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alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 1 SUMÁRIO EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 2 GABARITO .................................................................................................................................................... 66 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 2 EXERCÍCIOS Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Perito Oficial Criminal - Área 8 – Tema: Lei dos Crimes de Tortura 1. A respeito dos Crimes de Tortura, regulados pela Lei nº 9.455/1997, assinale a alternativa correta. a) A pena prevista para o crime de tortura consistente em submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo, é de reclusão de dois a cinco anos. b) A pena prevista para aquele que se omite em face de condutas que caracterizam crimes de tortura, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, é de um a três anos. c) O agente público que pratica uma das condutas que caracterizam crimes de tortura terá a pena aumentada em dois terços. d) O agente público condenado por crime de tortura perderá o cargo, função ou emprego público e sofrerá interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. e) O crime de tortura é insuscetível de fiança ou graça, mas é suscetível de anistia. Comentário da questão: A assertiva correta é a letra D. a) INCORRETA. Trata-se do tipo penal previsto no artigo 1º, II da Lei nº 9.455/97, cujo preceito secundário é de dois a oito anos de reclusão, e não de dois a cinco anos. É também conhecida doutrinariamente como “tortura castigo”. b) INCORRETA. À luz do artigo 1º, §2º da Lei nº 9.455/97, a pena cominada àquele que se omite em face das condutas caracterizadoras do crime de tortura, quando possuía o dever de evitá-las ou apurá-las, é de detenção de um a quatro anos. Sendo assim, a alternativa incorre em erro ao afirmar que a pena máxima cominada em abstrato ao delito é de três anos, uma vez que, em verdade, é de quatro anos. Ademais, é importante observar que a alternativa também foi omissa em informar a natureza da pena privativa de liberdade que, no caso, é de detenção. c) INCORRETA. Conforme artigo 1º, §4º da Lei nº 9.455/97, o agente público que comete um dos delitos descritos na referida Lei terá a pena aumentada de um sexto a um terço, e não de dois terços. É importante mencionar que tal causa de aumento incidirá na terceira fase da dosimetria da pena, notadamente por se tratar de causa especial de aumento de pena. Quanto ao conceito de “agente público”, prevalece no âmbito doutrinário o conceito previsto na norma explicativa do artigo 327 do Código Penal. d) CORRETA. De acordo com o artigo 1º, §5º da Lei de Tortura (Lei nº 9.455/97), a condenação por crime de tortura acarreta a perda do cargo, função ou https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 3 emprego público e a interdição para o seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. Tratamento diverso é conferido pelo artigo 92 do Código Penal: “São efeitos da condenação: I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. e) INCORRETA. A alternativa contraria o disposto no art. 1º, §6º da Lei nº 9.455/97, que dispõe: “o crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia”. Vale ressaltar que, conforme artigo 5º. XLIII da Constituição Federal, a tortura, além de ser considerada como crime inafiançável, também seria delito insuscetível de graça ou anistia. Por fim, registre-se que a Lei de Crimes Hediondos no seu artigo 2º, I determina que os crimes hediondos e os equiparados (dentre eles, o crime de tortura) seriam insuscetíveis de anistia, graça ou indulto. Instado a se manifestar acerca de suposta inconstitucionalidade do dispositivo, o Supremo Tribunal Federal firmou entendimento no sentido de que o indulto, sendo modalidade de graça do Presidente da República, seria alcançado pela vedação conferida pela Constituição Federal. Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Perito Oficial Criminal - Área 8 – Tema: Lei dos Crimes Hediondos 2. A Lei nº 8.072/1990 dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5º, inciso XLIII, da Constituição Federal, e determina outras providências. A respeito dos Crimes Hediondos, assinale a alternativa correta. a) A pena imposta pelo cometimento de crime hediondo deverá ser cumprida inicialmente em regime fechado ou semiaberto, mediante decisão fundamentada do Juiz. b) O crime de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, tentado ou consumado, também é considerado crime hediondo, contudo o de posse ilegal de arma de fogo de uso restrito, não. c) Os crimes hediondos são insuscetíveis de anistia, graça e fiança, porém são suscetíveis de indulto. d) A epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º, do Código Penal) é considerada crime hediondo. e) Em caso de sentença condenatória de crime hediondo, o réu não poderá recorrer em liberdade. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 4 Comentário da questão: A assertiva correta é a letra D. a) INCORRETA. Em que pese a alternativa versar acerca da literalidade do art. 2º, §1º da Lei nº 8.072/90, o Supremo Tribunal Federal decidiu pela inconstitucionalidade da fixação obrigatória do regime inicial fechado, por violação aos princípios da individualização da pena, da proporcionalidade e da dignidade da pessoa humana. b) INCORRETA. Mesmo com as alterações operadas pela Lei nº 13.964/19, a alternativa continua equivocada. O crime de porte ilegal de arma de fogo somente será considerado hediondo se a natureza do armamento for de uso proibido, conforme artigo 1º, parágrafo único, II da Lei nº 8.072/90. Tendo em vista que o ordenamento jurídico adotou o critério legal para fins de classificação dos crimes hediondos, não caberia ao juiz, no caso concreto, estender a hediondez ao crime de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. Registre-se que, antes das alterações operadas pela Lei nº 13.964/19, considerava-se crime hediondo o delito de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no artigo 16 do Estatuto do Desarmamento. Por tal razão, a alternativa fora considerada como incorreta, mesmo que a questão tenha sido elaborada antes da entrada em vigor da Lei nº 13.964/19. c) INCORRETA. Conforme artigo 2º, I da Lei nº 8.072/90, os crimes hediondos são insuscetíveis de anistia, graça e indulto. Vale ressaltar que, conforme artigo 5º. XLIII da Constituição Federal, a lei deveria considerar os crimes hediondos como insuscetíveis de graça ou anistia. Instado a se manifestar acerca de suposta inconstitucionalidade do dispositivo previsto na Lei de Crimes Hediondos, o Supremo Tribunal Federal firmou entendimento no sentido de que o indulto, sendo modalidade de graça do Presidente da República, seria alcançado pela vedação conferida pela Constituição Federal. d) CORRETA. Conforme previsão expressa do artigo 1º, VII da Lei nº 8.072/90, o crime de epidemia com resultado morte, previsto no artigo 267, §1º do Código Penal, é considerado crime hediondo, devendo sofrer todos os consectários previstos na Lei em comento. e) INCORRETA. À luz do artigo 2º, §3º daLei nº 8.072/90, “Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade”. A interpretação do referido dispositivo deve se dar à luz da Constituição Federal, de sorte que é vedada a imposição de recolhimento ao cárcere para recorrer. Se porventura o réu respondia ao processo criminal em primeira instância solto, somente poderá ser preso após eventual sentença condenatória se preenchidos os requisitos para decretação de sua prisão preventiva, na forma dos artigos 312 e 313 do Código de Processo Penal. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 5 Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Perito Oficial Criminal - Área 8 – Tema: Ação Penal 3. No que se refere à Ação Penal e suas espécies, assinale a alternativa correta. a) A ação penal privada é exercida pelo ofendido, mediante denúncia do Ministério Público. b) A ação penal pública condicionada é exercida pelo ofendido e independe de denúncia do Ministério Público. c) A ação penal privada é exercida pelo ofendido, mediante requisição do Ministro da Justiça. d) A ação penal pública incondicionada será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. e) A ação penal pública incondicionada será promovida por denúncia do Ministério Público. Comentário da questão: A assertiva correta é a letra E. a) INCORRETA. A primeira parte da alternativa se encontra correta, de acordo com o artigo 30 do Código de Processo Penal, in verbis: “Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação privada”. Entretanto, tendo em vista a ilegitimidade ativa do Ministério Público para promoção da ação penal de natureza privada, cabendo-lhe exercer a função de fiscal da ordem jurídica, a parte final da alternativa se encontra equivocada. Não por outra razão, no artigo 257 do Código de Processo Penal, há a previsão expressa das funções do Parquet no âmbito processual penal: a promoção, de forma privativa, da ação penal pública e a fiscalização da execução da lei. Com efeito, tratando-se de ação penal de natureza privada, cabe ao Ministério Público apenas exercer o papel de custos iuris. Ademais, o dispositivo se encontra em contradição com o que prevê o artigo 100, §2º do Código Penal: “Art. 100, §2º: a ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo”. b) INCORRETA. De acordo com a literalidade do artigo 24 do Código de Processo Penal, a promoção das ações penais públicas é exercida exclusivamente pelo Ministério Público por meio de denúncia. Ademais, conforme artigo 100, §1º do Código Penal: “A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça”. O fato da lei exigir a representação do ofendido como condição de procedibilidade ao oferecimento da denúncia não retira a titularidade exclusiva da ação penal pública ao Ministério Público. c) INCORRETA. A ação penal privada é exercida pelo ofendido, conforme artigo 100, §2º do Código Penal, mas independe de requisição do Ministro da Justiça. A alternativa mesclou os conceitos de ação penal privada e de ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça, cuja titularidade é do Ministério Público, na forma do artigo 100, §1º do Código Penal. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 6 d) INCORRETA. Tratando-se de ação penal pública incondicionada, não há que se falar em necessidade de representação do ofendido ou de requisição do Ministro de Justiça, de sorte que somente serão exigíveis para o exercício da persecutio criminis se a lei assim exigir, conforme artigo 100, §1º do Código Penal e artigo 24 do Código de Processo Penal. e) CORRETA. Tratando-se de crime promovido mediante ação penal pública incondicionada, ou seja, nas hipóteses em que a lei não exige requisição do Ministro da Justiça ou representação do ofendido ou de quem tenha qualidade para representa-lo, sua promoção ocorrerá pelo Ministério Público, na forma dos artigos 24 e 257, I do Código de Processo Penal e artigo 100 do Código Penal. Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Perito Oficial Criminal - Área 8 – Tema: Crimes contra a Administração Pública 4. Em relação aos crimes contra a Administração Pública, é correto afirmar que a) não se equipara a funcionário público, para os efeitos penais, quem exerce emprego em entidade paraestatal. b) o funcionário público que deixa de praticar, indevidamente, ato de ofício, para satisfazer sentimento pessoal, pratica o crime de condescendência criminosa. c) no crime de corrupção passiva, a pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. d) pratica o delito de prevaricação o funcionário público que deixar, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente. e) não constitui crime contra a Administração Pública abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei. Comentário da questão: A assertiva correta é a letra C. a) INCORRETA. A alternativa não se encontra em harmonia com o que dispõe a norma penal explicativa do artigo 327, §1º do Código Penal, que, juntamente com o caput, traz o conceito de funcionário público para fins penais: “Art. 327 - Considera- se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública”. Sendo assim, mesmo que o agente exerça cargo, emprego ou função em entidade paraestatal (exemplos: empresas públicas, sociedades de economia mista e serviços sociais autônomos como SESI e SENAI), pode ser considerado como funcionário público para fins penais. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 7 b) INCORRETA. O agente que deixa de praticar ato de ofício indevidamente para satisfazer sentimento pessoal pratica o crime de prevaricação, previsto no artigo 319 do Código Penal. Com efeito, o crime de condescendência criminosa o funcionário que deixa, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe faltar competência, não leve o fato ao conhecimento da autoridade competente, conforme artigo 320 do Código Penal. É importante ressaltar que também há uma significativa diferença entre as penas cominadas aos delitos, notadamente diante do fato que a prevaricação é punida com pena de detenção de três meses a um ano e multa, ao passo que a condescendência criminosa é punida com pena de detenção de quinze dias a um mês ou multa. Não custa observar que, quanto ao crime do artigo 319 do Código Penal, a pena de multa é aplicada de forma cumulativa, ao passo que para o crime do artigo 320 do mesmo Diploma Legal, a pena de multa é aplicada de forma alternativa. c) CORRETA. A alternativa descreve exatamente a causa de aumento de pena prevista no artigo 317, §1º do Código Penal aos que praticarem o crime de corrupção passiva e, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ouo pratica infringindo dever funcional. O que, em tese, seria mero exaurimento do crime, é tratado como causa de aumento de pena, de sorte que o funcionário que cumpre o prometido e realiza a pretensão do corruptor merece maior reprimenda penal. d) INCORRETA. Trata-se de outra alternativa que mescla os conceitos de prevaricação e condescendência criminosa. No caso, a conduta descrita na questão se refere ao crime previsto no artigo 320 do Código Penal, in verbis: Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. e) INCORRETA. Em verdade, o abandono de cargo público, fora dos casos permitidos em lei, se encontra tipificado no Código Penal no artigo 323, com pena cominada de quinze dias a um mês de detenção ou multa. A título exemplificativo, a Lei nº 8.112/90 prevê, em seu artigo 138, que “configura abandono de cargo a ausência intencional do servidor ao serviço por mais de trinta dias consecutivos”. Registre-se que o crime em comento somente pode ser punido na modalidade dolosa, ou seja, eventual conduta negligente do funcionário público quanto ao cumprimento de suas funções não possui relevância para o Direito Penal. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 8 Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Perito Oficial Criminal - Área 8 – Tema: Concurso de Pessoas 5. Considerando as disposições do Código Penal em relação ao concurso de pessoas, assinale a alternativa INCORRETA. a) Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a esse cominadas, na medida de sua culpabilidade. b) Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. c) Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena desse; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. d) Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, ainda que elementares do crime. e) O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. Comentário da questão: A assertiva incorreta é a letra D. a) CORRETA. A alternativa se encontra em harmonia com o que prevê o artigo 29 do Código Penal: “Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade”. Registre-se que o Código Penal, no artigo 29, caput, adotou a teoria restritiva no prisma objetivo-formal para fins de fornecimento do conceito do autor. Essa forma, o autor seria o responsável pela execução do núcleo do tipo penal, ao passo que quem concorre para o crime, sem executar a conduta criminosa, é definido como partícipe. No ordenamento jurídico brasileiro, é complementada pela teoria da autoria mediata. b) CORRETA. De acordo com o artigo 29, §1º do Código Penal, se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. Trata-se de uma causa de diminuição de pena, aplicável àquele cuja conduta possui reduzida eficiência causal. Sendo assim, como sua conduta contribui para o resultado de forma menos decisiva, o legislador optou por lhe conferir o direito subjetivo de redução de pena na terceira fase da dosimetria. c) CORRETA. Trata-se da figura da cooperação dolosamente distinta, prevista no artigo 29, §2º do Código Penal: “Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena desse; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave”. Também é conhecida na doutrina por “desvio subjetivo entre os agentes ou participação em crime menos grave”. Destina-se a afastar a responsabilidade objetiva no concurso de pessoas, de forma que se o agente pretendia participar de crime menos grave, deverá ser-lhe aplicada a pena desse. A segunda parte do dispositivo trata da hipótese em que o crime mais grave era previsível: nesse caso, deve ser-lhe aplicada a pena do crime menos grave, entretanto, com a incidência de causa de aumento até a metade, dada a maior reprovabilidade de sua conduta. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 9 d) INCORRETA. A parte final da alternativa se encontra destoante do que dispõe o artigo 30 do Código Penal: “Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”. As circunstâncias de natureza subjetiva, se forem elementares do crime, comunicam-se aos demais agentes. É necessário que todos tenham ciência da existência da elementar, para fins de afastamento da responsabilidade penal objetiva. Exemplo clássico é o caso da coautoria entre funcionário público e particular para prática do delito de peculato na forma do artigo 312, §1º do Código Penal: havendo coautoria de particular, se esse tinha ciência da qualidade de funcionário público do coautor, ser-lhe-á aplicada as penas do crime de peculato, mesmo que ausente sua condição pessoal de funcionário público nos moldes do artigo 327 do Código Penal. e) CORRETA. Trata-se da figura da participação impunível, prevista no artigo 31 do Código Penal: “O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado”. É uma causa de atipicidade da conduta do partícipe e é decorrência lógica do caráter da acessoriedade da participação: somente há relevância penal na conduta do partícipe se o autor iniciar a execução do crime. Quanto à expressão “salvo disposição em contrário”, deve-se alertar que, em casos excepcionais, é possível que a lei preveja a punição do ajuste, determinação, instigação ou auxílio como crime autônomo, como ocorre em relação aos crimes de associação criminosa (artigo 288 do Código Penal) e incitação ao crime (artigo 286 do Código Penal). Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Perito Oficial Criminal - Área 8 – Tema: Lei penal no Tempo e no Espaço 6. De acordo com o Código Penal, assinale a alternativa correta. a) Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução, mas não os efeitos penais da sentença condenatória. b) A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, exceto se decididos por sentença condenatória transitada em julgado. c) Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. d) Considera-se praticado o crime no momento em que o agente atinge o resultado pretendido. e) Em nenhuma situação, a lei brasileira pode ser aplicada aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 10 Comentário da questão: A assertiva correta é a letra C. a) INCORRETA. A alternativa não se conforma com o que dispõe o art. 2º do Código Penal: “Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória”. Trata-se do fenômeno conhecido como abolitio criminis, que ocorre quando uma lei posterior exclui do âmbitodo Direito Penal um fato considerado, até então, como criminoso. Os efeitos da abolitio criminis atingem não somente a execução penal decorrente do fato anteriormente delitivo, mas também os efeitos penais da sentença condenatória (como por exemplo a possibilidade de configuração da reincidência ou de maus antecedentes em eventual condenação posterior). b) INCORRETA. De acordo com o artigo 2º, parágrafo único do Código Penal: “Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica- se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado”. Trata-se da lei penal benéfica/lex mitior/novatio legis in mellius, por meio da qual, na sucessão de leis penais no tempo, a lei posterior ao fato tido como criminoso é mais benéfica ao agente, permitindo, inclusive, sua aplicação na hipótese de a sentença condenatória ter transitada em julgado. Vale ressaltar que, nesse caso, a competência para aplicação da lei penal mais benéfica será do juízo da Vara das Execuções Criminais, conforme Súmula 611 do Supremo Tribunal Federal. c) CORRETA. Via de regra, no que tange à aplicação da lei penal no espaço, aplica-se o princípio da territorialidade, de sorte que sua aplicação se restringe aos crimes cometidos no território nacional. Com efeito, no artigo 5º, §1º do Código Penal, definiu-se o conceito de território brasileiro por extensão ou por equiparação: “Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar”. Sendo assim, a título exemplificativo, se um crime é cometido no interior de embarcação brasileira de natureza pública, mesmo que se encontre em qualquer outro país, considerar-se-á território brasileiro para fins de incidência do Direito Penal pátrio. d) INCORRETA. A alternativa não se encontra em harmonia com o artigo 4º do Código Penal, que dispõe: “Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado”. De acordo com o referido dispositivo, o Código Penal brasileiro adotou, para fins de identificação do momento em que se considera praticado o delito, a teoria da atividade. e) INCORRETA. À luz do artigo 5º, §2º do Código Penal: “É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e essas em porto ou mar territorial do Brasil”. Sendo assim, em que pese se tratar de hipótese em que o crime https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 11 ocorreu no interior de aeronave ou embarcação estrangeira de propriedade privada, por se encontrarem em território nacional (seja considerando o espaço aéreo ou o mar territorial), há que se reconhecer a incidência da lei penal pátria. Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Perito Oficial Criminal - Área 8 – Tema: Causas extintivas da punibilidade 7. Nos termos do artigo 107 do Código Penal, extingue-se a punibilidade a) pela anistia, mas não pela graça ou indulto. b) pelo perdão aceito, nos crimes de ação penal pública. c) pela prescrição e decadência, mas não pela perempção. d) pela retroatividade de lei que não mais considera o fato criminoso. e) pela retratação do agente, em qualquer delito contra o patrimônio. Comentário da questão: A assertiva correta é a letra D. a) INCORRETA. À luz do artigo 107, II do Código Penal, extingue-se a punibilidade pela anistia, graça ou indulto. Tratam-se de modalidades de indulgência de caráter soberano emanadas do órgão Legislativo ou Executivo, resultando verdadeira renúncia estatal quanto ao jus puniendi. Em que pese se tratarem de medidas não oriundas do Poder Judiciário, somente geram efeitos após decisão judicial. Se revelam cabíveis na hipótese de crimes promovidos mediante ação penal pública incondicionada ou condicionada e por ação penal privada. b) INCORRETA. Em que pese o perdão aceito figurar como causa extintiva da punibilidade, conforme artigo 107, IX do Código Penal, somente é possível visualizar sua aplicação, à luz do Código Penal, nos crimes promovidos mediante ação penal privada, notadamente por se tratar da desistência do ofendido após o oferecimento da queixa. O STJ, inclusive, já reconheceu a impossibilidade de aplicação do perdão judicial aceito às ações penais condicionadas à representação (HC 111.326/MT). c) INCORRETA. Embora a alternativa esteja correta no que tange à menção da prescrição e a decadência como causas extintivas da punibilidade, conforme artigo 107, IV do Código Penal, o mesmo dispositivo confere à perempção igual natureza. A perempção configura a perda do direito de ação provocada pela inércia processual do querelante (logo, somente terá cabimento nas ações penais privadas). d) CORRETA. Trata-se da figura extintiva da punibilidade prevista no artigo 107, III do Código Penal, que versa sobre a abolitio criminis, também prevista no artigo 2º do Código Penal. Trata-se da nova lei que exclui do âmbito do Direito Penal um fato que, até então, possuía caráter criminoso. A título exemplificativo, pode-se citar a Lei nº 11.106/05, que revogou o artigo 240 do Código Penal, que anteriormente tipificava a conduta do adultério. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 12 e) INCORRETA. Em que pese a retratação realmente figure como causa extintiva da punibilidade, na forma do artigo 107, VI do Código Penal, o próprio dispositivo deixa claro que sua aplicação se restringe às hipóteses permitidas em lei. Logo, não são todos os crimes patrimoniais que são promovidos mediante ação penal pública condicionada à representação. A título exemplificativo, cite-se o crime de furto (artigo 155, caput do Código Penal), que é promovido mediante ação penal pública incondicionada. Sendo assim, a condenação do réu independe, inclusive, de identificação e oitiva da vítima, uma vez que ao Estado é permitido o exercício do jus puniendi independentemente de manifestação/interesse da vítima. Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Perito Oficial Criminal - Área 8 – Tema: Crimes contra a ordem econômica e tributária 8. A conduta de deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos, configura a) crime de abuso de autoridade, previsto na Lei nº 4.898/1965. b) crime contra a administração pública, previsto no Código Penal. c) crime contra a ordem tributária, previsto na Lei nº 8.137/1990. d) crime previsto na Lei nº 11.343/2006 (Lei Antidrogas). e) crime hediondo, previsto na Lei nº 8.072/1990. Comentário da questão: A assertiva correta é a letra C. A conduta descrita no enunciado da questão se subsome ao tipo penal previsto no artigo 2º, II da Lei nº 8.137/90, notadamente no capítulo dos crimes contra a ordem tributária. Vale ressalta que, se o tributo mencionado for contribuição previdenciária, o crime in casu é o do artigo 168-A do Código Penal. a) INCORRETA. Não havia na Lei nº 4.898/65 nenhum tipo penal que se ajustasse à conduta descrita na questão, e, de igual modo, não há na Lei nº 13.869/19, que a revogou por completo. b) INCORRETA. Não se trata de crime contra a administração pública prevista no Código Penal. Registre-se que o crime de apropriação indébita previdenciária,prevista no artigo 168-A do Código Penal mencionado alhures é crime contra o patrimônio, de sorte que mesmo que o tributo in casu se tratasse de contribuição previdenciária, o crime seria contra o patrimônio, e não contra a Administração Pública. c) CORRETA. Conforme exposto anteriormente. d) INCORRETA. Não há nenhum tipo penal previsto na Lei nº 11.343/06 que se amolde ao caso analisado, notadamente diante da tutela de bens jurídicos https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 13 distintos. Com efeito, inexistem crimes na Lei de Drogas que venham a tutelar a ordem tributária. e) INCORRETA. Tendo em vista que o ordenamento jurídico pátrio adotou o critério legal para fins de classificação de crimes como de natureza hedionda, inexiste no rol taxativo da Lei nº 8.072/90 a previsão de que o crime previsto no artigo 2º, II da Lei nº 8.137/90 seja de natureza hedionda. Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Perito Oficial Criminal - Área 8 – Tema: Crimes culposos 9. Assinale a alternativa que apresenta crimes que admitem a forma culposa. a) Homicídio, lesão corporal e emprego irregular de verbas ou rendas públicas. b) Concussão, injúria e dano. c) Prevaricação, homicídio e omissão de socorro. d) Homicídio, lesão corporal e peculato. e) Advocacia administrativa, dano e lesão corporal. Comentário da questão: A assertiva correta é a letra D. Inicialmente, vale destacar que, de acordo com o princípio da excepcionalidade do crime culposo, somente é permitida a condenação do agente a título culposo se a lei prevê, expressamente, tal possibilidade. Logo, inexistindo previsão acerca da figura culposa de determinado delito, retira-se a conclusão que sua punição somente será possível a título de dolo (direto e eventual ou, a depender do caso, somente o dolo direto). Feitas tais considerações, vamos analisar as alternativas listadas na questão: a) INCORRETA. Embora seja verdade que os crimes de homicídio e de lesão corporal admitam a punição na modalidade culposa, conforme artigos 121, §3º e 129, §6º do Código Penal, respectivamente, inexiste previsão quanto à figura culposa do crime de emprego irregular de verbas ou rendas públicas (art. 315 do Código Penal). b) INCORRETA. Não há previsão de modalidade culposa para o crime de concussão (art. 316 do CP), injúria (art. 140 do CP) ou de dano (art. 163 do CP). Sendo assim, todos os crimes mencionados somente são punidos a título doloso. c) INCORRETA. Embora haja previsão para a modalidade culposa do crime de homicídio (art. 121, §3º do CP), não há previsão para a modalidade culposa do crime prevaricação (art. 319 do CP) e nem de omissão de socorro (art. 135 do CP). https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 14 d) CORRETA. Considerando que há previsão expressa da modalidade culposa dos crimes de homicídio (art. 121, §3º do CP), lesão corporal (art. 129, §6º do CP) e de peculato (art. 312, §2º do CP). Vale ressaltar que o peculato é o único crime contra a Administração Pública que possui modalidade culposa. e) INCORRETA. Embora haja previsão expressa acerca da modalidade culposa do crime de lesão corporal (art. 129, §6º do CP), o mesmo não se aplica ao crime de advocacia administrativa (art. 321 do CP) e de dano (art. 163 do CP). Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Perito Oficial Criminal - Área 8 – Tema: Crimes contra a Administração Pública 10. Um servidor público estadual apropriou-se de um computador, do qual tinha a posse em razão de seu cargo, a fim de entregá-lo como presente para sua esposa. Qual foi o delito praticado por esse servidor? a) Furto. b) Concussão. c) Peculato. d) Prevaricação. e) Corrupção passiva. Comentário da questão: A assertiva correta é a letra C. Trata-se do crime de peculato-apropriação, previsto na primeira parte do artigo 312 do Código Penal: “Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa” (Grifamos). Configura modalidade especial de apropriação indébita, qualificada em razão do agente se tratar de funcionário público no exercício de suas funções, o que prejudica também o patrimônio da Administração Pública. a) INCORRETA. Não se trata de crime de furto (art. 155 do CP). Ademais, caso o agente não fosse funcionário público no exercício de suas funções, o crime poderia se amoldar ao tipo penal previsto no artigo 168 do Código Penal, que trata da conduta daquele que se apropria de coisa alheia móvel que possua a posse ou a detenção. No furto, é necessário a inversão da posse, mesmo que não seja mansa e pacífica, conforme entendimento do STJ. b) INCORRETA. Não se trata de crime de concussão (art. 316 do CP), notadamente porque inexiste exigência do funcionário público em razão de tal condição para obtenção de vantagem indevida para si ou para outrem. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 15 c) CORRETA. Conforme explicitado anteriormente. A conduta narrada no enunciado configura o crime de peculato-apropriação, previsto na primeira parte do artigo 312, caput do Código Penal. d) INCORRETA. Não é correto afirmar que se trata do crime de prevaricação (art. 319 do CP), uma vez que sua conduta consiste no retardamento ou na omissão indevida de prática de ofício ou, ainda, de sua prática contra disposição legal expressa, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. e) INCORRETA. Não se trata do crime de corrupção passiva, uma vez que o tipo penal do artigo 317 do Código Penal exige, para sua caracterização, a solicitação ou o recebimento, para si ou para outrem, de forma direta ou indireta, mesmo que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida; também configura o crime de corrupção passiva o aceite da promessa de tal vantagem. No caso narrado, o funcionário público se apropriou de determinado bem que se encontrava em sua posse em razão de sua função para, posteriormente, passar a agir como se fosse dono, demonstrando inclusive a intenção de entregá-lo de presente à sua esposa. Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Perito Oficial Criminal - Área 8 – Tema: Estado de necessidade 11. O agente que pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se, age amparado por qual causa excludente de ilicitude? a) Legítima defesa. b) Estado de necessidade. c) Estrito cumprimento de dever legal. d) Exercício regular de direito. e) Consentimento do ofendido. Comentário da questão: A assertiva correta é a letra B. A questão versa sobre as causas excludentes da ilicitude (ou da antijuridicidade) existentes no âmbito do Direito Penal. À luz do conceito analítico de crime (fato típico, ilícito e culpável), possuem o condão de afastar o seu segundo substrato, ou seja, a ilicitude da conduta. Com efeito, podem possuir previsão no próprio Código Penal (estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de direito) ou na parte Especial e fora do Código Penal (a título exemplificativo: artigo 128 do Código Penal e artigo 10 da Lei nº 6.538/78). Registre-se a existência do consentimento do ofendido como causa de justificação, doutrinariamente conhecida como “causa supralegal de exclusão da ilicitude”, de sorte que, embora não se encontre positivada, é amplamente https://www.alfaconcursos.com.br/alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 16 reconhecida pela doutrina e pelos Tribunais Superiores como apta a afastar o caráter ilícito da conduta. a) INCORRETA. Não se trata de legítima defesa, notadamente diante das seguintes particularidades da causa de justificação prevista no artigo 25 do Código Penal, notadamente pelo fato da legítima defesa exigir que a injusta agressão seja atual OU IMIINENTE, de forma que a eximente descrita no enunciado somente é aplicável aos casos em que o perigo é atual. b) CORRETA. Com efeito, o enunciado traz a descrição da causa excludente de ilicitude prevista no artigo 24 do Código Penal, qual seja: o estado de necessidade, in verbis: “Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se”. É importante registrar, na oportunidade, que havendo sacrifício de bem jurídico com valor superior ao bem jurídico tutelado, a depender das circunstâncias do caso concreto, há possibilidade da incidência de causa de redução de pena, na forma do art. 24, §2º do Código Penal. Para finalizar, registramos que no âmbito do Código Penal Militar, que adota a teoria diferenciadora quanto ao estado de necessidade, tal hipótese é tratada como causa excludente da culpabilidade (conhecido, portanto, como “estado de necessidade exculpante”). c) INCORRETA. Primeiramente, deve-se registrar que as fontes do estado de necessidade, que se trata da causa excludente da ilicitude descrita no enunciado, e do estrito cumprimento do dever legal são distintas. Com efeito, a primeira decorre da necessidade (juntamente com a legítima defesa), ao passo que o estrito cumprimento do dever legal é oriundo da lei. É por tal razão, inclusive, que o Código Penal não adotou um conceito específico para “estrito cumprimento do dever legal”, de sorte que suas hipóteses de incidência estarão previstas pelo ordenamento jurídico como um todo, ou seja, pode englobar inclusive atos administrativos. Podemos citar como exemplo o policial que efetua a prisão em flagrante de um indivíduo que acaba de cometer um delito: veja, para o policial, trata-se de um dever legal, vide art. 301 do CPP. d) INCORRETA. Primeiramente, deve-se registrar que as fontes do estado de necessidade, que se trata da causa excludente da ilicitude descrita no enunciado, e do exercício regular de direito são distintas. Com efeito, a primeira decorre da necessidade (juntamente com a legítima defesa), ao passo que a segunda é oriunda da lei. É por tal razão, inclusive, que o Código Penal não adotou um conceito específico para “exercício regular de um direito”, de sorte que suas hipóteses de incidência estarão previstas pelo ordenamento jurídico como um todo, ou seja, pode englobar inclusive atos administrativos. Podemos citar como exemplo o cidadão que efetua a prisão em flagrante de um indivíduo que acaba de cometer um delito: veja, para o cidadão, trata-se de um direito reconhecido, vide art. 301 do CPP, e não de um dever. É por tal razão que o artigo mencionado diz que “qualquer do povo poderá”, e, de forma distinta, diz que “as autoridades policiais e seus agentes deverão”. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 17 e) INCORRETA. O consentimento do ofendido possui matriz doutrinária, de sorte que não possui previsão legal. Sua fonte é a falta de interesse, consubstanciada no consentimento do ofendido quanto ao fato típico. Seus fundamentos são: ausência de interesse, renúncia à proteção do Direito Penal e a ponderação de valores. Somente é aplicável ao caso em que o titular do bem ou do interesse protegido seja pessoa que consinta e que possa livremente dispor do bem jurídico. Por fim, registre- se que seu campo de aplicabilidade se restringe aos bens jurídicos disponíveis. Sendo assim, não é possível, por exemplo, que alguém consinta que outrem lhe tire a vida, tornando a conduta desse lícita sob a ótica do Direito Penal. Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Perito Oficial Criminal - Área 8 – Tema: Extraterritorialidade incondicionada 12. Segundo dispõe o artigo 7º, inciso I, do Código Penal, fica sujeito à lei brasileira, embora cometido no estrangeiro, o crime a) de genocídio, ainda que o agente seja estrangeiro e não resida no Brasil. b) contra o patrimônio do Presidente da República. c) contra a liberdade de Ministro das Relações Exteriores. d) contra o patrimônio de fundação instituída pelo Poder Público. e) contra a vida de emprego de sociedade de economia mista. Comentário da questão: A assertiva correta é a letra D. A questão versa acerca da extraterritorialidade, ou seja, hipóteses em que se torna possível a aplicação da lei penal brasileira aos crimes cometidos no exterior. Sua previsão normativa se encontra no artigo 7º do Código Penal. a) INCORRETA. A hipótese de extraterritorialidade em relação ao crime de genocídio se encontra prevista no artigo 7º, I, “d” do Código Penal. A alternativa falha ao afirmar que é possível a aplicação da lei penal brasileira aos crimes de genocídio cometido no exterior mesmo que o agente seja estrangeiro e não resida no Brasil, uma vez que o dispositivo exige justamente o contrário: que o agente seja brasileiro ou domiciliado no país. É uma hipótese de extraterritorialidade incondicionada, ou seja, não existe nenhuma condição para o agente seja punido segundo a lei brasileira, mesmo que ele tenha sido absolvido ou condenado no estrangeiro. b) INCORRETA. Não há previsão de extraterritorialidade nos casos em que o crime é cometido contra o patrimônio do Presidente da República. Em verdade, à luz do artigo 7º, I, “a” do Código Penal, a possibilidade de punição do agente segundo a lei brasileira aos crimes cometidos no exterior contra o Presidente da República se restringem aos casos em que o delito é cometido contra a sua vida ou a sua liberdade. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 18 c) INCORRETA. Inexiste previsão no Código Penal de extraterritorialidade na hipótese em que o crime é cometido contra a liberdade do Ministro de Relações Exteriores. d) CORRETA. A alternativa se encontra em concordância com o que dispõe o artigo 7º, I, “b” do Código Penal. Tratando-se de hipótese de crime cometido contra o patrimônio de fundação instituída pelo Poder Público (“fundação pública”), há de se reconhecer a incidência da extraterritorialidade incondicionada em comento. e) INCORRETA. Inexiste previsão de extraterritorialidade aos casos em que se cometem crimes no exterior contra a vida de emprego de sociedade economia mista. Em verdade, somente há previsão em relação a crimes envolvendo sociedade de economia mista se forem cometidos contra seu patrimônio ou fé pública, nos exatos termos do art. 7º, I, “b” do Código Penal. Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Perito Oficial Criminal - Área 8 – Tema: causas excludentes da Ilicitude 13. Uma conduta ilícita é contrária ao direito. Porém pode haver conduta típica que não seja ilícita, aparecendo as chamadas excludentes de ilicitude. Sobre esse assunto, assinale a alternativa correta. a) Somente não será considerado crime quando o agente pratica o fato em estado de necessidade e legítima defesa. b) As excludentes de ilicitude são apenas as definidas em Lei, especificamente determinadas pelo Código Penal, chamadas de excludentes de ilicitude legais. c) No estado de necessidade, aplica-se a excludente ainda que o sujeito não tenha conhecimento de que age para salvar um bem jurídico próprio ou alheio. d) Pode agir em estado denecessidade aquele que possui o dever legal de enfrentar o perigo. e) São requisitos legais do estado de necessidade: perigo atual; ameaça a direito próprio ou alheio; situação não causada voluntariamente pelo sujeito; inexistência de dever legal de enfrentar o perigo. Comentário da questão: A assertiva correta é a letra E. a) INCORRETA. Diferentemente do que alega a alternativa, existem outras causas excludentes de ilicitude reconhecidas no direito pátrio: exercício regular de direito e estrito cumprimento do dever legal (23, III do Código Penal), além do consentimento do ofendido que, embora não possua previsão legal, é amplamente reconhecido pela doutrina, desde que preenchidos alguns requisitos (como, por exemplo, capacidade da vítima em consentir quanto à lesão ao bem jurídico e que esse seja disponível). Por tal razão, o consentimento do ofendido também é conhecido como “causa supralegal de exclusão da ilicitude”. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 19 b) INCORRETA. Não obstante à existência do consentimento do ofendido, conforme dito alhures, há de se reconhecer também a existência de causas excludentes de ilicitude em leis penais extravagantes, como por exemplo o artigo 10 da Lei nº 6.538/78. (Art. 10 - Não constitui violação de sigilo da correspondência postal a abertura de carta: I - endereçada a homônimo, no mesmo endereço; II - que apresente indícios de conter objeto sujeito a pagamento de tributos; III - que apresente indícios de conter valor não declarado, objeto ou substância de expedição, uso ou entrega proibidos; IV - que deva ser inutilizada, na forma prevista em regulamento, em virtude de impossibilidade de sua entrega e restituição. Parágrafo único - Nos casos dos incisos II e III a abertura será feita obrigatoriamente na presença do remetente ou do destinatário). c) INCORRETA. Em uma interpretação a contrario sensu do artigo 24 do Código Penal, pode-se afirmar que o estado de necessidade somente incidirá nas hipóteses em que o agente pratica o fato necessariamente para salvar de perigo atual, não provocado por sua vontade e que não podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável de se exigir. Vale ressaltar que um dos requisitos do estado de necessidade é justamente o conhecimento da situação de fato justificante d) INCORRETA. Conforme artigo 24, §1º, do Código Penal, não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. Logo, quem tem o dever legal de se submeter a situações de perigo, não está autorizado a sacrificar bem jurídico de terceiro, mesmo que para salvar outro bem jurídico, devendo suportar os riscos de sua função. e) CORRETA. Com efeito, a alternativa traz os requisitos para configuração do estado de necessidade, retirados do artigo 24 do Código Penal. A ausência de um dos elementos possui o condão de afastar a aplicação da causa excludente de ilicitude em comento. (Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se). https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 20 Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Perito Oficial Criminal - Área 8 – Tema: Crimes contra a Administração Pública 14. Entre as seguintes alternativas, assinale a INCORRETA. a) O jurado pode ser responsabilizado criminalmente por crime de corrupção passiva. b) Funcionário público que não dispõe da posse de determinado bem, porém se vale da facilidade que sua condição de funcionário proporciona para subtrair “para si ou para outrem” comete crime de “peculato furto”. c) No crime do art. 317 do Código Penal, corrupção passiva, o sujeito ativo é somente o funcionário público. d) Ocorrerá crime de concussão mesmo se a exigência, para si ou para outrem, versar sobre vantagem devida. e) Pratica o delito de corrupção passiva o funcionário público que solicita, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função, mas em razão dela, vantagem indevida. Comentário da questão: A assertiva incorreta é a letra D. a) CORRETA. O conceito de funcionário público para fins penais se extrai da norma explicativa do artigo 327 do Código Penal, in verbis: “Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública”. Tendo em vista que a função de jurado é revestida de natureza pública, mesmo que transitória e sem remuneração, como previsto no artigo em comento, é plenamente possível sua responsabilização criminal por crime de corrupção passiva, que possui natureza de crime próprio quanto ao sujeito ativo, somente podendo ser praticado por funcionário público. b) CORRETA. Trata-se do crime de peculato furto previsto no artigo 312, §1º do Código Penal: “Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário”. Difere-se, por exemplo, do peculato apropriação pois, nesse caso, o agente não tem a posse do dinheiro, valor ou bem em razão de sua função; entretanto, vale-se da facilidade dela decorrente para efetuar a subtração da res em proveito próprio ou alheio. c) CORRETA. A corrupção passiva, tipificada no artigo 327 do Código Penal, é crime próprio, somente podendo ser praticado por funcionário público. Vale ressaltar que, se a solicitação, aceite ou recebimento, para si ou para outrem, de forma direta ou indireta, da vantagem indevida pode ocorrer, inclusive, fora da função ou antes de assumi-la, desde que em razão dela. d) INCORRETA. Trata-se da alternativa incorreta pois, conforme artigo 316 do Código Penal, o crime de concussão restará caracterizado se o funcionário público https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 21 exige, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida. Se porventura tratar- se, por exemplo, de exigência de tributo ou contribuição social devida, mas cuja cobrança ocorreu por meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza, podemos visualizar o crime de excesso de exação (art. 316, §1º do Código Penal). De igual maneira, se a vantagem for devida, mas houver constrangimento consubstanciado em violência ou grave ameaça para a obtenção da vantagem, pode-se configurar o crime de extorsão (art. 158 do Código Penal). e) CORRETA. A alternativa se encontra em consonância com o preceito primário do crime de corrupção passiva, previsto no artigo 317 do Código Penal: “Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa”. Observe que a alternativa prevê a prática do crime de corrupção passiva por meio da solicitação da vantagem indevida nos moldes do tipo penal, entretanto, é plenamente possível sua prática também nas modalidades de recebimento ou de aceite da vantagem. Por fim, registre-se que se trata de crime formal, de sorte que o recebimento efetivo da vantagem indevida configura mero exaurimento do crime, podendo, a depender do caso, ser valorado na primeira fase da dosimetria da pena, notadamente pela reprovabilidade da conduta (art. 59 do Código Penal). Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova:INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Perito Oficial Criminal - Área 8 - Tema: Crimes contra o patrimônio 15. Considerando as seguintes alternativas, assinale a correta. a) Quanto ao crime de extorsão mediante sequestro, é correto afirmar que a pena é aumentada quando o sequestro supera, no mínimo, 48 horas. b) O emprego de arma não aumenta a pena no delito de extorsão. c) O crime de furto ocorre quando o agente subtrai, para si ou para outrem, coisa alheia móvel, equiparando-se à coisa móvel, à energia elétrica ou a qualquer outra que tenha valor econômico. d) A coisa abandonada pode ser objeto material do crime de furto. e) De acordo com o Superior Tribunal de Justiça, considera-se consumado o roubo apenas se o bem, objeto do delito, sai da esfera de vigilância da vítima. Comentário da questão: A assertiva incorreta é a letra C. a) INCORRETA. A alternativa se encontra incorreta pois, de acordo com o artigo 159, §1º do Código Penal, o aumento de pena previsto para o crime de extorsão mediante sequestro decorre da duração do sequestro por tempo superior a 24 (vinte e quatro) horas, e não de 48 (quarenta e oito) horas. A causa de aumento se justifica pela maior reprovabilidade da conduta do agente, que priva a liberdade da vítima por tempo considerável. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 22 b) INCORRETA. Em verdade, o crime de extorsão, previsto no artigo 158 do Código Penal, admite a incidência de causa de aumento de pena na hipótese de emprego de arma, conforme artigo 158, §1º do Código Penal. Vale ressaltar que prevalece na doutrina e na jurisprudência o entendimento de que, considerando que a majorante menciona somente “emprego de arma”, não se restringe, portanto, somente às armas de fogo, abrangendo também as consideradas como “brancas” (ex.: faca). c) CORRETA. À luz do artigo 155, §3º do Código Penal, a energia elétrica (ou qualquer outra que tenha valor econômico) se equipara à coisa móvel para fins de configuração do crime de furto. Exemplo comum é o desvio de energia elétrica pela prática que ficou popularmente conhecida como “gato”. Sobre o tema, ensina Rogério Greco: “Aquele que desvia a corrente elétrica antes que ela passe pelo registro comete o delito de furto. É o que ocorre, normalmente, naquelas hipóteses em que o agente traz a energia para sua casa diretamente do poste, fazendo aquilo que popularmente é chamado de “gato”. A fiação é puxada, diretamente, do poste de energia elétrica para o lugar onde se quer usá-la, sem que passe por qualquer medidor”. d) INCORRETA. O crime de furto, previsto no artigo 155 do Código Penal, exige que a coisa pertença a outrem (“coisa alheia”) para que a conduta do agente possa se subsumir ao referido delito. A coisa abandonada, que já pertenceu a alguém, não pode ser objeto material de furto, notadamente por não se tratar de “coisa alheia”. e) INCORRETA. A alternativa vai ao encontro do Enunciado 582 do STJ: “Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada”. (Grifamos). Sendo assim, mesmo que a posse da res seja vigiada, configura-se o crime de roubo com a mera inversão da posse mediante emprego de violência ou grave ameaça. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 23 Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Perito Oficial Criminal - Área 8 – Tema: Princípio da insignificância 16. João subtrai para si um pacote de bolachas no valor de R$ 10,00 de um grande supermercado e o fato se encaixa formalmente no art. 155 do Código Penal. Em virtude da inexpressividade da lesão causada ao patrimônio da vítima e pelo desvalor da conduta, incide o princípio da insignificância que tem sido aceito pela doutrina e por algumas decisões judiciais como excludente de a) Punibilidade. b) Tipicidade material. c) Culpabilidade. d) Ilicitude formal. e) Executividade. Comentário da questão: A assertiva CORRETA é a letra B. A questão versa acerca do princípio da insignificância (ou bagatela própria). Trata-se de excludente de tipicidade material que não possui previsão legal, sendo construção doutrinária e jurisprudencial. A existência do referido princípio é amplamente aceita na doutrina e na jurisprudência dos Tribunais Superiores. Para fins de reconhecimento do princípio da insignificância, o STF fixou alguns requisitos objetivos a serem observados: mínima ofensividade da conduta; ausência de periculosidade social; reduzido grau de reprovabilidade da conduta e inexpressividade da lesão jurídica. Tratando-se de crimes patrimoniais, tornou-se firme na jurisprudência o entendimento de que o valor considerado como insignificante à luz do Direito Penal de até 10% do salário mínimo nacional vigente. Nesses casos, se preenchidos os demais requisitos, torna-se possível o reconhecimento do referido princípio. No caso em análise, João subtraiu para si um pacote de bolachas de um supermercado, ou seja, praticou formalmente o crime de furto (art. 155 do Código Penal), de sorte que há tipicidade formal. No entanto, o valor do referido pacote é de R$ 10,00, ou seja, inferior a 10% do salário mínimo nacional vigente. Ademais, a questão faz expressa menção à inexpressividade da lesão causada ao patrimônio da vítima (notadamente por se tratar de um supermercado, ou seja, provavelmente o valor do referido pacote possuiu baixa repercussão econômica em seus lucros). Sendo assim, plenamente possível a aplicação do princípio da insignificância no caso em análise, de sorte a afastar a tipicidade material do crime praticado por João. Frisamos: há tipicidade formal (analisado sob a ótica positivista, João praticou o crime de furto), entretanto, inexiste tipicidade material. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 24 Por referida razão, estão INCORRETAS as alternativas A, C, D e E, de sorte que o princípio da insignificância, sendo causa supralegal de exclusão da tipicidade material, torna CORRETA a alternativa B. Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Perito Oficial Criminal - Área 8 – Tema: Classificação de crimes 17. O crime de homicídio, art. 121 do Código Penal, é classificado doutrinariamente como um crime a) de dano, material e instantâneo de efeitos permanentes. b) vago, permanente e multitudinário. c) próprio, de perigo e exaurido. d) comum, forma livre e concurso necessário de agentes. e) de mão própria, habitual e de forma vinculada. Comentário da questão: A assertiva correta é a letra A. Inicialmente, quanto à classificação do crime de homicídio, conforme leciona o professor Rogério Greco, trata-se de crime classificado como “"(...) de dano; material; instantâneo de efeitos permanentes; não transeunte; monossubjetivo; plurissubsistente; podendo configurar, também, a hipótese de crime de ímpeto (como no caso da violenta emoção, logo em seguida à injusta provocação da vítima)". a) CORRETA. De fato, o crime de homicídio é um crime de dano, material e instantâneo de efeitos permanentes. Trata-se de crime de dano, pois somente se consuma com a efetiva lesão ao bem jurídico visado, diferentemente do que ocorre com os crimes de perigo. Ademais, é crime material, pois somente se consuma com a produção do resultado naturalístico, in casu, a morte da vítima. Por fim, trata-se de crime instantâneo de efeitos permanentes porque, embora a consumação ocorra em momento determinado, seus efeitos se protraem no tempo. A título exemplificativo, no homicídio consumado, a morte da vítimase constitui em efeito permanente, não sendo possível restituir ao status quo. b) INCORRETA. O crime de homicídio não pode ser classificado como crime vago, notadamente, pois esse se consubstancia nas espécies delitivas que não possuem vítima determinada, o que não ocorre no caso do homicídio. Também não é crime permanente, pois sua execução não se protrai no tempo, diferentemente de seus efeitos que, em verdade, são indeléveis. Por fim, não se trata de crime multitudinário, eis que somente podem ser classificados de tal maneira os delitos praticados por multidão em tumulto. c) INCORRETA. O crime de homicídio não é próprio, e sim comum, uma vez que qualquer pessoa pode figurar como sujeito ativo. Também não é crime de perigo, https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 25 pois exige efetiva lesão ao bem jurídico tutelado para que reste configurado. Por fim, não é crime exaurido. Em verdade, tal classificação se refere aos casos em que o agente, mesmo depois de alcançar a consumação, insiste na agressão ao bem jurídico. É um desdobramento da conduta anterior. d) INCORRETA. De fato, o homicídio é crime comum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa. Também é crime de forma livre, ou seja, pode ser praticado de qualquer forma pelo agente, inclusive por omissão (exemplo: a mãe que, dolosamente, deixa de alimentar seu filho de tenra idade para que esse venha a falecer). Entretanto, o crime de homicídio não é de concurso necessário de agentes, podendo ser praticado de forma individual, sendo classificado doutrinariamente como crime de concurso eventual de agentes. e) INCORRETA. O crime de homicídio não pode ser qualificado como crime de mão própria, e sim como crime comum (podendo ser praticado por qualquer pessoa). Os crimes de mão própria são aqueles que só podem ser cometidos diretamente por determinada pessoa, como ocorre com o crime de falso testemunho (art. 342 do Código Penal). Também não é crime habitual, pois não se exige para a sua consumação a prática reiterada da conduta descrita no artigo 121 do Código Penal, como ocorre com o crime de curandeirismo (art. 284 do CP). Por fim, também não é crime de forma vinculada, uma vez que pode ser praticado de qualquer forma pelo sujeito ativo. Como exemplo de crime de forma vinculada, podemos citar o crime de perigo de contágio venéreo, previsto no artigo 130 do Código Penal, que exige o contato sexual ou libidinoso. 18. Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC- ES - Perito Oficial Criminal - Área 8 – Tema: Extraterritorialidade Os casos que constituem abuso de autoridade, a forma de exercício do direito de representação e o processo de responsabilidade administrativa civil e penal estão regulados pela Lei nº4.898/1965. Com base no que dispõe a referida lei, assinale a alternativa INCORRETA. a) quando o crime for contra a vida ou a liberdade do Presidente da República. b) quando o crime for contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público. c) no caso de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil. d) quando, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir o crime praticado. e) quando o crime for contra a administração pública, por quem está a seu serviço. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 26 Comentário da questão: A assertiva correta é a letra D. A questão versa sobre as hipóteses de extraterritorialidade incondicionada previstas no artigo 7º, §1º do Código Penal. De acordo com o referido Diploma Legal, são hipóteses de extraterritorialidade incondicionada: - Crime contra a vida ou a liberdade do Presidente da República (alternativa A da questão em comento); - Crime contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público (alternativa B da questão em comento); - Crime contra a administração pública, por quem está a seu serviço (alternativa E da questão em comento); - Crime de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil (alternativa C da questão em comento); e Havendo crime praticado no exterior nas hipóteses supracitadas, não existem condições para que o agente seja punido segundo a lei brasileira, mesmo que tenha sido absolvido ou condenado no estrangeiro. Por outro lado, no §2º do artigo 7º, o Código Penal traz as hipóteses de extraterritorialidade condicionada, ou seja, os casos em que a punição do agente que cometer os crimes descritos em suas alíneas não é automática, de sorte a ser imprescindível o preenchimento de algumas condições, que possuem natureza cumulativa: entrar o agente no território nacional; ser o fato punível também no país em que fio praticado o crime (dupla tipicidade); estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido pena e não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não ter sua punibilidade extinta, de acordo com a lei mais favorável. Por sua vez, as hipóteses de extraterritorialidade condicionada se encontram previstas no inciso II do art. 7º: crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; partidos por brasileiro; praticado em aeronave ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. A alternativa D, por sua vez, corresponde ao previsto no art. 7º, II, “a” do CP, qual seja: crime que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir. a) INCORRETA. Como exposto, trata-se de hipótese de extraterritorialidade incondicionada, vide art. 7º, I, “a” do Código Penal. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 27 b) INCORRETA. Cuida-se de hipótese de extraterritorialidade incondicionada, vide art. 7º, I, “b” do Código Penal. c) INCORRETA. Conforme art. 7º, I, “d” do Código Penal, trata-se de hipótese de extraterritorialidade incondicionada. d) CORRETA. A hipótese narrada (crime que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir) não configura hipótese de extraterritorialidade incondicionada; pelo contrário, configura-se caso de extraterritorialidade condicionada, conforme art. 7º, II, “a” do Código Penal, sujeitando-se, portanto, às condições previstas no §2º do art. 7º, que são cumulativas. e) INCORRETA. É caso de extraterritorialidade incondicionada, conforme artigo 7º, I, “c” do Código Penal. 19. Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC- ES - Perito Oficial Criminal - Área 8 – Tema: Lugar do crime Segundo o art. 6º do Código Penal, considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria se produzir o resultado. Existem várias teorias acerca do lugar do crime. Qual é a Teoria adotada pelo Código Penal vigente? a) Teoria da atividade. b) Teoria do resultado. c) Teoria da ubiquidade. d) Teoria do assentimento. e) Teoria da relatividade. Comentário da questão: A assertiva correta é a letra C. a) INCORRETA. Em verdade, a teoria da atividade é aplicável ao tempo do crime, ou seja, para a identificação do momento em que se considera o delito praticado. Possui previsão no artigo 4º do Código Penal: “considera-se praticado o crime no momento da ação ou da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado”. Podemos citar, como consequência relevante da adoçãoda teoria da atividade, a aferição da imputabilidade no momento da conduta. Sendo assim, se “A”, com 17 anos, na véspera de seu aniversário, com a intenção de matar, atira em “B”, vindo esse a falecer somente no dia posterior (data em que “A” completa 18 anos de idade e atinge, portanto, a maioridade), “A” deverá responder por ato infracional perante a Vara da Infância e Juventude, e não perante o Juízo Criminal comum pois, no momento da conduta, era inimputável à luz da legislação penal brasileira. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 28 Quanto ao lugar do crime, a teoria da atividade ou da ação defende que o lugar do crime é aquele em que foi praticado a conduta, independentemente do local em que se produzir ou que deveria ter sido produzido o resultado. Não foi adotado pelo Código Penal. b) INCORRETA. De acordo com a teoria do resultado, no que tange ao lugar do crime, considera-se praticado o delito no local em que se produziu ou deveria se produzir o resultado, independentemente do local da prática da conduta. Não foi adotada pelo Código Penal brasileiro. c) CORRETA. A assertiva retrata a teoria adotada pelo Código Penal quanto ao lugar do crime, qual seja, a teoria da ubiquidade. Com efeito, preceitua o art. 6º do referido Diploma Legal que: “considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou a omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado”. Tal discussão tem relevância quanto aos crimes à distância, ou seja, aqueles em que a conduta é praticada em um país e o resultado ocorre em outro. Exemplo: se “A” atira em “B” em solo brasileiro, com intenção de matar, e a vítima consegue fugir atravessando região fronteiriça para outro país. Se “B” lá vier a falecer, pode ser considerado como lugar do crime tanto o Brasil quanto o país em que a vítima faleceu. d) INCORRETA. A teoria do assentimento tem relevância na discussão quanto ao dolo no Direito Penal, podendo-se mencionar que sua aplicabilidade se restringe às hipóteses de dolo eventual, prevista no art. 18, I, parte final do Código Penal. Tendo o agente assumido o risco de produzir o resultado criminoso, entende-se que este assentiu com a sua produção, daí se falar em “teoria do assentimento”. e) INCORRETA. Inexiste “teoria da relatividade” no âmbito penal. 20. Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC- ES - Médico Legista – Tema: Lesão corporal: qualificadoras Um indivíduo sofreu uma lesão e teve a capacidade de movimentar a perna direita reduzida em 95%. De acordo com o art. n° 129 do Código Penal Brasileiro, em qual classificação o caso se encaixa mais especificamente? a) Debilidade permanente de membro, sentido ou função; b) Deformidade permanente; c) Perigo de vida; d) Lesão corporal grave; e) Perda ou inutilização de membro, sentido ou função. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 29 Comentário da questão: A assertiva correta é a letra E. a) INCORRETA. Em que pese a perna consistir em um dos membros do corpo humano, a debilidade permanente de membro, sentido ou função, que configura hipótese de lesão corporal de natureza grave (art. 129, §1º, III do Código Penal), somente ocorre na hipótese em que há redução ou enfraquecimento da capacidade funcional de membro, sentido ou função, cuja recuperação seja incerta e por tempo indeterminado, o que não necessariamente significa perpetuidade. De acordo com Genival Veloso de França, para fins de classificação da qualificadora em comento, considera-se como debilidade (e não perda) da perna aquela que se configura até 40%. No caso, trata-se de hipótese de redução de 95% da função da perna direita do indivíduo, de sorte a não se qualificar somente como lesão corporal de natureza grave. b) INCORRETA. A deformidade permanente consiste no dano estético, irreparável de gerar impressão vexatória. Vale ressaltar que, conforme entendimento do STJ, a realização de cirurgia reparadora estética não tem o condão de afastar a qualificadora, pois o fato criminoso é valorado no momento de sua consumação (HC 306.677/RJ). c) INCORRETA. O perigo de vida é gerado quando da gravidade da lesão resultar perigo provável, concreto e imediato de vida. Na hipótese narrada, não existem evidências de que o indivíduo corria real perigo de vida, de sorte a afastar tal qualificadora. d) INCORRETA. Não se trata de hipótese de lesão corporal grave, notadamente em razão do enunciado trazer hipótese de inutilização de membro, que se configura lesão corporal de natureza gravíssima, conforme será melhor abordado abaixo. Sendo assim, a alternativa se encontra incorreta. Ademais, pode-se mencionar que a questão exigia que o candidato identificasse não somente a natureza da lesão, mas também, com os conhecimentos médico-legais, a exata hipótese descrita no Código Penal dentre as qualificadoras previstas no §1º ou do §2º do art. 129 do Código Penal. e) CORRETA A perda ou inutilização de membro configura qualificadora prevista no art. 129, §2º, III do Código Penal, se tratando de hipótese de lesão corporal de natureza gravíssima. Conforme dito anteriormente, Genival França defende que a redução funcional acima de 40% das pernas configura, em verdade, inutilização do membro, de forma que somente as reduções abaixo do patamar mencionado podem ser configuradas como debilidade do membro. Sendo assim, considerando que o caso traz uma hipótese de redução de 95% da função da perna direita da vítima, a alternativa E é a correta. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 30 21. Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC- ES - Médico Legista – Tema: Lesão corporal: qualificadoras De acordo com o art. n° 129 do Código Penal Brasileiro, assinale a alternativa correta. a) Perigo de vida não é considerado lesão corporal. b) Aborto é lesão corporal de natureza grave. c) Uma criança que sofreu lesão corporal que a incapacita para as ocupações habituais por 20 dias se enquadra nesse art. 129 do CPB. d) Incapacidade permanente para o trabalho é lesão grave. e) Considera-se lesão corporal seguida de morte quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. Comentário da questão: A assertiva incorreta é a letra C. a) INCORRETA. O perigo de vida, em verdade, é considerado como hipótese lesão corporal de natureza grave, conforme art. 129, §1º, II do Código Penal. Vale registrar que, para fins de reconhecimento da qualificadora, o perigo de vida gerado pela lesão corporal deve ser provável, concreto e imediato, retirando-se a maior reprovabilidade da conduta do agente. b) INCORRETA. No caso em que se resulta aborto da lesão corporal praticada pelo agente contra a vítima, a lesão corporal é classificada doutrinariamente como de natureza gravíssima, e não grave. Em verdade, todas as hipóteses narradas no §2º do art. 129 do Código Penal são de natureza gravíssima, notadamente por possuírem pena cominada superior às hipóteses de lesão corporal de natureza grave previstas no §1º do referido dispositivo. c) CORRETA. Em que pese a lesão corporal somente ser qualificada como de natureza grave se a incapacidade para ocupação habitual for superior a 30 dias art. 129, §1º, I do CP), a alternativa em nada afirma que a lesão corporal sofrida pela criança seria de natureza grave. Sendo assim, a alternativa está correta, pois a incapacidade para ocupação habitual em prazo inferior a 30 dias, por interpretação contrario sensu do artigo mencionado, configura lesão corporal de natureza leve, prevista no art. 129 do Código Penal. d) INCORRETA. A incapacidade permanente para o trabalho configura hipótese de
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