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RESUMO CAPÍTULOS 1 A 15 DE FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL, CELSO FURTADO.

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Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade - FACE 
Departamento de Economia – ECO 
 
 
Disciplina: Formação Econômica do Brasil 
Docente: Profa. Dra. Tânia Paes 
Estudante: Luiz Eduardo de Campos Fiorucci Matrícula: 202036302 
 
PROVA 1 (4,0 pontos) 
 
Discorra sobre o antigo sistema colonial, desde a chegada dos portugueses à América, século 
XV, até o advendo da economia da mineração, século XVIII. Destaque fatos históricos, 
motivações, os ciclos, suas relações e as transformações econômicas e sociais coloniais. 
Dialogue, em especial, com a interpretação furtadiana sobre o período. 
 
 
 
Boa prova! 
 
Regras: 
Limite de 5 páginas, mínimo 3 páginas 
Formatação: 
Fonte: Times New Roman 
Tamanho: 12 
Espaçamento entre linhas: 1,5 linhas 
Espaçamento do parágrafo: 6pt antes e 6pt depois 
Entregar até dia 08/09/2021 
A não observância das regras implicará em perda de nota. 
 
Brasília, 28 de Setembro de 2021 
 
 
 
 
 
 
Na visão furtadiana, a ocupação econômica dessas terras foi um processo de expansão 
comercial da Europa que, entretanto, não se resume a deslocamentos de população ou de 
grandes movimentos de povos motivados por alguma ruptura social. 
Furtado apresenta que foi pelo olhar e pelos resultados iniciais que a Espanha tinha com as 
novas terras, que o interesse de Portugal se aflorou, pois haveria muito mais para descobrir. 
Nesse começo, a Espanha será ágil em estabelecer-se e estruturar seus domínios e por dois 
séculos, somente eles desfrutaram da exploração e da lenta ocupação. Paralelamente, outros 
países também tentaram se estabelecer visando descobertas compensatórias ou com o intuito 
futuro de atacar os espanhóis. 
Seguindo a pressão e ao conceito de efetiva ocupação para possuir o direito, Portugal e 
Espanha deram início à ocupação econômica do território. Com a vinda dos franceses para a 
costa setentrional, portugueses perceberam que teriam que realmente ocupar e intensificar esse 
processo para que seu direito sobre as terras lhes fosse garantido. 
Como saída, Portugal deixou de empregar recursos em empresas produtivas no Oriente para 
desviar ao Brasil mirando no ouro que aqui existia. Entretanto, Portugal encontrava-se diante 
de recursos limitados e que não seriam suficientes por muito tempo. Já a vizinha de exploração, 
Espanha, mesmo com recursos imensamente maiores foi obrigada a ceder à pressão de 
invasores. Nesse momento, voltou seus olhos para sua defesa e abastecimento, estabeleceu 
colônias de povoamento e reduziu a importância econômica que tinha sobre as terras. 
Ameaçados pelas nações de rápida expansão comercial na época: Holanda, França e 
Inglaterra, Portugal e Espanha são obrigadas a ‘delegar’ seus direitos e criam estratégias que 
preservem áreas valiosas dos territórios. A Espanha, por exemplo, apesar de conseguir se 
financiar com o uso do território, decide concentrar seu esforço em torno do eixo produtor de 
metais preciosos (México-Peru). Ainda assim, dispor do domínio das riquezas do território não 
impediu que os inimigos penetrassem no centro de sua defesa: as Antilhas (fato que em séculos 
posteriores terá grande importância econômica). 
Portugal precisava achar uma saída que justificasse o emprego de tantos recursos numa terra 
que no futuro poderia render frutos, mas que inicialmente só despesas. Adotaram então a 
exploração agrícola como saída. Nesse momento, a América passa a ser parte integrante da 
economia reprodutiva europeia, cuja técnica e capitais são empregados com a finalidade de 
criar permanentemente um fluxo de bens para o mercado europeu. 
O trunfo português estava no conhecimento prévio de produção de açúcar nas ilhas do 
Atlântico. Nesse sentido, para produzir essa especiaria tão requisitada no período, Portugal 
forçou um desenvolvimento tecnológico na Metrópole, para fugir do monopólio de 
equipamentos que a indústria veneziana possuía. A entrada de Portugal na produção rompe com 
essas barreiras monopolísticas. Ele também ressalta que as relações de Portugal com os 
flamengos, constituem fator determinante do êxito da colonização do Brasil. A partir da metade 
do século XVI, a produção portuguesa passa a ser comum a empresa flamenga. Os flamengos 
recolhiam o produto em Lisboa, refinavam-no e o distribuíam por toda a Europa. Esse papel de 
disseminador, facilitador e expansor do mercado do açúcar foi o que ajudou a empresa agrícola 
brasileira. Havia também investimentos por parte deles, em especial dos holandeses. 
Surgem então as primeiras dificuldades que colocam em risco a produção agrícola: mão de 
obra, falta de população suficiente que suprisse a produção açucareira no Brasil. Além do 
desinteresse migratório, mesmo com pagamentos em terras. 
Eis que a solução foi encontrada no mercado de escravos africanos, o qual nessa época 
Portugal conhecia bem. Nota-se que nesse período ampliou-se a requisição de mão de obra 
barata, a qual os índios nesse momento já não conseguiam sozinhos suprir. 
Já no lado espanhol de exploração de metais, Celso comenta que não houve o mínimo 
interesse em promover o intercâmbio entre a colônia e a metrópole. Justamente por nas regiões 
exploradas haver denso povoamento nativo, que já era suficiente para a exploração. Mas essa 
forma criou um caótico déficit de meios de transporte entre os continentes, resultando em fretes 
excessivos. Além disso, o poder econômico do governo espanhol cresceu demasiadamente e 
provocou uma inflação crônica com reflexo em déficits persistentes na balança comercial. O 
ponto era que a Espanha se tornou uma propagadora da inflação por toda a Europa. 
Resumindo esse início de exploração, Furtado comenta os seguintes pontos: “cabe, portanto, 
admitir que um dos fatores do êxito da empresa colonizadora agrícola portuguesa foi a 
decadência mesma da economia espanhola, a qual se deveu principalmente à descoberta 
precoce dos metais preciosos”. 
Já Charles Boxer, trata da escravidão que o processo desencadeou. Para ele o estereótipo de 
índio filho da natureza, observado inicialmente, logo deu lugar a convicção portuguesa popular 
de “selvagem irremediável, ‘sem fé, sem rei, sem lei’”, como cita Boxer. Isso acontece em meio 
a transição da exploração do pau-brasil para a produção de açúcar, em meados do séc XVI, que 
necessitou de uma força de trabalho mais disciplinada (ou escrava). 
Nesse período, os ameríndios não sabiam diferenciar os europeus portugueses dos demais 
inimigos de Portugal, como saída, Dom João III foi a sistemática promoção da colonização no 
território, levando a adoção das 12 capitanias hereditárias instituídas em 1534. A grande 
maioria, inicialmente, não obteve êxito devido à dificuldade de penetração territorial e os 
ataques promovidos pelos nativos. Já a de Pernambuco no Nordeste e São Vicente no extremo 
setentrional, consumaram-se em centros de crescimento populacional. 
A respeito dos donatários que ganharam a concessão das terras em 1534, eles não eram da 
alta nobreza, mas sim de famílias educadas e de pequena nobreza. Dessa forma, não eram 
pessoas com capital que pudessem investir nas terras visando seu desenvolvimento, apesar de 
terem enormes benefícios fiscais fornecidos pela Coroa. 
Dado as decisões anteriores da Coroa, numa tentativa de colonizar para proteger sua posse 
sobre as terras, culminou numa evidente mudança social, onde milhares de colonos portugueses 
começaram a se estabelecer no litoral brasileiro. Um começo difícil, mas que evoluiu à medida 
que receberam lotes de terras e iniciaram o cultivo de cana-de-açúcar (Pernambuco e Bahia). 
Em 1570 a Coroa chegou a proibir a escravização de indígenas, mas na prática a ação não 
obteve muito sucesso. A solução surgiu com a expansão e a intensificação do comércio já 
existente de escravos negros africanos, que agora viriam para o Brasil suprir a necessidade 
produtiva crescente. 
Dada a crescenteemigração rumo às terras americanas, Boxer classifica os tipos de 
interessados em ajudar a construir o Brasil em: marinheiros e marítimos; mercadores e 
comerciantes; artífices e artesãos; homens que serviam outros como assalariados; e a classe 
patronal (os mais importantes eram os senhores de engenho, e demais que compunham a 
aristocracia local). 
Apesar da postura agregadora que os índios e índias mansas possuíam perante os homens 
brancos, era o escravo negro africano que constituía o pilar fundamental da economia nas três 
regiões relativamente mais populosas de Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro. Boxer conclui 
então que a rápida expansão da indústria açucareira no Brasil, de 1575 a 1600, era um dos 
maiores acontecimentos do mundo atlântico da época. Pernambuco e Bahia continuavam sendo 
os centros mais importantes de produção e de população. Naquele período, o açúcar do Brasil 
já era extremamente mais rentável e lucrativo. 
Voltando as conclusões de Celso Furtado, chegamos no período em que a Espanha trava uma 
guerra com a Holanda. Como reflexos aqui no Brasil, temos o fato de além de terem investidos 
na Colônia, os holandeses também controlavam praticamente todo o comércio dos países 
europeus realizados por mar. Sem pretensão alguma de renunciar, por conta do conflito com os 
espanhóis, o seu direito sobre o comércio de açúcar originado nas américas, há o surgimento de 
um conflito pelo controle do açúcar. Tal iniciativa culmina em um episódio de ocupação pelos 
batavos, por mais de 25 anos, de grande parte da região produtora dessa especiaria aqui no 
Brasil. Essa passagem põe fim ao monopólio construído ao longo dos últimos três quartos de 
século pela parceria portuguesa-holandesa de cooperação, uma vez que eles aprendem e fazem 
uso dos conhecimentos e tecnologias usados internamente. 
No terceiro quarto do séc XVII os preços do açúcar caem pela metade e persistirão baixos 
por todo o séc seguinte. Dado os últimos eventos, Celso Furtado salienta que a renda de Portugal 
cai ao menor patamar visto, atingindo ¼ do que era alcançado na melhor época. Isso incide 
sobre a balança de pagamentos de Portugal diretamente, trazendo grande prejuízo. 
Dado o êxito da empresa agrícola que Portugal instalou aqui, a busca por novos artigos 
capazes de criar mercados com retornos tão bons, quanto o açúcar foi, torna-se o objetivo das 
metrópoles que agora investiam na massiva colonização na América do Norte. Com olhos para 
uma tomada do rico quinhão espanhol, as Antilhas se tornam palco da cobiça inglesa e francesa 
sobre a já em decadência, Espanha. 
Essa mudança no modelo de colonização, que ensaia o fim do sistema de pequenas 
propriedades produtoras, acaba por refletir diretamente no Brasil futuramente. Nesse período, 
dada as condições de exploração colonial que ingleses e franceses estabeleceram no Norte, 
ficava evidente que cabia ao Brasil a produção monopolística de açúcar (já que o sistema de 
propriedades não funcionaria na produção açucareira), e os demais, cabia o direito a produção 
de todos os outros artigos tropicais. 
Com essa mudança nas configurações coloniais nas Antilhas, e em paralelo a expulsão dos 
holandeses do nordeste brasileiro, vemos a facilitação do modelo de produção açucareira ir de 
encontro com as mudanças expressivas nos territórios do norte. 
Esmiuçando um pouco o processo de instalação da empresa agrícola, várias foram as 
facilidades concedidas àqueles que instalassem engenhos: isenção de tributos, garantia contra a 
penhora dos instrumentos de produção, honrarias e títulos. Havia também a liberdade de 
escravizar ilimitadamente os indígenas, a fim de suprir a demanda por mão de obra. 
Nesse momento, a escravidão demonstra ser uma condição de sobrevivência para o colono 
europeu na nova terra. Furtado ressalta que aqueles colonos que tiveram maiores dificuldades 
de instalação devido a fatores geográficos, tiveram de empenhar todas as forças na captura de 
homens da terra. Dessa forma, a captura e o comércio do indígena configuraram a primeira 
atividade econômica estável para as populações não dedicadas a indústria de açúcar. Essa mão 
de obra – considerada de segunda classe – possibilitou a permanência de núcleos em partes do 
território que não possuíam vínculo algum com o açúcar. 
O autor observa para a colonização que surge no século XVI, ligada diretamente a atividade 
açucareira. Reforçando que onde a atividade não obteve êxito, mas conseguiu subsistir – como 
em São Vicente – foi graças à relativa abundância de mão de obra indígena. Portanto, mesmo 
aquelas comunidades que aparentemente tiveram um desenvolvimento autônomo nessa etapa 
da colonização deveram sua existência diretamente ao êxito da economia açucareira. Quando a 
mão de obra africana entra em cena, ela vem para suprir a necessidade de expansão da empresa 
já instalada. Nesse período, a rentabilidade do negócio já está assegurada e os negros entram, 
em escala considerável, para compor a base de um sistema de produção mais eficiente e 
densamente capitalizado 
Quanto a dimensão da produção, Celso aponta que ao final do século XVI, a produção de 
açúcar já superava os 2 milhões de arrobas (o que significava mais de 20 vezes a cota de 
produção que o governo português esperava para o século anterior, em suas atividades nas ilhas 
do Atlântico). No último quarto do século, a produção mais que decuplicou, tendo cerca de 120 
engenhos, no final do século XVI. 
Concentrada na mão dos donos de engenho (estimativas apontam que 95% de toda a riqueza 
gerada permanecia nas mãos dos proprietários de engenho e de plantação de cana-de-açúcar), a 
renda gerada na colônia não chegava a outros setores com intensidade. Furtado aponta que nada 
além de 5% de todo o açúcar que se chegava ao porto, era destinada a pagamentos por serviços 
prestados fora do engenho com transporte e armazenamento. Mesmo com trabalho escravo, 
havia a presença de trabalhadores assalariados com certo nível na hierarquia de trabalho, mas 
que não comprometia nem 2% de toda a renda gerada. 
Furtado ressalta que a indústria açucareira era suficientemente rentável para autofinanciar 
uma duplicação de sua capacidade produtiva a cada dois anos. O que, aparentemente, aconteceu 
nas etapas mais favoráveis. Isso deve a absorção excepcional que a empresa brasileira teve 
sobre os mercados compradores. Ao contrário do que ocorreu no Atlântico, não houve 
superprodução, mostrando habilidade na etapa de comercialização. 
Quanto ao modelo escravista de suprimento, Celso aponta que, no início da empresa, o 
trabalho indígena deve ter sido utilizado para a instalação das indústrias, executando tarefas que 
não exigiam especialidade. Teve sua importância fundamental no fortalecimento da base 
açucareira que o Brasil formou. O trabalhador africano chega num momento que exigia maior 
produção, vindo substituir a mão de obra de outro escravo menos eficiente e de recrutamento 
incerto, sem mexer na estrutura organizacional da produção. 
O processo de expansão seguiu as mesmas premissas da instalação: gastos com a importação 
de equipamentos, materiais de construção e mão de obra. Nesse momento, a importação de mão 
de obra especializada já não ocorria com a mesma intensidade (já que haviam 
treinamentos/capacitação do público interno). 
Mencionando o fator da inversão econômica e a escravização, Furtado pontua que a mão de 
obra escrava pode ser comparada às instalações de uma fábrica: “a inversão consiste na compra 
do escravo e sua manutenção representa custos fixos. Esteja a fábrica ou o escravo 
trabalhando ou não os gastos com manutenção terão de ser despendidos”. 
Não criando fluxo monetário, quando máquinas estragavam e/ou precisavam ser 
substituídas, o empresário empregava a força de trabalho de seus escravos no melhoramento da 
infraestrutura local. Essa também é uma inversão que, indiretamente, também beneficiaria a 
produção, aumentandoos ativos. 
O fluxo de funcionamento da produção, no geral, seguia o seguinte ritmo: os fatores de 
produção pertenciam quase que em totalidade ao empresário, logo, a renda monetária gerada 
também retornava para si (em sua maioria). A composição da renda dava-se pela: totalidade 
dos pagamentos a fatores de produção mais o gasto de reposição do equipamento e dos escravos 
importados. Tudo isso era expressado no valor das exportações. 
O fluxo de renda se resumia a economia açucareira, com simples operações contábeis, reais 
ou virtuais, sendo uma economia monetária. Cabia, portanto, ao empresário combinar melhor 
os fatores para reduzir o custo de produção e maximizar sua renda real. 
O aumento da capacidade produtiva deu-se na tentativa de evitar um colapso nos preços, ao 
mesmo tempo que tentava-se ampliar a área de consumo do açúcar. O crescimento realmente 
ocorreu – pincipalmente na colônia. Crescimento que ocorreu sem grandes modificações na 
estrutura do sistema econômico. Retrocessos ocasionais não refletiam em qualquer modificação 
estrutural. Destarte, o crescimento da empresa escravista tendia a ser puramente em extensão, 
sem quaisquer modificações estruturais. 
O autor também aponta que a economia escravista dependia quase que unicamente, da 
procura externa. Se ocorresse um enfraquecimento na procura, um processo de decadência 
surgia e atrofiava o setor monetário. 
Finalizando o período, Furtado aponta que na segunda metade do século XVII, o mercado 
passou por uma desorganização e teve início a forte concorrência antilhana, fazendo os preços 
caírem a metade. Mesmo assim, empresários brasileiros mantiveram elevados os ritmos de 
produção. No século seguinte ainda perdurava a tendência de baixa nos preços. Por outro lado, 
a economia mineira (que se expandia no centro-sul) atraia a mão de obra especializada e elevava 
os preços dos escravos, fator que fez a rentabilidade da empresa açucareira despencar ainda 
mais. Furtado então conclui: “O sistema entrou, em consequência, numa letargia secular. Sua 
estrutura preservou-se, entretanto, intacta. Com efeito, ao surgirem novas condições 
favoráveis, no começo do século XIX, voltaria a funcionar com plena vitalidade”. 
A formação de um sistema econômico no litoral do nordeste acarretou em consequências 
diretas e indiretas no restante do território. Dessa forma, foi possível manter a defesa e 
intensificar a exploração de outras regiões. Havia surgido então, um mercado capaz de justificar 
a existência de outras atividades econômicas. 
Configurando o que hoje chamamos de “economia de elevadíssimo coeficiente de 
importações”, a alta rentabilidade do negócio induzia à especialização e a própria produção de 
alimentos para escravos dentro do engenho, era vista como antieconômica nessa época. 
Tratando sobre o povoamento desencadeado ao Sul, em especial em São Vicente, Furtado 
aponta que o êxito de povoamento foi facilitado pela abundância de terras. Na economia 
nordestina havia também o fator de fluidez de fronteira, que beneficiava. Furtado atribui essa 
abundância de terras a criação, no próprio Nordeste, de um segundo sistema econômico, 
dependente da economia açucareira. 
A pecuária surge durante a expansão da economia açucareira. Furtado aponta que a 
necessidade por animais de tiro aumentou. Dessa forma, inicialmente virão oportunidade na 
criação destes nas faixas litorâneas e em meio as plantações de cana. O fato não deu certo, e 
levou a Coroa portuguesa proibir a criação de gado em faixa de litoral. Houve assim uma 
separação das duas atividades econômicas: a açucareira e a criatória. Inicialmente no Nordeste 
e com expansão posterior ao Sul da colônia, a criação de gado era uma atividade com 
características radicais e distintas da unidade açucareira. A ocupação da terra era extensiva e 
itinerante. 
A forma mesma como ocorria a acumulação de capital na economia criatória induzia a uma 
permanente expansão - sempre ligada a disponibilidade de terras a serem ocupadas. Furtado 
ressalta que o surgimento dessa atividade inicialmente era atrelado a economia açucareira e 
tinha rentabilidade relativamente baixa. Com renda que não ultrapassava 5% do que era gerada 
pela economia açucareira, esse retorno advinha da venda do gado no litoral e a exportação do 
couro. 
À medida que haviam terras a expansão criatória seguia. Dada a natureza das terras do sertão 
nordestino, a capacidade era baixa. Isso fez com que os rebanhos penetrassem o interior cada 
vez mais, cruzando o São Francisco e alcançando o Tocantins e, para o Norte, o Maranhão, no 
começo do século XVII. Porém, à medida que se distanciavam do litoral, os custos aumentavam 
devido a onerosidade maior gerada. 
A expansão pecuária consiste simplesmente no aumento dos rebanhos e na incorporação 
(mesmo que em escala reduzida) de mão de obra. Por outro lado, conforme as distâncias 
aumentaram, houve uma tendência geral de redução da produtividade na economia. Dessa 
forma, excluída a hipótese de melhora nos preços relativos à medida que ia crescendo a 
economia criatória nordestina, a renda média da população nela ocupada ia diminuindo, sendo 
desfavorável para aqueles criadores que se encontravam a grandes distâncias do litoral. Furtado 
sugere que a atividade deveria ser ligada apenas a subsistência de sua população. 
Ao contrário do que ocorria com a açucareira, na economia pecuária não havia necessidade 
de reposição de capital e de expansão da capacidade produtiva. Enquanto para apenas manter a 
capacidade, a açucareira dependia da importação de mão de obra e equipamentos. Na pecuária 
o capital se repunha automaticamente sem exigir gastos monetários de significação. A essas 
disparidades se devem as diferenças fundamentais no comportamento dos dois sistemas no 
longo período de declínio nos preços do açúcar. 
Furtado explica que, ao reduzir-se o efeito dinâmico do estímulo externo, a economia 
açucareira entra numa etapa de relativa prostração. Há queda, ainda não catastrófica, da 
rentabilidade do negócio. Os novos preços, nas Antilhas, ainda eram suficientes para espelhar 
um negócio magnífico. No caso brasileiro, a situação que era altamente favorável (com 
capacidade de autofinanciamento e duplicação de capacidade a cada ano) para uma situação de 
rentabilidade muito baixa. 
Essa situação se agrava no século XVIII quando há um aumento nos preços dos escravos e 
da emigração da mão de obra especializada (determinadas pela expansão da produção de ouro). 
Nesse cenário, é provável que parte das antigas unidades produtivas tenham se desorganizado 
em benefício daquelas que apresentavam condições mais favoráveis de terras e transporte. 
O autor diz que ao que tudo indica, no longo período que se estende do último quartel do 
século XVII ao começo do século XIX a economia nordestina sofreu um lento processo de 
atrofiamento, no sentido de elevada queda da renda per capita de sua população. Furtado faz 
uma consideração: “esse atrofiamento constituiu o processo mesmo de formação do que no 
século XIX viria a ser o sistema econômico do Nordeste, cujas características persistem até 
hoje”. 
A expansão da economia nordestina durante esse longo período, consistiu num processo de 
involução econômica: o setor de alta produtividade ia perdendo importância relativa, e a 
produtividade do setor pecuário declinava à medida que este crescia. Dessa forma, de sistema 
econômico de alta produtividade em meados do século XVII, o Nordeste foi se transformando 
progressivamente numa economia em que grande parte da população produzia apenas o 
necessário para subsistir. Furtado finaliza o capítulo referindo-se ao cenário que se instalou na 
região: “a formação da população nordestina e a de sua precária economia de subsistência, 
estão assim ligadas a esse lento processo de decadência da grande empresa açucareira que 
possivelmente foi, em sua melhor época, o negócio colonial agrícola maisrentável de todos os 
tempos”. 
À medida que cresciam em importância relativa os setores de subsistência no Norte, sul e no 
interior nordestino, reduzindo-se concomitantemente a participação das exportações no total do 
produto da colônia, tornava-se mais e mais difícil para o governo português transferir para a 
Metrópole, o reduzido valor dos impostos que arrecadava. Contudo, o desenvolvimento 
endógeno da região mineira foi quase nulo. 
Dada a decadência do processo econômico açucareiro, furtado nos mostra os 
desdobramentos que a saída encontrada por Portugal obteve para continuar fazendo uso da 
colônia com sucesso. 
Em fins do século XVII, os destinos da colônia pareciam incertos. Para Portugal, a única 
saída estava na descoberta de metais preciosos. Retrocedia-se assim, à ideia primitiva de que as 
terras americanas só se justificavam economicamente se chegassem a produzir os ditos metais. 
Para isso, os governantes usaram como trunfo na descoberta, o conhecimento interiorano que 
os homens do planalto de Piratininga possuíam para iniciar as descobertas. Necessitavam 
apenas de ajuda técnica, que veio por intermédio da Metrópole. 
Furtado aponta o estado de prostração e pobreza em que se encontravam a Metrópole e a 
colônia como explicação para a extraordinária rapidez que se desenvolveu a economia do ouro 
nos primeiros decênios do século XVIII. De Piratininga a população emigrou em massa; do 
Nordeste se deslocaram grandes recursos (especialmente na forma de mão de obra escrava); e 
em Portugal se formou pela primeira vez uma grande corrente migratória espontânea rumo ao 
Brasil. 
A economia mineira abriu um ciclo migratório europeu totalmente novo para a colônia. Ela 
oferecia possibilidades a pessoas de recursos limitados, pois não se exploravam grandes minas 
- como ocorria com a a prata no Peru e no México - e sim o metal aluvião, que se encontrava 
depositado no fundo dos rios. Sabe-se, porém, que houve alarme em Portugal, e que se chegou 
a tomar medidas concretas para dificultar o fluxo migratório. Entretanto, tudo indica que a 
população colonial de origem europeia decuplicou no correr do século da mineração (1700-
1800). 
A base da economia mineira também seja o trabalho escravo, por sua organização geral ela 
se diferencia amplamente da economia açucareira. Os escravos em nenhum momento chegam 
a constituir a maioria da população. A forma como se organiza o trabalho permite ao escravo 
tenha maior iniciativa e que circule nem meio social complexo. Haviam vários casos de 
escravos que trabalhavam por conta própria, pagando periodicamente uma quantia a seu dono. 
Havia uma configuração social que, diferente da economia açucareira, permitia a ascensão 
social de homens livres, uma vez que o dinheiro não estava reduzido a poucos empresários, mas 
disponível para a conquista de todos que estivessem dispostos. 
A respeito das configurações econômicas da mineração, Furtado coloca que o capital fixo 
era reduzido, pois a vida de uma lavra era sempre algo incerto. A empresa estava organizada de 
forma a poder deslocar-se em tempo relativamente curte. A elevada lucratividade do negócio 
induzia a concentrar na própria mineração todos os recursos disponíveis. Combinar a incerteza 
e correspondente mobilidade da empresa, alta lucratividade e correspondente especialização, 
foram marcas da economia mineira. Sendo a lucratividade maior na etapa inicial da mineração, 
sempre combinada com dificuldades de abastecimento. A fome sempre acompanhava a riqueza 
nas regiões do ouro. A elevação dos preços dos alimentos e dos animais de transporte nas 
regiões vizinhas, constituiu o mecanismo de irradiação dos benefícios econômicos da 
mineração. 
A pecuária, que encontrara no Sul um habitat excepcional para seu desenvolvimento, passara 
por uma verdadeira revolução com o advento da economia mineira. O gado do sul, cujos preços 
haviam permanecido sempre em níveis extremamente baixos, valoriza-se rapidamente e alcança 
preços excepcionalmente altos. Já o gado do Nordeste, que em virtude da decadência da 
economia açucareira, tende a deslocar-se para abastecer o mercado da região mineira. 
Outra característica da economia mineira estava no fato de estar distante do litoral, sempre 
dispersa e em região montanhosa, a população mineira dependia então de um complexo sistema 
de transporte. A tropa de mulas constitui autêntica infraestrutura de todo o sistema. 
A economia mineira constitui-se no século XVIII, um mercado de proporções superiores ao 
que havia propiciado a economia açucareira em sua etapa máxima de prosperidade. Os 
benefícios que dela se irradiam para toda a região sul são substancialmente maiores do que os 
que recebeu o sertão nordestino. A economia mineira abriu um novo ciclo de desenvolvimento 
para todas as regiões. Por um lado, elevou substancialmente a rentabilidade da atividade 
pecuária, induzindo a uma utilização mais ampla das terras e dos rebanhos. 
A base geográfica da economia mineira estava situada numa vasta região compreendida 
entre a serra da Mantiqueira, no atual estado de MG, e a região de Cuiabá, no MT, passando 
por Goiás. Em algumas regiões a curva de produção subiu e abaixou rapidamente, provocando 
grandes fluxos e refluxos de população; noutras, essa curva foi menos abrupta, o que 
possibilitou o desenvolvimento sadio e o assentamento de núcleos de populações importantes. 
Quanto a renda média dessa economia é algo que dificilmente pode-se definir, avalia 
Furtado. Deveria alcançar pontos altíssimos em uma sub-região e quanto mais altos fossem 
esses picos, maiores eram as quedas subsequentes. Logo, regiões consideradas mais “ricas” se 
incluem entre as de vida produtiva mais curta. 
A exploração de ouro cresceu em toda a primeira metade do século XVIII e alcançou seu 
ponto máximo em torno de 1760, quando atingiu cerca de 2,5 milhões de libras. Entretanto, o 
declínio no terceiro quartel do século foi rápido. Por volta de 1780 já não alcançava 1 milhão 
de libras. 
Entre 1750 e 1760 constituiu o apogeu da economia mineira, e a exportação se manteve 
entorno de 2 milhões de libras. Furtado aponta que o total de renda da economia mineira não 
seria superior a 3,6 milhões de libras na etapa de grande prosperidade. Já a renda média, era 
substancialmente inferior à que conhecera a economia açucareira na sua etapa de maior 
prosperidade. 
O acordo de Methuen constitui um ponto de referência importante na análise do 
desenvolvimento econômico de Portugal e do Brasil. Ele surge ao prolongar-se a decadência 
portuguesa da era do açúcar. Ao prolongar-se essa decadência e ao reduzir-se tão 
persistentemente a capacidade para importar, começou a prevalecer em Portugal o ponto de 
vista de que era necessário produzir internamente aquilo que o açúcar permitira antes de 
importar em abundância. Tem início assim um período de fomento direto e indireto da 
instalação de manufaturas. Durante dois decênios, a partir de 1684, o país conseguiu 
praticamente abolir as importações de tecidos. 
Os ingleses se alinharam ao grupo de poderosos produtores e exportadores de vinhos 
portugueses (dominantes no país) para derrogar a política protecionista portuguesa. Com efeito, 
o acordo de 1703 concede aos vinhos portugueses, no mercado inglês, uma redução de um terço 
do imposto pago pelos vinhos franceses. Em contrapartida, Portugal retirava o embargo às 
importações de tecidos ingleses. 
Celso diz que não se havia criado nas regiões mineiras formas permanentes de atividades 
econômicas, era natural que, com o declínio da produção de ouro, viesse uma rápida e geral 
decadência. À medida que se reduzia a produção, as maiores empresas iam descapitalizando e 
desagregando. 
Dessa forma, a decadência se processava através de uma lenta diminuição do capital aplicado 
no setor minerador. A ilusão de que uma nova descoberta poderia vir a qualquer momento, 
induzia o empresário a persistirna lenta destruição de seu ativo, ao invés de transferi-lo para 
outra atividade. Todo o sistema ia se atrofiando, perdendo vitalidade, para finalmente 
desagregar-se numa economia de subsistência. 
Outra ressalva de Furtado é quanto à existência do regime de trabalho escravo ter impedido 
que o colapso da produção de ouro brasileira criasse fricções sociais de maior vulto. A perda 
maior foi para aqueles que tinham invertido grandes capitais em escravos e viam a rentabilidade 
destes baixar dia a dia. O sistema se descapitalizava lentamente, mas guardava sua estrutura, ao 
contrário do que ocorrera com a economia açucareira. 
Concluindo o período, Furtado aponta que uns poucos decênios foram necessários para que 
desarticulasse toda a economia da mineração. Com isso, as populações constituem vastos 
grupos divididos ao longo de territórios isolados. Essa população relativamente numerosa 
encontrará espaço para expandir-se num regime de subsistência e virá a constituir um dos 
principais núcleos demográficos do país. A expansão demográfica se prologará num processo 
de atrofiamento da economia monetária. 
Encerrando o ciclo, Celso diz: “em nenhuma parte do continente americano houve um caso 
de involução tão rápida e tão completa de um sistema econômico constituído por população 
principalmente de origem europeia”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. 
BOXER, Charles R. O império marítimo português. São Paulo: Cia. Das Letras, 2002.

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