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33 - Educação Inclusão e Cidadania-vf

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Prévia do material em texto

Educação, Inclusão e Cidadania 
 
 
 
 
MÉRCIA APARECIDA DA CUNHA OLIVEIRA 
SUELENE REGINA DONOLA MENDONÇA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EDUCAÇÃO, INCLUSÃO 
E 
CIDADANIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Taubaté 
Universidade de Taubaté 
2014 
 
 
 
 
Copyright© 2013. Universidade de Taubaté. 
Todos os direitos dessa edição reservados à Universidade de Taubaté. Nenhuma parte desta publicação pode 
ser reproduzida por qualquer meio, sem a prévia autorização desta Universidade. 
 
Administração Superior 
Reitor Prof.Dr. José Rui Camargo 
Vice-reitor Prof.Dr. Marcos Roberto Furlan 
Pró-reitor de Administração Prof.Dr.Francisco José Grandinetti 
Pró-reitor de Economia e Finanças Prof.Dr.Luciano Ricardo Marcondes da Silva 
Pró-reitora Estudantil Profa.Dra.Nara Lúcia Perondi Fortes 
Pró-reitor de Extensão e Relações Comunitárias Prof.Dr. José Felício Goussain Murade 
Pró-reitora de Graduação Profa.Dra.Ana Júlia Urias dos Santos Araújo 
Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação Prof.Dr.Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira 
Coordenação Geral EaD Profa.Dra.Patrícia Ortiz Monteiro 
Coordenação Acadêmica Profa.Ma.Rosana Giovanni Pires Clemente 
Coordenação Pedagógica Profa.Dra.Ana Maria dos Reis Taino 
Coordenação Tecnológica Profa. Ma. Susana Aparecida da Veiga 
Coordenação de Mídias Impressas e Digitais Profa.Ma.Isabel Rosângela dos Santos Ferreira 
Coord. de Área: Ciências da Nat. e Matemática Profa. Ma. Maria Cristina Prado Vasques 
Coord. de Área: Ciências Humanas Profa.Ma. Fabrina Moreira Silva 
Coord. de Área: Linguagens e Códigos Profa.Dra. Juliana Marcondes Bussolotti 
Coord. da Área: Pedagogia 
Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Gestão e Negócios 
Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Recursos Naturais 
 Revisão ortográfica-textual 
Projeto Gráfico e Diagramação 
Autoras 
 
Unitau – Reitoria 
 
 
Educação a Distância (EaD) 
 Profa. Dra. Ana Maria dos Reis Taino 
Profa. Ma. Márcia Regina de Oliveira 
Profa. Dra. Lídia Maria Ruv Carelli Barreto 
Prof. Me. João de Oliveira 
Ms.Benedito Fulvio Manfredini – Analista de Sistemas 
Mércia Aparecida da Cunha Oliveira 
Suelene Regina Donola Mendonça 
Rua Quatro de Março, 432 - Centro 
Taubaté – São Paulo CEP: 12.020-270 
Central de Atendimento: 0800557255 
Avenida Marechal Deodoro, 605 – Jardim Santa Clara 
Taubaté – São Paulo CEP: 12.080-000 
Telefones: Coordenação Geral: (12) 3621-1530 
 Secretaria: (12) 3625-4280 
 
 Ficha catalográfica elaborada pelo SIBi 
Sistema Integrado de Bibliotecas / UNITAU 
 
 
 
 
 
O482e Oliveira, Mércia Aparecida da Cunha 
Educação, inclusão e cidadania / Mércia Aparecida da Cunha Oliveira; 
Suelene Regina Donola Mendonça. Taubaté: UNITAU, 2010. 
76p. : il. 
 
ISBN 978-85-62326-48-6 
 
Bibliografia 
 
 
1. Educação especial. 2. Educação inclusiva. 3. Alunos com 
necessidades especiais. 4. Cidadania. I. Mendonça, Suelene Regina 
Donola. II. Universidade de Taubaté. III. Título. 
 
http://www.unitau.br/universidade/pro-reitorias/financas-pref/prof-dr-francisco-jose-grandinetti
 
 v 
 
 
PALAVRA DO REITOR 
Palavra do Reitor 
 
 
Toda forma de estudo, para que possa dar 
certo, carece de relações saudáveis, tanto de 
ordem afetiva quanto produtiva. Também, de 
estímulos e valorização. Por essa razão, 
devemos tirar o máximo proveito das práticas 
educativas, visto se apresentarem como 
máxima referência frente às mais 
diversificadas atividades humanas. Afinal, a 
obtenção de conhecimentos é o nosso 
diferencial de conquista frente a universo tão 
competitivo. 
 
Pensando nisso, idealizamos o presente livro-
texto, que aborda conteúdo significativo e 
coerente à sua formação acadêmica e ao seu 
desenvolvimento social. Cuidadosamente 
redigido e ilustrado, sob a supervisão de 
doutores e mestres, o resultado aqui 
apresentado visa, essencialmente, a 
orientações de ordem prático-formativa. 
 
Cientes de que pretendemos construir 
conhecimentos que se intercalem na tríade 
Graduação, Pesquisa e Extensão, sempre de 
forma responsável, porque planejados com 
seriedade e pautados no respeito, temos a 
certeza de que o presente estudo lhe será de 
grande valia. 
 
Portanto, desejamos a você, aluno, proveitosa 
leitura. 
 
 
Bons estudos! 
 
 
 
Prof. Dr. José Rui Camargo 
Reitor 
 
 
vi 
 
 
 
 vii 
Apresentação 
 
 
Caros(as) alunos(as), sejam bem-vindos. 
 
Neste livro-texto, você iniciará os estudos da disciplina “Educação, inclusão e 
cidadania, que compõe os cursos de licenciatura da Universidade de Taubaté, na 
modalidade Educação a Distância. 
 
Diante do contexto atual de discussão sobre as políticas educacionais de inclusão, os 
temas selecionados para este livro-texto são de extrema relevância para sua formação 
pessoal e profissional, uma vez que você terá a oportunidade de conhecer e 
compreender não só os caminhos percorridos e as dificuldades enfrentadas pelas 
pessoas com deficiência, como também os conceitos e as concepções sobre a educação 
especial e inclusiva e as possibilidades de intervenção, para que você atuar, de forma 
efetiva, atendendo às necessidades de pessoas com essa condição. 
 
Seria bom iniciar as abordagens, que neste livro-texto serão feitas, procurando refletir 
acerca de algumas questões, como, por exemplo: O que já sei sobre educação especial e 
inclusão? O que penso a respeito? Será gratificante compartilharmos nossas ideias, 
construirmos e ampliarmos nossos conhecimentos? Então, vamos lá. 
 
viii 
 
 
 ix 
Sobre as autoras 
 
 
MÉRCIA APARECIDA DA CUNHA OLIVEIRA é doutora em Educação: História, 
Política, Sociedade e mestre em Educação: Distúrbios da Comunicação; ambas as 
titulações obtidas na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. É graduada em 
Pedagogia na habilitação: ensino para deficientes da audiocomunicação pela 
Universidade de Taubaté e licenciada em Biologia pela mesma Instituição de ensino 
superior. Foi professora do curso de Pedagogia da Universidade de Taubaté das 
disciplinas referentes à Educação Especial e Educação Inclusiva, à Orientação 
Educacional, à Psicologia Aplicada à Deficiência Mental, à Avaliação e Orientação 
Psicopedagógica para o Deficiente Mental e à Psicologia da Educação. É coordenadora 
do curso de Pós-graduação - Especialização em Psicopedagogia, na Universidade de 
Taubaté e professora dos cursos de Especialização em Gestão Educacional e 
Psicopedagogia na mesma entidade de ensino. Tem experiência de quase 30 anos como 
professora e psicopedagoga no trabalho com alunos portadores de necessidades 
educacionais especiais, decorrentes de deficiências, distúrbios globais do 
desenvolvimento e dificuldades de aprendizagem em escola e clínica particular. Foi 
professora do Ensino Fundamental e Médio de escola pública municipal e estadual. 
Prestou assessoria pedagógica para o projeto de inclusão escolar do aluno surdo e 
formação de professores do sistema de ensino municipal de Taubaté-SP. Coordenou o 
Projeto de atendimento pedagógico aos alunos com necessidades educacionais especiais 
da Universidade de Taubaté. 
 
 
SUELENE REGINA DONOLA MENDONÇA é doutora em Educação: História, 
Política, Sociedade e Mestre em Educação: Psicologia da Educação, ambas as titulações 
obtidas na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. É especializada em 
Psicopedagogia e graduada em Pedagogia, com habilitação no ensino para deficientes 
da audiocomunicação, pela Universidade de Taubaté. É professora (especialista em 
deficiência auditiva) da rede pública estadual há mais de 25 anos, atuando nas classes 
especiais e de recurso. Durante os dez anos atuando como professora da Universidade 
 
x 
de Taubaté, tem lecionado asdisciplinas: Fundamentos da Educação Especial, Didática, 
Psicologia da Educação, Educação de Jovens e Adultos, Coordenação Pedagógica. É 
professora do curso de Pós-graduação - Especialização em Psicopedagogia da 
Universidade de Taubaté. Atuou na área psicopedagógica em clínica particular com 
alunos portadores de necessidades educacionais especiais, decorrentes de deficiências, 
distúrbios globais do desenvolvimento e dificuldades de aprendizagem. 
 
 xi 
Caros(as) alunos(as), 
Caros( as) alunos( as) 
O Programa de Educação a Distância (EAD) da Universidade de Taubaté apresenta-se 
como espaço acadêmico de encontros virtuais e presenciais direcionados aos mais 
diversos saberes. Além de avançada tecnologia de informação e comunicação, conta 
com profissionais capacitados e se apoia em base sólida, que advém da grande 
experiência adquirida no campo acadêmico, tanto na graduação como na pós-graduação, 
ao longo de mais de 35 anos de História e Tradição. 
Nossa proposta se pauta na fusão do ensino a distância e do contato humano-presencial. 
Para tanto, apresenta-se em três momentos de formação: presenciais, livros-texto e Web 
interativa. Conduzem esta proposta professores/orientadores qualificados em educação a 
distância, apoiados por livros-texto produzidos por uma equipe de profissionais 
preparada especificamente para este fim, e por conteúdo presente em salas virtuais. 
A estrutura interna dos livros-texto é formada por unidades que desenvolvem os temas e 
subtemas definidos nas ementas disciplinares aprovadas para os diversos cursos. Como 
subsídio ao aluno, durante todo o processo ensino-aprendizagem, além de textos e 
atividades aplicadas, cada livro-texto apresenta sínteses das unidades, dicas de leituras e 
indicação de filmes, programas televisivos e sites, todos complementares ao conteúdo 
estudado. 
Os momentos virtuais ocorrem sob a orientação de professores específicos da Web. Para 
a resolução dos exercícios, como para as comunicações diversas, os alunos dispõem de 
blog, fórum, diários e outras ferramentas tecnológicas. Em curso, poderão ser criados 
ainda outros recursos que facilitem a comunicação e a aprendizagem. 
Esperamos, caros alunos, que o presente material e outros recursos colocados à sua 
disposição possam conduzi-los a novos conhecimentos, porque vocês são os principais 
atores desta formação. 
Para todos, os nossos desejos de sucesso! 
Equipe EAD-UNITAU 
 
xii 
 
 
 xiii 
Sumário 
 
Palavra do Reitor .............................................................................................................. v 
Apresentação .................................................................................................................. vii 
Sobre as autoras ............................................................................................................... ix 
Caros(as) alunos(as) ........................................................................................................ xi 
Ementa .............................................................................................................................. 1 
Objetivos ........................................................................................................................... 2 
Introdução ......................................................................................................................... 3 
Unidade 1. Os aspectos filosóficos, culturais, sociais, educacionais, políticos e legais 
da educação especial no processo de inclusão.................................................................. 5 
1.1 Marcos históricos: definindo a educação especial até o processo de inclusão ........... 5 
1.2 Política educacional brasileira da educação especial na perspectiva da educação 
inclusiva .......................................................................................................................... 10 
1.3 Síntese da Unidade ................................................................................................... 21 
1.4 Atividades ................................................................................................................. 22 
1.5 Para saber mais ......................................................................................................... 23 
Unidade 2. Cidadania e educação inclusiva: diferença e diversidade ........................... 25 
2.1 A questão da conceituação da deficiência: deficiência, incapacidade, desvantagem 
e necessidades especiais ................................................................................................. 26 
2.2 O direito de ser, sendo diferente, na escola: quem são os diferentes? ...................... 28 
2.3 Diversidade, diferença, deficiência, necessidades especiais .................................... 30 
2.4 Síntese da unidade .................................................................................................... 32 
2.5 Atividades ................................................................................................................. 32 
2.6 Para saber mais ......................................................................................................... 32 
Unidade 3. Inclusão escolar de alunos com necessidades educacionais especiais ......... 35 
3.1 Alunos atendidos pela educação especial ................................................................. 37 
3.2 Currículo escolar para a diversidade ........................................................................ 38 
3.3 O cotidiano na sala de aula ....................................................................................... 43 
3.4 Avaliação inclusiva................................................................................................... 44 
3.5 Sintese da Unidade ................................................................................................... 47 
3.6 Atividades ................................................................................................................. 48 
 
xiv 
3.7 Para saber mais ......................................................................................................... 48 
Unidade 4. Conhecendo a diversidade dos alunos na escola .......................................... 49 
4.1 Alunos com deficiência ............................................................................................ 49 
4.1.1 Surdez/deficiência auditiva.................................................................................... 49 
4.1.2 Indivíduos parcialmente surdos e indivíduos surdos ............................................. 50 
4.1.3 Períodos de aquisição da surdez ............................................................................ 51 
4.1.4 Graus de perda auditiva ......................................................................................... 52 
4.1.5 Aparelhos/dispositivos de amplificação sonora .................................................... 53 
4.1.6 Educação de surdos ............................................................................................... 55 
4.1.7 Filosofia do ensino dos surdos .............................................................................. 56 
4.1.8 Língua Brasileira de Sinais - Libras ...................................................................... 58 
4.2 Alunos com transtornos globais do desenvolvimento .............................................. 60 
4.2.1 Transtorno de deficit de atenção e hiperatividade (TDAH) .................................. 60 
4.2.2 Dificuldades de aprendizagem............................................................................... 64 
4.3 Síntese da Unidade ................................................................................................... 72 
4.4 Atividades ................................................................................................................. 724.5 Para saber mais ......................................................................................................... 72 
Referências ..................................................................................................................... 75 
Referências complementares .......................................................................................... 78 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
ORGANIZE-SE!!! 
Você deverá usar de 3 
a 4 horas para realizar 
cada Unidade. 
Educação, Inclusão e 
Cidadania 
 
 
 
 
 
Ementa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EMENTA 
 
 
Os aspectos filosóficos, políticos e legais da Educação Especial na 
perspectiva da inclusão. Cidadania e Educação Inclusiva. Diferença e 
diversidade. A importância da família e da comunidade no 
desenvolvimento do ensino inclusivo. Currículo e diversidade. 
Intervenções e estratégias pedagógicas para o atendimento às 
necessidades especiais. Avaliação inclusiva, orientação para o trabalho 
no contexto inclusivo. 
 
 
 
 
 
22 
 
Objetivo Geral 
Este livro-texto tem por objetivo geral propiciar aos participantes do curso os 
fundamentos da educação inclusiva, quanto aos aspectos históricos, políticos 
e pedagógicos, tendo em vista a efetiva inclusão dos alunos com necessidades 
educacionais especiais. 
 
 
Obj eti vos 
Objetivos Específicos 
 Proporcionar aos alunos de graduação (licenciaturas) a compreensão 
da educação especial, considerando os diferentes momentos históricos 
e sociais; 
 Possibilitar a ampliação de suas reflexões sobre as políticas públicas 
de inclusão; 
 Possibilitar o conhecimento e a identificação de alguns tipos de 
deficiência para que possam atuar junto aos alunos deficientes 
inseridos nas classes comuns dos sistemas de ensino; 
 Estimular, formando continuamente e valorizando o professor para a 
tarefa da aprendizagem dos alunos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
Introdução 
 
 
 
Atualmente, inclusão é a palavra de ordem nos diversos setores da sociedade. Os meios 
de comunicação – imprensa falada, escrita e televisiva – têm apresentado, de diversas 
maneiras, o tema inclusão, por meio de discussões, entrevistas e ações quem vêm sendo 
desenvolvidas em favor da inclusão social de pessoas com necessidades educacionais, 
seguindo as orientações legais do Ministério da Educação, publicadas e disponíveis na 
Internet. 
Dentre os meios de comunicação, a mídia televisa se destaca apresentando-nos os mais 
diferentes programas e as mais diferentes histórias de vida de pessoas que apresentam 
algum tipo de deficiência, as formas de discriminação e preconceito em relação a elas e 
os trabalhos educacionais que vêm sendo realizados com o objetivo de incluir essas 
pessoas na sociedade. 
Também encontramos trabalhos de pesquisa, relatos de experiência de inúmeros casos 
de pessoas com deficiências que conseguem estudar, concluir os mais diferentes cursos, 
chegando, até mesmo, aos níveis mais elevados do ensino, como o ensino superior e a 
pós-graduação. 
As mensagens veiculadas pela televisão, muitas vezes, têm procurado mostrar que a 
deficiência é apenas uma dimensão da personalidade humana e, portanto, as pessoas 
deficientes são também dotadas de capacidades que podem ser desenvolvidas por meio 
de atendimento educacional especializado, contemplando a escolarização e a formação 
profissional, para que elas sejam incluídas na sociedade. O que queremos dizer é que a 
sociedade precisa mudar sua forma de pensar e entender a deficiência e as pessoas com 
deficiência, isto é, não tomar a parte pelo todo e perceber as inúmeras possibilidades de 
superação das dificuldades oriundas da deficiência, como, por exemplo, surdez, 
cegueira, intelectualidade, multideficiência, transtornos do desenvolvimento, dentre 
outros. 
 
 
 
44 
 
Também nos meios escolares a inclusão tem sido a palavra de ordem: todos parecem 
concordar e defender o direito à educação de todas as crianças, independentemente de 
suas condições pessoais decorrentes de deficiências ou não. De um lado se defende a 
democratização do ensino, de outro lado é comum o discurso do despreparo da escola, 
dos gestores e dos professores do ensino comum para receber em grupo/classe alunos 
com deficiência. 
Para alcançar os objetivos propostos, este livro-texto será divido em cinco unidades. 
Na Unidade I, discutiremos os aspectos filosóficos, culturais, sociais, educacionais, 
políticos e legais que fundamentaram a educação especial e o processo de inclusão. 
Na Unidade II, desenvolveremos e focaremos os aspectos relacionados à cidadania e à 
educação inclusiva, bem como a questão dos conceitos de deficiência, incapacidade e 
desvantagem; dos direitos das pessoas diferentes. Também definiremos os termos 
diversidade, diferença, deficiência, necessidades especiais e suas relações com 
educação. 
Na terceira Unidade, será abordado o tema inclusão escolar de alunos com necessidades 
especiais: currículo e diversidade, intervenções e estratégias pedagógicas para o 
atendimento das necessidades específicas dos alunos e avaliação inclusiva. 
Na Unidade IV, será aprofundada a questão da diversidade, esclarecendo o que são 
alunos com necessidades educacionais especiais e alunos com deficiências (surdez, 
cegueira e deficiência visual, surdo-cegueria, deficiência intelectual, múltipla 
deficiência, deficiência física (paralisia cerebral ou deficiência neuromotora), além dos 
transtornos globais do desenvolvimento (autismo, síndrome de Asperger), além de 
serem tratados o transtorno de deficit de atenção e a hiperatividade (TDAH). Os 
conhecimentos sobre alunos com altas habilidades/superdotação e alunos com 
dificuldades de aprendizagem também serão expostos nessa Unidade. 
 
 
 
 
55 
 
Unidade 1 
Unidade 1 . Os aspectos filosóficos, culturais, 
sociais, educacionais, políticos e legais 
da educação especial no processo de 
inclusão 
 
 
1.1 Marcos históricos: definindo a educação especial até o 
processo de inclusão 
Como mencionamos na introdução deste livro-texto, o tema inclusão, atualmente, está 
presente nos mais diferentes setores da sociedade e, sobretudo, na escola. Parece existir, 
hoje, um consenso de que todos, independente de suas características individuais, têm 
os mesmos direitos. Mas nem sempre foi assim. Em épocas remotas, as pessoas que se 
diferenciavam dos demais, devido as suas anormalidades físicas ou mentais, eram 
desvalorizadas e desprezadas pelas diversas culturas, por isso é importante que se 
reporte à história para tomar conhecimento de como as pessoas com deficiências eram 
tratadas. 
As deficiências sempre existiram em todas as culturas, etnias e níveis socioeconômicos. 
Os valores vigentes em cada momento histórico é que vão determinar as relações entre 
as pessoas deficientes e a sociedade. 
Segundo diversos autores, praticamente não existem registros, em Roma e na Grécia 
antigas, sobre a caracterização da relação entre sociedade e deficiência; mas, a partir da 
literatura da época e dos escritos bíblicos, é possível identificar passagens que nos 
permitem fazer inferências sobre a natureza e os procedimentos dessa relação 
(MEC/SEESP, 2000, p. 8). 
 
 
 
 
66 
 
A seguir, vamos apresentar a você como eram a economia e a organização sociopolítica 
na Antiguidade: 
Antiguidade 
Em Roma e na Grécia antigas, a economia baseava-se nas atividades da produção e do 
comércio agrícola, pecuário e artesanal. 
Nesse período da história, a vida em sociedade caracteriza-se pela existência de dois 
agrupamentos sociais: o da nobreza, que detinha o poder social, político e econômico, e 
o do populacho, considerado sub-humano, que dependia economicamente dos nobres. 
O populacho trabalhava e produzia e a nobreza usufruía dos produtos para consumo 
próprio e para comercialização. Quem produzia ficava com assobras que a nobreza 
desprezava. Nesse tipo de organização social, o valor de um homem era concedido pela 
nobreza, à medida que fosse capaz de atender a seus próprios desejos e as suas 
necessidades. 
Assim, nesse contexto, a pessoa com deficiência era abandonada à própria sorte, sem 
que isso representasse um problema ético ou moral. 
De acordo com Bueno (2004) e Lemos (1981), em épocas passadas os deficientes 
encontraram muitas dificuldades. Os deficientes físicos, por exemplo, além de serem 
colocados entre os demais deficientes, recebiam designações pejorativas (coxo, aleijado, 
perneta, maneta). Os que apresentavam deficiência não eram vistos como pessoas, mas 
como objetos, e, como tal, podiam ser usados, dispostos e expostos, conforme a vontade 
alheia. As pessoas com deficiência eram praticamente exterminadas por meio do 
abandono. 
Você deve estar pensando que hoje isso não acontece mais, não é mesmo? Será? Você 
já assistiu ao filme “O homem elefante”? Vale a pena assisti-lo para você ter uma ideia 
de como eram tratadas as pessoas com deficiência. É mostrada nesse filme a história do 
inglês John Merrick (John Hurt) e o tratamento a ele dispensado, em virtude das 
deformidades físicas que apresentava. 
 
 
 
77 
 
Idade Média 
A economia nesse período, no ocidente, continuou de acordo o período anterior, 
baseada nas atividades de agricultura, pecuária e artesanato. Entretanto, na organização 
político-administrativa, houve uma significativa mudança. 
Com a difusão do cristianismo e o consequente fortalecimento da Igreja Católica, o 
clero (padres e bispos) acabou assumindo o poder social, político e econômico, ou seja, 
a Igreja Católica se apropriou do conhecimento já produzido e dominou as ações da 
nobreza, passando a comandar toda a sociedade. 
E em relação ao povo, houve mudança? 
Da mesma forma que no período anterior, o povo continuou na produção de bens e 
serviços, na constituição dos exércitos e na contribuição para o enriquecimento do clero 
e da nobreza, permanecendo sem o direito de participar de decisões administrativas da 
sociedade. 
Nesse período, as atitudes para com os deficientes eram de proteção e compaixão. As 
pessoas deficientes não podiam mais ser exterminadas, pois passaram a ser consideradas 
como criaturas de Deus. Foram, então, acolhidas em conventos ou igrejas, sob condição 
ambígua. Por um lado, a deficiência era a marca da punição divina, expiação dos 
pecados; por outro lado, era a manifestação do poder sobrenatural, significando o 
privilégio de acesso às verdades que não estavam ao alcance da maioria. No entanto, 
alguns continuaram, como na Antiguidade, a ser objetos de diversão (bobos da corte) e 
de exposição. 
Idade Moderna 
Na chamada Idade Moderna (de 1453 até 1789), ocorreu a Revolução Francesa, que se 
deu no âmbito das ideias, derrubando as monarquias, destruindo a hegemonia religiosa, 
implantando uma nova forma de produção denominada capitalismo mercantil (primeira 
forma de capitalismo). Foi nesse contexto que teve início a formação dos estados 
modernos e surgiu uma nova forma de divisão social do trabalho – os que detinham os 
 
 
 
88 
 
meios de produção e os operários (que passaram a viver com a venda de sua força de 
trabalho). 
Nesse período, a deficiência passou a ser explicada segundo uma ótica mais natural. A 
deficiência era de natureza orgânica, produto de causas naturais e não mais causada por 
fatores espirituais, transcendentais. Sendo assim, começou a ser tratada por meio da 
alquimia, da magia e da astrologia, que eram métodos da medicina que se iniciava. 
Os avanços no conhecimento produzido na área da Medicina fortaleceram a tese da 
organicidade, ampliando a compreensão da deficiência como processo natural. 
Essa nova visão da deficiência fez com que surgissem ações de tratamento médico das 
pessoas com deficiência. 
Assim, entendemos que, na realidade, não se pode falar em avanço e sim em retrocesso, 
pois tais instituições eram, e muitas vezes ainda o são, pouco mais do que prisões. No 
entanto, a medicina evoluiu, produziu e sistematizou novos conhecimentos, como 
também outras áreas do conhecimento. Consequentemente, novas informações foram 
dadas sobre a deficiência, sua etiologia, seu funcionamento e seu tratamento. 
Nesse momento, os conventos e asilos e, depois, hospitais psiquiátricos, constituíram-se 
em locais de confinamento e não de tratamento de pessoas com deficiência. Permanecia, 
portanto, o isolamento (agora em lugar específico) das pessoas portadoras de 
deficiência. 
Novamente a ambiguidade aparece. Ao lado dos avanços científicos em busca de 
maiores esclarecimentos sobre as deficiências, as pessoas eram retiradas do convívio 
social e das suas comunidades de origem para viver em instituições residenciais 
segregadas ou em escolas especiais localizadas em lugares distantes de suas famílias. 
A educação especial na sociedade moderna 
Para Bueno (1997), as referências sobre educação especial consideram o século XVIII 
como marco definitivo no esforço da sociedade moderna no sentido de proporcionar 
educação especializada compatível com a necessidade das crianças deficientes. 
 
 
 
99 
 
A expansão da Educação Especial, iniciada no século XVIII, foi assumindo, no decorrer 
do século XX, proporções cada vez maiores, no sentido de atingir uma 
institucionalização como subsistema significativo dentro do sistema educacional na 
maioria dos países. 
Quando teve início o atendimento às pessoas com deficiências no Brasil? 
No Brasil, o atendimento às pessoas com deficiências teve início com a criação do 
Imperial Instituto dos Meninos Cegos (atual Instituo Benjamin Constant), em 1854, e do 
Instituto de Surdos-Mudos (atual Instituto Nacional para Educação de Surdos - INES), 
em 1857, ambos no Rio de Janeiro. Iniciou-se também o tratamento de deficientes 
mentais no Hospital Psiquiátrico da Bahia, em 1874, e com a criação do pavilhão 
Bourneville no Hospital D. Pedro II. Em 1926, foi fundado o Instituto Pestalozzi, 
destinado ao atendimento de deficientes mentais. A primeira Associação de Pais e 
Amigos dos Excepcionias – APAE foi fundada em 1954 e o primeiro atendimento 
educacional especializado voltado às pessoas com superdotação foi criado em 1945, por 
Helena Antipoff, na Sociedade Pestalozzi. 
Dessa forma, a deficiência mental foi assumindo primazia, não só pelo maior número de 
instituições a ela dedicadas, mas pela preocupação que se foi adquirindo em relação à 
deficiência mental, em virtude da preocupação com a eugenia da raça. 
O surgimento das primeiras entidades privadas de atendimento aos deficientes mentais 
espelha o início de duas tendências importantes da Educação Especial no Brasil: a 
inclusão dessa modalidade de educação no âmbito das instituições filantrópico-
assistenciais e a sua privatização. 
Além do surgimento das entidades privadas, a rede pública escolar começou a se 
preocupar com isso, como decorrência da influência que a psicologia passou a ter na 
determinação dos processos de ensino por meio dos testes psicométricos (legitimação e 
segregação do aluno diferente). 
Conforme Bueno (2004), a grande expansão do setor privado voltado para o 
atendimento aos deficientes ocorreu entre 1960 e 1970, o que influenciou as políticas de 
 
 
 
1100 
 
educação e a qualificação técnica das equipes de algumas entidades assistenciais e das 
empresas que prestavam serviços de alto nível. 
Essa ampliação foi importante para a distinção entre as entidades filantrópico-
assistenciais, destinadas aos deficientes pertencentes às famílias dos segmentos menos 
favorecidos da sociedade, que não podiam arcar financeiramente com a reabilitação e 
educação de seus filhos. As empresas prestadoras de serviços de reabilitação se 
destinavam aos deficientes de elevado poder aquisitivo. Isso, segundo Bueno (2004, p. 
120), “representou a concretização do processode privatização que ocorreu no país nos 
campos da saúde e da educação”. 
 
1.2 Política educacional brasileira da educação especial na 
perspectiva da educação inclusiva 
Você pôde perceber, pelas informações expostas até aqui, como foi difícil a caminhada 
das pessoas com deficiência em direção à conquista de direitos iguais aos de todas as 
outras. Neste subitem, apresentaremos alguns dos dispositivos legais que foram 
elaborados, no decorrer do tempo, com a finalidade de garantir os direitos das pessoas 
com deficiência, bem como corrigir distorções de interpretações das leis. 
Apresentaremos também os documentos internacionais que provocaram mobilizações 
em favor da educação inclusiva. 
Como acontece em qualquer contexto de mudança, é comum surgirem perguntas. 
Assim, você deverá estar se perguntando: Por que colocaram o aluno deficiente no 
ensino regular? Não seria melhor para ele permanecer na classe especial, pois lá há 
professores especializados que saberão como ensiná-lo? O que eu, professor, farei com 
os alunos com deficiência presentes em minha sala se nunca fui preparado para 
trabalhar com eles? Meus alunos “normais” não serão prejudicados se colocados com 
um aluno deficiente? Não sou especializado, não sei ensinar um aluno com necessidades 
especiais. Além do mais, minha sala é superlotada. Diante disso, o que farei com os 
outros alunos? Será que irão aprender? 
 
 
 
1111 
 
Esses são alguns questionamentos que refletem as representações dos professores a 
respeito das diferenças entre os alunos. Essa forma de pensamento incide 
significativamente na atuação dos professores juntos aos alunos com deficiências. Se 
esses alunos não são capazes de aprender e o professor de ensinar, o processo ensino-
aprendizagem certamente ficará prejudicado em relação ao desempenho dos alunos. 
Para você poder entender melhor a trajetória da conquista dos direitos das pessoas 
diferentes, temos que retroceder um pouco no tempo. Vamos lá? 
Tudo começou com a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948. 
A Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1948, proclamou a Declaração Universal 
dos Direitos Humanos, na qual reconhece, no seu Art. 1, que "Todos os seres humanos 
nascem livres e iguais, em dignidade e direitos”, e no seu Art. 2, “sem distinção alguma, 
nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou 
outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra 
situação". Em seu Art. 7, proclama que "todos são iguais perante a lei e, sem distinção, 
têm direito a igual proteção da lei". No Art. 26, proclama, no item 1, que "toda pessoa 
tem direito à educação”. 
De maneira geral, essa Declaração assegura a todos os mesmos direitos à liberdade, à 
vida digna, à educação fundamental, ao desenvolvimento pessoal e social e à livre 
participação na vida da comunidade. Dentre esse todos, estão as pessoas com 
necessidades educacionais especiais. 
Apesar do reconhecimento dos direitos iguais de todas as pessoas à educação, muitos 
anos se passaram até que a educação das pessoas com necessidades educacionais 
especiais (denominadas excepcionais na época) fosse contemplada e regulamentada por 
lei. 
Então, vamos juntos, conhecer alguns pontos relevantes de documentos e leis vigentes 
no Brasil, que fundamentam a atual política educacional da educação inclusiva. 
 
 
 
1122 
 
É importante que nos conscientizemos da importância de se conhecer os dispositivos 
legais que, no Brasil, determinam, definem e orientam a organização da educação 
especial na educação básica, para que possamos refletir sobre os aspectos positivos, as 
conquistas, as limitações e os inúmeros desafios ainda a serem vencidos em suas 
aplicações. 
A questão da inclusão de alunos com necessidades especiais é uma preocupação 
recente? 
No Brasil, o atendimento educacional às pessoas com deficiências passou a ser 
fundamentado em 1961, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
(LDBEN), número 4.024/61, que dispunha sobre o direito dos excepcionais, 
preferencialmente, dentro do sistema geral de ensino. 
Será que, a partir dessa Lei, a situação escolar dos alunos com deficiência ficou 
resolvida? 
Na realidade, a LDBEN número 4.024/61 não foi cumprida, pois não promoveu a 
organização de um sistema escolar que fosse capaz de atender às necessidades 
específicas dos alunos. 
A criação e a ampliação das escolas especiais e das classes especiais no sistema 
público de ensino fizeram com que a educação especial se constituísse num 
subssistema da educação geral, um sistema de educação separado, para onde 
deveriam ir aqueles alunos com deficiência física, mental, ou com atraso considerável 
quanto à idade regular de matrícula, além dos superdotados. 
Você sabe o que aconteceu em decorrência disso? 
Com isso, reforçou-se o encaminhamento de alunos para as escolas e classes 
especiais. 
Você sabe qual foi o agravante desse procedimento? 
 
 
 
1133 
 
Tanto nas escolas como nas classes especiais, a porta de entrada era muito larga, mas a 
porta de saída era muito estreita. Assim, os alunos que eram encaminhados para esses 
atendimentos especializados permaneciam ali por muitos anos, sem ultrapassar os anos 
iniciais do ensino fundamental (BUENO, 1999) e, portanto, sem condições de 
prosseguir os estudos para que pudessem se preparar e conquistar seu espaço no 
mercado de trabalho. 
A ampliação e a criação de classes e escolas especiais culminaram, em 1970, com a 
criação de serviços de Educação Especial em todas as Secretarias Estaduais de 
Educação e, em 1973, com a criação do Centro Nacional de Educação Especial 
(CENESP), que era a instância responsável pela educação especial no Brasil. 
A Lei número 4.024/61 foi alterada pela Lei número 5.692/71, que definiu o tratamento 
especial para os alunos com as já citadas deficiências, reforçando o seu 
encaminhamento para escolas e classes especiais. 
Segundo Glat e Ferreira (2004), o período compreendido entre o início dos anos 70 e 
início da década de 80 foi marcado pelo processo de institucionalização da Educação 
Especial nos sistemas públicos de ensino. Trata-se de amplas reformas educacionais 
promovidas pelos governos militares. A Educação Especial foi incluída nos planos 
setoriais do governo, promovendo o desenvolvimento nas redes escolares e nos 
programas de formação de profissionais. 
Ainda na década de 80, ocorreu a redemocratização do país e os partidos de oposição 
conseguiram chegar aos governos dos estados mais importantes do Brasil. Nesse 
contexto, ocorreram reformas importantes das políticas educacionais no âmbito 
estadual, que foram favoráveis à universalização do acesso e à democratização do 
ensino básico e público. Foi a época dos ciclos básicos e das escolas de tempo integral, 
dentre outras iniciativas que tentavam reverter o quadro do fenômeno do fracasso 
escolar, colocando em xeque o ensino da chamada Educação Especial. 
Mas, felizmente, muitas pessoas continuaram lutando pelos direitos daqueles que, por 
serem diferentes, permaneciam à margem da sociedade sem que seus direitos fossem 
respeitados. 
 
 
 
1144 
 
A luta pelos direitos das pessoas com deficiência foi um dos destaques dos movimentos 
sociais da época e culminou com a aprovação da nova Constituição do Brasil em 1988, 
que reafirmou o direito de todos à educação. 
Vejamos, então, o que determina a Constituição em favor das pessoas com deficiência. 
A Constituição de 1988 assume o princípio da igualdade como pilar fundamental de 
uma sociedade democrática e justa. Em seu Art. 205, está proclamado que a educação é 
um direito de todos e dever do estado e da família. 
No Art. 206 consta que o ensino será ministrado com base nos seguinte princípio: 
igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola. 
No Art. 208 consta que o dever do Estado com a Educação será efetivadomediante a 
garantia de atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, 
preferencialmente na rede regular de ensino. 
De acordo com Glat e Ferreira (2004), no Brasil a discussão sobre a construção da 
escola inclusiva foi intensificada nos anos 90, no contexto das reformas educacionais, 
principalmente, da Educação Básica desenvolvida sob a influência de movimentos e 
políticas internacionais, voltadas para a ampliação do acesso à escola fundamental das 
populações dos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento (educação para todos). 
Nesse sentido, na década de 90, foram elaborados documentos internacionais, oriundos 
de conferências que influenciaram de maneira significativa as políticas públicas da 
educação inclusiva de diversos países, inclusive do Brasil. 
Em nosso país, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei número 8069/90, em 
seu Capítulo IV, Art. 54, inciso III, dispõe: “É dever do Estado assegurar à criança e ao 
adolescente portadores de deficiência atendimento educacional especializado, 
preferencialmente na rede regular de ensino”. 
Em março de 1990, o Brasil participou da Conferência Mundial sobre Educação para 
Todos, em Jomtien, Tailândia, na qual foi proclamada a Declaração de Jomtien. Nessa 
Declaração, os países reforçam (sim, reforçam, pois não foi a primeira discussão sobre 
 
 
 
1155 
 
a universalização da educação) a ideia de que "a educação é um direito fundamental de 
todos, mulheres e homens, de todas as idades, no mundo inteiro". Declararam, também, 
entender que a educação é de fundamental importância para o desenvolvimento das 
pessoas e da sociedade, sendo um elemento que "pode contribuir para conquistar um 
mundo mais seguro, mais sadio, mais próspero e ambientalmente mais puro, e que, ao 
mesmo tempo, favoreça o progresso social, econômico e cultural, a tolerância e a 
cooperação internacional". 
Reconhecendo a necessidade e urgência de providenciar educação para as crianças, 
jovens e adultos com necessidades educacionais especiais dentro do sistema regular de 
ensino, o Brasil, embora não estivesse presente, apoiou as propostas da Conferência 
Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais em Salamanca (Espanha, 1994). 
Essa Conferência deu origem à Declaração de Salamanca, que reafirma o 
compromisso já assumido anteriormente para com a educação para todos. 
Esse evento contou com a participação de delegados de 88 governos e 25 organizações 
internacionais, com o objetivo de estabelecer princípios, políticas e práticas na área das 
necessidades educativas especiais. Entre outros aspectos, é proclamado no documento 
que: 
 toda criança tem direito fundamental à educação e deve lhe ser dada a 
oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem; 
 toda criança tem características, interesses, habilidades e necessidades de 
aprendizagem que são únicos; sistemas educacionais deveriam ser 
designados e programas educacionais deveriam ser implementados no 
sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais características e 
necessidades. 
Na Declaração de Salamanca, as crianças com necessidades educacionais especiais 
devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-las dentro de uma Pedagogia 
centrada na criança, capaz de satisfazer tais necessidades. 
Escolas regulares que tenham tal orientação inclusiva constituem o meio mais eficaz de 
combater atitudes discriminatórias. Tais escolas proveem uma educação efetiva à 
maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia 
de todo o sistema educacional. 
 
 
 
1166 
 
O documento aponta para o papel da escola: ela é que deve se adaptar para atender às 
necessidades de todos os seus alunos e não o contrário. 
O documento orienta ainda que as escolas deveriam acomodar todas as crianças 
independentemente de suas condições (física, intelectual, social, emocional, linguística 
etc). Deveriam incluir crianças deficientes e superdotadas, crianças de rua e que 
trabalham, crianças de origem remota ou de população nômade, crianças pertencentes a 
minorias linguísticas, étnicas ou culturais, e crianças de outros grupos desvantajados ou 
marginalizados. Tais condições geram uma variedade de diferentes desafios aos 
sistemas escolares. 
Segundo o documento, muitas crianças experimentam dificuldades de aprendizagem e, 
portanto, têm necessidades educacionais especiais em algum ponto durante a sua 
escolarização. 
Nessa perspectiva, cabe às escolas buscar formas diversificadas para educar tais 
crianças de modo bem sucedido, incluindo aquelas que tenham desvantagens severas. 
”O mérito de tais escolas não reside somente no fato de que elas sejam capazes de 
prover uma educação de alta qualidade a todas as crianças; o estabelecimento de tais 
escolas é um passo crucial no sentido de modificar atitudes discriminatórias, de criar 
comunidades acolhedoras e de desenvolver uma sociedade inclusiva” (DECLARAÇÃO 
DE SALAMANCA, 1994). 
Para que o aluno seja realmente incluído, é necessário que todas as suas necessidades 
sejam efetivamente atendidas. Este é o desafio das escolas inclusivas. 
A Lei 9394/96, das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) em vigor, 
dedica o capítulo V à educação especial, definindo-a no Art. 58: “Entende-se por 
educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, 
oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de 
necessidades especiais”. 
Em seu Art. 59, inciso I, dispõe que os sistemas de ensino assegurarão aos educandos 
com necessidades especiais: currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e 
 
 
 
1177 
 
organização específica, para atender às suas necessidades. Cabe ressaltar, que não 
está sugerindo a elaboração de um novo currículo, mas sim que o oferecido aos demais 
alunos seja adaptado às suas necessidades. No inciso II, dispõe que deve ter uma 
terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a 
conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências; e que deve haver 
aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados. No 
inciso III, dispõe que os professores devem ter especialização adequada, em nível médio 
ou superior, para atendimento especializado, bem como os do ensino regular devem 
estar capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns. 
Vale destacar que a LDBN 9364/96 apresenta alguns avanços com relação ao 
atendimento e apoio dos alunos com necessidades especiais, especialmente no que diz 
respeito a garantir aos alunos o acesso à escola comum e a permanência nela. A escola 
comum deverá remover barreiras que impeçam a frequência desses alunos no espaço 
social chamado escola. 
O atendimento educacional especializado é uma forma de garantir que sejam 
reconhecidas e atendidas as particularidades de cada aluno com deficiência, ”como por 
exemplo o ensino da Língua Brasileira de Sinais, do código Braille, o uso de recursos de 
informática e outras ferramentas tecnológicas, além de linguagens que precisam estar 
disponíveis nas escolas comuns para que elas possam atender com qualidade aos alunos 
com e sem deficiência” (FAVERO et al., 2007, p. 26). 
Percebe-se que a legislação atual garante aos alunos com necessidades especiais que os 
currículos, os métodos e as técnicas de ensino sejam organizados de maneira especifica 
a fim de atender às necessidades desses alunos. 
Nesse contexto de mudança, a Resolução 02/01, do Conselho Nacional de Educação - 
CNE/CEB número 02/2001, instituiu as Diretrizes Nacionais para a Educação 
Especial na Educação Básica, que manifesta o compromisso do país com o desafio de 
construir coletivamente as condições para atender bem à diversidade de seus 
alunos. 
A Resolução determina que: 
 
 
 
1188 
 
- o atendimento escolar dos alunos com necessidadeseducacionais 
especiais terá início na educação infantil, nas creches e nas pré-escolas, 
assegurando-lhes os serviços de educação especial sempre que se evidencie, 
mediante avaliação e interação com a família e a comunidade, necessidade 
de atendimento educacional especializado; 
- a educação especial é uma modalidade da educação escolar, definida por 
uma proposta pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais 
especiais, organizados na instituição para apoiar, complementar, 
suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, 
de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das 
potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educacionais 
especiais, em todas as etapas e modalidades da educação básica; 
- os educandos com necessidades educacionais especiais são aqueles que, 
durante o processo educacional, necessitarem que algum tipo de 
atendimento diferenciado; 
- as escolas da rede regular de ensino devem prever e prover a organização de 
suas classes comuns e da educação especial capacitados e especializados, 
respectivamente, para o atendimento às necessidades educacionais dos 
alunos. 
- as flexibilizações e adaptações curriculares que considerem o significado 
prático e instrumental dos conteúdos básicos e metodológicos de ensino, dos 
recursos didáticos diferenciados e dos processos de avaliação adequados ao 
desenvolvimento dos alunos que apresentam necessidades educacionais 
especiais devem estar em consonância com o projeto pedagógico da escola, 
respeitando a frequência obrigatória; 
- a acessibilidade aos conteúdos curriculares, mediante a utilização de 
linguagens e códigos aplicáveis (como o sistema Braille e a língua de 
sinais), deve ser assegurada no processo educativo de alunos que 
apresentam dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos 
demais educandos, sem prejuízo do aprendizado da língua portuguesa, 
facultando- lhes e as suas famílias a opção pela abordagem pedagógica que 
julgarem adequada, ouvidos os profissionais especializados em cada caso. 
A Lei 10.172/01 aprovou o Plano Nacional de Educação cujos objetivos se resumem a 
quatro pontos: 
 elevação do nível de escolaridade da população; 
 
 
 
1199 
 
 melhoria da qualidade da educação; 
 democratização educacional, em termos sociais e regionais; 
 democratização da gestão do ensino público. 
Quanto à educação das pessoas com necessidades educacionais especiais, o Plano 
Nacional de Educação estabelece vinte e oito objetivos e metas, dentre os quais 
destacamos: 
 a formação inicial e continuada dos professores para atendimento às 
necessidades dos alunos; 
 a disponibilização de recursos didáticos especializados de apoio à 
aprendizagem nas áreas visual e auditiva; 
 a articulação das ações de educação especial com a política de educação 
para o trabalho; 
 o incentivo à realização de estudos e pesquisas nas diversas áreas 
relacionadas com as necessidades educacionais dos alunos. 
Já mencionamos que a concretização do reconhecimento dos direitos das pessoas com 
deficiências não tem sido fácil, mas muitos países tem se preocupado com inclusão 
social escolar dessas pessoas. Tanto é assim que, em 7 de junho de 1999, ocorreu a 
Convenção interamericana para a eliminação de todas as formas de discriminação 
contra as pessoas portadoras de deficiência (Convenção de Guatemala), reiterando 
que as pessoas portadoras de deficiência têm os mesmos direitos humanos e a mesma 
liberdade fundamentais e que estes direitos, inclusive o direito de não serem submetidas 
à discriminação com base na deficiência, emanam da dignidade e da igualdade que são 
inerentes a todo ser humano. 
Assim, a Convenção de Guatemala teve por objetivo prevenir e eliminar todas as formas 
de discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência e propiciar a sua plena 
integração à sociedade. 
Nessa esteira, 
[O] o Brasil é signatário desse documento, que foi aprovado pelo 
Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo nº 198, de 13 de 
2001, e promulgado pelo Decreto nº 3.956 de 8 de outubro de 2001, 
da Presidência da Republica, portanto, no Brasil, ele tem tanto valor 
quanto uma lei ordinária, ou até mesmo (de acordo com o 
entendimento de alguns juristas) como norma constitucional, já que se 
 
 
 
2200 
 
refere a direitos e garantias fundamentais da pessoa humana, estando 
acima de leis, resoluções e decretos” (FAVERO et al., 2007, p. 29). 
Assim, a promulgação do Decreto Lei no. 3956/01 surge com a força de uma nova lei, 
que tem como objetivo revogar ou complementar disposições anteriores. Nesse caso, 
esse documento exige uma reinterpretação da LDBEN, que, se mal interpretada, pode 
admitir diferenciações com base na deficiência, que sugerem restrições ao acesso de um 
aluno com deficiência ao mesmo ambiente que os demais colegas sem deficiência. 
Para os efeitos desta Convenção, 
[O] o termo "deficiência" significa uma restrição física, mental ou 
sensorial, de natureza permanente ou transitória, que limita a 
capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida 
diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico e social 
(CONVENÇÃO DE GUATAMALA, 1999). 
O termo discriminação, em relação às pessoas portadoras de deficiência, significa toda 
diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência, em antecedente de 
deficiência, em consequência de deficiência anterior ou em percepção de deficiência 
presente ou passada, que tenha o efeito ou propósito de impedir ou anular o 
reconhecimento, gozo ou exercício, por parte das pessoas portadoras de deficiência, de 
seus direitos humanos e suas liberdades fundamentais. 
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é reconhecida pela Lei 10436/02 como meio 
legal de comunicação e expressão de comunidades de pessoas surdas do Brasil, 
conforme observa-se no parecer do texto abaixo: 
[E] entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de 
comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza 
visual-motora, com estrutura gramatical própria, constitui um sistema 
linguístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades 
de pessoas surdas do Brasil (BRASIL, Lei 10436/02). 
Também o estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Educação, no sentido de 
atender às especificidades do alunado em questão, reconhece o atendimento de alunos 
com necessidades especiais nas escolas da rede estadual de ensino. Esse atendimento 
está previsto na Resolução da SE nº 95, de 21 de novembro de 2000. Consta no seu 
Art. 7º: 
[C] consideradas as especificidades regionais e locais, com o objetivo 
de viabilizar gradativamente o disposto na presente resolução, serão 
 
 
 
2211 
 
organizados Serviços de Apoio Pedagógico Especializado (SAPEs), 
no âmbito da Unidade Escolar, por solicitação desta, com anuência da 
Diretoria de Ensino e da respectiva Coordenadoria de Ensino. 
A Resolução SE nº 038/2009 dispõe sobre a admissão de docentes com qualificação em 
Libras nas escolas da rede estadual de ensino. 
 
1.3 Síntese da Unidade 
Nesta Unidade, vimos que até que se desse o reconhecimento dos direitos das pessoas 
com deficiências ou com necessidades educacionais especiais e o advento da educação 
inclusiva, elas sofreram toda ordem de maus tratos: extermínio, exibição pública, 
isolamento em hospitais e asilos. Vimos também que, mesmo tendo seus direitos 
reconhecidos, essas pessoas continuaram segregadas em escolas e classes especiais. 
Ficou claro que o fortalecimento e o aumento do número das instituições especializadas, 
de caráter filantrópico assistencial, influenciaram as políticas de educação e a 
preparação de pessoal para trabalhar tanto em entidades assistenciais como nas 
empresas que prestavam serviços à população de deficientes. 
Nem mesmo a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – 
LDBEN, Leino. 4.024/61, que contemplou em seu texto o direito à educação dos 
deficientes (excepcionais), de preferência dentro do sistema comum de ensino, foi capaz 
de promover a organização de um sistema escolar para atender às necessidades 
especificas dos alunos. 
A educação especial no Brasil acabou se constituindo como um subssistema da 
educação geral, um sistema de educação separado, que segregava aqueles alunos com 
deficiências físicas, mentais, com atraso considerável quanto à idade regular de 
matrícula e aqueles alunos superdotados. Os alunos que foram para as escolas e classes 
especiais, apesar de permaneceram muitos anos nessa modalidade de ensino, não 
conseguiram ultrapassar os anos iniciais do ensino fundamental, conforme Bueno 
(1999). 
 
 
 
2222 
 
Com a redemocratização do país na década de 80, as reformas das políticas 
educacionais no âmbito estadual e a democratização do ensino básico e público, a 
educação especial passou a ser questionada. 
Os movimentos sociais pelos direitos das pessoas com deficiência tiveram êxito com a 
aprovação da Constituição do Brasil, em 1988, devido ao fato de ela ter afirmado o 
direito de todos à educação, fazendo referências às pessoas com deficiências. A partir 
daí, outros dispositivos legais foram fundamentais para a consolidação dos direitos 
dessas pessoas: o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), a Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional – LDBEN nº 9394/96, os decretos e as resoluções que 
dispõem, determinam e orientam a organização escolar. Destacam-se, ainda, os 
documentos internacionais, oriundos de conferências, como, por exemplo, a Declaração 
Mundial do Direito de Todos à Educação (1990), a Declaração de Salamanca (1994) e a 
Convenção de Guatemala (1999). 
 
1.4 Atividades 
 
1- Em relação a pessoas com necessidades especiais, relate suas experiências 
(pensamentos, sentimentos), pontuando o que você acha dessas pessoas e como reage 
diante delas. 
2- Após ter assistido ao filme O Homem elefante, discuta o tema com seus amigos e 
aponte as contribuições do filme para a sua formação pessoal e docente. Em grupo, 
responda às seguintes questões: O que você entende por educação inclusiva? O que é 
necessário para que ela ocorra? Quais os desafios enfrentados na educação inclusiva? 
3- Em grupo, responda às seguintes questões: O que você entende por educação 
inclusiva? O que é necessário para que ela ocorra? Quais os desafios enfrentados na 
educação inclusiva? 
4- Leia o texto da DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, sobre princípios, políticas e 
práticas na área das Necessidades Educativas Especiais (disponível em 
 
 
 
2233 
 
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf) e destaque no texto 
palavras-chave que, a seu ver, representem o conjunto de ideias principais do tópico 
em questão 
5- Visite a página http://siau.edunet.sp.gov.br/ItemLise/arquivos/11-08.HTM e pesquise 
o que vem a ser Serviço de Apoio Pedagógico (SAPE). 
6- Entre no fórum e discuta com seus colegas o processo de inclusão. 
 
 
1.5 Para saber mais 
Livro 
EDLER-CARVALHO, R. A nova LDB e a educação especial. Rio de Janeiro: WVA, 
1997. 
 
Sites 
http://www.anped.org.br/reunioes/27/gt15/t1510.pdf 
Neste site, você encontrará discursos políticos sobre inclusão e políticas públicas de 
educação especial no Brasil. 
 
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/fundamentacaofilosofica.pdf 
 
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12907:legisl
acoes&catid=70:legislacoes 
 
http://lise.edunet.sp.gov.br/sislegis/detresol.asp?strAto=200906190038 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm acesso em 14/01/2010 
 
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/fundamentacaofilosofica.pdfs 
 
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12907:legisl
acoes&catid=70:legislacoes 
 
Nestes sites, você encontrará legislações referentes à educação especial. 
 
Filme 
Para você ter uma ideia de como os deficientes eram tratados em épocas passadas, 
assista ao filme O homem elefante. Título original The elephant man. Drama 
http://siau.edunet.sp.gov.br/ItemLise/arquivos/11-08.HTM
 
 
 
2244 
 
americano de 1980 com 118 minutos de duração. No filme, é contada a história de John 
Marrick (John Hurt), um cidadão da Inglaterra vitoriana. Ele é acometido pelo caso 
mais grave já registrado de neurofibromatose múltipla. Com 90% de seu corpo 
deformados, passou a ser exibido em circos. Foi considerado um débil mental pela sua 
dificuldade de falar, até ser descoberto por um médico, Frederick Treves (Anthony 
Hopkins) que o levou para o hospital onde trabalhava. 
Video 
A declaração universal dos direitos humanos (1948) 
O vídeo está disponível no site http://www.youtube.com/watch?v=cs5-
rbwUGQQ&feature=related. Com certeza, o seu conteúdo lhe trará conhecimento para a 
efetuação de grande reflexão a respeito do tema neste livro-texto abordado. 
 
 
 
 
 
 
 
2255 
 
Unidade 2 
Unidade 2 . Cidadania e educação inclusiva: 
diferença e diversidade 
Antes de prosseguirmos com nossos estudos, que tal recapitularmos a Unidade I? 
Como você viu na Unidade I, desenvolvemos os aspectos filosóficos, culturais, sociais, 
educacionais, políticos e legais da educação especial até o advento do processo de 
inclusão social de pessoas com deficiência. Vimos que, no decorrer da história, as 
concepções sobre essas pessoas se modificaram, dependendo dos valores vigentes nas 
diferentes sociedades. 
Na Antiguidade, por exemplo, as pessoas deficientes foram maltratadas, segregadas e 
isoladas do convívio familiar e social por serem consideradas inaptas e incapazes para 
exercer qualquer função na sociedade, em decorrência do defeito que apresentavam. Na 
moderna sociedade industrial, cujas características principais eram a produtividade e 
homogeneidade (BUENO, 1996), essas pessoas eram consideradas improdutivas e 
atrapalhavam a nova organização social; assim foram segregadas em asilos, escolas e 
classes especiais. 
No entanto, havia, por parte de algumas pessoas, a preocupação com a inclusão desses 
indivíduos, tanto na família, como na escola e na sociedade. Como consequência dessa 
preocupação, surgiram movimentos de grande repercussão mundial como a Conferência 
Mundial de Educação para Todos, em 1990, em Jonteim, Tailândia e a Conferência 
Mundial de Educação Especial, em 1994, em Salamanca (Espanha), que defenderam a 
inclusão dessas pessoas. No Brasil, foram aprovados vários dispositivos legais, 
amparando a organização de um sistema educativo inclusivo e oferecendo fundamentos 
para que isso fosse possível, como, por exemplo, a Constituição do Brasil (1988), o 
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, 1990), a Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional (LDB no. 9393/96), entre outros. 
 
 
 
2266 
 
Após essa breve recapitulação, abordemos a Unidade 2, cujos objetivos são: definir 
quem são os diferentes e esclarecer alguns conceitos como deficiência, incapacidade, 
desvantagem, diversidade, diferença e necessidades especiais. 
 
2.1 A questão da conceituação da deficiência: deficiência, 
incapacidade, desvantagem e necessidades especiais 
Iniciemos este subitem com duas questões: Você já parou para pensar no 
significado de deficiência? Ter deficiência é ter incapacidade? 
As definições de deficiência divergem em consequência das diferenças culturais, das 
atitudes e dos valores e da organização da sociedade. Muitas expressões estão 
desgastadas e carregadas de preconceitos, como é o caso de “doente”, “excepcional”, 
anormal”. Em 1980, segundo Ribas (1995), a Organização Mundial da Saúde (OMS) 
estabeleceu uma distinção entre três condições físicas e mentais com a classificação 
internacional dos casos de: 
impedimento (do inglês impairment): relaciona-se a uma alteração (dano ou lesão) 
psicológica, fisiológica ou anatômica em um órgãoou estrutura do corpo humano; 
deficiência (disability): está ligada a possíveis sequelas que restringem a execução de 
uma atividade; 
incapacidade (handicap): relacionada aos obstáculos encontrados pela pessoa com 
deficiência e sua interação com a sociedade. 
De acordo com a OMS, deficiência é uma anomalia de estrutura ou de aparência do 
corpo humano e do funcionamento de um órgão ou sistema, independentemente de sua 
causa, tratando-se em princípio de uma perturbação de tipo orgânico. 
No Decreto Federal nº 3.956/2001, deficiência está definida como “uma restrição física, 
mental ou sensorial, de natureza permanente ou transitória, que limita a capacidade de 
 
 
 
2277 
 
exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diária, causada ou agravada pelo 
ambiente econômico e social”. 
Dica 
Ao se referir a uma pessoa com deficiência, evite palavras como “defeituoso”, 
“incapacitado” ou “inválido”. Da mesma forma, pessoas sem deficiência podem ser 
chamadas de “comuns” ou “sem deficiência”, mas não de “normais”, afinal este é um 
conceito muito relativo e polêmico. 
E o que significa incapacidade? 
A incapacidade reflete as consequências da deficiência no âmbito funcional e da 
atividade do indivíduo, representando, desse modo, uma perturbação no plano pessoal. 
 E desvantagem, o que é? 
A desvantagem refere-se às limitações experimentadas pelo indivíduo em virtude da 
deficiência e da incapacidade, refletindo-se, portanto, nas relações do indivíduo com o 
meio e na sua adaptação. 
IMPORTANTE 
 A OMS (Organização Mundial da Saúde) é uma das organizações mais 
importantes que trabalham continuamente com a definição geral da deficiência. 
Desde 1980, a Classificação Internacional de Deficiências, Incapacidades e 
Desvantagens (ICIDH) tem sido o mais importante sistema de classificação no 
processo de compreender e definir a deficiência; 
 Evite supervalorizar a pessoa, com deficiência, bem sucedida (a que supera 
limitações). Nem todos têm as mesmas oportunidades e quem não as teve pode se 
sentir inferior. 
Em tempo de inclusão, quando se reafirma e se defende os direitos de todas as pessoas, 
direitos esses dispostos na Constituição Brasileira de 1988, como ficam os termos 
mencionados anteriormente? Essa é uma questão bem complicada, pois, nos próprios 
 
 
 
2288 
 
dispositivos legais encontram-se diferentes termos para nos referirmos às pessoas que 
apresentam algum tipo de deficiência. 
 
2.2 O direito de ser, sendo diferente, na escola: quem são os 
diferentes? 
A alma dos diferentes é feita de uma luz além. Sua estrela tem 
moradas deslumbrantes que eles guardam para os poucos 
capazes de os sentir e entender. Nessas moradas estão tesouros 
da ternura humana dos quais só os diferentes são capazes. Não 
mexa com o amor de um diferente. A menos que você seja 
suficientemente forte para suportá-lo depois (Arthur da 
Távola). 
Você já parou para pensar sobre o que é ser diferente? 
Quando se discute a questão da inclusão, é necessário, em primeiro lugar, aceitar que os 
seres humanos, pelo simples fato de serem pessoas, são diferentes entre si. 
Podemos citar algumas diferenças, sem, no entanto, esgotar o assunto. Há, por exemplo, 
uma variedade enorme de diferenças físicas. Muitas são determinadas pela genética, 
como a cor dos olhos, a cor e o tipo de cabelo, a cor da pele, a altura etc. Outras são 
determinadas pela interação da genética com o meio ambiente, como ser gordo ou 
magro (excesso ou escassez de alimento). Outras, ainda, são influenciadas pela cultura. 
Também, existem diferenças entre as pessoas na forma de sentir, pensar, agir, aprender, 
interesses e necessidades. 
Segundo Bueno (1996), a institucionalização da educação especial oportunizou às 
pessoas deficientes acesso à educação. Elas eram excluídas na medida em que as escolas 
e as classes especiais não lhes eram destinadas. Assim, eram excluídas do sistema 
educacional comum, por apresentarem deficits em uma ou mais dimensões da 
personalidade humana: intelectual, sensorial ou física, que as faziam diferentes dos 
demais alunos. A escola, por sua vez, baseada no princípio da homogeneidade, não 
sabia trabalhar com os diferentes e suas diferenças. 
 
 
 
2299 
 
PARA VOCÊ REFLETIR 
O direito à educação não restringe o acesso. A educação precisa ter qualidade de tal forma que garanta 
que todos os alunos aprendam e se desenvolvam como pessoas. Para que isso seja possível, é 
imprescindível assegurar a igualdade de oportunidades, proporcionando a cada um o que necessita, em 
função de suas características e necessidades individuais. 
 
Na esteira da homogeneidade, os alunos que fugiam do padrão ou do ideal de aluno 
esperado pelos profissionais da educação eram excluídos da escola e, mais tarde, 
excluídos do mercado de trabalho, devido à falta de escolarização. 
Você saberia dizer quem são os diferentes na escola? 
Podemos encontrar resposta para essa pergunta na Declaração de Salamanca (1994). O 
princípio fundamental do Marco de Ação da Conferência Mundial sobre Necessidades 
Especiais (Salamanca, 1994) indica, segundo Guijarro (2005), que 
todas as escolas devem acolher a todas as crianças, 
independentemente de suas condições pessoais, culturais ou sociais; 
crianças deficientes e superdotados/altas habilidades, crianças de rua, 
minorias étnicas, lingüísticas ou culturais, de zonas desfavorecidas ou 
marginalizadas, o qual traça um desafio importante para os sistemas 
escolares (GUIJARRO, 2005, p. 7). 
Você percebeu que as diferenças podem estar nas condições pessoais, como, por 
exemplo, na presença de deficiência, de altas habilidades/superdotação; mas também 
podem ser decorrentes de outros fatores que são externos à criança: como as condições 
de vida, origem social, segmento social a que pertence, cultura, raça, entre outros. 
De acordo com a Declaração de Salamanca (1994), 
[C] cada criança tem características, interesses, capacidade e 
necessidades de aprendizagem que lhe são próprios, e todos os 
sistemas educacionais devem ser projetados e os programas aplicados 
de modo que tenham em vista toda a gama dessas diferentes 
características e necessidades (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 
1994, p. 16). 
Assim, os desafios que se apresentam às escolas inclusivas são vários: garantir a todas 
as crianças igualdade de oportunidades e completa participação, contribuir para uma 
educação mais personalizada, fomentar a solidariedade entre todos os alunos e melhorar 
a relação custo-benefício de todo o sistema educacional. 
 
 
 
3300 
 
 
Figura 2.1 – Mostragem da diversidade 
Fonte: http://3.bp.blogspot.com/_HfZ-
kGV6AlY/RzNYspr_W-
I/AAAAAAAAAFA/KrH6-g4WpcI/s1600-
h/incl_socialP.gif. 
Acesso em 29 fev. 2010. 
 
 
Figura 2.2 – A escola recepcionando a 
diversidade 
Fonte: Erro! A referência de hiperlink 
não é válida.. 
Acesso em 29 fev. 2010. 
2.3 Diversidade, diferença, deficiência, necessidades especiais 
E a questão da diversidade? 
Hoje, é comum você ouvir que é preciso 
contemplar a diversidade da escola. O 
que significa isso? 
A diversidade que se encontra na escola 
diz respeito às características de seus 
alunos. Necessidades educacionais, por 
exemplo, podem ser identificadas em 
diversas situações representativas de 
dificuldades de aprendizagem, como 
consequência de condições individuais, 
econômicas ou socioculturais dos 
alunos. Assim, podemos encontrar na 
escola, segundo consta no MEC (2005, p. 41): 
- crianças com condições físicas (deficiência física, paralisia cerebral), intelectuais 
(deficit intelectual ou habilidades altas/superdotação) sociais, emocionais e sensoriais 
(cegueira/baixa visão; surdez/deficiência auditiva) diferenciadas; 
- crianças com deficiência e bem dotadas; 
- crianças que trabalham ou vivem nas ruas; 
- crianças de minorias linguísticas, étnicas ou 
culturais; 
- crianças de grupos desfavorecidos oumarginalizados; 
- crianças de populações distantes ou nômades. 
Nesse sentido, está pressuposto na atenção à 
diversidade dos alunos na escola que as adequações 
curriculares podem atender às suas necessidades 
http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://2.bp.blogspot.com/_-hHNnJOLXxs/Stjlc6YYfiI/AAAAAAAABLA/eGskUECG5do/s320/Escola.jpg&imgrefurl=http://somosglbt.blogspot.com/2009_10_01_archive.html&usg=__ArmQR2CqBzBjdCwCU4We2nrbvSo=&h=281&w=320&sz=28&hl=pt-BR&start=5&um=1&itbs=1&tbnid=RCCpP8m1lGixwM:&tbnh=104&tbnw=118&prev=/images?q=diversidade+na+escola&um=1&hl=pt-BR&sa=N&rlz=1T4ADFA_pt-BRBR371BR371&ndsp=20&tbs=isch:1
 
 
 
3311 
 
particulares de aprendizagem. 
Assim, uma escola que se quer inclusiva busca consolidar o respeito às diferenças, e as 
diferenças não são vistas como obstáculos para o desenvolvimento da ação educativa, 
podem e devem ser vistas como fatores de enriquecimento. 
O que significa necessidades educacionais especiais? Por que surgiu tal expressão? 
Necessidades especiais é uma expressão que pode ser usada para se referir a crianças e 
jovens cujas necessidades decorrem de sua elevada, ou não, dificuldade para aprender. 
Está associada às dificuldades de aprendizagem, mas não é necessariamente uma 
dificuldade vinculada à deficiência. Quer dizer: a criança ou o jovem pode ter 
dificuldades para aprender, mas não é necessariamente deficiente. 
Mas preste atenção: o atendimento educacional especializado é destinado aos alunos 
com deficiência. 
Se nos reportarmos à história da educação especial, vamos encontrar diversos termos 
utilizados no âmbito escolar para designar a pessoa com deficiências intelectual, física, 
sensorial: idiota, imbecil, aleijado, excepcional, subnormal, superdotado, incapacitado 
etc. Esses termos tinham efeitos negativos. O termo necessidades educacionais especiais 
surgiu para evitar os efeitos negativos dos termos utilizados anteriormente e tem o 
propósito de deslocar o foco do aluno e direcioná-lo para as respostas educacionais que 
eles requerem, evitando-se, assim, enfatizar as suas condições pessoais que podem 
interferir no processo de escolarização (ensino-aprendizagem). 
Ao se falar em necessidades educacionais especiais, desloca-se o foco do aluno para as 
condições da escola. Em outras palavras, em vez de se pensar nas dificuldades 
específicas do aluno, procura-se pensar no que a escola pode fazer para dar respostas às 
necessidades do aluno. 
 
 
 
 
3322 
 
2.4 Síntese da unidade 
Nesta Unidade, procuramos oferecer alguns esclarecimentos sobre as diferentes 
terminologias usadas na referência às pessoas que, por alguma razão, desviam-se do 
padrão estipulado como desejável dentro de uma sociedade. Vimos que, muitas vezes, 
os termos deficiência, incapacidade, desvantagem, diversidade, diferença e necessidades 
especiais são usados como sinônimos. Vimos, por exemplo, que nem sempre uma 
deficiência gera uma incapacidade e que as desvantagens podem ser decorrentes das 
condições socioambientais. A diversidade é uma condição natural entre as pessoas, 
incluindo aquelas que têm deficiência. Na Unidade seguinte, você encontrará mais 
elementos para compreender melhor o tema aqui abordado ficará sabendo quem são os 
alunos com Necessidades Educacionais Especiais. 
 
2.5 Atividades 
1- Leia a DECLARAÇÃO DE SALAMANCA (1994), linha de ação sobre necessidades 
educacionais especiais, e destaque as novas ideias sobre as necessidades 
educacionais especiais. 
2- Você já vivenciou alguma situação em que tivesse de fazer algumas mudanças ou 
adaptações para atender às necessidades especiais de alguém? Descreva como foi e 
como se sentiu (pode ser uma situação vivenciada na escola ou num espaço não 
escolar). 
 
2.6 Para saber mais 
 
Sites 
http://www.youtube.com/watch?v=clS0a02UvCU&feature=related 
Trata-se de um vídeo que mostrará a diversidade que aqui abordamos. 
http://www.youtube.com/watch?v=v7S06iN5P34&feature=related 
 
 
 
3333 
 
Este site disponibiliza os vídeos Diversidades culturais e Diversidade: convivendo 
com as diferenças. Assistir a esses vídeos o fará compreender melhor o tema em 
questão. 
Livros 
Viva as diferenças, de João Baptista Ribas, editora Moderna (1995). 
 
 
 
 
 
 
3344 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3355 
 
Unidade 3 
Unidade 3 . Inclusão escolar de alunos com 
necessidades educacionais especiais 
 
Na Unidade 2, definimos alguns termos que estão presentes hoje no discurso 
educacional para se referir às pessoas que têm algum tipo de necessidade educacional 
especial. 
Esta Unidade tem por objetivos procurar esclarecer quem são os alunos atendidos pela 
educação especial, tratar do currículo e das estratégias pedagógicas para atender às suas 
necessidades especiais e da avaliação que deve ser realizada em consonância com os 
princípios da inclusão. 
Antes de definir quem são os alunos atendidos pela educação especial, é preciso 
entender o que é educação especial. 
Conforme a Resolução nº 2 do Conselho Nacional de Educação, de 11 de setembro de 
2001, que instituiu diretrizes para a educação especial na educação básica, Art. 3º, 
[P] por educação especial, modalidade da educação escolar, entende-
se um processo educacional definido por uma proposta pedagógica 
que assegure recursos e serviços educacionais, organizados 
institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em 
alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a 
garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das 
potencialidades dos educandos que apresentam necessidades 
educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades da educação 
básica. 
Como sabemos, o Brasil vem tomando providências e realizando ajustes necessários a 
esse respeito, com o objetivo de garantir o acesso dos alunos com necessidades 
educacionais especiais ao sistema regular de ensino, assim como garantir a sua 
permanência. 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional utilizava a terminologia Educação 
Especial, que até pouco tempo, por uma interpretação talvez equivocada, era vista como 
 
 
 
3366 
 
uma educação a parte. Na verdade, essa faceta da Educação Especial é a mais 
conhecida, levando à organização de escolas separadas, chamadas de especiais ou 
especializadas (por isso, segundo Bueno (1996), trata-se, na verdade, de um ensino 
segregado). Elas substituíam o ensino regular. 
Atualmente, sob uma nova leitura, a Educação Especial ou o Atendimento Educacional 
Especializado (AEE) tem sido entendido como apoio e complemento “destinado a 
oferecer aquilo que há de específico na formação de um aluno com deficiência” 
(FÁVERO, 2007, p. 17) em todos os seus níveis e as suas modalidades, ou seja, desde a 
educação infantil até o ensino superior. 
Você pode estar se perguntando: Mas então não existe mais educação especial, já que 
todos os alunos deverão frequentar o ensino regular? 
Os alunos com deficiência deverão ser matriculados no ensino regular e a Educação 
Especial ou Atendimento Educacional Especializado deverá disponibilizar recursos 
educacionais e estratégias de apoio a esses alunos, de acordo com as necessidades de 
cada um. Assim, a educação especial é uma forma de tratamento diferenciado que leva à 
inclusão e não à exclusão de direitos (FÁVERO, 2007, p. 20). 
O AEE é uma forma de garantir que sejam reconhecidas e atendidas as especificidades 
de cada aluno com deficiência. Os alunos com deficiência frequentam a classe de ensino 
regular em um período e em outro são inscritos no Atendimento Educacional 
Especializado (sala de recursos). 
Esse atendimento destina-se às pessoas com surdez, deficiência física, deficiência 
mental, deficiência visual. São consideradas matérias do AEE: Língua Brasileira de 
Sinais, Língua Portuguesa para surdos, código Braille, orientação e mobilidade, 
utilização do soroban,

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