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Práticas na Educação Infantil- EAD

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PRÁTICAS NA
EDUCAÇÃO INFANTIL 
PROF.A MA. SORAIA NUNES MARQUES
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-reitor: 
Prof. Me. Ney Stival
Gestão Educacional: 
Prof.a Ma. Daniela Ferreira Correa
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Gabriela de Castro Pereira
Letícia Toniete Izeppe Bisconcim 
Mariana Tait Romancini 
Produção Audiovisual:
Heber Acuña Berger 
Leonardo Mateus Gusmão Lopes
Márcio Alexandre Júnior Lara
Gestão da Produção: 
Kamila Ayumi Costa Yoshimura
Fotos: 
Shutterstock
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não 
vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, 
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica 
e profissional, refletindo diretamente em nossa 
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente 
e busca por tecnologia, informação e conheci-
mento advindos de profissionais que possuam 
novas habilidades para liderança e sobrevivên-
cia no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino 
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de 
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes 
atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 4
1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................................................. 5
2 - EDUCAÇÃO INFANTIL: PRIMEIRA ETAPA DA EDUCAÇÃO BÁSICA ................................................................ 12
3 - ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - ECA ...................................................................................... 17
O QUE É INFÂNCIA
PROF.A MA. SORAIA NUNES MARQUES
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
PRÁTICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
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INTRODUÇÃO
Na Unidade 1, estudaremos o conceito de infância, para conhecermos a importância 
de tal conceito e entendermos o novo momento que a escola vive e o perfil dos alunos. Na 
Unidade 2, discorreremos sobre a Educação Infantil como primeira etapa da Educação Básica, 
trazendo informações e dados importantes sobre esta modalidade, fazendo um histórico da 
educação oferecido às crianças no decorrer do tempo até nossos dias. Na Unidade 3, o tema de 
discussão será o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em que traremos informações 
sobre esta importante Lei de proteção à criança, pontuando os direitos e os deveres da mesma, 
explicitando a importância do educador conhecer a Lei 8069/90, lhe dando segurança em suas 
ações pedagógicas.
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1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS
 
Figura 1 - Crianças. Fonte: Google Images (2018).
O período da infância se destaca como um dos mais importantes da vida do ser humano, 
pois é neste momento que se estruturam as características do pensamento, da personalidade, 
da afetividade (aqui entendida como sentimentos e emoções). Entendendo a importância desta 
fase, ratificamos a importância dela ser trabalhada e desenvolvida, tanto na família, quanto na 
Educação Infantil e no primeiro ciclo do Ensino Fundamental. Para entendermos como este 
período foi vivido nos mais diferentes períodos históricos, faremos um recorte temporal em prol 
do conhecimento deste conceito, para compreendermos que nem sempre a ideia de infância que 
temos hoje foi assim.
Hoje, nossas crianças podem brincar com outras crianças, podem interagir com as 
diversas mídias, videogames e tantas outras formas de relacionar-se com o outro e com o mundo. 
Modo muito diferente da criança do século XIX, por exemplo.
Salientamos que o conceito de infância deve ser entendido conforme a construção que foi 
possível fazer em determinado momento histórico, dependendo do contexto sócio-econômico 
de cada época específica. Não podemos esquecer das práticas familiares, religiosas e escolares de 
cada época também.
Para os teóricos Vigotsky (2000), Luria (1979) e Leontiev (1978), os homens representados 
por sua cultura, ideias e valores são determinados pelo meio em que vivem. Assim, se pegarmos, 
por exemplo, uma criança educada na Savana da África, veremos que a questão de sua idade é 
algo insignificante, pois lá existem outros valores sociais e culturais que sobrepõem a importância 
da data do nascimento da mesma. Na nossa cultura inserida em uma sociedade capitalista, a 
data de nascimento de uma criança ganha especial atenção, já que é necessário lembrar de seu 
aniversário por meio de presentes e festas.
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Figura 2 - Crianças e sua cultura. Fonte: Google Images (2018).
Por isso, para Wajskop (1997, p. 25) 
[...] se a criança está imersa, desde o nascimento, em um contexto social e 
desenvolve-se pela experiência social, nas suas interações que estabelece, desde 
cedo, com a experiência sócio-histórica dos adultos e do mundo por eles criado. 
Assim, percebemos que em cada sociedade, em cada povo ou etnia, percebe-se de forma 
diferente esta fase da vida das crianças, dando-lhe especial atenção ou não.
Segundo Ariès (1981), para uma pessoa do século XVI ou XVII, seria difícil entender as 
exigências que temos hoje sobre nossa identidade civil, que tratamos como algo natural, já que 
logo que nossos filhos nascem e começam a falar, lhes ensinamos seus nomes, o nome das coisas 
que estão ao seu redor, fazendo a mediação entre o que existe na nossa sociedade, apresentando-
lhes. Isso gera ou agrega valor cultural ao que a criança aprende. Essa é a nossa realidade hoje, 
mas nos tempos passados, os valores eram outros.
Na sociedade primitiva, por exemplo, crianças e mulheres viviam igualmente com os 
homens, pois crianças de sete anos podiam acompanhar os adultos em todas as suas atividades, 
na medida em que podiam e, em troca, recebiam sua alimentação. Essa convivência com o mundo 
adulto, ia introduzindo a criança em seu cotidiano, em suas práticas e costumes, sendo educada 
pelo “meio” sem que ninguém lhe dissesse nada, participando de suas festas, trabalho e da vida 
social em geral, não havendo restrições, segundo Ponce (1986).
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Figura 3 - Era Primitiva. Fonte: Google Images (2018).
Neste momento histórico, a criança não tinha as características próprias da criança que 
hoje temos bem diferenciadas em nosso meio. Por isso, faz-se necessário conhecer a história 
da infância como algo culturalmente construída, diferenciando-se nos diversos momentos 
históricos.
Na Idade Média é o trabalho do servo que caracteriza o regime feudal, estando este a 
serviço do seu senhor, não sendo possível abandonar o serviço. O senhor era a figura máxima 
naquele momento histórico, sendo o único dono de terras e instrumentos. Neste momento, a 
criança ainda era vista como um adulto em miniatura.
O sentimento e conhecimento de infância que temos hoje, não havia antes do século 
XVII, quando o olhar sobre a criança começou a mudar.Nunes e Silva (2006, p. 20) reiteram este 
pensamento, dizendo que, com relação a esta informação, isso não significa que “[…] as crianças 
não eram importantes ou que eram relegadas a último plano pelas famílias. Falta de sentimento 
de infância não quer dizer falta de afeição. Significa sim, falta de consciência da situação infantil”. 
Assim, não existia, naquele momento, a particularidade do mundo infantil como temos hoje, 
diferenciando-a do adulto.
Ariès (1981) nos informa que até metade do século XVII, os adultos faziam tudo na frente 
das crianças, desde suas brigas até atos sexuais, já que, naquele momento, não havia a necessidade 
de separar o mundo adulto do infantil, pois ambos eram parte um do outro.
Após o século XVII, as coisas começaram a mudar no contexto infantil. Segundo Ariès 
(1981), este século se apresenta como um período de grande desenvolvimento para o tema 
relacionado à infância. Neste momento, a criança começa a aparecer ou a ser retratada sozinha e 
sua expressão é mais suave daquela que aparecia retratada na Idade Média.
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Lembramos que é no século XVII que se iniciam os primeiros estudos sobre a psicologia 
infantil, em que há uma busca na compreensão de como funcionava a mente da criança, visando 
criar métodos de ensino que fossem melhor direcionados para esta fase da vida do ser humano. 
Neste momento, as roupas das crianças começam a mudar, tornando-se apropriadas para cada 
idade. As crianças menores usavam vestidos sem guias (rédeas) e as maiores, usavam vestidos 
com guias. Após esta fase, usavam roupas com golas, eram compridas, abertas na frente e tinham 
botões. Para os meninos, a diferença na roupa é que nos seus vestidos tinham duas fitas largas 
atrás dos ombros, conforme Nunes e Silva (2006). Assim, o século XVII é marcado por uma nova 
concepção de infância como uma fase diferenciada da vida da pessoa. Para uma nova sociedade, 
exigia-se uma nova família, que apresentava o aspecto nuclear de hoje, composto por pai, mãe, 
filhos, marcados por afeto e solidariedade, explica Zilberman (2003).
Salientamos que independentemente da concepção que se tinham da infância, as crianças 
sempre existiram. Em suas pesquisas, Ariès (1981) destacou que na Idade Média as crianças 
eram consideradas apenas como seres biológicos, sem autonomia ou destaque social. Na Idade 
Moderna, temos outra concepção de infância, em que a criança se apresenta como categoria 
social, tendo como berço principal, a família e a escola. Ou seja, o surgimento de outras formas 
de viver e de se relacionar na sociedade, promoveram o nascimento de uma nova concepção 
de infância, em que a criança passa a ser protagonista e, não mais, parte integrante do mundo 
adulto. Neste sentido, a representação do entendimento do que seja criança, vai aos poucos se 
transformando, bem como as relações familiares. A criança, neste novo contexto, passa a ser 
educada pela família, despertando na mesma, o sentimento pela criança, nascendo assim, uma 
nova forma de conviver com os filhos. Este momento é caracterizado como o surgimento da 
infância, conforme Ariès (1981).
A infância, neste contexto, passou a ter faixas etárias diferentes, separando de vez, do 
mundo adulto. Lembramos que neste mesmo contexto, estão as classes abastadas e os pobres. 
Para a classe pobre, com a necessidade de aumento da renda familiar, as crianças vão para o 
mundo do trabalho mais cedo do que se imagina. Assim, entre essas mazelas sofridas pelas classes 
oprimidas ou trabalhadoras, a infância começa a ser idealizada por meio do entendimento de sua 
fragilidade e da exigência familiar sobre a responsabilidade de garantir sua chegada na idade 
adulta de forma madura e saudável, afirma Zilberman (2003).
O desenvolvimento social mostrou que a criança não é mais um adulto em miniatura, 
agora ele é simplesmente diferente do adulto. Neste sentido, um novo modelo de educação está 
posto, em que a criança é livre para expressar sua espontaneidade. A criança agora é preservação, 
realização e desabrochamento.
Figura 4 - A figura da nova criança. Fonte: Google Images (2018).
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Aqui no Brasil, no Período Colonial, o conceito de infância é o mesmo utilizado na 
Europa, já que este Período representa uma continuidade dos ideais europeus. Houve diferença 
na infância dos filhos dos índios após a colonização europeia, pois os jesuítas aplicavam castigos 
físicos e proibições morais, já que suas propostas eram de catequisar e ensinar o bem. Assim, a 
cultura que disseminavam era a do medo e a do pecado, reprimindo as crianças quanto aos seus 
costumes e crenças, dizendo que elas eram demoníacas, afirma Nunes e Silva (2006).
Se os jesuítas catequizassem as crianças indígenas, poderiam atingir toda a sociedade 
indígena também. Pregavam aos nativos uma nova ideia de corpo, em que tinha que castigá-lo 
para purificar a alma. Vestiam os meninos e as meninas com roupas de algodão, menciona Nunes 
e Silva (2006). 
Com o advento do capitalismo, houve muitas transformações em toda a sociedade, afetando 
as áreas econômicas, sociais e políticas, fazendo com que as mulheres fossem introduzidas no 
mercado de trabalho, devido às necessidades materiais que o momento colocava para as famílias. 
Neste contexto, começa a surgir as mães mercenárias que cuidavam das crianças para as mães que 
precisavam trabalhar. Com o avanço dos estudos em Psicologia, passou-se a classificar as fases da 
infância, possibilitando um avanço muito grande no entendimento sobre este período de vida da 
criança, aponta Nunes e Silva (2006).
Dentre tantos aspectos que propiciaram o desenvolvimento dos estudos sobre a infância, 
pode-se dizer que o século XX é considerado o século da criança. Neste momento, os estudos 
foram voltados para saúde, aprendizagem, cultura, desenvolvimento, entre outros, dando à 
criança uma conotação de indivíduo ou cidadão, e não mais de um futuro adulto, sendo a infância 
considerada como um período fundamental na vida do ser humano.
Muitos teóricos “despontaram” por estudarem como acontece o desenvolvimento 
psicológico da criança, como ela aprende, como ela socializa, enfim, vão propondo metodologias 
e práticas capazes de fazer com que esse desenvolvimento ocorresse de forma satisfatória, 
direcionado pela escola. Nesta expansão de possibilidades educativas e com a saída, ainda 
que não total, do mundo do trabalho, a infância passa a ter uma nova definição no contexto 
social brasileiro. A Constituição Brasileira, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 
e o Estatuto da Criança e do Adolescente são marcos legais que firmam significativamente o 
direito da criança ser criança, tendo a escola como aparato principal para ela desenvolver suas 
habilidades e conhecimentos científicos.
Sabemos que as Leis trazem uma obrigatoriedade para os cidadãos e, no caso dos 
infantes e na questão dos seus direitos, mas a história das nossas crianças tem sido marcada pela 
violência e pelo silêncio, real e simbólica, principalmente as crianças das camadas populares 
mais pobres, desfavorecidas. Por isso, entendemos ser tão importante conhecermos a história 
da infância nos diferentes momentos históricos, pois são diversas as concepções e sentimentos 
atribuídos ao infante em cada um desses momentos. Pode-se dizer que estes sentimentos estão 
diretamente relacionados às formas viver, pensar e organizar a sociedade. A investigação sobre 
este conceito, nos permite descobrir os modelos de dominação e poder que se encontram na base 
das sociedades, coloca Nunes e Silva (2006).
É fato que existem muitas desigualdades sociais no nosso contexto histórico que se fazem 
presentes nos diferentes conceitos de infância que, muitas vezes, são contraditórios. Em uma 
sociedade tão diversa como a nossa, falar de infância é um exercício que nos levaa pensar e 
repensar nas múltiplas vivências de nossas crianças, que estão à mercê da situação econômica 
e social da comunidade em que vivem. Por isso, não podemos apenas nos referir às crianças do 
Brasil, mas às crianças dos “Brasis”, explica Nunes e Silva (2006).
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Tais reflexões devem fazer parte da vida dos profissionais da educação, especificamente, 
da Educação Infantil, lembrando que ao receber os alunos nos Centros de Educação Infantis, 
cada um chegará com suas vivências, suas histórias, suas realidades que podem não ser como 
queremos ou imaginamos... Não podemos esquecer de mencionar as implicações que a sociedade 
do consumo produz sobre a nossa vida e a de nossas crianças, pois ao criar-se as necessidades de 
consumo, cria-se indivíduos em busca de adquirir novos produtos que satisfaçam seus anseios, 
desejos e necessidades produzidos pela mídia. Na sociedade consumista, os produtos são criados 
para a necessidade do mercado, mas o alvo são os consumistas que têm a noção de que tal produto 
foi criado especialmente para ele. O lema do mercado é: compre, não pense!
Assim, ao entendermos o homem como um ser não apenas biológico, mas como fruto 
das relações sociais e culturais que se estabelece com o meio, entenderemos também, a influência 
que o meio tem sobre a formação da criança, levando-a a ser um consumidor em potencial. Neste 
sentido, a família deverá ser a reguladora ou mediadora daquilo que está posto com aquilo que 
de fato, acontece nos bastidores. Claro, se os pais tiverem o esclarecimento sobre isso. Assim, a 
escola enquanto detentora de um papel imprescindível na vida da criança hoje, deve fazer essa 
mediação, levando-a a refletir sobre a sociedade que vive e apontar seus valores principais que 
devem estar acima do ter. A escola, mais do que nunca, precisa frisar o ser.
As crianças no contexto contemporâneo interagem não apenas com os brinquedos e 
as brincadeiras, como há pouco tempo acontecia. A escola tem feito um papel de resgate em 
relação às brincadeiras tradicionais que hoje nossas crianças nem conhecem mais. Hoje, a criança 
interage com o mundo tecnológico, cada vez mais direcionado a ela. Citamos como parte deste 
mundo a televisão, os computadores, notebooks, video games, tablets, celulares, i-phones, i-pods 
e tantos outros à disposição, que transmitem ao universo infantil um turbilhão de imagens que 
passam a fazer parte de seu cotidiano e de seus familiares, passando-lhe uma compreensão de que 
a realidade é assim mesmo e que não há outra forma de ser, de pensar e de fazer, propondo um 
continuísmo. Esta é a proposta do capitalismo, disfarçado de tantos produtos “bons” e necessários 
para a vida humana, segundo Nunes e Silva (2006).
Figura 5 - As diferentes mídias. Fonte: Google Images (2018).
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Salientamos que o objetivo dos meios de comunicação é tirar proveito do lado infantil que 
todo adulto tem e, claro, da criança também, atingindo todo o universo, tanto o adulto quanto 
o infantil, no sentido de propor produtos e propagandas que os aprisionem em busca de suas 
realizações pessoais por meio do consumo, comenta Palangana (1998). Por isso, cada vez mais 
os comerciais e outdoors fazem os mais variados apelos, criando a falsa impressão de que não se 
pode viver sem tal produto. 
A criança, sem a família perceber, vai crescendo em meio a um ambiente sem reflexão 
sobre os fatos que fazem parte da sociedade e sem questionamentos sobre os mesmos. Esta 
sociedade poda a formação de um pensamento autônomo, de pessoas independentes, capazes de 
decidir conscientemente e de julgar se querem ou precisam disso ou daquilo, apresenta Penteado 
(1991).
A criança não nasce consumidora, a sociedade em que vive a faz assim, e a televisão 
contribui com a formação desses consumidores desde pequenos, pois é desde muito cedo que 
se cria o desejo pelo consumo e isso é explorado por meio dos comerciais, programas infantis 
e desenhos. Estimuladas pelas diversas configurações apresentadas a ela, a criança se identifica 
com o que vê e ouve, reproduzindo as músicas, as falas, as coreografias em seu cotidiano, muitas 
vezes reforçado pela escola.
Os pais, normalmente, não conseguem refletir sobre os perigos que os programas de 
televisão oferecem aos seus filhos. As crianças assistem às programações sem nenhuma orientação 
ficando, muitas vezes, à mercê de suas próprias conclusões ou das conclusões prontas, dadas 
pela programação. Assim, estarem expostas frequentemente a imagens que nem sempre fazem 
sentido para as crianças, pode modificar sua forma de expressão e compreensão.
Até mesmo os desenhos, que muitas vezes parecem inofensivos, devem ser vistos 
com restrição e precaução, pois além das ideologias, podem trazer lição de moral, conceitos e 
valores que reforçam atitudes e comportamentos que privilegiam o mercado capitalista. Isso 
sem mencionar, a violência exacerbada contida nos episódios. O super-herói se apresenta como 
uma figura que resolve todos os problemas, utilizando de mágicas, força, poções, pedras, enfim, 
levando a criança a pensar que os problemas não podem ser resolvidos por pessoas comum, 
levando-a à frustração em algum momento de sua vida, se isso não for devidamente mediado 
pelos pais e pela escola, explica Penteado (1991).
A influência dos meios de comunicação está sendo tão grande no cotidiano infantil, que 
ousamos dizer que esses meios de comunicação estão substituindo o lugar formativo da escola, 
pois se mostra muito mais atrativo e eficiente do que as cadeiras duras escolares e os quadros 
de giz, com exercícios imensos para copiar e textos chatos, sem sentido. Esses novos meios de 
comunicação propõem padrões dissociados de conscientização e de formação.
Concluímos que ao aprendermos sobre o contexto histórico social sobre o conceito 
de infância nos possibilita entendermos o momento que vivemos e fazermos interferências e 
inferências nele. Se nos períodos passados achamos que muita coisa estava errada, que poderiam 
ser melhores, hoje não é diferente, pois ainda não conseguimos que as crianças sejam crianças no 
mais puro entendimento do termo. Há muita violência, muita maldade, muita exploração, muitos 
interesses que ainda “prendem” nossas crianças a realidades tão sofridas, cruéis e desumanas. 
Precisamos sempre contra argumentar o que está posto em forma de verdade pronta e acabada. 
Achar que as coisas construídas socialmente são “naturais” é um dos maiores erros da sociedade 
atual, pois quando naturalizamos as coisas, não precisamos explicá-las. A educação, por meio da 
família e da escola, precisa retomar a rédea sobre a vida das crianças, no sentido de orientarem as 
mesmas sobre os valores éticos e morais que permeiam nossa sociedade. Entender o conceito de 
ser humano é um bom começo.
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Dentre os grandes teóricos que escreveram sobre a infância, destacamos Comê-
nio, Rousseau, Pestalozzi, Froebel, Decroly, Montessori, Freinet, Piaget, Vigotsky. 
Existem muitos outros, mas destacamos estes para que você se inspire em pes-
quisar sobre os estudos destes gênios!!
2 - EDUCAÇÃO INFANTIL: 
PRIMEIRA ETAPA DA EDUCAÇÃO BÁSICA
 
Figura 6 - Educação. Fonte: Google Images (2018).
A Educação Infantil, por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN 
9394/96 – ganhou destaque e passou a fazer parte da primeira etapa da Educação Básica. Para 
melhor compreendermos as LDB, faremos um breve histórico desta etapa no mundo e no Brasil, 
para conhecermos como chegamos à realidade que temos hoje em nossos Centros Municipais de 
Educação Infantis, chamados de CMEIs.
Durante muito tempo, se olharmos para a história, a educação das crianças esteve sob 
responsabilidade da família, pois acreditava-seque no convívio familiar elas aprenderiam 
normas e regras de sua cultura. Hoje, nossas crianças frequentam diversos ambientes que lhes 
proporcionam diferentes interações com diferentes pares, cita Machado & Paschoal (2009).
É no final do século XVIII que surgem as primeiras instituições voltadas à educação das 
crianças de 0 a 6 anos de idade, ainda meio precárias, mas avançando em pesquisas e determinação. 
O fator que marcou o nascimento das instituições infantis foi a mudança do modo de produção 
doméstica para o fabril, ou seja, a Revolução Industrial, marcando a transição do feudalismo 
para o capitalismo. As ferramentas foram substituídas pelas máquinas e esse marco provocou a 
reorganização da sociedade. Todo esse contexto de mudança, forçou a entrada das mulheres no 
mercado de trabalho, coloca Machado & Paschoal (2009).
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Com as mulheres trabalhando fora, quem cuidaria das crianças? A princípio, muitas 
levavam suas crianças ao trabalho, mas aconteciam muitos acidentes em que as mães acabavam 
perdendo seus filhos, pois eram esmagados nas máquinas entre outras coisas. O fato da mulher 
trabalhar fora, requer uma nova maneira de cuidar e educar os filhos, gerando uma profunda 
mudança na estrutura familiar vigente.
Vamos pensar, as mães tinham que trabalhar, pois a vida na cidade era dispendiosa e, 
só o marido não dava conta de pagar as despesas domésticas. Assim, as mães recorriam àquelas 
mulheres que não precisavam trabalhar, pois eram sustentadas por seus maridos. Surgem, neste 
contexto, as mães mercenárias, que recebiam para cuidar dos filhos das mães trabalhadoras. As 
mães mercenárias realizavam atividades de canto, oração, desenvolvimento de bons hábitos e 
regras morais, expõe Machado & Paschoal (2009). 
Percebendo a necessidade das crianças serem melhor preparadas e educadas, então, 
surgem as primeiras instituições educacionais com intuito de atender as crianças das mães 
trabalhadoras. Uma das primeiras a surgir foi a escola de Tricotar, criada por Oberlin, em 1769, 
na França, com o objetivo de adquirir hábitos de obediência, bondade, sinceridade, conhecer as 
letras, soletrar, adquirir noções de moral e religião, segundo Buisson (1887), Mira Lopez e Aller 
(1970), e Léon (1977).
Neste primeiro momento, essas instituições tinham um objetivo assistencialista, 
enfocando os cuidados físicos, alimentação e guarda das crianças. Após a segunda metade do 
século XIX, houve uma reconfiguração no quadro de instituições educacionais, surgindo as 
creches, os jardins de infância, a escola primária entre outras, com objetivos pedagógicos, no 
sentido de que as crianças fossem ensinadas a ler, escrever e a raciocinar, coloca Didonet (2001).
Pode-se dizer que, do ponto de vista histórico, os jardins de infância foram instituições 
exclusivamente pedagógicas, primando mais pela aprendizagem que pelo assistencialismo, ainda 
que não o abandonando completamente. Ressaltamos que o primeiro jardim de infância, criado 
em meados de 1840, por Froebel, possuía um objetivo de transformar toda estrutura familiar, 
propondo aos familiares forma de cuidar melhor de seus filhos. Froebel (1895) se destaca no 
cenário da Educação Infantil, sendo que sua proposta ganha adeptos no mundo todo. Este 
também apresenta uma filosofia educacional, baseado em Rousseau e Pestalozzi, entre outros, 
afirma Kishimoto & Pinazza (2007). Sua proposta pedagógica não era somente reformar a pré-
escola, mas disseminar, junto à família, os cuidados infantis, já que os pais trabalhavam fora e não 
tinham mais tempo para estarem juntos aos filhos, orientando-os, educando-os. Froebel (1895) 
defendia a ideia de que a família deveria reestruturar-se neste novo contexto social. 
Em 1844, Froebel (1895) escreveu o livro Muther-spiel und kose-lieder — Jogos para a mãe 
e canções carinhosas —, dedicado às mães sobre como elas deveriam educar seus filhos. Nesta 
obra, o autor conversa com as mães por meio de poemas sobre seus sentimentos com o bebê, as 
brincadeiras, a observação sobre o desenvolvimento da criança, o diálogo e as músicas. Também 
usa poesias, jogos, gravuras, enfim, a obra acaba sendo um manual de práticas para as mães 
reestruturarem seus lares junto à família, segundo Froebel (1895).
Um dos fatores muito enfatizados por Froebel (1895) era a obrigatoriedade da obediência 
do corpo ao espírito, sendo que para alcançar este objetivo, os pais poderiam e deveriam lançar 
mão de métodos mais eficazes como o castigo e a rigidez, que redundaria em resultados positivos 
na educação dos infantes. Froebel (1895) acreditava que sem a obediência a criança não teria uma 
educação completa. A criança precisava aprender em sua essência, a dignidade humana. Por isso, 
o professor poderia, também, lançar mão de uma educação mais rígida para alcançar os objetivos 
de uma formação completa.
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Froebel (1895) utilizava muito os jogos como forma de possibilitarem às crianças o contato 
com a natureza e com as outras pessoas. Considerava a brincadeira como elemento fundamental 
para o crescimento das crianças. Assim, vemos na proposta de Froebel (1895) jogos, brinquedos 
e brincadeiras que exercem papéis fundamentais no desenvolvimento global das crianças.
Faremos agora uma retrospectiva histórica da Educação Infantil no Brasil, para entender 
como esse processo se deu aqui. Diferentemente dos países europeus, aqui no Brasil, as 
primeiras tentativas de organização de creches, orfanatos e asilos surgiram com uma proposta 
assistencialista, com o intuito de ajudar as mães que saíam para trabalhar e as viúvas, segundo 
Machado e Paschoal (2009). Nesse contexto histórico, havia muito abandono de crianças, já que 
muitas mulheres engravidavam sem a família saber e, na época, era vergonhoso engravidar sem 
casar e, muito comumente, a família expulsava a filha que engravidasse fora do casamento. Assim, 
muitas crianças eram abandonadas, surgindo as instituições no sentido de acolher os órfãos. 
Outros fatores seríssimos como o alto índice de mortalidade, desnutrição, acidentes domésticos, 
entre outros fizeram com que alguns setores da sociedade se mobilizassem para fazer algo que 
ajudasse a proteger essas crianças. Assim, os religiosos, os educadores e os empresários pensaram 
em um espaço para cuidar dessas crianças fora do ambiente familiar. Neste sentido, a proposta 
filantrópica e assistencialista veio primeiro que a pedagógica, informa Didonet (2001).
Neste sentido, pode-se afirmar que a implantação das creches e dos jardins de infância, 
no final do século XIX e início do século XX, no Brasil, foi marcada pela tendência médico-
higienista, religiosa e jurídico-policial, que julgava a infância moralmente abandonada. A 
intenção desta implantação foi combater o alto índice de mortalidade infantil, tanto no interior 
das famílias quanto nas outras instituições que atendiam as crianças.
Assim como na Europa, a entrada da mulher no mercado de trabalho por conta da 
industrialização, também foi papel primordial para a criação das creches e jardins de infância. 
Salientamos que, neste período, com a chegada dos imigrantes europeus nas terras brasileiras, 
os movimentos operários ganharam força, organizando-se de maneira a conquistarem melhores 
formas de trabalho e a criação de instituições educacionais para as crianças, expõe Machado & 
Paschoal (2009).
As lutas por meio dos Sindicatos vão ganhando forças e novas conquistas vão acontecendo 
no contexto social. Os movimentos feministas, vindos dos Estados Unidos, fizeram com que 
novas reivindicações fossem conquistadas, dentre elas, a que as creches e pré-escolas deveriam 
atender os filhos de todas as mulheres, independentemente de sua situação econômica. Neste 
sentido, houve um aumento de número de instituições mantidas pelo Governo, afirma Machado 
e Paschoal(2009).
Durante a Exposição Internacional que comemorava os cem anos da Independência, 
houve a realização do primeiro Congresso Brasileiro de Proteção à Infância (CBPI), juntamente 
com o terceiro Congresso Americano da Criança (CAC), no Rio de Janeiro, em agosto de 1922. 
De 1922 até meados de 1970, houve um lento desenvolvimento nas propostas de atendimento à 
Educação Infantil, priorizando apenas crianças de 4 a 6 anos de idade.
Foi só no fim do século XX que houve transformações consideráveis e importantíssimas 
para esta etapa da Educação Básica. Foi no contexto da Ditadura (Regime Militar) que iniciaram 
os marcos de consolidação da Educação Infantil na Constituição Federal de 1988 e na Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação de 1996, em que houve o reconhecimento das creches e pré-
escolas oferecidas para as crianças de 0 a 6 anos de idade e foram reconhecidas como primeira 
etapa da Educação Básica, expos Machado e Paschoal (2009).
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Foi na Conferência Nacional de Proteção à Infância, em 1933, que Anísio Teixeira falou 
sobre a importância da criança pré-escolar ser considerada para além de sua saúde física, devendo 
ser levado em conta, também, seu crescimento, formação de hábitos e desenvolvimento por 
meio de inferências pedagógicas como as brincadeiras e os brinquedos, as habilidades mentais 
e a socialização, aborda Brites (1999). Já Lourenço Filho, em pronunciamento na Conferência 
da Escola Nacional de Belas-Artes, na II Semana de Estudos promovida pelo Comitê Nacional 
da Organização Mundial de Educação Pré-Escolar, disse que as questões da pedagogia na 
educação das crianças, necessitava da utilização de jogos e atividades livres, acreditando que 
estes instrumentos favoreciam o desenvolvimento das funções cognitivas das crianças, pautado 
nas pesquisas de grandes teóricos, coloca Brites (1999).
Assim, as creches começaram a se “equipar” com os mais diferentes e diversos jogos e 
materiais apropriados para a educação das crianças, dentre eles, as bolas, os quadros negros, 
caixas de areia, bonecas, blocos de madeira, lápis, tesoura, livros, papeis, roupas de bonecas, 
livros de pano, brinquedos de animais, carrinhos de bonecas, caixinhas, cubos, enfim, uma 
variedade imensa de materiais que serviriam de instrumentos educativos para estimular o ensino 
e a aprendizagem dos alunos. Percebe-se que esta diversidade permanece ainda em nossos dias, 
sendo necessários na Educação Infantil, os jogos e as brincadeiras. A educação nova deveria 
estimular o aspecto criador do desenvolvimento intelectual e artístico da criança, cita Vieira 
(1986).
Nos dias atuais, a Educação Infantil é imprescindível na formação pedagógica de nossas 
crianças, agora embasada pela Lei nº 12.796/2013 que obriga a matrícula de crianças de 4 anos 
nesta etapa da Educação Básica. Ela assume uma função de efetivação de uma educação integral, 
em que a proposta é a educação do cidadão crítico e reflexivo, que busca a melhoria do espaço 
em que vive.
Assim, não pode mais ser considerada como assistencialista, mas como educadora, 
conforme previsto no seu maior documento que é o Referencial Curricular Nacional para a 
Educação Infantil – RCNEI. Neste documento, rege que
[…] as novas funções para a Educação Infantil devem estar associadas a padrões 
de qualidade. Essa qualidade advém de concepções de desenvolvimento que 
consideram as crianças nos seus contextos sociais, ambientais, culturais e, mais 
concretamente, nas interações e práticas sociais que lhes fornecem elementos 
relacionados às mais diversas linguagens e ao contato com os mais variados 
conhecimentos para a construção de uma identidade autônoma (BRASIL, 1998, 
p. 23).
Para falarmos de padrão de qualidade neste segmento, o pesquisador Kuhlmann Jr (2007) 
afirma que ainda não alcançamos, de fato, a vivência de uma qualidade efetiva na Educação 
Infantil, visto que há muita coisa ainda a ser feita para que aconteça uma integração efetiva 
com o sistema educacional. As coisas melhoraram, mas ainda não chegamos a um patamar de 
excelência, expõe Kuhlmann Júnior (2007).
Os teóricos apontam que nos primeiros anos de vida da criança estão os alicerces de 
todo seu conhecimento e personalidade e, por isso, os documentos oficiais do país propõem 
elementos significativos para o alcance da construção desses alicerces, prevendo a educação de 
um indivíduo global. Ou seja, uma educação significativa e efetiva, apesar de se ter muito o que 
fazer e entender sobre os processos educativos das crianças.
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Figura 7 - Educação Infantil. Fonte: Google Images (2018).
 Há, também, muita mobilização e, inclusive faz parte do Plano Nacional de Educação 
(PNE) – 2014-2024 –, a valorização do profissional da Educação Infantil e das demais áreas. Jul-
gando que este profissional precisa ser incentivado a realizar de forma eficiente, cada vez mais, 
seu trabalho. Um dos grandes incentivos na área é o de formação continuada, que propõe uma 
melhor formação cada dia, não estagnando no tempo. Trazendo propostas novas, conhecimen-
tos novos e atualizações pedagógicas, para que este profissional se esmere e esteja instrumental-
izado corretamente para esta etapa da educação infantil. Vejamos as exigências para a atuação 
do profissional em sala de aula, na Educação Infantil, conforme o Referencial para a Educação 
Infantil:
[…] a formação de docentes para atuar na Educação Básica far-se-á em nível 
superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e 
institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para 
o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries 
do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal 
(BRASIL, 1998).
Assim, caberá às redes de ensino investir na capacitação de seus profissionais oferecendo 
cursos de formação e aproveitando aqueles profissionais que já possuem longos anos de 
experiência nesta área, como formadores daqueles que estão iniciando agora.
 Hoje, a Educação Infantil ganha cada vez mais espaço e importância no segmento que 
representa, pois é reconhecida como aquela que prepara as bases do que será o adulto. Neste 
segmento, o professor assume um papel de mediador entre a criança e o mundo, contando sem-
pre com a participação da família no processo ensino-aprendizagem. Os conteúdos são ensina-
dos de maneira lúdica e interativa, proporcionando o uso dos mais diversos e diferentes mate-
riais pedagógicos e, claro, respeitando a diversidade e o tempo de cada um aprender. Uma coisa 
é fato: na Educação Infantil as crianças receberão todos os estímulos necessários ao seu desen-
volvimento integral e, se a criança não aprender e houver necessidade de encaminhamento para 
profissionais das áreas distintas, como psicopedagogo, psicólogos e neuropediatras, a escola o 
fará, no sentido de garantir a aprendizagem de todos os alunos e proporcionar os atendimentos 
necessários para que isso ocorra.
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Uma das metas do Plano Nacional de Educação refere-se à universalização da 
Educação Infantil. A Meta 1 do PNE 2014-2024 prevê “(...) Universalizar, até 2016, 
a educação infantil na pré-escola para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos 
de idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches, de forma a atender, 
no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das crianças de até 3 (três) anos até o final 
da vigência deste PNE”.
Esse é um grande desafio, pois ainda há muito o que ser feito e garantido às nos-
sas crianças. Precisa haver muita articulação entre Municípios, Estados e União 
para garantir tanto os espaços físicos quanto o recurso humano, com formação 
de qualidade.
3 - ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - ECA
 
O Estatuto da Criança edo Adolescente (ECA) discorre a respeito da especificidade 
do tratamento social e legal oferecido às crianças e adolescentes brasileiros, decorrente da 
Constituição Federal de 1988. Fruto da Lei 8069/90, o ECA prevê maior proteção e cidadania a 
criança e adolescente, sendo reconhecida como uma das melhores do mundo! Neste documento, o 
entendimento de criança é aquele que contempla de zero a doze anos incompletos e adolescentes, 
àqueles que se acharem entre doze e dezoito anos de idade, e, em casos excepcionais, entre dezoito 
a vinte e um anos. Tanto a criança quanto o adolescente com a proposta desta Lei devem usufruir 
dos direitos fundamentais concernentes ao ser humano. 
Por direitos fundamentais entende-se todos os direitos e garantias como igualdade perante 
a lei, o direito à vida, à saúde, à educação, ao trabalho, ao lazer, o direito de ir e vir. Lembrando 
que é dever da família, da comunidade, da sociedade e do poder público a efetivação desses 
direitos. Tanto as crianças como os adolescentes são vulneráveis, frágeis e influenciáveis, não 
possuindo maturidade e conhecimento para serem autônomos e, por isso, precisam de proteção, 
segurança e educação.
O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê que a educação não deve ser somente 
sinônimo do ensino técnico das disciplinas curriculares tradicionais, como português, 
matemática, e outras, mas deve também, estar voltada para a formação de um cidadão preparado 
para exercer sua cidadania, para ter um trabalho qualificado, conforme previsto no Artigo 32 da 
LDB 9394/96, no Parágrafo 5º, que prevê a inclusão de conteúdo que aborde sobre os direitos das 
crianças e dos adolescentes no Currículo do Ensino Fundamental, baseado na Lei nº 8.069/1990.
O ECA prevê uma parceria com a família e a comunidade juntamente com a escola, 
para assegurar que esta Lei seja praticada de forma correta, dando oportunidades educacionais à 
criança e ao adolescente. Salientamos que o Poder Pública se incumbirá de promover a educação 
em todas as suas esferas. Essa parceria educacional com a comunidade e com a família, está 
prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Artigos 12, Inciso VI; 13, Inciso VI; 14, caput 
Inciso II e outros.
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Neste sentido educacional, foi criado um Programa experimental para realizar ações que 
propiciem aos jovens brasileiros entre dezoito e vinte e um anos, elevação do grau de escolaridade, 
inclusive, a conclusão do Ensino Fundamental, preparando-os para a qualificação profissional, 
no intuito de promover ações práticas de cidadania e intervenção social. O nome deste Programa 
é Pro Jovem.
Percebemos que o ECA sancionou o direito de permanência na escola a todos os alunos, 
quer sejam da rede pública ou particular de ensino. A expulsão do aluno do ambiente escolar, que 
antes era permitida quando o aluno cometia infrações graves, como por exemplo, depredação, 
agressão e afins, a partir do ECA não é mais permitida enquanto sanção disciplinar.
Quanto aos direitos propostos pelo ECA, existe também a questão legal quando se aborda 
sobre o acesso e permanência do aluno nos ambientes escolares, entendendo que deverá ser feita 
uma adaptação nas metodologias de ensino para que esta atenda às necessidades pedagógicas de 
cada aluno, em sua especificidade, para que este não desanime e abandone os estudos. A escola 
tem que fazer de tudo para garantir a permanência do aluno no ambiente escolar.
Tanto a Constituição Federal de 1988, quanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
9394/96, e o Estatuto da Criança e do Adolescente 8069/90 asseguram o atendimento em creches 
e pré-escolas à crianças de zero a cinco anos de idade, nos estabelecimentos públicos de ensino 
(a Constituição prevê de zero a seis, mas com as adequações legais, o atendimento ficou de zero 
a cinco, sendo o disposto na Lei 12796/13 a obrigatoriedade de matricular os filhos com quatro 
anos nas Pré-Escolas ou Centros Municipais de Educação Infantil).
Assim, é papel da administração pública municipal a garantia de lugares para o 
atendimento desse público infantil, construindo ambientes educacionais para garantir o que está 
previsto em Lei. Se isso não acontecer, os pais poderão acionar a justiça para que aconteça na 
prática, o que está previsto em Lei. Salientamos que muitas conquistas legais foram adquiridas 
somente quando as pessoas resolveram se manifestar e exigir que fossem cumpridas, como no 
caso da inclusão, por exemplo.
Para os adolescentes, o ECA prevê que poderão estudar a noite, somente quando 
a justificativa for o trabalho, pois na medida do possível, deve-se evitar a matrícula do aluno 
menor em ensino noturno. A justificativa deve ser comprovada, como no caso do Programa 
Governamental Menor Aprendiz, que inicia aos quatorze (14) anos, ou o trabalho regular, aos 
dezesseis (16) anos.
Outro fato que deve ser levado em conta no período noturno, além do fato de ser perigoso 
por si só, é a questão familiar, pois se levarmos em conta que os pais desses alunos trabalham o 
dia todo, será somente à noite que a família terá oportunidade de se confraternizar, mantendo o 
contato familiar em dia. Dessa forma, o estudo noturno diminuiria o contato do adolescente com 
seus familiares, aumentando o índice das más companhias e das influências negativas externas, 
expondo-os ao perigo e, consequentemente, trazendo prejuízos à sua formação.
Consta também, no ECA, que os alunos que estudam de noite e encontram-se em 
defasagem de conteúdo ou distorção idade série, deverá ter uma proposta pedagógica diferenciada, 
ou seja, adaptada para atender a esse público, no intuito de que não desanimem e não desistam do 
ensino, já que a proposta do Governo é universalizar a educação. Assim, tanto o conteúdo como 
o professor deverão ser adaptados para atender de forma satisfatória (metodológica, didática e 
avaliação) esse público que aumenta cada vez mais.
Com relação aos pais que não matriculam seus filhos em idade prevista em Lei, caracteriza-
se um crime, que é denominado de abandono intelectual, ou seja, ao não matricular o filho em 
escolas regulares, o pai/responsável estará privando o filho de aprender. Quanto à penalidade aos 
pais que não matricularem seus filhos, o Artigo 249 do ECA rege que:
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[...] descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao pátrio 
poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinação da 
autoridade judiciária ou Conselho Tutelar: Vigência Pena - multa de três a vinte 
salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência (BRASIL, 
1990).
Neste sentido de aplicação de Lei aos pais que não matricularem seus filhos na idade 
certa, o Código Penal Brasileiro rege em seu Artigo 246 a pena de detenção de 15 dias a um mês 
ou multa.
Quanto ao número exagerado de faltas escolares, quando atingir a cinquenta por cento 
do percentual permitido por lei, a escola deve notificar o Conselho Tutelar, tendo antes disso, 
tomado todas as providências com relação aos contatos familiares, para que a criança retorne à 
escola. O intuito da escola é que não haja evasão escolar e, para isso, deve fazer de tudo, utilizar 
de estratégias diferenciadas para que o aluno não abandone os bancos escolares, principalmente 
os adolescentes e jovens.
Quanto às medidas socioeducativas, estas são aplicadas somente em adolescentes que 
praticam atos infracionais, como depredação, agressão, não devendo ser consideradas como 
penas, pois estas possuem caráter punitivo e as medidas socioeducativas são voltadas para educar 
o adolescente, sendo restritamente pedagógica, no sentido de que não venha mais a cometer tal 
infração. Neste sentido, as medidas socioeducativas devem ser aplicadas de maneira a alcançar 
o adolescente na esfera familiar, de maneira a fortalecer os vínculos familiares, procurandopor soluções menos traumática possível para o adolescente, que deverá ter todo o apoio e 
acompanhamento da família.
Existem os casos de adolescentes infratores que apresentam distúrbios psíquicos, que 
não deverão passar pelas medidas socioeducativas, mas sim serem encaminhados às entidades 
próprias para obterem atendimento especializado aos distúrbios específicos que apresentarem. 
As medidas socioeducativas devem ser aplicadas pelo Juiz, estando presente um representante do 
Ministério Público e os pais do infrator e o infrator. Quando houver reparação de dano a ser feito, 
este deve ser cumprida pelo infrator e não pelos pais ou responsáveis. A reparação pode ser feita 
pela restituição da coisa ou pela entrega da coisa ou o valor da mesma em dinheiro.
Figura 8 - Educação. Fonte: Google Images (2018).
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Selecionamos partes do Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8069/90, que estão 
estritamente ligadas ao campo educacional e que já fizemos algum comentário acima. Vocês 
terão contato, neste sentido, com o que rege a própria Lei:
1 Do direito à educação
Capítulo IV
Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento 
de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, 
assegurando-se-lhes:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - direito de ser respeitado por seus educadores;
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares 
superiores;
IV - direito de organização e participação em entidades estudantis;
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, 
bem como participar da definição das propostas educacionais.
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram 
acesso na idade própria;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, 
preferencialmente na rede regular de ensino;
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo 
a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador;
VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de 
material.
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular 
importa responsabilidade da autoridade competente.
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-
lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsável, pela frequência à escola.
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na 
rede regular de ensino.
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao 
Conselho Tutelar os casos de:
I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos escolares;
III - elevados níveis de repetência.
Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências e novas propostas relativas 
a calendário, seriação, currículo, metodologia, didática e avaliação, com vistas à inserção 
de crianças e adolescentes excluídos do ensino fundamental obrigatório.
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Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores culturais, artísticos e históricos 
próprios do contexto social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade 
da criação e o acesso às fontes de cultura.
Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, estimularão e facilitarão 
a destinação de recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de lazer 
voltadas para a infância e a juventude.
Capítulo V
Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na 
condição de aprendiz. (Vide Constituição Federal)
Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada por legislação especial, sem 
prejuízo do disposto nesta Lei.
Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-profissional ministrada segundo 
as diretrizes e bases da legislação de educação em vigor.
Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos seguintes princípios:
I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular;
II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente;
III - horário especial para o exercício das atividades.
Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegurada bolsa de aprendizagem.
Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são assegurados os direitos 
trabalhistas e previdenciários.
Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado trabalho protegido.
Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno de 
escola técnica, assistido em entidade governamental ou não-governamental, é vedado 
trabalho:
I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia 
seguinte;
II - perigoso, insalubre ou penoso;
III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico, 
psíquico, moral e social;
IV - realizado em horários e locais que não permitam a frequência à escola.
Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho educativo, sob responsabilidade 
de entidade governamental ou não-governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar 
ao adolescente que dele participe condições de capacitação para o exercício de atividade 
regular remunerada.
§ 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em que as exigências 
pedagógicas relativas ao desenvolvimento pessoal e social do educando prevalecem sobre 
o aspecto produtivo.
§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho efetuado ou a participação na 
venda dos produtos de seu trabalho não desfigura o caráter educativo.
Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no trabalho, 
observados os seguintes aspectos, entre outros:
I - respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento;
II - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.
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2 Das medidas socioeducativas
Capítulo IV
Das Medidas Sócio-Educativas - Disposições Gerais
Seção I
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar 
ao adolescente as seguintes medidas:
I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade;
IV - liberdade assistida;
V - inserção em regime de semi-liberdade;
VI - internação em estabelecimento educacional;
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as 
circunstâncias e a gravidade da infração.
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho 
forçado.
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento 
individual e especializado, em local adequado às suas condições.
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e 100.
Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI do art. 112 pressupõe 
a existência de provas suficientes da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a 
hipótese de remissão, nos termos do art. 127.
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicadasempre que houver prova da 
materialidade e indícios suficientes da autoria.
Seção II
Da Advertência
Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que será reduzida a termo e 
assinada.
Seção III
Da Obrigação de Reparar o Dano
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá 
determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do 
dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser substituída 
por outra adequada.
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Seção IV
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas 
de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, 
hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas 
comunitários ou governamentais.
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo 
ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos 
e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à jornada 
normal de trabalho.
Seção V
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais 
adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual poderá ser 
recomendada por entidade ou programa de atendimento.
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a 
qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o 
orientador, o Ministério Público e o defensor.
Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da autoridade competente, 
a realização dos seguintes encargos, entre outros:
I - promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes orientação e 
inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência 
social;
II - supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do adolescente, promovendo, 
inclusive, sua matrícula;
III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua inserção no 
mercado de
trabalho;
IV - apresentar relatório do caso.
Seção VI
Do Regime de Semi-liberdade
Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado desde o início, ou como 
forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas, 
independentemente de autorização judicial.
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que possível, 
ser utilizados os recursos existentes na comunidade.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as 
disposições relativas à internação.
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Seção VII
Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de 
brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da 
entidade, salvo expressa determinação judicial em contrário.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada, 
mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses.
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três anos.
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o adolescente deverá ser 
liberado, colocado em regime de semi-liberdade ou de liberdade assistida.
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização judicial, ouvido 
o Ministério Público.
§ 7º A determinação judicial mencionada no § 1o poderá ser revista a qualquer tempo 
pela autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando:
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa;
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves;
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta.
§ 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá ser superior 
a três meses.
§ 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá ser superior 
a 3 (três) meses, devendo ser decretada judicialmente após o devido processo legal. 
(Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra medida adequada.
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em 
local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de 
idade, compleição física e gravidade da infração.
Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive provisória, serão obrigatórias 
atividades pedagógicas.
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, os seguintes:
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público;
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
IV - ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada;
V - ser tratado com respeito e dignidade;
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio 
de seus pais ou responsável;
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal;
X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade;
XI - receber escolarização e profissionalização;
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o deseje;
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para guardá-los, 
recebendo comprovante daqueles porventura depositados em poder da entidade;
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XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais indispensáveis à 
vida em sociedade.
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita, inclusive de 
pais ou responsável, se existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos 
interesses do adolescente.
Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e mental dos internos, cabendo-
lhe adotar as medidas adequadas de contenção e segurança.
Capítulo V
Da Remissão
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, 
o representante do Ministério Público poderá conceder a remissão, como forma de 
exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e conseqüências do fato, ao contexto 
social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no 
ato infracional.
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela autoridade 
judiciária importará na suspensão ou extinção do processo.
Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação 
da responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir 
eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação 
em regime de semiliberdade e a internação.
Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser revista judicialmente, a 
qualquer tempo, mediante pedido expresso do adolescente ou de seu representante legal, 
ou do Ministério Público.
Título IV
Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:
I - encaminhamentoa programa oficial ou comunitário de proteção à família;
II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a 
alcoólatras e toxicômanos;
III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e aproveitamento 
escolar;
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado;
VII - advertência;
VIII - perda da guarda;
IX - destituição da tutela;
X - suspensão ou destituição do pátrio poder familiar. (Expressão substituída pela Lei nº 
12.010, de 2009) Vigência
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Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos incisos IX e X deste artigo, 
observar-se-á o disposto nos arts. 23 e 24.
Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos 
pais ou responsável, a autoridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o 
afastamento do agressor da moradia comum.
Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a fixação provisória dos alimentos 
de que necessitem a criança ou o adolescente dependentes do agressor. (Incluído pela Lei 
nº 12.415, de 2011)
O Artigo 32 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional rege que: “O ensino 
fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola públi-
ca, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do 
cidadão” (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006).
§ 5º O currículo do ensino fundamental incluirá, obrigatoriamente, conteúdo que 
trate dos direitos das crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei no 
8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do Adolescente, 
observada a produção e distribuição de material didático adequado. (Incluído pela 
Lei nº 11.525, de 2007).
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02
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 28
1 - DO ASSISTENCIALISMO À EDUCAÇÃO ............................................................................................................ 29
2 - O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA ............................................................................................ 34
3 - CRIANÇA: CIDADÃ DO FUTURO! ...................................................................................................................... 40
AS PRINCIPAIS METODOLOGIAS 
ABORDADAS NA EDUCAÇÃO 
INFANTIL
PROF.A MA. SORAIA NUNES MARQUES
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
PRÁTICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
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INTRODUÇÃO
Na Unidade 2, discorreremos sobre o Desenvolvimento Integral da Criança e abordaremos 
sobre a Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, abordando sobre sua finalidade de 
promover o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, 
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.
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1 - DO ASSISTENCIALISMO À EDUCAÇÃO
Originária da França, a palavra creche significa manjedoura. Esse termo foi utilizado há 
mais de duzentos anos para nomear as primeiras instituições designadas para cuidar e abrigar 
crianças pequenas. Durante vários anos as creches tinham uma função de oferecer assistência e 
custódia às crianças necessitadas, segundo Cortes (2017).
Pode-se afirmar que até o final do século XIX predominava uma visão de cunho 
assistencialista às crianças de 0 a 6 anos de idade. Silveira (2010, p. 30) expõe que
[…] devido a necessidade encontrada foram implantadas instituições voltadas 
para o atendimento de crianças, porém o caráter era puramente assistencial, 
havia preocupação com a organização espacial e com a saúde da criança, não 
havia um trabalho de cunho pedagógico, era um trabalho assistencial.
Ou seja, com a saída das mulheres para o mercado de trabalho, houve a necessidade da 
criação das instituições que cuidassem das crianças enquanto seus pais trabalhavam. Por isso, num 
primeiro momento, o que importava era o cuidado que se tinha com as crianças, protegendo-as 
do perigo e dando-lhes de comer e de beber.
Por isso, fica claro que desde o início da implantação dos jardins de infância e das pré-
escolas estavam presentes a preocupação em se criar um espaço para que os filhos pequenos das 
mães que precisavam trabalhar fora, ou seja, as mães pobres, ficassem e se socializassem com as 
demais crianças e tivessem os cuidados necessários à idade.
Pode-se dizer que a criação das primeiras classes de educação infantil estava relacionada 
à questão econômica dos pais do que com a educação destas crianças, propriamente dito. Foi 
só no final do século XIX, com as várias teorias sobre o desenvolvimento da criança e as novas 
descobertas na psicologia com relação a importância da educação nesta faixa etária, é que se 
começou a pensar, para além do assistencialismo, em educar pedagogicamente, essas crianças.
Assim, houve uma necessidade de adaptação deste espaço, repensando-o e capacitando 
profissionais que pudessem atender, pedagogicamente, essas crianças, dando-lhes um cunho 
educativo, mas ainda assistencialista, já que se oferecia comida, bebida e outros cuidados básicos. 
A partir deste contexto, a educação infantil passa a ganhar um novo enfoque na área educacional, 
expõe Ternoski (2011).
Foi só a partir de 1980, com a pressão dos movimentos populares, que as creches 
começaram a ter outra visão com relação ao status de permanência das crianças em seus 
estabelecimentos, diferente da função assistencialista que oferecia. A população exigia que, além 
de cuidar, as creches também exercessem uma função de educar e garantissem a permanência e 
matrícula de crianças de zero a seis anos de idade.
Para que acontecesse tal mudança, alguns fatores sociais do momento foram decisivos 
para a realização desta nova proposta, como o rápido desenvolvimento urbano, a saída da mulher 
para o mercado de trabalho, as reivindicações populares e a própria ideia de infância que já 
vigorava em outros países, que exigiam que a educação das crianças menores fosse explorada ao 
ponto de favorecer o desenvolvimento cognitivo das mesmas, explica Cortes (2017).
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Figura 1 - Creches. Fonte: Google Images (2018).
 Neste contexto, no final da década de 80, foi instituída a Constituição Federal de 1988, 
que seria a sétima versão das Constituições. Esta foi a mais democrática de todas e trouxe con-
quistas extraordinárias para a educação do país. Nesta Constituição foi definida, entre outras 
coisas, a garantia da Educação Infantil às crianças, podendo a família optar por esse atendi-
mento ou não. Neste sentido, houve um grande avanço na proposta de políticas públicas para 
atender à demanda das matrículas nesta etapa da educação, criando e construindo prédios. Para 
além dos espaços físicos, necessitava-se de programas e ações para atender a nova clientela: 
família e criança, agora com direitos garantidos em Lei, informa Cortes (2017).
Promulgado dois anos após a Constituição Federal de 1988, o Estatuto da Criança e do 
Adolescente, Lei 8069/90, veio reafirmar os direitos das crianças e dos adolescentes, já previstos 
em Lei. Esta nova Lei coloca tanto a criança como o adolescente como prioridade nacional. O 
grande avanço em relação à visão assistencialista ou o cuidado, veio com a Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei 9394/96, que em seu Artigo 29 prevê que a Educação 
Infantil “tem como finalidade o desenvolvimentointegral das crianças até cinco anos de idade, 
em seu aspecto físico, psicológico, intelectual e social”. Ou seja, há uma conotação ou um foco na 
questão da educação da criança, passando a haver uma valorização nas atividades realizadas nas 
creches e pré-escolas, integrando o cuidar e o educar.
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A oferta educacional para esta faixa etária garantiu o direito de acesso e permanência nas 
creches e, com isso, todo trabalho realizado no âmbito das creches ou da pré-escola passaram 
a ter uma qualidade diferenciada para beneficiar as crianças em todos seus aspectos cognitivo, 
motor e afetivo. Uma coisa importante que se deve ressaltar é a questão dos espaços físicos das 
creches e pré-escolas, para que favoreçam a aprendizagem e desenvolvimento dos educandos. 
Neste sentido, Rossetti-Ferreira (2001, p. 48) expõe que
[…] todos os ambientes infantis devem promover a identidade pessoal (a 
criança quando leva à creche um objeto pessoal, a sala de aula fica mais 
aconchegante para ela. E isto dá ao educador a chance de trabalhar o saber 
dividir, a cooperação com as crianças. Isso pode ajudar a desenvolverem sua 
individualidade, e consequentemente sua identidade); o desenvolvimento de 
competência (o ambiente infantil deve ser planejado para facilitar o trabalho do 
educador de tal forma que satisfaça as necessidades das crianças promovendo o 
seu desenvolvimento).
Figura 2 - Família. Fonte: Google Images (2018).
Outro fator importante é a participação da família nestes ambientes, entendendo sua 
proposta pedagógica e a realização das atividades, para não acharem que as crianças “só brincam”, 
mas que entendam o papel que a brincadeira exerce no desenvolvimento psicossocial do educando 
e colaborem com esta “brincadeira”.
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As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) estabelecem bases comuns para a Educação 
Infantil, assim como para o Ensino Fundamental e o Médio, assegurando que haja uma integração 
curricular entre essas três etapas da Educação Básica, no sentido de que componham um todo 
orgânico. Aos Municípios cabem o oferecimento da Educação Infantil em Creches e Pré-Escolas, 
bem como o Ensino Fundamental, Primeiro Ciclo. Ao Estado, a incumbência é ofertar o Ensino 
Fundamental, Segundo Ciclo, e o Ensino Médio, coloca Menezes (2017).
Há também, a Lei 11700/2008, no Artigo 4º, Inciso X, que rege a garantia de vaga aos 
alunos da Educação Infantil e Fundamental perto de suas residências, facilitando assim, o acesso 
e permanência de todos na escola. Com esse cuidado todo com os educandos, voltamos à nossa 
discussão sobre o tema cuidar e educar, ou atendimento assistencialista na Educação Infantil. 
Há uma tendência em se acreditar na inseparabilidade do cuidar e do educar na instância da 
educação dos menores, tanto que nas DCNs constam que
[…] cuidar e educar iniciam-se na Educação Infantil, ações destinadas a crianças 
a partir de zero ano, que devem ser estendidas ao Ensino Fundamental, Médio 
e posteriores. Cuidar e educar significa compreender que o direito à educação 
parte do princípio da formação da pessoa em sua essência humana. Trata-se de 
considerar o cuidado no sentido profundo do que seja acolhimento de todos – 
crianças, adolescentes, jovens e adultos – com respeito e, com atenção adequada, 
de estudantes com deficiência, jovens e adultos defasados na relação idade-
escolaridade, indígenas, afrodescendentes, quilombolas e povos do campo 
(BRASIL, 2013, p. 17).
Conforme previsto nas Diretrizes Curriculares Nacionais, a Educação Infantil se apresenta 
com o objetivo de proporcionar o desenvolvimento integral de crianças até cinco anos de idade, 
abarcando seus aspectos físicos, intelectuais, sociais, afetivos e psicológicos, contando com o 
auxílio da família e da comunidade. Um dos fatores a serem levados em conta na formação da 
criança na Educação Infantil, relaciona-se ao seu contexto cultural, devendo ser respeitado em 
toda sua extensão, já que cada ser humano possui contextos socioculturais diferentes, conforme 
Menezes (2017).
Toda a criança que chega à instituição de Educação Infantil deve ser bem acolhida, 
respeitada e amparada, com base no princípio de igualdade, liberdade, diversidade e pluralidade. 
Neste ambiente educacional, deverá ser ofertado à criança estimulação necessária para que se 
promova seu desenvolvimento global, independentemente de suas condições físicas, mentais, 
linguísticas, sensoriais, étnico-raciais, sócio econômicas, religiosa, entre outras, tendo todo 
atendimento necessário dos profissionais da educação, que proporão as mais diversas atividades, 
como brincadeiras e jogos, para que cada um alcance os desenvolvimentos esperados para sua 
faixa etária, expõe Menezes (2017).
A Educação Infantil se apresenta com uma abordagem interdisciplinar, pois atende à 
criança em seus aspectos educativos e dos demais cuidados, não havendo distinção ou importância 
maior entre o educar e o cuidar, já que a criança necessita de ambos cuidados. Essa abordagem 
interdisciplinar contida nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica é entendida 
como cuidar é educar. Neste aspecto estão envolvidos o acolher, o apoiar, o encorajar, o ouvir, o 
cuidar de si, da escola, do outro, do Planeta Terra, enfim, preparar a criança para lidar com gente, 
com o mundo, com suas necessidades, percebendo-as e sendo um agente de transformação no 
seu ambiente.
Para Menezes (2017), ao se educar com cuidado estará se ensinando a criança a amar 
sem dependência, desenvolver a sensibilidade humana da relação que cada um deve ter consigo 
mesmo, o amar a si para amar ao outro, o respeitar-se para respeitar ao outro, buscando de uma 
forma geral, a formação humana plena. Assim,
 
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[…] faz-se necessário compreender que o direito à educação parte do princípio 
da formação da pessoa em sua essência humana. Trata-se de considerar o cuidado 
no sentido profundo do que seja acolhimento de todos – crianças, adolescentes, 
jovens e adultos – com respeito e, com atenção adequada, de estudantes com 
deficiência, jovens e adultos defasados na relação idade-escolaridade, indígenas, 
afrodescendentes, quilombolas e povos do campo (MENEZES, 2017, p. 01).
Tanto as creches quanto as pré-escolas são espaços educacionais em que a criança tem a 
oportunidade de ser desenvolvida em toda sua potencialidade, de forma integral. Por isso, essa 
etapa da Educação Básica deve ser bem trabalhada, explorada e contar com a família com uma 
participação direta nesse processo de aprendizagens de seus filhos, no sentido de que se proporcione 
às crianças um meio social desafiador, com alimentação, saúde, amor, carinho, segurança, em que 
a criança viva e conviva com seus pares e se entenda e se perceba na sociedade em que vive e, 
quando estiver maior, se perceba, também, parte atuante desta sociedade, entendendo esta como 
seu lugar, parte de sua identidade.
O educador e o professor no contexto da Educação Infantil exercem papel primordial, 
sendo eles os responsáveis diretos por todas as aquisições que a criança fizer. Cabe a eles, realizar 
trabalhos pedagógicos bem direcionados, mas para além disso, há que se ter uma empatia, um 
carinho, um vínculo com as crianças com as quais trabalham. É necessário que estes educadores 
percebam as necessidades das crianças, suas possibilidades, tentativas e, a partir daí propor 
atividades que resultem em aprendizagens significativas e autônomas para a vida do infante.
Como a Educação Infantil é ofertada de forma integral, ou seja, oito horas por dia, os 
profissionais da educação passam mais tempo com as crianças que os próprios pais e isso, muitas 
vezes, tem gerado situações controversas por parte dos pais, que pensam que estes

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