NOME, RIO OXUN, EM YORUBÁ "ODÔ OXUN". É NOS LOCAIS MAIS 
PROFUNDOS DESTE RIO, ENTRE AS LOCALIDADES DE IGUEDÉ ONDE 
NASCE E LEKÉ, ONDE DESEMBOCA NUMA LAGOA, QUE OXUN É 
ORIGINALMENTE CULTUADA, TENDO O SEU TEMPLO PRINCIPAL 
EDIFICADO NESTA REGIÃO, NA ALDEIA DE OXOGBO, PALAVRA DO DIALETO 
YORUBÁ QUE SIGNIFICA: "OXUN ATINGIU A MATURIDADE". NO PERCURSO 
DO RIO, QUE CORRESPONDE À TRAJETÓRIA DO PRÓPRIO ORIXÁ, OXUN 
ASSUME DIFERENTES CARACTERÍSTICAS, TODAS LIGADAS À MANEIRA DE 
SER DAS MULHERES, DE SEU CARÁTER E ATITUDES, DE SUAS 
QUALIDADES E DEFEITOS. ASSIM, O AFRICANO SE REFERE À DIFERENTES 
"CAMINHOS" DESTE ORIXÁ, QUE SERÃO DESCRITOS DE FORMA 
PARTICULAR, SEMPRE COMPARADOS A SITUAÇÕES ESPECÍFICAS DO 
PROCEDIMENTO FEMININO. TEMOS ENTÃO:
OXUN KAYODE, REPRESENTADA PELA DANÇA DE OXUN, REPLETA DE 
MOVIMENTOS QUE DENOTAM A SENSUALIDADE REVELADA NA MANEIRA 
DE ANDAR, DE SE MOVIMENTAR E DE PROCEDER DAS MULHERES.
YEYE KARE REPRESENTA O CULTO À BELEZA E À VAIDADE FEMININA, É 
DESCRITA COMO "O ESPÍRITO QUE SE REFLETE NO ESPELHO", MOTIVO 
PELO QUAL OXUN ESTÁ PERMANENTEMENTE SE ADMIRANDO NA 
SUPERFÍCIE DE UM ESPELHO, DO QUAL NÃO SE SEPARA NUNCA. O GOSTO 
PELA RIQUEZA, PELA OPULÊNCIA E PELO USO DE JÓIAS E ADORNOS SE 
REVELA NO CAMINHO DE OXUN BUMI, ONDE A YAGBÁ COBRE-SE DE 
PULSEIRAS, BRINCOS E COLARES DE OURO, METAL QUE LHE PERTENCE 
POR DIREITO E AO QUAL ESTÁ LIGADA DE TODAS AS FORMAS. 
OXUN SEKESE REPRESENTA A APARENTE FRAGILIDADE FEMININA, 
ARTIFÍCIO USADO PARA OBTER A PROTEÇÃO DOS REPRESENTANTES DO 
SEXO MASCULINO.
OXUN IBUKOLA É A SEDUTORA IRRESISTÍVEL E REPRESENTA O PODER DE 
SEDUÇÃO FEMININO.
O ESPÍRITO MATERNAL É REPRESENTADO POR TRÊS DIFERENTES 
CAMINHOS ONDE OXUN FUMIKE PROPORCIONA A POSSIBILIDADE DE 
GERAR FILHOS, OXUN OXOGBÔ ASSISTE A MULHER NA HORA DO PARTO, 
DESEMPENHANDO AÍ, A FUNÇÃO DE PARTEIRA E OXUN FUNKE É A 
MESTRA, REPRESENTANDO A MÃE QUE ORIENTA E ENSINA AOS FILHOS AS 
PRIMEIRAS PALAVRAS E PASSOS NO SEU PRIMEIRO CONTATO COM O 
MUNDO E COM A PRÓPRIA VIDA. 
OXUN MIWA, O ESPIRITO DAS ÁGUAS DOCES, ESTÁ, DE CERTA FORMA, 
LIGADA AO PROCESSO DE GESTAÇÃO E DIZEM QUE ASSISTE E PROTEGE 
O FETO DURANTE TODO O PERÍODO DE GRAVIDEZ, SENDO A DONA DO 
LÍQUIDO AMINIÓTICO. 
A INCONSTÂNCIA DO CARÁTER FEMININO É REPRESENTADA POR 
OXUN AKURA IBÚ, QUE SE FAZ PRESENTE NOS LOCAIS DE ENCONTRO 
DAS ÁGUAS DO RIO COM AS DO MAR. A MULHER GUERREIRA, 
BATALHADORA E BELICOSA É REPRESENTADA POR QUATRO CAMINHOS 
DE OXUN, NOS QUAIS PORTA SEMPRE UMA ESPADA. NESTES CAMINHOS A 
ORIXÁ É CONHECIDA COMO: 
OXUN APARÁ, OXUN OKE, OXUN IPONDÁ E YEYE IBERIN, 
TODAS CONSIDERADAS COMO GUERREIRAS PODEROSAS. A MULHER 
MADURA, CONSCIENTE DE SUA GRAÇA E ELEGÂNCIA, REVESTIDA DE 
RESPEITO E CLASSE. São REPRESENTADAS POR OXUN EDE.
A PARTIR DAÍ, OXUN ASSUME CARACTERÍSTICAS RELACIONADAS À 
MULHER ENVELHECIDA, CHEIA DE MANIAS E PRECONCEITOS, RANZINZA E 
IMPLICANTE E É ENTÃO REPRESENTADA POR OXUN OGÁ. NO ÚLTIMO 
CAMINHO, VAMOS ENCONTRAR OXUN ABOTÔ, CONSIDERADA VELHA E 
DECRÉPITA E ENVOLVIDA EM AÇÕES MISTERIOSAS E OBSCURAS 
RELACIONADAS, TALVEZ, À PRÁTICA DA FEITIÇARIA. OXUN, ENTÃO, 
ASSUME E REVELA TODO O PODER FEITICEIRO DA MULHER. DESPROVIDA 
AGORA DE ESCRÚPULOS E DO SENTIMENTO DE PIEDADE, CONTESTA A 
PSEUDO-SUPERIORIDADE DO MACHO E CRIA UMA SOCIEDADE SECRETA 
ESTRITAMENTE MATRIARCAL DENOMINADA SOCIEDADE GUELEDÉ, ONDE 
A FACE MALIGNA É ENCOBERTA POR MÁSCARAS MUITÍSSIMO 
ELABORADAS.
É OXUN AWE QUEM SE ENCARREGA DE ORGANIZAR ESTA SOCIEDADE 
ONDE O HOMEM NÃO TEM VEZ, DEVENDO, TÃO SOMENTE, SUBMETER-SE 
DE BOM GRADO ÀS EXIGÊNCIAS DE SUAS LÍDERES. 
OXUN, REUNINDO EM SI MESMA TODAS AS DIFERENTES MANIFESTAÇÕES 
ANTERIORMENTE DESCRITAS, ASSUME PARA SI O ABSURDO PODER DE 
YÁMI AJÉ - A MÃE FEITICEIRA – E, INVESTIDA DESTE PODER, CONTROLA A 
VIDA E A MORTE, PUNINDO OU PREMIANDO INDISCRIMINADAMENTE, SEM 
SENSO DE JUSTIÇA E SEM JULGAMENTO. AÍ, É REPRESENTADA PELA 
GRANDE CABAÇA IGBADU, SÍMBOLO DO VENTRE GERADOR, ENCIMADA 
PELO PÁSSARO OXORONGÁ, REPRESENTAÇÃO DO PODER FEITICEIRO 
ILIMITADO QUE PODE ENVIAR AONDE BEM ENTENDER DE ACORDO COM 
SUA CONVENIÊNCIA. SURPREENDENTEMENTE, DETERMINA QUE ESTA 
CABAÇA JAMAIS SEJA VISTA OU CULTUADA POR MULHERES. 
OXUN NO BRASIL
Estabelecido em definitivo o culto no Brasil, outras manifestações de Oxun podem 
ser verificadas nos tradicionais terreiros ou roças de candomblé. 
ENQUANTO NA ÁFRICA, AS DIFERENTES MANIFESTAÇÕES SÃO 
CONSIDERADAS COMO CAMINHOS PERCORRIDOS POR OXUN COMO UMA 
ÚNICA ENTIDADE, NO BRASIL CONSIDERA-SE CADA "QUALIDADE" COMO 
SENDO UM ORIXÁ DIFERENTE E ASSIM, OXUN DEIXA DE SER UMA SÓ E 
DIFERENTES OXUNS, COMPONENTES DE UMA GRANDE FAMÍLIA SERÃO 
CULTUADAS DE ACORDO COM CADA DIFERENTE QUALIDADE. DESTA 
FORMA,:
OXUN IJUMÚ, CONSIDERADA A RAINHA DE TODAS AS OXUNS ESTÁ LIGADA 
AO ASPECTO DE YAMÍ AJÉ, OSTENTANDO, POR ISTO, O TÍTULO DE 
YALODE.
Oxun Ayalá teria sido mulher de Ogun com quem trabalhava na forja, acionando o 
fole para atiçar as brasas. Conta a lenda que o fole acionado por Oxun Ayalá 
produzia um som ritmado e muito agradável. Atraído por este som, Egun pôs-se a 
dançar diante da ferramentaria, atraindo um grande número de assistentes que 
por ali passavam. Encantados com o bailado de Egun os passantes lhe fizeram 
muitas oferendas de dinheiro, o que o deixou feliz e vaidoso. Ao saber que Egun 
estava ganhando dinheiro com sua apresentação, Oxun exigiu que metade da 
renda obtida fosse dividida com ela, caso contrário, não acionaria mais o fole que 
produzia o ritmo sem o qual Egun não poderia mais dançar. Sem alternativas, 
Egun teve que aceitar a exigência da Yagbá passando, a partir de então, a dividir 
com ela tudo o que ganhava em suas apresentações. Esta Oxun além de sua 
ligação com Ogun Alagbede tem sérios fundamentos com Egun.
OXUN ABALÚ, TAMBÉM CONHECIDA COMO OXUN ABOTÔ É CONSIDERADA 
COMO SENDO A MAIS VELHA DE TODAS. É MUITO CIUMENTA E ADORA 
RECEBER HORTÊNSIAS COMO OFERENDA. SUA LIGAÇÃO COM OMOLÚ O 
ORIXÁ DA PESTE, TIDO COMO O MÉDICO DOS POBRES, É NOTÁVEL E 
SEGUNDO DIZEM, ACOMPANHA ESTE ORIXÁ EM SUAS ANDANÇAS PELOS 
QUATRO CANTOS DO MUNDO. 
Oxun Ipetú é a guardiã dos segredos insondáveis. Sobre esta Oxun pouco se 
sabe e nada se fala. A simples pronúncia de seu nome é revestida de muito 
respeito e considerada quase como um tabu. 
Oxun Popolokun, também revestida de uma enorme aura de mistério, é cultuada 
em lagoas de águas profundas, onde estabelece a sua residência. Conta a lenda 
que esta Oxun costuma aprisionar em seu reino aqueles que se aventuram a 
mergulhar em suas águas.
Oxun Apará é a poderosa guerreira que acompanha Ogun em suas campanhas, 
porta um sabre que manipula com força e destreza. Esta Oxun tem fundamento 
com Yemanjá, de quem é filha e com quem costuma comer. Da mesma forma que 
Apará, Oxun Ipondá é guerreira e dona de 
caráter irascível. Esta Oxun costuma formar, junto com Oyá, uma dupla de 
combatentes invencíveis. 
Existe assim uma Oxun denominada Yeye Oloko , que habita nos mananciais 
d’água existentes no interior das florestas mantendo ligações fundamentais com 
Oxóssi e Ossain. Como vimos, Oxun representa a feminilidade em todos os seus 
diferentes aspectos. Seu charme e inteligência proporcionaram-lhe a possibilidade 
de ter sido, por escolha própria, esposa de inúmeros Orixás, com exceção de 
Obatalá, de quem seria a filha dileta e de Exu, com quem sempre manteve uma 
relação de amizade fraternal e cumplicidade. Como esposa de Orunmilá - Senhore Patrono do Oráculo de Ifá – Oxun recebe o título de primeira Apetebí, dado até 
hoje às sacerdotisas do culto de Orunmilá e às esposas de seus sacerdotes, os 
babalaôs. Uma lenda narra de que forma Oxun, com o auxílio de Exu, roubou o 
segredo dos 16 signos do Sistema Oracular de Ifá, os 16 Odu-Meji, criando com 
isto um novo sistema divinatório, o jogo de búzios, proporcionando condições 
para que as mulheres pudessem proceder à adivinhação, o que anteriormente era 
exclusividade dos homens. Dentre as figuras do oráculo, destacamos o Odu Oxe 
Meji, através do qual Oxun se comunica com os seres humanos. 
Uma outra lenda, ressaltando a astúcia de Oxun, narra que Xangô o poderoso 
Orixá do trovão possuía três esposas, Oyá, Obá e Oxun, sendo que a última era a 
sua favorita. Ansiosa por receber maiores atenções do marido, Obá pediu que 
Oxun lhe ensinasse o feitiço que havia feito para conquistar o coração de Xangô. 
Ardilosa e maldosamente a bela senhora orientou a concorrente para que cortasse 
uma de suas orelhas e que a servisse depois de cozida, como alimento ao marido. 
Obá, acreditando na sinceridade de Oxun, não hesitou em decepar a própria 
orelha e com ela preparar um belo prato, de acordo com o gosto de Xangô. Ao 
deparar-se com o alimento que a mulher lhe servia, Xangô, indignado, expulsou 
Obá do palácio real, terminado assim, com qualquer possibilidade de um dia vir a 
ser a sua favorita. A partir de então, Obá e Oxun tornaram-se inimigas 
irreconciliáveis, Em outra ocasião, Oxun apaixona-se por Oxóssi que vinha 
diariamente banhar-se nas águas do rio, no local exato em que ela morava. De 
todas as formas, tentava atrair o caçador para dentro do rio onde pretendia 
entregar-se a ele. Oxóssi, que não sabia nadar, embora atraído pela beleza de 
Oxun, não ousava arriscar-se na correnteza e, desta forma, o ato de amor não se 
consumava. Enlouquecida pela paixão, Oxun arquitetou um plano e fez com que 
Oxóssi comesse uma iguaria preparada à base de mel de abelhas. Exu foi 
encarregado de entregar à Oxóssi o doce feito por Oxun e, desta forma, após 
comer a deliciosa torta, Oxóssi, enfeitiçado, perdeu o sentido de perigo e, 
atirando-se às águas, deixou-se levar pelos encantos da bela senhora. Satisfeita 
em seu desejo, Oxun simplesmente abandonou o amante ao sabor da corrente e 
Oxóssi, sem saber nadar, sucumbiu, tragado que foi pelas águas do rio. Desta 
união, nasceu Logunedé, Orixá menino, que possui características do pai, atuando 
como caçador e vivendo dentro das matas durante um certo período e, noutro 
período, assumindo as características de sua mãe, vive da pesca e reside nas 
águas do rio. O culto à Oxun se destaca por características próprias e é na 
cadência do ritmo ijexá que ela se apresenta, espargindo o perfume da água-de-
cheiro, dançando de forma sensual e maliciosa, envolvendo a todos na magia do 
bailado onde exalta todos os seus aspectos de deusa-mulher e contagiando de tal 
forma os presentes que, repentinamente, todos agitam os próprios corpos ao som 
irresistível dos atabaques, gans, agogôs e afoxés, como crianças embaladas pela 
magia dos cânticos da Grande Mãe. Esta é Oxun, a Deusa do Amor, a Senhora do 
Ouro e do Mel, a Rainha das Águas Doces, dos Rios e das Cachoeiras. Esta é 
Oxun, a Vênus Negra, nossa Mãe Transcendental, a quem saudamos efusiva e 
respeitosamente:
Ore Yeye ô!
Entre os povos do Caribe, por influência dos escravos negros, o culto aos Orixás 
se expandiu e, em Cuba, é conhecido como "Santeria". Muitas são as lendas 
conhecidas naquele país que descrevem a trajetória dos Orixás tentando, sempre 
de forma alegórica, explicar sua relação com a natureza e com os seres humanos. 
Oxun, uma das mais importantes personagens do panteão afro-cubano, está 
ligada a diversos aspectos da natureza como as águas doces, as cachoeiras, o 
ouro, o mel e a reprodução das espécies. Representa a luta pela vida e pela 
sobrevivência. Deusa do amor e senhora dos cursos d'água, sua primeira 
manifestação teria ocorrido, segundo uma lenda, numa concha na beira de um rio. 
Segundo os povos do Caribe, Oxun é filha de Nanan e de Obatalá e gerou 
filhos ao acasalar-se com Obatalá, Orunmilá e Oxóssi. Com Orunmilá, gerou 
Poroyé, do sexo feminino. Com Odé gerou Logun Edé, Orixá masculino, mas, 
devido à sua delicadeza e infantilidade, visto como andrógino e, com Obatalá, 
gerou Olosá ou Oloxá, entidade feminina que vive tanto nas águas dos rios 
quanto nas águas do oceano. Sua relação sexual com Obatalá, seu pai, 
considerada como quebra de um tabu rigoroso, é o segredo contido nos itans de 
Ifá que se referem à uma relação incestuosa entre os Odus Ofun Meji e Oxe Meji, 
depois da qual Ofun, que sendo o mais velho dentre os dezesseis Odus de Ifá, 
cede sua primogenitura à Ejiogbe, passando, a partir de então, a ocupar o último 
lugar entre os Agba Odu ou Odu Meji. Oxun exercia entre os Orixás, o cargo de 
cozinheira e, exigindo deles uma possibilidade de participar de funções mais 
importantes, lançou sobre toda a criação uma maldição que impedia a 
continuidade da vida sobre a Terra. Para que tal praga fosse retirada exigiu uma 
posição de destaque entre os principais Orixás, obtendo, desta forma, o respeito e 
a submissão de Obatalá a quem provara representar o poder gerador feminino. 
Teria vivido com Ajagunan, Orixá Funfun de caráter belicoso, tendo abandonado 
sua companhia em decorrência da grande quantidade de igbíns que este Orixá 
comia e que sendo a representação viva do elemento água, é uma de suas 
maiores interdições. Uma das principais atribuições deste Orixá é cuidar do 
desenvolvimento dos seres humanos a partir da fecundação, função esta que 
exerce com muita dedicação, acompanhando o desenvolvimento do embrião, 
passando pelo período fetal e só entregando aos cuidados do seu próprio Orixá a 
criança que já possa reclamar a atenção de seus pais demonstrando de alguma 
forma, sua necessidades pessoais. 
Além de Obatalá, Orunmilá, Oxóssi e Ajagunan, Oxun teria sido mulher de Ossain, 
Xakpanan, Xangô, Aganjú, Orixaoko e Inlé. Segundo afirmam, seu grande amor 
teria sido Oxóssi e sua união mais conveniente teria sido com Orunmilá, com 
quem adquiriu coroa e saber. Dentre os Orixás femininos, Oxun é a única que 
pode ouvir a palavra de Ifá, o "Orô Orunmilá". Oxun é dona do mel e da doçura, 
possui um belo sorriso que muitas vezes utiliza para augurar um desastre que, 
propositadamente, provoca na vida de alguém através do seu poder de Iyamí Ajé, 
o mesmo poder utilizado para obter a importante posição que hoje ocupa, 
reconhecida até por Obatalá, o pai da criação. Oxun é amor, ternura, paixão, 
desejo e sexualidade, da mesma forma que é dor, pranto, ódio, vingança e 
castigo.
É a personificação do amor maternal e senhora do poder genitor feminino 
representado pelo sangue menstrual que é simbolizado pelas penas vermelhas 
"ekodidé". Estas mesmas atribuições lhe conferem o poder de Iyamí Ajé, Senhora 
do Pássaro Oxorongá, símbolo do poder feiticeiro inerente à natureza feminina. 
Muitos Odus de Ifá possuem itans que falam especificamente sobre Oxun, 
destacando-se entre eles:
Em Ikadi, Oxun é desonrada por seu próprio pai.
Em Oxeturá obtém o reconhecimento de seus poderes de Ajé e é declarada chefe 
das mães ancestrais. 
Em Irosunká é nomeada como a primeira Apetebí ao casar-se com Orunmilá. No 
mesmo Odu Oxun salva o mundo da destruição total. 
Em Ofunkanran salva Omolú da morte. 
Em Ejiogbe livra Oyá das garras dos inimigos.
Em Oxerosun, protege e salva o amor de Yemanjá e Ogun.
Assim é Oxun, doce veneno. Oxun, a fêmea ideal, o protótipo da mulher, perfeita 
em suas próprias imperfeições. Mãe dos homens, senhora, companheira, 
adversária e maior amiga. Mas Oxun representaprincipalmente e em toda a sua 
complexidade, a mulher, a maior, mais perfeita e completa criação de Deus, a obra 
prima da natureza. 
QUALIDADES DE OXUN SEGUNDO A SANTERIA DE CUBA. 
1 - IBU KOLE
Esta Oxun nasce no Odu Ogbetura e come galinha d’angola. É aquela que cuida 
da casa e recolhe o lixo produzido dentro dela. Seu fio de contas é amarelo ouro 
intercalado com âmbar e corais. 
2 - OXUN OLOLODI 
Trata-se de uma Oxun guerreira que porta uma espada. Seu adê é adornado com 
búzios. Carrega um erukeré com o cabo adornado com contas de Orunmilá. 
Dentro de sua sopeira coloca-se areia do mar e do rio misturadas. Entre os ararás 
é conhecida como Atiti.
3 - OXUN OPARA ou APARÁ. (Em Cuba: Ibu Akparo) Esta qualidade de Oxun 
nasce no Odu Owónrin Meji. Seu nome secreto é Iganidan. É aquela que reina 
sem coroa. É representada pela codorna. Vive na desembocadura do rio com o 
mar e, segundo dizem, é surda. Come codornas e, com Yemanjá, come duas 
galinhas cinzentas. 
4 - OXUN IBÚ ANAN.
Esta Oxun é tocadora de tambor e nasce em Oturukponyekú. Seu orikí diz: 
Aquela que ao ouvir o tambor corre em sua direção.
5 - IBU INANI.
Aquela que é famosa nas disputas. Seu igbá fica sobre areia de rio. Leva um 
abebé de metal com dois guizos. Os ararás a chamam de "Tukusi" ou "Tobosi".
6 - OXUN IJIMU OU YUMU.
Aquela que faz inchar a barriga sem que haja gravidez. Esta Oxun é belíssima e 
nasce no Odu Ika Meji. Os ararás a chamam de "Tukusi" ou de "Tobosi".
7 - OXUN IBU ODONKI.
Esta Oxun vive em cima de um pilão. Ao lado de seu igbá coloca-se um cesto com 
material de costura. Seu orikí diz: O rio está crescendo e suas águas estão cheias 
de lixo. Entre os Ararás é conhecida como "Tokago".
8 - OXUN IBÚ ODOÍ.
Esta Oxun come inhame e, junto dela deve-se manter sempre, um inhame cru. É 
estreitamente ligada com as Iyamí e possui o dom da feitiçaria. Entre os ararás é 
conhecida como "Fosupô".
9 - OXUN IBU OGALE.
Esta Oxun vive rodeada de telhas de barro É uma Oxun velha e guerreira, 
considerada a guardiã das chaves. Os ararás a chamam de "Oakerê". 
10 - OXUN IYEPONDÁ.A LENDA CONTA QUE FOI ESTA OXUN QUEM LIBEROU 
XANGÔ DO CATIVEIRO. SEGUNDO OUTRA LENDA, ESTA OXUN FOI MORTA E 
ATIRADA ÀS ÁGUAS DE UM RIO, ONDE LOGROU RESSUSCITAR. É 
GUERREIRA E BRIGONA. ENTRE OS ARARÁS É CONHECIDA PELO NOME DE 
"AGOKUSI". 
11 - OXUN IBU ADESÁ. 
Esta Oxun é a dona do pavão real, animal que lhe é sacrificado. Seu nome 
significa: "A Coroa é Segura". Entre os ararás é conhecida como "Abotô".
12 - OXUN AYEDÊ OU EYEDE.
Seu nome significa: "Aquela que age como uma rainha". Os ararás a chamam de 
Iyaáde. 
13 - OXUN OKPAXE ODO.
"Aquela que ressurgiu do rio depois de morta". É conhecida, entre os ararás, como 
"Totokusi".
14 - OXUN IBUMI.
Esta Oxun é representada pelo camarão de água doce que, por sua vez, é seu 
prato preferido. Não tem paradeiro, é caminhante e fujona. Entre os ararás é 
conhecida pelo mesmo nome.
15 - OXUN IBU LATIE.Esta Oxun vive no meio do rio. Só come em cabaças e seu 
igbá leva 15 flechas e cinco idés dourados. Não possui coroa e quando é vestida 
enrola-se sua cabeça num ojá amarelo com um filá de búzios pequeninos. Seu 
nome indica que possui poderes ilimitados e que tem fundamento com Exú 
Elegbara. Os ararás a chamam de Kotunga.
16 - OXUN ELEKÉ OIYN.
Esta é uma Oxun guerreira e aguerrida. Seu igbá tem que estar sempre besuntado 
de mel de abelhas da mesma forma que, segundo a lenda, massageava seu 
próprio corpo com este material. É muito forte e carrega nas mãos um bastão com 
a ponta em forma de forquilha.
17 - OXUN ITUMU.Esta é uma Oxun guerreira e que adora confusões. Veste-se 
de branco e usa calças compridas como os homens. Dizem ser uma temível 
amazona que nas águas combate montada num crocodilo e na terra, no lombo de 
um avestruz. Habita as lagoas de águas doces e pode ser encontrada sempre na 
companhia de Inlé e de Azawani. Os ararás a cultuam com o nome de Hueyagbe.
18 - OXUN TINIBÚ.Esta Oxun vive com Igbadu e nasce no Odu Ireteyero. É a 
matriarca da Sociedade das Iyalodes. Come cabra, cuja cabeça, depois de seca, 
é colocada sobre seu igbá. Conta a lenda que tem uma irmã chamada Miuá 
Ilekoxexe Ile Bomu, que é cultuada junto com ela. Esta outra Oxun não toma a 
cabeça de ninguém.
19 - OXUN AJAJURA. 
Esta Oxun vive em lagoas, não usa coroa e é muito guerreira. Em seu igbá coloca-
se um casco de tartaruga. 
20 - OXUN AREMU KONDIANO.
Teria sido a primeira a se manifestar numa cabeça humana. Veste-se inteiramente 
de branco e seu fio de contas é de nácar e coral com gomos de contas verdes e 
amarelas (de Orunmilá). Trata-se de uma Oxun muito misteriosa. Tem estreitas 
ligações com Obatalá, chegando, por vezes, a ser confundida com ele. Esta 
Oxun, segundo um itan do Odu Ogbekana, foi quem ajudou Orunmilá a 
esquartejar o elefante. Os ararás a chamam de Tefande.
23 - OXUN IBU ODOKO.Esta Oxun é muito poderosa e nasce em Ogbekana. É 
agricultora e acompanha Orixá oko.
24 - OXUN AWAYEMI.Esta Oxun nasce em Oyeku Meji. É inteiramente cega e 
vive na companhia de Azawani e Orunmilá.
25 - OXUN IBU ELEDAN.Esta Oxun nasce no Odu Oxe Leso (Oxe Irosun). É a 
dona das fossas nasais Come cabrito capado e pequeno.
26 - OXUN IDERE LEKUN.Nasce no Odu Oturasá. Vive nos buracos formados 
nas pedras pelas ondas do mar nos locais de encontro do rio com o mar. Leva um 
atabaque de cunha chamado "koto". Não usa coroa e esconde o rosto que é 
deformado, com uma máscara de bronze.
27 - OXUN IBU INARE. Vive sobre o dinheiro e, na praia, sobre o caramujo aje. 
Esta Oxun não gosta de dar dinheiro a ninguém.
28 - OXUN AGANDARÁ.Esta Oxun nasce no Odu Ikadi. Vive sentada numa 
cadeira de braços ou num trono. Seu igba deve estar sempre coberta com folhas 
secas de oxibatá e oju oro.
ÀDÚRÀ OSUN
1. - Osun mo pé ó o!
2. - N’ò pé o s’Ikú eni kankan
3. - Béni n’ó s’árùn eni kankan,
4. - Mo pé ó níní owo.
5. - Mo pé ó sí níní omo,
6. - Mo pé ó sí níní aláfià.
7. - Mo pé ó sí òró.
8. - Kí àwa má ríjà ami o,
9. - Odoodún ní a mi orógbó.
10. - Odoodún ní mí obi lóri àte o,
11. - Odoodún ni ki wón ma rí wá o!
12. - Bi a se, èyi ju bàyi lo, ni àmódún.
13. - Òsun só wá, ki o máà sí wàbálà lárín àwa omo ré.
14. - Kí ilé má jò wá.
15. - Kí òna má nà wa o.
16. - Pèsè às e fún wá o.
17. - Eni as e àmódi ara.
18. - Fun ní àláfià o.
19. - Okó oba, àdá oba, kí ó ma sá wa lèsè o.
20. - Kí àwa má rí Ogun idilé!
TRADUÇÃO:
1. - Oxun eu te chamo
2. - Não te chamo por causa da morte,
3. - Não te chamo por causa da doença de alguém.
4. - Eu te chamo para que tenhamos dinheiro.
5. - Eu te chamo para que tenhamos filhos.
6. - Eu te chamo para que tenhamos saúde.
7. - Eu te chamo para que tenhamos uma vida serena.
8. - Para que não sejamos vitimados pela ira das águas.
9. - Dizem que anualmente há orobôs na feira.
10. - Dizem que anualmente há obís novos na feira.
11. - Que as pessoas nos vejam todo o ano.
12. - Do mesmo modo que fizemos tua festa, que possamos fazer outra 
melhor, no próximo ano.
13. - Oxun, nos proteja, para que não haja problemas entre nós, teus 
filhos.
14. - Para que haja paz em nosso lar.
15. - Que nossos objetivos não se voltem contra nós.
16. - Dá-nos axé!
17. - À quem estiver doente,
18. - Dá saúde!
19. - Que as leis dos homens não sejam infringidas por nós.
20. - Que não haja problemas em nossa família!
ORIKI OSUN (Usado na Santeria de Cuba)
Yeyé wáile unsebó umbó omiô. Alade olugbá ibú laiye Agbá mofé kiwo.
Yeyé mi na muwá omi tutu nitosi uwenderé ati amagbe kpelu ré arun asó kele 
ati sagbe kpefu ré arun, aso kpele mitosí di onire bogbo na burukú iwo ikó .
Olodumare obinrín okpa arô osátaní airô ati iwaju elo ojú ati rérin misin juló 
Legba ni bogbo na Osá aiyagbá ati olugba ni bogbo na wura ni laiya Iyamí, 
Asé.
TRADUÇÃO APROXIMADA:
Mãe, venha à minha casa fazer o ebó através das águas.
Rainha e Senhora de todos os rios, nós, teus filhos, suplicamosque tu, nossa 
mãe, traga-nos a água que limpa e refresca nossos corpos, e que nos seques 
depois com teus cinco panos para livrar-nos de todos os males.
Oh, Mãe! Mensageira de Olodumare, Santa Iyagbá, dona dos cabelos, rosto, olhos 
e boca mais formosos do mundo, aquela que é dona do ouro, minha Mãe! Axé!
ÀDÚRÀ OSUN
21. - Osun mo pé ó o!
22. - N’ò pé o s’Ikú eni kankan
23. - Béni n’ó s’árùn eni kankan,
24. - Mo pé ó níní owo.
25. - Mo pé ó sí níní omo,
26. - Mo pé ó sí níní aláfià.
27. - Mo pé ó sí òró.
28. - Kí àwa má ríjà ami o,
29. - Odoodún ní a mi orógbó.
30. - Odoodún ní mí obi lóri àte o,
31. - Odoodún ni ki wón ma rí wá o!
32. - Bi a se, èyi ju bàyi lo, ni àmódún.
33. - Òsun só wá, ki o máà sí wàbálà lárín àwa omo ré.
34. - Kí ilé má jò wá.
35. - Kí òna má nà wa o.
36. - Pèsè às e fún wá o.
37. - Eni as e àmódi ara.
38. - Fun ní àláfià o.
39. - Okó oba, àdá oba, kí ó ma sá wa lèsè o.
40. - Kí àwa má rí Ogun idilé!
TRADUÇÃO:
21. - Oxun eu te chamo
22. - Não te chamo por causa da morte,
23. - Não te chamo por causa da doença de alguém.
24. - Eu te chamo para que tenhamos dinheiro.
25. - Eu te chamo para que tenhamos filhos.
26. - Eu te chamo para que tenhamos saúde.
27. - Eu te chamo para que tenhamos uma vida serena.
28. - Para que não sejamos vitimados pela ira das águas.
29. - Dizem que anualmente há orobôs na feira.
30. - Dizem que anualmente há obís novos na feira.
31. - Que as pessoas nos vejam todo o ano.
32. - Do mesmo modo que fizemos tua festa, que possamos fazer outra melhor, 
no próximo ano.
33. - Oxun, nos proteja, para que não haja problemas entre nós, teus filhos.
34. - Para que haja paz em nosso lar.
35. - Que nossos objetivos não se voltem contra nós.
36. - Dá-nos axé!
37. - À quem estiver doente,
38. - Dá saúde!
39. - Que as leis dos homens não sejam infringidas por nós.
40. - Que não haja problemas em nossa família!
CENTRO DE ESTUDOS DA CULTURA AFRO AMERICANA
CECAA
ÒSÚN É ÒRÌSÀ ODÒ (DOS RIOS), É A SENHORA DAS ÁGUAS DA VIDA 
OLÓÒMI AYÈ, MÃE DAS ÁGUAS FRIAS E PROFUNDAS (ÌYÁ OMINÍBÚ); FOI 
TAMBÉM UMA DAS ESPOSAS DE SÀNGÓ, JUNTAMENTE COM OBÀ E OYÁ. 
ELA É MÃE CUIDADOSA (YÉYÉ KARE); ÒRÌSÀ DA MATERNIDADE, AQUELA 
QUE PROPICIA A GESTAÇÃO DE FILHOS. É ÒRÌSÀ QUE TEM GRANDE 
PODER DE FEITIÇO, POR SER A OLÓRÍ ÌYÁMI ELÉYE, ISTO É, AQUELA QUE 
TEM O PODER E É A LÍDER DAS ÌYÁMI ÀJÉ, SENDO ÌYÁMI ÒSÒRÒNGÀ, 
AQUELA QUE MAIS LIGAÇÃO TEM COM ÒSÚN. É SABIDO QUE QUANDO 
ÒSÚN FICA ZANGADA ELA PODE USAR OS PODERES DE ÌYÁMI ÀJÉ, PARA 
CAUSAR PROBLEMAS A ALGUÉM QUE A TENHA OFENDIDO. 
Na lenda que fala dos primórdios do ayé, quando os òrìsà vieram se assentar aqui 
na terra, conta que vieram também os dezesseis Odù àgbà (os dezesseis odù 
principais). Eles vieram para ensinar aos aráayé (os habitantes da terra) como 
cuidar dela, e quando estes tivessem condições de cuidar da terra sozinhos, eles, 
os Odù àgbà, voltariam para o òrun (céu). 
Eles convidaram Òsún para auxiliá-los na tarefa e ela aceitou. Mas, quando eles 
iam deliberar sobre alguma coisa importante, nunca chamavam Òsún. Quando 
eles iam participar de algo de alta responsabilidade, também não chamavam 
Òsún. Òsún era somente para lavar suas roupas, fazer suas comidas, cuidar da 
casa e não participava de nada com eles. Até que um dia ela se fartou disso. E foi 
aí que ela lançou mão dos poderes de Ìyámi Àjé, de quem ela é a Chefe. Então, 
quando eles deliberavam sobre a doença de uma pessoa e diziam que esta 
pessoa não sobreviveria, Òsún colocava seu àse, e fazia com que acontecesse o 
contrário: aquela pessoa sobrevivia. Quando eles diziam que alguém sobreviveria, 
Ela fazia com que aquela pessoa não sobrevivesse, ela morria. Se eles diziam que 
alguém teria muitos filhos, 
Ela fazia com que aquela pessoa não tivesse nenhum filho. Se eles diziam que 
alguém jamais teria filhos, Ela fazia com que aquela pessoa tivesse muitos filhos. 
Então, as coisas começaram todas a dar errado no ayé, por mais que eles 
fizessem para que houvesse prosperidade e fartura no ayé, só havia decadência, 
fome, seca, e Eles não conseguiam mais acertar suas previsões e não tinham a 
idéia do que causava aquilo. Então, eles intrigados foram à Òrúnmìlà, para que ele 
os orientasse sobre o que estava acontecendo.
 E Òrúnmìlà lhes disse que o motivo daquilo tudo, era a décima sétima pessoa do 
grupo quem estava causando isso colocando o àse das Ìyámi Àjé, por não ser 
chamada a participar das decisões, e que essa décima sétima pessoa era Òsún. E 
que eles deveria chamá-la para participar de tudo aquilo que fosse deliberado, 
para que as coisas voltassem ao normal. 
Eles voltaram para o ayé e foram pedir a Òsún que se juntasse a eles para que 
houvesse harmonia e prosperidade no ayé. Mas, ela era muito caprichosa e se 
recusava a juntar-se a eles, porque não fôra chamada antes e somente agora que 
estavam precisando dela é que a chamavam. Eles pediram, imploraram, 
ajoelharam-se aos seus pés, mas, ela manteve-se irredutível. Eles ficaram 
desesperados com a atitude de Òsún e já não sabiam mais o que fazer para 
dissuadi-la. E como Òsún estava grávida, resolveu então que ela não participaria 
com eles, mas, que quando o seu filho nascesse, este se juntaria a eles tomando 
o lugar de Òsún. 
Então, eles ficaram ansiosos pelo nascimento do filho de Òsún, que seria o 
décimo sétimo elemento dos Odù àgbà. E todos os dias, eles vinham pela manhã 
antes do raiar do sol, colocar suas mãos sobre o ventre de Òsún, para passarem 
àse ao seu filho. Conta esse ìtòn que Ela deu a luz à Èsù e que ele recebeu o 
nome de Òsétura (aquele que recebeu àse ainda no ventre da mãe) que tem àse 
de acalmar o corpo. 
Então, Èsù passou a integrar o grupo todas as vezes em eles se reuniam. Aí o 
número dos Odù àgbà passou a ser o dezessete, ou seja, dezesseis mais um; 
esse um é o significante de Èsù. E, é sabido que quando os bàbáláwo vão jogar, 
sempre colocam um kawri, que é preparado num ritual de Ifá, para Èsù, 
significando a presença dele como do décimo sétimo elemento. Esse kawri não 
pode ser visto ou tocado por outra pessoa além o Olúwo, e fica escondido no local 
do atendimento das pessoas, longe dos seus olhos. Então, Èsù ao tomar o lugar 
de Òsún junto aos dezesseis Odù àgbà, tornou-se o décimo sétimo elemento do 
jogo divinatório, de qualquer espécie ou instrumento. 
Òsun é considerada um òrìsà de grande poder de feitiço, pois, ela é detentora do 
poder dos òrìsà, das Ìyámi Eléye e do poder de Èsù, tornado-se por isso perigosa. 
ÒSÚN OMINÍBÚ: LONGE DE SER UMA “QUALIDADE”, É UM ORÍKÌ QUE DIZ 
QUE ELA É A PRÓPRIA ÁGUA PROFUNDA (OMI = ÁGUA + NÍ +ESTAR + IBÚ = 
PROFUNDEZAS). ÒSÚN ÌYÁ OMINÍBÚ: ÒSÚN, MÃE DAS ÁGUAS 
PROFUNDAS. 
Òsún Olóòmi Ayè: Diz que ela é a Senhora das águas da vida. É a padroeira de 
todo o tipo de água potável e fria, do líquido amniótico, que é a água da gestação 
da vida. 
Òsún Léwà: Òssún é linda, é bonita. 
ÒSÚN KARE: AQUELA QUE PODE NOS FAZER FELIZES OU CUIDAR DE NÓS: 
ORÍKÌ.
 
Òsún, Rora Yéyé: Òsún, Mãe cuidadosa. Saudação popular de Òsún.
ÒSÚN ÒPÀRA OU ÀPÀRÀ: É OPÀRÀ, COMO JÁ DITO, CUJO CULTO 
ASSEMELHAVA-SE AO DE ÒSÚN, MAS, QUE SE PERDEU NO TEMPO E 
TERMINOU VIRANDO QUALIDADE POR AQUI. SABE-SE POUCO SOBRE 
ÒPÀRÀ ALÉM DE SEMELHANÇAS COM ÒSÚN, ELA, AO INVÉS DE UM ABÈBÈ 
(LEQUE), ELA USA UMA ÀDÁ (ESPADA). E RECEBE EM OFERENDA, AO 
INVÉS DE CABRAS, DE ÒDÁ (BODES CASTRADOS). 
ÒSÚN YÈYÉPONDÁ OU YEPONDÁ: ÒSÚN, MÃE QUE É O VALE PARA ONDE 
CONVERGEM AS ÁGUAS DA CRIAÇÃO. ORÍKÌ. 
ÒSÚN ÀÀBÒTÓ: AQUELA QUE NOS DÁ BASTANTE COBERTURA, QUE NOS 
COBRE EM TODAS AS NOSSAS NECESSIDADES. É UM ORÍKÌ DE ÒSÚN. 
ÒSÚN ÌJIMU OU ÌJUMU: MUITO CONHECIDA COMO “QUALIDADE”, MAS, 
SEGUNDO A LENDA DE ÒSÚN, ÌJIMU É SUA CIDADE NATAL. ENTÃO A 
CIDADE DE ÌJIMU É SAGRADA PARA ÒSÚN. TAMBÉM, PODE SER ÒSÚN 
IJEMUN = Ì = AQUELA; JE = COMER + ÒMUN = LEITE DO SEIO = 
AMAMENTAR.Òsún Òsògbó: ÒSÒGBÓ É UMA CIDADE ONDE O CULTO DE ÒSÚN É MUITO 
FORTE, ONDE ÒSÚN REINA SOBERANA (Ó JOBA-JOBÀ). ACREDITA-SE QUE 
EM SE PEDINDO A ÒSÚN 
QUALQUER COISA EM NOME DE ÌJIMU OU ÒSÒGBÓ, ELA ATENDERÁ. SÃO 
INÚMEROS OS ORÍKÌ EM QUE LHE SÃO ATRIBUÍDAS “QUALIDADES”, COMO 
AINDA, POR EXEMPLO ÒSÚN ÌJÈSÀ. ÌJÈSÀ, É O HABITANTE DA CIDADE DE 
ILÉSÀ, CIDADE TAMBÉM YORÙBÁ, ONDE O CULTO A ÒSÚN É FORTÍSSIMO. 
POR TER RITMO E CADÊNCIA DIFERENTES, DIZ-SE AQUI QUE É “OUTRA 
NAÇÃO” DE ÒSÚN. É APENAS UMA OUTRA CIDADE QUE CULTUA ÒSÚN DE 
MANEIRA LIGEIRAMENTE DIFERENTE COM AS DIFERENÇAS REGIONAIS. 
DARIA PARA DIZER UM SEM NÚMERO DE “QUALIDADES”, MAS, PARA ÒSÚN, 
FICAREMOS POR AQUI. 
Oxum na mitologia afro-americana
Quem é o orixá do amor
Oxum é doçura sedutora. Todos querem obter seus favores, provar do seu mel, 
seu encanto e para tanto lhe agradam oferecendo perfumes e belos artefatos, tudo 
para satisfazer sua vaidade.
Na mitologia dos orixás ela se apresenta com características específicas, que a 
tornam bastante popular nos cultos de origem negra e também nas manifestações 
artísticas sobre essa religiosidade.
 O orixá da beleza usa toda sua astúcia e charme extraordinário para conquistar 
os prazeres da vida e realizar proezas diversas. Amante da fortuna, do esplendor 
e do poder, Oxum não mede esforços para alcançar seus objetivos, ainda que 
através de atos extremos contra quem está em seu caminho.
 Ela lança mão de seu dom sedutor para satisfazer a ambição de ser a mais rica e 
a mais reverenciada. 
Seu maior desejo, no entanto é ser amada, o que a faz correr grandes riscos, 
assumindo tarefas difíceis pelo bem da coletividade. Em suas aventuras, este 
orixá é tanto a brava guerreira, pronta para qualquer confronto, como a frágil e 
sensual ninfa amorosa. 
Determinação, malícia para ludibriar os inimigos, ternura para com seus queridos, 
Oxum é, sobretudo a deusa do amor. Também deusa da fertilidade, na Nigéria é 
dela o rio que leva o seu nome e no Brasil dela são as águas doces dos lagos 
fontes e rios. Água que mata a sede dos humanos e da terra, que assim se torna 
fecunda e fornece os alimentos essenciais à vida dos homens e mulheres tão 
amados pela mamãe Oxum. 
Este orixá encarna a identidade feminina, vivendo intensamente os papéis de filha, 
amante e mãe. De menina dengosa, passando pela mulher irresistível até a 
senhora protetora, Oxum é sempre dona de uma personalidade forte, que não 
aceita ser relegada a segundo plano, afirmando-se em todas circunstâncias da 
vida. Com seus atributos, ela dribla os obstáculos para satisfazer seus desejos. 
O orixá amante ataca as concorrentes, para que não roubem sua cena, pois ela 
deve ser a única capaz de centralizar as atenções. Na arte da sedução não pode 
haver ninguém superior a Oxum. 
No entanto ela se entrega por completo quando perdidamente apaixonada, afinal o 
romantismo é outra marca sua. 
Da África tribal à sociedade urbana brasileira, a musa que dança nos terreiros de 
espelho em punho para refletir sua beleza estonteante é tão amada quanto a 
divina mãe que concede a valiosa fertilidade e se doa por seus filhos. Por todos 
seus atributos a belíssima Oxum não poderia ser menos admirada e amada, não 
por acaso a cor dela é o reluzente amarelo ouro, pois como cantou Caetano 
Veloso, “gente é prá brilhar”, mas Oxum é o próprio brilho em orixá. Ora Ieiê Ô! 
As faces de Oxum
Oxum é esperada ansiosamente por sua mãe, que para engravidar leva ebó 
(oferenda) ao rio. E tal desespero não é o de Iemanjá ao ver sua filhinha sangrar 
logo após nascer. Para curá-la a mãe mobiliza Ogum, que recorre ao curandeiro 
Ossaim, afinal a primeira e tão querida filha de Iemanjá não podia morrer. 
Filha mimada, Oxum é guardada por Orunmilá, que a cria sozinho, mas com 
grande dedicação para o que e para quem há de melhor no mundo. Tal 
preciosismo faz Orunmilá ordenar o criado Exu a ficar de guarda no palácio para 
evitar a entrada do indesejado Xangô. Mas a paixão é mais forte e passa a perna 
no controle paterno. Xangô alcança o lindo corpo e o amor de Oxum, que de tão 
feliz recebe o consentimento de seu pai para se casar. Nascida para ser admirada 
e dona das coisas boas da vida, porque é tão bela e amada, 
Oxum não pode se submeter à rotina simples do dia a dia e muito menos a maus 
tratos. Ao sair de casa para casar com Xangô, ela espera somente prazer, nada de 
afazeres domésticos. Quando presa na torre por seu marido, zangado pelo seu 
desinteresse pelas tarefas da casa, ela é transformada em pombo, por Orunmilá, 
para voar livre, de volta à proteção dos braços paternos, para as jóias e os 
caprichos.
Enquanto mãe, Oxum é bastante zelosa. Para salvar da vergonha sua filha Omó, 
cujo sangue fora espirrado na roupa branca de Oxalá, ela é capaz de, num grande 
esforço, transformar espetacularmente as manchas de sangue em penas de 
ecodidé, o pássaro vermelho, tão apreciadas pelos orixás. 
Oxum coloca seu axé a serviço da salvação de seus filhos. Da paixão pelo 
caçador Erinlé, nasce Logun-Edé. Ao levar seu filho para ficar consigo no rio, a 
mãe Oxum o proíbe de brincar nas águas fundas, mas o menino, curioso e 
vaidoso como os pais, não obedece sua mãe. Quando vê seu filho sendo afogado 
pela antiga rival Obá, Oxum apela desesperadamente a Orunmilá para salvá-lo. 
Assim é ela, a mãe que acaricia, ajuda e suplica por sua cria quando seu poder de 
proteção é limitado. 
Oxum é destemida diante das dificuldades enfrentadas pelos seus. Ela usa sua 
sensualidade para salvar sua comunidade da morte. Dança com seus lenços e o 
mel, seduzindo Ogum até que ele volte a produzir os instrumentos para a 
agricultura. Assim a cidade fica livre da fome e miséria. 
Oxum enfrenta o perigo quando Olodumare, Deus supremo, ofendido pela rebeldia 
dos orixás, prende a chuva no orum (Céu), deixando que a seca e a fome se 
abatam sobre o aiê (a Terra). Transformada em pavão, Oxum voa até o deus 
maior, para suplicar ajuda. Mesmo tornando-se abutre pelo calor do sol, que 
queima-lhe, enegrecendo as penas, ela alcança a casa de Olodumare. Indignada 
por se perceber excluída da reunião de orixás masculinos, Oxum torna estéreis 
todas as mulheres até que ela seja convidada para o encontro. 
Uma demonstração de que com ela é assim: bateu, levou. Não tolera o que 
considera injusto e adora uma pirraça. Da beleza à destreza, da fragilidade à 
força, com toque feminino de bondade, é assim o jeito dessa deusa-heroína. 
Sensível à condição de fraqueza, Oxum se dispõe a aliviar o sofrimento alheio. 
Assim ela o faz quando Orinxalá tem seu cajado jogado ao mar e a perna ferida 
por Iansã. Oxum vem para ajudar o velho, curando-o e recuperando seu pertence. 
Ela é adorada por Orixalá. A deusa do amor parte com um ebó até Olodumare, 
para que não haja mais seca na Terra. No caminho ela não hesita em repartir os 
ingredientes da oferenda com o velho Obatalá e as crianças que encontra, e 
mesmo assim alcança seu objetivo pela comoção de Olodumare. 
Com grande compaixão, Oxum intercede junto a Olofim-Olodumare para que ele 
ressuscite Obaluaiê, em troca do doce mel da bela orixá. E ela garante a vida 
alheia também ao acolher a princesa Ala, grávida, jogada ao rio por seu pai. Oxum 
cuida da recém-nascida, a querida Oiá. Com suas jóias, espelhos e roupas finas, 
Oxum satisfaz seu gosto pelo luxo. Extremamente ambiciosa, ela é capaz de 
geniais estratagemas para conseguir êxito na vida. Vai à frente da casa de Oxalá e 
lá começa a fazer escândalo, caluniando-o aos berros, até receber dele a fortuna 
desejada para então calar-se. E assim Oxum torna-se “senhora de tanta riqueza 
como nenhuma outra santa mulher jamais o fora”. 
Curiosidade é um comichão que a excita bastante. A vontade de conhecer os 
segredos do destino faz com que Oxum, esperta que é, coloque seu poder de 
atração sexualem acordos para esse fim. 
Ela é especialista no toma-lá-dá-cá. É desse modo que aprende a arte da 
adivinhação, fazendo duas trocas: relação sexual com Exu pelas roupas de 
Obatalá, e as vestes do “Senhor do Pano Branco” pelo segredo do Ifá.
 Assim Oxum se torna senhora do jogo de búzios. Beleza, agilidade e astúcia são 
ingredientes do sucesso deste orixá.
 No amor Oxum é ardorosa. Seu leito conhece muitos amantes, para os quais 
propicia momentos de raro prazer, de tão formosa e quente que é. Mas quando se 
apaixona realmente ela é entrega total. Oxum luta para conquistar o amor de 
Xangô e quando o consegue é capaz de gastar toda sua riqueza para manter seu 
amado. Ela livra seu querido Oxóssi do perigo e entrega-lhe riqueza e poder para 
que se torne Alaketu, o rei da cidade de Ketu. Porém Oxum é extremamente 
caprichosa e volúvel. 
Quando alguém lhe atrai, não importa quem seja o parceiro ou o sentimento que 
vá causar, ela faz o que for preciso para conquistar e desfrutar do prazer, mesmo 
que seja tão passageiro. Rebolando e cantando provocantemente, Oxum seduz a 
bela Iansã, mas logo troca-a por outro alguém, tendo de fugir para não apanhar da 
deusa da tempestade. Oxum provoca disputa acirrada entre dois irmãos por seu 
amor: Xangô e Ogum, ambos guerreiros famosos e poderosos, o tipo preferido por 
ela. Xangô é seu marido, mas independente disso, se um dos dois irmãos não a 
trata bem, o outro se sente no direito de intervir e conquistá-la.
Afinal Oxum quer ser amada e todos sabem que ela deve ser tratada como uma 
rainha, ou seja, com roupas finas, jóias e boa comida, tudo a seu gosto. A beleza é 
o maior trunfo do orixá do amor. A vaidade a faz contemplar-se constantemente 
pelos reflexos na água ou nos espelhos que sempre dispõe. Não basta ser bonita, 
é preciso ser insuperável. 
Para tanto Oxum vai ao ataque contra quem a “ameaça”, pois a inveja abala sua 
autoconfiança. Ela usa o espelho de Egungun, que só mostra a morte, para que 
sua irmã mais bela, Oiá, se veja destorcidamente refletida e então enlouqueça de 
desespero. 
Como esposa de Xangô, ao lado de Obá e Oiá, Oxum é a preferida e está sempre 
atenta para manter-se a mais amada. Ela adora enganar Obá. Oxum induz Obá a 
cortar a própria orelha para cozinhar e servir para Xangô, dizendo ser o prato 
preferido do marido, que na verdade fica enojado e enfurecido. Ela também 
engana Eleguá que, a serviço de Obá para fazer um sacrifício, corta erradamente 
o rabo do cavalo de Xangô. Outra vez Obá queria agradar seu marido, mas acaba 
odiada por ele. Oxum definitivamente quer o fracasso de quem considera rival. É 
preciso pisar em quem atrapalha sua supremacia. Oxum é vingativa quando 
ofendida, sobretudo se sua forma física é ridicularizada.
 Ela tem pavor de ser tida como velha e feia. Por isso chega a matar o caçador 
pelo qual se enamora, após tanto tempo na lagoa se banhando, se preparando 
para encontrar seu amor, tempo em que envelheceu sem perceber. Oxum o mata 
por tê-la confundido com a velha feiticeira IAMI-Oxorongá. É humilhação demais 
para quem tem a beleza acima de tudo. Melhor é cortar o mau pela raiz, custe o 
que custar, afinal ser considerada feia é própria morte para ela.
 Foi de Oxum a delicada missão dada por Olodumare de religar o orum ao aiê 
quando da separação destes pela displicência dos homens. Tamanho foi o 
aborrecimento dos orixás em não poder mais conviver com os humanos que 
Oxum veio ao aiê prepará-los para receber os deuses em seus corpos. Juntou as 
mulheres, banhou-as com ervas, raspou e adornou suas cabeças com pena de 
ecodidé, enfeitou seus colos com fios de contas coloridas, seus pulsos com idés, 
enfim as fez belas e prontas para receberem os orixás. E eles vieram. Dançaram e 
dançaram ao som dos atabaques e xequerês. Para alegria dos orixás e dos 
humanos estava inventado o Candomblé. Os mitos da Oxum mostram o quão 
múltipla é sua personalidade
Dessa riqueza de traços resulta a possibilidade de que as mulheres mais 
diferentes como as que habitam um país tão grande como o nosso, em que a 
diversidade é a norma, se identifiquem com Oxum em maior ou menor grau. Aliás, 
os orixás têm forte presença na música e em outras formas de manifestações 
artísticas da cultura brasileira (Prandi, 1997). É da mulher brasileira tal como a que 
aparece no imaginário popular e sua proximidade com Oxum, que vamos tratar a 
seguir. 
O modelo mítico e alguns retratos da mulher brasileira
“Toda a cidade (Salvador) é d’Oxum”
(Gerônimo & Vevé Calazans)
Talvez melhor fosse dizer “toda mulher é d’Oxum”. O orixá da beleza e do amor é 
em certa medida um modelo de realização para as mulheres brasileiras, de um 
modo geral, ainda que muitas não o saibam. É a mulher que deu certo, do ponto 
de vista estritamente humano, isento de julgamentos morais. O valor estético de 
Oxum é inquestionável. No contexto brasileiro, inevitavelmente as mulheres se 
identificam com algum traço da personalidade desse orixá. Tal como a deusa 
africana, elas querem ser cobiçadas, contempladas e envolvidas intensamente no 
amor, pois são genericamente românticas. 
“E a Oxum mais bonita, hein?
Tá no Gantois
Olorum quem mandou
Essa filha de Oxum tomar conta da gente...”
(Dorival Caymmi)
Segundo o tipo mítico geral, quem é d’Oxum é a vaidade em pessoa. Seus filhos 
têm as formas do corpo arredondadas, um jeito gracioso e grande capacidade de 
amar (Prandi, 1991). Gente que quer brilhar, assim é a mulher exuberante que 
ostenta os dons recebidos da mamãe Oxum. A idéia de mãe no Brasil é associada, 
sobretudo à figura da mulher super protetora, que é capaz de grandes sacrifícios 
por seus filhos. Aquela que está sempre na torcida ou preparada para acolher e 
consolar em seu aconchego materno. É a chamada “mãezona” que se desdobra 
em seus afazeres domésticos, tudo em função do marido e dos filhos. 
Ainda é presente em nosso imaginário a figura da “mãe de leite”, aquela negra 
escrava que amamentava os filhos do senhor, e cuidava dos meninos brancos 
com dedicação, as sinhás mães postiças, que são capazes de estenderem seu 
carinho a muitos “filhos”. São as mulheres experientes que conhecem as 
artimanhas da vida, as conselheiras, as pretas-velhas da umbanda, as ‘divinizadas 
senhoras’. Essas são as velhas mulheres dos morros cariocas, as líderes 
comunitárias, as baianas mães de santo. Pessoas bastante reverenciadas como 
Menininha do Gantois, Clementina de Jesus, Ivone Lara, entre outras.
“Mas é preciso ter raça,
É preciso ter força,
É preciso ter gana sempre.”
(Milton Nascimento)
O amor traduz-se em entrega de si na maternidade. Ser mãe é prazer e dor, mas, 
sobretudo uma profunda experiência amorosa para uma mulher. Não por acaso a 
mãe é aquela que mais se alegra com sucesso e quem mais se angustia com o 
sofrimento de quem antes de mais nada é seu filho. Talvez por essa doação de si 
na relação materna, a mulher seja mais propensa à gratuidade no convívio social. 
Daí para um envolvimento num tipo de trabalho comunitário é um passo. A 
liderança da mulher em associações de moradores, movimentos populares e 
grupos religiosos é fato no meio da população pobre brasileira. A mulher é mais 
sensível ao trabalho voluntário e a dona de casa mais disponível para a 
participação em organizações sociais a partir da condição de proximidade de 
moradia, tais como em igrejas e grupos de bairro. Dessa atitude pode surgir 
engajamento político, projeção abrangente e até exercício de cargos públicos. E aí 
então o modelo são as conquistadoras de adesão e voto, como: Luiza Erundina, 
Benedita da Silva, Deolinda Alves do movimento dos sem-terra. 
"Ó mãe, me mostra, me ensina, 
me diz o que é feminina.
Não é no cabelo, no dengo, no olhar,
feminina menina por todo lugar”
(Joyce)
Em nossa sociedade, contudo ainda é forte a idéia de que“menino é para 
conhecer o mundo e menina é para se casar”. A questão da sexualidade aí é 
marcante. O machismo segue fazendo essa distinção, afirmando que a filha deve 
ser mais protegida que o filho. Tal como Oxum, na relação com seu pai Orunmilá, 
tantas e tantas meninas são criadas com grande zelo, guardadas pelos pais dos 
supostos perigos do mundo. A menina conhece desde cedo o dengo da família, as 
roupas e os objetos femininos, pelos quais ela brinca com sua vaidade. Ela cresce 
sabendo que ser bonita é bastante importante. O Brasil é um “país abençoado por 
Deus e bonito por natureza”, como cantamos freqüentemente com Jorge Benjor. O 
fator de identidade nacional, enquanto aquilo que temos a oferecer para o mundo, 
desde a época da Colônia, tem sido nossas belezas naturais. 
Nesse mesmo ideário, a mistura das três raças teria gerado um povo bonito e 
originalmente astuto para superar as dificuldades. O catolicismo europeu conferiu 
um controle formal e frouxo da conduta moral, e as religiões africanas contribuíram 
significativamente com os elementos festa e sensualidade, na formação do jeito 
brasileiro de ser e de viver. Em nosso país, o que é para ser mostrado parece 
sobressair ao que é vivido, o carnaval é um bom exemplo disso. A forma do corpo 
tem grande importância, o que dá pistas de que, por vezes, o valor da estética 
prepondera ao da ética. A mulher brasileira valoriza sobremaneira a beleza física 
enquanto elemento de afirmação pessoal, afinal a sensualidade é 
reconhecidamente um dos traços do nosso povo.
 No contexto de acesso limitado ao conforto e bem estar, a mulheres atribuem à 
beleza as possibilidades de ascensão social, por meio de melhores oportunidades 
de trabalho, destinadas a quem possui o tal quesito “boa aparência”. Não por 
menos há tanta procura da parte de mulheres em geral por produtos cosméticos, 
academia de ginástica, cirurgia plástica, enfim recursos para fazer parecer mais 
bonita. Além de posse material, as pessoas querem ter prestígio. E a mulher quer 
ser cortejada, desejada pelos homens e invejada pelas outras mulheres. 
O sonho de ser rica e famosa, bem como bastante atraente sexualmente, faz 
grande parte das meninas ter como ídolos as famosas modelos, atrizes, cantoras, 
apresentadoras de TV, com esses atributos. Nesse nível estão as mulheres tidas 
como “símbolo sexual” de suas épocas: Carla Perez, Luisa Brunet, Vera Fisher, 
Sônia Braga, Marta Rocha, Carmem Miranda 
O dom de sedução de Oxum vai de encontro a uma idéia preconceituosa, 
largamente difundida, que é a do estereótipo da mulher bonita que, a fim de atingir 
seus propósitos, é capaz de deitar-se com quem lhe convém. É bastante 
conhecida vem de longa data esse tipo de rotulação em mulheres da vida pública 
nacional, como Xuxa por exemplo, que “só chegou onde chegou porque foi 
namorada do Pelé”.
 Sendo mulher bonita e bem sucedida há quase sempre suspeita sobre sua real 
competência. Não é só o sex appeal, capaz de fazer o transito parar, que fascina. 
As mulheres têm vontade de ser as encantadoras meninas. São as jovens, 
simpáticas mulheres, que todo homem gostaria de ter como namorada. 
Elas são idealizadas pelo público masculino para uma relação afetiva mais 
duradoura e não só como parceiras sexuais, pois aliam a beleza à meiguice. São 
as chamadas “namoradinhas do Brasil”, como Angélica e Regina Duarte. 
“Toda mulher quer ser amada,
Toda mulher quer ser feliz,
Toda mulher se faz de doida,
Toda mulher é meio Leila Diniz”
(Rita Lee)
O machismo ainda é forte na sociedade brasileira. A distinção de papéis persiste 
oprimindo muitas mulheres que permanecem submissas. Apesar da liberação 
sexual ocorrida nos anos 60, a ousadia de mulheres que contestam, rompendo 
com padrões conservadores, ainda lhes custam alguns comentários negativos. O 
desejo de inovar, atraindo a atenção do público é outro traço da mulher brasileira, 
como Baby do Brasil, Rita Lee e principalmente Leila Diniz. 
Dada a maior vaidade, a competição é mais comum entre as mulheres que entre 
os homens, pois em certa medida “uma quer brilhar mais que a outra”. Essa 
predisposição para competir, quando exacerbada e aliada à uma grande ambição, 
impulsiona a mulher a passar por cima de quem está em seu caminho. Assim são 
as conhecidas vilãs das telenovelas. 
Tal como a sedutora Oxum, há mulheres que adoram jogar com os homens. São 
em geral caracterizadas pela vulgaridade, com a qual não hesitam em “rodar a 
baiana” quando julgam necessário. Vestem-se extravagantemente para chamar a 
atenção e estão sempre jogando seu charme para conquistar. Essas são a 
chamadas “peruas” ou as prostitutas, as famosas pombagiras da umbanda. A 
esposa de Xangô ama profundamente a ponto de abrir mão da riqueza por seu 
amor. Assim é a mulher que chega a colocar de lado seu projeto pessoal para 
estar com seu amado. A brasileira é a Oxum, com suas diversas faces. Orixá e 
humano se espelham. Na mitologia dos orixás Oxum é a filha dengosa, mulher 
irresistível e corajosa e a mãe protetora. Seu caráter voluntarioso, como redentora 
dos aflitos, remete à grande mãe da devoção católica, a Nossa Senhora em suas 
diferentes versões. 
Por outro lado, ela é o vaidosíssimo orixá do ouro, que não aceita brilhar menos 
que ninguém e faz de tudo para satisfazer seus desejos, profanamente 
concebidos. Aí então ela é a Eva transgressora, movida pela sedução. Deusa da 
vaidade, da beleza, da fertilidade, do amor, se Oxum fosse uma escola artística 
certamente seria a barroca por seus exageros, suas contradições. Oxum é um 
arquétipo de feminilidade, sobretudo para as mulheres brasileiras. 
Referências bibliográficas
PRANDI, Reginaldo. Mitologia de Orixás, Mitos afro-americanos reunidos e 
recontados, São Paulo, 1997 (mimeo).
 Os candomblés de São Paulo. São Paulo, EduspHucitec, 1991.
 A expansão da religião negra na sociedade branca: música popular brasileira e 
legitimação do candomblé. 
São Paulo, 1997 (mimeo).
OSUN OPARA
No Dicionário de Yorùbá de R.C. Abraham, University of London Press temos: 1-) 
APARA (acento ré+ré+ré, ou seja, sem acentos) = nome Feminino. 2-) OPARA 
( com qualquer acentuação que seja, com ou sem ponto em baixo da letra “O”, 
não existe neste dicionário) A Dictionary of the Yoruba Language, University Press 
Ìbàdàn Ltd., temos: 1-) Àpárá (acentos do+mi+mi) = raillery – lampoon – caricature 
– jest 2-) Àpárà (acentos do+mi+do) = tipo de uma árvore 3-) OPARA ( com 
qualquer acentuação que seja, com ou sem ponto em baixo da letra “O”, também 
não existe neste dicionário) Já Eduardo Fonseca Jr. Em seu Dicionário Yoruba 
Português indica: 1-) Àpárá (acentos do+mi+mi) gracejo, sátira, caricatura, 
galhofa 2-) Àpárà (acentos do+mí+do) = nome de uma árvore *Nota: Observe que 
até aqui trata-se de uma cópia literal do Dicionário da Universidade de Ìbàdàn. 3-) 
Apara (acentos ré+ré+ré) = Modo – “que vai e vem” – aquele/a que vai e vem – 
qualidade da Divindade Òsun.(importante: esta informação é segundo o autor) 4-) 
Opara ( com qualquer acentuação que seja, com ou sem ponto em baixo da letra 
“O”, também não existe neste dicionário)
Até aqui concluímos que a palavra OPARA não se encontra nestes dicionários do 
idioma Yorùbá .
Na África se conhecem títulos para Òsun relacionados com LOCALIDADES ou 
LENDAS (fatos) onde ela esteja inclusa, mas isso não faz com que sejam vários 
tipos diferentes de Òsun. Trata-se sempre da MESMA ÒRÌSÀ ÒSUN. 
Algumas passagens relacionadas com Òsun: Yèyé Ade-Oko, Yèyé Ipondá (tem 
ponto em baixo da letra “O”, fonética = ipóndá), Òsun Lògún, Yèyé Ojumo (tem 
ponto em baixo da Segunda letra “O”, fonética – ôdjumó) Yèyé Iloba (tem ponto 
em baixo da letra “O”, fonética = ilóba), Yèyé Ilè Elepe (todas as letras “E” tem 
ponto em baixo, fonética = ilé élépé), Yèyé Jakuepe (fonética = djacuêpê), Yèyé 
Ojuna (fonética ôdjuna) YèyéIgando, Yèyé Ode-Dudu (fonética ódé dudu) Yèyé 
Adobaba.
• YÈYÉ ÒPÀRÀ (ACENTOS DO+DO+DO E COM PONTO EM BAIXO DA 
LETRA “O”, FONÉTICA = ÓPARA - "NÃO É ÓPARÁ"), PARA O TÍTULO 
ÒPÀRÀ EU NÃO ENCONTREI UMA TRADUÇÃO PLAUSÍVEL, MAS SEU 
ORÍKÌ DIZ QUE ELA ESTÁ RELACIONADA COM UMA PASSAGENS JUNTO 
A SÒNPÒNNÓN, VEJA LÁ: 
1- YÈYÉ ÒPÀRÀ !
2- OBÌNRIN BÍ OKÙNRIN NÍ ÒSUN 
3- A JÍ SÈRÍ BÍ ÈGÀ 
4- YÈYÉ OLOMI TÚTÚ 
5- ÒPÀRÀ ÒJÒ BÍRI KALEE 
6- AGBÀ OBÌNRIN TI GBOGBO AYÉ N’PE SIN 
7- Ó BÁ SÒNPÒNNÓN JÉ PÉTÉKÍ 
8- O BÁ ALÁGBÁRA RANYANGA DÌDE.
1- YÈYÉ ÒPÀRÀ ! 
2- ÒSUN É UMA MULHER FORTE COMO HOMEM.
3- SUA VOZ É BONITA COMO A VOZ DO PÁSSARO
4- SENHORA DAS ÁGUAS FRESCAS
5- ÒPÀRÀ DANÇA COM O VENTO SEM QUE POSSAMOS VÊ-LA
6- MULHER ANTIGA DE MUITA SABEDORIA QUE TODOS NÓS 
VENERAMOS
7- QUE COME PÉTÉKÍ COM SÒNPÒNNÓN (*****)
8- QUE ENFRENTA PESSOAS PODEROSAS COM SABEDORIA E CALMA. 
Portanto a Cultura Religiosa Yorùbá conhece o Título Òpàrà envolvendo Òsun 
com Omolú. Eu não tenho referencias de Apará nessa Cultura.
Òsun
SUA ORIGEM VEM DA NIGÉRIA, MAIS PRECISAMENTE DO RIO ÒSUN QUE 
BANHA ÌJÈSÀ, IJEBU E OSOGBÒ. SEU PRINCIPAL TEMPLO SITUA-SE EM 
ÒSOGBO E ATÁÓKA (O OBA DESTA REGIÃO É SEU PRINCIPAL ADORADOR).
 
Òrìsà da beleza, doçura e benevolência, vaidade e fecundidade. 
Sendo o Òrìsà da fecundidade a iniciação no Candomblé sendo um nascimento 
ela se faz presente em todos os momentos da feitura, é a dona do Osú, aquela 
que traz a possibilidade de comunicação com os Òrìsàs. 
Quando um óvulo é fecundado, Òsun se faz presente, vai proteger o feto e 
assegurar sua vida a partir deste momento, passando pelo seu nascimento e 
crescimento até que adquira domínio sobre um idioma.
Quando o embrião se forma no útero imediatamente o sangue é retido e forma-se 
a placenta, que está permanentemente ligada ao feto através do cordão umbilical 
e mantém a sua vida. Esse acúmulo de sangue proporciona a vida do bebê. O 
sangue mandado por Òsun é a existência da vida, pois a menstruação é para as 
mulheres um bênção de Òsun, revela a realidade de seu poder: a possibilidade de 
gerar filhos. É na placenta que se aloja o destino de cada ser, seu Odù, que coloca 
em jogo a vida da criança e de sua mãe. Quando uma criança nasce se a placenta 
não for retirada a mãe certamente morrerá, é o sangue que jorra sobre a criança 
no dia do nascimento que a consagra à vida. 
Todas seus símbolos remetem à idéia de fecundidade. Os peixes ou os pássaros, 
através das escamas e das penas, evocam a multidão dos seus descendentes. 
DENTRO DO KETÚ, BRASIL, SÃO 16 AS "QUALIDADES" (CAMINHOS) DE 
ÒSUN, AS MAIS VELHAS RESIDEM NAS PROFUNDEZAS DOS RIOS E AS 
MAIS NOVAS NAS PARTES SUPERFICIAIS. OPARÁ É A MAIS JOVEM E A MAIS 
GUERREIRA, TÃO FEROZ QUE É CAPAZ DE BEBER O SANGUE DE SEUS 
INIMIGOS. YÈYÉ KARÈ TAMBÉM É MUITO GUERREIRA, MAS SUA ARMA É 
UM OFÀ (ARCO E FLECHA). YÈYÉ IPONDÁ É A MÃE DE LÒGÚN ODE E COM 
SUA ESPADA GUERREIA BRAVAMENTE. ÒSUN AJAGIRA E YÈYÉ ONÍRA 
TAMBÉM SÃO GUERREIRAS, FOI ESPOSA DO MAIS VELHO ÒSÓÒSÌ QUE 
EXISTE E CRIOU OS FILHOS DE OYA TEVE COM SEU MARIDO, ALIÁS SÓ 
PERMITIA QUE OYA TRATASSE DE SEUS FILHOS QUANDO ELES ADOECIAM. 
Nas nascentes dos rios reside Yèyé Odò. Òsun Ijìmú é a rainha de todas as Òsun 
com Àyàlà, que também foi esposa de Ògún Alagbedé e é conhecida como a avó 
que tocava música num fole para fazer Egúngún dançar, mantendo estreita ligação 
com Ìyá-mi.
Òsun Abalò é a mais velha de todas, outra Òsun velha e briguenta é Òsun Yèyé 
Ogá, Yèyé Merín é feminina e elegante. Òsun Gbo é a padroeira da cidade de 
Osogbò e padroeira das mulheres parturientes. Yèyé Olóko vive na floresta. Além 
dessas existem Yèyé Ipetú, Yèyé Pòpólokum, cultuadas nas lagoas e, dizem, 
não sobem à cabeça das pessoas. Esses nomes podem variar da África para o 
Brasil, mas todos concordam que existem 16 qualidades. Essas qualidades 
provavelmente sejam "passagens e encontros dessas energias (Òrìsà) com os 
demais ebora".
O Abèbé (leque com espelho) é o símbolo da sua vaidade, mas também uma 
arma que ofusca os olhos de quem a ataca. 
A água e a terra veiculam àse genitor feminino: a água elemento contido na terra. 
Òsun é o Òrìsà do rio de mesmo nome. No Brasil está associada à todos rios, 
cascatas, córregos e mesmo ao mar, visto que a grande entidade Olòkun, 
associada ao mar em país Yorùbá não é cultuada de forma intensa no Brasil.
Òsun é a genitora por excelência, ligada particularmente à procriação e, nesse 
sentido, ela está associada à descendência no àiyé. É a patrona da gravidez:
"Nígbà tí àun ó sì mo bò láti òdò Olódùmarè un ló okù omo lé lówó wípé eni tí 
Òrìsà bá sèdá kalè tán, bi Òsun yò se móo pín omo fun gbogbo àwon tí omo 
kò bá fé gba inú won wáyé. Àti bi omo bá nwá nímú, eni tí ó mo se ìtójú rè tó 
kò fi ní í móorí ìdàànú títí o fi móo wáyé. Tó bá sì wà sí ayé náà. Nigbà tí kò tíi 
ní òye tí kòi tí mò èdèé fò, gbogbo ònà àwòyè rè Òsun no wón kó odùn omo 
lé lowo. Kò sì gbodò bínú enikan pé eleyí ni òtá mi, kò bímo tàbí elèyí ni òré 
mi. Isé tí won rán Òsun oùn nìyí, òun ni Ìyàmi àkókó, òun si ni Olòtójúu àwon 
omo láti ní títí di ìgbà tí yí ní òye táà n pè ní àwòyè Òsun ni álàwòyè omo
Bi Òsun ò tí se gbódò bá enìkan sòtá nìyì."
"No tempo da criação, quando Òsun estava vindo das profundezas do òrun, 
Olódùmaré confiou-lhe o poder de zelar por cada umas das crianças criadas por 
Òrìsà que iriam nascer na terra. Òsun seria a provedora de crianças. Ela deveria 
fazer com que as crianças permanecessem no ventre de suas mães, 
assegurando-lhes medicamentos e tratamentos apropriados para evitar abortos e 
contratempos antes do nascimento; mesmo depois de nascida a criança, até ela 
não estar dotada de razão e não estar falando alguma língua, o desenvolvimento e 
a obtenção de sua inteligência estariam sob o cuidado de Òsun. Ela não deveria 
encolerizar-se com ninguém a fim de não recusar uma criança a um inimigo e dar 
a gravidez a um amigo. A tarefa atribuída a Òsun é como declaramos. Ela foi a 
primeira Ìyá-mi, encarregada de ser a Olùtójú awon omo (aquela que vela por 
todas as crianças) e a Álàwòyè omo (aquela que cura as crianças). Òsun não 
deve vir a ser inimigo de ninguém."
Por ser a patrona da gravidez, Òsun está ligada ao corrimento menstrual, e às 
atividades que representam esse corrimento. 
Ela é Ìyámi Àkókó (Mãe ancestral suprema).
Ela é a cabeça da sociedade das Ìyá-mi, chamadas também de Ìyá-àgbà (as mães 
anciãs). Em um ìtòn Òsun transformou o Ohun-omobìrin (corrimento menstrual) 
em penas vermelhas de ikódídé, colocando dentro de uma cabaça, onde se diz: 
"Yèyé sawo" (Mãe fez mistério, ou mãe conhece segredo, é mistério).
Neste mesmo ìtòn Òòsààlà rende homenagem à Òsun fazendo dòdòbálè. Nesse 
contexto, o vermelho representa o poder de realização o àse de gestação, 
humana, animal, vegetal, mineral; o àse da terra também simbolizado por suas 
águas que o veiculam. A gestação significa abundância e riqueza. A cor de Òsun é 
o pupa ou pon, que significa tanto o vermelho como amarelo.
Pón ròrò é o amarelo-dourado, a cor que caracteriza Òsun.
O amarelo é uma qualidade do vermelho, um vermelho-claro e benéfico, 
significando "está maduro". Outra forma de dizer vermelho em yorùbá é pupa 
eyìn, literalmente quer dizer, gema de ovo. Sendo o ovo um dos seus símbolos 
mais representativos de seu àse e de todas Ìyá-àgbà (ancestres femininos). 
Todos metais amarelos pertencem a Òsun, o ouro e principalmente o bronze. As 
penas de ikódídé representam o poder de Òsun-Olórí-Eléye (chefe suprema das 
possuidoras-de-pássaros), representando como os cauris, seres individualizados, 
o elemento procriado.
O título de Ìyáalódé não é apenas de Òsun e Nàná, mas ao cabeça de cada 
comunidade Ìyálódé. A Ìyálódé reúne as mulheres para discussões públicas que 
lhes interessam. Antigamente elas possuíam escravos. A Ìyálódé representa todas 
mulheres de sua comunidade. Esse éo maior título honorífico que uma mulher 
pode receber e que a coloca automaticamente à cabeça das mulheres e da 
representação no àiyé o poder ancestral feminino. O abèbè, leque ritual, é seu 
emblema, símbolo da cabaça-ventre com o pássaro-procriação. 
Erelú é o título da sociedade secreta Ògbóni, complexa instituição religiosa e 
política que compreende representantes de todos os segmentos da sociedade e 
que contrabalançava antigamente o poder dos reis, particularmente Òyó e em 
outras grandes cidades Yorubana. 
Òsun também está ligada a Èsù na comunicação e vidência; é através do 
eríndínlógún que os Òrìsàs revelam os caminhos e desejos para o equilíbrio de 
todo o sistema, é Èsù quem movimentará os cauris de Òsun e trará essas 
respostas. Mostrando a relação de Òsun com Òrúnmìlà, também se destaca 
dentro do culto à Ifá. 
Como têm ligação a Ajè, tem o poder da feitiçaria. 
Babalòrìsà Francisco d´Ósóòsì
Ilè Òrìsà Odè Inlè
Elementos e símbolos
Dia Sábado.
Metal Ouro, cobre, latão e bronze.
Símbolo Abèbé, idé.
Ajeun
Omolokun, Ipetè, Aberèn.
Saudação
Rora Yèyé ó fí dé rí omon!
(Mãe cuidadosa, aquela que usa coroa e olha seus 
filhos!).
Profissão
Odontologia, medicina, veterinária, pedagogia, culinária, 
estética.
Pedra preciosa Brilhante.
Partes do corpo todo o rosto, o baixo ventre, o baço, às vezes o coração; 
patrona do ventre, a terceira visão e a circulação 
sangüínea.
Cor Amarelo-ouro.
Toques Ìjèsà (preferido), Batá, Agere, Ilù.
Domínios
Rios, cachoeiras, mar, cascatas, amor, fecundidade, 
gestação e maternidade. 
Características
Dão muito valor à opinião pública, fazem qualquer coisa 
para não chocá-la, preferem contornar suas diferenças 
com habilidade e diplomacia. São obstinados na busca 
de seus objetivos. Tem tendência a engordar, são 
risonhos e bem humorados. Têm vida sexual intensa, 
mas com muita discrição, pois detestam escândalos. 
São pessoas amáveis e cativantes, sempre preocupadas 
com o que os outros vão pensar. 
Choram fácil e por qualquer motivo. São elegantes e de 
muita sutileza. São atraentes e não raramente volúveis.
É o tipo atemporal, pois é tanto maternal como passa 
pelas manias de uma velha, e também possui uma 
juventude de criança inconseqüente, que julga 
naturalmente merecer todos cuidados e mimos. Não são 
confiáveis para segredo, pois tem o costume de falar 
demais, ciumentas, vingativas, possessivas e 
desatentas. 
Devem Ter cuidado com acidentes domésticos e fogo.
Abebê - Um objeto nascente da cabaça
No amplo e diverso conjunto de objetos usuais nas religiões de origem africana e 
em outras processadas em âmbito afro-brasileiro, há destaque especial para a 
cabaça, enquanto objeto e símbolo pluralmente interpretado e visíveis nos 
templos, nos santuários, e nas cozinhas entre outros espaços. A cabaça forma 
instrumentos musicais, como aguê e o afoxé, contempla o berimbau-de-barriga ou, 
ainda, é referencia ao xere - chocalho de Xango, peça que emite sons 
característicos e que chama os Orixás nos candomblés, notadamente os nagos. A 
cabaça imemorialmente representa a barriga - útero, a sexualidade feminina e o 
todo emanente dessa simbolização, - marcando desenho volumoso, sempre 
lembrando um estado de gravidez - repertório constante da vida e sua procriação, 
para os homens e os deuses. O abebê é objeto yorubá - condicionamento ao 
amplo imaginário referente acabaça, constituindo-se num emblema das Yas, que 
são as mães ancestrais, divindades das águas, relacionadas com a vida e a 
morte. 
Tanto em espaço africano, em pólos de coexistência histórica e religiosa dos 
Orixás e Voduns na Nigéria e Benin, como em núcleos de manutenção dessa 
historia no Brasil, notadamente no candomblé e no xangô, há objetos rituais e 
litúrgicos evidentemente masculinos e femininos e uma terceira categoria, para os 
andrógenos. O abebê inclui-se entre os femininos e andrógenos.
Geralmente, objetos masculinos são verticais, eretos, expressivamente fálicos 
como os apá-ogô de Exu, ferros de assentamentos de Ogum, Oxosse, Ossãe, 
Erinlé, entre outros santos machos como são chamados pelo povo do santo. Para 
as santas fêmeas, são guardadas as formas arredondadas, comparadas à 
anatomia da mulher - seios, nádegas e barriga, onde novamente ser referem à 
cabaça - útero fortemente ligadas a laços ancestrais e formuladores do gênese do 
mundo e dos homens. São meias cabaças para os assentamentos e abebês como 
insígnias de Oxum e Yemanjá. Oxalufã, na sua interpretação essencialmente 
nàgó, porta o opaxoro e um abebê que marcam o caráter andrógeno do Orixá da 
criação, símbolos gerais dos Orixás funfun (brancos). O abebê é identificação 
imediata das Yas, popularmente chamadas e conhecidas como as mães d'água. 
Diz o costume que os abebês de Oxum são dourados, em latão, até em ouro, 
recebendo de seus construtores trabalhos elaboradíssimos, revelando aspectos 
identificadores do Orixás mais vaidoso, as água doces, yalode - a grande senhora. 
Abebê - do yorubá, leque - leque em diferentes metais, mantendo o formato 
arredondado, decorado por marcheteamento, incisos, ampliações e pendantifs, 
geralmente em metal. O tamanho médio de um abebê gira em torno de 30 cm de 
altura e 15 cm de largura, podendo nos candomblés acrescido de laços de fitas 
em cetim e nas cores dos Orixás: amarelo e rosa pra Oxum; azul e verde para 
Yemanjá. 
Os abebês compõem assentamentos nos santuários pejis - especialmente no 
candomblé e no xangô. São vistos também em miniatura na composição dos ibás 
- conjunto de louças, peças em metal e otás (pedras) que fazem os 
assentamentos dos Orixás, Voduns e Inkices. Os abebês são peças 
indispensáveis nas roupas cerimoniais, sendo emblema marcante e identificador 
de Oxum e Yemanjá. 
Os abebês poderão ser complementados com outras ferramentas, como o alfanje 
e o ademata - arco e seta, representando as qualidades das Santas - 
características mitológicas. Abebês recentes feitos em papelão e cobertos de 
tecidos e lantejoulas ou ainda com detalhes em canutilhos e metalóide, são 
francamente consumidos pelos terreiros, ocupando as mesmas funções dos 
objetos convencionais, em diferentes folhas metálicas. O abebê pode também ser 
interpretado enquanto um objeto emissor de sons -instrumento musical não formal 
- quando exibe elementos complementares, como guizos, pendantifs em latão, 
búzios entre outros. Durante as danças rituais de Oxum, segundo modelo gexá, o 
abebê é usado e mostrado com diferentes finalidades e, assim, emite sons 
característicos que se unem aos dos atabaques, afoxés e agogôs. Alem do abebê 
marcar visualmente as Yas, ha o uso feminino dos leques à européias também 
integrados as montagens simbólicas nos santuários, convivendo com os demais 
objetos de uso e representação nitidamente afro-brasileiro. Alguns casos 
especiais são incluídos neste âmbito de abanos - abebês -, são os feitos em pele, 
couro e estrutura de metal, couro e detalhamento em búzios. No Benin, o ezuzu é 
um abano circular em pele, couro e cabo em madeira. O ezuzu expressa o poder 
social da mulher - distingue rainhas - mães e amplia seus domínios ao âmbito 
religioso - relativamente uma insígnia, como o bastão, para a representação do 
poder masculino. 
Diferentes soluções plásticas e destinações de abebês são documentadas nos 
livros catálogos sobre as mais importantes coleções afro-brasileiras existentes no 
país, destacando as do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, do Instituto 
Geográfico e Histórico da Bahia, do Museu do Estado de Pernambuco e Museu 
Arthur Ramos. Próximo à casa do presente, no Rio Vermelho, Salvador, Bahia, ve-
se esculturas representando uma sereia em cimento armado sexual, segundo 
concepçõesimemoriais da mulher - peixe, no caso afro-brasileiro uma das formas 
usuais das Yas, para os candomblés e os xangôs. A sereia exibe um abebê que se 
projeto por sobre o mar - referencias dos Orixás das águas, símbolo da fertilidade 
e das mães ancestrais.
transcrito do livro - O Povo do Santo - de Raul Lody
OXUM ITAN
Conta a lenda que, em um tempo imemorial, o rei Xangô, orixá escolhido por 
Oxalá para governar a terra e os outros deuses, tinha diversas esposas. As duas 
mais importantes eram Yansã, a Senhora das Tempestades, e Oxum, cujo domínio 
se estendia pelos rios, lagos e cachoeiras. 
Certo dia, enciumada da preferência de Xangô pela sua adversária; Yansã decidiu 
vingar-se de Oxum e, em um raio intempestivo de cólera, investiu contra a mãe 
das águas doces, quando esta se banhava nua às margens de um grande lago, 
tendo apenas um espelho entre as mãos. Devido ao fato de não ser uma 
guerreira, mas uma mulher dócil e vaidosa, afeita apenas aos expedientes da 
Sedução e da Dissimulação para se defender; Oxum viu-se completamente 
indefesa frente à ira arrebatadora da Rainha dos Raios. Oxum, então, rezou a 
Oxalá e, em um instante mágico, percebeu que o Sol brilhava forte nas costas de 
sua agressora. Rapidamente, ela utilizou seu espelho para refletir os raios solares 
de forma a cegar Yansã. 
Ao saber da vitória de Oxum, o rei Xangô reafirmou sua preferência pela Senhora 
das Águas, que além de mais bela e delicada, provou ser também mais poderosa 
que a Senhora das Tempestades.
"Oxum é a alegria do sangue das mulheres fecundas. Até mesmo Oxalá teve que 
inclinar-se à seu poder." A tradição Nagô relata a Lenda de uma sacerdotisa, Omo 
Òsun ('filha de Oxum"), encarregada de cuidar dos paramentos de Oxalá. Havia 
muitas mulheres com inveja dela que para criar caso, jogaram a coroa de Oxalá 
no rio, pouco antes do começo do grande festival anual. 
Omo Òsun conseguiu encontrá-la na barriga de um peixe. Suas rivais 
despeitadas, fizeram então um feitiço e, no meio da festa, na hora em que deveria 
levantar-se para saudar Oxalá, ela não conseguiu. Seu corpo aderira ao assento. 
A pobre sacerdotisa, fez tanta força que acabou levantando-se, mas parte de seu 
corpo ficou grudada ao assento. O sangue jorrou,
manchando os paramentos de Oxalá. O vermelho é tabu para o Grande Deus da 
Cor Branca, que se mostrou extremamente irritado, e Omo Òsun, envergonhada, 
fugiu. "Todos os Orixás Fecharam-lhe as portas. Somente Oxum à acolheu e 
transformou as gotas de sangue em penas de papagaio, pássaro chamado Odidé. 
Lembramos que pássaros simbolizam a fecundidade das Grandes-Mães, e as 
plumas representam a multidão dos descendentes. Por isso , Oxum é a "dona de 
muitas penas de papagaio'. Os Outros Orixás ao saberem do milagre da Deusa da 
água doce foram procurá-la. O último à procurá-la foi Oxalá que, em sinal de 
respeito e submissão ao poder feminino, aos pés de Oxum se prostrou. Fez mais: 
Colocou na testa uma pena vermelha e declarou que as iwaôs (Yawôs = filhas de 
santo) que não usarem ekodidé ( as penas de papagaio) não serão reconhecidas 
como verdadeiras Yawôs. É por isso que os Yawôs no fim da iniciação usam uma 
pena vermelha.
 
 “A iniciação no Candomblé é um nascimento, e o poder da fecundidade tem 
que estar presente, pois Oxum mostrou que a menstruação em vez de 
constituir motivo de vergonha e de inferioridadenas mulheres, pelo 
contrário, proclama a realidade do poder feminino, a possibilidade de gerar 
filhos”.
 
AZIRI
AZIRI É UM ORIXÁ DA NAÇÃO GÊGE IDÊNTICO A O 
ORIXÁ OXUM. AS PESSOAS DESTE ORIXÁ DEVERÃO 
SER FEITO NO GÊGE E SOMENTE NELE, ATÉ PORQUE 
AZIRI SÓ CHEGA EM ALGUM FILHO NOS RITUAIS DESTA 
NAÇÃO. SEU SÍMBOLO É A ESPADA E UMA SERPENTE. 
ESTE ORIXÁ TEM PARTICULARIDADES NA SUA FEITURA 
E DEVE SER FEITO PELO GÊGE PURO.
AZIRI é incontestavelmente um VODUN jeje embora muito pouco 
ainda se faz para esse Orixá tão lindo devido as complicações de 
seu culto...para muitos é uma espécie de oxum e para os ÈGBÁ é 
correspondente a IYEWÁ, é dengosa, glamurosa, delicada como 
uma flor mas também é uma cobra embrulhada para presente, 
esse vodun só era cultuado pelas mulheres da roça e era feito 
somente em meninas ainda sem virar moça ou seja as que ainda 
não tinham menstruação...isto era lei segundo as tradições 
daquela roça e de todo o povo Savalu que infelizmente Hoje em 
dia quase acabou, existem poucos desse povo tanto na 
Bahia(afro-descendentes)quanto na África.
 
Yabas: Mulheres Negras, Deusas, Heroínas e Orixás: personalidades sem 
fronteiras.
Sylvia Egydio; Kiusam Regina de Oliveira.
Da Kaballah hebraica ao império Yorubano
Verger nos mostra como os estudos desenvolvidos pelo Capitão Clapperton 
(Travels and Discoveries in Northen and África - 1822/1824) a partir de um 
manuscrito em língua árabe, trazido por ele do Reino de Takroor (atual Sokoto), 
naquela época dominado pelo Sultão Mohamed Bello, de Haussa, fornece dados 
analíticos comprovados sobre a origem dos povos africanos.
Eduardo Fonseca Júnior tendo como base esses estudos mostra que Opá 
Oranian (monólito de Oranian), um obelisco considerado o túmulo deste grande 
herói possui características de origem fenícia além de conter palavras 
pertencentes à Kaballah hebraica que são: YOD, RESH, VO, BETH e ALEPH, 
definição hebraica do nome YORUBÁ, cuja tradução seria a seguinte:
YOD - a divindade por ordem da
RESH - unidade psíquica do ser
VO - deu origem
BETH - ao movimento de luz, objeto central.
ALEPH - de estabilidade coletiva do homem.
Desta forma YOD e RESH comporiam as letras Y - O - R, o símbolo VO comporia 
a letra U, o símbolo BETH a letra B e o símbolo ALEPH a letra A. 
Veja:
YOD - YO
RESH - R
VO - U
BETH - B
ALEPH - A
Clapperton, desta forma, comprova a origem cabalística da palavra YORUBÁ, 
oriunda da localidade YARBA, que “ ... é sinônimo do termo YARRIBA, que os 
Haussas usam para identificar a palavra Yorubá.” No mesmo monólito encontra-
se a profecia que prevê a implantação do império Yorubano por Nimrod, sob o 
nome da divindade Oduduwá, “ ... por ordem da unidade psíquica do ser, seria 
por ordem de Deus.” E assim se deu a fundação da antiga cidade de Ilê Ifé, 
considerada o berço da cultura yorubana. Yorubá que aparece em alguns 
trabalhos como um grande país formado por cinco regiões: Oyó, Egbwa, Ibarupa, 
Ijebu e Ijexá.
Foram grandes os esforços no período colonialista franco-britânico a fim de 
destruir o culto e as tradições africanas. Assim, começou a batalha pela 
desmoralização das divindades africanas e, ESU/EXÚ, de Mensageiro e Deus da 
Fertilidade passou a ser divulgado como demônio. “Mesmo após as descobertas, 
por teólogos da implantação colonialista, da identificação total entre Olorum e 
Jeovah, os pesquisadores mantiveram e acirraram a campanha de 
desmistificação das religiões negras, classificando essas divindades como 
demônios pagãos”.
Na teogonia africana temos Olodumaré (Oló = Senhor, Odú = Destino, Maré = 
Supremo = Senhor do Destino Supremo) e Oduduwá (Odou = Fonte, da = 
Geradora, iwá = vida = Fonte Geradora da Vida) como os criadores da vida 
humana, sendo que Oduduwá uniu-se a Olokun (Oló = Senhora, Okun = Mar = 
Senhora do Mar) para gerar três filhos - Ogun, equivalente a Vulcano, senhor do 
ferro, fígado, agricultura; Ishedale, equivalente a Afrodite, senhora das águas e 
mãe de todas as ninfas e heroínas deificadas; e Okanbi, senhor do fogo, das 
conquistas e da justiça. “Da linhagem de Ogun, todos os Orixás morreram. Da 
linhagem da princesa Ishedale, nasceram deusas e ninfas, conhecidas por 
Ayabas. Da linhagem de Okanbi, nasceram os reis e heróis deificados tais 
como Xangô, Aganjú, Kori, Abipa, Abiedum e outros...”.
Os filhos de Okanbi dão início à epopéia dos heróis yorubanos

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