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Evolução da Língua Portuguesa no Tempo e no Espaço

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PORTUGUÊS – 11.ª CLASSE – 2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os Professores: Miguel Machiza e António Marcos 
 
FICHA INFORMATIVA 
EVOLUÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA NO TEMPO E NO ESPAÇO 
 
1. Fases da Evolução da Língua Portuguesa 
1.1. Proto Indo-Europeu 
 Os estudos em torno da evolução da Língua Portuguesa são consentâneos em considerar que 
o Português e o Francês têm raízes comuns, ou seja, são línguas latinas, tal como o que ocorre 
com o Inglês e o Alemão que são classificadas como línguas germânicas. Entretanto, várias 
questões podem decorrer de tal constatação, como por exemplo: se do latim derivaram as línguas 
Portuguesas e Francesa, a semelhança do que ocorreu com as germânicas, então qual é a origem 
do Latim? 
 A resposta para a pergunta supramencionada é nos dada por GONÇALVES & BASSO (2010: 
14), considerando que, dos diversos estudos feitos por filólogos, linguistas, gramáticos 
comparatistas e humanistas, foi possível descobrir que o Latim e o Sânscrito eram aparentados o 
suficiente para terem uma origem comum, nos moldes em que dizemos que o Francês e o 
Português têm origem no Latim. A suposta língua que deu origem ao Latim, ao Grego, ao 
Sânscrito, ao Protogermânico etc., foi chamada de “proto indo-europeu”. 
 Isto é, ainda que possa ser uma posição contestada, é de se aceitar que não só o português, 
como também a quase totalidade dos demais dialetos mundiais, com excepção do Finlandês, do 
Estónio, do Húngaro e do Basco, terão uma origem primitiva comum: o proto indo-europeu – 
língua utilizada por uma comunidade que se julga oriunda da zona do Danúbio, por volta do 
terceiro milénio a.C. Esta língua ter-se-á desdobrado, num processo de evolução continua, do qual 
viriam a resultar as línguas: Celta, Germânicas, Bálticas, Eslavas, Indo-iranianas, Helénicas, 
Anatólias, Tocarianas, Ilíricas, Albanês, Arménio, Hitita e as Latinas. Por sua vez, também estas 
se desdobrarão, sendo que é deste ultimo grupo que, a par do francês, do occitânico, do catalão, 
do espanhol, do sardo, do italiano e do romeno, emergira o português (MATOS, 2010: 35-36). 
 A língua Proto Indo-Europeia está na razão de discussões acesas, uma vez que, alguns 
estudiosos a classificam como uma língua hipotética, porque, apesar de não haver registro escrito 
ou falado (gravação) algum, o qual comprove que um dia foi usado por uma comunidade de 
falantes, a gramatica e o vocabulário de muitas línguas do mundo apresentam tantas semelhanças 
entre si que é provável que essas similaridades não sejam fortuitas, mas ocorram devido ao facto 
de possuírem um ancestral comum. Embora haja grande controvérsia a respeito dessa hipótese 
(pois existem teorias que afirmam que essas semelhanças indicam empréstimos e não parentesco) 
a teoria da árvore genealógica permanece como solução mais económica para a explicação dos 
traços comuns entre essas línguas. Esses traços são, por exemplo, termos que denotam relações 
de parentesco, como as palavras abaixo: 
PORTUGUÊS LATIM SÂNCRITO INGLÊS ALEMÃO 
Pai Pater Pitar Father Vater 
Irmão Frater Bhratar Brother --------- 
 
 A observação sistemática dessas similaridades foi feita pela primeira vez por William Jones 
(1746-1794), um juiz da corte suprema de Bengala, na Índia, que descobriu várias semelhanças 
entre o sânscrito, o grego antigo, o latim, o persa, o galês e outras línguas. Jones anunciou suas 
descobertas em um discurso no terceiro aniversário da Sociedade Real Asiática de Calcutá́ em 
1786. Essas pesquisas deram origem à hipótese de que línguas como o latim e o sânscrito 
pertencessem a um conjunto geneticamente relacionado. Esse conjunto foi chamado de família 
das línguas indo-europeias. 
 O Proto Indo-Europeu foi uma língua de uso há muito tempo – daí a denominação “arcaica”. 
O prefixo “proto” vem da suposição de que o Proto Indo-Europeu seja uma proto-língua1: um 
idioma que está na origem de uma família de línguas. Os termos “indo” e “europeu” designam a 
extensão geográfica da distribuição dos primeiros usuários das línguas indo-europeias: da atual 
Europa ocidental à Índia. O termo proto indo-europeu também qualifica os itens de vocabulário 
dessa língua arcaica, que foram herdados pelo conjunto das línguas da família das línguas indo-
europeias (BECCARI, 2015). 
 Em síntese, o Proto Indo-Europeu deu origem ao Latim que, por sua vez, teve um papel 
importante na formação do Português, por isso descrevemos, de forma sucinta esta língua. 
 
 EXERCÍCIOS 
1- De que língua deriva o Latim e quais são as demais línguas do qual derivam? 
2- Onde era falada a língua hipoteticamente considerada ancestral do Latim? 
3- Por que razão é que se considera que a língua Proto Indo-Europeia está na razão de 
discussões acesas? 
4- Qual terá sido o contributo de William Jones no estudo das línguas? 
5- O que é uma proto-língua? 
 
 
 
 
 
1 Uma proto-língua é uma língua que foi o ancestral comum de diversas outras línguas que formam uma família de 
línguas. Na maioria dos casos, a proto-língua ancestral não é conhecida directamente, e tem de ser reconstruída através 
da comparação de diferentes membros da família de idiomas, por uma técnica chamada de método comparativo. 
Através deste processo apenas uma parte da estrutura e do vocabulário da proto-língua pode ser reconstruído, e, quanto 
mais antiga for a proto-língua em questão, em relação a seus descendentes, mais fragmentária será a sua reconstrução. 
Informação disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Protol%C3%ADngua. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Protol%C3%ADngua
1.2. Latim 
 Conforme já foi dito, do Latim derivam as línguas portuguesa, francesa, espanhola, entre 
outras, contudo, há razões históricas que justificam tal fenómeno, que passamos a mencionar. 
 Primeiro, refira-se que, segundo GONÇALVES & BASSO (2010: 21), “o latim era a língua 
falada na região central da Itália, chamada de Lácio, durante o primeiro milénio antes de Cristo 
e que, juntamente com o Império Romano, estendeu-se por grande parte da Europa, pelo norte 
da África e por diversas regiões da Ásia, até se transformar, através do curso natural das línguas, 
em dialetos incompreensíveis entre si, que acabaram dando origem às lingues românicas.” 
 Neste contexto, o Latim foi levado à Península Ibérica pela expansão do Imperio Romano, no 
inicio do seculo III a.C, particularmente no processo de romanização dos povos do oeste e 
noroeste (lusitanos e galaicos), processo que encontrou tenaz resistência dos habitantes 
originários dessas regiões (BECHARA, 2009: 10). Entretanto, importa referir que, numa primeira 
fase, na assaz longa fase do bilinguismo, o latim conviveu com as línguas primitivas e absorveu 
algumas marcas autóctones que influenciaram decisivamente a sua evolução. Contudo, o seu 
poder prevalecer, tendo-se estabelecido em todos os territórios conquistados na bacia 
mediterrânica e em grande parte da Europa, e sofrido evoluções divergentes de acordo com os 
substratos encontrados nessas regiões. Surgiu, conforme já mencionado, o grupo de línguas 
Românticas. Não obstante, a romanização não se fez numa velocidade uniforme por todos os 
territórios da România (MATOS, 2015: 37). 
 
 
Imagem 1: Península Ibérica Pré-românica (adaptada) 
 A romanização, que transformou as comunidades locais e o espaço que elas habitavam. Além 
de uma nova organização administrativa e de novas infraestruturas, os romanos trouxeram 
consigo a língua latina. Progressivamente, os povos que habitavam a Península Ibérica foram 
adotando o latim como idioma comum. Refira-se que, antes da ocupação romana, outros povos2 
 
2 Antes do domínio romano, vários povos habitaram a Península Ibérica: os próprios iberos, depois gregos e fenícios. 
Maistarde, vieram os celtas, povo de origem germânica. Da fusão desses povos, surgem os celtiberos, que foram 
normalmente dominados pelos romanos. (Universidade Castelo Branco, 2008: 14). 
 
habitavam (ou tinham habitado) diferentes áreas da Península Ibérica e alguns vestígios das suas 
línguas permaneceram no latim usado a partir do século III a. C. O ibero, o celta, o basco, bem 
como as línguas dos cartagineses, dos fenícios, dos tartéssios, são línguas faladas antes da 
chegada dos romanos. 
 Assim, voltando a questão inicial, refira-se que, de acordo com Universidade Castelo Branco 
(2008: 14), “a origem das línguas neolatinas está no latim vulgar, a língua falada, e não na 
língua escrita ou literária (latim clássico)”, por isso importa descrever, de forma breve, os dois 
registos. 
 
a) Latim Clássico 
 O Latim Clássico é convencionalmente conhecido como o estilo literário culto da língua latina 
ao longo do primeiro século a.C. até o início do primeiro século da Era Cristã (GONÇALVES & 
BASSO, 2010: 23-24). São desse período a prosa elaborada do político, filósofo e orador Cícero; 
a poesia lírica e a épica nacional de Virgílio, com as suas Bucólicas e a sua Eneida; e a lírica 
amorosa de Catulo, Propércio, Tibulo, Horácio e Ovídio, além de textos de historiadores como 
Tito Lívio. Refira-se que esta ideia é praticamente replicada por BENEDITA & REIS (s/d: 9), 
quando afirmam: “também chamado latim clássico, era o idioma ensinado nas escolas e cultivado 
por uma pequena elite, entre ela os grandes escritores de Roma, como Horácio e Virgílio.” 
 Em geral, o latim que ensinamos hoje em dia é a língua literária desse período, tanto por causa 
da beleza do estilo cuidadosamente trabalhado desses autores quanto pelo facto de que grande 
parte do corpus mais substancial dos textos clássicos é literário, o que nos deixou sem acesso aos 
outros registros linguísticos do período. Ao contrário do que se pensa, não é do latim clássico que 
as línguas românicas se desenvolveram, mas sim das variantes faladas ao longo da história do 
latim. Ou seja, em geral, o latim mais inovador, aquele que deu origem a novas línguas, foi o 
latim vulgar (BENEDITA & REIS, op. cit.). 
 
b) Latim Vulgar 
 O Latim Vulgar, foi o que, pelo seu elevado grau de flexibilidade, e por ser o empregue pela 
vasta maioria dos falantes nos territórios sob o escopo de Roma, que se perpetuou e que evoluiu 
para as actuais línguas (MATOS, 2015: 38). De acordo com BENEDITA & REIS (op. cit.), “o 
termo vulgar deve ser entendido aqui como a língua falada por todas as camadas da população. 
Ele inclui as diversas variedades da língua falada, desde a linguagem corrente, das ruas, até as 
linguagens profissionais, os termos usados nas guerras e nas transações comerciais e as gírias. 
Foi esse latim que os soldados, lavradores, viajantes e funcionários romanos levaram para as 
regiões conquistadas e que, por diversos fatores, deu origem às chamadas línguas românicas”. 
 Outras Invasões à Península Ibérica 
 Para além da invasão Romana à Península Ibérica, recorde-se que outros povos vieram, 
sobretudo enquanto o império romano decaía. Os outros invasores referidos são: os povos 
bárbaros de origem germânica, como os suevos, vândalos e visigodos, no século V d.C., por isso, 
a língua latina, dominante desde o século III a. C, sofreu grandes influências, mas sua base 
românica, consolidada durante tantos séculos, não foi alterada. 
 No entanto, esse processo, aliado ao esfacelamento do Império Romano, libera as forças 
linguísticas desagregadoras, de tal forma que em fins do século V os dialetos regionais já estariam 
mais próximos dos idiomas românicos do que do próprio latim. 
 Começa então o período do romance ou romanço, denominação que se dá à língua nessa fase 
de transição, que mistura o latim vulgar e os dialetos ibéricos, dando origem às diversas línguas 
românicas, ou neolatinas. Entre elas, as mais importantes são: francês, espanhol, italiano, sardo, 
provençal, rético, catalão, português, franco-provençal, dálmata e romeno. Mas as invasões à 
Península Ibérica prosseguiram. No século VIII é a vez dos árabes: vindos do norte da África, 
eles conquistam a região. Sua influência foi tão forte na língua que se acentuaram ainda mais as 
diferenças entre os vários romances existentes. Com a chegada dos povos Árabes, floresceram na 
Península as ciências e as artes, bem como a agricultura, a indústria e o comércio, com 
consequente introdução de inúmeras palavras para designar no- vos e variados conhecimentos 
(BENEDITA & REIS, s/d: 9-10). 
 Assim, importa salientar que, as línguas que falavam — línguas germânicas e o árabe — 
fizeram sentir a sua influência e constituem os superstratos3 da língua nativa de estrutura latina 
(no caso do árabe, pode também falar-se de adstrato). 
 Eis a razão para a existência, no Português, de palavras que derivam das outras línguas que 
confluíram a Península Ibérica, conforme o quadro abaixo: 
 
LÍNGUAS PALAVRAS DE ORIGEM NAS OUTRAS LÍNGUAS 
Árabe 
 
Muitas delas começam com “al”, que é o artigo árabe aglutinado à palavra: 
álcool, alfazema, alface, alcachofra, alfândega, algema, azeite, arroz; xarope, 
tarefa, tarifa, algarismo, enxaqueca. 
Ibérica Baía, balsa, barro, bezerro, cama, esquerdo, garra, manto, sapo. 
Céltica Bico, cabana, caminho, camisa, carpinteiro, carro, cerveja, duna, gato, gordo, 
 
3 O conceito de superstrato refere-se à influência de outras línguas sobre a primitiva, que, todavia, se mantém ou 
mesmo ao conjunto de elementos linguísticos trazidos por uma língua vinda do exterior que coexistiu algum tempo 
com a língua local. 
 Já o conceito de substrato remete-nos a língua antiga e, eventualmente, desaparecida que deixou vestígios na língua 
que chegou e predominou. 
 Por fim, o conceito adstrato refere-se a toda língua que vigora ao lado de outra (bilinguismo), num território dado, 
e que nela interfere como manancial permanente de empréstimos. Ex.: O Árabe em relação às línguas latinas faladas 
na Península Ibérica. 
 lança, peça. 
Grega Bolsa, cara, corda, calma, anjo, bispo, bíblia. 
Germânica Agasalho, barão, banco, banho, brasa, guerra, lata, roupa, sopa. 
Quadro adaptado dos pressupostos apresentados por Universidade Castelo Branco (2008: 14). 
 
NOTAS IMPORTANTES 
 De acordo com GONÇALVES & BASSO (2010: 44-46), muitas das influências locais que 
o latim falado recebeu nas regiões romanizadas se deveram às línguas já existentes nessas 
regiões anteriormente à chegada dos romanos. A essas línguas chamamos de “línguas de 
substrato”. É natural percebermos que as populações preexistentes ao domínio romano falavam 
outras línguas e acrescentaram ao latim que passaram a falar diversas características de suas 
línguas. As influências foram maiores em regiões onde o latim ficou mais tempo em contacto 
com as línguas de substrato. 
 Os superestratos mais importantes para as línguas românicas foram, de um lado, os 
“bárbaros” (germânicos no ocidente e eslavos no oriente da România) no período de queda do 
Império Romano, e os árabes, que invadiram e conquistaram o norte da África, a Ibéria e parte 
da Sicília por volta do século VIII. 
 
EXERCÍCIOS 
1- Em que contexto histórico surgem as línguas românicas? 
2- Quais povos habitavam a Península Ibérica antes da primeira Invasão? 
3- De forma breve, distingue o Latim Clássico do Vulgar? 
4- Qual destes dois registos foi importante às línguas actuais? 
5- Que outras invasões se fizeram sentir na Península Ibérica. Justifica, recorrendo a 
palavras do Português oriundas das línguas dos povos invasores. 
 
 
1.3. Passagem do Latim ao Galego-Português4 
 A língua (rigorosamente, línguas) romance — «romance» vem de ROMANICE 
FABULARE, que significa “falarà maneira dos romanos” — começa a ganhar identidade 
própria a partir dos séculos VI e VII, em grande medida, como resultado da acção dos substratos 
 
4 Os termos Galaico-português ou Galego-português referem-se, ambos, ao primitivo idioma português, também 
conhecido como português medieval, que se estende grosso modo até os fins do século XV. Pode-se considerar que o 
termo galaico-português é mais erudito, porque de “galaico” é que vem a forma galego. O étimo é o latim gallaecu-, 
relativo à Galiza. O galego-português, que se estendia para ambas as margens do rio Minho, foi relativamente uniforme 
durante a sua época. 
e dos superstratos, mas também da acção de outros factores de diversificação relacionados, por 
exemplo, com a forma e a cronologia da romanização. Por esta altura, a Península Ibérica já era 
linguisticamente fragmentada, tendo em conta que já emergiam diferenças entre os romances 
peninsulares nas regiões que se viriam a designar galego-portuguesa, leonesa, castelhana, 
navarro-aragonesa ou catalã. Assim, é de se inferir que tal fragmentação que se verificou na 
Península Ibérica está na razão do surgimento, dentre outras línguas, do galego-português. 
 Neste diapasão, refira-se que não é rigoroso o registro do nascimento do galego-português. 
Provavelmente existiu desde o século VI, mas os primeiros documentos conhecidos redigidos 
integralmente em galego-português datam do século XIII (BENEDITA & REIS, s/d: 11). Neste 
sentido, conforme advoga MATOS (2015: 28-29), para compreender com pleno rigor a passagem 
do latim ao galego-português, é irreversível abordar as intrincadas movimentações militares e 
políticas que permitiram essa transição. 
 Em rigor, o autor mencionado, afirma que os Romanos desembarcaram na Península Ibérica 
no ano de 218 a.C., no que se constituiu um dos episódios da segunda Guerra Púnica (218-221 
a.C.). tendo vencido os Cartagineses, em 209 a.C., puderam empreender a conquista do território, 
processo que só viria a terminar em 19 a.C., após sujeição dos cântabros e dos ástures no Norte 
da Península. 
 Por essa altura, havia, na Península dois grandes domínios linguísticos: (a) um ibérico e (b) 
outro no interior do país, no Norte e no Oeste, onde eram falados dialetos indo-europeus próximos 
do celta. 
 Numa fase inicial da conquista, ainda próximo da bacia mediterrânica, a região foi dividida 
em duas províncias: a Hispânia Citerior e a Hispânia Ulterior. 
 
Imagem 2: Hispânia Ulterior e Citerior. 
 A primeira, correspondia, grosso modo, à região Nordeste, compreendendo o vale o vale de 
Ebro e a cidade de Cartagena. A segunda equivalia, aproximadamente, à Andaluzia de hoje em 
dia. A partir de então, os Romanos caminharam para o interior da Península5. 
 
5 Península (do latim pæne, quase e insula, ilha) é uma formação geológica consistindo de uma extensão de terra que 
se encontra cercada de água por quase todos os lados, com exceção da porção de terra que a liga com a região maior, 
designada por istmo. Por exemplo, diz-se Península Ibérica para designar a região constituída pela Espanha e por 
 A parir da pacificação em 19 a.C., as províncias passaram a ser três: Lusitânia (com capital 
em Emérita Augusta, ou Mérida) e a Bética (com a capital em Córdoba, ou Córdova, resultando 
da divisão na Hispânia Ulterior; e a Terraconense (cuja capital era Tarraco, ou Torragona), fruto 
da anexação da Gallaecia à antiga Hispânia Citerior. 
 Contudo, após estas primeiras divisões administrativas, outras, de não menos importância, 
surgiram. 
 Será de revelar a criação, por parte de Caracalla, em 216, da Hispânia Nova Citerior 
Antoniana, que abrangia o Noroeste de Portugal, a Galiza e as Astúrias e, mais tarde, perto do 
término do século III, a constituição de Galiza como uma província independente sob a égide de 
Diocleciano. Tendo demonstrado, já desde a época pré-romana, uma unidade cultural bastante 
sólida, esta zona mais setentrional da Península conseguiu preservar, de uma forma mais evidente 
e duradoura, acionada e à influência das línguas de substrato, fez com que o latim apresentasse 
uma configuração melhor predisposta a mudanças, ao contrário do que se verificou no Sul. 
 Viria a ser neste espaço linguístico que, séculos mais tarde, se constituíra e desenvolveria o 
galego-português. 
 Em síntese, pode-se aduzir que o termo galego-português designa a língua românica falada 
durante a Idade Média nas regiões de Portugal e da Galiza e o actual sistema linguístico que ocupa 
toda a faixa ocidental da Península Ibérica, incluindo os diversos dialetos das línguas portuguesa 
e galega, assim como as variedades próprias das Astúrias, Bierzo, Portelas, de Xálima, das Terras 
de Alcântara, de Olivença e de Barrancos. Para além destes territórios, as aldeias de Rio de Onor 
e Guadramil também podem ser incluídas nesta faixa, tendo sido até meados do século XX de 
fala leonesa. 
 Ademais, o idioma galego-português é o idioma ancestral comum às línguas galaico-
portuguesas. Destacou-se pela sua utilização como idioma próprio da poesia trovadoresca não só 
nos reinos onde era nativa (Portugal, Galiza e Leão), mas também em Castela e, pontualmente, 
noutros locais da Europa. No século XI, à medida que os antigos domínios foram sendo 
recuperados pelos cristãos, os árabes são expulsos para o sul da península, onde surgem os 
dialetos moçárabes, a partir do contato do árabe com o latim. Com a Reconquista, os grupos 
populacionais do Norte foram-se instalando mais a sul, dando assim origem ao território 
português, da mesma forma que, mais a leste na Península Ibérica, os leoneses e os castelhanos 
também foram progredindo para o sul e ocupando as terras que, muito mais tarde, viriam a se 
tornar no território do Estado espanhol. Com o início da reconquista cristã da Península Ibérica, 
o galego-português consolida-se como língua falada e escrita da Lusitânia. Em galego-português 
são escritos os primeiros documentos oficiais e textos literários não latinos da região, como os 
cancioneiros (coletâneas de poemas medievais): 
 
Portugal, ligada à Europa pelos Pirenéus. Também se pode dizer que uma península é um braço de terra que avança 
pelo mar, ligando-se ao resto do continente pelo istmo. 
 Cancioneiro da Ajuda - Copiado (na época ainda não havia imprensa) em Portugal em 
fins do século XIII ou princípios do século XIV. Encontra-se na Biblioteca da Ajuda, em 
Lisboa. Das suas 310 cantigas, quase todas são de amor. 
 Cancioneiro da Vaticana - Trata-se do códice 4.803 da biblioteca Vaticana, copiado na 
Itália em fins do século XV ou princípios do século XVI. Entre as suas 1.205 cantigas, 
há composições de todos os gêneros. 
 Cancioneiro Colocci-Brancutti - Copiado na Itália em fins do século XV ou princípios do 
século XVI. Descoberto em 1878 na biblioteca do conde Paulo Brancutti do Cagli, em 
Ancona, foi adquirido pela Biblioteca Nacional de Lisboa, onde se encontra desde 1924. 
Entre as suas 1.664 cantigas, há composições de todos os gêneros. 
 
EXERCÍCIOS 
1- Qual é o significado de ROMANICE? 
2- De forma sucinta, refere-te ao que pode estar na razão do surgimento do galego-
português? 
3- Quais províncias podem ser consideradas a partir da pacificação em 19 a.C.? 
4- Resume, em poucas palavras, a passagem do Latim para o Galego-português. 
 
1.4. Português Arcaico / Antigo. 
 O rótulo Português Arcaico pode ser utilizado para designar o período compreendido pela 
fase trovadoresca (fins do século XII até meados do século XIV). Os historiadores e filólogos que 
estudam esse período do português normalmente situam seu inicio no século XII pelo seguinte 
motivo: é nesse momento que a língua portuguesa aparece documentadapela escrita. Com efeito, 
até essa data, os documentos eram redigidos em latim. Entretanto, conforme MATOS (2015: 33), 
os textos escritos em romance, não só em galego-português, como também noutros idiomas 
românicos, era, desde logo, um sinal indicativo da crescente perda da força do latim como língua 
principal. 
 Saliente-se que, para este autor, a primitiva escrita galego-portuguesa remota aos finais do 
século XII e, tal como nos demais romances europeus, inicia-se com o registo em verso. Foi, de 
igual maneira, formalmente inaugurada pelos trovadores, compositores palacianos da Idade 
Média, geralmente de origem cavaleiresca e nobre. Se na área occitânica, o “trovador” era apenas 
quem compunha, na área galego-portuguesa ser cavaleiro era mesmo condição substancial. 
Correspondia a uma categoria profissional e social. 
 É, especialmente, neste período que surgem textos muitos importantes e exclusivamente 
escritos em galego-português, por isso GONÇALVES & BASSO (2010: 79), consideram que 
“muitas mudanças foram reconhecidas nesse período, (...) [destacando-se textos canónicos], 
como a Carta de Fundação da Igreja de Lardosa, e os textos escritos em galego-português 
propriamente dito, que datam do final do século XII e início do XIII, como a Notícia de Torto, 
datado entre 1210 e 1216, e a Demanda do Santo Graal. Há pelo menos dois outros textos 
importantes com relação ao nascimento da língua portuguesa: a Notícia de Fiadores, datada de 
1175, e o Testamento de Afonso II, de 1214.” 
 Neste período estará também em marcha a diferenciação entre o português e o galego. E há 
desde cedo uma vontade de reconhecer a identidade da língua portuguesa e de a valorizar cultural 
e politicamente. No fim do século XIII, no reinado de D. Dinis, a Chancelaria real adopta o 
português como língua dos documentos oficiais, substituindo o latim. Importa salientar que, 
nesta época, são vários os traços que caracterizam esta fase inicial, destacando-se os fonéticos e 
morfológicos. 
 Esta época, conforme os vários estudiosos, apresenta uma subdivisão em duas grandes épocas: 
a primeira, de galego-português, estender-se-ia ate cerca de 1350 e a segunda, designada por 
português arcaico medio, subsistiria ate ao seculo XVI (MATOS, op. cit.). Abaixo, são exploradas 
estas duas sub-periodizações. 
 
a) Primeira fase do Português Arcaico: o Galego-português (1100-1350). 
 Os primórdios do Galego-português coincidem com a criação do Reino de Portugal. Tanto 
um facto quanto outro decorrem das correrias e acções guerreiras promovidas pela Reconquista. 
Enquanto o Reino se consolida, o Galego-português vai ocupando os novos territórios, 
deslocando-se do Norte para o Sul. Essa língua românica foi adoptada pelos moçárabes, pelos 
muçulmanos que tinham permanecido na península, e por outros contingentes que desciam do 
Norte para ocupar as terras abandonadas pelos Árabes. 
 A Língua literária mesmo ocorreria, igualmente no começo desse século, com a extraordinária 
floração da poesia lírica, reunida nos cancioneiros: Cancioneiro da Ajuda, Cancioneiro da 
Vaticana, Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa. Três categorias de poesia são recolhidas 
nesses cancioneiros: 
(1) as cantigas de amor, de inspiração provençal, em que fala o homem; 
(2) as cantigas de amigo, mais populares, em que fala a mulher; 
(3) as cantigas d’escarnho e mal dizer, poemas satíricos, habitualmente grosseiros 
(CASTILHO, s/d). 
 
b) Segunda fase do Português Arcaico (1380-1540) 
 A transição do Galego-português para o Português Arcaico se deu “por volta de 1350”. Antes 
e depois dessa data o Galego-português ainda existia, e a segunda fase do Português Arcaico já 
teria aparecido. 
 O Reino de Portugal consolida-se cada vez mais no sul. Em 1255 D. Afonso III instala-se em 
Lisboa, e o centro cultural e político passa a girar ente Lisboa e Coimbra. Em 1290 funda-se a 
Universidade de Lisboa, transferida para Coimbra em 1308. Já́ no séc. XII, a fronteira do Reino 
de Leão e Castela isola a Galícia de Portugal. O isolamento se acentua no séc. XIV, o Galego-
português sofre alterações linguísticas, separando-se do Português. Entretanto, mesmo separadas, 
ainda hoje as duas línguas são de fácil intercompreensão (CASTILHO, s/d). 
 
NOTAS IMPORTANTES 
Características do Português Arcaico 
 Vocabulário. Destaca-se a mudança na forma das palavras fremosa (formosa) e 
também no sentido – fazenda (façanha). 
 Fonética. Verificam-se hiatos que se transformam em crase: maa > má; seer > ser; e 
ditongo: meo > meio; feo > feio. 
 Morfologia. Os nomes são terminados em -nte, -or, -ês eram uniformes: a infante, mha 
senhor, lingoa português; 
Flexionavam no plural: ourives: ouriveses; simples: simpleses; 
Gênero diferente: m, planeta, mar, cometa (femini- nos); tribo, coragem, linguagem 
(masculinos); 
Particípio passado em UDO: perdudo, conhoçudo, escondudo (permanece em 
conteúdo). 
 Sintaxe. O pronome reto em função de objecto: “E o senhor disse que enforcariam 
ell”(Coutinho, 1971); 
Verbos de movimento seguidos de EM: “Veerom da Gallia Gótica em Espanha”; 
Pleonasmos: “oje em este dia”, boas bondades”; 
Períodos muito extensos;
 
Pontuação escassa;
 
Colocação mais livre de palavras na frase; 
Predomínio da ordem inversa. 
Universidade Castelo Branco (2008: 17) 
 
EXERCÍCIOS 
1- Menciona os textos importantes para esta época e que contribuíram para a evolução do 
português. 
2- Em que contexto o Latim foi substituído pelo Português? 
3- Em que contexto surgem as cantigas de amor, de amigo e de escarnio? 
4- Pesquisa sobre as mesmas e apresenta uma informação sucinta. 
5- Quando é que o galego-português sofre alterações e quais foram as implicações de tais 
alterações? 
 
1.5. Português Clássico 
 A fase do português clássico engloba o período que vai de 1415 até 1572, coincidindo com o 
início das grandes navegações portuguesas e culminando com a publicação do épico Os 
Lusíadas6, de Camões (GONÇALVES & BASSO, 2010: 97). A língua de Camões e de outros 
escritores, como ele marcados pelo Renascimento humanista e italianizante, constitui, 
verdadeiramente, o português “clássico”. Para chegar a essa fase, o português sofreu, do século 
XIV ao XVI, uma série de transformações que tiveram como efeito fixar a morfologia e a sintaxe 
de tal maneira que, daí por diante, pouco variarão. A morfologia do nome e do adjectivo absorve 
as consequências das evoluções fonéticas: os plurais dos nomes em ão são fixados (tipo mãos, 
cães e leões), assim como o feminino dos adjectivos em ão; ex.: são, feminino sã. Ainda que uma 
ortografia arcaica por vezes as mascare, desde 1500 já têm plena vitalidade as formas da língua 
moderna (TEYSSIER, 1982: 55). 
 Em 1415, com a conquista de Ceuta, no norte da África, inicia-se um processo que levará o 
português para muitas regiões para além do mar, como o Brasil e vários territórios na costa da 
África, além da India e de outros territórios asiáticos (GONÇALVES & BASSO, op. cit). 
 Ainda nesse período, a Universidade de Coimbra, fundada em 1290, é instalada em Lisboa e 
depois retorna a Coimbra, exercendo papel importante na produção e disseminação das letras, da 
gramática, da dialética e da retórica. Ao longo do século XV, também floresce a prosa 
historiográfica, com nomes importantes como Fernão Lopes. Todo esse movimento culminaria 
com o estabelecimento do português clássico, especialmente em virtude da produção 
renascentista, no qual a língua viria a se consolidar e retomar vários aspectos do latim, perdendo 
diversas alterações vulgares que vinham se desenvolvendo desde o período galego-português. 
 As conquistas territoriais também foram importantes para a consolidação clássica da língua 
portuguesa. Por volta de 1500, muitas das grandes navegações portuguesas já haviam ocorrido, 
frutos do movimento expansionistaportuguês. Nessa altura, Portugal já conhecia, além das ilhas 
da Madeira, os Açores, bem como Cabo Verde, a América, a África e também vários domínios 
na Ásia, como Damão, Macau, Ceilão (Sri-Lanka), Bombaim etc. O contacto com diferentes 
realidades, povos, culturas e línguas exerceu algum impacto na língua portuguesa, principalmente 
em relação ao seu léxico, que incorporou inúmeras palavras originárias desses locais então 
exóticos – o português teve contato, durante a sua fase clássica, com diversas línguas, literalmente 
das mais diferentes partes do globo. 
 Alguns exemplos dessas incorporações lexicais são: zebra (do etíope), canja (do malabar, 
língua falada no Sri-Lanka), chá (mandarim), condor e lhama (do quéchua), chocolate (azteca), 
 
6 “Os Lusíadas” é uma epopeia do escritor português Luís Vaz de Camões, que tem como assunto a viagem de Vasco 
da Gama às Índias. A Narrativa é dividida em dez cantos que são organizados em 1.102 estrofes, cada uma com oito 
versos, todos decassílabos heroicos, e com rima ABABABCC. 
 
https://www.infoescola.com/literatura/poesia-epica/
https://www.infoescola.com/escritores/luis-vaz-de-camoes/
https://www.infoescola.com/biografias/vasco-da-gama/
https://www.infoescola.com/biografias/vasco-da-gama/
https://www.infoescola.com/redacao/narrativa/
manga (indonésio), sagu (malaio), várias palavras de origem tupi, como ananás, amendoim, 
mandioca etc. 
 Por outro lado, nesta época entra na língua portuguesa um elevado número de helenismos e 
latinismos (palavras de origem grega e latina) como resultado do fenómeno cultural do 
Renascimento. Os humanistas valorizaram e recuperaram as culturas e as línguas da antiguidade 
greco-latina. Se a base do português se constitui a partir do latim vulgar, os termos latinos entram 
neste período por via culta, em muitos casos pela influência de autores como Camões ou João de 
Barros. Alguns latinismos que enriquecem o português nesta fase são: orbe, rapace, lácteo, 
argênteo. Entre os helenismos, mesmo se intermediados pelo latim, contam-se: ode, átomo, ninfa, 
epopeia. 
EXERCÍCIOS 
1- O que caracteriza substancialmente do período clássico da língua portuguesa? 
2- Pesquisa outras palavras do português que derivam das línguas que entraram em contacto 
com o português clássico ao moderno. 
 
 
1.6. Português Moderno 
 O ano de 1536 foi o decisivo ponto de viragem, ditando o inicio desta nova etapa da língua 
portuguesa (MATOS, 2015: 39), contudo, refira-se que a transição de um período para o outro é, 
inevitavelmente, um processo continuo e moroso, por isso que esta data é, pois, meramente 
indicativa, como ponto convergente de vários acontecimentos de índole literária, cultural e até 
política. 
 A expansão ultramarina portuguesa para África, Asia, Oceânia e América significou, por um 
lado, a propagação da língua portuguesa para diversos territórios por todo o globo e, por outro, o 
aparecimento dos crioulos7 de base portuguesa, fruto da necessidade de comunicação entre o povo 
luso e as comunidades recém-descobertas. Permitiu, igualmente, a entrada na língua de vocábulos 
directamente provenientes destes territórios (MATOS, 2015: 40). 
 Ademais, pode-se destacar que a literatura, a codificação gramatical e o aumento da 
escolarização contribuíram para estabilizar a língua nos últimos duzentos anos. O português 
moderno, ora designado de contemporâneo, herda as estruturas gramaticais e lexicais da fase 
anterior. No entanto, suaviza o peso que o grego e o latim têm na língua — não vingam certos 
vocábulos eruditos, mas integram-se termos que descrevem, sobretudo, conceitos científicos e 
técnicos: oftalmologia, ecológico, exógeno, televisão. O português torna-se mais recetivo à 
 
7 Diz-se de ou cada uma das línguas mistas nascidas do contacto de um idioma europeu com línguas nativas, ou 
importadas, e que se tornaram línguas maternas de certas comunidades socioculturais. 
influência, primeiro, do francês (garagem, bisturi, cassete) e, depois, do inglês (líder, futebol, 
hotel, scanner). Os empréstimos desta língua fazem sentir-se sobretudo nas áreas da ciência, da 
tecnologia e do espetáculo. 
 Na viragem do século XX para o XXI, o português é uma língua de comunicação inter- 
nacional: 
 é falado em quatro continentes; 
 é a 5a língua mais falada no mundo e a 3.a mais falada na Europa; 
 tem mais de 250 milhões de falantes nativos (Observatório da Língua Portuguesa); 
 tem estatuto oficial na União Europeia, no Mercosul e na União Africana; 
 é língua oficial de nove países (CPLP): Portugal, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São 
Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Timor-Leste e Guiné Equatorial; 
 é largamente falado ou estudado como segunda língua em muitos países. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BECCARI, Alessandro J, O proto-indo-europeu: ancestral hipotético do português. UNESP, São 
Paulo, 2015. Capturado em http://www2.assis.unesp.br. Consultado a 15 de Setembro de 
2020. 
BECHARA, Evanildo, Moderna Gramática Portuguesa, 37a ed., Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 
2009. 
Capítulo 1 – Noções Históricas in BENEDITA, Maria Cecília Garcia & REIS, Aparecida Costa 
dos, Minimanual Compacto de Gramática – Língua Portuguesa – Teoria e Prática, 2a
 
ed., Editora RIDEEL, São Paulo, s/d. Pp. 7-15 
CASTILHO, Ataliba T. de. Como, onde e quando nasceu a língua portuguesa? Capturando em 
http://museudalinguaportuguesa.org.br/wp-content/uploads/2017/09/Como-onde-e-
quando-nasce-a-lingua-portuguesa.pdf. Consultado a 15 de Setembro de 2020. 
Galego-português. Capturado em https://pt.wikipedia.org/wiki/Galego-português. Consultado a 
15 de Setembro de 2020. 
História da Língua Portuguesa. Capturado em https://www.santillana.pt. Consultado a 15 de 
Setembro de 2020. 
O galego-português. Capturado em http://www.linguaportuguesa.ufrn.br/pt_2.3.php. Consultado 
a 15 de Setembro de 2020. 
Origem e evolução da língua portuguesa. In MATOS, João Carlos, Gramática Moderna da 
Língua Portuguesa, 3a ed., Escolar editora, 2015. Pp. 25-56. 
 Unidade A - Do Latim ao Português in GONÇALVES, Rodrigo Tadeu & BASSO, Renato 
Miguel, História da Língua, LLV/CCE/UFSC, Florianópolis, 2010. Pp. 9- 48. 
Universidade Castelo Branco, História da Língua Portuguesa, UCB, Rio de Janeiro, 2008. 
TEYSSIER, Paul. História da Língua Portuguesa. Martins Fontes, 1982. 
 
http://www2.assis.unesp.br/
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