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Justiça Multiportas mediação, conciliação, arbitragem e outros meios de solução adequada para conflitos ( etc ) (z-lib org)

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JUSTIÇA MULTIPORTAS 
Mediação, conciliação, arbitragem e outros 
meios de solução adequada para conflitos 
COORDENADORES 
Hermes Zaneti Jr. 
Trícia Navarro Xavier Cabral 
2017 
l)JI EDITORA f JusPODIVM 
www.editorajuspodivm.com.br 
EDITORA 
JusPODlVM 
www.editorajuspodivm.com.br 
Rua Mato Grosso, 175 - Pituba, CEP: 41830-151 - Salvador - Bahia 
Tel: (71 ) 3363-8617 /Fax: (71) 3363-5050 ·E-mail: fale@editorajuspodivm.com.br 
Copyright: Edições JusPODIVM 
Conselho Editorial: Dirley da Cunha Jr., Leonardo de Medeiros Garcia, Fredie Didier Jr., José Henrique Mouta, 
José Marcelo Vigliar, Marcos Ehrhardt Júnior, Nestor Távora, Robério Nunes Filho, Roberval Rocha Ferreira Filho, 
Rodolfo Pamplona Filho, Rodrigo Reis Mazzei e Rogério Sanches Cunha. 
Diagramação: Marcelo S. Brandão (santibrando@gmail.com) 
Capa: Rene Bueno e Daniela Jardim (www.buenojardim.com.br) 
J96 Justiça Multiportas: mediação, conciliação, arbitragem e outros meios de 
solução adequada para conflitos/ Hermes Zaneti Jr. e Trícia Navarro Xavier Cabral -
Sa lvador: Juspodivm, 2016. 
816 p. (Coleção grandes temas do novo CPC, v. 9 /Coordenação geral, Fredie 
Didier Jr.) 
Vários autores. 
ISBN 978-85-442-0857-1. 
1. Justiça Multiportas. 2. Mediação, Conciliação, Arbitragem. 3. Decisões 
judiciárias: espécies e formas. 1. Zaneti Jr., Hermes. li. Trícia, Navarro Xavier Cabral. 
Ili.Títu lo. 
CDD 342.6643 
Todos os direitos desta edição reservados à Edições JusPODIVM. 
~ terminantemente proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou processo, sem a 
expressa autorização do autor e da Edições JusPODIVM. A violação dos direitos autorais caracteriza crime descrito 
na legislação em vigor, sem prejuízo das sanções civis cabíveis. 
-APRESENTACAO 
~ 
O Direito Processual passa por uma transformação paradigmática. Além da 
releitura de seus institutos pelo viés constitucional, o que no caso brasileiro se 
revela na conformação à ideologia estabelecida pela Constituição Federal de 
1988 desde o primeiro artigo do CPC/2015 (Art. 1°), as recentes mudanças econô-
micas, sociais, jurídicas e legislativas aceleraram a transformação do processo 
civil contemporâneo em um processo não só judicial. 
A justiça Multiportas é a expressão de uma nova arquitetura para a tutela 
dos direitos. 
Ao invés de uma só porta que permite o acesso de todos e a qualquer 
tempo, sem distinções subjetivas, objetivas ou teleológicas, a justiça passa a 
apresentar muitas alternativas de acesso, diversas portas, diversas justiças, 
para uma só finalidade. 
Abandonam-se as linhas clássicas para aceitar a construção de um edifício 
pós-moderno, contemporâneo e atual, com design arrojado e funcional, sinto-
nizado com o nosso tempo. 
Neste novo prédio os diversos arcos dão acesso às salas distintas, mas 
todas as salas estão voltadas para o mesmo objetivo, a tutela dos direitos, 
adequada, tempestiva e efetiva. 
No centro deste novo monumento arquitetônico à tutela dos direitos, 
triunfo de uma justiça centrada nos seus consumidores e não em si mesma, 
o grande átrio do Poder Judiciário, com suas pesadas portas maciças, muito 
bem adornadas, representa a segurança da estrutura pensada para os direi-
tos fundamentais dos indivíduos e dos grupos. A segurança de que os meios 
alternativos somente serão válidos enquanto forem também, ao mesmo tempo, 
constitucionalmente adequados. 
A justiça adequada do modelo multiportas atende as situações jurídicas 
disponíveis e indisponíveis, individuais e coletivas, entre partes públicas e pri-
vadas, sendo um marco diferencial na história do acesso à justiça. 
Há, contudo, uma grande diferença em relação ao modelo anterior, clara-
mente interventivo e autocentrado. 
GRANDES TEMAS DO NCPC, v. 9 ·JUSTIÇA MULTIPORTAS 
Não se trata de esperar do Poder judiciário uma segurança que intervenha 
a cada momento e a tudo corrija, de uma segurança centralizadora, da qual 
claramente este modelo abre mão; trata-se de uma segurança que garante o 
devido processo legal, mesmo para além de suas portas, que assegura que 
direitos fundamentais serão preservados em sua fundamentalidade e que não 
se pode falar de justiça consensual ou heterocomposição onde o equilíbrio das 
partes não seja adequadamente dimensionado, onde os direitos não tenham 
tutela constitucionalmente adequada. 
A visão do cenário brasileiro traduz a marca das mudanças globais, não se 
trata de uma alteração restrita ao nosso país. 
A incontida litigiosidade que sobrecarrega o Poder judiciário deu causa no 
Brasil a diversos estudos e iniciativas em busca de soluções que trouxessem 
novas perspectivas para a prestação jurisdicional. Os Pactos Republicanos de 
Estado por um Sistema de Justiça mais Ágil e Efetivo traduziram as intenções de 
todos os poderes da República neste desiderato, consolidaram a política nacio-
nal de estímulo à solução consensual dos conflitos (Art. 3°, § 2° e 3°, CPC/2015; 
Resolução CNMP n° 118/2014; Resolução CNJ n° 125/2010). 
A implementação de atos de gestão pelos juízes, a adoção de novas téc-
nicas processuais e a atividade legislativa, no aprimoramento de leis, nas alte-
rações constantes no ordenamento jurídico e nas novas leis e institutos intro-
duzidos, fizeram com que o ordenamento jurídico brasileiro ostentasse outro 
contorno, mais moderno e eficiente. 
Neste sentido, é fora de dúvida que o CPC/2015 tem como pilar o princípio 
e o dever de estímulo a solução consensual dos litígios. O princípio foi estabe-
lecido como norma fundamental, na parte geral do Código, e atinge inclusive to-
dos os demais processos e procedimento não-codificados pela função estrutu-
rante que esta parte geral exerce no ordenamento (re)codificado (Art. 3°, § 3°). 
Assim, todo o ordenamento jurídico nacional está sendo direcionado para 
as soluções extrajudiciais, sejam elas autocompositivas (mediação, conciliação, 
negociação direta ou outros meios de solução consensual dos litígios) ou he-
terocompositivas (a exemplo da arbitragem, reconhecida pelo CPC/2015 como 
jurisdição extraestatal, Art. 337, § 6°). 
Atacam-se as patologias diagnosticadas no Poder Judiciário, mas também 
busca-se a solução pelos meios adequados. 
A Justiça brasileira, antigamente presa ao postulado chiovendiano da ju-
risdição estatal abre-se para toda uma nova gama de instrumentos e institutos, 
voltada para o consumidor da justiça e para o tratamento adequado dos lití-
gios. 
6 
APRESENTAÇÃO 
Assim, após cinco anos de intensos debates para aprovação de um novo 
Código de Processo Civil, verifica-se o prestígio aos temas ligados à Justiça Mul-
tiportas junto ao legislador, como uma aposta certa para um modelo de acesso 
à justiça atual e um formato de pacificação moderno, que considera as diferen-
tes formas de solução de controvérsias. 
A Justiça Multiportas, aparece no CPC através de seus institutos mais co-
nhecidos, a conciliação, a mediação e a arbitragem, mencionados em diversas 
passagens, deixando clara a sua intenção de incentivar uma nova postura de 
todos aqueles envolvidos com a tutela dos direitos, inclusive os próprios con-
sumidores da justiça, dos quais é exigida a cooperação, como na audiência 
obrigatória de conciliação e mediação, prevista no Art. 334. 
A conciliação já vinha sendo fomentada no Poder Judiciário, especialmente 
no âmbito dos Juizados Especiais, que introduziram a audiência de conciliação 
no procedimento como etapa obrigatória. Já a mediação vinha sendo aplicada 
de forma mais comedida, em setores específicos, como no Direito de Família, e 
sem grandes rigorismos ou técnicas, embora a comunidade científica já estives-
se ansiosa pela regulamentação da matéria em outros setores sociais. 
Ao lado do CPC, a mediação teve seu primeiro projeto legislativo datado 
de 1998, mas não teve apoio político para se transformar em lei. Foi com o PLS 
517/20n, de iniciativa do Senador Ricardo Ferraço, do Estado do Espírito Santo, 
que a matéria ganhou destaque no Congresso Nacional e atingiu sua maturida-de com a edição da Lei 13.140/2015. A Lei da Mediação regula a atividade de 
medição no âmbito público e privado, de modo exaustivo e deve ser compre-
endida de forma coordenada com o novo CPC, em um diálogo de fontes. 
Registre-se que tal intento não teria sido possível sem a colaboração da 
Comissão de juristas instituída para aprimorar o texto original, sob a Presi-
dência do Ministro Luis Felipe Salomão, cuja contribuição trouxe enormes apri-
moramentos ao instituto. O resultado foi um diploma legal abrangente, que, 
juntamente com a atualização da Lei de Arbitragem, completou o nosso sistema 
de meios de resolução adequada de conflitos, fazendo do Brasil um dos orde-
namentos jurídicos mais completos na esfera legislativa, com amplo incentivo 
às formas adequadas de se resolver disputas, independente de sua natureza 
jurídica ou social. 
Por sua vez, as críticas à forma como o legislador regulamentou o uso 
da mediação e da conciliação também acompanharam essa evolução, como 
era de se esperar de qualquer debate democrático. Ressalte-se, contudo, que 
muitos desses descontentamentos ocorreram por desconhecimento de causa 
ou por temor pela falta de estrutura, que certamente estará presente quando 
da entrada em vigor do novo CPC, mas que nem por isso deverá ser motivo de 
7 
GRANDES TEMAS DO NCPC, v. 9 ·JUSTIÇA MULTI PORTAS 
resistência. Ao contrário, a eventual ausência de condições estruturais ou pes-
soais deverá ser convertida em criatividade para a superação das dificuldades 
eventualmente encontradas. 
Certamente o maior obstáculo é de cunho cultural. 
Juízes não querem perder poder; advogados não querem perder mercado 
de trabalho; as partes não querem ter maior custo ou tramitar suas demandas 
em terreno incerto e desconhecido; e o Judiciário não quer ter maior respon-
sabilidade. 
Porém, essas falsas premissas não condizem com a realidade jurídica e 
judiciária contemporânea. 
A potencialidade de se resolver um conflito por outras formas que não 
à judicial estatal traz muito mais benefícios do que problemas. E o mais im-
portante deles consiste na adequação que os mecanismos não adversariais e 
extraestatais podem proporcionar à solução da controvérsia, resultando, acima 
de tudo, na satisfação do jurisdicionado e na restauração da convivência so-
cial entre os envolvidos no conflito, tendo ainda como efeitos reflexos, entre 
outros, a diminuição dos recursos, a facilitação da execução, muitas vezes com 
adimplemento espontâneo, e execução imediata das medidas adotadas, e a 
possibilidade de diminuição de demandas judiciais com o advento de uma cul-
tura de pacificação a ser fomentada na sociedade, atingindo empresas, o Estado 
e o cidadão. 
Assim, os operadores do direito devem se desarmar e abraçar essa nova 
realidade jurídica, sem receio de dificuldades ou de insucessos. 
Vai dar certo? Não sabemos. Mas os mais avançados ordenamentos ju-
rídicos estão apostando nessas ferramentas como meios aptos a auxiliarem 
no alcance do verdadeiro acesso à justiça, que inclui não só a facilidade de 
ingresso ao Poder Judiciário, mas também a disponibilidade de formas justas e 
adequadas de se resolver disputas para além do Poder Judiciário, com a vanta-
gem extra de proporcionar o resgate do convívio social e as soluções efetivas. 
Portanto, os entes públicos e privados devem assimilar essa nova reali-
dade, quebrar os dogmas que impedem o consenso e investirem nesses meios 
de resolução dos conflitos, dando, assim, alternativas à sociedade acostumada 
com a ideia de litígio e de judicialização como única alternativa, para passar a 
enxergar a decisão judicial como última alternativa. 
Diante disso, a presente coletânea tem o intento de demonstrar as possi-
bilidades e o alcance que a Justiça Multiportas pode ter no cotidiano dos mili-
tantes da Justiça e na vida dos jurisdicionados, em busca de soluções simples, 
objetivas, rápidas, eficientes e menos custosas. 
8 
APRESENTAÇÃO 
Os diversos textos procuram traduzir o cenário doutrinário existente. Tra-
tam dos problemas do Brasil, mas abrem uma janela para o mundo, tanto do 
ponto de vista presente como histórico dos institutos, como se constata das 
preciosas contribuições dos colegas Eduardo Oteiza (Universidad Nacional de La 
Plata - Argentina), Judith Resnik (Yale Law School - Estados Unidos da América do 
Norte), Neil Andrews (Clare College - Cambridge - Inglaterra), Paula Costa e Silva 
(Universidade de Lisboa - Portugal) e Remo Caponi (Università degli Studi di Firen-
ze - Itália), e da homenagem que se faz a Mauro Cappelletti, com a publicação 
póstuma de um de seus estudos precursores sobre o tema, ainda atual, "Notas 
sobre conciliadores e conciliação", desdobramento das pesquisas do chamado 
Projeto Florença, que muito influenciou a doutrina brasileira. 
O propósito de tornar essa uma coletânea internacional, comparada ver-
tical-histórica e horizontal-contemporaneamente, é fazer enxergar aos brasilei-
ros que este tema tem suas raízes históricas mas é um tema mais atual do que 
nunca, que os debates internacionais mostram os acertos, avanços, retrocessos 
e desacertos, e que a experiência adquirida com a observação comparativa 
poderá fazer com que nós evitemos os caminhos mais fáceis e foquemos no 
interesse comum: um sistema de justiça adequado, desburocratizado e voltado 
para a tutela dos direitos e suas garantias processuais. 
Só resta aos leitores analisar este novo contexto processual, no qual a 
convergência mundial em prol de novos métodos de solução de conflitos e a 
Justiça Multiportas já são uma realidade, fornecendo aos autores o retorno de 
suas impressões. 
Nossa tarefa agora é garantir operatividade à política nacional de solução 
consensual dos conflitos e à arbitragem com o máximo rendimento possível e 
na mais estrita adequação à tutela dos direitos, fim último de qualquer orde-
namento processual. 
Agradecemos aos bolsistas da CAPES, CNPq e FAPES, Carlos Frederico Bas-
tos, Juliana Provede!, Gustavo Silva Alves, pela dedicação a este projeto. Sem 
o seu auxílio e o financiamento das instituições de fomento este projeto não 
teria sido viável, por isto segue nosso agradecimento à CAPES, CNPq e FAPES. A 
pesquisa em direito no Brasil depende deste fomento. 
Por fim, uma última palavra é necessária, quanto à relação dos novos 
meios adequados de acesso à justiça e o Poder Judiciário. 
o Poder Judiciário é e continuará sendo o guardião das promessas da 
Constituição. Sua função nas democracias constitucionais contemporâneas é im-
prescindível. Não há, na visão dos autores desta nota introdutória, qualquer 
prejuízo da porta do Poder Judiciário no modelo de Justiça Multiportas. O Ju-
diciário, com sua formalidade e estrutura, mantida sempre à disposição, se e 
9 
GRANDES TEMAS DO NCPC, v. 9 •JUSTIÇA MULTI PORTAS 
quando esta for a estrada mais adequada, deve continuar o bastião dos direi-
tos fundamentais materiais e processuais do cidadão. 
10 
HERMES ZANETI JÚNIOR 
Boa leitura. 
lnverno/2016. 
Professor Adjunto de Direito Processual Civil na Graduação e Pós-Graduação 
Stricto Sensu da Universidade Federal do Espírito Santo - UFES. 
Promotor de Justiça no Ministério Público do Espírito Santo - MPES. 
TRÍCIA NAVARRO XAVIER CABRAL 
Professora de Direito Processual Civil na Escola da Magistratura 
do Estado do Espírito Santo - EMES. 
Juíza de Direito no Tribunal de Justiça do Espírito Santo - TJES. 
Sumário 
CAPITuLO i ...,. É urgente construir alternativas à justiça ................................. 27 
josé Renato Nalini 
CAPfruLO 2 ...,. Justiça multiportas e tutela constitucional adequada: 
autocomposição em Direitos Coletivos ...................................... 35 
Fredie Didier Jr. e Hermes Zaneti Jr. 
L Generalidades. justiça Multi portas (Multi·door justice) como justiça adequada ..... 36 
2. Da alternatividade à adequação ................................................................................. 37 
3. Da possibilidade de transação nos processoscoletivos e da impossibilidade 
de renúncia ao direito em que se funda a ação coletiva .......................................... 38 
4. O compromisso de ajustamento de conduta: extrajudicial e judicial. ....................... 39 
4.1. Generalidades ..................................................................................................... 39 
4.2. órgãos públicos legitimados: Ministério Público, Defensoria Pública, 
Advocacia Pública (legitimados para o compromisso extrajudicial ou 
judicial) e os demais colegitimados (legitimados para o compromisso 
judicial) ............................................................................................................... 43 
4.3. A concreção de direitos e deveres a partir dos compromissos de 
ajustamento de conduta ..................................................................................... 44 
4.4. A utilização da produção antecipada de provas como instrumento que 
estimula a autocomposição .................................................................. .............. 45 
5. Audiência preliminar de mediação ou conciliação (art. 334, CPC) ............................. 47 
6. Negócios jurídicos processuais coletivos .................................................................... 49 
7. A autocomposição em ação de improbidade administrativa .................................... 50 
p. A revogação do art. 17, § l º, Lei n. 8-429/1992. A necessária 
interpretação histórica. A colaboração premiada e o acordo de 
leniência como negócios jurídicos processuais atípicos no processo de 
improbidade administrativa ............................................................................... 50 
7.2. A autocomposição e o pedido de ressarcimento ao erário ............................. 53 
8. Controle da autocomposição pelo juiz. O dever de controle do mérito do 
acordo e da legitimação adequada ............................................................................ 53 
9. Limites à autocomposição nos processos coletivos ................................................... 56 
GRANDES TEMAS DO NCPC, v. 9 • JUSTIÇA MULTI PORTAS 
10. Outras ponderações contra o acordo judicial: fiscalização do desequilíbrio 
econômico e de informações entre as partes ........................................................... 57 
1i. o princípio da primazia do julgamento de mérito, tutela integral do direito, 
disparidade econômica e a necessidade de produção de prova adequada 
para a conciliação ou mediação: coisa julgada rebus sic stantibus ........................... 58 
12. A possibilidade de impugnação pelos colegitimados por meio do recurso de 
terceiro interessado e outras ações de impugnação autônomas ............................. 59 
13. Conclusões ................................................................................................................... 61 
Referências Bibliográficas .......................... ....................................................................... 63 
CAPITuLO 3 ..... Breve ensaio sobre a postura dos atores processuais 
em relação aos métodos adequados de resolução de 
conflitos ......................................................................................... 6 7 
Rodrigo Mazzei e Bárbara Seccato Ruis Chagas 
i. Introdução ........................................... ........................................................................ 67 
2. As partes ...................................................................................................................... 69 
3. Os auxiliares da justiça: conciliadores e mediadores ................................................ 75 
3 .i. Outros auxiliares da Justiça: o Oficial de Justiça ................................................ 79 
4. Advogados, defensores públicos e Ministério Público ............................................... 80 
5. o juiz ......................................................... ................................................................... 85 
6. Breve fechamento ....................................................................................................... 87 
Referências ........................................................................................................................ 88 
CAPITuLO 4 ...,. Os "princípios" da mediação e da conciliação: uma 
análise da Res. 125/2010 do CNJ, do CPC/2015 e da Lei 
13.140/2015 .................................................................................... 91 
Ravi Peixoto 
i. Aspectos iniciais da mediação e da conciliação ......................................................... 91 
2. Os princípios e a regulação normativa da mediação e da conciliação ..................... 94 
2. i. Princípio da independência .............................................................................. 96 
2 .2. Princípio da imparcialidade e da isonomia entre as partes ............................ 96 
2.3. Princípio da autonomia da vontade ................................................................. 97 
2.4 . Princípio da confidencialidade ........................................................................... 97 
2.4 . i. Pessoas atingidas pelo dever de confidencialidade ............................. 99 
2.4.2. Informações protegidas ........................................................................... 99 
2.4.3. Exceções à confidencialidade .................................................................. 99 
12 
SUMÁRIO 
2.4.4. Confidencialidade e poder público ........... ........................................... 1oo 
2.4.5. Dever de informar sobre a confidencialidade .................................... 101 
2.4.6. Consequências da violação da confidencialidade ............................... 101 
2.5. Oralidade e informalidade .............................................................................. 102 
2.6. Decisão informada ............................................................................................ 102 
2.7. Boa-fé .......................................................................... ...................................... 103 
2.8. Competência .................................................................. .............................. ..... 103 
2.9. Respeito à ordem pública e às leis vigentes ................................................... 105 
2.10. Empoderamento e validação ........................................................................... 106 
3. Conclusão ................................................................................................................... 107 
CAPITuLO 5 ...,.. A audiência de conciliação ou de mediação no novo 
Código de Processo CML ........................................................... 109 
Aluisio Gonçalves De Castro Mendes e Guilherme líronemberg Hartmann 
i. Aspiração legislativa e comparações rituais ............................................................ 109 
2. Figura do conciliador e do mediador e sua escolha ................................................ 112 
3. Procedimento .............................................. ............................................................. 113 
3.i. Presença e ausência ................................. ........................................................ 113 
3.2. Designação e realização ................................................................................... 114 
3.3. Adiamento e dispensa ...................................................................................... 118 
3.4. Litisconsórcio passivo ....................................................................................... 121 
3.5. Pauta de audiência: intervalo mínimo entre as sessões; fracionamento 
da sessão e realização por meio eletrônico ................................................... 123 
4. Realização da audiência de conciliação ou de mediação nos procedimentos 
especiais .................................................................................................................... 124 
5. Palavras finais ......................... ................................................. ..................... ............. 126 
Referências ...................................................................................................................... 127 
CAPfruLO 6 ...,.. A audiência do art. 334 do Código de Processo Civil: da 
afronta à voluntariedade às primeiras experiências 
práticas ....................................................................................... 129 
Ana Cândida Menezes Marcato 
i. A expansão dos meios de resolução de conflito ..................................................... 129 
2. o novo Código de Processo Civil e o estímulo ao sistema multiportas de 
resolução de conflitos ............................................................................................... 132 
3. A voluntariedade na mediação e a audiência do art. 334, CPC ............................... 134 
13 
GRANDES TEMAS DO NCPC, v. 9 • JUSTIÇA MULTI PORTAS 
4. A adequada interpretação sistemática ..................................................................... 137 
5. Primeiras experiências práticas ....... ......................................................................... 137 
Referências Bibliográficas ............................................................... ................................ 139 
CAPfruLO 7 .... Negócios jurídicos processuais sobre mediação e 
conciliação ................................................................................... 141 
Júlia Lipiani e Man1ia Siqueira 
i. Considerações introdutórias .................................................................................... . 141 
2. Negócio jurídico processual ...................................................................................... 143 
2 . i. Conceito ............................................................................................. ............... 143 
2.2. A cláusula geral de negócio processual no Código de Processo Civil ............ 146 
3. Os negócios jurídicos processuais acerca da mediação e da conciliação ............... 148 
3.i. Negócios jurídicos processuais sobre o mediador ou conciliador e 
sobre a câmara privada de mediação ou conciliação .................................... 148 
3.2. Negócios jurídicos processuais sobre o procedimento de mediação ou 
conciliação .................................................. ...................................................... 151 
3.3. Negócios jurídicos processuais sobre as situações jurídicas dos sujeitos 
envolvidos na mediação ou conciliação .... ...................................................... 155 
4. Síntese conclusiva ...................................................................................................... 163 
Referências bibliográficas ............................................................................................... 164 
CAPfruLO 8 .... O Código de Processo Civil de 2015 e a conciliação nos 
processos envolvendo a Fazenda Pública .............................. 169 
Cláudio Penedo Madureira 
i. Introdução ................................................................................................................. 169 
2. Particularidades da celebração de acordos pela Fazenda Pública ....................... .. 171 
2 .i. O regime jurídico administrativo e a vinculação dos agentes estatais ao 
Direito ............................... ................................................................................ 173 
2 .2. Reflexos do regime jurídico administrativo sobre a atuação da Fazenda 
Pública em juízo ................................................................................................ 178 
2.3. Fundamento constitucional para a disposição sobre direitos e 
interesses deduzidos pela Fazenda Pública em contrariedade ao Direito .... 185 
2.4. Modalidades de conciliação abertas para a Fazenda Pública: transação 
ou composição do litígio? ................................................................................. 188 
3. Exercício teórico de compatibilização do rito processual ao modus operandi 
da celebração de acordos pela Fazenda Pública .............. ....................................... 191 
14 
SUMÁRIO 
3.i. Conciliação em processos envolvendo a Fazenda Pública: autonomia da 
vontade versus vinculação dos agentes estatais ao Direito ............................ 19 2 
3.2. Adequação do rito processual às especificidades da formação da 
decisão administrativa pela disposição quanto a direitos e interesses 
deduzidos em juízo pela Fazenda Pública ....................................................... 194 
3.2. i. Enfrentamento do tema a partir da tensão entre os princípios 
da oralidade, da informalidade e do acesso à justiça ........................ 195 
3.2.2. Impossibilidade teórica de os advogados da Fazenda Pública 
deliberarem sobre acordos no curso da audiência ............................. 19 7 
4. Conclusões ................................................................................................................. 20 7 
5 . Referências bibliográficas .......................................................................................... 209 
CAPITuLO 9 ..,.. Magistratura e mediação ........................................................... 215 
Juliana Loss de Andrade 
i. Generalidades ............................................................................................................ 215 
2. Magistrados e o início da mediação ......................................................................... 216 
3. Magistrados e o processo de mediação ................................................................... 219 
4. Magistrados e o fim da mediação ............................................................................ 220 
5. Considerações finais .................................................................................................. 222 
CAPITuLO 10 ..,.. Reflexões sobre a negociação e a mediação para o 
Ministério Público ...................................................................... 225 
Luciano Badini 
1. Introdução ................................................................................................................. 225 
2. As ondas de acesso à justiça ................................................................................... 226 
3. A moderna teoria do conflito e o Ministério Público ............................................... 228 
4. Negociação, mediação e conciliação na resolução CNMP n° 118 / 2015 ........ .......... .. 229 
5 . O novo CPC e o Ministério Público ............................................................................ 2 31 
6. A Lei de Mediação e o Ministério Público .... ............................................................. 234 
CAPITuLO 11 ..,.. De fiscal da lei à fiscal da ordem jurídica. A solução 
consensual dos conflitos como novo espaço de 
atuação institucional ................................................................. 237 
Alexandre Sikinowski Saltz 
15 
GRANDES TEMAS DO NCPC, v. 9 •JUSTIÇA MULTIPORTAS 
CAPITuLO 12 .... Novo Código de Processo Civil - O Ministério Público e 
os métodos autocompositivos de conflito - negociação, 
mediação e conciliação ............................................................ 253 
Paulo Valério Dai Pai Moraes 
L Introdução ................................................................................................................... 253 
2. Breves considerações sobre o conflito ..................................................................... 258 
3. Métodos autocompositivos - negociação, mediação e conciliação ......................... 260 
3.1. Negociação ........................................................................................................ 260 
3.2. Mediação ...........................................................................................................263 
3.3. Conciliação ........................................................................................................ 267 
4. Métodos autocompositivos e o Ministério Público ................................................... 268 
CAPITuLO 13 .... A (ln)disponibilidade do interesse público: 
consequências processuais (composições em juízo, 
prerrogativas processuais, arbitragem, negócios 
processuais e ação monitória) - versão atualizada 
para o CPC/2015 ....................................................................... 275 
Eduardo Talamini 
L Introdução ................................................................................................................. 276 
2. O direito material: a indisponibilidade do interesse público, seu núcleo 
essencial e suas gradações ...................................................................................... 276 
3. O dever de submissão à legalidade, independentemente de determinação 
judicial ........................................................................................................................ 277 
4. O princípio geral da não-necessariedade da intervenção jurisdicional nas 
relações de direito público ....................................................................................... 278 
5. Indisponibilidade do direito material versus indisponibilidade da pretensão 
à tutela jurisdicional estatal ...................................................................................... 279 
6. O direito processual .............................................................................................. .... 280 
6.L Os mecanismos estritamente processuais de indisponibilidade .................... 280 
6.2. O dever de a Administração cumprir suas obrigações permanece 
depois de instaurado o processo judicial ....................................................... 282 
7. A eventual renúncia a direitos pelo particular, na composição com a 
Administração ............................... ............................................................................. 283 
8. Limites e condicionantes à composição em exame ................................................. 284 
9. Transação propriamente dita .................................................................................... 285 
10. Arbitragem e Poder Público ..................................................................................... 287 
16 
SUMÁRIO 
10.1. O requisito da "disponibilidade" ..................................................................... 287 
l0.2. O requisito da patrimonialidade ...................................................................... 289 
10.3. Síntese ............................................................................................................... 290 
10.4. Panorama doutrinário e jurisprudencial .......................................................... 290 
11. Negócios processuais e Administração Pública ......... ............................................... 293 
12. Ação monitória e Fazenda Pública ........................................................................... 294 
13. Encerramento ............................................................................................................ 297 
CAPITuLO 14 ..... Diffusing disputes: the public in the private of 
arbitration, the Private in Courts, and the Erasure 
of Rights ........................................................................ 299 
Judith Resnik 
i. lntroduction: dispute diffusion .................................................................................. 300 
2. The public in courts ................................................................................................... 310 
3. The creation and erasure of rights ....................................................................... .... 327 
4. Locating the priva te and the public in arbitration ............................................... .... 343 
4.i. The Paradigm of Merchants, Contracts, and Consent ..................................... 347 
4.2. From Waffles to Cheerios: Employees, Consumers, and Obligations To 
Arbitrate ............................................................................................................ 350 
5. Metrics of effective vindication, adequacy, and unconscionability .......................... 359 
5.i. Gateways to Judging Arbitration's Legitimacy .................................................... 359 
5.2. Effective Vindication's Genesis in an " lnternational Commercial 
Transaction" and Under the Supervision of the Securities and Exchange 
Commission ....................................................................................................... 367 
5.3. Judicial Cost-Benefit Analyses and the Question ot Collective Actions .............. 369 
5.4. "Mass" Arb itration Clauses Without a Mass ot Claims ..................................... 376 
5.4.i. Public Access to, and Confidentiality in, Arbitration ............................ 377 
5.4.2. Accounting for Individual Consumer and Employee Arbitrations ......... 382 
5.4.2.i. Finding the Filings .................................................................... 383 
5.4.2.2. Locating the Rules and Fee Structures .................................... 390 
5.4.2.3. Concerns about Compliance ................................................... 392 
5.5. Contracting for Judges in a Market for Courts ................................................... 392 
5.6. Regulated Arbitrations: Court-Annexed Arbitration in Federal Courts, 
Agency Supervision, and European Directives ................................................. 395 
6. Conclusion: "nightmarish" scenarios and the constitution of courts .......... ............ 399 
17 
GRANDES TEMAS DO NCPC, v. 9 •JUSTIÇA MULTI PORTAS 
• ...... - d d. . . d. , . ? CAPITULO 15 ....- Transaçao e 1re1tos m 1spomve1s . ..................................... 405 
Elton Venturi 
i. O enigma dos direitos indisponíveis ......................................................................... 405 
2. Autotutela e direitos indisponíveis .......................................................................... 407 
3. Direitos indisponíveis, adjudicação pública e meios alternativos de resolução 
de conflitos ................................................... ............................................................. 409 
4. Transação e direitos indisponíveis ............................................................................ 412 
5. O controle sobre a livre manifestação das vontades dos titulares 
dos direitos indisponíveis e a ponderação sobre a razoabilidade do 
procedimento negocial ........................................................................................... .. 416 
5.i. O meio ambiente é negociável? ....................................................................... 418 
5.2 A probidade administrativa é negociável? ......................................... .............. 419 
5.3 A liberdade individual e a pretensão punitiva estatal são negociáveis? ....... 422 
6. Disponibilidade dos direitos indisponíveis? ............................................................. 426 
Referências bibliográficas ............................................................................................... 427 
CAPITuLO 16 ~ Conciliação - As técnicas de negociação e a nova 
política judiciária ...................................................................... 431 
Américo Bedê Júnior e Cristiane Conde Chmatalik 
Introdução. Da heterocomposição às técnicas alternativas de resolução do conflito. 431 
L A importância da negociação como técnica de resolução de conflitos ................... 432 
2. Mediação e conciliação: diferenças conceituais ....................................................... 434 
3. A conciliação na Justiça Federal da 2• Região - Rio de Janeiro e Espírito Santo ..... 436 
4. A Nova Leide Mediação: breves reflexões ............................................................... 437 
5. O novo Código de Processo Civil e a Conciliação ..................................................... 439 
6. Conclusão. Da esperança de uma nova prática consensual no judiciário 
brasileiro ................................................................... ................................................ 441 
CAPITuLO 17 ~ Existe possibilidade de acordo no novo CPC? ....................... 443 
Jrapuã Santana do Nascimento da Silva 
1. Introdução ................................................................. ................................................ 443 
2 . Aplicabilidades da mediação/conciliação ................................................................. 444 
3. Das barreiras da negociação .................................... ................................................ 447 
4. Princípio da igualdade .............................................................................................. 447 
5. Política de mediação/conciliação .............................................................................. 448 
18 
SUMÁRIO 
6. Vícios de vontade ..... .. ........................ ................. ........... ........................................... 452 
7. conclusão ........ ......... ........................... .............................................. ......................... 456 
Referências bibliográficas ......................... ...................................................................... 456 
CAPÍTULO 18 lilll- Análise comparativa entre a Lei de Mediação e o 
CPC/2015 ..................................................................................... 463 
Trícia Navarro Xavier Cabral 
i. A evolução legislativa da mediação .... .... .............. .................................... ................ 463 
2. Principais aspectos da Lei de Mediação ................................................................... 466 
3. A mediação e o novo CPC. .. .. ........... ..... ..................................................................... 468 
4. Comparativo entre a Lei de Mediação e o CPC/2015 ............. .. .. .... ................. .......... 469 
4.i. Incidência e conceito da mediação ....................................... ........................... 470 
4.2. Escolha do mediador e princípios .............. ...... ...... ..................................... .... 470 
4.3. Objeto da mediação e a atividade dos mediadores .............................. ......... 471 
4.4. Impedimento e suspeição do mediador .......................................................... 471 
4.5. Da impossibilidade do exercício da mediação ........................... ....... ..... ..... ... 472 
4.6. O tratamento dos mediadores ...... .. ......................................................... ........ 473 
4.7. Do procedimento ........................................ ........ ....... ....................................... 474 
4.8. A confidencialidade ....................................................................... ... ......... ..... .. 479 
4.9. Mediação e Administração Pública ........................................................ ........... 479 
4.10. Disposições gerais ... ............................. .............................. ...... ........................ 480 
5. Direito intertemporal ........................... ........................................ ....... ............ ... ........ 481 
6. Referências ..................................... ......................................................... .................. 483 
CAPÍTULO 19 lilll- Mediação ................................................................................... 485 
Cesar Felipe Cury 
1. Introdução ........ ....... .................. ................................................................................ 485 
2. A Constituição Federal, o Pós-Positivismo e o Acesso à Justiça ............................... 486 
3. Acesso à Justiça, Multi-Door Courthouses e Alterna tive Dispute Resolution ............ 487 
4. Métodos Consensuais como Acesso Democrático à Solução Justa dos Conflitos ..... 488 
5. Novos Direitos e a Hiperjudicialização .......................................................... ............ 489 
6. Hiperjudicialização, Demandas de Massa e Acesso à Justiça ................................... 489 
7. Constituição, Jurisdição, Processo e Acesso à Solução Justa - Novos Paradigmas .. 491 
8. Processo Justo e Acesso à Solução Justa ................................................................... 493 
9. Solução Justa e Métodos Consensuais ........... ........................................................... 494 
19 
GRANDES TEMAS DO NCPC, v. 9 ·JUSTIÇA MULTIPORTAS 
9.1. Equivalentes Processuais .................................................................................. 494 
10. o Processo como Ultima Ratio - Os Limites da Jurisdição ......................................... 495 
10.i. Processo Justo, Métodos Consensuais e Identidade de Princípios ................. 495 
10.2. o Resgate da Solução Consensual .................................................................... 496 
10.3. Solução Consensual e o Novo Código de Processo Civil. ................................. 497 
11. Lei n. 13140/15 e Mediação Obrigatória .................................................................... 498 
11.1. A Constitucionalidade da Mediação Obrigatória .............................................. 499 
1i.2. Mediação Obrigatória e Autonomia da Vontade .............................................. 500 
1i.3. Mediação Pré·Processual Privada - Centros Judiciários de Solução de 
Conflitos ........................................................................................................... 501 
12. Pre-Action Protocols ................................................................................................... 504 
13. Conclusão ................................................................................................................... 506 
Bibliografia ...................................................................................................................... 506 
CAPÍTULO 20 .... Audiência(s) e Sessão(ões) de Mediação na Lei de 
Mediação (Lei n° 13.140/2015) ................................................ 509 
Maurício Vasconcelos Galvão Filho 
1. Introdução ................................................................................................................. 509 
2. Da audiência de mediação ........................................................................................ 513 
3. Da sessão de mediação ............................................................................................ 515 
4. Da ausência de melhor método e da existência do meio mais adequado ............. 515 
5. Da primeira audiência judicial de mediação como audiência facultativa 
de pré-mediação: da adequada interpretação do artigo 334 do Código de 
Processo Civil de 2015 ............................................................................................... 516 
6. Da audiência ou sessão de pré-mediação ou inicial.. .............................................. 519 
7. Uma análise mais detalhada das audiências ou sessões de mediação .................. 521 
8. Do termo de adesão a mediação: sua importância, a questão do sigilo e os 
seus requisitos mínimos ............................................................................................ 524 
9. Do término da mediação e da lavratura do termo de conclusão da mediação 
(com acordo ou sem acordo) ................................................................................... 526 
10. Considerações finais .................................................................................................. 527 
CAPÍTULO 21 .... A mediação como forma de reconhecimento e 
empoderamentodo indivíduo ................................................ 529 
Brunela Vieira de Vincenzi e Ariadi Sandrini Rezende 
i. Introdução ................................................................................................................. 529 
20 
SUMÁRIO 
2. A mediação como alternativa de resolução de conflitos ............... .. .... .. ... ............... 530 
3. Conceito de mediação .............................................................................................. 531 
4. Mediação e o Novo Código de Processo Civil.. ......................................................... 531 
5. A emancipação do indivíduo: contribuição da Teoria Crítica .................................. 533 
6. A luta por reconhecimento de Axel Honneth: o amor, o direito e a 
solidariedade ............................................... .............................. ......................... ..... 535 
7. O empoderamento do Indivíduo através da mediação .......................................... 537 
Conclusão ......................... ............................................................................................... 538 
Referências bibliográficas ....................................................................... ........................ 539 
CAPITuLO 22 .... Conflitualidade imanente e resolutividade construída: ..... 541 
Emerson Garcia 
i. Aspectos Introdutórios ............................................................................................. . 541 
2. A conflitualidade imanente à condição humana ........... ........................................... 546 
3. A resolutividade construída pelo mediador ................................................... ....... ... 551 
Epílogo ............ .......................... ........ .................................................... ........................... 555 
Referências bibliográficas ........... ................ .......................... .......................... .. .... .......... 556 
CAPITuLO 23 ..._ Primeiras impressões sobre a confidencialidade e suas 
exceções na lei de mediação brasileira ................................ 559 
Humberto Dalla Bernardina de Pinho e Mariana Freitas de Souza 
CAPITuLO 24 .... A experiência do Programa de Mediação de Conflitos 
da Secretaria Municipal de Cidadania ................................. 569 
Karime Silva Siviero e Brune/a Vieira de Vincenzi 
1 Introdução ............................... ................................................................................. 570 
2 . Regulamentação e funcionamento do programa ....... .......... .................................... 571 
2.1. O pré-atendimento ........................................................................................... 572 
2.2. A Sessão Conjunta ........................................................................... .................. 574 
2.2.1 A questão da imparcialidade .................... ............................................ 574 
2.3. As Sessões Privadas .......................................................................................... 576 
2.4. A Sessão Conjunta Final e o encaminhamento à Defensoria Pública ............. 577 
3. análise de casos mediados pelo programa ............................................................. 578 
3.i. Primeiro caso: o posicionamento da janela da vizinha ................................. 578 
21 
GRANDES TEMAS DO NCPC, v. 9 •JUSTIÇA MULTI PORTAS 
3.2. Segundo caso: o pensionamento do filho ........................................................ 582 
3.3. O impacto social do programa ......................................................................... 584 
4. Conclusão .................................. ................................................................................. 586 
Referências bibliográficas ......... .............................. .................. .. ........ .. .......................... 586 
CAPfruLO 25 ~ Mediação privada - um mercado em formação 
no Brasil ..................................................................................... 589 
Gabriela Assmar e Débora Pinho 
i. A trajetória da formação de mercado para a mediação privada numa visão 
sistêmica ................. ........ ........................................... ....... ... ............................... .. ..... 589 
2. A interdependência entre a mediação privada e a mediação judicial ................... 593 
3. O momento de escolher a mediação como método de resolução do conflito ....... 596 
4. Oportunidade em tempos de crise ........................................................................... 598 
5. Os desafios do mercado ................................................................. .................... ....... 600 
6. O Papel do advogado ................................................................................................ 601 
7. Os primeiros passos para prover serviços de mediação privada ........................... 603 
8. Conclusão ............................ ................................................................................ ....... 606 
CAPfruLO 26 ~ A mediação nos esportes: aspectos gerais e o caso do 
Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) ......................................... 607 
Pedro Fida e Marcos Mona 
L Introdução .............................. ..... ................................ ............................................ .. 607 
2. Esporte: uma complexa indústria ..... .. ........ .......................................................... .. .. 608 
3. Tipos de conflitos recorrentes nos esportes ................................ .. .. ......... ............... 608 
3.i. Conflitos submetidos a processos adjudicantes ......... ..................................... 609 
3.2. Conflitos submetidos a processos autocompositivos ................ ...................... 610 
4. Mediação nos Esportes ................... ....................................................... ..... ............ .. 612 
4.i. Estudo de caso: Woodhall v. Warren .................................................. .............. 615 
4.2. Vantagens da mediação nos esportes: aspectos gerais ................................ 616 
5. Tribunal Arbitral do Esporte ("TAS"): Estrutura e Funcionamento .............. ............. 617 
6. Mediação no TAS .................................................................... ....................... ............. 618 
7. Conclusão .......................................................... .......... .......................... ...... .. ............. 621 
22 
SUMARIO 
CAPÍTULO 27 .,... Justiça restaurativa e mediação vítima-ofensor no 
sistema criminal ........................................................................ 623 
llana Martins Luz 
i. Considerações iniciais: breves comentários sobre o paradigma restaurativo ....... 623 
2. Os processos restaurativos ...................... ............................................... .................. 630 
2.i. O conceito de mediação ..................................................................... .............. 631 
2.2. Espécies de mediação ........................................................................... ........... 633 
3. A mediação e a justiça restaurativa ......................................................................... 637 
4. Fases de utilização do processo mediativo .............................................................. 643 
5. Considerações finais .......... ..... ................................................................................... 645 
CAPÍTULO 28 .,... A mediação e os conflitos de consumo ................................. 649 
Guilherme M. Martins 
i. Introdução. A evolução da mediação no Brasil ................................................ ........ 649 
2 . o direito do consumidor como direito fundamental e a viabilidade da 
aplicação das técnicas alternativas de solução de conflitos................. .................. 656 
3. A experiência brasileira ............................................................................................ 658 
4. Conclusão ................................................................................................................... 661 
5. Bibliografia ......................................................... ........................................................ 661 
CAPÍTULO 29 .,... O Conflito e a Mediação nas Relações de Direito de 
Família: uma nova Perspectiva sob o viés da Alteridade 
e do Novo Código de Processo Civil ...................................... 663 
Camila Stangherlin e Rafael Calmon Range/ 
Considerações Iniciais ..................................................................................................... 663 
i . o acesso à justiça e os meios alternativos para o tratamento de conflitos ........... 664 
i.i. Acesso à justiça - breves considerações ......................................................... 664 
i.2. Mas, afinal, o que é o conflito? .......................................... .............................. 666 
i.3. Mecanismos alternativos para o tratamento de conflitos ....................... ....... 667 
2. A mediação como método eficaz para a solução de conflitos ................................ 669 
2.1 A Alteridade como Desafio .................................................................................. 672 
3. Relações familiares: a mediação como forma de tratar conflitos em juízo e 
fora dele .................................................................................................................... 673 
Considerações finais ....................................................................................................... 680 
Referências ...................................................................................................................... 681 
23 
GRANDES TEMAS DO NCPC, v. 9 ·JUSTIÇA MULTI PORTAS 
CAPÍTULO 30 ..,._ Novo CPC, Lei de Mediação e os Meios Integrados 
de Solução dos Conflitos Familiares - Por um 
Modelo Multiportas ..................................................... 685 
Dierle Nunes, Natanael Lud Santos e Silva, Walsir Edson Rodrigues Júnior 
e Moisés Mileib de Oliveira 
i. A família em (re)construção ...................................................................................... 685 
2. Especificidades dos conflitos familiares ................................................................... 689 
3. Novo CPC e Modelo Multiportas .......... ...................................................................... 692 
4. Lei n° 13.140/2015 ...................................................................................................... 701 
5. Conclusão ................................................................................................................... 704 
Referências bibliográficas ............................................................................................... 705 
CAPfruLO 31 ..,._ Negociação direta ou resolução colaborativa de disputas 
(collaborative law): "Mediação sem Mediador'' .................... 709 
Antonio do Passo Cabral e Leonardo Carneiro da Cunha 
i. Apresentação ......................................................................................... .................... 709 
2. Breves notas sobre mediação e a conciliação ....................................................... .. 711 
3. A negociação direta ou resolução colaborativa de disputas: do common law 
ao Brasil ............................................. .. ...................................................................... 714 
4. Vantagens da resolução colaborativa ....................................................................... 719 
5. Convenção de procedimento participativo francesa ............................................... 720 
6. Aplicablidade da resolução colaborativa de conflitos ao direito processual 
brasileiro ................................................................................................................... 722 
7. Possibilidade de utilização da técnica por órgãos públicos: Defensorias 
Públicas, Advocacia Pública, Ministério Público. Aplicabilidade pelos 
Escritórios-Modelo e Núcleos de Prática jurídica das Faculdades de Direito ........ .. 723 
8. Conclusão ................................................................................................................... 723 
9. Bibliografia .................... ............................................................................................. 724 
CAPfruLO 32 ..,._ Punto de vista: Marc/Adr V diversidad de culturas: el 
ejemplo latinoamericano ......................................................... 727 
Eduardo Oteiza 
i. Las dificultades de una visión que abarque diferentes países y subregiones .... .. 727 
2. América Latina. Decepciones y esperanzas .............................................................. 729 
24 
SUMARIO 
3. lmprecisiones conceptuales. La imposición de un acrónimo y la relatividad 
de las fronteras entre los MARC .............................................................................. 734 
4. EI acceso a la justicia como un problema de política pública cuya solución 
debe tener presente razones sustantivas y contemplar desigualdades ................. 738 
5. Crisis de confianza en el Servicio de )usticia y los mecanismos alternativos 
como una parte de un plan de reformas. Iniciativas de ayuda internacional y 
los MAR( ···················································································································· 7 41 
6. EI desarrollo de los MARC en América Latina. La incidencia de los programas 
de apoyo a los MARC ................................................................................................. 744 
7. Conclusión ..................................................................... ............................................. 748 
CAPÍTULO 33 ..... La mediazione nelle legislazioni straniere .............................. 751 
Remo Caponl 
CAPÍTULO 34 ..... Notas sobre conciliadores e conciliação ............................... 755 
Mauro Cappellettl (Trad. e Revisado por Hermes Zaneti Jr.) 
CAPÍTULO 35 ..... O Acesso ao Sistema Judicial e os Meios Alternativos de 
Resolução de Controvérsias: Alternatividade Efectiva e 
Complementariedade ............................................................. 769 
Paula Costa e Silva 
i. Ponto de ordem ........................................................................................................ 769 
2. O tema ........................................................................................................................ 771 
3. Os meios alternativos pré-contenciosos ................................................................... 779 
4. o princípio de minimis non curat praetor e a jurisdição dos julgados de paz ....... 781 
5. A preferência da autonomia face à heteronomia .................................................... 783 
6. A arbitragem e o sistema judicial ............................................................................. 785 
7. O actual ponto de ruptura do direito de acção: o direito à satisfação efectiva ..... 785 
CAPÍTULO 36 ..... The Modem Civil Process in England: Links Between 
Private and Public Forms of Dispute-Resolution .................. 787 
Neil Andrews 
i. lntroduction ............................................................................................................... 787 
2. 'Need for more focus': court litigation and the woolf reforms ................................ 788 
25 
CAPÍTULO 1 
, . 
E urgente construir 
alternativas à justiça 
José Renato Nalini' 
Dentre as formulações elaboradas pelos pensadores maiores, a respeito 
da origem da sociedade, três ganharam dimensão clássica. São as concepções 
de Rousseau, Locke e Hobbes, cada qual a explicar- à sua maneira - o motivo 
pelo qual os homens vivem gregariamente. 
A visão rousseauniana é idílica. O homem seria o bom selvagem, criatura 
solidária, desejosa de convívio harmônico e ansiosa pela fruição da paz cole-
tiva. Essa visão paradisíaca nem sempre está presente num convívio atormen-
tado por inúmeras ocorrências que a desmentem. Violência em vários tons, 
insensibilidade e indiferença, testemunhos inimagináveis de crueldade exercida 
pelo homem sobre seu semelhante. 
Para John Locke, o homem não é um santo, mas nem um demônio. Viver 
em sociedade precisaria de limites. Estes seriam os freios sem os quais não 
haveria disciplina e nem ordem. O Estado ideal seria aquele provido de funções 
encarregadas de estabelecer as regras do jogo - o Parlamento - as de cumpri-
-las - o Governo - e a de resolver controvérsias - o Judiciário. 
A menos otimista dentre as explicações para a existência do grupo é a de 
Thomas Hobbes que, no Leviatã, enxerga a criatura humana, a única pretensa-
mente considerada racional, em permanente conflito com o próximo. O homem 
é o lobo do homem. Não há espaço no planeta em que a paz seja permanente, 
mas vivencia-se a guerra de todos contra todos e a vocação humana seria o 
eterno litígio. 
Esta, aparentemente, a sensação que o Brasil fornece ao mundo. Uma 
população de 202 milhões de habitantes propicia o espetáculo de mais de 100 
milhões de processos judiciais, como se toda a nação estivesse a demandar. 
Uma quarta parte de todo o movimento forense está na Justiça comum de São 
l . Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas em 1971. Mestre e Doutor em 
Direito Constitucional pela Universidade de São Paulo (USP). Desembargador aposentado do TJ/SP. Pre-
sidente do Tribunal de justiça do Estado de São Paulo, gestão 2014/2015. Atualmente é Secretário de 
Educação do Estado São Paulo. 
GRANDES TEMAS DO NCPC, v. 9 ·JUSTIÇA MULTIPORTAS 
Paulo. Aqui tramitam mais de 25 milhões de ações, no Tribunal que, sem querer, 
é considerado o maior do planeta. São mais de 50 mil servidores, 2 .501 magis-
trados e esse invencível número de demandas. 
O Brasil tem outros números que assombram o restante do planeta. Mais 
de 700 mil sentenciados, o que lhe dá o 3° lugar no ranking da população carce-
rária mundial, superado apenas pela China e pela Rússia. Acaba de ultrapassar 
a Índia, muito mais populosa do que esta República Federativa. 
A continuar nessa escala, o esgotamento do sistema é um passo irreversí-
vel. Pois a resposta tradicional à demanda por justiça é o crescimento vegeta-
tivo das estruturas. À indagação: - "O que falta para o Judiciário brasileiro?", a 
resposta clássica será: - "Faltam orçamento, estruturas materiais e pessoais! É 
urgente criar mais cargos, mais varas, mais tribunais!". 
Será que isso se mostra possível? Neste momento de PIB negativo, de 
recessão econômica, de estagnação, de queda na arrecadação e de contingen-
ciamentos, será viável que uma instituição continue a crescer em quantidade? 
Pense-se que o sistema Justiça no Brasil é bastante sofisticado. Enquanto 
em Estados-Nação que já nos inspiraram, como França e Itália, existe uma só 
Magistratura, acolhendo juízes e membros do Ministério Público num único bra-
ço da Justiça, aqui o Parquet é uma instituição autônoma e de crescente prestí-
gio e influência. A cada criação no âmbito da Magistratura, haverá repercussão 
no Ministério Público. Mas também na Defensoria Pública, nas Procuradorias, 
nas Polícias, nas delegações extrajudiciais - antigos cartórios - e na Administra-
ção Penitenciária. 
Tudo isso não pode deixar de ser levado em conta por aqueles que têm a 
missão de sustentar o Estado. Daí a urgência de se pensar em outros caminhos. 
O processo pode não ser a única solução para resolver um conflito entre 
as pessoas. Estas, no início da civilização, faziam justiça pelas próprias mãos. E 
a solução era temerária, pois não havia necessária proporção entre a ofensa e 
a reação. Daí o progresso da chamada lei de talião, a trazer a proporcionalida-
de: olho por olho, dente por dente. 
Num estágio qualitativamente superior, encontrou-se o processo como a 
alternativa mais civilizada de composição de controvérsias. Entrega-se a um 
terceiro oficial e neutro - o Estado-juiz - a incumbência de solucionar os desen-
tendimentos. Este o estágio civilizatório em que a humanidade hoje se encontra. 
Mas a exaustão do modelo é algo que não pode ser desconsiderado. O 
processo judicial converteu-se na única resposta que se oferece para todo e 
qualquer embaraço no relacionamento. A procura pelo Judiciário foi tão ex-
cessiva, que o congestionamento dos tribunais inviabiliza o cumprimento de 
28 
Cap. 1 • t URGENTE CONSTRUIR ALTERNATIVAS À JUSTIÇA 
José Renato Nalini 
um comando fundante incluído na Carta Cidadã pela Emenda Constitucional 
45/2004: a duração razoável do processo. 
Além disso, a ciência processual sofisticou-se e converteu a cena judiciária 
numa verdadeira arena de astúcias. O processo já foi chamado de adjetivo à 
substância do direito material. A pugna dos processualistas para conferir au-
tonomia científica ao processo foi vitoriosa. Às vezes tem-se a impressão que, 
em lugar de instrumento de realização do bem material, o processo se tornou 
finalidade em si mesmo. Há uma percentagem considerável de ações judiciais 
que terminam com respostas meramente processuais. O conflito continua e até 
mais acirrado, porque se adiciona à esperança de quem recorreu a juízo o de-
salento de ter despendido tempo e dinheiro, angústia e preocupação durante 
longo período e a resposta foi quase sempre inexplicável. 
Como fazer o interessado entender o que significa "indeferimento da ini-
cial por inépcia", ou "carência de ação", "ilegitimidade de parte", "decadên-
cia", "prescrição", "acolhimento de exceção", "prevalecimento da preliminar" 
e tantas outras respostas que podem terminar o processo, mas não encerram 
o conflito. 
As respostas judiciais são técnicas, nem por isso solucionam o problema. 
Para encerrar uma lide, o brasileiro pode ser obrigado a percorrer quatro ins-
tâncias e se valer de dezenas de oportunidades de reapreciação do mesmo 
tema, ante um quadro recursai caótico. 
Por isso cresce a preocupação e o interesse por adoção de alternativas ao 
processo convencional. O caos reinante impõe a busca dessas opções e a men-
ção mais frequente é a adoção de métodos alternativos como a conciliação, 
mediação e arbitragem. São respostas mais atraentes para o mercado, pois a 
longa duração do processo, o seu custo global em valores tangíveis e intangí-
veis e a álea natural que o sistema envolve despertou alguns nichos da socieda-
de para a busca de meios mais racionais de se resolver uma questão concreta. 
A conciliação parte do pressuposto de que a obtenção de acordo entre 
pessoas que se antagonizam é mais eficiente do que entregar a um técnico a 
outorga de uma solução neutral. Conciliar é harmonizar, é pacificar, é acalmar 
os ânimos. É uma estratégia mais eficiente e muito mais ética do que a decisão 
judicial. Esta pode desagradar ambas as partes envolvidas no litígio e é heterô-
noma. Ou seja: a vontade do Estado se sobrepõe à vontade dos interessados. É 
o Estado-juiz, com sua soberania e autoridade, que tarifa o sofrimento, a honra, 
a liberdade e o patrimônio dos envolvidos no conflito. Resposta inteiramente 
heterônoma, não interessa o que as partes pensam do problema. É uma inva-
são na esfera de autonomia que deveria caracterizar protagonistas conscientes 
29 
GRANDES TEMAS DO NCPC, v. 9 ·JUSTIÇA MULTIPORTAS 
de suas responsabilidades. Já a conciliação é solução autônoma, reflete a capa-
cidade de cada qual escolher o que é melhor para si. 
Na conciliação exerce-se outra modalidade de contraditório. Para o pro-
cesso, ele é um princípio também sofisticado, com explicações técnicas e cien-
tíficas nem sempre inteligíveis pelo leigo. Já o contraditório da conciliação é 
procurar entender o que vai na consciência dooutro. Se existe um início de 
agressividade reforçada pelo ressentimento, aos poucos a conversa desarma 
os contendores. Quando se obtém uma solução, eles se sentiram partícipes. 
Sua vontade prevaleceu. Não foi uma imposição. Este o aspecto ético a realçar 
a mais valia dos métodos suasórios em que a parte protagoniza o encaminha-
mento do acordo. 
o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, alinhado com as diretrizes 
do CNJ - o Conselho Nacional de Justiça, colegiado também criado pela Emenda 
45/2004, implementou os seus CEJUSCS - Centros judiciais de Solução de Conflitos 
e Cidadania. Já são 125 os que funcionam no Estado, número de março de 2015. 
Têm uma estrutura flexível, funcionam de acordo com o empenho, boa vontade 
e fervor cívico de voluntários, entidades e da sociedade civil. Obtêm considerá-
vel êxito na composição dos envolvidos em conflitos. De forma direta, objetiva, 
desburocratizada e eficiente. A enorme vantagem: solucionam a controvérsia, 
não apenas encerram o processo. 
A mediação é um sistema também utilizado no Brasil e inspirado na ex-
periência norte-americana. Três os fatores que a recomendam: a) economia 
de tempo e dinheiro; b) controle do processo pelas partes; c) obtenção de 
acordos mais satisfatórios. Uma pesquisa levada a efeito pela Fundação para 
a Prevenção e Resolução Antecipada de Conflitos - PERC, a sigla em inglês - da 
Universidade de Cornell e da Pricewaterhouse Cooper LLP, conhecida como Cor-
nell Survey, constatou que a mediação alcançou acordo em 78º/,, dos casos. 
A arbitragem é uma outra modalidade alternativa de grande utilização, 
principalmente em temas cuja expertise é bastante sofisticada. Existe há muito 
tempo no sistema, tanto que já integra o processo civil brasileiro. Seu uso, nos 
Estados Unidos, foi considerado menos favorável do que a mediação, embora 
também positivo. Em cotejo com a mediação, a arbitragem perde, porque a 
mediação : a) leva menos tempo; b) custa significativamente menos; c) propicia 
uma experiência mais satisfatória, de acordo com os partícipes. 
Setores mais esclarecidos da nacionalidade já recorrem à mediação. Em 
2014, por exemplo, a FIESP/CIESP firmou o Pacto Nacional de Mediação e reco-
nheceu que negociação, mediação e conciliação mostram-se adequadas a inú-
meros tipos de conflitos de interesse e evidenciam vantagens em comparação 
30 
Cap. 1 ·~URGENTE CONSTRUIR ALTERNATIVAS À JUSTIÇA 
José Renoto Nolini 
à solução judicial. A resolução de disputas por mecanismos consensuais é hoje 
uma prioridade a curto e a longo prazo. 
Impõe-se a disseminação dessa cultura . Todos os que têm responsabilida-
des perante os destinos da Nação têm de se dedicar à reflexão cujo tema ora 
se aborda tão superficialmente. Decidir se os métodos alternativos são viáveis 
para a solução de determinado conflito é um processo que envolve mais arte 
do que ciência. Há de se ter em conta objetivos primordiais, objetivos legais e 
objetivos pragmáticos nessa análise do que será o melhor para a nacionalidade 
e neste momento histórico. 
Em relação aos objetivos primordiais, parta-se de indagações como: a) 
qual a importância para os envolvidos no conflito em manterem o controle 
sobre o resultado da disputa? b) qual a importância da preservação do relacio-
namento entre os envolvidos no conflito? c) qual a importância no desenvolvi-
mento de uma ética cidadã e protagonista. 
O primordial, na adoção das alternativas, é edificar um ambiente em que 
o diálogo não seja substituído pela intervenção obrigatória, automática e ex-
cessivamente técnica do Estado. Isso não ajuda a construir uma cidadania ativa, 
proativa, protagonista, participativa. Existe um horizonte longínquo, mas muito 
desejável: a implementação da Democracia Participativa. Esta não virá se as 
pessoas continuarem tuteladas pela assistência judicial, que despreza a orien-
tação jurídica, o aconselhamento, para automático e indesejável ingresso no 
sistema judicial. 
Em relação aos objetivos legais, o interessado em se valer das alternativas 
deverá indagar: a) o tema que se discute é pacificado na jurisprudência? b) há 
necessidade de medica cautelar, antecipatória, coercitiva ou de urgência? c) há 
necessidade de produção de provas? d) qual o grau de certeza de vencer um 
processo judicial? 
A depender da resposta, adotar-se-á um ou outro sistema. Nem tudo pode 
ser levado à negociação. Há temas de relevo, cuja complexidade pressupõe 
servir-se do Judiciário, preordenado à solução das grandes causas. 
Quanto aos objetivos pragmáticos, o que se tem em vista é: a) quais os 
custos estimados da opção pela Justiça convencional ou por uma alternativa? 
b) qual a importância em se resolver rapidamente a disputa? c) o sigilo é im-
portante no processo de resolução da controvérsia? d) qual a probabilidade de 
obtenção de significativa compensação financeira, a depender da opção feita? 
Tudo sopesado, então a opção tranquilizará quem escolheu uma ou outra 
das veredas abertas para a obtenção do resultado que não deixa de ser a so-
lução do conflito. 
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GRANDES TEMAS DO NCPC, v. 9 ·JUSTIÇA MULTI PORTAS 
A vantagem mais significativa dos métodos alternativos é o potencial de 
efetivamente resolver problemas. A remoção do ritualismo e do formalismo 
exagerado, do procedimentalismo estéril, da burocracia ínsita ao sistema ju-
diciário, oferece o ambiente de coloquialismo em que as partes chegam mais 
facilmente a fazer concessões e a assumir compromissos, mantida a qualdida-
de de relacionamento entre elas. Não é desprezível o fato de se manter um 
relacionamento saudável entre os envolvidos, mesmo depois de resolvida a 
pendência que os levou ao litígio e à tentativa de sua resolução. 
Num comparativo entre a arbitragem e o processo judicial, tem-se, do 
lado da arbitragem, ser: adversaria!, privada, alto nível de confidencialidade, 
partes podem escolher e modificar os procedimentos, possuem controle sobre 
agendamento, instrução limitada, árbitros com expertise no assunto, parâme-
tros escolhidos pelas partes podem ser aplicados pelos árbitros, como - por 
exemplo - lei de outro local, usos e costumes comerciais, soft law ou equidade. 
Também as decisões não formam precedentes, a sentença é final e vinculante 
e a arbitragem pode reduzir os custos do processo. Na verdade, o tempo é 
um fator a ser considerado e sempre representa economia para quem está a 
enfrentar o mercado e seus prazos. 
Já o processo judicial é adversaria! e público, tem regras de processo 
formais e inflexíveis. O andamento depende do volume de processos. O agen-
damento fica fora do controle das partes. A instrução é amplíssima. O juiz é um 
generalista encarregado de decidir sobre o que nem sempre conhece bem e 
tem de se apoiar em peritos e assistentes técnicos indicados pelas partes. A lei 
e os precedentes são aplicados no julgamento, todas as tutelas estão disponí-
veis, há um leque imenso e amplo de recursos. Caracteriza-se pela lentidão e 
altos custos, dentre os tangíveis e intangíveis. 
Ocorre que o Brasil ainda é tímido na exploração de todas as possibili-
dades existentes e já comprovadas no direito anglo-saxão de alternativas ao 
juízo convencional. Centramos nosso interesse, primordialmente, em concilia-
ção, mediação e arbitragem. Mas há inúmeros outros métodos de composição 
consensual de controvérsias, as ADR - Alternative Dispute Resolution não vincu-
lantes. Dentre elas, salientem-se a arbitragem não vinculante, em que a decisão 
do árbitro é apenas aconselhadora, a figura do ouvidor confidencial, quando as 
partes submetem a um terceiro neutro, em caráter confidencial, suas posições 
para um acordo, a avaliação antecipada, com sessões confidenciais com cada 
uma das partes, a determinação dos fatos, o mini-júri, ou minitrail procedure, 
em que ocorre troca de informações de caráter adversaria! seguida de negocia-
ções em nível de gestores, com ou sem assistência de terceiro neutro. 
Ainda existe o rent a judge, a utilização de parcerias, assessorias de acor-

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