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→ Texto ou discurso - ocorrência linguística, falada ou escrita, dotada de unidade: · sociocomunicativa: um texto é uma unidade de linguagem em uso, cumprindo uma função identificável num dado jogo de atuação informacional e comunicativa; fruto de uma construção de sentido em que cooperam quem o enuncia e quem o recebe; · semântica: um texto tem de ser percebido como um todo significativo, ou seja, como uma unidade dotada de coerência; · formal ou material: seus constituintes linguísticos devem se mostrar integrados, de modo a garantir a coesão. → Palavra TEXTO: · provém do latim (textu-) → "tecido, entrelaçamento"; · resulta da ação de tecer, de entrelaçar unidades a fim de criar um todo interrelacionado; · pode-se falar numa rede de relações que garantem sua unidade – a TEXTUALIDADE → conjunto de características que fazem com que um texto seja um texto, e não apenas uma sequência de frases. → Beaugrande e Dressler (1981) apontam, então, sete fatores responsáveis pela textualidade de um texto qualquer, a saber: · a coesão e a coerência, relacionados ao material linguístico e conceitual do texto, centrados, portanto, no texto; · a intencionalidade e a aceitabilidade, centrados nos interlocutores; · a situacionalidade, a informatividade e a intertextualidade, associados ao contexto de produção do texto. Fatores de textualidade → Coerência: · concerne às relações de sentido, à organização subjacente do texto; · refere-se à não contradição de sentidos, à continuidade semântica; · caracteriza-se como fator de interpretabilidade do texto, pois possibilita apreender seu sentido unitário. · envolve não só aspectos lógicos e semânticos, mas também cognitivos, na medida em que depende do partilhar de conhecimentos entre interlocutores; · é considerado o fator fundamental da textualidade. O interlocutor precisa ter capacidade de pressuposição e de inferência para que compreenda bem um texto. → Coesão: · é a manifestação linguística da coerência; advém da maneira como os conceitos e relações subjacentes são expressos na superfície textual; · é responsável pela unidade formal do texto, constrói-se por mecanismos gramaticais (pronomes anafóricos, os artigos, a elipse etc.) e lexicais (reiteração, a substituição e a associação). · a reiteração realiza-se pela simples repetição de um termo ou por nominalização (ex.: adiar/ adiamento; promover/ promoção); · a substituição inclui alguns processos como a sinonímia, a antonímia, a hiponímia (ex.: carroça / veículo – uma parte é substituída por um todo) e a hiperonímia (ex.: objeto / caneta – o todo é substituído por uma parte ou um elemento); · a associação é o que nos permite relacionar itens do vocabulário que integram um mesmo esquema cognitivo (ex.: aniversário → bolo, velinha, presentes). · A coesão não é uma condição necessária para a textualidade. Ex.: O Pedro vai buscar as bebidas. A Sandra tem que ficar com os meninos. A Tereza arruma a casa. Hoje eu vou precisar da ajuda de todo mundo. · A coesão não é uma condição suficiente para a textualidade. ✓ Ex.: No rádio toca um rock. O rock é um ritmo moderno. O coração também tem ritmo. Ele é um músculo oco composto de duas aurículas e dois ventrículos. → Intencionalidade: · diz respeito ao produtor do texto; · é o empenho do produtor em construir um discurso coerente, capaz de satisfazer os objetivos que tem em mente numa dada situação comunicativa. A meta pode ser informar, impressionar, alarmar, convencer, pedir, ofender etc. → Aceitabilidade: · diz respeito à atitude “receptiva” do leitor/interlocutor; · é a expectativa do interlocutor de que o texto com que se defronta seja útil e relevante, capaz de levá-lo a adquirir conhecimentos ou a cooperar com os objetivos do produtor. → As máximas conversacionais de Grice (1975, 1978): · estratégias cuja meta é alcançar a aceitabilidade do interlocutor. Atendem ao princípio de cooperação (o produtor responde aos interesses do interlocutor). a) Qualidade (autenticidade ou verdade da contribuição); b) Quantidade (informatividade suficiente); c) Pertinência ou relevância (adequação às situações); d) Modo (precisão, clareza, ordenação, concisão etc.) · Implicatura conversacional: desrespeito deliberado às máximas: Ex.: “Tem boa letra e não costuma chegar atrasado” (em resposta a um pedido de referência quanto à capacidade e competência de um ex-aluno.) → Situacionalidade: · é a adequação do texto à situação, referindose ao conhecimento da situação comunicativa e suas regras; · é a coerência pragmática, ou seja, o texto é reconhecido pelo receptor como um emprego normal da linguagem num determinado contexto. Ex.1: Maria teve uma indigestão embora o relógio estivesse estragado. Ex.2: Hoje o dia está lindo, porque eu vi o seu irmão. → Em relação à informatividade, o ideal é o equilíbrio, isto é, um nível mediano de informatividade, no qual se alternam ocorrências de processamento imediato, que falam do conhecido (o dado) e ocorrências de processamento mais trabalhoso, que trazem a novidade (o novo). · O grau de informatividade está diretamente relacionado à informação veiculada: previsível / imprevisível, esperada / não esperada. Quanto mais previsível, menor será o grau de informatividade de um texto e vice-versa. Ex.: “A água não é hidrogênio e oxigênio. Ela contém também partículas mínimas de outros gases” → Intertextualidade: · obras de caráter científico remetem a autores reconhecidos para garantir a veracidade das afirmações; · conversas são repletas de alusões a situações vividas e armazenadas em nossa memória; · jornais contêm referências supostamente conhecidas pelo leitor; · romances, contos, novelas, ou qualquer obra literária remetem a outras obras, muitas vezes de forma implícita (ver exemplos nos slides). REFERÊNCIAS: COSTA VAL, M. G. Redação e textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1991. KOCH, I. e ELIAS, V. M. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São Paulo: Contexto, 2009. MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008. MONNERAT, R. O texto e os fatores da textualidade.
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