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MATERIA COMPLETA DE EMPRESARIAL IV

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 AULA DO DIA 22/02/2021: 
 
4 DIREITO CONCURSAL 
O Direito Concursal é um ramo do Direito que cuida dos processos concursais. Na seara 
empresarial, atem-se aos processos concursais empresariais. Em se tratando de 
ordenamento jurídico brasileiro, existem processos concursais afetos ao empresário, de modo 
geral, mas existem normas processuais que se destinam certos e determinados empresários, 
tratando-os de modo especial. Há, também, normas concursais que se aplicam a sujeitos de 
direitos que não se enquadram como empresários. 
Nesse sentido, diversas normas foram criadas para assegurar a ordem do mercado e, quanto 
aos processos concursais, medidas legislativas foram adotadas para disciplinar a liquidação 
do patrimônio de agentes econômicos que apresentassem estado de crise econômico-
financeira. Além disso, desencadeou-se a criação de mecanismos de recuperação do 
empresário insolvente. 
A produção de tais normas no ordenamento jurídico brasileiro ocorreu de forma dispersa, 
sendo que, hodiernamente, existem diversos diplomas legais que tratam dos processos 
concursais. Além da lei n. 11.101/05, nominada Lei de Falências e Recuperação de 
Empresas, única a prever a recuperação como modo alternativo à liquidação do insolvente, 
vigoram outras normas que tratam da insolvência, sendo que nenhuma das demais leis 
concursais traduzem a preocupação com a recuperação do agente malsucedido. 
No ordenamento brasileiro temos a Lei n. 6.024/74, que dispõe sobre a intervenção e a 
liquidação extrajudicial de instituições financeiras, o Decreto-Lei n. 73/66, que trata da 
liquidação das seguradoras quando se configura a insolvência econômico-financeira, e a Lei 
n. 5.764/71, que disciplina o regime jurídico das sociedades cooperativas. No mesmo sentido, 
a Lei n. 13.105/15 - Código de Processo Civil, estabelece no seu artigo 1.052 que até a edição 
de lei específica, as execuções contra devedor insolvente, em curso ou que venham a ser 
propostas, permanecem reguladas pelo Livro II, Título IV, da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 
1973, que trata do processo de insolvência civil e do concurso universal de credores. 
A existência do emaranhado de leis que disciplinam a insolvência no Brasil não coaduna com 
a tendência dos modernos ordenamentos jurídicos de unificar os procedimentos concursais. 
Alemanha, Espanha e Portugal são exemplos de países nos quais a unificação do Direito 
Concursal, empresarial e civil, é uma realidade. (RIBEIRO, 2008, p. 540) 
No mesmo sentido, nos Estados Unidos da América, além da unificação do Direito Concursal, 
o reconhecimento da importância de toda e qualquer atividade que promova o 
desenvolvimento econômico e social é conferido pela Bankruptcy Act, que permite o 
soerguimento dos empresários e dos não empresários. Neste país, modernas teorias foram 
adotadas para soerger os agentes econômicos durante a crise financeira de 2007/2010, como 
a too big to fail theory[1]. 
No Brasil, permanece a insolvência civil como procedimento autônomo, que regulamenta 
apenas o procedimento de liquidação, não possibilitando o soerguimento do executado. 
https://www.sfweb.com.br/famig/app/view/salaaula/aluno/view.php?disciplina=213&view&id=3744#_ftn1
Atualmente, destacam-se como disciplinas mais estudadas no âmbito do Direito Concursal a 
Falência e a Recuperação de Empresas, institutos consagrados pela lei geral de insolvência 
empresarial, lei 11.101/05. 
Surgimento do Direito Concursal no Brasil 
No Brasil, a legislação concursal empresarial surgiu com o Código Comercial de 1850. Frise-
se que o Código Comercial foi a primeira lei efetivamente brasileira a tratar de falência, haja 
vista se aplicar no Brasil a legislação portuguesa, mesmo depois da proclamação da 
independência. A quebra se caracterizava pela cessação de pagamentos, tal como 
disciplinado na Parte III do Código Imperial, que durante quarenta anos vigorou em meio a 
edição de decretos que tratavam de questões pontuais em matéria falimentar. 
Em outubro de 1890, a legislação falimentar brasileira sofreu considerável alteração. O 
Decreto Republicano de n. 917, com pontos criticáveis, surgiu e sucumbiu em meio ao clamor 
de que uma lei nova coibisse os abusos que tanto prejudicavam ao crédito particular. Em 
dezembro de 1908, a Lei n. 2.024 aperfeiçoou os princípios que informavam o Decreto 
Republicano de n. 917, além de simplificar alguns aspectos processuais e corrigir 
imperfeições práticas. Posteriormente, em 1945, a falência e a concordata passaram a ser 
regulada pelo Dec. lei n. 7.661. Esse decreto vigorou por sessenta anos em nosso 
ordenamento até o advento da lei n. 11.101/05. 
Concomitantemente com a evolução das leis alusivas aos processos concursais empresariais, 
diversas outras leis foram surgindo para tratar de processos concursais de alguns 
empresários em especial, ou mesmo para disciplinar o concurso de credores de devedores 
não empresários. Desse modo, surgiram as Leis n. 6.024/74, 5.764/71, 5.869/73 (CPC), além 
de alguns decretos, tais como o Decreto-Lei n. 73/66, que trata da liquidação das seguradoras. 
Por fim, em 2005, a legislação concursal empresarial foi renovada, entrando em vigor a Lei n. 
11.101, cuja tônica consiste na preservação da empresa e sua repercussão no mercado. Além 
disso, a nova revela o reconhecimento e prestígio que o legislador, diante da Constituição, 
conferiu à atividade geradora de riquezas. Tal lei geral coexiste com outras leis relativas a 
processos concursais empresariais especiais, ou que tratam da insolvência de não 
empresários. 
Falência 
A falência é um processo de execução concursal. O Estado regula o exercício da atividade 
econômica, além de se importar com a liquidação de uma atividade em crise (visando uma 
possível recuperação, iniciando um processo de dissolução e de liquidação). 
Veja o preconiza a Constituição da República e seu artigo 170: 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, 
tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, 
observados os seguintes princípios: 
I - soberania nacional; 
II - propriedade privada; 
III - função social da propriedade; 
IV - livre concorrência; 
V - defesa do consumidor; 
VI - defesa do meio ambiente; 
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto 
ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; 
VII - redução das desigualdades regionais e sociais; 
VIII - busca do pleno emprego; 
IX - tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital nacional de pequeno porte. 
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis 
brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. 
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, 
independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. 
Recuperação Judicial 
Para que ocorra a recuperação judicial o Estado intervém com uma Lei específica que visa 
compatibilizar a salvaguarda do patrimônio empresarial com os interesses sociais. Trata-se 
da Lei nº 11.101/05 que regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do 
empresário e da sociedade empresária. 
Concordata 
É um instituto de criação falimentar que foi aplicado principalmente na Idade Média. No 
exercício da mercancia a concordata apareceu como um remédio jurídico legal, visando 
humanizar a execução do devedor comerciante, objetivando sustar a decretação da falência 
e das maléficas e danosas consequências para a empresa e para o comércio. 
Na concordata não havia um contrato, mas uma pretensão jurídica. Não se tratava de um 
negócio jurídico, e sim de um direito de se pleitear a prestação jurisdicional do Estado para a 
possível viabilização e reorganização financeira e econômica do comerciante (devedor).5 INFOGRÁFICO 
 
 
6 DICA DO PROFESSOR 
Atualmente, não existem novos pedidos de concordata, restando ativos, somente, os 
processos anteriores a promulgação da Lei 11.101/05. Salienta-se que em 2005, a legislação 
concursal empresarial foi renovada, entrando em vigor a Lei n. 11.101, cuja tônica consiste 
na preservação da empresa e sua repercussão no mercado. Além disso, a nova revela o 
reconhecimento e prestígio que o legislador, diante da Constituição, conferiu à atividade 
geradora de riquezas. Tal lei geral coexiste com outras leis relativas a processos concursais 
empresariais especiais, ou que tratam da insolvência de não empresários. 
8 PRATICANDO 
Comente o seguinte artigo da Lei 11.101/05: 
Art. 1º Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do 
empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor. 
CONCLUSÃO 
Durante o percurso, estarei sempre a sua disposição para auxílio. De todo modo, é útil lembrar 
que a caminhada é de cada um e, por vezes, você poderá sentir-se solitário. É assim mesmo. 
A essa altura da vida, você já deve saber que a aprendizagem é um processo solitário e 
doloroso; isso porque faz pensar e afasta certezas, para a construção de um novo 
conhecimento. É assim que a gente aprende. Temos várias formas de comunicação, 
individualizada ou coletiva, que poderão ser utilizadas à vontade. 
Tenho a certeza de que, uma vez seguidas as orientações constantes no cronograma 
apresentado, tudo terminará bem. Mas não se esqueça de que você será o construtor da sua 
obra. Estaremos, porém, sempre a seu lado para garantir a solidez da aprendizagem. 
Vamos trilhar paralelamente os desafios que virão, e espero que, no final, o trabalho seja 
gratificante. 
AULA DO DIA 22/02/2021 – PARTE 2: 
 
4 LEI GERAL DE FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 
Consideração inicial 
Considerando que a lei 11.101/05 é a norma geral de insolvência empresarial, o estudo se 
segue conforme seus institutos, embora o leitor seja conduzido à comparações e comentários 
relativo a outras normas atinentes aos processos concursais presentes no direito brasileiro. 
Sendo assim, cabe tratar dos aspectos gerais da lei 11.101/05. 
Princípios norteadores da lei 11.101/05 
A lei 11.101/05 foi concebida a partir de diversos princípios norteadores com fundamento nos 
quais o legislador elaborou uma norma que permite a empresa em crise, mas viável, soerguer-
se. Em que pese a gama de princípios suscitados pelo legislador e pela doutrina pátria, é 
possível sintetizá-los, conforme se segue. 
Princípio da função social da empresa 
O princípio da função social da empresa decorre do princípio constitucional da função social 
da propriedade. A lei se estrutura na ideia de que a empresa não satisfaz interesses apenas 
dos empresários ou dos sócios ou acionistas. Em verdade, ao assumir papel de destaque na 
economia, a empresa congrega interesses supra e metaindividuais. Dado o fato de possuir 
uma função social, na medida em que decorre do seu exercício repercussões positivas para 
a sociedade de forma geral, a empresa tem um papel a cumprir no cenário nacional, pois dela 
também é exigida uma participação no desenvolvimento. 
Nesse sentido, a função social da empresa consiste na geração de lucros para o empresário 
sem, contudo, prejudicar terceiros. Isto é, a função social da empresa é gerar lucros. Porém, 
o lucro não pode ser superior aos interesses que gravitam em torno da empresa. Nesse 
sentido, uma empresa que gera lucro, mas viola direito dos trabalhadores, dos consumidores, 
ou provoca danos ambientais, dentre outros, não cumpre sua função social. 
Tal princípio é de suma importância, pois, para que se fale em recuperação de empresas, 
necessário se faz analisar se viável é a manutenção da sua função social. 
Princípio da preservação da empresa 
Com estreita correlação com o princípio da função social da empresa está o princípio que 
orienta sua preservação, pois, a conservação se fundamenta na função social que da 
atividade decorre. O interesse em mantê-la advém da repercussão da empresa na sociedade 
e na economia, e da função social que ela cumpre. 
Em razão de gerar empregos, renda, promover o desenvolvimento econômico, tecnológico, 
arrecadar tributos, dentre outras repercussões sociais, a empresa deve ser conservada, não 
significando dizer, entretanto, que se está preservando o empresário. Exatamente por isso, a 
preservação da empresa se concentra na preservação do acervo patrimonial em conjunto, 
posto que este aparato é, em regra, o que permite a continuação da empresa, ainda que por 
outro empresário que venha adquiri-lo. 
O interesse em se preservar a atividade empresária é tamanho que, antes mesmo da falência, 
a legislação falimentar confere ao devedor a recuperação de empresas. Esse instituto serve 
para, por meio de alguns mecanismos de recuperação, viabilizar a superação da situação de 
crise econômico-financeira a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego 
dos trabalhadores e dos interesses dos credores. Desse modo, promove-se a preservação da 
empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. 
Princípio da viabilidade da empresa 
A concepção de se preservar a empresa está calcada na viabilidade de tal atividade. De nada 
vale buscar a preservação de uma atividade minguante, ou mesmo de uma atividade que 
promova a degradação ambiental, dentre outras violações de direitos. 
A empresa saudável, mas em crise momentânea e superável, deve sim ser preservada para 
que cumpra sua função social. 
Nesse sentido, o foco do instituto da recuperação é a empresa viável, do contrário, o caminho 
inevitável é o da falência. Lembre-se que a continuidade de uma empresa inviável no cenário 
econômico é, inclusive, prejudicial ao equilíbrio da ordem econômica e, portanto, de mercado 
deve ser retirada. 
Princípio da tutela dos interesses dos credores 
Ao lado dos interesses em se preservar a empresa para que ela cumpra sua função social, 
há os interesses dos credores, que devem ser tutelados. Tais credores, costumeiramente, são 
outros empresários, tais como fornecedores, parceiros comerciais, agentes, ou mesmo podem 
ser trabalhadores, consumidores, dentre outros. 
Desse modo, o princípio da relevância dos interesses dos credores ganha destaque, pois o 
procedimento falimentar privilegia a vontade e os interesses deles, inclusive conferindo papel 
relevante na tomada de decisões que podem afetá-los. Sendo assim, o referido princípio 
informa os procedimentos falimentares e de recuperação, e determina que os operadores do 
Direito observem os interesses dos credores de forma igualitária e sem discriminação. 
Princípio da “pars conditio creditorum” 
Em se tratando de execução coletiva, no qual, não obrigatoriamente, podem figurar diversos 
credores, a necessidade de quantificar e qualificar o crédito de cada um deles é imperiosa. 
Contudo, não apenas a quantificação e a qualificação são as únicas razões do processo 
concursal, pois a necessidade de conferir tratamento igualitário aos diversos credores de um 
devedor insolvente é que justificam a execução coletiva. Para que não haja a satisfação total 
do crédito de alguns credores, em detrimento a outros em igualdade de condições, deve-se 
tratar com os mesmos critérios os credores, segundo a quantificação e a qualificação dos 
seus créditos. 
Decorrente do princípio constitucional da isonomia, o princípio da pars condicio 
creditorum informa ao operador do Direito que o tratamento dos credores deve ser isonômico, 
pois credores com a mesma classificação dos créditos merecem tratamento isonômico, ao 
passo que credores com créditos em classificações distintas devem ser tratados 
desigualmente. 
Princípio da maximização dos ativos 
Como o produto da alienação dos ativos do devedor se reverte para, dentre outros, o 
pagamento dos credores, quantomais se arrecadar, maior a possibilidade de efetivar o 
pagamento do maior número de credores, em maior quantidade. 
Além da alienação do ativo, a continuação da atividade da empresa pode gerar divisas para 
a massa falida, cujos valores serão revertidos, direta ou indiretamente, em prol dos credores. 
Percebe-se que a tônica do processo falimentar consiste na maximização dos ativos de modo 
a preservar os interesses dos credores que habilitaram seus créditos no juízo falimentar. 
Assim, todas as medidas tomadas pelos atores na falência ou recuperação de empresas 
devem observar a necessidade de se preservar ou aumentar os ativos, sob pena de se 
prejudicar os interesses relativos ao pleno pagamento dos credores. 
Princípio do juízo universal 
Diante da possível pluralidade de credores, necessário se faz reunir todos eles em um mesmo 
juízo, que faz a apuração dos haveres e paga a cada credor segundo a ordem de classificação 
do seu crédito, nos limites do ativo arrecadado. 
A Lei n. 11.101/05 define como juízo competente para conhecer do pedido e decretar a 
falência do devedor empresário, ou sua recuperação, o do local onde este possuir seu 
principal estabelecimento ou, ainda, da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil. 
Sendo assim, como regra geral, o art. 76, da Lei n. 11.101/05 determina que o juízo universal 
é indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens, interesses e negócios 
do falido. Embora o juízo falimentar seja uma vis attractiva, a legislação estabelece algumas 
exceções, dentre as quais se pode citar as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não 
reguladas pela Lei n. 11.101/05. 
As ações não reguladas pela lei de falência que correspondem a exceção ao juízo universal 
são aquelas em que for parte a União, entidades autárquicas ou empresas públicas, na 
condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, as ações relativas a imóveis, cuja 
competência seja determinada pela situação do bem, de forma absoluta, ou, ainda, as ações 
que demandarem quantias ilíquidas, iniciadas antes da decretação da falência, nas quais o 
devedor tenha sido citado anteriormente à sentença de quebra. 
No que toca às ações em que for parte a União, entidades autárquicas ou empresas públicas, 
na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, o critério de competência é definido 
pela Constituição da República, em seu art. 109, inciso I. 
As ações relativas a imóveis, cuja competência seja determinada pela situação do bem, de 
forma absoluta, encontram amparo no art. 47, do Código de Processo Civil. 
As ações que demandarem quantias ilíquidas, iniciadas antes da decretação da falência, nas 
quais o devedor tenha sido citado anteriormente à sentença de quebra, como exceção à regra 
do juízo universal, estão dispostas no art. 6º, §1º, da Lei n. 11.101/05. Faculta-se ao credor 
requerer ao juízo universal a reserva dos valores demandados em ações que demandarem 
quantias ilíquidas, além da inclusão do crédito na classe própria. 
Notoriamente, as ações trabalhistas são processadas e julgadas nos juízos da Justiça do 
Trabalho e o crédito apurado no juízo trabalhista deve ser habilitado no juízo universal da 
falência. É, também, facultado ao credor obreiro requerer ao juízo universal a reserva dos 
valores demandados em ações trabalhistas, além da inclusão do crédito na respectiva classe. 
Quanto aos créditos fiscais, as execuções que visam a cobrá-los prosseguem nos juízos de 
execuções fiscais, e não são atraídas para o juízo falimentar, permanecendo no juízo da 
execução fiscal. 
Por fim, há que se ressaltar que, independentemente da verificação periódica perante os 
cartórios de distribuição, as ações que venham a ser propostas contra o devedor deverão ser 
comunicadas ao juízo da falência ou da recuperação judicial, quer seja pelo juiz competente, 
quando do recebimento da petição inicial, quer seja pelo devedor, imediatamente após a 
citação. 
Princípio da celeridade ou da razoável duração do processo 
Embora seja um assunto recorrente, a celeridade processual no cenário nacional é 
questionável diante da sobrecarga de serviço do Poder Judiciário, fato notório e lastimável. 
Erigida a princípio, a celeridade é observada na elaboração de diversas leis em nosso 
ordenamento jurídico, como também ocasionou a alteração do texto constitucional pela 
Emenda Constitucional n. 45, estabelecendo em seu art. 5º, inciso LXXVIII, que, a todos, no 
âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios 
que garantam a celeridade de sua tramitação. 
Nesse sentido, a lei 11.101/05, em seu art. 76, parágrafo único, determina que o processo de 
falência atenda aos princípios da celeridade e da economia processual. Sabe-se, entretanto, 
que tal norma demanda para sua observância muito mais uma reforma do Poder Judiciário e 
das leis processuais, do que propriamente sua aplicação pelos magistrados nos foros. 
5 DEVEDOR EMPRESÁRIO SUJEITO À LEI 11.101/05 
A Lei 11.101/05 disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do 
empresário e da sociedade empresária. Sendo assim, tem-se que todo devedor empresário 
está sujeito aos institutos da referida lei, salvo algumas exceções. 
Inicialmente, cabe destacar que aqueles que não são considerados empresários não estão 
sujeitos aos ditames da lei 11.101/05. Assim, as sociedades simples, os agricultores que não 
se tornarem empresários, as cooperativas, dentre outros sujeitos que não se enquadrarem no 
conceito do art. 966, do Código Civil, não estão sujeitos à recuperação ou à falência. 
No mesmo sentido, a sociedade irregular, ou seja, aquela que não possui ou cujos atos 
constitutivos não estiverem arquivados perante o registro público de empresas mercantis não 
poderão obter a recuperação de empresas, mas poderão ter a sua falência decretada. 
Como a lei 11.101/05 é lei geral, aplicam-se a aguns sujeitos de direitos leis especiais sobre 
concurso de credores. Nesse sentido, o art, 2º da LFRE elenca aqueles que a ela não se 
submetem. 
A primeira exceção expressa no art. 2º da lei 11.101/05 se refere à empresa pública. Ao excluir 
tal agente econômico de sua aplicação, a lei 11.101/05 retira a possibilidade de se decretar a 
falência da empresa pública. A concepção de uma empresa que atua nos setores de interesse 
público é incompatível com sua falência, haja vista o fato de que seu capital está nas mãos 
do Estado. Isso significa dizer que sua existência está calcada na primazia do interesse 
público. 
Ademais, a criação da empresa pública se dá por ato normativo, devendo sua extinção ocorrer 
com paridade de forma, ou seja, também por um ato normativo. 
No mesmo sentido, a sociedade de economia mista não se submete aos ditames da lei 
11.101/05, por disposição expressa desse diploma. Considerando que a sociedade de 
economia mista possui capital público e privado, sua situação perante o ordenamento é 
peculiar em relação à aplicação ou não da lei 11.101/05. 
Em verdade, tanto a empresa pública quanto a sociedade de economia mista representam 
uma obediência do legislador ao art. 173, da Constituição Federal, ao observar que a 
exploração da empresa pelo Estado ocorre se for necessário em razão dos imperativos da 
segurança nacional ou por relevante interesse coletivo. Assim, o Estado, ao se tornar agente 
econômico, intervindo na economia como se empresário fosse, pode se utilizar da empresa 
pública ou da sociedade de economia mista. 
Porém, nos termos do art. 173, em seu §1º, inciso II, ao se lançar no mercado como se 
empresário fosse, o Estado se submete ao regime jurídico próprio das empresas privadas, 
especialmente no que diz respeito às obrigações civis, empresariais, trabalhistas e tributárias. 
Sendo assim, em razão do regime de concorrência leal, deveria a lei 11.101/05 se aplicar à 
empresas públicas e às sociedades de economia mista, uma vez que a constituiçãodetermina 
a submissão do Estado ao regime jurídico próprio das empresas privadas quando ele atuar 
diretamente no domínio econômico de forma empresarial. Mas não é o que se verifica, pois o 
art. 2º, inciso I, da LREF exclui de sua aplicação as empresas públicas e às sociedades de 
economia mista. 
É, também, excluída da submissão à lei 11.101/05, a instituição financeira, seja ela pública ou 
privada. A instituição pública segue a regra das empresas públicas ou das sociedades de 
economia mistas. Quanto às instituições financeiras privadas, seu regime de insolvência é 
disciplinado pela lei 6.024/74, que dispõe sobre a intervenção e a liquidação extrajudicial de 
instituições financeiras, e dá outras providências. 
Isso significa dizer que um credor não pode pedir a falência de uma instituição financeira. 
Contudo, pode a instituição financeira falir, se constatada alguma das hipóteses previstas na 
lei 6.024/74, desde que o pedido judicial seja formulado pelo interventor nomeado pelo Banco 
Central do Brasil, mediante a autorização da autoridade monetária. 
As hipóteses para o pedido de falência e aplicação da lei 11.101/05 às instituições financeiras 
estão na lei 6.024/74, em seus artigos 12, “d” e 21, “b”. Assim, pode o Bacen autorizar o 
interventor a requerer a falência da instituição financeira quando o seu ativo não for suficiente 
para cobrir sequer metade do valor dos créditos quirografários, ou quando julgada 
inconveniente a liquidação extrajudicial, ou, ainda, quando a complexidade dos negócios da 
instituição ou a gravidade dos fatos apurados aconselharem a medida. 
No mesmo sentido, a vista do relatório produzido pelo interventor, o BCB pode autorizar o 
liquidante a requerer a falência da entidade, quando o seu ativo não for suficiente para cobrir 
pelo menos a metade do valor dos créditos quirografários, ou quando houver fundados 
indícios de crimes falimentares, previstos na lei 11.101/05. 
Aplica-se a lei 6.024/74 às cooperativas de crédito, que também são excluídas da aplicação 
direta da lei 11.101/05, apenas podendo falir se constatadas as hipóteses da lei 6.024/74, em 
seus artigos 12, “d” e 21, “b”. 
A lei 11.101/05 exclui do seu âmbito de aplicação o consórcio, sendo este entendido como o 
consórico de consumo de bens e serviços. Disicplinada pela Lei 11.791/2008, 
as administradoras de consórcios são submetidas, conforme art. 39, aos ditames da Lei 
6.024/74, além do Decreto-Lei no 2.321/87, e da Lei no 9.447/97. 
Assim sendo, a falência das administradoras do consórcio, e não do conórcio em si, pode ser 
decretada se o interventor ou liquidante assim o requerer, desde que autorizado pela 
autoridade monetária. 
A entidade de previdência complementar e a sociedade operadora de plano de assistência à 
saúde também não estão submetidas diretamente aos institutos da lei 11.101/05. Assim, de 
acordo com a lei 9.656/98, tais sujeitos de direitos sujeitar-se-ão ao regime de falência 
quando, no curso da liquidação extrajudicial promovida pela Agência Nacional de Saúde, 
forem verificadas uma das seguintes hipóteses: a) o ativo da massa liquidanda não for 
suficiente para o pagamento de pelo menos a metade dos créditos quirografários; b) o ativo 
realizável da massa liquidanda não for suficiente, sequer, para o pagamento das despesas 
administrativas e operacionais inerentes ao regular processamento da liquidação extrajudicial; 
c) nas hipóteses de fundados indícios de crimes falimentares. 
Também excluídas da aplicação direta da lei 11.101/05, as sociedades seguradoras apenas 
poderão ter sua falência pedida liquidante ou interventor após a decretação da sua liquidação 
extrajudicial, constatando-se que o ativo não é suficiente para o pagamento de pelo menos a 
metade dos credores quirografários, ou, ainda, quando houver fundados indícios da 
ocorrência de crime falimentar. O procedimento de liquidação extrajudicial corre perante a 
Superintendência de Seguros Privados – Susep, nos termos art. 26, do Decreto-Lei 73/66. 
Por fim, à sociedade de capitalização não se aplica diretamente a lei 11.101/05, em razão do 
art. 2º, inciso II. Tais sociedades são reguladas pelo Decreto-Lei 261/67, que em seu artigo 4º 
determina a aplicabilidade do Decreto-Lei 73/66 no que toca à insolvência. Assim, uma vez 
decretada pela Susep a liquidação extrajudicial e se constatado que o ativo não é suficiente 
para o pagamento de pelo menos da metade dos credores quirografários, ou, ainda, quando 
houver fundados indícios da ocorrência de crime falimentar, pode o interventor ou liquidante 
pedir a falência da sociedade de capitalização. 
 
 
 
 
 
6 INFOGRÁFICO 
 
7 DICA DO PROFESSOR 
A Lei 11.101/05 disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do 
empresário e da sociedade empresária. Sendo assim, tem-se que todo devedor empresário 
está sujeito aos institutos da referida lei, salvo algumas exceções. 
Inicialmente, cabe destacar que aqueles que não são considerados empresários não estão 
sujeitos aos ditames da lei 11.101/05. Assim, as sociedades simples, os agricultores que não 
se tornarem empresários, as cooperativas, dentre outros sujeitos que não se enquadrarem no 
conceito do art. 966, do Código Civil, não estão sujeitos à recuperação ou à falência. 
 
 
9 PRATICANDO 
Comente o seguinte artigo da Lei 11.101/05: 
Art. 1º Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do 
empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor. 
CONCLUSÃO 
Durante o percurso, estarei sempre a sua disposição para auxílio. De todo modo, é útil lembrar 
que a caminhada é de cada um e, por vezes, você poderá sentir-se solitário. É assim mesmo. 
A essa altura da vida, você já deve saber que a aprendizagem é um processo solitário e 
doloroso; isso porque faz pensar e afasta certezas, para a construção de um novo 
conhecimento. É assim que a gente aprende. Temos várias formas de comunicação, 
individualizada ou coletiva, que poderão ser utilizadas à vontade. 
Tenho a certeza de que, uma vez seguidas as orientações constantes no cronograma 
apresentado, tudo terminará bem. Mas não se esqueça de que você será o construtor da sua 
obra. Estaremos, porém, sempre a seu lado para garantir a solidez da aprendizagem. 
Vamos trilhar paralelamente os desafios que virão, e espero que, no final, o trabalho seja 
gratificante. 
 AULA DO DIA 01/03/2021: 
4 COMPETÊNCIA PARA OS PEDIDOS DE FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 
A distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial previne a jurisdição para 
qualquer outro pedido de recuperação judicial ou de falência relativo ao mesmo devedor. 
Nos termos do art. 3º da lei 11.101/05, a competência absoluta para homologar o plano de 
recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência é do juízo do 
local do principal estabelecimento do devedor. 
Com efeito, o STJ já afirmou que a competência para pedidos de falência é absoluta. Não se 
trataria de uma competência territorial, mas de uma competência em razão da matéria 
específica. Assim, a incompetência poderia ser reconhecida de ofício e não dependeria de 
exceção para ser alegada. Ademais, não seria possível a prorrogação da competência. 
A nosso ver, efetivamente trata-se não apenas de uma hipótese de competência absoluta, 
mas de uma hipótese de competência territorial absoluta. Normalmente, a competência 
territorial é relativa, no entanto, tal regra tem exceções, isto é, há casos de competência 
territorial absoluta, como o foro da situação do imóvel (Novo CPC – art. 47).106 
O que justifica a competência como absoluta ou relativa são os interesses envolvidos. Quando 
a fixação da competência envolver interesses exclusivamente privados, estaremos diante de 
competência relativa. De outro lado, se a fixação da competência envolver um interesse 
público, estaremos diante de competênciaabsoluta. No caso da Lei no 11.101/2005, estamos 
claramente em uma hipótese de interesse público para a fixação da competência, na medida 
em que há um interesse maior para a solução das crises da empresa. Por isso, a competência 
para tais processos é absoluta. (TOMAZETTE, 2017, p. 72) 
Não é tarefa fácil definir, taxativamente, qual é o principal estabelecimento do devedor. 
Quando se está diante de complexa organização empresarial, a definição se torna árdua. 
Existem algumas correntes doutrinárias que propõem uma definição de principal 
estabelecimento. 
A primeira corrente defende que o principal estabelecimento é a sede estatutária ou 
contratual, definida no contrato ou no estatuto social. Tal corrente não se apresenta como a 
mais abalizada até mesmo por questões práticas. Imagine-se que uma sociedade empresária, 
ao ingressar em estado de crise altere seu estatuto social com a finalidade de definir a 
competência para o pedido de falência em localidade afastada de onde estão seus credores 
ou de onde se localizam seus bens. Tal possibilidade seria extremamente prejudicial aos 
credores e danosa à própria finalidade de processo concursal. 
A segunda corrente, adotada por Rubens Requião, sustenta que o principal estabelecimento 
é o da sede administrativa, local onde ocorre a administração da atividade empresarial, ou 
seja, onde está a direção geral dos negócios. 
Por fim, a terceira corrente, capitaneada por Fábio Ulhoa Coelho, entende que o principal 
estabelecimento é o daquele local onde se situa o maior complexo de bens do empresário, 
tratando-se de critério claramente econômico. Tal corrente sustenta que o processo concursal 
visa, dentre outras coisas, a alienar o ativo para solver o passivo. Assim, a proximidade do 
juízo em relação ao complexo de bens favorece a administração e a realização do ativo, bem 
como o pagamento dos credores. 
Dos três critérios apontados pelas correntes doutrinárias e jurisprudenciais, os dois últimos 
são realmente considerados, havendo oscilação entre a adoção de uma ou outra posição para 
a definição da competência. Há que se ressaltar que é comum estarem no mesmo local o 
complexo de bens e a sede administrativa da empresa. Entretanto, diante da descentralização 
oriunda de uma atuação cada vez mais organizada, expansiva e global, é compreensível que 
a sede administrativa possa estar em local distinto do complexo de bens do empresário. 
Nesse sentido, parece razoável acreditar que, em cada caso concreto é que se verificaria a 
competência, considerando o local do centro administrativo ou o local do complexo de bens. 
Contudo, a insegurança que tal entendimento possa ocasionar, faz com que um 
posicionamento seja adotado, prevalecendo o critério econômico. Isso em razão do princípio 
da celeridade processual, pois a proximidade do juízo com o complexo de bens evita a 
perenização do processo, o que pode culminar com a violação de vários outros princípios, 
entre eles o da preservação da empresa. 
A nosso ver, por mais impreciso que seja o termo, é aconselhável interpretá-lo para se chegar 
a uma definição do que venha a ser o principal estabelecimento. 
Também não acreditamos que a sede contratual ou estatutária seja a melhor interpretação 
para o principal estabelecimento, na medida em que, se a Lei quisesse falar da sede, usaria 
esse termo mais presente na legislação. Ademais, tal interpretação permitiria que sujeitos de 
má-fé afastassem o foro competente, inviabilizando a atuação mais próxima dos credores no 
processo e, com isso, desvirtuando o funcionamento dos processos referentes às crises da 
empresa. 
Afastada a ideia da sede do registro como principal estabelecimento, restam duas 
interpretações possíveis: o local de maior volume econômico e o local do comando 
administrativo. Embora reconheçamos que a jurisprudência tem praticamente pacificada a 
interpretação da sede administrativa, acreditamos que a melhor interpretação é a que 
enquadra o principal estabelecimento como o de maior volume econômico. 
O local de maior movimentação econômica é provavelmente o local onde serão realizados 
mais negócios e onde o devedor terá mais bens. Em razão disso, em prol da efetividade dos 
processos de falência e recuperação judicial ou extrajudicial, esse deve ser o foro competente. 
Na falência, tal foro permitirá a melhor e mais ágil arrecadação de bens para o pagamento 
dos credores. Na recuperação judicial ou extrajudicial, o maior volume de credores estaria 
centralizado nesse lugar e, por isso, poderia se manifestar no processo. (TOMAZETTE, 2017, 
p. 69-70) 
Há que se ressaltar que, tratando-se de filial de empresa que tenha sede fora do Brasil, a 
competência é do local onde se estabelece a filial. 
A questão da falência de empresas que sejam multinacionais é tema relevante. Fora da União 
Europeia, a sistematização supranacional de normas relativas à insolvência empresarial é 
carecedora de estudos, efetiva normatização, além de critérios que possam promover uma 
superação das fronteiras para alcançar o patrimônio da matriz do devedor, a fim de reparar 
danos causados pelas filiais nos países que sobrevier a falência. 
5 INFOGRÁFICO 
 
6 DICA DO PROFESSOR 
Embora reconheçamos que a jurisprudência tem praticamente pacificada a interpretação da 
sede administrativa, acreditamos que a melhor interpretação é a que enquadra o principal 
estabelecimento como o de maior volume econômico. 
O local de maior movimentação econômica é provavelmente o local onde serão realizados 
mais negócios e onde o devedor terá mais bens. Em razão disso, em prol da efetividade dos 
processos de falência e recuperação judicial ou extrajudicial, esse deve ser o foro competente. 
Na falência, tal foro permitirá a melhor e mais ágil arrecadação de bens para o pagamento 
dos credores. Na recuperação judicial ou extrajudicial, o maior volume de credores estaria 
centralizado nesse lugar e, por isso, poderia se manifestar no processo. (TOMAZETTE, 2017, 
p. 70) 
 
7 PRATICANDO 
Comente o seguinte artigo da Lei 11.101/05: 
Art. 3º É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a 
recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do 
devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil. 
CONCLUSÃO 
Durante o percurso, estarei sempre a sua disposição para auxílio. De todo modo, é útil lembrar 
que a caminhada é de cada um e, por vezes, você poderá sentir-se solitário. É assim mesmo. 
A essa altura da vida, você já deve saber que a aprendizagem é um processo solitário e 
doloroso; isso porque faz pensar e afasta certezas, para a construção de um novo 
conhecimento. É assim que a gente aprende. Temos várias formas de comunicação, 
individualizada ou coletiva, que poderão ser utilizadas à vontade. 
Tenho a certeza de que, uma vez seguidas as orientações constantes no cronograma 
apresentado, tudo terminará bem. Mas não se esqueça de que você será o construtor da sua 
obra. Estaremos, porém, sempre a seu lado para garantir a solidez da aprendizagem. 
Vamos trilhar paralelamente os desafios que virão, e espero que, no final, o trabalho seja 
gratificante. 
AULA DO DIA 01/03/2021 – PARTE 2 
4 REGIME COMUM À FALÊNCIA E À RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 
Antes de se aprofundar no estudo específico da falência ou da recuperação de empresas, 
torna-se necessário, assim como o faz a Lei 11.101/05, tratar de questões que são comuns a 
ambos os institutos, sendo, por assim dizer, um regime comum à falência e à recuperação de 
empresas. 
A lei prevê que não são exigíveis do devedor, seja na recuperação judicial ou na falência, as 
obrigações a título gratuito. Isto é, tratando-se os dois institutos de sistema de insolvência 
(falência e recuperação de empresas), não é razoável que, em detrimento de credores 
constituídos por contratos sinalagmáticos, sejam privilegiados credores a título gratuito. 
Art. 5º Nãosão exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na falência: 
I – as obrigações a título gratuito; 
II – as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação judicial ou na 
falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o devedor. 
Assim, todos aqueles que eventualmente venha a pleitear do devedor falido ou recuperando 
obrigações a título gratuito, não verão seus pedidos prosperar. 
No mesmo sentido, não são exigíveis do devedor as despesas que os credores fizerem para 
tomar parte na recuperação judicial ou na falência, salvo as custas judiciais decorrentes de 
litígio com o devedor. 
Suspensão da prescrição das ações e execuções em face do devedor 
Uma vez decretada a falência ou deferido o processamento da recuperação do devedor, deve 
ser: 
a. suspenso do curso da prescrição e das obrigações do devedor; 
b. suspensas todas as execuções ajuizadas contra o devedor, inclusive daquelas dos 
credores particulares do sócio solidário, relativas a créditos ou obrigações sujeitos à 
recuperação judicial ou à falência; 
c. proibida qualquer forma de retenção, arresto, penhora, sequestro, busca e apreensão 
e constrição judicial ou extrajudicial sobre os bens do devedor, oriunda de demandas 
judiciais ou extrajudiciais cujos créditos ou obrigações sujeitem-se à recuperação 
judicial ou à falência. 
Cabe esclarecer que a suspensão, no caso exclusivo da recuperação, não deve exceder o 
prazo de 180 dias contado do deferimento do processamento da recuperação. Ressalta-se, 
contudo, que é a lei prevê a autorização de prorrogação por igual período, uma única vez, em 
caráter excepcional, desde que o devedor não haja concorrido com a superação do lapso 
temporal. 
Findo o prazo de 180 dias ou de sua prorrogação sem a deliberação a respeito do plano de 
recuperação judicial proposto pelo devedor faculta aos credores a propositura de um plano 
alternativo seguindo o que preconiza os §§ 4º, 5º, 6º e 7º do art. 56 da Lei 11.101/05. 
Destaca-se, também, que após o término do prazo de 180 dias ou de sua prorrogação, cessa-
se a suspenção da prescrição, das execuções, e dos meios de constrição dos bens do 
devedor, salvo se ocorrer as seguintes hipóteses: 
1. caso os credores não apresentem plano alternativo no prazo de 30 (trinta) dias, 
contado do final do prazo de 180 dias ou de sua prorrogação. 
2. após o término do prazo de 30 dias, contados da rejeição do plano de recuperação 
judicial e da submissão pelo administrador judicial a assembleia-geral de credores do 
pedido que foi aprovado para o fim de que se possa apresentar um plano de 
recuperação judicial pelos credores. 
Salienta-se que as suspensões e a proibição de que tratam os incisos I, II e III do caput do 
artigo 6º perdurarão por 180 (cento e oitenta) dias contados do final do prazo referido no § 4º 
deste artigo, ou da realização da assembleia-geral de credores referida no § 4º do art. 56 
todos da Lei 11.101/05, caso os credores apresentem plano alternativo no prazo referido no 
inciso I, §4º do art. 6 ou o ou no prazo referido no § 4º do art. 56 todos da Lei 11.101/05. 
Há que se ressaltar, também, que as ações de natureza fiscal não são suspensas em razão 
da decretação da falência ou da concessão da recuperação de empresas, além de não ocorrer 
a sujeição do Fisco ao concurso de credores. Ressalva-se, entretanto, a concessão de 
parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e da legislação ordinária específica, 
caso existam. 
Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial 
implica: 
I - suspensão do curso da prescrição das obrigações do devedor sujeitas ao regime desta Lei; 
II - suspensão das execuções ajuizadas contra o devedor, inclusive daquelas dos credores 
particulares do sócio solidário, relativas a créditos ou obrigações sujeitos à recuperação 
judicial ou à falência: 
III - proibição de qualquer forma de retenção, arresto, penhora, sequestro, busca e apreensão 
e constrição judicial ou extrajudicial sobre os bens do devedor, oriunda de demandas judiciais 
ou extrajudiciais cujos créditos ou obrigações sujeitem-se à recuperação judicial ou à falência. 
§ 1º Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que demandar 
quantia ilíquida. 
§ 2º É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão ou modificação 
de créditos derivados da relação de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista, inclusive 
as impugnações a que se refere o art. 8º desta Lei, serão processadas perante a justiça 
especializada até a apuração do respectivo crédito, que será inscrito no quadro-geral de 
credores pelo valor determinado em sentença. 
§ 3º O juiz competente para as ações referidas nos §§ 1º e 2º deste artigo poderá determinar 
a reserva da importância que estimar devida na recuperação judicial ou na falência, e, uma 
vez reconhecido líquido o direito, será o crédito incluído na classe própria. 
§ 4º Na recuperação judicial, as suspensões e a proibição de que tratam os incisos I, II e III 
do caput deste artigo perdurarão pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contado do 
deferimento do processamento da recuperação, prorrogável por igual período, uma única vez, 
em caráter excepcional, desde que o devedor não haja concorrido com a superação do lapso 
temporal. 
§ 4º-A. O decurso do prazo previsto no § 4º deste artigo sem a deliberação a respeito do plano 
de recuperação judicial proposto pelo devedor faculta aos credores a propositura de plano 
alternativo, na forma dos §§ 4º, 5º, 6º e 7º do art. 56 desta Lei, observado o seguinte: 
I - as suspensões e a proibição de que tratam os incisos I, II e III do caput deste artigo não 
serão aplicáveis caso os credores não apresentem plano alternativo no prazo de 30 (trinta) 
dias, contado do final do prazo referido no § 4º deste artigo ou no § 4º do art. 56 desta Lei; 
II - as suspensões e a proibição de que tratam os incisos I, II e III do caput deste artigo 
perdurarão por 180 (cento e oitenta) dias contados do final do prazo referido no § 4º deste 
artigo, ou da realização da assembleia-geral de credores referida no § 4º do art. 56 desta Lei, 
caso os credores apresentem plano alternativo no prazo referido no inciso I deste parágrafo 
ou no prazo referido no § 4º do art. 56 desta Lei. 
§ 5º O disposto no § 2º deste artigo aplica-se à recuperação judicial durante o período de 
suspensão de que trata o § 4º deste artigo. 
§ 6º Independentemente da verificação periódica perante os cartórios de distribuição, as 
ações que venham a ser propostas contra o devedor deverão ser comunicadas ao juízo da 
falência ou da recuperação judicial: 
I – pelo juiz competente, quando do recebimento da petição inicial; 
II – pelo devedor, imediatamente após a citação. 
§ 7º-A. O disposto nos incisos I, II e III do caput deste artigo não se aplica aos créditos 
referidos nos §§ 3º e 4º do art. 49 desta Lei, admitida, todavia, a competência do juízo da 
recuperação judicial para determinar a suspensão dos atos de constrição que recaiam sobre 
bens de capital essenciais à manutenção da atividade empresarial durante o prazo de 
suspensão a que se refere o § 4º deste artigo, a qual será implementada mediante a 
cooperação jurisdicional, na forma do art. 69 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 
(Código de Processo Civil), observado o disposto no art. 805 do referido Código. 
§ 7º-B. O disposto nos incisos I, II e III do caput deste artigo não se aplica às execuções 
fiscais, admitida, todavia, a competência do juízo da recuperação judicial para determinar a 
substituição dos atos de constrição que recaiam sobre bens de capital essenciais à 
manutenção da atividade empresarial até o encerramento da recuperação judicial, a qual será 
implementada mediante a cooperação jurisdicional, na forma do art. 69 da Lei nº 13.105, de 
16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), observado o dispostono art. 805 do referido 
Código. 
§ 8º A distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial ou a homologação de 
recuperação extrajudicial previne a jurisdição para qualquer outro pedido de falência, de 
recuperação judicial ou de homologação de recuperação extrajudicial relativo ao mesmo 
devedor. 
§ 9º O processamento da recuperação judicial ou a decretação da falência não autoriza o 
administrador judicial a recusar a eficácia da convenção de arbitragem, não impedindo ou 
suspendendo a instauração de procedimento arbitral. 
§ 10. (VETADO). 
§ 11. O disposto no § 7º-B deste artigo aplica-se, no que couber, às execuções fiscais e às 
execuções de ofício que se enquadrem respectivamente nos incisos VII e VIII do caput do art. 
114 da Constituição Federal, vedados a expedição de certidão de crédito e o arquivamento 
das execuções para efeito de habilitação na recuperação judicial ou na falência. 
§ 12. Observado o disposto no art. 300 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de 
Processo Civil), o juiz poderá antecipar total ou parcialmente os efeitos do deferimento do 
processamento da recuperação judicial. 
§ 13. (VETADO). 
Art. 6º-A. É vedado ao devedor, até a aprovação do plano de recuperação judicial, distribuir 
lucros ou dividendos a sócios e acionistas, sujeitando-se o infrator ao disposto no art. 168 
desta Lei. 
Art. 6º-B. (VETADO). 
Art. 6º-C. É vedada atribuição de responsabilidade a terceiros em decorrência do mero 
inadimplemento de obrigações do devedor falido ou em recuperação judicial, ressalvadas as 
garantias reais e fidejussórias, bem como as demais hipóteses reguladas por esta Lei. 
 
5 INFOGRÁFICOS 
 
 
6 DICA DO PROFESSOR 
As execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo deferimento da recuperação judicial, 
ressalvada a concessão de parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e da 
legislação ordinária específica. 
8 PRATICANDO 
Comente o seguinte artigo da Lei 11.101/05: 
Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial 
implica: 
I - suspensão do curso da prescrição das obrigações do devedor sujeitas ao regime desta Lei; 
II - suspensão das execuções ajuizadas contra o devedor, inclusive daquelas dos credores 
particulares do sócio solidário, relativas a créditos ou obrigações sujeitos à recuperação 
judicial ou à falência: 
III - proibição de qualquer forma de retenção, arresto, penhora, sequestro, busca e apreensão 
e constrição judicial ou extrajudicial sobre os bens do devedor, oriunda de demandas judiciais 
ou extrajudiciais cujos créditos ou obrigações sujeitem-se à recuperação judicial ou à falência. 
§ 1º Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que demandar 
quantia ilíquida. 
§ 2º É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão ou modificação 
de créditos derivados da relação de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista, inclusive 
as impugnações a que se refere o art. 8º desta Lei, serão processadas perante a justiça 
especializada até a apuração do respectivo crédito, que será inscrito no quadro-geral de 
credores pelo valor determinado em sentença. 
§ 3º O juiz competente para as ações referidas nos §§ 1º e 2º deste artigo poderá determinar 
a reserva da importância que estimar devida na recuperação judicial ou na falência, e, uma 
vez reconhecido líquido o direito, será o crédito incluído na classe própria. 
CONCLUSÃO 
Durante o percurso, estarei sempre a sua disposição para auxílio. De todo modo, é útil lembrar 
que a caminhada é de cada um e, por vezes, você poderá sentir-se solitário. É assim mesmo. 
A essa altura da vida, você já deve saber que a aprendizagem é um processo solitário e 
doloroso; isso porque faz pensar e afasta certezas, para a construção de um novo 
conhecimento. É assim que a gente aprende. Temos várias formas de comunicação, 
individualizada ou coletiva, que poderão ser utilizadas à vontade. 
Tenho a certeza de que, uma vez seguidas as orientações constantes no cronograma 
apresentado, tudo terminará bem. Mas não se esqueça de que você será o construtor da sua 
obra. Estaremos, porém, sempre a seu lado para garantir a solidez da aprendizagem. 
Vamos trilhar paralelamente os desafios que virão, e espero que, no final, o trabalho seja 
gratificante. 
 
AULA DO DIA 3: 08/03/2021: 
 
4 REGIME COMUM À FALÊNCIA E À RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 
Como já observado, antes de se aprofundar no estudo específico da falência ou da 
recuperação de empresas, torna-se necessário, assim como o faz a Lei 11.101/05, tratar de 
questões que são comuns a ambos os institutos, sendo, por assim dizer, um regime comum 
à falência e à recuperação de empresas, hoje trabalharemos como: o administrador judicial e 
o gestor judicial. 
Administrador Judicial 
O Administrador Judicial é pessoa da confiança do juiz. A lei o caracteriza como profissional 
idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador, 
ou pessoa jurídica especializada. Note-se que essa preferência não exclui a possibilidade de 
outros profissionais serem nomeado como administrador judicial, tendo-se notícia de 
engenheiros e biomédicos já nomeados. 
A pessoa jurídica especializada nada mais é do que aquela que se ocupa de atividades de 
assessoria e consultoria empresarial. Isto é, há no mercado diversos empresários (sociedade 
empresária ou empresário individual) que prestam serviços de assessoria e consultoria 
empresarial e que, pelo know how que possuem estão aptos a serem nomeados como 
administrador judicial. Porém, a lei fixa uma regra importante, segundo a qual, se o 
administrador judicial for pessoa jurídica, deve ser indicado o nome de profissional 
responsável pela condução do processo de falência ou de recuperação judicial, que não pode 
ser substituído sem autorização do juiz. 
O administrador judicial é um auxiliar do juízo. Suas atribuições estão previstas na Lei 
11.101/05, sendo que no artigo 22 estão concentradas suas principais funções. Pode-se dizer 
que, do modo geral, ao administrador judicial compete representar ativa e passivamente, 
judicial e extrajudicialmente a massa falida, além de auxiliar o juízo, após nomeado e assinar 
o termo de compromisso no prazo de quarenta e oito horas, sob pena de o juiz nomear outro 
administrador judicial. 
Não pode exercer as funções de administrador judicial quem, nos últimos 5 cinco anos, no 
exercício do cargo de administrador judicial ou de membro do Comitê em falência ou 
recuperação judicial anterior foi destituído, deixou de prestar contas dentro dos prazos legais 
ou teve a prestação de contas desaprovada. É, também, impedido de exercer a função de 
administrador judicial quem tiver relação de parentesco ou afinidade até o terceiro grau com 
o devedor, seus administradores, controladores ou representantes legais ou deles for amigo, 
inimigo ou dependente. 
Havendo descumprimento dos requisitos de caráter pessoal para o administrador judicial, ou 
mesmo o descumprimento de deveres, omissão, negligência ou prática de ato lesivo às 
atividades do devedor ou a terceiros, pode o devedor, qualquer credor ou o MP requerer ao 
juiz a sua substituição, que decidirá, no prazo de vinte e quatro horas, nomeando no mesmo 
ato um substituto. Na falência, o administrador judicial substituído presta contas no prazo de 
dez dias. 
De modo objetivo, ao administrador judicial são definidas pela lei atribuições no âmbito da 
Falência e da Recuperação de empresas, diante das peculiaridades de cada instituto. Assim, 
determina o art. 22, inciso I, que, tanto na falência quanto na recuperação, compete a tal 
figura: 
a. enviar correspondência aos credores constantes para providências processuais; 
b. fornecer todas as informações pedidas pelos credores interessados; 
c. dar extratos dos livros do devedor, que merecerão fé de ofício, a fim de servirem defundamento nas habilitações e impugnações de créditos; 
d. exigir dos credores, do devedor ou seus administradores quaisquer informações, sob 
pena de serem convocados pelo juiz; 
e. elaborar a relação de credores habilitados no processo falimentar; 
f. consolidar o quadro-geral de credores habilitados no processo falimentar; 
g. requerer ao juiz convocação da assembleia-geral de credores nos casos previstos 
nesta Lei ou quando entender necessária sua ouvida para a tomada de decisões; 
h. manifestar-se nos casos previstos em lei. 
i. contratar, mediante autorização judicial, profissionais ou empresas especializadas 
para, quando necessário, auxiliá-lo no exercício de suas funções, sendo que as 
remunerações dos auxiliares do administrador judicial serão fixadas pelo juiz, que 
considera a complexidade dos trabalhos a serem executados e os valores praticados 
no mercado para o desempenho de atividades semelhantes; 
j. estimular, sempre que possível, a conciliação, a mediação e outros métodos 
alternativos de solução de conflitos relacionados à recuperação judicial e à falência, 
respeitados os direitos de terceiros, na forma do § 3º do art. 3º da Lei nº 13.105, de 16 
de março de 2015 (Código de Processo Civil); 
k. manter endereço eletrônico na internet, com informações atualizadas sobre os 
processos de falência e de recuperação judicial, com a opção de consulta às peças 
principais do processo, salvo decisão judicial em sentido contrário; 
l. manter endereço eletrônico específico para o recebimento de pedidos de habilitação 
ou a apresentação de divergências, ambos em âmbito administrativo, com modelos 
que poderão ser utilizados pelos credores, salvo decisão judicial em sentido contrário; 
m. providenciar, no prazo máximo de 15 (quinze) dias, as respostas aos ofícios e às 
solicitações enviadas por outros juízos e órgãos públicos, sem necessidade de prévia 
deliberação do juízo. 
 
Por seu turno, o procedimento específico de recuperação exige do administrado judicial outras 
competências, conforme previsto no art. 22, inciso II, a saber: 
a. fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação judicial; 
b. requerer a falência no caso de descumprimento de obrigação assumida no plano de 
recuperação; 
c. apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades do devedor, 
fiscalizando a veracidade e a conformidade das informações prestadas pelo devedor; 
d. apresentar o relatório sobre a execução do plano de recuperação. 
e. fiscalizar o decurso das tratativas e a regularidade das negociações entre devedor e 
credores; 
f. assegurar que devedor e credores não adotem expedientes dilatórios, inúteis ou, em 
geral, prejudiciais ao regular andamento das negociações; 
g. assegurar que as negociações realizadas entre devedor e credores sejam regidas 
pelos termos convencionados entre os interessados ou, na falta de acordo, pelas 
regras propostas pelo administrador judicial e homologadas pelo juiz, observado o 
princípio da boa-fé para solução construtiva de consensos, que acarretem maior 
efetividade econômico-financeira e proveito social para os agentes econômicos 
envolvidos; 
h. apresentar, para juntada aos autos, e publicar no endereço eletrônico específico 
relatório mensal das atividades do devedor e relatório sobre o plano de recuperação 
judicial, no prazo de até 15 (quinze) dias contado da apresentação do plano, 
fiscalizando a veracidade e a conformidade das informações prestadas pelo devedor, 
além de informar eventual ocorrência das condutas previstas no art. 64 desta Lei; 
 
Relativamente ao processo falimentar, ao administrador judicial são atribuídas funções 
específicas para esse instituto, nos termos do art. 22, inciso III, a saber: 
a. avisar, pelo órgão oficial, o lugar e hora em que, diariamente, os credores terão à sua 
disposição os livros e documentos do falido; 
b. examinar a escrituração do devedor; 
c. relacionar os processos e assumir a representação judicial e extrajudicial, incluídos os 
processos arbitrais, da massa falida; 
d. receber e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando a ele o que não for 
assunto de interesse da massa, o que, de forma objetiva, se apresenta 
inconstitucional, pois viola o art. 5º, inciso XII, da constituição da república; 
e. apresentar, no prazo de quarenta dias, contado da assinatura do termo de 
compromisso, prorrogável por igual período, relatório sobre as causas e circunstâncias 
que conduziram à situação de falência, no qual aponta a responsabilidade civil e penal 
dos envolvidos; 
f. arrecadar os bens e documentos do devedor e elaborar o auto de arrecadação; 
g. avaliar os bens arrecadados; 
h. contratar avaliadores, de preferência oficiais, mediante autorização judicial, para a 
avaliação dos bens caso entenda não ter condições técnicas para a tarefa; 
i. praticar os atos necessários à realização do ativo e ao pagamento dos credores; 
j. proceder à venda de todos os bens da massa falida no prazo máximo de 180 (cento e 
oitenta) dias, contado da data da juntada do auto de arrecadação, sob pena de 
destituição, salvo por impossibilidade fundamentada, reconhecida por decisão judicial; 
k. praticar todos os atos conservatórios de direitos e ações, diligenciar a cobrança de 
dívidas e dar a respectiva quitação; 
l. remir, em benefício da massa e mediante autorização judicial, bens apenhados, 
penhorados ou legalmente retidos; 
m. representar a massa falida em juízo, contratando, se necessário, advogado, cujos 
honorários serão previamente ajustados e aprovados pelo Comitê de Credores; 
n. requerer todas as medidas e diligências que forem necessárias para o cumprimento 
da lei, a proteção da massa ou a eficiência da administração; 
o. apresentar ao juiz para juntada aos autos, até o décimo dia do mês seguinte ao 
vencido, conta demonstrativa da administração, que especifique com clareza a receita 
e a despesa; 
p. entregar ao seu substituto todos os bens e documentos da massa em seu poder, sob 
pena de responsabilidade; 
q. prestar contas ao final do processo, quando for substituído, destituído ou renunciar ao 
cargo. 
r. arrecadar os valores dos depósitos realizados em processos administrativos ou 
judiciais nos quais o falido figure como parte, oriundos de penhoras, de bloqueios, de 
apreensões, de leilões, de alienação judicial e de outras hipóteses de constrição 
judicial, ressalvado o disposto nas Leis nos 9.703, de 17 de novembro de 1998, e 
12.099, de 27 de novembro de 2009, e na Lei Complementar nº 151, de 5 de agosto 
de 2015. 
Pela análise das atribuições gerais previstas no art. 22 da Lei 11.101/05, verifica-se que o 
profissional tem amplas competências, trazendo a lei aquelas mais importantes, mas não de 
forma exaustiva. A conclusão é a de que o profissional deve ser de confiança do juízo, pois 
sua responsabilidade é demasiadamente grande. Tanto é que o administrador judicial que não 
apresentar, no prazo estabelecido, suas contas ou qualquer dos relatórios previstos em lei é 
intimado pessoalmente a fazê-lo no prazo de cinco dias, sob pena de desobediência. Portanto, 
o zelo do profissional deve ser o maior possível. Até porque o grau de zelo do administrador 
judicial, o grau de complexidade do trabalho, os valores praticados no mercado para o 
desempenho de atividades semelhantes, e a capacidade de pagamento do devedor são 
critérios para fixação da sua remuneração. 
Na falência, o total pago ao administrador judicial é de até cinco por cento do valor de venda 
dos bens na falência. Porém, na recuperação judicial, o total pago ao administrador judicial 
não excede cinco por cento do valor devido aos credores submetidos à recuperação. 
A remuneração do administrador judicial fica reduzida ao limite de 2% (dois por cento), no 
caso de microempresas e de empresas de pequeno porte, bem como o produtor rural de que 
trata o § 3º do art. 48 daLei 11.101/05 poderá apresentar plano especial de recuperação 
judicial, nos termos desta Seção, desde que o valor da causa não exceda a R$ 4.800.000,00 
(quatro milhões e oitocentos mil reais). 
Há que se observar que os valores devidos ao administrador judicial não serão pagos 
totalmente no início dos seus trabalhos. Ao contrário disso, parte dos valores devidos deverão 
ser pagos ao final, exatamente pelo fato de que o administrador judicial pode ser substituído, 
não se portar com o zelo devido, ou mesmo ser responsabilizado por algum prejuízo à massa, 
razão pela qual o legislador fixou que quarenta por cento dos valores devido ao administrador 
judicial serão pagos após a apresentação e o julgamento das suas contas finais, que deverão 
ser aprovadas. 
Cumpre esclarecer que o administrador judicial que renunciar ao encargo sem relevante razão 
ou for destituído de suas funções por desídia, culpa, dolo ou descumprimento das obrigações 
fixadas em lei, ou tiver suas contas desaprovadas, não tem direito à remuneração. Porém, se 
for substituído por outros motivos, faz jus à remuneração proporcional. 
Em todos os casos, os valores devidos ao administrador judicial deverão ser pagos pelo 
devedor ou pela massa. No mesmo sentido, fica o devedor ou a massa responsável pelo 
pagamento eventualmente contratadas para auxiliar o administrador judicial. 
Por fim, vale esclarecer que a todo o momento o administrador judicial é fiscalizado pelo 
Comitê de Credores, conforme previsão legal, além da sujeição ao juiz e a fiscalização geral 
do MP. A par dessa regra, o legislador fixou que, na falência, o administrador judicial não 
pode, sem autorização judicial, após ouvidos o Comitê e o devedor no prazo comum de dois 
dias, transigir sobre obrigações e direitos da massa falida e conceder abatimento de dívidas, 
ainda que sejam consideradas de difícil recebimento. 
Do gestor judicial 
A figura do gestor judicial não pode ser confundida com a figura do administrador judicial. 
Enquanto este é profissional da confiança do juiz que acompanha os processos de falência e 
de recuperação, representando ativa e passivamente a massa, o gestor judicial é o 
profissional que conduz as atividades do devedor que é afastado do exercício da empresa em 
crise. 
O gestor deve entender do ramo de atividade do devedor, pois desempenha, após nomeado, 
as funções deste. Embora seja uma figura distinta do administrador judicial, aplicam-se lhe, 
no que couber, todas as normas relativas a deveres, impedimentos e remuneração do 
administrador judicial. 
Compete à assembleia-geral de credores a indicação do nome do gestor judicial e, enquanto 
não nomeado, suas funções são desempenhadas temporariamente pelo administrador 
judicial. 
Por fim, caso o gestor indicado pela assembleia-geral de credores recusar ou estar impedido 
de aceitar o encargo para gerir os negócios do devedor, o juiz convoca, no prazo de setenta 
e duas horas contado da recusa ou da declaração do impedimento nos autos, nova 
assembleia-geral para indicar outro gestor. 
5 INFOGRÁFICO 
 
 
6 DICA DO PROFESSOR 
O Administrador Judicial é pessoa da confiança do juiz. A lei o caracteriza como profissional 
idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador, 
ou pessoa jurídica especializada. Note-se que essa preferência não exclui a possibilidade de 
outros profissionais serem nomeado como administrador judicial, tendo-se notícia de 
engenheiros e biomédicos já nomeados. 
A lei fixa uma regra importante, segundo a qual, se o administrador judicial for pessoa jurídica, 
deve ser indicado o nome de profissional responsável pela condução do processo de falência 
ou de recuperação judicial, que não pode ser substituído sem autorização do juiz. 
8 PRATICANDO 
Comente o seguinte artigo da Lei 11.101/05: 
Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente advogado, 
economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada. 
(...) 
Parágrafo único. Se o administrador judicial nomeado for pessoa jurídica, declarar-se-á, no 
termo de que trata o art. 33 desta Lei, o nome de profissional responsável pela condução do 
processo de falência ou de recuperação judicial, que não poderá ser substituído sem 
autorização do juiz. 
 
CONCLUSÃO 
Durante o percurso, estarei sempre a sua disposição para auxílio. De todo modo, é útil lembrar 
que a caminhada é de cada um e, por vezes, você poderá sentir-se solitário. É assim mesmo. 
A essa altura da vida, você já deve saber que a aprendizagem é um processo solitário e 
doloroso; isso porque faz pensar e afasta certezas, para a construção de um novo 
conhecimento. É assim que a gente aprende. Temos várias formas de comunicação, 
individualizada ou coletiva, que poderão ser utilizadas à vontade. 
Tenho a certeza de que, uma vez seguidas as orientações constantes no cronograma 
apresentado, tudo terminará bem. Mas não se esqueça de que você será o construtor da sua 
obra. Estaremos, porém, sempre a seu lado para garantir a solidez da aprendizagem. 
Vamos trilhar paralelamente os desafios que virão, e espero que, no final, o trabalho seja 
gratificante. 
AULA DO DIA 08/03/2021: PARTE 2 
4 REGIME COMUM À FALÊNCIA E À RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 
Como já dito, torna-se necessário, assim como o faz a Lei 11.101/05, tratar de questões que 
são comuns a ambos os institutos, sendo, por assim dizer, um regime comum à falência e à 
recuperação de empresas, hoje trabalharemos como: o administrador judicial e o gestor 
judicial. 
Comitê de credores 
A lei 11.101/05 erigiu o credor a um patamar especial, pois em diversas disposições o 
privilegiou ao conferir direitos, inclusive de deliberação e fiscalização na falência e na 
recuperação. Seguindo essa linha de raciocínio, o Comitê de credores é órgão constituído 
pelos próprios credores e tem função eminentemente fiscalizatória. Sua constituição nos 
processos de falência ou recuperação é facultativa. Contudo, ainda que facultativa a 
constituição, parece desnecessária, ou mesmo dispendiosa sua constituição. 
Os membros do comitê, de acordo com previsão legal, não são remunerados pelo devedor ou 
pela massa, mas suas despesas realizadas para a prática de ato previsto na lei n. 11.101/05, 
se devidamente comprovadas e com a autorização do juiz, serão ressarcidas atendendo às 
disponibilidades de caixa, ou seja, serão pagas antes mesmo de se pagar aos credores 
concursais. 
Analisando as funções (fiscalizatórias) e contrapondo ao dispêndio que há para a massa (e 
ao final para os próprios credores), parece ser um órgão que tem lugar apenas em vultosos 
processos falimentares ou de recuperação, nos quais a fiscalização do MP, ou dos demais 
credores isoladamente não são suficientes. 
Independentemente da necessidade ou não do Comitê, sua criação é facultativa e, efetivando, 
deve observar as exigências legais que, para constituição, prevê a necessidade de 
deliberação de qualquer das classes de credores na assembleia-geral e tem a seguinte 
composição: 
 Um representante indicado pela classe de credores trabalhistas, com dois 
suplentes; 
 Um representante indicado pela classe de credores com direitos reais de 
garantia ou privilégios especiais, com dois suplentes; 
 Um representante indicado pela classe de credores quirografários e com 
privilégios gerais, com dois suplentes. 
 E um representante indicado pela classe de credores representantes de 
microempresas e empresas de pequeno porte, com dois suplentes. 
A falta de indicação de representante por quaisquer das classes não prejudica a constituição 
do Comitê, que pode funcionar com número inferior ao indicado. A presidência do Comitê é 
decidida pelos seus próprios membros. Vale destacar que, na escolha dos representantes de 
cada classe no Comitê de Credores, em assembleia geral de credores, somente os 
respectivos membros de cada classe poderãovotar. 
A nomeação do representante e dos suplentes da respectiva classe ainda não representada 
no Comitê ou a substituição do representante ou dos suplentes da respectiva classe pode ser 
determinada pelo juiz, se requerida por credores que representem a maioria dos créditos de 
uma classe, independentemente da realização de assembleia. 
Os membros do Comitê de Credores, logo que nomeados, serão intimados pessoalmente 
para, em quarenta e oito horas, assinar, na sede do juízo, o termo de compromisso de bem e 
fielmente desempenhar o cargo e assumir todas as responsabilidades a ele inerentes. 
Importante observar que não pode integrar o Comitê quem, nos últimos cinco anos, no 
exercício do cargo de administrador judicial ou de membro do Comitê em falência ou 
recuperação judicial anterior, foi destituído, deixou de prestar contas dentro dos prazos legais 
ou teve a prestação de contas desaprovada. 
No mesmo sentido, está impedido de integrar o Comitê quem tiver relação de parentesco ou 
afinidade até o terceiro grau com o devedor, seus administradores, controladores ou 
representantes legais ou deles for amigo, inimigo ou dependente. 
Havendo descumprimento dos requisitos de caráter pessoal para os membros do Comitê, ou 
mesmo o descumprimento de deveres, omissão, negligência ou prática de ato lesivo às 
atividades do devedor ou a terceiros, pode o devedor, qualquer credor ou o MP requerer ao 
juiz a sua substituição, que decide, no prazo de vinte e quatro horas, nomeando no mesmo 
ato um substituto. 
Na recuperação judicial e na falência, o Comitê de Credores tem as seguintes atribuições, 
além de outras previstas na lei n. 11.101/05: 
a. fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial; 
b. zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento da lei; 
c. comunicar ao juiz, caso detecte violação dos direitos ou prejuízo aos interesses dos 
credores; 
d. apurar e emitir parecer sobre quaisquer reclamações dos interessados; e) requerer ao 
juiz a convocação da assembleia geral de credores; 
e. manifestar-se nas hipóteses previstas em lei. 
Especificamente no processo de recuperação judicial, compete ao Comitê de Credores: 
a. fiscalizar a administração das atividades do devedor, apresentando, a cada trinta dias, 
relatório de sua situação; 
b. fiscalizar a execução do plano de recuperação judicial; 
c. submeter à autorização do juiz, quando ocorrer o afastamento do devedor nas 
hipóteses previstas na lei n. 11.101/05, a alienação de bens do ativo permanente, a 
constituição de ônus reais e outras garantias, bem como atos de endividamento 
necessários à continuação da atividade empresarial durante o período que antecede 
a aprovação do plano de recuperação judicial. 
A partir de todas as atribuições do Comitê apresentadas, em conformidade com o art. 27 da 
lei 11.101/05, verifica-se que a essência das suas atribuições consiste no caráter fiscalizatório. 
Assim, compete aos próprios credores avaliarem a real necessidade da constituição de tal 
comitê, porquanto fiscalizar já é uma atribuição dos credores de modo geral, além da lei fazer 
a previsão do MP. 
Sua inexistência não significa que suas atribuições não serão desempenhadas, pois, não 
havendo Comitê de Credores, cabe ao administrador judicial ou, na incompatibilidade deste, 
ao juiz exercer suas atribuições. 
Todavia, existindo o Comitê, ele se manifesta como órgão e, suas decisões são tomadas por 
maioria e deverão ser consignadas em livro de atas, rubricado pelo juízo, que fica à disposição 
do administrador judicial, dos credores e do próprio devedor. Caso não seja possível a 
obtenção de maioria em deliberação do Comitê, o impasse é resolvido pelo administrador 
judicial ou, na incompatibilidade deste, pelo juiz. 
A lei prevê a responsabilidade dos membros do Comitê, de forma que eles respondam pelos 
prejuízos causados à massa falida, ao devedor ou aos credores por dolo ou culpa. Em caso 
de deliberação tomada em reunião, deve o dissidente fazer consignar sua discordância em 
ata para se eximir da responsabilidade. 
Assembleia Geral de Credores 
A Assembleia Geral de Credores é órgão previsto na lei 11.101/05 que simboliza a ascensão 
dos credores no atual diploma em comparação com a norma anterior, Decreto-Lei 7.661/45. 
Erigidos a um patamar especial pela lei 11.101/05, os credores, reunidos em assembleia, 
podem decidir sobre matérias extremamente relevantes para os processos de falência e 
recuperação como, por exemplo, aprovar ou não o plano de recuperação judicial apresentado 
pelo devedor. 
De modo geral, a Assembleia Geral de Credores tem por atribuição a deliberação de qualquer 
matéria de interesse dos credores. Portanto, a característica maior desse órgão é o seu 
caráter de liberatório. 
A lei define que a assembleia-geral de credores tem por atribuições deliberar, na recuperação 
judicial, sobre: 
a. aprovação, rejeição ou modificação do plano de recuperação judicial apresentado pelo 
devedor; 
b. a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua substituição; 
c. o pedido de desistência do devedor; 
d. o nome do gestor judicial, pessoa que entenda do ramo de atividade desenvolvido 
pelos devedor, quando do afastamento deste da condução dos negócios; 
e. qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores. 
f. alienação de bens ou direitos do ativo não circulante do devedor, não prevista no plano 
de recuperação judicial. 
Por sua vez, cumpre à assembleia-geral de credores deliberar, na falência, sobre: 
a. a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua substituição; 
b. a adoção de outras modalidades de realização do ativo, além daquelas previstas em 
lei; 
c. qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores. 
Veja-se que não compete à assembleia-geral de credores deliberar sobre a destituição do 
administrador judicial. Contudo, nada impede que, a partir da análise feita pela assembleia-
geral de credores, este órgão possa decidir por apresentar ao juiz o seu pedido de destituição 
do administrador judicial. Mas deve ficar claro que a destituição do administrador judicial é ato 
exclusivo do juiz, pois, se pelo magistrado o administrador é nomeado, por ele deve ser 
destituído. 
A convocação da assembleia-geral de credores pode ser requerida ao juiz pelo administrador 
judicial, pelo Comitê de Credores, diretamente pelos credores que representem no mínimo 
vinte e cinco por cento do valor total dos créditos de uma determinada classe e, também, pelo 
próprio juiz, por meio de edital publicado no diário oficial eletrônico e disponibilizado no sítio 
eletrônico do administrador judicial, com antecedência mínima de 15 (quinze) dias, o qual 
conterá: 
 local, data e hora da assembléia em 1ª (primeira) e em 2ª (segunda) convocação, não 
podendo esta ser realizada menos de 5 (cinco) dias depois da 1ª (primeira); 
 a ordem do dia; 
 local onde os credores poderão, se for o caso, obter cópia do plano de recuperação 
judicial a ser submetido à deliberação da assembleia. 
O edital de convocação para a assembleia-geral de credores deve conter o local, data e hora 
da assembleia em primeira e em segunda convocação. Deve, também, conter a ordem do dia, 
além do local onde os credores poderão, se for o caso, obter cópia do plano de recuperação 
judicial a ser submetido à deliberação da assembleia. Observe-se que não pode a primeira 
convocação ser realizada menos de cinco dias depois da primeira. 
Deve a assembleia instalar-se em primeira convocação com a presença de credores titulares 
de mais da metade dos créditos de cada classe, computados pelo valor. Porém, em segunda 
convocação, a instalação deve ocorrer com qualquer número. Veja-se que a instalação em 
segunda convocação pode ocorrer com qualquer número, porém a deliberação de algumas 
matérias pode ser prejudicada, isso quando a lei exigir quórum relativo a todos

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