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03.Texto_01_A_formação_continuada__exigência_do_mundo_contemporâneo

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DISCIPLINA: Introdução aos Estudos Universitários I – UGF 100 
UNIDADE I: O mundo contemporâneo Aula 01 
TEXTO 01: A formação continuada: exigência do mundo contemporâneo 
 
A formação continuada: exigência do mundo contemporâneo 
 
Marta Lyrio da Cunha 
Docente do Departamento de Educação da Universidade Gama Filho – UGF 
 
O mundo contemporâneo está marcado por um processo de mudanças profundas e 
aceleradas, ocasionadas pela rápida transformação das descobertas científicas em inovações 
tecnológicas de repercussão global (DREIFUSS, 1996, p.25). Segundo este autor: “a aceleração 
tecnológica se torna fator (em aceleração) permanente (das condições, em constante metamorfose) do 
existir”. 
 
As transformações afetam as mais variadas esferas da sociedade, provocando mudanças 
econômicas, sociais, políticas, culturais, alterando, também, os comportamentos da vida cotidiana. Neste 
cenário contemporâneo de mudanças, fica nítida a importância da informação. Arruda (2000) afirma que a 
informação pode ser comparada à energia da era industrial. A valorização da informação na nova 
estrutura organizacional e técnica decorre dos avanços científicos, principalmente da área da 
microeletrônica. Com as tecnologias da informação e comunicação (TIC) modificam-se o tratamento, 
armazenamento e a disseminação da informação, gerando novos parâmetros para a sua circulação, 
transferência e comercialização. 
 
No entanto, de acordo com Moraes (2000), o mundo atual é absolutamente paradoxal: os 
avanços científicos e tecnológicos e as grandes conquistas da humanidade convivem simultaneamente 
com um processo de desumanização. 
 
Compartilhando essa preocupação, Kellner (apud SANTOS e MORAES, 2003, p.22), defende 
a tese de que as tecnologias podem ser utilizadas como poderosos instrumentos de dominação ou de 
emancipação, fortalecendo os trabalhadores. 
 
 Dupas (2001) também tece uma visão crítica do mundo contemporâneo. Para ele, a 
supervalorização dos resultados científicos e tecnológicos, apresentados pelos meios de comunicação 
como soluções mágicas, tem levado a humanidade a submeter-se acriticamente à ciência e à tecnologia. 
Ele enfatiza que as questões éticas devem orientar e prevalecer sobre a tecnologia, com a finalidade de 
provocar melhorias no bem-estar de toda a sociedade, e não apenas limitar-se a uma minoria privilegiada. 
 
Santos e Moraes (2003, p.21) também alertam para o estrondoso processo de exclusão social, 
diretamente proporcional ao crescente avanço científico e tecnológico. Esses autores apóiam-se em 
Apple (1995) que adverte para o fato de que: 
a tecnologia não pode ser vista como um processo autônomo, independente das intenções 
sociais, do poder e do privilégio, reivindica uma necessária ‘alfabetização social” que 
permitirá às pessoas compreenderem com seriedade o impacto da ciência e da tecnologia 
sobre o trabalho, assim como os seus efeitos sociais mais amplos. 
 
Analisando as conseqüências do impacto dos avanços científico-tecnológicos nas questões de 
trabalho, Deluiz (1995, p.19) constata profundas mudanças no processo produtivo, na organização do 
trabalho, nas relações sociais e nos níveis de emprego, os quais passam a exigir um trabalhador 
polivalente, com novas qualificações profissionais. Neste novo contexto, o profissional além de 
habilidades práticas precisa desenvolver: 
 
a capacidade de raciocínio abstrato e de análise, que o leve a pensar estrategicamente e a 
responder com criatividade a situações novas; capacidade sociocomunicativa que lhe dê 
condições de desenvolver trabalho cooperativo em equipe, e conhecimentos ampliados que 
possibilitem autonomia e a independência profissionais. 
 
Para a autora essas qualificações profissionais precisam ser entendidas sob uma perspectiva 
histórica, pois são fruto das necessidades econômicas, políticas, sociais e culturais da sociedade. Sendo 
assim, destaca o papel fundamental da educação na elevação da qualificação profissional, pois esta 
possibilita aos indivíduos dominarem os códigos simbólicos de uma sociedade científica e tecnológica, 
como sujeitos críticos e não apenas como objetos. 
 
 As novas demandas, impostas pela sociedade, também exigem um novo tipo de tecnologia. 
Os avanços no campo das telecomunicações possibilitaram a transição para uma tecnologia baseada em 
sistemas integrados e redes que interconectam várias organizações e indivíduos, facilitando o diálogo e 
transformando as relações de trabalho. 
 
 Segundo Moraes, estes novos instrumentos tecnológicos de trabalho e suas ferramentas, 
alteram a cultura ao possibilitar novas formas de fazer e de pensar. Como afirma a autora: 
a nova cidadania da cultura informatizada requer a aquisição de hábitos intelectuais de 
simbolização, de formalização do conhecimento, de manejo de signos e de representações 
que utilizam equipamentos computacionais. (MORAES, 2000, P.122) 
 
Lévy (1995) também considera que o uso das tecnologias digitais e das redes de comunicação 
possibilita o surgimento de novas maneiras de pensar e de conviver. Essas tecnologias prolongam 
determinadas capacidades cognitivas humanas, como a memória, a imaginação e a percepção, 
ampliando as possibilidades de criação e de aprendizagem cooperativa. Ainda segundo este autor, o uso 
destas tecnologias provoca uma “profunda mutação na relação com o saber” (LÉVY, 2003, p.172), na 
medida em que os indivíduos não estão mais diante de saberes estáveis; eles precisam aprender a lidar 
com o saber-fluxo, constituído por uma avalanche de informações, atualizadas em tempo real. 
 
Embora essas tecnologias permeiem, cada vez mais, todas as esferas da sociedade, as 
instituições educacionais ainda se encontram em dificuldade para acompanhar e se apropriar das TIC. 
 
Segundo Libâneo (2003), a incorporação das TIC na educação provoca a resistência de 
muitos docentes e alguns alunos. Para romper essa resistência, este autor propõe alguns objetivos 
norteadores no uso das TIC na educação: (a) democratizar os saberes socialmente construídos e 
significativos; (b) desenvolver capacidades cognitivas e o pensamento autônomo; (c) promover a leitura 
crítica e uma postura ativa diante das tecnologias; (d) desenvolver competências para viver no mundo 
informatizado e a autonomia para administrar seu próprio processo contínuo de aprendizagem; e (e) 
aprimorar o processo comunicacional entre educador-educando e seus respectivos saberes. 
 
Os aspectos aqui mencionados evidenciam que há um contexto novo, que impõe novos 
desafios a todos nós (docentes e alunos). Em um mundo cada vez mais unificado, conectado e 
complexo, torna-se indispensável que os profissionais da educação saibam se confrontar com os desafios 
que lhes são impostos. E a capacidade de enfrentar desafios exige, como nos alerta Morin (2003), uma 
reforma do pensamento para além da compartimentação dos saberes, o que pressupõe a aptidão para 
contextualizar, integrar e articular os conhecimentos a fim de promover a compreensão da realidade. 
 
Em face deste cenário, a formação continuada vem assumindo posição relevante. Segundo 
Nóvoa (1992), configura-se como um processo contínuo e dinâmico que envolve o desenvolvimento 
pessoal (articulando a autoformação e a experiência), profissional (confrontando os saberes da 
experiência com o saber científico) e organizacional (associando práticas formativas e contextos de 
trabalho). Está, assim, intimamente associado à experiência prática e à reflexão. Nóvoa ressalta que o 
desafio dos profissionais é manter-se atualizado. 
 
Neste sentido, a formação continuada refere-se a um processo de formação constante: o 
aprender sempre e em serviço, pois, como nos lembra Perrenoud (1998), não basta ampliar os recursos 
dos profissionais através das modalidades de reciclagem, treinamento ou aperfeiçoamento, já que o 
verdadeiro desenvolvimento profissional passa pela integração e aplicação dos conhecimentosem 
situações reais. 
 
 
Referências Bibliográficas: 
 
ARRUDA, M da C.C. A informação em questão ou a questão da informação? Boletim Técnico do 
Senac, Rio de Janeiro, v. 26, n. 3, p.29, set/dez., 2000. 
 
DELUIZ, N. Formação do Trabalhador: produtividade e cidadania. Rio de Janeiro: Shape Ed., 1995. 
 
DREIFUSS, R. A. A Era das Perplexidades: mundialização, globalização e planetarização: novos 
desafios. Rio de Janeiro: Vozes, 1996. 
 
DUPAS, G. Ética e poder na sociedade da informação. São Paulo: Editora UNESP, 2001. 
ss7b0743
Highlight
 
LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Ed 34, 2003. 
_______. Tecnologias da Inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Ed 
34, 1995. 
 
LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora?: novas exigências educacionais e 
profissão docente. São Paulo: Cortez, 2003. (Coleção Questões da Nossa Época, v.67) 
 
MORAES, M.C. O paradigma educacional emergente. Campinas, São Paulo: Papirus, 2000. 
 
MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma e reformar o pensamento. Rio de Janeiro: 
Bertrand Brasil, 2003. 
 
NÓVOA, António. Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992. 
 
PERRENOUD, P. Formação contínua e obrigatoriedade de competências na profissão de professor. In: 
BITAR, H. A. de F. et al. Idéias – Sistemas de avaliação educacional. São Paulo: SESP - Fundação 
para o Desenvolvimento da Educação – Diretoria de Projetos Especiais, 1998. 
 
SANTOS, G.L.; MORAES, R. de O. A educação na sociedade tecnológica. In SANTOS, G. L. (Org.) 
Tecnologias na educação e formação de professores. Brasília, DF: Plano Editora, 2003. 
 
 
Glossário (segundo o dicionário Michaelis): 
 
Informação: Ato ou efeito de informar. 2 Transmissão de notícias. 3 Comunicação. 4 Ação de informar-se. 5 
Instrução, ensinamento. 6 Transmissão de conhecimentos. 7 Indagação. 8 Opinião sobre o procedimento de alguém. 
9 Parecer técnico dado por uma repartição ou funcionário. 
Conhecimento: 1 Ato ou efeito de conhecer. 2 Faculdade de conhecer. 3 Idéia, noção; informação, notícia. 4 
Consciência da própria existência. 5 Ligação entre pessoas que têm entre si algumas relações, menos estreitas que 
as de amizade. 6 Pessoa com quem se tem relações. 
Emancipação: 1 Ato ou efeito de emancipar ou de se emancipar. 2 Dir Aquisição da capacidade civil antes da idade 
legal (Clóvis Beviláqua). 3 Alforria, libertação. 
Ética: 1. Parte da Filosofia que estuda os valores morais e os princípios ideais da conduta humana. É ciência 
normativa que serve de base à filosofia prática. 2 Conjunto de princípios morais que se devem observar no exercício 
de uma profissão. 
Compartimentação: 1. Divisão em compartimentos.

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