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A JURISDIÇÃO E A MEDIAÇÃO_ DA AUTORIDADE À AUTONOMIA

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A JURISDIÇÃO E A MEDIAÇÃO: DA AUTORIDADE À AUTONOMIA 
 
JURISDICTION AND MEDIATION: FROM THE AUTHORITY TO AUTONOMY 
 
Marcela Rodrigues Souza Figueiredo
1
 
Fabiana Alves Mascarenhas
2
 
 
 
Resumo: O presente artigo pretende fazer uma análise sintética das crises estrutural e 
paradigmática pelas quais passa o poder Judiciário, para contextualizar a (re) descoberta dos 
métodos alternativos de resolução de conflitos, identificando ao final a Mediação como uma 
das formas de seu enfrentamento. Partindo-se do pressuposto da influência da dimensão 
simbólica e da apropriação da realidade pelo Direito e dos procedimentos praticados em 
contraditório (que acirram a disputa) na solução dos conflitos e suas consequências para os 
cidadãos, tenta-se defender a Mediação como um instrumento de emancipação do sujeito e de 
construção da cidadania, através do exercício da autonomia, garantindo-se acesso a uma 
justiça mais adequada para cada caso. 
 
Palavras-chave: Jurisdição; Mediação; Cidadania; Autonomia 
 
Abstract: This article seeks to make a synthetic analysis of structural and paradigmatic crises 
undergone by the Judiciary, to contextualize the (re) discovery of alternative methods of 
conflict resolution, identifying mediation as one of the ways of coping with. Starting from the 
assumption of the influence of the symbolic dimension of reality and of the appropriation by 
 
1 Advogada das áreas de Direito de Família e das Sucessões do Núcleo de Prática Jurídica Evandro Lins e Silva 
da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas do Grupo Ibmec – Rio. Mediadora em capacitação pelo Mediare 
com atuação do Fórum Regional da Barra da Tijuca da Comarca do Rio de Janeiro. Mestranda em Ciências 
Sociais e Jurídicas do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito da Universidade Federal Fluminense 
– PPGSD/UFF. Pesquisadora do Laboratório Fluminense de Estudos Processuais – LAFEP/ UFF – Niterói/RJ. 
Professora. (marcelafigg@hotmail.com) 
2
 Mestranda em Ciências Sociais e Jurídicas do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito da 
Universidade Federal Fluminense – PPGSD/UFF. Bolsista CAPES. Pesquisadora do Laboratório Fluminense de 
Estudos Processuais – LAFEP/ UFF – Niterói/RJ. Mediadora Judicial do TJ/RJ (famascarenhas@live.com) 
the law and its procedures practiced in contradictory (which acirram the dispute) in the 
solution of conflicts and their consequences for citizens, this article tries to defend mediation 
as a tool emancipation of the person and the construction of citizenship, through the exercise 
of autonomy, guaranteeing access to a justice most appropriate to each case. 
Key words: Jurisdiction; Mediation; Citizenship; Autonomy 
Sumário: 1. Introdução; 2. A crise por que passa o poder judiciário: breve análise sob a 
perspectiva do aumento da litigância; 3. A crise do paradigma epistemológico do Direito. 4. 
Diferenças entre a jurisdição e a mediação na perspectiva de uma justiça participativa; 5. A 
mediação como instrumento de emancipação do cidadão através do estímulo ao diálogo e do 
exercício da cidadania; 6. Considerações finais; 7. Referências bibliográficas 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Os métodos alternativos de resolução de conflito (ADRs) cada vez mais ganham 
espaço no cenário jurídico brasileiro e internacional, o que pode demonstrar a inadequação do 
poder judiciário para solução de determinados casos que surgem da complexidade dos novos 
tempos que demandam novas formas de manejo dos conflitos. Esta inadequação é 
característica de uma dupla crise enfrentada pelo poder judiciário: na sua esfera estrutural, 
quando não consegue dar conta da alta demanda provocada pelo aumento da litigiosidade; e 
na esfera paradigmática do próprio Direito, quando o mesmo não consegue responder 
satisfatória e eficientemente às demandas sociais. 
A mediação de conflitos é uma das formas alternativas de resolução de conflitos não 
adversariais e aparece como proposta de enfrentamento desta crise a partir da análise de seu 
potencial democrático na medida em que permite a criação de um espaço público propício 
para a prática dialógica, através do verdadeiro exercício da autonomia da vontade. 
O presente artigo analisa sinteticamente a crise do Poder judiciário nas suas esferas 
estrutural e paradigmática, apresentando em seguida uma nova forma de gerenciamento dos 
conflitos através da mediação. A mediação teria função educativa e não coercitiva, sendo 
considerada um processo pedagógico de autonomização do sujeito. A execução dos seus 
acordos seria realizada não através da força institucionalizada, mas de forma espontânea, uma 
vez que expressão da genuína autoria das partes, e, portanto, emancipatória, pois permite a 
construção coletiva do que é justo, o que seria uma representação mais fiel da realidade antes 
apropriada pelo Direito. 
 
2. A CRISE POR QUE PASSA O PODER JUDICIÁRIO: BREVE ANÁLISE SOB 
A PERSPECTIVA DO AUMENTO DA LITIGÂNCIA 
 
A crise do poder judiciário, aqui encarada sob a perspectiva do aumento da litigância, 
passa por seu protagonismo social e político, ou seja, pelo momento em que o centro de 
decisões do Poder Legislativo e Executivo desloca-se para o Judiciário. Antes, na maior parte 
do século XX, mais notadamente na construção dos Estados Latino Americanos, o juiz era 
considerado mero aplicador da lei e parte do aparato burocrático do Estado, por ele 
controlado. 
A proeminência do Sistema Judicial sobre os outros poderes deve-se muito ao papel 
que o mesmo começou a desempenhar a partir de uma nova estratégia hermenêutica 
constitucional de efetivação dos direitos dos cidadãos, passando assim a garantidor da 
efetividade dos direitos previstos na constituição e não cumpridos pelo legislativo e executivo. 
Este protagonismo dos tribunais passou a ser visto não só nos países latino americanos, mas 
também nos europeus, africanos e asiáticos a partir do final de 1980 e para Boaventura, 
não se dirige necessariamente ao favorecimento de agendas ou forças políticas 
conservadoras ou progressistas, assentando-se antes num entendimento mais amplo e mais 
aprofundado do controlo da legalidade, apostando, por vezes, na constitucionalização do 
direito ordinário como estratégia hermenêutica de um garantismo mais ousado dos direitos 
dos cidadãos (...) e manifesta-se sobretudo em três campos: no garantismo de direitos, no 
controle da legalidade e dos abusos do poder e na judicialização da política.1 
De certo, em linhas gerais, a proeminência do Poder Judiciário se liga ao 
desmantelamento do Estado Intervencionista por duas vias, ainda de acordo com Boaventura
2
: 
para atender um novo modelo de desenvolvimento assentado nas regras de mercado e nos 
contratos privados que necessitam sejam cumpridos e que tenham estabilidade, o judiciário 
precisa ser rápido, eficaz e independente; e uma maior procura do poder judiciário por conta 
da precarização dos direito econômicos e sociais. 
Assim, através de um protagonismo judicial, permite-se a passagem e a permanência 
do modelo de desenvolvimento neoliberal, de forma que: 
A tarefa fundamental do sistema judicial é garantir a certeza e a previsibilidade das relações 
jurídicas, clarificar e proteger os direitos de propriedade, exigir o cumprimento das 
obrigações contratuais etc. O sistema judicial é responsável por prestar um serviço 
eqüitativo, ágil e transparente. Consequentemente deve-se reformar tendo em vista atingir o 
consenso global. A reforma judicial passa a ser um componente essencial do novo modelo 
de desenvolvimento e a base de uma boa administração.3 
No entanto, o discurso neoliberal do fundamentalismo do livre mercado contaminou o 
Poder Judiciário
4
, o qual deveria assegurar 
a criação de um modelo processual que não oferecesse perigos para o mercado, com o 
delineamento de um protagonismo judicial muito peculiar, em que se defenderiao reforço 
do papel da jurisdição e o ativismo judicial, mas não se assegurariam as condições 
institucionais para o exercício ativo de uma perspectiva socializante ou, quando o fizesse, tal 
não representasse um risco aos interesses econômicos e políticos do mercado e de quem o 
controla. 5 
Desta forma, as grandes reformas por que passou o poder judiciário visavam a uma 
maior produtividade e celeridade, que, apesar de defendidas em nome de princípios 
processuais constitucionais e de viés socializador, objetivavam a busca de um processo célere 
e funcional que garantisse a defesa da propriedade privada e a liquidez e segurança de 
interesses econômicos. Se o judiciário já se encontrava inchado, por conta do papel que 
desempenhava de prevalência sobre os demais poderes no Estado democrático de Direito, a 
resposta para a crise se daria através de reformas que visavam à celeridade e à produtividade, 
mas que negligenciavam a efetividade social dos procedimentos, em nome de uma eficiência 
administrativa, desafogando assim o judiciário. 
Como já salientado, a prevalência do Poder Judiciário sobre os demais poderes, ao 
permitir a proteção de direitos e garantias fundamentais negligenciados e precarizados pelas 
outras esferas públicas, gera consequentemente uma explosão da litigiosidade. Assim, a 
litigância, além de fazer parte da cultura específica de um povo, está ligada ao nível de 
efetividade da aplicação dos direitos e com a existência de estruturas administrativas que 
sustentem essa aplicação. Isto quer dizer que políticas sociais não executadas ou deficientes 
podem se transformar num motivo de procura do Judiciário. 
No entanto, ao se verificar um descolamento de legitimidade do Estado, que passa do 
Poder Executivo e do Poder Legislativo para o Poder Judiciário, criam-se expectativas 
elevadas a respeito do sistema judicial, fazendo com que se espere que o mesmo resolva os 
problemas que o sistema político não consegue resolver. Ocorre que 
a criação de expectativas exageradas acerca das possibilidades de o judiciário ser uma 
solução é, ela própria, uma fonte de problemas. Quando analisamos a experiência 
comparada, verificamos que, em grande medida, o sistema judiciário não corresponde à 
expectativa e, rapidamente, de solução, passa a problema. Acresce que, se as expectativas 
forem muito elevadas, ao não serem cumpridas, geram enorme frustração.6 
Tal frustração pode levar inclusive à descrença no papel do Direito vigente na 
construção da democracia, sendo aqui a crise vista em seu aspecto epistemológico, que mais a 
frente iremos analisar. 
Por outro lado, o aumento da litigiosidade também se deve à conscientização dos 
cidadãos dos seus direitos e às chamadas ondas ou soluções de acesso à justiça, que se 
caracterizam pela assistência judiciária aos pobres (1ª onda ou solução), pelas reformas 
tendentes a proporcionar representação jurídica para interesses difusos (2ª onda ou solução) e 
por uma concepção de acesso mais amplo à justiça, garantido pelo conjunto geral de 
instituições e mecanismos, pessoas e procedimentos utilizados para processar e mesmo 
prevenir disputas nas sociedades modernas (3ª onda ou solução).
7
 
Dentro da terceira onda de acesso à justiça estão os métodos alternativos de solução de 
conflitos, dentre os quais, a mediação. A verdade é que, ao se solucionar o problema formal 
de acesso à justiça através da 1ª e 2ª ondas, ou seja, ao se garantir que o processo judicial seja 
acessível a seguimentos cada vez maiores da população, cria-se um novo problema, o de 
aumento da demanda, que a terceira onda de acesso vem solucionar e “esse é sem dúvida o 
preço do acesso à Justiça, o qual é o preço da própria democracia: um preço que as sociedades 
avançadas devem sentir-se dispostas a (e felizes em) pagar.” 
8
 A questão que se coloca é como 
pagar esse preço. 
Assim, percebe-se que o protagonismo judicial cria uma crise “autopoiética” uma vez 
que, por conta da ineficiência na execução de políticas públicas voltadas para a proteção de 
direitos e garantias fundamentais, as pessoas, impulsionadas pelas 1ª e 2ª ondas de acesso à 
justiça, recorrem com mais facilidade aos Tribunais, os quais, por sua vez, precisam dar conta 
do aumento da demanda através de soluções de lógica neoliberal que exigem um sistema 
judiciário rápido e eficaz, porém não eficiente socialmente, gerando, por fim, jurisdicionados 
insatisfeitos, mas que sempre retornam ao Judiciário, por conta de uma cultura litigante e 
paternalista, apoiada pelo próprio Estado. Os métodos alternativos de resolução de conflitos 
aparecem então para responder a uma dupla função da crise: resolver os conflitos de forma 
mais adequada, permitindo soluções mais efetivas e satisfatórias aos cidadãos e, (somente) 
por via de conseqüência, desafogar o Poder Judiciário. 
 
3. A CRISE DO PARADIGMA EPISTEMOLÓGICO DO DIREITO 
 
A crise por que passa o judiciário também pode ser analisada através da própria crise 
paradigmática do modelo clássico do direito positivo ocidental, modelo este originado em sua 
produção pelo Estado e que se origina de uma ideologia liberal, fazendo assim com que os 
juristas só consigam “‘pensar’ o problema a partir da ótica forjada no modo liberal-
individualista-normativista de produção do Direito."
9
 O que se observa atualmente é o 
esgotamento do paradigma existente, que enxerga o direito apenas como um conjunto 
orgânico e universalmente válido de normas institucionalmente reconhecidas, fazendo com 
que o Direito, na forma como é pensado e aplicado, não consiga dar, com eficácia, soluções 
aos novos problemas emergentes de uma sociedade cada vez mais complexa e de onde 
surgem discursos normativos rivais.
10
 
De acordo com a dogmática jurídica reinante, o direito é entendido “em sua 
objetividade técnica e científica que busca ainda em verdades pré-definidas a essência das 
coisas”
11
. Assim, a condição jurídica da modernidade, baseada no litígio, possui como escopo 
objetivo idealizado e fictício a descoberta da verdade, uma verdade que não é outra coisa 
senão a implementação da cientificidade como argumento persuasivo.
12
 A verdade é aquela 
ditada por um juiz elevado a arauto da moral da sociedade, quase um semideus, que diz o que 
é o certo e o errado, tudo em nome de uma segurança jurídica necessária para estabilização 
das relações sociais. Segundo Streck "a dogmática jurídica coloca à disposição do operador 
um prêt-à-porter significativo contendo uma resposta pronta e rápida"
13
, no entanto, muitas 
vezes inadequada. Isto porque a verdade descoberta pelo Direito é uma ficção, não 
correspondendo à realidade dos desejos dos sujeitos, pois é estudado e aplicado como um 
fenômeno puramente normativo, excluindo de sua tutela muitos conflitos sociais atuais, cuja 
solução não está positivada em lei. Neste mesmo sentido, entende Spengler, segundo a qual 
“A procura da verdade, nos termos da ciência mecanicista, é, por si mesma, violenta. 
Traduz-se numa forma de manipulação do mundo e dos outros. Ninguém pode predizer o 
real, ninguém sabe o que vai acontecer; por isso, as verdades como momentos predizíveis 
do saber da ciência são uma ficção, mito destinado a satisfazer nossa criança insatisfeita e 
os lugares comuns do medo, com as quais pretendemos dotar ‘de sentido o sentido de nossa 
existência’ ”14 
 A cientificidade do Direito exige uma forma muito específica de tratamento dos 
conflitos, realizada através da subsunção, mecanismo lógico-formal de adequação da norma 
ao caso concreto e que garante segurança jurídica às relações. Tal regra limita o conflito 
àqueles casos em que o titular de um direito não consegue exercê-lo, seja porque o sujeito 
passivo descumpre uma obrigação a ele imposta (direito subjetivo) ou porque este mesmo 
sujeito não se sujeita espontaneamente ao direito de seu titular (direito potestativo). Ou seja, o 
conflito só tem relevânciajurídica se houver meios legais de solucioná-lo. Dentro da lógica 
moderna, que se fundava na certeza, nas padronizações, nos modelos, num pensamento 
sistemático lógico-dedutivo, “os meios para resolvê-lo orientavam-se pelos mesmos 
paradigmas, utilizando a força, a ordem, o julgamento e arbítrio dicotômico e sentenciador do 
que estava certo e do que estava errado”.
15
 
A complexidade das relações sociais, característica dos novos tempos, impele que se 
revejam tais paradigmas porque insuficientes para fazer frente aos conflitos que dali 
emergem. Novas demandas sociais exigem a reformulação de paradigmas, através da releitura 
do conflito. Neste sentido, o juiz André Gomma de Azevedo assevera que “(...) em muitos 
casos, o processo, ao tratar exclusivamente daqueles interesses juridicamente tutelados, exclui 
aspectos do conflito que são possivelmente tão importantes quanto ou até mais relevantes do 
que aqueles juridicamente tutelados”.
16
 Isto porque “a nossa cultura privilegiou o paradigma 
ganhar-perder, que funciona com uma lógica determinista binária, na qual a disjunção e a 
simplificação limitam opções possíveis”. 
17
 Ou seja, dentro de tal lógica, os conflitos são 
acirrados pela ineficiência da forma de manejá-los, que não permite a coexistência de 
interesses por ter sempre uma parte que busca vencer a disputa, através da competição da 
melhor verdade, que é ditada pelo Juiz. 
Quando o conflito é tratado longe da fórmula silogística, permite-se um acesso à 
justiça material, um tipo de acesso mais amplo, um acesso que muda a própria “justiça a que 
se tem acesso.”
18
 E este acesso pode vir através de uma nova forma de se pensar e aplicar o 
Direito. 
Deve-se assim pensar o Direito dentro de uma concepção contextual, segundo o qual 
seu componente normativo não é negado, mas considerado como um elemento, não o 
principal, sendo este o povo, com todos os seus traços culturais, econômicos e psicológicos de 
forma que 
Em vez de uma concepção unidimensional, pela qual o direito e a ciência jurídica se 
limitam à declaração de normas, afirma-se uma concepção tridimensional: uma primeira 
dimensão reflete o problema, necessidade ou exigência social que induz à criação de um 
instituto jurídico; a segunda dimensão reflete a resposta ou solução jurídica, por sinal uma 
resposta que, além das normas, inclui as instituições e processos, destinados a tratar 
daquela necessidade, problema ou exigência social; enfim, uma terceira dimensão encara os 
resultados, ou o impacto dessa resposta jurídica sobre a necessidade, problema ou exigência 
social. 19 
Assim, dentro desta nova concepção, interessa-nos saber, para além de quais as 
necessidades, problemas ou exigência se demanda socialmente, que tipo de resposta ou 
solução se dará para a resolução dessas necessidades, problemas ou exigências sociais e o 
impacto destas respostas ou soluções. Uma vez identificadas as necessidades, problemas ou 
exigências sociais, faz-se necessário garantir acesso a essas demandas, ultrapassando os 
obstáculos que o impede. Dentre os obstáculos mencionados por Cappelletti
20
, o que nos 
interessa é o de ordem processual segundo o qual para alguns tipos de conflitos, o tradicional 
processo litigioso em Juízo pode não ser o melhor caminho para a proteção efetiva dos 
direitos, de forma que há de se buscar alternativas, ou métodos mais adequados aos juízos 
ordinários e aos procedimentos usuais, que garantam um manejo do conflito tal que permita 
que as demandas tradicionais ou novas demandas sejam tratadas de maneira mais satisfatória 
e com resultados mais eficientes. Dentro deste contexto, se vislumbram o que se 
convencionou chamar de ADRs (Alternative Dispute Resolution) ou Resolução Alternativa de 
Conflitos, dentro do qual se encontra a Mediação. Mas quando falamos de método alternativo 
de resolução de conflitos, precisamos definir o sentido da palavra alternativo: se ela tem 
conotação de substitutividade, por total ineficiência do método tradicional de resolução de 
conflitos (jurisdição); se significa que é concorrente à jurisdição, por disputarem o mesmo 
espaço de resolução de conflitos; ou se quer dizer que tais métodos complementam a 
atividade jurisdicional, pois responderiam às novas conflitualidades sociais, não absorvidas 
adequadamente pela via tradicional de resolução de conflitos. 
 Entendemos que a palavra “alternativo” deva ser encarada no seu terceiro significado, 
de forma que as ADRs sejam formas complementares à Jurisdição, de maneira que, apesar de 
serem métodos extrajudiciais, pudessem inclusive ser inseridas no quadro de uma política 
judiciária
21
. Assim, vislumbrar-se-ia um sistema judiciário multiportas
22
, através do qual se 
disponibilizaria aos interessados diversos meios de resolução de conflitos, sendo escolhido 
aquele mais adequado ao seu caso
23
. 
Somente desta forma poderíamos ter um verdadeiro acesso à justiça, uma vez que, de 
acordo com Watanabe
24
, uma ordem jurídica justa é aquela que é adequada, tempestiva e 
efetiva. A mediação assim concretiza o acesso à justiça defendida por Watanabe, pois é: 
adequada, uma vez que é livremente escolhida pelas partes que a elegem como método de 
resolução de seu conflito, sendo ela a mais apropriada na percepção dos mesmos; é 
tempestiva, porque acontece no tempo das partes e se amolda a elas; e é efetiva, pois o acordo 
celebrado tem muito mais potencialidade de ser cumprido espontaneamente pelas partes por 
traduzir a vontade genuína delas, por cuja efetividade responsabilizam-se mutuamente.
25
 
 
4. DIFERENÇAS ENTRE A JURISDIÇÃO E A MEDIAÇÃO NA PERSPECTIVA 
DE UMA JUSTIÇA PARTICIPATIVA 
 
Regra geral, existem duas categorias de resolução de conflitos: os processos 
adjudicatórios e os processos consensuais. A adjudicação é o modo através do qual o conflito 
é resolvido por um terceiro imparcial, que emite um juízo de valor sobre uma situação 
concreta caracterizada por interesses contrapostos das partes, cuja vontade substitui. Assume, 
basicamente, a forma ou de arbitragem ou de jurisdição. 
A arbitragem, que é um método de resolução de conflitos alternativo ao Poder 
Judiciário, se caracteriza pela presença de um terceiro (árbitro), escolhido pelas partes que 
divergem sobre um direito de cunho patrimonial, que elaborará um laudo resolvendo o litígio, 
sendo a decisão impositiva. 
A outra forma de adjudicação é a Jurisdição, que é monopólio do Estado, e se 
caracteriza pela presença de um terceiro imparcial, o juiz, que representa o próprio Estado no 
exercício do seu poder jurisdicional e que, uma vez provocado, decidirá qualquer conflito de 
interesse cuja resolução lhe seja confiada
26
, sendo a decisão, além de impositiva, coercitiva e 
auto executável. 
Ocorre que apenas a jurisdição é monopólio do Estado, não a resolução dos 
conflitos.
27
 Isto porque a jurisdição pode ser considerada, na verdade, uma atividade 
secundária, sendo inicialmente das partes o dever de resolver seus conflitos, intervindo o 
Estado apenas quando estes não forem bem sucedidos. Assim, a principal forma de resolução 
de conflitos seria a negociação; a “alternativa”, a jurisdição.
28
 Neste sentido, 
“É porque o homem não mostrou suficiente habilidade no diálogo direto para administrar 
suas diferenças, que a força passou a ser um norteador de negociação. É porque a força 
mostrou suas conseqüências para a convivência, que o homem criou as leis. É porque as 
leis não dão conta das controvérsias, tanto em relação à sua complexidade de composição 
quanto ao tempo desejado para sua resolução, que o homem retoma a negociação direta, 
assistida por terceiros, características dos meios chamados alternativos”.29 
Aqui cumpre destacar que a própria Lei Brasileira prevê em diversos atos normativos 
que haja estimulo às práticas não-adversariais de resolução de conflito antes da instauração do 
procedimento judicialou antes que haja a prolação de sentença
30
, reconhecendo e priorizando 
a autonomia da vontade como verdadeira e primeira forma através da qual os conflitos devem 
ser resolvidos. 
O art. 4º, V, da Lei n. 8.078/90 que institui o Código de Defesa do Consumidor 
preceitua que: 
 Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das 
necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a 
proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como 
a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: 
(...) 
V- incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e 
segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de 
conflitos de consumo; 
 
A Lei n. 10.192/2001 que dispõe sobre as medidas complementares ao Plano Real 
assim prevê: 
Art. 11. Frustrada a negociação entre as partes, promovida diretamente ou através de 
mediador, poderá ser ajuizada a ação de dissídio coletivo. 
O Código de Processo Civil, instituído pela Lei n. 5.869/73, também estimula práticas 
conciliatórias antes que o juiz decida o conflito, como se pode ver nos seguintes artigos 
abaixo transcritos: 
Art. 125. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, competindo-
lhe: 
I - assegurar às partes igualdade de tratamento; 
II - velar pela rápida solução do litígio; 
III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da Justiça; 
IV - tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes. 
Art. 331. Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes, e 
versar a causa sobre direitos que admitam transação, o juiz designará audiência 
preliminar, a realizar-se no prazo de 30 (trinta) dias, para a qual serão as partes 
intimadas a comparecer, podendo fazer-se representar por procurador ou preposto, com 
poderes para transigir. 
Art. 447. Quando o litígio versar sobre direitos patrimoniais de caráter privado, o juiz, de 
ofício, determinará o comparecimento das partes ao início da audiência de instrução e 
julgamento. 
Parágrafo único. Em causas relativas à família, terá lugar igualmente a conciliação, nos 
casos e para os fins em que a lei consente a transação. 
Art. 448. Antes de iniciar a instrução, o juiz tentará conciliar as partes. Chegando a 
acordo, o juiz mandará tomá-lo por termo. 
Art. 449. O termo de conciliação, assinado pelas partes e homologado pelo juiz, terá 
valor de sentença. 
Da mesma forma, a Lei n. 9.099/95 que cria os Juizados Especiais Cíveis e Criminais 
no âmbito da Justiça Estadual, estabele em em seu artigo 2º que o processo orientar-se-á pelos 
critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, 
buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação. 
O que se percebe assim é uma (re) descoberta de formas de resolução de conflitos que 
não se limitam à atividade jurisdicional, através da sua incorporação “ao instrumental à 
disposição do Judiciário para o desempenho de sua função de dar tratamento adequado aos 
conflitos que ocorrem na sociedade.”
31
 Assim, ao lado dos processos adjudicatórios, temos os 
chamados processos consensuais, dentro dos quais temos a mediação de conflitos, que se 
caracteriza pela presença de um terceiro também imparcial que atuará como facilitador do 
diálogo entre as partes. 
Na Mediação, não existe substitutividade da vontade das partes. Pelo contrário. Um 
dos escopos da mediação é a autonomia de vontade dos participantes. O mediador, regra 
geral, não sugere, não intervém no acordo, para que o mesmo possa ao final representar a 
genuína vontade das partes, e por esta, razão, ser espontaneamente respeitado por elas. 
Permite-se a criação de um espaço onde os cidadãos possam participar ativamente da 
construção de soluções aos seus conflitos. 
Como vimos, no exercício de sua função jurisdicional, o Estado-Juiz decide quem tem 
razão através de verdades pré-determinadas pelas fontes do Direito. A construção assim da 
verdade formal só cabe ao Juiz, pela lógica mesma dos processos adjudicatórios. Ademais, os 
outros operadores do campo do direito também utilizam da mesma lógica, através de técnicas 
excessivamente persuasivas, e através de uma linguagem inacessível aos jurisdicionados que 
assistem a tudo como meros expectadores alienados. Grande parte da população tem muita 
dificuldade de entender o “mundo jurídico”, pois que apresentado de forma distinta da 
realidade concreta, pelo fato de possuir uma linguagem, ritos e procedimentos não 
compreensíveis para a população. E esta característica, segundo Bourdieu, nada tem de 
acidental, mas que é necessária para instituição do monopólio do Direito. Assim, a firma o 
autor que 
“A constituição de uma competência propriamente jurídica, mestria técnica de um saber 
científico frequentemente antinômico das simples recomendações do senso comum, leva à 
desqualificação do sentido de equidade dos não especialistas e à revogação da sua 
construção espontânea dos factos, da sua ‘visão do caso’. O desvio entre a visão vulgar 
daquele que se vai tornar num ‘judiciável’, quer dizer, num cliente, e a visão científica do 
perito, juiz, advogado, conselheiro jurídico, etc., nada tem de acidental; ele é constitutivo de 
uma relação de poder, que fundamenta dois sistemas diferentes de pressupostos, de 
intenções expressivas, numa palavra, duas visões do mundo.”32 
A instituição do monopólio do Direito pelos profissionais é o que dá competência para 
controlar o acesso ao campo jurídico, definindo quais conflitos devem entrar nele e a forma 
como devem ser traduzidos e tratados para que se constituam em debates propriamente 
jurídicos. A apropriação da realidade pelo corpo de profissionais, - únicos detentores dos 
instrumentos necessários à construção desta - faz com que estes sejam 
os único capazes de adoptar a postura que permite constituir esta situação em conformidade 
com a lei fundamental do campo. O campo jurídico reduz aqueles que, ao aceitarem entrar 
nele, renunciam tacitamente a gerir eles próprios o seu conflito (pelo recurso à força ou a 
um árbitro não oficial ou pela procura directa de uma solução amigável), ao estado de 
clientes dos profissionais.33 
Some-se a isto o protagonismo judicial que cria, muitas das vezes, um juiz com 
poderes interpretativos quase que ilimitados, dentro de uma ordem de valores por ele 
descoberta, o que faz com que adquira uma capacidade sobrehumana de 
proferir uma decisão que ele repute a mais justa de acordo com a sua convicção e 
preferência (solipsismo metódico) segundo uma ordem concreta de valores, desprezando, 
mesmo em determinadas situações (hard cases), possíveis contribuições das partes, 
advogados, da doutrina da jurisprudência e, mesmo, da história institucional do direito a 
ser aplicado. 34 
Tal característica do protagonismo judicial gera cidadãos infantilizados, pois que o 
Judiciário se eleva a pai e mãe de uma sociedade órfã
35
, a espera que resolvam seus conflitos 
e lhe digam o que é o certo e o errado. Mas a cidadania assim corre perigo, como assevera 
Garapon: 
Ao submetermos tudo ao juiz, ligamo-nos a novos sacerdotes que torna o objetivo da 
cidadania sem efeito. Isso desvaloriza o papel do cidadão, confinado a ser consumidor, um 
telespectador ou um litigante. O risco é de se evoluir para uma organização clerical do 
poder. E de confiscar a soberania. 36 
Portanto, percebe-se que a Jurisdição, dentro de sua atual lógica, não permite a criação 
de uma justiça co-participativa, que garanta aos cidadãos gerir seus próprios conflitos, seja 
pela apropriação mesma da realidade pelos profissionais do campo jurídico, únicos que 
conhecem o direito e o procedimento jurídicos, segundo uma lógica hermética e inacessível 
aos jurisdicionados, distanciando-os do conflito; seja pela paternalizaçãodo Poder Judiciário. 
Por esta razão, deve-se estimular os meios autocompositivos, mais notadamente a mediação, 
“eis que abertos à produção da normatividade que se constrói nas relações concretas e à 
autolegislação, adequando a lei às inúmeras e fragmentadas realidades sociais”
37
, de forma a 
que os cidadãos possam mais ativamente participar da criação do Direito, e da solução dos 
conflitos. 
Especificamente, é na mediação de conflitos que se encontra um local apropriado para 
a construção da cidadania, através do estímulo do diálogo e de uma agir comunicativo. O 
mediador, através de técnicas adequadas, estimula as partes para que encontrem soluções de 
benefício-mútuo, para além da existência de uma lei aplicável ao caso. Permite-se assim a 
emancipação do cidadão através do exercício da sua autonomia. 
 
5. A MEDIAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE EMANCIPAÇÃO DO CIDADÃO 
ATRAVÉS DO ESTÍMULO DO DIÁLOGO E DO EXERCÍCIO DA 
AUTONOMIA 
 
Ante a evidência das diversidades culturais, sociais, econômicas e ao mesmo tempo 
daquilo que nos une: o fato de sermos humanos e de possuirmos uma igual dignidade, faz-se 
necessário pensar em métodos de resolução de conflitos não mais pautados na luta ou na 
força, e sim, no diálogo. A Mediação então aposta numa estrutura dialógica, nos moldes do 
pensamento de Habermas, o que favorece a construção de consensos, através da formação 
discursiva da opinião e da vontade dos cidadãos. Neste sentido, “sob as condições de uma 
compreensão pós-metafísica do mundo, só tem legitimidade o direito que surge da formação 
discursiva da opinião e da vontade dos cidadãos que possuem os mesmos direitos.”
38
 
O conflito não é visto como algo negativo, mas como uma possibilidade de mudança e 
de oportunidade de amadurecimento das relações. É uma lógica completamente diversa da 
forma como os conflitos são encarados pelo Poder Judiciário. Dentro do paradigma jurídico 
atual, o conflito reflete algum distúrbio ou quebra da ordem social que deve ser, por isso, 
eliminado. Muitas vezes, a resolução do conflito põe fim à lide processual, mas não ao 
conflito subjetivo, que muitas vezes é acirrado, tendo em vista que a Jurisdição trabalha com 
uma forma binária de resolução de conflitos, com vencedores e vencidos, e com o 
apontamento da melhor verdade e de quem está certo e de quem está errado. 
Ao contrário, o estímulo ao diálogo realizado na mediação permite que os envolvidos 
abram mão da certeza e admitam o novo através de uma escuta que possibilite considerar o 
ponto de vista do outro como passível de criar novas oportunidades e soluções.
39
 Assim, 
são categorizados como adversariais os métodos em que é conferida razão somente a um 
dos envolvidos na desavença – perde e ganha – e como não adversariais os que visam ao 
benefício e à satisfação de todos os envolvidos na resolução, sem categorizar como certa 
ou errada qualquer das pessoas em desacordo – ganha-ganha. 
40
 
A mediação assim 
não se preocupa com o litígio, ou seja, com a verdade formal contida nos autos. Tampouco, 
tem como única finalidade a obtenção de um acordo. Mas, visa, principalmente, ajudar os 
interessados a redimensionar o conflito, aqui entendido como conjunto de condições 
psicológicas, culturais e sociais que determinam um choque de atitudes e interesses no 
relacionamento das pessoas envolvidas. 41 
Podemos considerar a Mediação como instrumento de autodeterminação do cidadão, 
permitindo que o mesmo construa sua realidade fora das representações do que é “direito” ou 
“verdade” pelo Estado. Ela é um procedimento democrático, pois 
rompe com os marcos de referência de certeza determinados pelo conjunto normativo, 
postos e expostos de forma hierarquizada. (...) A mediação aposta numa matriz autônoma, 
cidadã e democrática, que seja um salto qualitativo ao ultrapassar a dimensão de ‘resolução 
adversária de disputas jurídicas modernas’, baseadas no litígio e apoiadas na cientificidade 
que determina o descobrimento da verdade.42 
Assim, na mediação as pessoas envolvidas num conflito argumentam e contra- 
argumentam em igualdade de condições discursivas, - garantida pelo mediador – o que 
permite que exerçam “sua autonomia como co-autores e intérpretes de um sistema de direitos 
constitucionais.” 
43
 Os cidadãos, por sua vez, segundo Habermas, só terão consciência de sua 
autonomia pública quando assegurada sua autonomia privada, na medida em que 
uma autonomia privada assegurada serve como garantia para a emergência da autonomia 
pública, do mesmo modo que uma percepção adequada da autonomia pública serve como 
garantia para emergência da autonomia privada.44 
Baseada na autonomia privada, a Mediação permite que os envolvidos encontrem 
soluções adequadas aos seus conflitos, pois transforma as partes em verdadeiros sujeitos e 
interlocutores de suas relações. Neste sentido, a prof.ª Heloisa Helena Barboza nos traz a 
valiosa lição segundo a qual a 
liberdade pressupõe autonomia, ausência de vínculos, pressões ou coações externas, sendo 
denominada, sob essa ótica, liberdade negativa, enquanto supõe a garantia de não 
ingerência de poderes ou forças estranhas ao sujeito no desenvolvimento de sua atividade. 
45 
E finaliza concluído que a manifestação suprema da autonomia da vontade das partes é 
o negócio jurídico. Assim, a autonomia da vontade, enquanto exercício da liberdade, 
concretiza e expressa a dignidade humana, que, por sua vez, 
pressupõe a afirmação positiva do pleno desenvolvimento da personalidade de cada 
indivíduo, o que implica o reconhecimento total da livre auto-disponibilidade das suas 
possibilidades de atuação, e da auto-determinação que surge da livre projeção histórica da 
razão humana.46 
Na mesma esteira, José Eduardo Elias Romão entende que 
(...) é no contexto do conflito, da liberdade, da decisão que se instaura a necessidade de 
exercício da autonomia, como ensinou Paulo Freire, e se é neste mesmo contexto que se 
estabelece o procedimento descrito, parece correto afirmar que a mediação é processo 
pedagógico de autonomização. Vale reiterar, em síntese, que o procedimento de mediação 
restabelece a autonomia como lastro do Direito e o recupera como processo de 
aprendizagem social para estabilização de expectativas de comportamento. Neste 
perspectiva democrática referida à justiça, a mediação se revela uma possibilidade de 
emancipação do sujeito, uma convocação para o exercício da cidadania.47 
Permite-se assim que o cidadão exerça verdadeiramente sua liberdade e autonomía, 
emancipando-se. 
 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O estudo apropriado da Mediação torna-se necessário para que o método não vire mais 
uma forma de solucionar a crise do judiciário e desafogá-lo, mas para garantir verdadeiro 
acesso à justiça, uma justiça participativa, construída coletivamente para cada caso. 
Ela permite uma releitura do conflito, longe dos entraves da subsunção, do formalismo 
e da imposição de uma verdade pré-definida. O conflito é tratado levando em consideração a 
participação dos cidadãos na criação do direito, através do estímulo ao diálogo, no exercício 
de uma verdadeira autonomia de vontade. A autoridade do Juiz de ditar o Direito é substituída 
pela autonomia das partes de criá-lo. 
A mediação assim permite o exercício da cidadania através da criação de espaços nos 
quais as pessoas possam redesenhar seus respectivos papeis na comunidade de forma pacífica 
e criativa. É a passagem da autoridade e da força para a autonomia e emancipação do sujeito. 
 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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Acesso em 04 Ago. 2012. 
 
1 SANTOS, Boaventura de Souza. Para uma revolução democrática da justiça. São Paulo: Cortez, 2011. p. 
22. 
2 Ibid., p. 24. 
3 Ibid., p. 31. 
4 NUNES, Dierle José Coelho. Processo Jurisdicional Democrático. Curitiba:Juruá, 2011. p. 158. 
5 Ibid., p. 159. 
6 SANTOS, op. cit.,. Pág. 30. 
7 CAPPELLETTI, Mauro. GARTH, Bryant. Acesso à Justiça. Porto Alegre: Fabris, 1988. Pág. 31, 67, 68. 
8 CAPPELLETTI, Mauro. Os métodos alternativos de solução de conflitos no quadro atual do movimento 
universal de acesso à justiça. Revista de Processo. Vol. nº 74. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1994. 
p. 88. 
9 STRECK, Lênio Luiz. Jurisdição Constitucional e Hermenêutica: uma nova crítica do Direito. Porto 
Alegre: Livraria do Advogado, 2002. 
 
10 “Correspondendo, como paradigma teórico, aos modernos Estados liberais, a doutrina do direito como 
conjunto orgânico e universalmente válido de normas institucionalmente reconhecidas é progressivamente 
minada, na época contemporânea, por tentativas de adequar a regulamentação legal e a sua implementação pelas 
instâncias judiciais a um contexto de onde emergem discursos normativos rivais e se exige do Estado a execução 
de funções crescentemente político administrativas.” AZEVEDO, Rodrigo Ghiringhelli de. Juizados Especiais 
Criminais: Uma abordagem sociológica sobre a informalização da justiça penal no Brasil. Revista Brasileira de 
Ciências Sociais – Vol. 16 n.º 47. 
11 BEZERRA, T.. A mediação enquanto instrumento de emancipação da cidadania e de democratização da 
justiça e do direito La médiation comme instrument d’émancipation de la citoyenneté et democratisation de la 
http://www.tjsp.jus.br/Download/Conciliacao/Nucleo/ParecerDesKazuoWatanabe.pdf
 
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<http://seer.bce.unb.br/index.php/enedex/article/view/4356/3655>. Acesso em: 04 Ago. 2012. 
12 Ver SPENGLER, Fabiana Marion. A desinstitucionalização da família e a prática da mediação familiarno 
Brasil. In: DIAS, Maria Berenice. (Org.) Direito das Famílias. Contributo do IBDFAM em homenagem a 
Rodrigo da Cunha Pereira. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 288 
13 STRECK, op. cit., p. 82 
14 SPENGLER, op. cit., p. 288 
15ALMEIDA, Tânia. Mediação na virada do milênio. Disponível em 
<http://www.mediare.com.br/08artigos_01vir_milen.htm>. Acesso em: 07 Nov. 2009. 
16 AZEVEDO, André Gomma de. Fatores de efetividade de processos de resolução de disputas: uma análise sob 
uma perspectiva construtivista. In: CASELLA, Paulo Borba; Souza. Luciane Moessa de (coord.) Mediação de 
Conflitos. Novo paradigma de acesso à justiça. Belo Horizonte: Fórum, 2009. 
17 SCHNITMAN, Dora Fried. Novos Paradigmas na Resolução de Conflitos. Novos Paradigmas em Mediação. 
SCHNITMAN, Dora Fried; LITTLEJOHN, Stephen (Coord.). Porto Alegre: Artes Médicas 
18 SANTOS. op. cit. p. 39 
19 CAPPELLETTI, 1994. op. cit. p. 83 
20 Ibid. 
21 “Esses meios alternativos de solução das controvérsias podem ser extrajudiciais, mas mesmo assim se inserem 
no amplo quadro da política judiciária e do acesso à justiça: pode-se falar, portanto, de uma justiça não estatal, 
mas que também não é totalmente privada. Ou seja, de uma justiça pública não-estatal.” GRINOVER. Ada 
Pellegrini. A inafastabilidade do controle jurisdicional e uma nova modalidade de autotutela. Revista Brasileira 
de Direito Constitucional – RBDC n.º 10 – jul./dez. 2007. 
22 De acordo com Tânia Almeida, o termo Multiportas foi criado por Frank Sander –Multidoors CourtHouses – 
1985, para designar a possibilidade de oferta e escolha de diferentes métodos de resolução de conflitos 
integrados ao Judiciário. ALMEIDA, Tânia. Mediação e Conciliação: Dois paradigmas distintos, duas práticas 
diversas.In: CASELLA, Paulo Borba; Souza. Luciane Moessa de (coord.) Mediação de Conflitos: novo 
paradigma de acesso à justiça. Belo Horizonte: Fórum, 2009 
23Este tipo de sistema vem sendo organizado e institucionalizado no Brasil pela Resolução n. 125 do Conselho 
Nacional de Justiça (CNJ), órgão vinculado ao Poder Judiciário, através da chamada “Política Judiciária 
Nacional de tratamento adequado dos conflitos de intereses no âmbito do Poder Judiciário”, cuja atribuição é 
organizar o programa com o objetivo de promover ações de incentivo à autocomposição de litígios e à 
pacificação social por meio da conciliação e da mediação. 
24 WATANABE, Kazuo. Acesso à justiça e sociedade moderna. GRINOVER, Ada pellegrini et. al., São Paulo: 
Editora Revista dos Tribunais, 1988, p. 128/135 apud PELAJO, Samantha. Instituto da mediação como 
instrumento de concretização da guarda compartilhada. Disponível em < 
http://www.mediare.com.br/08artigos_16mediacao_familiar.html>. Acesso em 30 Mar. 2012. 
25 Ver PELAJO, op. cit. 
26 De acordo com art. 5º, XXXV, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, “A lei não excluirá 
da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de Direito”, expressando o chamado Princípio da 
Inafastabilidade da Jurisdição. 
27 PINHO, Humberto Dalla Bernardina de. A mediação no Direito Brasileiro: evolução, atualidades e 
possibilidades no Projeto do Novo Código de Processo Civil. In: SPENGLER, Fabiana Marion; LUCAS, Doglas 
César. Justiça Restaurativa e Mediação: políticas públicas no tratamento dos conflitos sociais. Editora 
Unijuí, 2011 
28 “Cabe registrar que, segundo uma perspectiva tradicional de direito processual, a jurisdição é considerada uma 
‘atividade secundária’, sendo definida, portanto, como poder estatal atribuído a uma determinada autoridade para 
aplicar a norma ao fato concreto, visando à composição de lides em razão da inexistência dessa resolução de 
controvérsia ter sido alcançada espontaneamente pelas partes. Assim, o dever principal ou primário de resolução 
de conflito é considerado como sendo das próprias partes – devendo o Estado intervir tão somente quando as 
partes não são bem sucedidas nesta atividade. Sob esta ótica da ‘substitutividade da jurisdição’ (CHIOVENDA, 
Instituições de direito processual civil, v. 2, p. 17), pode-se afirmar que a principal forma de resolução de 
disputas é e a negociação entre as partes e a forma ‘alternativa’ seria a intervenção estatal por meio da 
jurisdição.” AZEVEDO, op. cit. p. 18 
29 ALMEIDA, Tânia. Mediação de Conflitos: Um meio de prevenção e resolução de controvérsias em 
sintonia com a atualidade. Disponível em <http://mediare.com.br/08artigos_13mediacaodeconflitos.html>. 
Acesso em 07 Nov. 2009. 
30 Art. 4°, V do CDC; Art. 11 da Lei 10.192/2001; Arts. 125, 331, 447, 448, 449 do CPC; Art, 2° da Lei 
9.099/95; Art. 2°, § único do Código de Ética e Disciplina da OAB. 
http://seer.bce.unb.br/index.php/enedex/article/view/4356/3655
http://www.mediare.com.br/08artigos_01vir_milen.htm
http://www.mediare.com.br/08artigos_16mediacao_familiar.html
http://mediare.com.br/08artigos_13mediacaodeconflitos.html
 
31 WATANABE, Kazuo. Política Pública do Poder Judiciário Nacinal para tratamento adequado dos 
conflitos 
de interesses. Disponível em 
<http://www.tjsp.jus.br/Download/Conciliacao/Nucleo/ParecerDesKazuoWatanabe.pdf>. Acesso em 04 Ago. 
2012. 
32 BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Tradução Fernando Tomaz (português de Portugal). 15ª ed. Rio de 
Janeiro: Bertrand Brasil, 2011. p. 225-226 
33 Ibid. p. 233 
34 NUNES, op. cit. p. 191-192 
35 Ver MAUS, Ingeborg. Judiciário como superego as sociedade: o papel as atividade jurisprudencial na 
“sociedade órfã”. Novos Estudos CEBRAP n.º 58. p. 183-202, nov. 2000. 
36 GARAPON, Antoine. O juiz e a democracia. Rio de Janeiro: Revan, 2001 
37 CONTEMPORÂNEO, Antígona. O Poder Judiciário e a coesão social. Disponível em 
<http://www2.tjdft.jus.br/imp/docImp/monografiaAMB.pdf> Acesso em 04 ago. 2012. 
38 HABERMAS, Jüergen. Direito e Democracia. Entre facticidade e validade. Vol. II. 2 ed. Rio de Janeiro: 
Tempo Brasileiro, 2003. 
39 De acordo com ALMEIDA, Tânia “(...) o movimento que se volta ao diálogo é fortemente alimentado por um 
grupo de pesquisa do Massashussets Institute of Tecnology (MIT), que se dedica ao tema. (...) O MIT oferece 
norteadores de diálogo, identificados e trabalhados no Dialogue Project”. 
40 ALMEIDA, Tânia. Mediação de Conflitos: Um meio de prevenção e resolução de controvérsias em 
sintonia com a atualidade. Disponível em http://mediare.com.br/08artigos_13mediacaodeconflitos.html. 
Acesso em 07 Nov. 2009. 
41 WARAT, Luiz Alberto. O ofício do Mediador. Habitus Editora, 2001. p.80-81 apud BEZZERA, op. cit. 
42 SPENGLER, Fabiana Marion. NETO, Theobaldo Spengler. A crise das jurisdições brasileiras e italianas e a 
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Theobaldo Spengler (org.). A mediação enquanto política pública. (Recurso eletrônico): o conflito, a crise 
da jurisdição e as práticas mediativas. 1ª ed. Santa Cruz do Sul:EDUNISC, 2012 
43 ROMÃO, José Eduardo Elias. Justiça Procedimental: a prática da mediação na teoria discursiva do 
Direito de Jürgen Habermas. Brasília: Maggiore/UnB, 2005 
44 HABERMAS, op. cit. 
45 BARBOZA, Heloisa Helena. Reflexões sobre a Autonomia Negocial. In: TEPEDINO, Gustavo; FACHIN, 
Luiz Edson. O Direito e o Tempo: Embates Jurídicos e Utopias Contemporâneas. Estudos em homenagem 
ao professor Ricardo Pereira Lira.. Rio de Janeiro: Renovar, 2008. 
46 PÉREZ, Antonio-Enrique. apud BARBOZA, Heloisa Helena. op. cit. 
47 ROMÃO, ob. cit. 
http://www.tjsp.jus.br/Download/Conciliacao/Nucleo/ParecerDesKazuoWatanabe.pdf
http://www2.tjdft.jus.br/imp/docImp/monografiaAMB.pdf
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