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Direito da Criança e do Adolescente

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Prévia do material em texto

GUILHERME FREIRE DE MELO BARROS
DIREITO DA 
CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE
8* edição
revista, ampliada e atualizada
coleção
SINOPSES
para concursos
Coordenação 
Leonardo Garcia
36
2019
EDITORA 
jtoPODIVM
www.editorajuspodivm.com.br
http://www.editorajuspodivm.com.br
EDITORA
>PODIVM
www.editorajuspodivm.com.br
Rua Território Rio Branco, 87 - Pituba - CEP: 41830-530 - Salvador - Bahia 
Tel: (71)3045.9051
• Contato: https://www.editorajuspodivm.com.br/sac
C op yr igh t: Edições Ju sPO D IVM
C o n selh o E d ito ria l: Dirley da Cunha Jr., Leonardo de M edeiros Garcia, Fredie D idier Jr., José Henrique Mouta, José 
Marcelo Vigliar, M arcos Ehrhardt Júnior, Nestor Távora, Robério N unes Filho, Roberval Rocha Ferreira Filho, Rodolfo 
Pam plona Filho, Rodrigo Reis Mazzei e Rogério Sanches Cunha.
D ia g ram ação : Luiz Fernando Rom eu (lfnando_38@hotmail.com)
C a p a : Ana Caquetti
Todos o s direitos desta edição reservados à Edições JusPODIVM.
É term inantem ente proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer m eio ou 
processo, sem a expressa autorização d o autor e da Edições Ju sPO D IVM . A violação d o s direitos 
autorais caracteriza crime descrito na legislação em vigor, sem prejuízo das sanções civis 
cabíveis.
8.a ed., 2.° tir.: ago./2019.
http://www.editorajuspodivm.com.br
https://www.editorajuspodivm.com.br/sac
mailto:lfnando_38@hotmail.com
Dedicatória
Para Pipa, que está sempre ao meu lado (até para ver o MMA, cumprindo fiel­
mente seus votos de casamento!). Obrigado por tanto carinho, amor, paciência e 
cumplicidade.
Para minhas sobrinhas mais novas, Maria Clara e Maria Fernanda, que, quem 
sabe no futuro, venham a estudar Direito. Tio Guiu ama vocês!
Para Helena e Maria Alice, cujas palavras não bastam para descrever a alegria 
de as ter em minha vida.
Coleção Sinopses 
para Concursos
A Coleção Sinopses para Concursos tem por finalidade a preparação para con­
cursos públicos de modo prático, sistematizado e objetivo.
Foram separadas as principais matérias constantes nos editais e chamados 
professores especializados em preparação de concursos a fim de elaborarem, 
de forma didática, o material necessário para a aprovação em concursos.
Diferentemente de outras sinopses/resumos, preocupamos-nos em apresen­
tar ao leitor o entendimento do STF e do STJ sobre os principais pontos, além 
de abordar temas tratados em manuais e livros mais densos. Assim, ao mesmo 
tempo que o leitor encontrará um livro sistematizado e objetivo, também terá 
acesso a temas atuais e entendimentos jurisprudenciais.
Dentro da metodologia que entendemos ser a mais apropriada para a prepa­
ração nas provas, demos destaques (em outra cor) às palavras-chaves, de modo 
a facilitar não somente a visualização, mas, sobretudo, a compreensão do que é 
mais importante dentro de cada matéria.
Quadros sinóticos, tabelas comparativas, esquemas e gráficos são uma cons­
tante da coleção, aumentando a compreensão e a memorização do leitor.
Contemplamos também questões das principais organizadoras de concursos 
do país, como forma de mostrar ao leitor como o assunto foi cobrado em provas. 
Atualmente, essa "casadinha" é fundamental: conhecimento sistematizado da 
matéria e como foi a sua abordagem nos concursos.
Esperamos que goste de mais esta inovação que a Editora Juspodivm 
apresenta.
Nosso objetivo é sempre o mesmo: otimizar o estudo para que você consiga 
a aprovação desejada.
Bons estudos!
Leonardo Garcia
leonardo@leonardogarcia.com.br
www.leonardogarcia.com.br
mailto:leonardo@leonardogarcia.com.br
http://www.leonardogarcia.com.br
Guia de leitura 
da Coleção
A Coleção foi elaborada com a metodologia que entendemos ser a mais apro­
priada para a preparação de concursos.
Neste contexto, a Coleção contempla:
• DOUTRINA OTIMIZADA PARA CONCURSOS
Além de cada autor abordar, de maneira sistematizada, os assuntos triviais 
sobre cada matéria, são contemplados temas atuais, de suma importância para 
uma boa preparação para as provas.
Muitos dos conceitos do nosso Direito Administrativo foram 
concebidos ainda no período do Estado Liberal. Outra parte desse 
ramo jurídico foi concebida durante o Estado Social. A concepção 
democrática, hoje pretendida, exige a acomodação dos concei­
tos e normas tradicionais ao novo paradigma constitucional (Es­
tado Democrático de Direito), impondo uma "outra qualidade de 
Estado".
Perceber essa mutação no direito administrativo é um diferen­
cial que auxilia no estudo da matéria e no desenvolvimento do ju­
rista, sendo importante para a compreensão de algumas questões 
objetivas, além de essencial para questões suscitadas em prova 
subjetivas e orais, pelas melhores bancas.
• ENTENDIMENTOS DO STF E STJ SOBRE OS PRINCIPAIS PONTOS
Segundo precedente do STF, é compatível com o princípio da 
impessoalidade, dispositivo de constituição Estadual que vede ao 
Estado e aos Municípios atribuir nome de pessoa viva a avenida, 
praça, rua, logradouro, ponte, reservatório de água, viaduto, pra­
ça de esporte, biblioteca, hospital, maternidade, edifício público, 
auditórios, cidades e salas de aula (STF, ADI 307/CE, rei. Min. Eros 
Grau, 13.2.2008).
10 Direito da Criança e do Adolescente - Vol. 36 • Guilherme Freire de Melo Barros
• PALAVRAS-CHAVES EM OUTRA COR
As palavras mais importantes (palavras-chaves) são colocadas em outra cor para que 
0 leitor consiga visualizá-las e memorizá-las mais facilmente.
Cargo é 0 local criado por lei dentro do serviço público que 
possui atribuições, nomenclatura e remuneração próprias.
0 cargo público, por sua vez, subdivide-se em cargo eletivo e 
em comissão.
• QUADROS, TABELAS COMPARATIVAS, ESQUEMAS E DESENHOS
Com esta técnica, o leitor sintetiza e memoriza mais facilmente os principais 
assuntos tratados no livro.
Serviços sociais
• QUESTÕES DE CONCURSOS NO DECORRER DO TEXTO
Por meio da seção "Como esse assunto foi cobrado em concurso?" é apresen­
tado ao leitor como as principais organizadoras de concurso do país cobram o 
assunto nas provas.
► Como esse assunto foi cobrado em concurso
No concurso para provimento do cargo de Procurador do Es­
tado do Ceará 2008, foi considerada incorreta a seguinte as­
sertiva. Ao criar uma autarquia, a administração pública apenas 
transfere a ela a execução de determinado serviço público, per­
manecendo com a titularidade desse serviço.
Nota do Autor 
à 8a edição
O Direito da Criança e do Adolescente está em constante transformação. Com 
isso, a atualização do presente livro é um desafio permanente para este autor, o 
que gera sempre motivação extra para seguir trabalhando e pesquisando.
Se o ano de 2017 ficou marcado por inúmeras modificações legislativas, 0 ano 
de 2018 teve apenas um ato normativo que alterou 0 Estatuto; trata-se da Lei n. 
13.715/2018, que modificou 0 § 2° do artigo 23. Além disso, 0 início de 2019 trouxe 
para 0 Estatuto uma singela modificação com a inclusão do art. 8°-A.
Com menos foco em explicar modificações legislativas, a 8a edição pôde se 
concentrar mais fortemente em revisar a jurisprudência, notadamente do STJ. Por 
isso, 0 leitor encontrará nesta edição um livro mais leve, de leitura mais dinâmi­
ca. Optamos pela seguinte sistemática: no caso de entendimento jurisprudenciais 
mais antigos, substituímos a ementa pela simples referência do julgado em nota 
de rodapé. Dessa forma, 0 leitor fará a leitura de forma mais escorreita. Foram 
mantidas as ementas apenas de julgados mais importantes e os de 2018.
Passamos em revista mais de 240 acórdãos proferidos pelo STJ a respeito do 
Estatuto da Criança e do Adolescente, com 0 objetivo de identificar modificações 
e evoluções do pensamento da Corte. Além disso, trocamos inúmeras questões 
de concurso mais antigas por outras mais recentes, de modo a indicar ao leitor 
como a matéria vem sendo cobrada atualmente.
Esperamos que a acolhida do leitor seja, mais uma vez, muito boa. Desejo 
boa leitura e, como sempre, permaneço aberto para dialogar a respeito dodi­
reito da criança e do adolescente.
Curitiba, janeiro de 2019.
Guilherme Freire de Melo Barros
barrosguilherme@yahoo.com.br
mailto:barrosguilherme@yahoo.com.br
Sumário
Capítulo I ► LIÇÕES PRELIMINARES....................................................................................... 23
1. Introdução................................................................................................................... 23
2. Proteção integral e absoluta prioridade.................................................................. 24
3. Crianças e adolescentes são sujeitos de direito...................................................... 25
4. Conceito de criança e de adolescente...................................................................... 26
5. Aplicação do Estatuto a quem já completou a maioridade..................................... 27
6. Interpretação do Estatuto.......................................................................................... 28
7. Competência legislativa............................................................................................. 28
Capítulo II ► DIREITOS FUNDAMENTAIS.................................................................................. 29
1. Dignidade da pessoa humana................................................................................... 29
2. Direito à vida e à saúde............................................................................................ 30
2.1. Substituição da prisão preventiva pela domiciliar.......................................... 33
3. Identificação adequada............................................................................................. 35
4. Maus-tratos, castigo físico e tratamento cruel ou degradante - comunicação ao
Conselho Tutelar......................................................................................................... 36
5. Preocupação com entrega da criança à adoção...................................................... 36
6. Direito à liberdade, ao respeito e à dignidade....................................................... 37
7. Direito a educação sem castigo físico, tratamento cruel ou degradante.............. 39
8. Políticas públicas da primeira infância...................................................................... 40
9. Depoimento sem dano............................................................................................... 43
Capítulo III ► DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR................................................................... 49
1. Introdução................................................................................................................... 49
2. Convivência familiar................................................................................................... 49
3. Permanência fora do convívio familiar - limites...................................................... 52
4. Entrega do filho para adoção.................................................................................... 53
5. Apadrinhamento......................................................................................................... 55
6. Igualdade de direitos entre os filhos........................................................................ 56
7. Poder fa m ilia r .................................................................................................................................... 56
7.1. Repercussões jurídicas do abandono afetivo.................................................... 59
8. Carência de recursos materiais................................................................................. 61
9. Condenação criminal................................................................................................. 62
10. Processo judicial contraditório para perda ou suspensão do poder familiar..... 64
11. Família natural............................................................................................................ 65
12. Reconhecimento de filho e de estado de filiação................................................... 67
14 Direito da Criança e do Adolescente - Vol. 36 • Guilherme Freire de Melo Barros
Capítulo IV ► FAMÍLIA SUBSTITUTA........................................................................................ 69
1. Introdução................................................................................................................... 69
2. Diretrizes gerais sobre a colocação em família substituta........................................ 69
2.1. Oitiva da criança e do adolescente.................................................................. 69
2.2. Preferência por família substituta com relação de parentesco....................... 70
2.3. Grupos de irmãos.............................................................................................. 70
2.4. Criança ou adolescente indígena ou de origem quilombola.......................... 70
2.5. Incompatibilidade e ambiente inadequado..................................................... 70
2.6. Impossibilidade de transferência para terceiros............................................ 71
2.7. Família substituta estrangeira............................................................................ 71
3. Guarda......................................................................................................................... 72
3.1. Classificação........................................................................................................ 73
3.2. Direito de visitação dos pais............................................................................. 75
3.3. Guarda e dependência econômica................................................................... 75
3.4. Guarda e benefícios previdenciários................................................................ 75
4. Tutela........................................................................................................................... 77
5. Adoção........................................................................................................................ 78
5.1. Classificação........................................................................................................ 79
5.1.1. Adoção conjunta...................................................................................... 79
5.1.2. Adoção unilateral.................................................................................... 80
5.1.3. Adoção póstuma...................................................................................... 80
5.1.4. Adoção intuitu personae.......................................................................... 81
5.1.5. Adoção internacional.............................................................................. 82
5.1.6. Adoção à brasileira................................................................................ 82
5.2. Principais características.................................................................................... 85
5.2.1. Excepcionalidade da medida................................................................ 85
5.2.2. Vínculos decorrentes da adoção.......................................................... 85
5.2.3. Natureza jurídica.................................................................................... 85
5.2.4. Idades do adotante e do adotando..................................................... 85
5.2.5. Judicialização da adoção........................................................................ 86
5.2.6. Prioridade de tramitação dos processos de adoção.......................... 86
5.2.7. Prevalência dos interesses do adotando............................................. 86
5.2.8. Prazo de conclusão do processo de adoção........................................ 87
5.3. Vedações............................................................................................................. 87
5.3.1. Vedação à adoçãopor procuração...................................................... 87
5.3.2. Vedação à adoção por ascendentes e irmãos.................................... 87
5.3.3. Vedação à adoção decorrente de tutela ou curatela........................... 88
5.4. Peculiaridades..................................................................................................... 88
5.4.1. Adoção por casal homoafetivo.......................................... 88
5.4.2. Adoção do nascituro.............................................................................. 91
Sumário 15
5.5. Requisitos............................................................................................................ 92
5.5.1. Consentimento dos pais e do adolescente.......................................... 92
5.5.2. Estágio de convivência........................................................................... 92
5.6. Cadastros............................................................................................................... 93
5.6.1. Hipóteses de adoção fora do cadastro de postulantes...................... 96
5.7. Adoção internacional............................................................................................. 97
5.7.1. Conceito de adoção internacional........................................................ 98
5.7.2. Requisitos para concessão da adoção internacional.......................... 99
5.7.3. Habilitação para adoção internacional................................................. 99
5.7.4. Organismos internacionais de adoção.................................................. 100
5.7.5. Adoção realizada no exterior............................................................... 102
5.8. Efeitos da adoção.............................................................................................. 104
5.9. Direito de conhecer a origem biológica........................................................... 105
6. Quadro comparativo entre guarda, tutela e adoção.............................................. 105
Capítulo V ► EDUCAÇÃO....................................................................................................... 109
1. Introdução................................................................................................................... 109
2. Direito à educação...................................................................................................... 109
2.1. Princípio da reserva do possível...................................................................... 110
2.2. Responsabilidade dos pais que deixam de matricular 0 filho na escola..... 116
2.3. Comunicação ao Conselho Tutelar.................................................................... 116
Capítulo VI ► PROFISSIONALIZAÇÃO E PROTEÇÃO AO TRABALHO............................................. 119
1. Introdução................................................................................................................... 119
2. Idade mínima para trabalho..................................................................................... 119
3. Proteção ao trabalho do adolescente...................................................................... 120
Capítulo VII ► PREVENÇÃO................................................................................................... 125
1. Introdução................................................................................................................... 125
2. Prevenção referente à informação, cultura, lazer, esportes, diversões e espetá­
culos ............................................................................................................................ 126
2.1. Classificação indicativa - inconstitucionalidade declarada pelo STF.............. 128
3. Prevenção à venda de produtos e serviços............................................................ 128
4. Autorização para viajar............................................................................................. *30
4.1. Viagem ao exterior............................................................................................. 131
4.2. Autorização para viagem ao exterior e Resolução n° 131/2011 do CNJ......... 131
Capítulo VIII ► POLÍTICA DE ATENDIMENTO............................................................................ 133
1. Introdução................................................................................................................... *33
2. Histórico sobre a política de atendimento................................................................. 133
3. Política de atendimento atual................................................................................... 134
3.1. Linhas de ação e diretrizes.............................................................................. 135
16 Direito da Criança e do Adolescente - Vol. 36 • Guilherme Freire de Melo Barros
4. Entidades de atendimento........................................................................................ 138
4.1. Registro das entidades junto ao Conselho Municipal..................................... 140
4.2. Entidades voltadas ao acolhimento institucional e familiar........................... 141
4.2.1. Princípios das entidades de acolhimento............................................ 141
4.2.2. Fiscalização das entidades de acolhimento: audiências concentra­
das.......................................................................................................... 143
4.2.3. Dirigente da entidade: guardião........................................................... 147
4.3. Entidades voltadas à internação....................................................................... 147
5. Fiscalização das entidades........................................................................................ 148
Capítulo IX ► MEDIDAS DE PROTEÇÃO................................................................................... 151
1. Introdução................................................................................................................... 151
2. Situação de risco......................................................................................................... 151
3. Agentes........................................................................................................................ 152
4. Rol de princípios......................................................................................................... 152
5. Medidas específicas de proteção.............................................................................. 155
6. Acolhimento................................................................................................................. 156
6.1. Características..................................................................................................... 156
6.2. Cuia de acolhimento.......................................................................................... 157
6.3. Plano individual de atendimento...................................................................... 157
6.4. Cadastro de crianças e adolescentes em programas de acolhimento......... 158
7. Proteção à vítima de abuso sexual........................................................................... 158
8. Regularização do registro.......................................................................................... 159
9. Situação de risco e fixação de competência............................................................ 160
10. Medida de proteção X Medida socioeducativa....................................................... 160
Capítulo X ► PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL: DIREITOS E GARANTIAS..................................... 163
1. Introdução................................................................................................................... 163
2. Conceito de crime......................................................................................................163
3. Tempo do ato infracional/crime................................................................................ 163
4. Aplicação de medida socioeducativa........................................................................ 164
5. Direitos individuais.................................................................................................... 164
5.1. Privação de liberdade....................................................................................... 164
5.2. Identificação dos responsáveis pela apreensão e informação sobre seus
direitos................................................................................................................ 166
5.3. Comunicação à família....................................................................................... 166
3.4. Liberação imediata............................................................................................ 167
5.5. Prazo de internação provisória........................................................................ 167
5.6. Identificação compulsória.................................................................................. 168
3.7. Não ser conduzido em compartimento fechado de veículo policial.............. 168
5.8. Vedação de cumprimento da internação em estabelecimento prisional..... 169
6. Garantias processuais................................................................................................ 169
Sumário 17
Capítulo XI ► MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS............................................................................. 173
í. Introdução.................................................................................................................. 173
2. Rol de medidas socioeducativas............................................................................... 173
3. Objetivos...................................................................................................................... 174
4. Principais características........................................................................................... 175
4.1. Requisitos para escolha da medida socioeducativa........................................ 173
4.2. Vedação de trabalhos forçados........................................................................ 176
4.3. Tratamento diferenciado para os portadores de deficiência mental............. 176
4.4. Cumulação e substituição de medidas............................................................. 176
4.5. Comprovação de autoria e materialidade da infração................................... 176
4.6. Idade máxima para cumprimento de medidas socioeducativas.................... 177
4.7. Prescrição de medidas socioeducativas.......................................................... 178
4.8. Princípio da insignificância................................................................................. 180
5. Medidas socioeducativas em espécie...................................................................... 181
5.1. Advertência......................................................................................................... 181
5.2. Obrigação de reparar 0 dano............................................................................ 181
5.3. Prestação de serviços à comunidade.............................................................. 182
5.4. Liberdade assistida............................................................................................ 182
5.5. Semiliberdade.................................................................................................... 183
5.6. Internação........................................................................................................... 184
5.6.1. Princípios pertinentes à internação...................................................... 184
5.6.2. Realização de atividades externas....................................................... 186
5.6.3. Prazo de cumprimento da medida....................................................... 186
5.6.4. Sistemática de aplicação da medida de internação........................... 190
5.6.5. Característica do período de cumprimento da internação................. 197
Capítulo XII ► REMISSÃO...................................................................................................... 201
1. Introdução................................................................................................................... 201
2. Momento para concessão da remissão................................................................... 201
3. Características............................................................................................................. 202
Capítulo XIII ► MEDIDAS PERTINENTES AOS PAIS E RESPONSÁVEIS........................................ 207
1. Introdução................................................................................................................... 207
2. Medidas....................................................................................................................... 207
Capítulo XIV ► CONSELHO TUTELAR....................................................................................... 211
1. Introdução................................................................................................................... 211
2. Características............................................................................................................. 211
3. Composição e características dos integrantes......................................................... 212
4. Atribuições.................................................................................................................. 213
18 Direito da Criança e do Adolescente - Vol. 36 • Guilherme Freire de Melo Barros
Capítulo XV ► JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE........................................................... 215
1. Introdução................................................................................................................... 215
2. Aspectos gerais do acesso à Justiça.......................................................................... 215
2.1. Acesso à Justiça e direito de petição infanto-juvenil...................................... 215
2.2. Assistência jurídica gratuita............................................................................... 215
2.3. Gratuidade nos procedimentos da Justiça da Infância e da Juventude........ 217
2.4. Capacidade civil, capacidade processual e curadoria especial..................... 217
2.5. Divulgação de atos referentes a crianças e adolescentes............................. 219
3. Justiça da Infância e da Juventude............................................................................ 220
4. Competência............................................................................................................... 220
4.1. Competência territorial...................................................................................... 220
4.2. Competência material........................................................................................ 222
4.3. Competência para regular da presença de crianças e adolescentes em
eventos................................................................................................................ 223
4.4. Delegação do cumprimento de medidas......................................................... 225
4-5- Justiça da Infância e da Juventude X Justiça Federal...................................... 226
4.6. Justiça da Infância e da Juventude X Justiça do Trabalho............................... 226
4.7. Aplicação de infrações administrativas............................................................ 227
4.8. Ampliação da competência por lei estadual.................................................... 228
5. Serviços auxiliares...................................................................................................... 228
CapítuloXVI ► PROCEDIMENTOS........................................................................................... 229
1. Introdução................................................................................................................... 229
2. Características gerais.................................................................................................. 230
2.1. Aplicação subsidiária da legislação processual............................................... 230
2.2. Prioridade na tramitação de processos........................................................... 230
2.3. Contagem de prazos.......................................................................................... 231
2.4. Flexibilidade procedimental.............................................................................. 231
3. Perda ou suspensão do poder familiar................................................................... 232
3.1. Legitimidade ativa.............................................................................................. 232
3.2. Petição in ic ia l................................................... 233
3.3. Concessão de liminar......................................................................................... 233
3.4. Citação e defesa................................................................................................ 233
3.5. Instrução processual.......................................................................................... 234
3.6. Sentença.............................................................................................................. 235
3.7. Prazo de conclusão do procedimento............................................................. 235
4. Destituição de tutela.................................................................................................. 235
5. Colocação em família substituta................................................................................ 236
5.1. Procedimento simplificado de colocação em família substituta.................... 236
5.2. Procedimento litigioso de colocação em família substituta........................... 237
Sumário 19
5.3. Cumulação do pedido expresso de destituição do poder familiar para
adoção............................................................................................................... 23 7
6. Habilitação dos pretendentes à adoção.................................................................. 238
7. Apuração de irregularidades em entidade de atendimento................................. 240
8. Apuração de infração administrativa às normas de proteção à criança e ao
adolescente................................................................................................................. 241
9. Infiltração de agentes de polícia para investigação de crimes................................ 242
Capítulo XVII ► APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL.................................................................. 243
1. Introdução................................................................................................................... 245
2. Apreensão e encaminhamento.................................................................................. 245
3. Providências na autoridade policial em caso de flagrante de ato infracional....... 246
4. Ministério Público........................................................................................................ 246
4.1. Encaminhamento................................................................................................ 246
4.2. Formação da convicção do Ministério Público.................................................. 247
4.3. Possíveis medidas do Ministério Público......................................................... 248
4.3.1. Arquivamento X Remissão...................................................................... 248
4.3.2. Representação para aplicação de medida socioeducativa................. 250
4.3.3. Prova pré-constituída............................................................................. 250
4-3-4- Representação da vítima para propositura da demanda - desneces­
sidade...................................................................................................... 252
5. Prazo de conclusão do procedimento..................................................................... 252
6. Citação e designação de audiência de apresentação............................................. 252
6.1. Providências para realização da audiência de apresentação....................... 253
6.2. Audiência de apresentação............................................................................... 254
6.3. Defesa prévia...................................................................................................... 256
6.4. Audiência em continuação................................................................................. 256
7. Sentença...................................................................................................................... 256
7.1. Vedação de internação é diferente de absolvição............................................ 258
8. Termos jurídicos próprios do Estatuto...................................................................... 260
Capítulo XVIII ► RECURSOS................................................................................................... 261
1. Introdução................................................................................................................... 261
2. Preparo....................................................................................................................... 261
3. Prazos..................................................................................................................................................... 262
4. Tramitação prioritária dos recursos.......................................................................... 263
5. Apelação...................................................................................................................... 264
5.1. juízo de retratação............................................................................................ 264
5.2. Efeitos.................................................................................................................. 264
5.3. Cabimento contra portarias e alvarás............................................................. 267
5.4. Ampliação do colegiado (CPC, art. 942) e vedação da reformatio in pejus.... 268
20 Direito da Criança e do Adolescente - Vol. 36 . Guilherme Freire de Melo Barros
Capítulo XIX ► MINISTÉRIO PÚBLICO, ADVOCACIA E TUTELA DE DIREITOS............................... 271
1. Ministério Público........................................................................................................ 271
1.1. Introdução........................................................................................................... 271
1.2. Rol de atribuições.............................................................................................. 271
1.3. Atuação do Ministério Público na Justiça da Infância e Juventude................. 273
1.4. Prerrogativa........................................................................................................ 274
2. Advocacia.................................................................................................................... 274
3. Tutela de direitos individuais e coletivos................................................................ 276
3.1. Introdução........................................................................................................... 276
3.2. Legitimidade........................................................................................................ 276
3.3. Competência...................................................................................................... 277
3.4. Litisconsórcio de MinistériosPúblicos.............................................................. 277
3.5. Amplitude de instrumentos processuais.......................................................... 277
Capítulo XX ► CRIMES E INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS......................................................... 279
1. Introdução................................................................................................................... 279
2. Leis penais e processuais penais.............................................................................. 279
3. Ação pública incondicionada..................................................................................... 279
4. Prescrição de crimes praticados contra crianças e adolescentes......................... 280
5. Crimes em espécie...................................................................................................... 280
6. Infrações administrativas........................................................................................... 297
6.1. Prescrição de infrações administrativas.......................................................... 298
6.2. Infrações administrativas em espécie.............................................................. 298
Capítulo XXI ► SINASE........................................................................................................... 305
1. Introdução................................................................................................................... 305
2. Objetivos das medidas socioeducativas................................................................... 306
3. Conceitos básicos........................................................................................................ 307
4. Repartição de competências e atribuições.............................................................. 308
4.1. União................................................................................................................... 308
4.2. Estados................................................................................................................ 309
4-3- Municípios........................................................................................................... 311
4.4. Distrito Federal................................................................................................... 312
5. Plano de Atendimento Socioeducativo...................................................................... 312
5.1. Avaliação do Plano de Atendimento................................................................ 312
6. Programas de atendimento....................................................................................... 314
6.1. Inscrição dos programas................................................................................... 314
6.2. Programas de meio aberto................................................................................ 315
6.3. Programas de privação de liberdade.............................................................. 315
6.4. Responsabilização.............................................................................................. 316
Sumário 21
7. Financiamento............................................................................................................. 317
8. Execução de medidas socioeducativas.................................................................... 317
8.1. Princípios............................................................................................................. 317
8.2. Direitos individuais............................................................................................ 319
8.3. Procedimentos................................................................................................... 321
8.3.1. Características........................................................................................ 321
8.3.2. Plano individual de atendimento.......................................................... 322
8.3.3. Reavaliação e substituição da medida ou do plano individual de
atendimento........................................................................................... 324
8.3.4. Nova imposição de medida no curso da execução............................. 325
8.3.5. Direito de visita a adolescente em unidade de internação............... 328
8.3.6. Extinção da medida socioeducativa...................................................... 328
9. Direito à saúde durante 0 cumprimento da medida............................................... 329
9.1. Diretrizes............................................................................................................. 329
9.2. Ligação do direito à saúde com 0 SUS............................................................. 330
9.3. Mãe adolescente e 0 direito à amamentação................................................. 330
9.4. Adolescente com transtorno mental e dependência química........................ 330
10. Regime disciplinar....................................................................................................... 330
BIBLIOGRAFIA 333
Lições
preliminares
1. INTRODUÇÃO
Na esteira do movimento constitucionalista moderno, denominado de pós- 
-positivismo, o estudo sobre qualquer tema jurídico deve ter início pela obser­
vação de seu regramento a partir da Constituição da República. Em relação ao 
direito da criança e do adolescente, não é diferente. 0 artigo 227 da nossa Lei 
Maior estabelece como "dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à 
criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, 0 direito à vida, à 
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dig­
nidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de 
colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violên­
cia, crueldade e opressão"
A expressão-chave da previsão constitucional é a absoluta prioridade que 
deve ser dada à criança e ao adolescente - e também ao jovem. A Lei n° 8.069/90, 
conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente, materializa 0 comando 
constitucional ao disciplinar largamente os direitos e deveres infanto-juvenis.
0 Estatuto substituiu 0 antigo Código de Menores, Lei n° 6.697/79, cuja inci­
dência era voltada precipuamente ao menor em situação de irregular. Crianças 
e adolescentes eram vistos como objeto de tutela à luz daquele regramento. 
"Durante todo este período a cultura da internação, para carentes ou delinquentes 
foi a tônica. A segregação era vista, na maioria dos casos, como a única solução".1
Antes mesmo da promulgação da Constituição cidadã e da promulgação da 
Lei n° 8.069/90, já se falava na comunidade internacional sobre a necessidade de 
proteção especial ao ser humano nas primeiras etapas de sua vida, infância e 
juventude. É 0 que indica Munir Cury:
A inspiração de reconhecer proteção especial para a criança e 0 adoles­
cente n ã o é n o va . Já a D e c la ra ç ã o d e G e n e b ra d e 19 24 d e te rm in a v a "a 
necessidade de proporcionar à criança uma proteção especial"; da mesma 
forma que a Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Uni­
das (Paris, 1948) apelava ao "direito a cuidados e assistência especiais"; *
1. AMIN, Andréa Rodrigues. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade, (coord.) Curso de direito 
da criança e do adolescente: aspectos teóricos e práticos. 4a ed. rev. e atual. Rio de janeiro: Lumen 
Juris, 2010, p. 7.
24 Direito da Criança e do Adolescente - Vol. 36 • Guilherme Freire de Melo Barros
na mesma orientação, a Convenção Americana sobre os Direitos Humanos 
(Pacto de São José, 1969) alinhavava, em seu art. 19: "Toda criança tem 
direito às medidas de proteção que na condução de menor requer, por 
parte da família, da sociedade e do Estado".2 3
Percebe-se que o Código de Menores de há muito já estava em dissonância 
com a compreensão jurídica e social sobre a forma de tratamento dapeculiar s i­
tuação de crianças e adolescentes. A Constituição da República claramente trilha 
novo rumo ao mencionar que a infância e a juventude têm de ser tratadas com 
absoluta prioridade.
A mudança de paradigma da nova Constituição já importava, por si só, a 
impossibilidade de se recepcionar boa parte das regras do Código de Menores. 
Nesse contexto moderno, foi necessário editar novo diploma legal no plano infra- 
constitucional, o Estatuto da Criança e do Adolescente. Com visão mais humana, 
a Lei n° 8.069/90 estabelece já em seu artigo i° : "Esta Lei dispõe sobre a proteção 
integral à criança e ao adolescente".
Assim, sempre com base forte nos princípios constitucionais, 0 Estatuto da 
Criança e do Adolescente é 0 principal diploma legal no que se refere à tutela 
dos direitos infanto-juvenis. Crianças e adolescente hoje são sujeitos de direito.
Sobre a nomeação da Lei n° 8.069/90 como Estatuto da Criança e do Adoles­
cente, Andrea Rodrigues Amin explica:
0 termo "estatuto" foi de todo próprio, porque traduz 0 conjunto de di­
reitos fundamentais indispensáveis à formação integral de crianças e ado­
lescentes, mas longe está de ser apenas uma lei que se limita a enunciar 
regras de direito material. Trata-se de um verdadeiro microssistema que 
cuida de todo 0 arcabouço necessário para se efetivar 0 ditame constitu­
cional de ampla tutela do público infanto-juvenil. É norma especial com ex­
tenso campo de abrangência, enumerando regras processuais, instituindo 
tipos penais, estabelecendo normas de direito administrativo, princípios 
de interpretação, política legislativa, em suma, todo 0 instrumental neces­
sário e indispensável para efetivar a norma constitucional.5
2. PROTEÇÃO INTEGRAL E ABSOLUTA PRIORIDADE
0 Estatuto da Criança e do Adolescente é formado por um conjunto de prin­
cípios e regras que regem diversos aspectos da vida, desde o nascimento até a 
maioridade. Toda sua sistemática se ampara no princípio da proteção integral 
(art. 1°).
A Lei tem 0 objetivo de tutelar a criança e 0 adolescente de forma ampla, 
não se limitando apenas a tratar de medidas repressivas contra seus atos infra- 
cionais. Pelo contrário, 0 Estatuto dispõe sobre direitos infanto-juvenis, formas
2. CURY, Munir (coord.). Estatuto da criança e do adolescente comentado: comentários jurídicos e sociais. 
10» edição. São Paulo: Malheiros, 2010, p. 18.
3. AMIN, Andrea Rodrigues. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade, op. cit., p. 9.
Cap. I • Lições prelim inares 25
de auxiliar sua família, tipificação de crimes praticados contra crianças e adoles­
centes, infrações administrativas, tutela coletiva etc. Enfim, por proteção integral 
deve-se compreender o conjunto amplo de mecanismos jurídicos voltados à 
tutela da criança e do adolescente.
Por isso, o Estatuto deve ser interpretado e aplicado com os olhos voltados 
para os fins sociais a que se dirige, com observância de que crianças e ado­
lescente são pessoas em desenvolvimento, a quem deve ser dado tratamento 
especial (art. 6o).
A doutrina da proteção integral guarda ligação com o princípio do melhor 
interesse da criança e do adolescente. Esse postulado traduz a ideia de que, 
na análise do caso concreto, os aplicadores do direito - advogado, defensor 
público, promotor de justiça e juiz - devem buscar a solução que proporcione o 
maior benefício possível para a criança ou adolescente. No estudo da colocação 
em família substituta, o princípio do melhor interesse se faz presente de forma 
marcante.
conjunto de mecanismos jurídicos voltados 
à tutela da criança e do adolescente
0 caput do artigo 4° do Estatuto é cópia da primeira parte do artigo 227 da 
Constituição da República, em sua redação original, antes das alterações imple­
mentadas pela EC n° 65/2010. Tanto lá, como aqui, são enumerados alguns dos 
direitos que cabem a crianças e adolescentes, de modo meramente exemplifica- 
tivo. A expressão-chave desse dispositivo é a absoluta prioridade. Trata-se de 
dever que recai sobre a família e 0 Poder Público de priorizar 0 atendimento 
dos direitos de crianças e adolescentes.
Inclusive, 0 parágrafo único do artigo 40 destrincha 0 conceito de prioridade 
no âmbito do Estatuto. Confira-se 0 quadro:
De acordo com esse dispositivo, a garantia de prioridade compreende:
Garantia de prioridade
(i) primazia de receber socorro;
(ii) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
(iii) preferência na formulação e execução de políticas públicas; e
(iv) destinação privilegiada de recursos públicos.
Constituição Estatuto da Criança
da República
3. CRIANÇAS E ADOLESCENTES SÃO SUjEITOS DE DIREITO
A proteção de direitos infanto-juvenis é uma marca importante do Estatuto, 
cujo artigo 30 indica que crianças e adolescentes gozam de todos os direitos
26 Direito da Criança e do Adolescente - Vol. 36 • Guilherme Freire de Melo Barros
fundamentais inerentes à pessoa humana. Esse dispositivo reflete o amadure­
cimento do sistema jurídico em relação a crianças e adolescentes. Se à luz do 
ordenamento anterior havia a percepção de que elas eram objeto de tutela, 
agora desponta o tratamento jurídico de sujeitos de direito. 0 parágrafo único 
do artigo 30 dispõe que os direitos previstos no Estatuto são aplicáveis a crianças 
e adolescentes independentemente de discriminação de qualquer natureza - 
nascimento, situação familiar, idade, sexo etc.
Além disso, 0 artigo 50 do Estatuto estabelece que: "Nenhuma criança ou ado­
lescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, 
violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por 
ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais."
0 dispositivo guarda relação com a parte final do artigo 227 da Constituição 
da República. Tais comportamentos proibidos não se referem apenas aos pais, 
mas a quaisquer pessoas que tenham contato com a criança ou 0 adolescente. A 
conduta negligente, por exemplo, pode ser praticada por um guardião ou alguém 
que tenha a criança ou adolescente sob seus cuidados em determinada situação. 
A discriminação pode ter por alvo motivos de cor, religião, origem etc. 0 artigo 5° 
busca enumerar de forma ampla qualquer conduta que possa violar os direitos 
da criança e do adolescente, sendo certo que 0 Estatuto prevê sanções de natu­
reza civil (ex: suspensão e perda do poder familiar), penal e administrativa - 0 
Título VII, do Livro II dispõe sobre crimes e infrações administrativas relacionadas 
a crianças e adolescentes.
Além disso, de forma a conscientizar a sociedade acerca dos direitos infan- 
to-juvenis, 0 Estatuto estabelece 0 dever de 0 Poder Público promover periodi­
camente a divulgação desses direitos nos meios de comunicação social, inclusive 
em linguagem acessível a crianças com idade inferior a 6 anos (art. 265-A).
0 Código de Menores tratava crianças e adolescentes como objeto de prote­
ção. A doutrina moderna dá outra conotação para a questão e passa a se referir 
à criança e ao adolescente como sujeitos de direito. 0 objetivo é realmente dei­
xar claro que há direitos a respeitar e que toda a sociedade - pais, responsáveis 
e Poder Público - deve zelar por eles.
C ó d ig o d e M e n o re s X E sta tu to da C riança e d o A d o le scen te
Tutelava apenas 0 menor em situação 
irregular
Dá ampla proteção à criança e ao 
adolescente
0 menor era visto como objeto de 
tutela
Criança e adolescente são sujeitos de 
direitos
4. CONCEITO DE CRIANÇA E DE ADOLESCENTE
0 Estatuto estabelece no art. 2° uma importante divisão conceituai, com im­
plicações práticas relevantes. Considera-se criança a pessoa com até 12 (doze) 
anos incompletos, ou seja, aquele que ainda não completou seus doze anos. Por
Cap. I . Lições preliminares 27
sua vez, adolescente é aquele que conta 12 (doze) anos completos e 18 anos 
incompletos. Ao completar 18 anos, a pessoa deixa de ser considerada adoles­
cente e alcança a maioridade civil (art. 5° do Código Civil). 0 critérioadotado 
pelo legislador é puramente cronológico, sem adentrar em distinções biológicas 
ou psicológicas acerca do atingimento da puberdade ou do amadurecimento da 
pessoa.
A distinção entre criança e adolescente tem importância, por exemplo, no 
que tange às medidas aplicáveis à prática de ato infracional. À criança somente 
pode ser aplicada medida de proteção (art. 105), e não medida socioeducativa 
- estas aplicáveis aos adolescentes.
Idade Nomen Iuris
De 0 a 12 anos incompletos Criança
De 12 completos e 18 anos incompletos Adolescente
A partir de 18 anos completos Maior
Além da ampla proteção concedida pelo Estatuto a crianças e adolescentes, 
a Lei n. 13.257/2016 dá ênfase especial às políticas públicas da primeira infância, 
que é 0 período dos primeiros 6 anos de vida.
► Como esse assunto foi cobrado em concurso?
(Promotor de Justiça - MP-MS - 2018 - MP-MS - adaptada) Referente 
ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA - Lei 8.069/90), julgue 0 
item a seguir:
Para efeitos do ECA, considera-se criança a pessoa até doze anos de 
idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e vinte um anos 
de idade.
Gabarito: 0 item está errado.
5. APLICAÇÃO DO ESTATUTO A QUEM JÁ COMPLETOU A MAIORIDADE
Dispõe 0 parágrafo único do art. 20 que 0 Estatuto é aplicável excepcional­
mente às pessoas entre 18 e 21 anos de idade. Isso se verifica tanto no campo 
infracional, quanto na área cível.
Na apuração de ato infracional, por exemplo, ainda que o adolescente te­
nha alcançado a maioridade, o processo judicial se desenvolve no âmbito da Jus­
tiça da Infância e Juventude. Vale dizer, aquele que já completou 18 anos ainda 
está sujeito à imposição de medidas socioeducativas e de proteção. A aplicação 
do Estatuto somente cessa quando 0 jovem completa 21 anos (art. 121, § 50). No 
âmbito cível, verifica-se que a adoção pode ser pleiteada no âmbito da Justiça 
da Infância e Juventude, mesmo que o adotando já tenha completado 18 anos, 
nos casos em que já se encontre sob a guarda ou a tutela dos adotantes (art. 40).
28 Direito da Criança e do Adolescente - Vol. 36 • Guilherme Freire de Melo Barros
Portanto, deve ficar claro que o Estatuto fixa os conceitos de criança e ado­
lescente e tem por objetivo tutelá-los, mas é possível sua aplicação em situações 
nas quais o adolescente já tenha atingido a maioridade civil.
0 parágrafo único do artigo 2° continua, pois, em vigor.
6. INTERPRETAÇÃO DO ESTATUTO
0 artigo 6° estabelece que: "Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta 
os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres 
individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pes­
soas em desenvolvimento." A previsão de que a interpretação do Estatuto deve 
levar em conta os fins sociais está em perfeita harmonia com o artigo 5° da Lei 
de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.
Luís Roberto Barros explica: "As normas devem ser aplicadas atendendo, fun­
damentalmente, ao seu espírito e à sua finalidade. Chama-se teleológico 0 método 
interpretativo que procura revelar 0 fim da norma, 0 valor ou bem jurídico visado 
pelo ordenamento com a edição de dado preceito."*
De fato, 0 aplicador do direito deve sempre se pautar pelo objetivo maior 
de tutela da norma jurídica. No caso do Estatuto da Criança e do Adolescente, por 
óbvio, quer-se tutelar os direitos infanto-juvenis, de modo que 0 juiz, 0 promotor 
de justiça, 0 defensor público, 0 advogado etc., enfim, todos devem extrair da 
norma 0 maior conteúdo protetivo possível para a criança e 0 adolescente.
A parte final do dispositivo traz uma expressão-chave que é a de que a 
criança ou 0 adolescente é pessoa em desenvolvimento, 0 que significa dizer 
que a aplicação de seu conteúdo deve ser diferente daquela ordinária prevista 
para adultos. É que a infância e a adolescência são os períodos de maiores 
transformações do ser humano, é 0 momento em que se forma seu caráter, se 
dá a educação básica, a alfabetização; é 0 período em que a saúde é mais frágil 
(notadamente a da criança). É dizer, esse período inicial da vida é 0 que permiti­
rá a formação de um adulto saudável, educado e ético, a permitir a estruturação 
de uma sociedade mais justa e humana.
Em suma, a diretriz a ser seguida na interpretação do Estatuto deve le­
var em conta os fins sociais ligados à proteção integral de crianças e adoles­
centes, que são seres humanos com características especiais, são pessoas em 
desenvolvimento.
7. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
Em relação à proteção à infância e juventude, a competência legislativa é 
concorrente e recai sobre a União, os Estados e 0 Distrito Federal, conforme 
determina o art. 24, inciso XV, da Constituição da República.
4 BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Constituição. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 138.
Direitos
fundamentais
1. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
A Constituição da República estabelece como um dos dogmas de nossa so­
ciedade a dignidade da pessoa humana (art. i°, inc. III). Trata-se de um norte, um 
objetivo a ser perseguido por toda a sociedade. Cada cidadão deve ter respei­
tada a sua dignidade, ou seja, seus direitos devem ser observados e atendidos 
pelos demais membros da sociedade e pelo Poder Público.
Embora de difícil definição, o princípio da dignidade da pessoa humana é 
composto por um núcleo duro, o mínimo existencial. A esse respeito, Ana Paula 
de Barcellos explica:
5.1) 0 efeito pretendido pelo princípio da dignidade da pessoa humana 
consiste, em termos gerais, em que as pessoas tenham uma vida digna. 
Como é corriqueiro acontecer com os princípios, embora esse efeito seja 
indeterminado a partir de um ponto (variando em função de opiniões 
políticas, filosóficas, religiosas etc.), há também um conteúdo básico, sem 
0 qual se poderá afirmar que 0 princípio foi violado e que assume caráter 
de regra e não mais de princípio. Esse núcleo, no tocante aos elementos 
materiais da dignidade, é composto pelo mínimo existencial, que consiste 
em um conjunto de prestações materiais mínimas sem as quais se poderá 
afirmar que 0 indivíduo se encontra em situação de indignidade.
5.2) Ao mínimo existencial se reconhece a modalidade de eficácia jurídica 
positiva ou simétrica - isto é, as prestações que compõem 0 mínimo exis­
tencial poderão ser exigidas judicialmente de forma direta -, ao passo que 
ao restante dos efeitos pretendidos pelo princípio da dignidade da pessoa 
humana serão reconhecidas apenas as modalidades de eficácia negativa, 
interpretativa e vedativa do retrocesso, como preservação do pluralismo 
e do debate democrático.
5.3) Uma proposta de concretização do mínimo existencial, tendo em conta 
a ordem constitucional brasileira, deverá incluir os direitos à educação 
fundamental, à saúde básica, à assistência no caso de necessidade e ao 
acesso à justiça.1 *
1. BARCELLOS, Ana Paula de. A eficácia jurídica dos princípios constitucionais: 0 princípio da dignidade da 
pessoa humana. Rio de Janeiro: Renovar, 2002, p. 304-305-
30 Direito da Criança e do Adolescente - Vol. 36 • Guilherme Freire de Melo Barros
Com crianças e adolescentes, a questão é ainda mais sensível. Sua especial 
condição de pessoa em desenvolvimento indica a necessidade de maior atenção 
para a tutela de seus direitos fundamentais, a fim de se alcançar a dignidade da 
pessoa humana de forma mais plena possível. Bem por isso, a Constituição da 
República determina que seus direitos sejam atendidos com prioridade absoluta 
(art. 227).
0 Estatuto da Criança e do Adolescente, com base forte nessa diretriz e na 
doutrina da proteção integral, elenca de forma minuciosa os direitos fundamen­
tais entre os artigos 7° e 69.
Dignidade da pessoa humana
Condição especial de pessoa em desenvolvimento ECA: previsão de
Proteção integral direitos fundamentais
Atendimento com prioridade absoluta (arts. 70 a 69)
0 rol dos direitos fundamentais da criança e do adolescente no Estatuto vai 
desde os direitos à vida e à saúde, até adisciplina do direito à convivência fa­
miliar, seja na família natural ou em família substituta (guarda, tutela e adoção). 
Conforme será estudado ao longo desta obra, os direitos fundamentais contidos 
no Estatuto são, em sua maioria, de caráter prestacional, ou seja, contêm de­
veres de fazer ou de dar impostos ao Poder Público e aos pais e responsáveis. 
São tipicamente direitos de segunda geração, cuja tutela é oponível a quem quer 
que não os respeite.
Confira-se 0 quadro esquemático de direitos fundamentais previstos no 
Estatuto:
Direitos fundamentais no ECA
Direito à vida e à saúde (arts. 7° a 14)
Direito à liberdade, ao respeito e à dignidade (arts. 15 a 18)
Direito à convivência familiar e comunitária (arts. 19 a 52-D)
Direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer (arts. 53 a 59) 
Direito à profissionalização e à proteção no trabalho (arts. 60 a 69)
2. DIREITO À VIDA E À SAÚDE
Não há a menor dúvida em afirmar que 0 direito à vida é o de maior valor 
para toda a estruturação do ordenamento jurídico. Não é possível se falar em 
qualquer outro tipo de tutela de direitos ou em princípios e regras ou em siste­
ma jurídico, sem que haja vida humana. Assim, 0 direito à vida somente poderia 
estar mesmo elencado como o primeiro do rol dos direitos fundamentais do 
Estatuto (art. 7°), 0 que está em consonância com a previsão constitucional de in­
violabilidade do direito à vida na Constituição (art. 5° e art. 227, este relacionado 
à criança, ao adolescente e ao jovem).
Em doutrina, Andréa Rodrigues Amin analisa:
Cap. II . Direitos fundamentais 31
Trata-se de direito fundamental homogêneo considerado como o mais ele­
mentar e absoluto dos direitos, pois indispensável para o exercício de 
todos os demais. Não se confunde com sobrevivência, pois no atual estágio 
evolutivo, implica no reconhecimento do direito de viver com dignidade, 
direito de viver bem, desde o momento da formação do ser humano.2
Ao lado do direito à vida, desponta o direito à saúde, que é justamente a 
qualificação daquele primeiro direito. É dizer, não basta garantir o direito à vida, 
mas sim o direito à vida com saúde. Nesse contexto, o artigo 7° prevê a neces­
sidade de "efetivação de políticas sociais públicas que permitam 0 nascimento e 
desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência".
0 meio para garantir 0 direito à vida e à saúde daquele que ainda vem ao 
mundo perpassa, necessariamente, por cuidados com a gestante, que é 0 veícu­
lo da vida. Por isso, 0 capítulo do Estatuto que trata do direito à vida e à saúde 
de crianças e adolescentes traz previsões relativas à gestante e ao seu atendi­
mento hospitalar. 0 artigo 8o garante 0 acesso aos programas e às políticas de 
saúde da mulher e de planejamento reprodutivo. Além disso, a gestante tem 0 
direito a uma nutrição adequada e atenção humanizada à sua gravidez, ao parto 
de forma a englobar 0 atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal, através do 
Sistema Único de Saúde (CR, art. 198).
Confira-se a integralidade do artigo 8°:
Art. 8o É assegurado a todas as mulheres 0 acesso aos programas e às po­
líticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e, às gestantes, 
nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puer- 
pério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do 
Sistema Único de Saúde.
§ i ° 0 atendimento pré-natal será realizado por profissionais da atenção 
primária.
§ 20 Os profissionais de saúde de referência da gestante garantirão sua 
vinculação, no último trimestre da gestação, ao estabelecimento em que 
será realizado 0 parto, garantido 0 direito de opção da mulher.
§ 30 Os serviços de saúde onde 0 parto for realizado assegurarão às mu­
lheres e aos seus filhos recém-nascidos alta hospitalar responsável e con- 
trarreferência na atenção primária, bem como 0 acesso a outros serviços 
e a grupos de apoio à amamentação.
§ 4o Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à ges­
tante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive como forma de preve­
nir ou minorar as consequências do estado puerperal.
§ 50 a assistência referida no § 40 deste artigo deverá ser prestada tam­
bém a gestantes e mães que manifestem interesse em entregar seus filhos
2. AMIN, Andréa Rodrigues. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade, op. cit., p. 32 (grifos do 
original).
32 Direito da Criança e do Adolescente - Vol. 36 • Guilherme Freire de Melo Barros
para adoção, bem como a gestantes e mães que se encontrem em situação 
de privação de liberdade.
§ 6° A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompanhante de sua 
preferência durante 0 período do pré-natal, do trabalho de parto e do 
pós-parto imediato.
§ 7° A gestante deverá receber orientação sobre aleitamento materno, 
alimentação complementar saudável e crescimento e desenvolvimento in­
fantil, bem como sobre formas de favorecer a criação de vínculos afetivos 
e de estimular 0 desenvolvimento integral da criança.
§ 8° A gestante tem direito a acompanhamento saudável durante toda a 
gestação e a parto natural cuidadoso, estabelecendo-se a aplicação de 
cesariana e outras intervenções cirúrgicas por motivos médicos.
§ 9° A atenção primária à saúde fará a busca ativa da gestante que não ini­
ciar ou que abandonar as consultas de pré-natal, bem como da puérpera 
que não comparecer às consultas pós-parto.
§ 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher com filho na 
primeira infância que se encontrem sob custódia em unidade de privação 
de liberdade, ambiência que atenda às normas sanitárias e assistenciais 
do Sistema Único de Saúde para 0 acolhimento do filho, em articulação 
com 0 sistema de ensino competente, visando ao desenvolvimento integral 
da criança.
Uma gestação adequada previne doenças e permite o desenvolvimento sa­
dio do feto, de maneira que o recém-nascido terá melhores condições de vida.
A gestante possui amplo rol de garantias para uma gestação saudável e 
para um parto que respeite a dignidade desse momento especial e importante 
no ciclo da vida. 0 § 40 do artigo 8o prevê 0 dever de prestar assistência psico­
lógica durante a gestação e após 0 parto, com os olhos voltados à prevenção 
do estado puerperal. 0 objetivo, logicamente, é preservar a vida e a saúde do 
recém-nascido.
Após dispor sobre aspectos pertinentes ao nascimento com vida e dar aten­
ção especial à gestação e ao parto, 0 Estatuto impõe ao Poder Público e aos em­
pregadores da iniciativa privada 0 dever de proporcionar condições adequadas 
para 0 aleitamento materno:
Art. 9° 0 poder público, as instituições e os empregadores propiciarão con­
dições adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães 
submetidas a medida privativa de liberdade.
É dever dos profissionais das unidades primárias de saúde desenvolver 
ações para promoção e apoio ao aleitamento materno e à alimentação saudável 
(§ i°) . Por fim, os serviços de unidade de terapia intensiva neonatal devem dis­
por de banco de leite ou unidade de coleta (§ 2°).
No âmbito do direito do trabalho, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) 
também prevê 0 direito de aleitamento à empregada:
Cap. il • Direitos fundamentais 33
Art. 396. Para amamentar 0 próprio filho, inclusive se advindo de adoção, 
até que este complete 6 (seis) meses de idade, a mulher terá direito, du­
rante a jornada de trabalho, a 2 (dois) descansos especiais, de meia hora 
cada um. Parágrafo único. Quando 0 exigir a saúde do filho, 0 período de 
6 (seis) meses poderá ser dilatado, a critério da autoridade competente.
A redação do artigo 396 da CLT foi dada pela Lei n. 13.509/2017 - mais es­
pecificamente, 0 dispositivo foi alterado para incluir 0 direito à amamentação 
em caso de filho advindo de adoção. É possível que 0 leitor estranhe a regra à 
primeira vista, uma vez que a mãe adotiva não produz leite materno, justamente 
por não ter engravidado. A mensagem do legislador aqui é muito interessante, 
porque amplia a preocupação para alémdo ato de nutrição em si. A amamenta­
ção do filho adotivo, garantido na CLT, tem como objetivo 0 desenvolvimento do 
afeto, do laço mãe-filho. 0 momento da amamentação, seja de peito ou de 'fór­
mula', é de grande intimidade e conexão entre ambos; portanto, indispensável 
tanto para a mãe biológica, quanto para a mãe adotiva.
Como se vê, os diferentes dispositivos caminham na mesma direção, que 
é a de garantir 0 adequado desenvolvimento do recém-nascido durante os pri­
meiros meses de vida.
0 direito alcança, inclusive, mães submetidas a medidas privativas de liber­
dade, direito fundamental garantido também na Constituição da República (art. 
5°, inc. L). 0 que se está a garantir é 0 direito à saúde e ao desenvolvimento 
sadio da criança, ou seja, 0 direito não é da mãe, mas sim do filho.
A Lei do Sinase, Lei n° 12.594/2012, reforçou tal garantia ao prever que de­
vem ser proporcionadas condições adequadas à mãe-adolescente para am a­
mentar seu filho. É 0 que estabelece 0 § 2° do artigo 63: "Serão asseguradas as 
condições necessárias para que a adolescente submetida à execução de medida 
socioeducativa de privação de liberdade permaneça com 0 seu filho durante 0 pe­
ríodo de amamentação."
0 capítulo do Estatuto sobre 0 direito à vida e à saúde se encerra com 0 ar­
tigo 14, que trata da assistência médica e odontológica, a ser prestada pelo SUS 
com foco específico em doenças e enfermidades que afetam a população mais 
jovem. A atuação é notadamente preventiva, tanto que 0 § i ° prevê a vacinação 
como obrigatória. Os parágrafos 2° e 30 se ocupam da atenção odontológica, para 
prever um amplo cuidado bucal.
0 § 50 tem como foco a detecção prematura de possíveis riscos ao desen­
volvimento psíquico da criança. 0 objetivo da norma é trabalhar com precaução 
para identificar possíveis problemas e estabelecer parâmetros de atuação que 
minimizem riscos ou, ainda, que sejam desenvolvidos trabalhos específicos para 
superação de problemas futuros.
2.1. Substituição da prisão preventiva pela domiciliar
Questão marcante e recente no judiciário brasileiro diz respeito à possibili­
dade de substituição da prisão preventiva pela prisão domiciliar.
34 Direito da Criança e do Adolescente - Vol. 36 • Guilherme Freire de Melo Barros
0 Código de Processo Penal autoriza a substituição da prisão preventiva 
pela domiciliar quando a mulher possui filho de 12 anos incompletos, crianças 
(art. 318, inc. V). A previsão tem origem nas Regras de Bangok - Regras das Na­
ções Unidas para 0 tratamento de mulheres presas e medidas não privativas de 
liberdade para mulheres infratoras, de 2010.
A regra foi introduzida no CPP em 2016 e, desde então, tem suscitado inúme­
ros Habeas Corpus, razão por que há diversos casos julgados pelo STj a respeito 
da matéria.
Em um dos casos, a Corte examinou a situação da paciente que, presa 
por participação em organização criminosa, pleiteou a substituição da prisão 
preventiva por prisão domiciliar, ao argumento de que tinha filho menor de 12 
anos, ou seja, criança. Na instância de origem, 0 Habeas Corpus fora negado ao 
argumento de que a criança não precisava dos cuidados maternos. 0 STJ refor­
mou a decisão por entender que a manutenção da prisão exigiría fundamenta­
ção concreta. Confira-se:
3. Examinando a decisão judicial atacada, vê-se como descabida a dis­
cussão de necessidade dos cuidados maternos à criança, pois condição 
legalmente presumida, e não devidamente justificada a insuficiência da 
cautelar de prisão domiciliar. Ao contrário, consta dos autos que a pacien­
te é mãe de filho menor de 12 anos de idade, de modo que, conforme 
entendimento pessoal, 0 excepcionamento à regra geral de proteção da 
primeira infância pela presença materna exigiría específica fundamentação 
concreta, 0 que não se verifica na espécie, evidenciando-se a ocorrência 
de constrangimento ilegal.
4. Recurso em habeas corpus provido para a substituição da prisão preven­
tiva da paciente KATIA SILVA por prisão domiciliar, sem prejuízo de determi­
nação de outras medidas diversas de prisão, por decisão fundamentada.
(RHC 103.051/MG, Rei. Min. Nefi Cordeiro, 6a Turma, julgado em 27/11/2018, 
DJe 05/12/2018)
Para manutenção da prisão cautelar em detrimento da prisão domiciliar é 
preciso fundamentação específica do juízo. Confira-se:
2. Apresentada fundamentação concreta para a decretação da prisão pre­
ventiva, evidenciada na gravidade do delito, haja vista que 0 crime contra 
a vítima foi cometido por motivo fútil, uma vez que a mesma começou a 
discutir com seu companheiro por motivos banais e na discussão passou 
a ameaçá-lo, dizendo que iria matá-lo. Com isso, sacou de um revolver e 
disparou contra 0 mesmo, no entanto, este se esquivou e acertou a vítima 
Andressa que estava sentada do lado e no fato de a recorrente ter fugido 
do local do crime e não se sabe 0 seu paradeiro, não há que se falar em 
ilegalidade.
3. Havendo a indicação de fundamentos concretos para justificar a custódia 
cautelar, não se revela cabível a aplicação de medidas cautelares alterna­
tivas à prisão, visto que insuficientes para resguardar a ordem pública.
Cap. II . Direitos fundamentais 35
4. Ainda que a paciente seja mãe de filho menor de 12 anos, a substitui­
ção da prisão preventiva pela domiciliar foi negada com fundamento em 
situação excepcional, nos termos do HC n. 143.641/SP, evidenciada no fato 
de que praticou crime com violência, inclusive em ambiente familiar, não 
há manifesta ilegalidade.
5. Não demonstrado 0 preenchimento dos requisitos previstos no art. 318, 
III, do CPP, tendo em vista que esta refere à criança menor de 6 anos e a 
recorrente alega que possui três filhos menores, com 15, 12 e 7 anos de 
idade, não há ilegalidade.
6. Recurso em habeas corpus improvido.
(RHC 101.367/SP, Rei. Min. Nefi Cordeiro, 6» Turma, julgado em 06/11/2018, 
DJe 26/11/2018)
3. IDENTIFICAÇÃO ADEQUADA
0 artigo 10 do Estatuto possui a seguinte redação:
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de 
gestantes, públicos e particulares, são obrigados a:
I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários 
individuais, pelo prazo de dezoito anos;
II - identificar 0 recém-nascido mediante 0 registro de sua impressão plan­
tar e digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas 
normatizadas pela autoridade administrativa competente;
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anorma­
lidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação 
aos pais;
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as 
intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato;
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência 
junto à mãe.
VI - acompanhar a prática do processo de amamentação, prestando orien­
tações quanto à técnica adequada, enquanto a mãe permanecer na unida­
de hospitalar, utilizando 0 corpo técnico já existente.
Esse dispositivo regula precipuamente a adequada identificação dos recém- 
-nascidos e de suas genitoras, a fim de evitar a troca de identidades. Inclusive,
os artigo s 228 e 229 do Estatuto p reveem com o crim e as co nd utas o m issiva s 
daqueles deixam de cumprir esse dispositivo. Os prontuários das atividades de­
senvolvidas devem ser individuais e mantidos pelo prazo de 18 anos (art. 10 ,1).
Dentre os documentos referentes à identificação do recém-nascido, desta- 
ca-se a declaração de nascido vivo, DNV (art. 10, inc. IV), pois possibilita à genito- 
ra registrar 0 recém-nascido no registro civil de pessoas naturais. Além disso, é 
documento de que sempre se vale 0 Judiciário no procedimento de regularização 
de registro civil (art. 102).
36 Direito da Criança e do Adolescente - Vol. 36 • Guilherme Freire de Melo Barros
De forma pouco sistemática, artigo 10 foi acrescido do inciso VI pela Lei n. 
13.436/2017 para destacar um trabalho importante a ser realizado nos hospitais 
e estabelecimentos de saúde, as orientações

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