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Tribologia de Elementos de Máquinas Resumo unidade 02 Lubrificação . O escorregamento entre superfícies limpas é caracterizado por altos coeficientes de atrito e altas taxas de desgaste. Em condições normais, o coeficiente de atrito e a taxa de desgaste podem ser reduzidos devido a interação das superfícies com o meio (oxidação, adsorção, filmes poliméricos, etc.) A presença dessas camadas de material estranho nem sempre é garantida. Nesse caso, utiliza-se a lubrificação solida ou liquida para reduzir o atrito e o desgaste. Regime de lubrificação . Lubrificação de contorno: superfícies do mancal entram em contato devido ao excesso de carga, excesso de asperezas, falta de lubrificante ou questões geométricas (elevado coeficiente de atrito, desgaste adesivo e abrasivo). Lubrificação de filme misto: Condição intermediária, o número menor de asperezas está em contato (coeficiente de atrito e desgaste moderados). Lubrificação hidrodinâmica (filme completo): superfícies do mancal encontram-se completamente separadas por uma camada de fluido lubrificante (baixo coeficiente de atrito, desgaste quase nulo). Lubrificação hidrostática . Mancais hidrostáticos suportam as cargas externas devido a um suprimento de pressão externa provido por bombas. • A lubrificação é contínua (eixo parado e girando). • Utilizada tanto na lubrificação com fluido quanto na com gás • Alta rigidez • Adequado para o uso onde o contato entre as superfícies deve ser evitado em sua totalidade. • Requer bombas de alta pressão, filtros e espaços (desvantagem). Lubrificação elasto-hidrodinâmica . Superfícies não conformes dificultam a formação de filme podendo levar a altas taxas de desgaste. O contato local se comporta de forma plana, nesse caso se as velocidades de deslizamento forem altas o suficiente, o filme completo se forma. O termo lubrificante elasto- hidrodinâmica vem do fato da lubrificação depender das deformações devido o contato mecânico. As elevadas pressões na região do contato aumentam a viscosidade do fluido. Viscosidade Os efeitos de viscosidade de um fluido podem varias de acordo com: Efeitos da temperatura O aumento da temperatura diminui as interações intramoleculares no fluido Para gases, o oposto é observado Índice de viscosidade . Falar da viscosidade de um fluido sem especificar a temperatura pode não adiantar muita coisa! O índice de viscosidade (IV) é um número adimensional que mede a variação da viscosidade de um fluido com a temperatura. Na escala do índice de viscosidade, quanto maior for a variação da viscosidade com a temperatura, menor será o IV. Em um primeiro momento, o IV foi definido variando de 0 a 100, mas atualmente, com os avanços na área de lubrificação, o IV pode atingir valores maiores do que 100. A escala do índice de viscosidade foi estabelecida pela SAE. As temperaturas escolhidas para referência foram na época de aproximadamente 40 e 100 °C. • IV = 100 para óleos parafínicos extraídos do petróleo da Pensilvânia • IV = 0 para óleos naftênicos extraídos do petróleo do golfo do México. Onde, 𝐿: viscosidade cinemática a 40 °C de um óleo que possui IV = 0 e tem a mesma viscosidade cinemática a 100 °C que o óleo que se deseja calcular 𝑈: A viscosidade cinemática a 40 °C do óleo que se deseja calcular o IV 𝐻: viscosidade cinemática a 40 °C de um óleo que possui IV = 100 e tem a mesma viscosidade cinemática a 100 °C que o óleo que se deseja calcular A tabela com as viscosidades L e H são fornecidas em normas (NBR 14358 ou ASTM2270). Efeito da pressão 𝜇 = 𝜇0 exp (𝑎𝑝) A elevação da pressão aumenta as interações intramoleculares Pressões muito altas fazem com que óleos se comportem como plástico (p > 200Mpa). Efeito da taxa de deformação (reologia) Em um fluido Newtoniano, a relação entre a tensão cisalhante e a taxa de deformação é linear: 𝜏 = 𝜇�̇� 𝜇 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 Em um fluido não newtoniano a relação entre tensão cisalhante e a taxa de deformação é não linear 𝜏 = 𝜇�̇� 𝜇 = 𝜇(�̇�) O comportamento de um fluido não newtoniano vai ser ditado pela complexidade estrutural do fluido. Newtoniano: a viscosidade do fluido é constante (água e suspensões de sólidos muito dispersas). Dilatante: a viscosidade aparente do fluido aumenta com o aumento da taxa de deformação (amido de milho em água). Pseudoplástico: a viscosidade aparente do fluido diminui com a taxa de deformação (tinta de parede, sangue). Fluido plástico de Bingham: Requerem uma certa quantidade de esforço cisalhante antes de começarem a escoar (pasta de dente, maionese). *Fluidos em que a viscosidade depende do histórico de cisalhamento são denominados fluidos tixotrópicos. Lubrificantes . Óleos: São geralmente minerais ou sintéticos • Consistência liquida • Viscosidade baixa a média • Boa taxa de escoamento • Boa capacidade de alcance e refrigeração Lubrificantes sólidos: Grafite, grafite branco, dissulfeto de molibdênio • Lubrificação e desmontagem a seco • Locais de difícil acesso • Locais que requerem uma longa permanência do lubrificante • Resistência a altas temperaturas Graxas: Óleo mineral + produto sólido ou semissólido (agente espessante) e aditivos: • Consistência pastosa • Alta viscosidade • Adesivo • Retenção do óleo lubrificante (vedação) • Efetivo em aplicações úmidas Equação de Petroff . Petroff foi um dos primeiros a tentar determinar o coeficiente d atrito para mancais partindo da hipótese de que o eixo é concêntrico Apesar da simplicidade, essa formulação ajuda a definir parâmetros adimensionais importantes da teoria da lubrificação. Escoamento unidirecional entre placas . Hipóteses simplificadoras: • A profundidade da placa é muito maior do que seu comprimento (fluxo lateral nulo em 𝑦). • A espessura do filme é pequena com relação as outras dimensões (𝜕𝑝 𝜕𝑧 = 0) • Escoamento laminar • Viscosidade constante • Efeitos viscosos muito maiores que efeitos dinâmicos • Fluido incompressível Equação de Reynolds considerando fluxo de escoamento lateral Da mesma forma que desenvolvemos a equação de Reynolds para um escoamento unidirecional (problema 1D), a mesma pode ser desenvolvida levando-se em conta o escoamento lateral através de uma formulação 3D (equação de Navier-Stokes + Equação da continuidade). Equação de Reynolds para fluidos incompressíveis. • Essa equação fornece uma relação entre pressão do fluido e espessura do filme • Essa EDP não possui solução analítica • Métodos numéricos como volumes finitos ou elementos finitos podem ser utilizados para obter a solução dessa equação (o que permite a obtenção de variáveis de projeto). Projeto de mancais de deslizamento . Grupo I Variáveis fornecidas ou sob controle do projetista: • Viscosidade 𝜇 • Carga por unidade de área projetada do mancal, 𝑃 • Velocidade de rotação 𝑁 • Dimensões do mancal (𝑟, 𝑐, 𝛽 e 𝑙) ∗Trabalharemos apenas com 𝛽 = 360° (mancais completos) Grupo II: variáveis dependentes: • Coeficiente de atrito 𝑓 • Elevação de temperatura Δ𝑇 • Fluxo de óleo 𝑄 • Espessura mínima de filme ℎ0 Essas variáveis nos dizem quão bem o projeto foi dimensionado. São essas variáveis que vão limitar a escolha dos parâmetros do grupo I. Velocidade angular efetiva . Para casos em que o eixo e a bucha giram, é preciso definir uma rotação equivalente para o sistema. Critérios de projeto de Trumpler . Espessuramínima que evita contato metal-metal e permite a livre passagem de contaminantes sólidos através do filme. ℎ0 ≥ 0,0002 + 0,00004𝑑 𝑖𝑛 O aumento da temperatura faz com que hidrocarbonetos mais leves evaporem o que faz aumentar a viscosidade do fluido. 𝑇𝑚á𝑥 ≤ 250 °𝐹 Minimizar o desgaste no arranque e parada do eixo 𝑊 𝑙𝑑 ≤ 300 𝑝𝑠𝑖 Fator de segurança contra sobrecargas 𝑛𝑑 ≥ 2 *Essas recomendações datam de 1966, porém ainda são úteis na concepção de projetos para projetistas iniciantes. Solução das variáveis de projeto . Em suas simulações, com o intuito de simplificar a análise, Raimondi e Boyd assumiram uma viscosidade constante nas análises. Entretanto, uma vez que efeitos viscosos elevam a temperatura do fluido ao escoar pela zona de carregamento do mancal, utilizaremos uma temperatura média em nossas análises: 𝑇𝑎𝑣 = 𝑇1 + ∆𝑇 2 Em que 𝑇1 é a temperatura de entrada do lubrificante e Δ𝑇 é a elevação de temperatura. Δ𝑇: Encontrar essa variação de temperatura constitui um dos desafios do projeto e requer um processo iterativo ou tabular. Figura de referência • Espessura mínima de filme • Posição espessura mínima 𝜙 • Coeficiente de atrito • Fluxo de lubrificação • Fluxo de lubrificação lateral • Pressão máxima 𝑝𝑚𝑎𝑥 • Posição do pico de pressão 𝜃𝑝𝑚𝑎𝑥 Número de Sommerfeld: 𝑆 = ( 𝑟 𝑐 ) 2 ∗ 𝜇𝑁 𝑃 Pressão característica do mancal: 𝑃 = 𝑊 𝑑𝑙 Folga . Ao projetar um mancal de deslizamento, o engenheiro deve selecionar o grau do óleo a ser utilizado de acordo com as imposições do projeto como 𝑃 e 𝑁. Nesse caso, a seleção de parâmetros como comprimento do mancal, 𝑙, e a folga entre o eixo e a bucha devem ser criteriosamente selecionados. A má seleção desses parâmetros pode resultar em um filme muito fino resultando em um baixo fluxo de óleo e um superaquecimento do mancal. Avaliação do efeito da folga no mancal considerando: • 𝑁 = 30 rev/s • 𝑊 = 500 lbf • 𝑟 = 0,75 in • 𝑙 = 1,5 in • 𝑇1 = 100 °F (óleo SAE 20) Mancais devem ser projetados para a zona sombreada. Mancais hidrostáticos . A capacidade de sustentar cargas de mancais hidrodinâmicos é restrita devido a limitações da dissipação de calor. No caso de mancais hidrostáticos, bombas externas de alta pressão fornecem fluidos lubrificantes. Nesse caso, o fluxo de lubrificante é maior e aumenta a dissipação de calor. O contato metálico no arranque e na parada também são eliminados. Mancais Hidrostáticos Axiais . Hipóteses e considerações: • A espessura do filme não varia em r e nem em θ • Simetria circunferencial δ/δθ • A pressão p não varia em z • O fluido é incompressível A equação de Reynolds em coordenadas polares para movimento relativo tangencial pode ser expressa da seguinte forma: Desenvolvimento de uma expressão para o fluxo volumétrico por unidade de comprimento circunferencial. Equação de Navier-Stokes na direção radial: Dado que que o fluxo volumétrico por unidade de comprimento circunferencial é dado por: Temos então: Fluxo total: Calculo do torque de fricção: Simplificação (𝑣𝜃 varia de forma linear ao longo filme) Cálculo da perda de energia: Lubrificação de contorno de mancais . Introdução Lubrificação hidrodinâmica (filme completo): superfícies do mancal encontram-se completamente separadas por uma camada de fluido lubrificante (baixo coeficiente de atrito, desgaste quase nulo) Lubrificação de contorno: superfícies do mancal entram em contato devido excesso de carga, excesso asperezas, falta de lubrificante ou devido as geometrias (elevado coeficiente de atrito, desgaste adesivo e abrasivo) Lubrificação de filme misto: Condição intermediária, o número menor de asperezas está em contato (coeficiente de atrito e desgaste moderados) Para determinadas condições, pode-se ser necessário o uso de mancais de lubrificação de contorno (mancais submetidos a baixas cargas, baixas velocidades ou até mesmo um regime de lubrificação vitalícia). O coeficiente de atrito nesses casos pode ser reduzido através do uso de óleos animais ou vegetais (ácidos graxos) misturados com óleo mineral ou graxa. Os ácidos graxos presentes nesses óleos aderem fortemente às superfícies dos metais e também são responsáveis pela formação de filmes protetivos (sabões formados de reações químicas) diminuindo a formação de junções metálicas. Ácidos graxos rompem-se à elevadas temperaturas (250 °F / 120 °C) gerando o aumento do coeficiente de atrito e do desgaste nas peças. Nesse caso pode-se fazer a utilização de aditivos EP. *Os aditivos EP são substâncias químicas tais como ésteres de fósforo que atacam as superfícies metálicas levando a formação de um filme inorgânico (contaminante de monocamada) que protege as superfícies metálicas. Quantificação do desgaste A equação de Archard nos permite relacionar parâmetros de carregamento com a quantidade de material removido: 𝑉 = 𝐾 𝐻 𝑃𝑆 • 𝑉: volume de material perdido • 𝐾: coeficiente adimensional de desgaste • 𝐻: dureza do material • 𝑃: carga normal • 𝑆: deslocamento relativo entre as partes Podemos escrever a equação de Archard de uma forma local analisando um elemento infinitesimal da superfície de contato e considerando um pequeno incremento de deslocamento relativo: 𝑑𝑉 = 𝐾 𝐻 𝑑𝑃𝑑𝑆 Dividindo ambos os lados pela área de contato: 𝑑𝑉 𝑑𝐴 = 𝐾𝑑𝑃 𝐻𝑑𝐴 → 𝑑ℎ = 𝑘𝑝𝑑𝑠 Onde: 𝑑ℎ: é o incremento da altura de material perdido 𝑘: é o coeficiente de desgaste (𝐾 𝐻) Designando a velocidade relativa entre as superfícies como 𝑣: 𝑑ℎ = 𝑘𝑝𝑣𝑑𝑡 Desgaste da bucha Supondo que o desgaste no eixo é desprezível e que esse se dá em quase toda sua totalidade na bucha: Vale lembrar que o coeficiente de desgaste 𝑘 é geralmente obtido em condições laboratoriais bem controladas. Para aplicações práticas faz-se necessário o uso de fatores de correção. ℎ = 𝑓1𝑓2𝑘 4𝐹 𝜋𝐷𝐿 𝑣𝑡 Materias bucha Exemplo 01: Uma bucha de liga de latão oleaginosa SP 500 tem 1 in de comprimento, com um orifício de 1 in, e opera em um ambiente limpo a 70°F. O desgaste admissível sem perda de função é de 0,005 in. A carga radial é de 700 Ibf. A velocidade periférica é de 33 ft/min. Estime o número de revoluções para que o desgaste radial seja de 0,005 in. Consultar a tabela do fabricante. Elevação de temperatura Em regime permanente, a taxa de trabalho de atrito, 𝐻𝑔𝑒𝑟, iguala-se a taxa de energia, 𝐻𝑝𝑒𝑟, dissipada pela superfície do mancal por radiação e por convecção.
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