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FUNDAÇÃO COMUNITÁRIA DE ENSINO SUPERIOR DE ITABIRA-FUNCESI 
FACULDADE DE CIENCIAS ADMINISTRATIVAS E CONTABEIS DE ITABIRA-FACCI 
 
 
 
 
 
 
Rosiméia Aparecida da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PERCEPÇÃO DA POPULAÇÃO ACERCA DA ATIVIDADE MINERÁRIA E 
CONTAMINAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA POR ARSÊNIO NO MUNICÍPIO DE 
SANTA BÁRBARA - MG 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Itabira 
2015 
 
Rosiméia Aparecida da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PERCEPÇÃO DA POPULAÇÃO ACERCA DA ATIVIDADE MINERÁRIA E 
CONTAMINAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA POR ARSÊNIO NO MUNICÍPIO DE SANTA 
BÁRBARA – MG 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentada a Faculdade de 
Ciências Administrativas e Contábeis de Itabira como 
requisito parcial para obtenção de título de bacharel em 
Engenharia Ambiental. 
Orientador (a): Juni Cordeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Itabira 
2015 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a todos que estiveram ao meu lado em todos os momentos em que tive 
que me dedicar aos estudos, principalmente nos mais difíceis. Aos meus pais, irmãos, filho, 
marido e amigo, que sem a força, apoio e incentivo, a superação de mais este desafio em 
minha vida seria bem mais difícil. Ás vezes, quando queremos conquistar determinados 
objetivos precisamos abrir mãos de alguns confortos, momentos de lazer e diversas outras 
coisas, mas, apesar disto encontramos pessoas com as quais podemos recorrer e apoiar. Por 
isso, este trabalho é dedicado a estas pessoas, importantes em minha caminhada. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço a todos os meus familiares, marido, filho e amigos pelo apoio nas horas difíceis, e 
nos momentos que por muitas vezes estive ausente para me dedicar aos estudos. 
 
Agradeço a todos os meus professores pelo apoio e incentivo em especial a Juni Cordeiro por 
ter me aturado e por não me deixar desistir, à Lorena Oporto e a Giovanna por terem dedicado 
algumas horas do seu dia para me ajudar, nos momentos que por muitas vezes pensei em 
desistir. 
 
Agradeço a um amigo muito especial, Eustáquio Dehon que contribuiu e muito para que eu 
chegasse até aqui. 
 
Agradeço a minha turma pelo privilégio de ter compartilhado estes anos com pessoas especiais 
e que ficarão marcadas pela cumplicidade e companheirismo. 
 
A todos que direta e indiretamente estiveram presentes na efetivação de mais esta difícil etapa 
em minha vida. 
 
Àqueles que de alguma forma estiveram presentes neste período e de alguma forma 
contribuíram para que este novo desafio fosse conquistado. 
 
Sei que tenho inúmeras pessoas a agradecer, mas, por serem tantas não cabe aqui serem 
nomeadas uma a uma, somente lembradas e agradecidas por meio deste trabalho. 
 
Muito obrigada! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Quando a última árvore tiver caído, quando o último rio tiver secado, 
quando o último peixe for pescado, vocês vão entender que dinheiro 
não se come”. 
 
Greenpeace 
 
 
RESUMO 
A mineração evidencia-se como uma das principais fontes de renda impulsionadora do 
desenvolvimento econômico de numerosos municípios do Quadrilátero Ferrífero no estado de 
Minas Gerais. Porém, como diversas outras atividades econômicas, a mineração acarreta 
problemas ambientais na água, solos, ar, paisagem e outros. Neste contexto, esta pesquisa teve 
por objetivo verificar se a população do município de Santa Bárbara - (MG) tem conhecimento 
da existência de uma possível contaminação por arsênio na água e nos solos do município. A 
abordagem metodológica foi definida como quali-quantitativa, do tipo descritiva, sendo 
caracterizada como pesquisa de campo pela obtenção dos dados diretamente no ambiente de 
estudo. O universo desta pesquisa foi formado pela população. A amostra é formada por uma 
parte significativa da população, sendo definido o critério de amostragem como não 
probabilístico por conveniência. Os instrumentos utilizados para coleta dos dados foi a 
realização de questionário aplicado junto à comunidade, aliado a entrevista realizada com 
secretários municipais de saúde e meio ambiente e análise documental de planilhas de dados 
fornecida pelo sistema DATASUS, sendo que, para o tratamento dos dados foram utilizadas as 
técnicas de análise de conteúdo e as estatísticas descritiva e inferencial. A mineração foi 
mencionada como sendo uma atividade negativa, em virtude dos desmatamentos e a degradação 
do solo, poluição visual, sonora e do ar, aqueles que consideraram esta atividade como positiva, 
destacaram a geração de empregos, desenvolvimento e aumento da renda para o município. O 
principal impacto causado pela mineração de ouro na área de estudo além da possível 
contaminação da água e sedimentos, segundo relato do secretário do meio ambiente está 
relacionado ao rebaixamento do lençol freático, visto que a mina é subterrânea. Ainda segundo 
o secretário não foi detectada contaminação advinda da mineração em níveis acima do limite 
estabelecido por lei. Verificou-se que, de acordo com dados do DATASUS, que o índice de 
neoplasias (tumores) apresentados não pode ser relacionado diretamente à atividade mineraria. 
Ficando, portanto, evidenciado através da pesquisa o quanto é importante que a população tenha 
um conhecimento adequado dos riscos ambientais que a cerca, e para que possa exigir dos 
órgãos públicos seus direitos como cidadãos, objetivando a minimização dos impactos. 
 
 
Palavras chave: Arsênio, População, Mineração, Percepção socioambiental, Contaminação 
ambiental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Figura 1 - Principais regiões com depósitos minerais no Brasil ............................................. 13 
Figura 2 - Alguns compostos de arsênio comuns na natureza................................................. 28 
 
Quadro 1 - Descrição das 17 leis ambientais mais importantes com relação à proteção do 
patrimônio cultural, fauna, recursos hídricos e florestais ......................................................... 20 
Quadro 2 - Padrões e valores orientadores da utilização de arsênio ....................................... 35 
Quadro 3 - Informações gerais acerca do município de Santa Bárbara, MG .......................... 40 
 
Mapa 1 - Localização do município de Santa Bárbara, MG...................................................40 
Mapa 2 - Geologia simplificada da região abrangida pelo município de Santa Bárbara, MG.42 
 
 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1 - Participação dos estados brasileiros na arrecadação da CFEM no segundo semestre 
de 2014. .................................................................................................................................... 15 
Gráfico 2 - Principais municípios brasileiros arrecadadores da CFEM no segundo semestre de 
2014. ......................................................................................................................................... 15 
Gráfico 3 - Idade dos participantes da pesquisa no município de Santa Bárbara/MG (n=380).
 .................................................................................................................................................. 57 
Gráfico 4 – Tempo de residência dos participantes da pesquisa no município de Santa 
Bárbara/MG (n=380). ............................................................................................................... 59 
Gráfico 5 - Grau de instrução dos participantes da pesquisa (n=380) realizada no município de 
Santa Bárbara/MG .................................................................................................................... 62 
Gráfico 6 - Origem da água consumida pelos moradores entrevistados (n=380) no município 
de Santa Bárbara/MG ............................................................................................................... 63 
Gráfico7 - Forma de abastecimento dos moradores que participaram da pesquisa (n=380) no 
município de Santa Bárbara/MG .............................................................................................. 64 
Gráfico 8 - Existência de corpos hídricos próximos à residência dos moradores que 
participaram da pesquisa (n=380) no município de Santa Bárbara/MG .................................. 65 
Gráfico 9 - Moradores que usam a água desse córrego ou rio próximos de sua residência 
(n=380) no município de Santa Bárbara/MG ........................................................................... 66 
Gráfico 10 - Participantes (n=380) que consomem peixes, verduras, legumes, ovos, frango ou 
leite de vaca produzidos na região de Santa Bárbara/MG ........................................................ 67 
Gráfico 11 - Participantes da pesquisa (n=380) no município de Santa Bárbara/MG que 
utilizam produtos da mineração ................................................................................................ 70 
Gráfico 12 - Tabulação cruzada em relação ao conhecimento do uso de produtos da Mineração 
x escolaridade ........................................................................................................................... 70 
Gráfico 13 - Principais impactos ambientais desencadeados pela atividade minerária........... 72 
Gráfico 14 - Tabulação cruzada em relação ao que é arsênio x escolaridade ......................... 74 
Gráfico 15 - Tabulação cruzada em relação a toxidade do arsênio x escolaridade ................. 75 
Gráfico 16 - Percepção dos respondentes (n=380) acerca da responsabilidade pela 
contaminação por arsênio ......................................................................................................... 76 
Gráfico 17 - Responsabilidade pela preservação da agua e do solo por arsênio ..................... 77 
Gráfico 18 - Distribuição percentual de internação por neoplasias (tumores em geral) em todas 
as idades considerando dados de 2009 apresentados pelo DATASUS .................................... 88 
Gráfico 19 - Distribuição percentual de mortalidade proporcional por neoplasias (tumores em 
geral) por faixa etária, considerando dados de 2008 apresentados pelo DATASUS ............... 89 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELA 
 
Tabela 1 - Naturalidade dos participantes da pesquisa (n=380), do município de Santa 
Bárbara/MG. ............................................................................................................................. 58 
Tabela 2 - Bairros no município de Santa Bárbara/MG onde residem os participantes da 
pesquisa (n=380) ...................................................................................................................... 61 
Tabela 3 - As 05 primeiras palavras que vêm à mente dos respondentes (n=380) do município 
de Santa Bárbara – MG, ao ouvirem a palavra “mineração” .................................................... 69 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS 
 
 
 
AIA - Avaliação de Impactos Ambientais 
ANA - Agência Nacional das Águas 
APM - Materiais Particulados Atmosféricos 
AS - Arsênio 
CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo 
CFEM - Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais 
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente 
COPASA - Companhia de Saneamento de Minas Gerais 
CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais 
CREA-MG - Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais 
DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral 
EIA - Estudo de Impacto Ambiental 
 
FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente 
 
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis 
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IBRAM - Instituto Brasileiro de Mineração 
IEF - Instituto Estadual de Florestas 
IGEO - Índice de Geoacumulação 
INCA - Instituto Nacional de Câncer 
LI - Licença de Instalação 
LP - Licença Prévia 
LO - Licença de Operação 
OGM - Organismos Geneticamente Modificados 
OMS - Organização Mundial de Saúde 
ONU - Organização das Nações Unidas 
PRAD - Plano de Recuperação de Áreas Degradadas 
POA - Processos Oxidativos Avançados 
QF - Quadrilátero Ferrífero 
RIMA - Relatório de Impacto Ambiental 
SAA - Sistemas de Abastecimento de Água 
SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo 
SUS - Sistema Único de Saúde 
USGS - United States Geological Survey 
SUMÁRIO 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 5 
1.1 Problema de pesquisa ........................................................................................................ 6 
1.2 Objetivo geral .................................................................................................................... 6 
1.3 Objetivos específicos .......................................................................................................... 6 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 10 
2.1 Mineração e meio ambiente ............................................................................................. 10 
2.1.1 Panorama da mineração no Brasil ................................................................................. 12 
2.1.2 Impactos ambientais causados pela mineração .............................................................. 16 
2.1.3 Legislação ........................................................................................................................ 19 
2.1.3.1 Legislação ambiental .................................................................................................... 20 
2.1.3.2 Código de Mineração.................................................................................................... 23 
2.1.4 A sustentabilidade em atividades minerárias .................................................................. 24 
2.2 A química do arsênio ........................................................................................................ 26 
2.2.2.1 Ocorrência natural de arsênio ....................................................................................... 29 
2.2.2.2 Ocorrência antropogênica do arsênio ........................................................................... 31 
2.2.3 O arsênio e a saúde humana ........................................................................................... 31 
2.2.3.1 Efeitos e riscos à saúde ................................................................................................. 33 
2.2.4 Contaminação por arsênio .............................................................................................. 36 
2.2.4.1 Contaminação por arsênio no mundo ........................................................................... 36 
2.2.4.2 Contaminação por arsênio no Brasil ............................................................................. 37 
2.2.4.3 Contaminação por arsênio no Quadrilátero Ferrífero ................................................... 38 
2.3 Município de Santa Bárbara ........................................................................................... 39 
2.4 Alternativas para a remediação de solos e águas contaminados por arsênio ............. 45 
 
3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 47 
3.1 Abordagem ........................................................................................................................ 47 
3.2 Tipo de pesquisa ............................................................................................................... 48 
3.3 Método de pesquisa ..........................................................................................................49 
3.4 Universo ............................................................................................................................. 49 
3.5 Amostra e critério de amostragem .................................................................................. 50 
3.6 Coleta de dados ................................................................................................................. 51 
3.7 Tratamentos dos dados .................................................................................................... 53 
3.8 Unidade de análise ............................................................................................................ 54 
3.9 Limitações da pesquisa ..................................................................................................... 54 
 
4 ANÁLISE DE DADOS ........................................................................................................ 56 
4.1 Percepção ambiental da população de Santa Bárbara acerca das formas de 
abastecimento de água e utilização deste recurso ................................................................ 56 
4.2 Percepção da população de Santa Bárbara acerca da importância da atividade 
minerária e impactos ambientais, sociais e econômicos associados à esta ........................ 68 
4.3 Percepção ambiental da população acerca do arsênio .................................................. 73 
4.4 – Percepção dos gestores de saúde e meio ambiente de Santa Bárbara acerca da 
possível presença de arsênio na água e solos do município ................................................ 78 
4.4.1 – Percepção do secretário municipal de saúde ............................................................... 78 
4.4.2 – Percepção do secretário municipal de meio ambiente ................................................. 83 
4.5 - Ocorrências de neoplasias no município de Santa Bárbara/MG ............................... 88 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 90 
 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 93 
 
APENDICES ........................................................................................................................... 93 
 
 
5 
 
1 INTRODUÇÃO 
Os minerais estão presentes em quase todos os bens duráveis fabricados atualmente, podendo 
ser encontrados desde as máquinas modernas às mais simples, trespassando pelos materiais que 
constroem as residências. O Brasil detém uma grande variedade de formações geológicas, 
distribuídas em mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, o que lhe confere uma grande 
diversidade de minerais, dentre metálicos, não metálicos e energéticos (YOUNG, 2014). 
Neste contexto, pode-se ressaltar que o Brasil está posicionado entre os três maiores fabricantes 
mundiais de minério de ferro, substância empregada nas estruturas prediais, em quase todos os 
eletrônicos e eletrodomésticos e tudo que é composto de metal, com fabricação de 390 milhões 
de toneladas em 2013; destacando-se também na manufatura de ouro, que chegou a 75 toneladas 
fabricadas anualmente no Brasil, indo muito além das joias e adornos, com várias aplicações na 
indústria aeroespacial e eletrônica (YOUNG, 2014). 
Desse modo, a atividade minerária mostra-se importante para o desenvolvimento da região onde 
encontra-se inserida pois a mesma gera emprego e renda para o município, bem como possui 
grande importância na a produção de materiais e serviços que podem beneficiar toda uma 
sociedade. 
Por outro lado, a atividade minerária pode desencadear impactos ambientais e socioeconômicos 
negativos quando executada em desacordo com a legislação vigente. Nesta acepção, Mechi e 
Sanches (2010) relatam que quase, toda atividade minerária acarreta, dentre outros, supressão 
de vegetação ou impedimento de sua regeneração, remoção do solo superficial de maior 
fertilidade e exposição dos solos remanescentes aos processos erosivos, assoreamento dos 
corpos d'água, bem como pela poluição provocadas por lixiviação. 
No Brasil, o estado Minas Gerais irá responder por 41% das aplicações financeiras disponíveis 
para o setor minerário, respondendo por 53% da produção de minerais metálicos e 29% de 
minérios em geral. Salienta-se ainda que a mineração está situada em mais de 250 municípios 
mineiros, nos quais estão localizadas as 10 maiores minas do Brasil. Além disso, 67% das 
denominadas minas brasileiras classe A, com produção superior a 3 milhões de toneladas por 
ano, estão situadas no estado de Minas Gerais (YOUNG, 2014). 
6 
 
O município de Santa Bárbara, localizado no Quadrilátero Ferrífero, no estado de Minas Gerais, 
é uma região conhecida por seus recursos minerais e por possuir diversas empresas que atuam 
com a exploração mineral. Face ao exposto, esta pesquisa visa analisar a percepção da 
população desta região referente aos impactos socioambientais desencadeados pela atividade 
minerária e acerca de pesquisas desenvolvidas que indicam uma possível contaminação por 
arsênio na água e solos do município. 
Dessa forma, este estudo está dividido em cinco capítulos. O primeiro capítulo contém a 
introdução, o problema de pesquisa, os objetivos e a justificativa do estudo. O segundo capítulo 
apresenta o referencial teórico da pesquisa, abordando, dentre outros aspectos, o panorama da 
mineração no Brasil; a legislação ambiental e o Código de Mineração; a caracterização química 
do arsênio, abrangendo sua toxicidade; além de uma breve descrição dos aspectos fisiográficos 
e geológicos do município de Santa Bárbara, MG. O terceiro capítulo apresenta a metodologia 
utilizada para a realização desta pesquisa. O quarto capítulo contém a análise dos dados e, por 
último, o quinto capítulo aborda as considerações finais da pesquisa. 
1.1 Problema de pesquisa 
A população de Santa Bárbara (MG) tem conhecimento acerca da possível contaminação por 
arsênio no solo e na água bem como dos seus impactos à saúde? 
1.2 Objetivo geral 
Verificar se a população do município de Santa Bárbara (MG) tem conhecimento de uma 
possível contaminação por arsênio na água e nos solos do município. 
1.3 Objetivos específicos 
- Analisar a percepção ambiental da população acerca das formas de abastecimento de água e 
utilização deste recurso; 
- Verificar a opinião da população de Santa Bárbara acerca da importância da atividade 
minerária e impactos ambientais e socioeconômicos associados à esta; 
7 
 
- Identificar se a população tem conhecimento da toxicidade do arsênio e de pesquisas 
realizadas na região de Santa Bárbara a respeito desse elemento; 
- Verificar se os gestores do município têm conhecimento acerca de uma possível presença de 
arsênio na água e solos do município; 
- Analisar as ocorrências de neoplasias no município de Santa Bárbara e comparar com as 
informações dos munícipios vizinhos. 
1.4 Justificativa 
O setor de mineração no Brasil é um arrimo financeiro e econômico para a nação, 
correspondendo a uma grande fonte de renda, que pode equilibrar os índices de 
desenvolvimento do país em um grau significativo (LOPES, 2014). Ainda de acordo com Lopes 
(2014), isso ocorre, principalmente, ao se considerar a capacidade do subsolo brasileiro para 
apresentar-se em formas bem atípicas e ricas em minérios, com potencial para situá-lo à frente 
de outros países. 
 
Os recursos minerais são extremamente importantes para que ocorra o desenvolvimento de um 
determinado lugar, uma vez que os minerais utilizados como matérias-primas são aproveitados 
em diferentes áreas da construção civil, do setor industrial, além de serem utilizados como 
fontes de energia. 
 
Contudo, a atividade minerária pode desencadear uma série de problemas ambientais e 
socioeconômicos, atingindo diretamente a qualidade de vida da população e o meioambiente. 
Desta forma, mesmo sendo de grande relevância para o país e para a sociedade como um todo, 
essa atividade, tem sido a causa de acidentes ao longo dos anos e causadora de impactos 
ambientais negativos. 
 
Segundo o Serviço Geológico do Brasil - CPRM (2002), os mais relevantes problemas 
originários da mineração podem ser agrupados em cinco categorias: poluição da água, poluição 
do ar, poluição sonora, subsidência do terreno, incêndios causados pelo carvão e rejeitos 
radioativos. Diversas ações antrópicas também são responsáveis por problemas de ordem 
8 
 
geotécnica, tais como subsidência, deslizamentos e erosão acelerada, que resultam na 
degradação do solo e do subsolo. 
 
Após a década de 1950, o Centro-Sul de Minas Gerais passou a ser chamado de Quadrilátero 
Ferrífero (QF), correspondendo ao maior distrito de minério do Brasil, situado na área central 
do estado. Contudo, na concepção de Franco (2014), esta região sofre as consequências diretas 
da atividade minerária, exemplificadas pela poluição das águas superficiais por elementos 
tóxicos. 
 
Corroborando este dado, o município de Santa Bárbara, localizado na porção noroeste do QF, 
tem sido objeto de pesquisas que apontam para uma possível contaminação da água e do solo 
por arsênio, tornando esta questão uma situação preocupante do ponto de vista da saúde pública 
e ambiental, “visto que os pontos amostrados estão situados em distritos com potencial contato 
direto pela população e utilização doméstica das águas destes córregos” (FRANCO, 2014, 
p.41). 
 
Desta forma, este trabalho mostra-se relevante para o Engenheiro Ambiental, pois o aumento 
no consumo de matérias primas, com o intuito de proporcionar maior conforto à uma sociedade 
cada vez mais exigente, tornam cada vez mais graves os impactos gerados no meio ambiente. 
Com isso as empresas, o poder público e os cidadãos, devem cada vez mais procurar aprimorar 
a relação com o meio ambiente, exercendo um monitoramento e controle rígido de suas 
atividades, buscando diminuir os impactos ambientais e expandindo, assim, o mercado para a 
área de engenharia ambiental. 
 
Ademais, o desenvolvimento desta pesquisa pode tornar-se para o meio acadêmico um 
instrumento importante ao corroborar para o aprimoramento do conhecimento e consolidação 
da aprendizagem. Esta pesquisa também é pertinente por proporcionar o levantamento da 
percepção dos moradores acerca da contaminação de arsênio nas águas e solos do município de 
Santa Bárbara, a qual poderá servir como uma base inicial para o desenvolvimento de trabalhos 
de conscientização e educação ambiental dessa população. 
 
Faz-se fundamental o conhecimento de toda a sociedade sobre os riscos decorrentes da 
exposição, a longo prazo, aos metais pesados através da água, uma vez que esta pode causar 
vários problemas à saúde pública, já que é utilizada para diversas atividades como criação 
9 
 
animal, abastecimento público, atividades industriais, higiene, irrigação, navegação, limpeza, 
produção de energia elétrica, e outros, podendo ser também fonte de transmissão de doenças. 
Assim, o conhecimento deste problema poderá possibilitar que a sociedade exija dos 
responsáveis o monitoramento constante das fontes geradoras de contaminação para prevenir o 
risco ao qual está exposta. 
10 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
Prodanov e Freitas (2013) relatam que no referencial teórico são analisadas obras científicas 
acessíveis que abordam o conteúdo a ser trabalhado, fornecendo fundamento teórico para a 
continuação do projeto de pesquisa. É nessa fase que também são esclarecidos os conceitos 
predominantes e as expressões técnicas utilizadas no estudo. Dessa forma, livros já publicados, 
artigos em periódicos nacionais e internacionais, além de monografias, dissertações e teses, 
podem ser utilizados como fontes de consulta. 
 
Assim, este referencial teórico aborda os principais aspectos relacionados à atividade minerária, 
ressaltando a legislação pertinente ao tema, assim como seus principais impactos ambientais e 
socioeconômicos; uma breve caracterização química do arsênio, destacando seu 
comportamento no meio ambiente e riscos para a saúde humana, além de uma caracterização 
geológica sucinta da área abrangida pelo município de Santa Bárbara, MG. 
2.1 Mineração e meio ambiente 
A mineração é um dos pilares da economia de um país, colaborando de maneira categórica 
“para o bem-estar e a melhoria da qualidade de vida das presentes e futuras gerações, sendo 
fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade equânime, desde que seja operada com 
responsabilidade social”, fazendo-se sempre necessários os preceitos do desenvolvimento 
sustentável (FARIAS, 2002, p. 2). 
 
Entretanto, é fato que a raça humana, com a busca cada vez maior por sua evolução científica, 
cultural e tecnológica, sempre dilapidou os bens minerais e deles se tornou cada vez mais 
dependente. Neste sentido, é verdade que o homem interfere no meio ambiente utilizando a 
mineração como meio para desfigurá-lo, degradá-lo e poluí-lo, não sendo menos verdade que a 
mesma mineração que comete todos estes danos também retrata um dos meios para suprir as 
demandas que a sociedade atual não consegue mais renunciar (RIBEIRO FILHO, 1992). 
 
De forma geral, a regulamentação da atividade minerária deve garantir sua permanência e 
estabilidade diante do seu papel desenvolvido na construção da sociedade, tendo por base 
normas e requisitos fundamentados na preservação do meio ambiente, uma vez que existem 
11 
 
incompatibilidades entre o arranjo das leis de zoneamento municipais e a aptidão mineral das 
zonas determinadas na legislação municipal de uso e ocupação do solo (FARIAS, 2002). 
 
Segundo Scliar (2004), é fato que os impactos oriundos da atividade minerária estão agregados 
à competição pelo uso e ocupação do solo, gerando conflitos socioambientais devido à falta de 
metodologias de intervenção que certifiquem a multiplicidade dos interesses envolvidos. 
Entretanto, para Farias (2002), vários problemas ambientais, relacionados ao uso do solo e 
subsolo, são criados por atividades antropogênicas, não se resumindo apenas à mineração, tais 
como o uso não controlado de água subterrânea; a urbanização desordenada; a pecuária; a 
agricultura e a construção de barragens objetivando a geração de hidroeletricidade. 
 
Por outro lado, os recursos minerais levaram centenas de milhões de anos para se formarem, 
portanto, a mineração, assim como qualquer outra atividade que dependa de recursos naturais, 
tal como o meio ambiente, precisa estar em harmonia com a necessidade e a vontade dos 
cidadãos que povoam as regiões onde estão localizadas as minas, devendo ser enunciado por 
fóruns colegiados bem informados e representativos, que demarquem e sugiram a conveniência 
e a convivência da atividade minerária com outras atividades e com o meio ambiente 
(RODRIGUES; MALAFAIA, 2008). 
 
Para mais, ao instaurar o dever de recuperação a área degradada na exploração dos recursos 
minerais, a Constituição Federal de 1988 indica seu caráter integrador da ordem econômica 
com o meio ambiente, adaptando a defesa ambiental às características da mineração, 
possibilitando o exercício da atividade e proporcionando a continuação do desenvolvimento 
econômico, de forma que os valores econômicos e ambientais se realizem de forma conjunta e 
equilibrada (BARROSO, 1992). 
 
O homem sempre interferiu no meio ambiente através da atividade minerária e essa ação 
permanecerá sendo um processo atuante na degradação e agressão ambiental uma vez que para 
o conforto no seu dia a dia o mesmo depende quase sempre da extração mineral. De acordo 
com Ribeiro Filho (2002), a experiência brasileira indica que mais do que normas formais, 
deverão preponderar a compreensão e a colaboração das empresas de mineração, que deverão 
ter seus custos com a reabilitação do meio ambiente introduzidosnos investimentos dos 
projetos, abrangendo desde a fase de pesquisa até as etapas de implantação e abandono das 
atividades minerárias. 
12 
 
A compatibilidade entre a atividade minerária e a preservação ambiental torna-se ainda mais 
relevante ao se constatar que o Brasil ocupa um lugar importante no ranking mundial das 
principais reservas minerais, destacando-se aquelas de minério de ferro, ouro, nióbio, bauxita e 
grafita. 
2.1.1 Panorama da mineração no Brasil 
A mineração, uma das principais atividades econômicas do Brasil, remonta ao período colonial, 
a aproximadamente dois séculos após à vinda dos portugueses para a América do Sul, ocorrida 
de modo mais preciso no século XVII. O primeiro grande boom mineral ocorreu no século 
XVIII, motivado pelo descobrimento do ouro, que colocou o Brasil à frente de outros países 
como grande produtor mundial deste minério e que deu início ao aparecimento dos princípios 
fundamentais à formação do setor mineral brasileiro (BARRETO, 2001). 
 
Segundo dados apresentados pela empresa Vale S/A (2012) o panorama da mineração brasileira 
passou por processos de mudanças a partir do século XX, especialmente entre as décadas de 
1930 e 1980. A mineração se desenvolveu a partir de uma política governamental, 
fundamentada especialmente em incentivos financeiros diretos do governo, servindo para 
desenvolver o alicerce de uma economia industrial, que de certo modo produziu alguns efeitos 
negativos sobre a eficácia e o crescimento minerário. Mesmo com o desenvolvimento 
tecnológico e com equipamentos mais potentes, somente uma pequena parte do enorme 
potencial minerário do Brasil foi reconhecido internacionalmente. 
 
Esta informação é corroborada pelo Instituto Brasileiro de Mineração - IBRAM (2012), que 
afirma que o Brasil é um dos países com maior potencialidade minerária do mundo. Com um 
potencial geológico imenso a ser conhecido em um território com extensão continental de 
8.514.876,599 km2, e sendo detentor de mão-de-obra qualificada e de uma infraestrutura em 
processo de fortalecimento, que utiliza de tecnologias modernas, verifica-se um ambiente 
favorável ao crescimento da metalurgia e da mineração no país. 
 
De acordo com dados do CPRM (2002), o Brasil dispõe de importantes recursos naturais em 
seu subsolo, tais como minerais, incluindo carvão, petróleo e gás; além da água, que também 
contribui para o desenvolvimento socioeconômico do país. Um percentual desses recursos 
13 
 
compõem as reservas minerais, podendo ser destacados aqueles de origem metálica, como 
alumínio, ferro, chumbo, cobre, lítio, manganês, estanho, níquel, nióbio, ouro, zircônio, 
tungstênio, zinco, titânio e os de composição não-metálica, como bentonita, amianto, caulim, 
diatomita, granitos ornamentais, enxofre, mica, potássio, gipsita, rocha fosfática, calcário, 
quartzo, fluorita, magnesita, sal-gema talco, turfa e como energéticos xisto betuminoso, 
petróleo, carvão, urânio e gás. 
 
Considerando os dados de 2006 apresentados pelo Departamento Nacional de Produção 
Mineral (DNPM), Neves e Silva (2007), indicaram a presença de 2.641 minas no país, das 
quais, 2.597 minas operavam na modalidade a céu aberto, 41 na forma subterrânea e 3 eram 
consideradas minas mistas. Dentre estas, assim como destacado por IBRAM (2012), merecem 
ser ressaltadas aquelas consideradas de classe mundial, como a de nióbio, localizada em Araxá 
(MG); minério de ferro situadas no Quadrilátero Ferrífero (MG) e Carajás (PA); bauxita 
presente em Oriximiná (PA); caulim em Barcarena e Ipixuna do Pará (PA), grafita em Pedra 
Azul (MG) e magnesita em Brumado (BA), indicadas na Figura 1. 
 
Figura 1 - Principais regiões com depósitos minerais no Brasil 
 
Fonte: IBRAM, 2012, p. 8. 
 
14 
 
Na Figura 1 é possível verificar que a região sudeste, se destaca pela presença de rochas 
ornamentais no estado do Espírito Santo; depósitos de agregados para construção civil nos 
estados do Rio de Janeiro e São Paulo e uma grande diversidade de recursos minerais no estado 
de Minas Gerais, tais como ouro, ferro, nióbio, gemas, grafita, manganês e bauxita. 
 
Em outros estados como a Bahia, destacam-se as ocorrências de vanádio, cromo, níquel e 
alumínio; enquanto no estado do Pará são conhecidos depósitos de alumínio, ferro, ouro, cobre, 
níquel e manganês. Já, em relação aos outros estados brasileiros percebe-se que, na região sul 
do país estão localizados os depósitos de talco (estado do Paraná), carvão (estado de Santa 
Catarina) e ametista (estado do Rio Grande do Sul). 
 
Diante de tal cenário, em 2013, quando consideradas as reservas minerais, o país obteve 
participação relevante no cenário mundial, visto que, em comparação com os dados de reservas 
econômicas cedidos pelo United States Geological Survey (USGS), o Brasil pode ser 
considerado como o possuidor das maiores reservas de nióbio (98,2%), barita (53,3%) e grafita 
natural (50,7%). Tendo se destacado também por suas reservas de tântalo (36,3%) e terras raras 
(16,1%), além destes, os minérios de estanho, ferro e níquel também mostraram participação 
expressiva nos valores de reserva mundial, levando o país a conquistar o segundo lugar como 
maior depositário destes bens minerais (DNPM, 2014b). 
 
Baseando-se no recolhimento da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos 
Minerais (CFEM), os estados de Minas Gerais, com 45,7%; Pará com 27,7%; Goiás 
apresentando 4,8%, São Paulo com 4,0%, Bahia detendo 2,9% foram os estados detentores das 
maiores arrecadações no segundo semestre de 2014, conforme apresentado no Gráfico 1, sendo 
que os demais estados compartilharam 14,9% da arrecadação (DNPM, 2014a). 
15 
 
Gráfico 1 - Participação dos estados brasileiros na arrecadação da CFEM no segundo semestre 
de 2014. 
 
 
Fonte: DNPM, 2014a, p. 24. 
 
Os municípios com maiores arrecadações do país no segundo semestre de 2014, em função de 
atividades minerárias, foram: Parauapebas - PA (18,7%), Nova Lima - MG (6,2%), Mariana - 
MG (5,2%), Itabira - MG (5,0%), Congonhas - MG (4,5%). As outras cidades brasileiras 
compartilharam 60,5% da arrecadação da CFEM, tal como indicado no Gráfico 2 (DNPM, 
2014b). 
 
Gráfico 2 - Principais municípios brasileiros arrecadadores da CFEM no segundo semestre de 
2014. 
 
Fonte: DNPM, 2014b, p. 24. 
 
Dessa forma, considerando todo este potencial mineral do país, faz-se importante destacar os 
principais impactos ambientais relacionados à atividade minerária. 
 
 
16 
 
2.1.2 Impactos ambientais causados pela mineração 
 
A Lei nº 6.938 de 31 de agosto de 1981, que instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente, 
traz em seu artigo 3º, no inciso II, a definição de degradação ambiental como sendo “a alteração 
adversa das características do meio ambiente” (BRASIL, 1981, Art. 3º). 
 
Já o Art. 1º da Resolução nº 01 de 1986 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), 
relata que o impacto ambiental pode ser compreendido como 
 
qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio 
ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das 
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetem a saúde, a segurança 
e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a fauna e a 
flora; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e a qualidade dos 
recursos ambientais. (BRASIL, 1986, Art.1º). 
 
Neste sentido, os impactos ambientais decorrentes da mineração não provocam somente a 
degradação paisagística, mas também um declínio na qualidade de vida das populações, além 
de um vasto aumento de diversos problemas relacionados à saúde pública, podendo, na maioria 
dos casos, afetar toda a fauna e flora de uma região, uma vez que de acordo com Silva (2007) 
a destruição de matas, serras e nascentes com fins exploratórios, pode levar a extinção de 
espécies animais e vegetais endêmicas, que deveriam ser preservadas e protegidas.Dessa forma, Penna (2009) cita os impactos desencadeados pela mineração, como sendo a 
intensificação da turbidez, com consequente alteração na qualidade da água e na penetrabilidade 
da luz solar, no interior do corpo d’agua; diminuição do oxigênio dissolvido nos ecossistemas 
aquáticos; derramamentos de óleos, graxas e metais pesados (altamente tóxicos, com sérios 
danos aos seres vivos do meio receptor); variação do pH da água, tornando-a comumente mais 
ácida; poluição do ar, principalmente por material particulado; assoreamento de rios e perdas 
de grandes áreas de ecossistemas nativos ou de uso humano. 
 
Na concepção de Silva (2007), as mudanças ocorridas nas paisagens do estado de Minas Gerais 
nos últimos séculos decorrem, principalmente, da extração mineral. Assim, para este autor, o 
progresso obtido com esta atividade é imprescindível, porém, a forma com que vem crescendo 
tem contribuído com a promoção da degradação ambiental que, em alguns casos, seja 
relacionada às paisagens ou aos cursos d'água, pode ser evidente e irreversível. 
 
17 
 
Segundo Penna (2009), a mineração, inserida no setor industrial, é a atividade que tem mostrado 
o nível mais baixo de compromisso social e ambiental, sendo também um dos setores mais 
conservadores e mais resistentes aos ajustes ambientais. 
 
Para Mechi e Sanches (2010), quase todas as atividades minerárias resultam em extinção de 
vegetação ou em um empecilho à sua regeneração, existindo situações nas quais o horizonte 
mais superficial do solo, que seria o mais fértil, pode ser também removido, deixando os 
horizontes remanescentes expostos à erosão, a qual pode conduzir ao assoreamento dos corpos 
d’água dos arredores do empreendimento. Ademais, os processos erosivos podem ainda 
prejudicar a qualidade das águas dos mananciais e reservatórios da bacia hidrográfica localizada 
a jusante do empreendimento, em razão da turbidez causada pelos sólidos em suspensão, assim 
como também pela poluição provocada pela presença de substâncias transportadas e lixiviadas 
ou contidas nos efluentes dos locais de mineração, tais como graxa, óleos e metais pesados. 
 
Além disso, Silva (2007) destaca os fatores geográficos e o tipo de lavra como os principais 
elementos que podem influenciar a extensão dos impactos ambientais e a natureza destes. De 
modo geral, os fatores geográficos estão relacionados com a posição da jazida, assim como a 
topografia, a densidade da população, os aspectos socioeconômicos e o clima, os quais podem 
interferir de forma positiva ou negativa no consumo das riquezas minerais. Silva (2007) ainda 
salienta que, repetidas vezes, a objeção às atividades minerárias é mais forte nas áreas propensas 
à escassez de espécies de fauna e flora ou regiões de elevado valor cênico. 
 
Examinando os impactos negativos, Silvestre (2007) reconhece que os mesmos são inevitáveis, 
porém não são irreparáveis e nem irreversíveis, uma vez que a atividade só pode ser 
desenvolvida e, desta forma autorizada, caso não comprometa os interesses públicos 
subsequentes. Há também a previsão de recuperação obrigatória do local minerado, 
fundamentada na sua devolução à sociedade, de maneira adequada ao desempenho de novas 
atividades, sejam elas econômicas ou não. 
 
Considerando as características do terreno, do minério e da jazida, Silvestre (2007) enumera 
três tipos de processo de lavra: a céu aberto, a subterrânea e a mista. De maneira geral, as lavras 
a céu aberto promovem maiores riscos de compromisso ambiental uma vez que há uma maior 
exploração do corpo mineralizado, produzindo, logo, grande volume de estéril, vibrações, 
poeira em suspensão e riscos de poluição das águas, na insuficiência de técnicas de manejo da 
18 
 
poluição mais efetivas (SILVA, 2007). Além disso, quando as atividades minerárias 
desenvolvidas a céu aberto não são submetidas a um plano de lavra apropriado, considerando 
um projeto de recuperação ambiental, propiciam o aparecimento de processos erosivos (CPRM, 
2002). Já com relação à lavra subterrânea, os impactos sobre o meio ambiente são, comumente, 
menores, uma vez que a atividade é realizada em profundidade, impossibilitando a abertura das 
cavas produzidas na mineração a céu aberto (SILVESTRE, 2007). 
 
Ademais, segundo Penna (2009), a atividade minerária, de modo geral, utiliza volumes elevados 
de água durante a pesquisa mineral (durante as amostragens e trabalhos com sondas rotativas), 
na lavra (tais como bombeamento de água de minas subterrâneas, desmonte hidráulico), no 
beneficiamento (moagem, britagem, lixiviação e flotação, dentre outros), no transporte por 
mineroduto e na infra-estrutura (como, por exemplo, laboratórios e pessoal); havendo casos em 
que se faz necessário rebaixar o lençol freático para o desenvolvimento da lavra. Dessa forma, 
para se reduzir os impactos ambientais da mineração, faz-se necessário aumentar as exigências 
ambientais e a fiscalização, obrigando à mudanças no comportamento das mineradoras. 
 
De acordo com Sánchez (1994 apud FARIAS, 2002), sob a visão da empresa, há uma propensão 
em analisar os impactos desencadeados pela atividade minerária apenas através das formas de 
poluição, que são alvo de regulamentação do poder público, responsável por determinar os 
padrões ambientais associados à poluição do ar, das águas, além dos ruídos e vibrações. 
Entretanto, na concepção deste autor, é essencial que o empreendedor esteja ciente das 
expectativas, desejos e preocupações da comunidade, do governo (nas três esferas), do corpo 
técnico e dos empregados da empresa, com relação ao seu empreendimento, isto é, de todas as 
partes envolvidas e não somente daqueles referentes aos acionistas principais. 
 
É importante salientar que a atividade minerária deve obedecer à legislação ambiental e ao 
Código de Mineração, havendo a necessidade de um reconhecimento profundo dos 
instrumentos atuais e de sua reavaliação de modo que sejam capazes de conduzir 
verdadeiramente ao desenvolvimento sustentável. 
19 
 
2.1.3 Legislação 
A legislação pode ser entendida como um conjunto de normas jurídicas destinadas a corrigir e 
amparar as atividades humanas, criando direitos e deveres para os cidadãos. Desta forma, “o 
setor mineral brasileiro foi construído sob uma visão estratégica de desenvolvimento nacional, 
tendo por base uma política e uma legislação fomentadoras” (BARRETO, 2001, p.6). 
 
Segundo Wolff (2000), foram as necessidades socioeconômicas que estavam surgindo, as já 
existentes e as que ainda poderiam surgir dentro das sociedades, que tornaram possível a 
percepção de que a natureza e os recursos naturais eram merecedores de um respeito universal 
e efetivo, e que isso era a condição indispensável para a prática do desenvolvimento sustentável 
de maneira jurídica, através do direito ambiental interno e internacional. 
 
Silva, Vidal e Pereira (2001) afirmam que o primeiro dispositivo legal do Brasil, relacionado à 
minimização de impactos negativos decorrentes de atividades minerárias, foi a Lei nº 6.938, de 
31/08/1981, que além de dispor sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, instituiu a Licença 
Prévia (LP), a Licença de Instalação (LI) e a Licença de Operação (LO) através do Decreto 
Federal nº 88.351/1983. Por sua vez, a Resolução do CONAMA nº 01/1986, estabeleceu as 
responsabilidades, definições, os critérios básicos e as diretrizes gerais para o uso e a 
implementação da Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) como instrumento da Política 
Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 1986). 
 
Além disso, o artigo 225, §2º, da Constituição Federal de 1988, estabelece a obrigatoriedade da 
recuperação de áreas degradadas pela mineração: “aquele que explorar recursos minerais fica 
obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo 
órgão público competente, na forma da lei” (BRASIL, 1988, Art. 225). 
 
Ainda segundo Silva, Vidale Pereira (2001), em 1989, foi definido através do Decreto Federal 
nº 97.632, artigo 1º, que todos os empreendimentos destinados à exploração de recursos 
minerais teriam seus projetos submetidos à aprovação dos órgãos federais, estaduais e 
municipais competentes e que deveriam executar o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), o 
Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), bem como o Plano de Recuperação de Áreas 
Degradadas (PRAD). Por sua vez, os empreendimentos já existentes teriam que regularizar sua 
situação por meio de um PRAD. 
20 
 
Deve-se ressaltar que no Brasil existe uma vasta legislação ambiental a ser considerada, 
principalmente quando se observa que uma exploração minerária sem fiscalização eficiente e 
um rígido controle por parte dos órgãos públicos suscita passivos ambientais, os quais 
correspondem a um dos principais problemas do setor minerário. 
2.1.3.1 Legislação ambiental 
Segundo Farias (2002), a legislação ambiental brasileira é extensa, avançada e conflitante, 
criando dificuldades à sua aplicação, sendo necessária uma compatibilização, pois a sua 
aplicabilidade deixa muito a desejar. 
 
O Quadro 1 destaca as 17 leis ambientais relacionadas à proteção do patrimônio cultural, da 
fauna, dos recursos hídricos e florestais, que, na concepção de Machado (2015), podem garantir 
a preservação do patrimônio ambiental do país. 
 
Quadro 1 - Descrição das 17 leis ambientais mais importantes com relação à proteção do 
patrimônio cultural, fauna, recursos hídricos e florestais 
(continua) 
Lei Trata-se 
Lei Patrimônio Cultural – decreto-lei nº 25 
de 30/11/1937 
Lei que organiza a Proteção do Patrimônio Histórico e 
Artístico Nacional, incluindo como patrimônio nacional 
os bens de valor etnográfico, arqueológico, os 
monumentos naturais, além dos sítios e paisagens de valor 
notável pela natureza ou a partir de uma intervenção 
humana. 
Lei da Fauna Silvestre – nº 5.197 de 
03/01/1967 
A lei classifica como crime o uso, perseguição, apanha de 
animais silvestres, caça profissional, comércio de espécies 
da fauna silvestre e produtos derivados de sua caça, além 
de proibir a introdução de espécie exótica (importada) e a 
caça amadorística sem autorização do Ibama. Criminaliza 
também a exportação de peles e couros de anfíbios e 
répteis em bruto. 
Lei das Atividades Nucleares – nº 6.453 
de 17/10/1977 
Dispõe sobre a responsabilidade civil por danos nucleares 
e a responsabilidade criminal por atos relacionados com 
as atividades nucleares. 
Lei do Parcelamento do Solo Urbano – nº 
6.766 de 19/12/1979 
Objetiva a criação de um espaço pertinente a habitação 
humana e regulamenta o parcelamento do solo, 
preconizando o ambiente urbano sustentável, atentando 
sempre para a valorização da vida humana, aliando o 
crescimento urbano à preservação ambiental. 
Lei do Zoneamento Industrial nas Áreas 
Críticas de Poluição – nº 6.803 de 
02/07/1980 
Atribui aos estados e municípios o poder de estabelecer 
limites e padrões ambientais para a instalação e 
licenciamento das indústrias, exigindo o Estudo de 
Impacto Ambiental. 
 
 
21 
 
Quadro 1 - Descrição das 17 leis ambientais mais importantes com relação à proteção do 
patrimônio cultural, fauna, recursos hídricos e florestais 
(continua) 
Lei Trata-se 
Lei da Política Nacional do Meio 
Ambiente – nº 6.938 de 17/01/1981 
É a lei ambiental mais importante e define que o poluidor 
é obrigado a indenizar danos ambientais que causar, 
independentemente da culpa. O Ministério Público pode 
propor ações de responsabilidade civil por danos ao meio 
ambiente, impondo ao poluidor a obrigação de recuperar 
e/ou indenizar prejuízos causados. Esta lei criou a 
obrigatoriedade dos estudos e respectivos relatórios de 
Impacto Ambiental (EIA-RIMA). 
Lei da Área de Proteção Ambiental – nº 
6.902 de 27/04/1981 
Lei que criou as “Estações Ecológicas”, áreas 
representativas de ecossistemas brasileiros, sendo que 
90% delas devem permanecer intocadas e 10% podem 
sofrer alterações para fins científicos. Foram criadas 
também as “Áreas de Proteção Ambiental” ou APAS, 
áreas que podem conter propriedades privadas e onde o 
poder público limita as atividades econômicas para fins de 
proteção ambiental. 
Lei da Ação Civil Pública – nº 7.347 de 
24/07/1985 
Lei de interesses difusos, trata da ação civil pública de 
responsabilidades por danos causados ao meio ambiente, 
ao consumidor e ao patrimônio artístico, turístico ou 
paisagístico. 
Lei do Gerenciamento Costeiro – nº 7.661 
de 16/05/1988 
Define as diretrizes para criar o Plano Nacional de 
Gerenciamento Costeiro, e define zona costeira como 
espaço geográfico da interação do ar, do mar e da terra, 
incluindo os recursos naturais e abrangendo uma faixa 
marítima e outra terrestre. Permite aos estados e 
municípios costeiros instituírem seus próprios planos de 
gerenciamento costeiro, desde que prevaleçam as normas 
mais restritivas. 
Lei da criação do IBAMA – nº 7.735 de 
22/02/1989 
Criou o IBAMA, incorporando a Secretaria Especial do 
Meio Ambiente e as agências federais na área de pesca, 
desenvolvimento florestal e borracha. Ao IBAMA 
compete executar a política nacional do meio ambiente, 
atuando para conservar, fiscalizar, controlar e fomentar o 
uso racional dos recursos naturais. 
Lei dos Agrotóxicos – nº 7.802 de 
10/07/1989 
A lei regulamenta desde a pesquisa e fabricação dos 
agrotóxicos até sua comercialização, aplicação, controle, 
fiscalização e também o destino da embalagem. 
Lei da Exploração Mineral – nº 7.805 de 
18/07/1989 
Esta lei regulamenta as atividades garimpeiras. Para estas 
atividades é obrigatória a licença ambiental prévia, que 
deve ser concedida pelo órgão ambiental competente. 
Lei da Política Agrícola – nº 8.171 de 
17/01/1991 
Coloca a proteção do meio ambiente entre seus objetivos 
e como um de seus instrumentos. Define que o poder 
público deve disciplinar e fiscalizar o uso racional do solo, 
da água, da fauna e da flora; realizar zoneamentos 
agroecológicos para ordenar a ocupação de diversas 
atividades produtivas, desenvolver programas de 
educação ambiental, fomentar a produção de mudas de 
espécies nativas, entre outros. 
Lei da Engenharia Genética – nº 8.974 de 
05/01/1995 
Esta lei estabelece normas para aplicação da engenharia 
genética, desde o cultivo, manipulação e transporte de 
organismos modificados (OGM), até sua comercialização, 
consumo e liberação no meio ambiente. 
 
 
22 
 
Quadro 1 - Descrição das 17 leis ambientais mais importantes com relação à proteção do 
patrimônio cultural, fauna, recursos hídricos e florestais 
(conclusão) 
Lei Trata-se 
Lei de Recursos Hídricos – nº 9.433 de 
08/01/1997 
Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o 
Sistema Nacional de Recursos Hídricos. Define a água 
como recurso natural limitado, dotado de valor 
econômico, que pode ter usos múltiplos (consumo 
humano, produção de energia, transporte, lançamento de 
esgotos). A lei prevê também a criação do Sistema 
Nacional de Informação sobre Recursos Hídricos para a 
coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de 
informações sobre recursos hídricos e fatores 
intervenientes em sua gestão. 
Lei de Crimes Ambientais – nº 9.605 de 
12/02/1998 
Reordena a legislação ambiental brasileira no que se 
refere às infrações e punições. A pessoa jurídica, autora 
ou coautora da infração ambiental, pode ser penalizada, 
chegando à liquidação da empresa, se ela tiver sido criada 
ou usada para facilitar ou ocultar um crime ambiental. 
Novo Código Florestal – nº 12.651 de 
25/05/2012 
Determina a proteção de florestas nativas e define como 
áreas de preservação permanente (onde a conservação da 
vegetação é obrigatória) uma faixa de 30 a 500 metros nas 
margens dos rios, de lagos e de reservatórios, além de 
topos de morro, encostas com declividade superior a 45 
graus e locais acima de1.800 metros de altitude. 
Fonte: Adaptado de MACHADO, 2015. 
Ressalta-se que a atividade minerária no país deve ser desenvolvida em cumprimento ao 
disposto no Código de Mineração (Lei n° 227/1967) e legislação correlativa, obedecendo-se às 
leis descritas no Quadro 1, quando pertinentes. Dessa forma minerar sem autorização é um 
crime ambiental, havendo ainda a necessidade de autorização do Instituto Estadual de Florestas 
(IEF) para retirada de cobertura vegetal e da Agência Nacional das Águas (ANA)/Instituto 
Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) para outorga de água. Destaca-se, ainda, a necessidade 
de aplicação da Lei de Interesses Difusos (Lei nº 7.347/1985), ou seja, de interesse comum a 
todos, que trata da ação civil pública de responsabilidades por danos causados ao meio 
ambiente, ao consumidor e ao patrimônio artístico, turístico ou paisagístico (BRASIL, 1985). 
O direito ambiental, segundo Wolff (2000), tem como objetivo, por sua finalidade aparente e 
característica de preservação da natureza, fazer exclusivamente a proteção do homem, que em 
consequência, possui um direito à conservação da natureza, em complemento aos outros direitos 
garantidos aos cidadãos. 
Deste modo, todas as leis citadas no Quadro 1 objetivam atender os anseios socioeconômicos 
de cada indivíduo, com o intuito de garantir uma qualidade de vida melhor e manter a 
23 
 
integridade do meio ambiente, para que possa também satisfazer as necessidades das futuras 
gerações. 
2.1.3.2 Código de Mineração 
Segundo Barreto (2001), o Código de Mineração foi publicado transversalmente pelo Decreto 
de Lei n° 227, de 1967, e atualizado pela Lei n° 9.314, de 1996 sendo o marco regulatório 
infraconstitucional mais importante para o setor da mineração no Brasil. 
 
O Código de Mineração retrata conceitos como pesquisa mineral e de lavra, os direitos do 
minerador e do proprietário do solo, as sanções e nulidades, as servidões, a área livre, o direito 
de prioridade, as empresas legalmente habilitadas à mineração, a disponibilidade de áreas, o 
reconhecimento geológico, o grupamento mineiro, a cessão de títulos minerários, o consórcio 
de mineração, entre outros assuntos (BRASIL, 1967). 
 
Além disso, o Código de Mineração aborda cinco formas para o aproveitamento de substâncias 
minerais, determinados de acordo com a sua relevância econômica, espécie de jazimento e a 
soberania concedente do direito, as quais podem ocorrer através de monopolização, quando, em 
virtude de lei especial, depender de execução direta ou indireta do Governo Federal; de 
concessão de lavra, quando depender de portaria de concessão do Ministro de Estado de Minas 
e Energia; de autorização de pesquisa, quando depender de expedição de alvará de autorização 
do Diretor-Geral do DNPM; de permissão de lavra garimpeira, quando depender de portaria de 
permissão do Diretor-Geral do DNPM e do licenciamento, quando depender de licença 
expedida em obediência aos regulamentos administrativos locais e de registro da licença no 
DNPM (BRASIL, 1967). 
 
Faz-se importante destacar que para a obtenção da outorga de lavra, o Código de Mineração 
exige uma pesquisa detalhada da jazida, com relatório aprovado pelo DNPM, e uma adequação 
da área de lavra com relação à condução técnica e econômica dos trabalhos de extração e 
beneficiamento, respeitando-se os limites da área de pesquisa. Assim, como destacado por 
Amado (2011), não haverá autorização para a lavra caso esta seja considerada nociva ao bem 
público ou, de acordo com o juízo do Governo, comprometa interesses que ultrapassem a 
utilidade da exploração industrial. 
24 
 
Um dos obstáculos para a regulamentação da atividade minerária está na demarcação dos 
limites de responsabilidade entre as três esferas do poder legislativo (União, Estado e 
Município), pois para cada tipo de atividade deve ser observado a qual dessas esferas compete 
legislar, e a quem cabe essa responsabilidade (FARIAS, 2002). Assim, ainda de acordo com 
Farias (2002), é notável a falta de associação intergovernamental e, também, de um acordo com 
a população para se elaborar uma política minerária no país a fim de instituir parâmetros e 
critérios para o desenvolvimento sustentável desta atividade. 
 
Atualmente, está em tramitação no Poder Executivo o “Novo Código de Mineração”, Projeto 
de Lei n° 37/2011, que visa, além de regulamentar a atividade minerária, estabelecer diretrizes 
para a desativação, fechamento de minas e com relação aos passivos ambientais desencadeados 
por esta atividade (BRASIL, 2014). 
 
Faz-se importante destacar que todas as decisões relacionadas ao uso sustentável dos recursos 
naturais não podem ser tomadas sem que haja uma avaliação econômica dos mesmos, uma vez 
que há alternativas para o desenvolvimento da região onde ocorre a exploração minerária, 
podendo, muitas vezes, optar-se pela preservação destes recursos, não permitindo sua extração 
através dos instrumentos de lei. 
2.1.4 A sustentabilidade em atividades minerárias 
A elucidação para o desenvolvimento sustentável na perspectiva ambiental é que “este envolve 
a maximização dos benefícios líquidos do desenvolvimento econômico, sujeito à manutenção 
dos serviços e da qualidade dos recursos naturais ao longo do tempo” (PEARCE; TURNER, 
1991 apud HADDAD, 2006, p.13). Para a ocorrência dessa manutenção faz-se necessária a 
aceitação de algumas regras gerais, tais como a utilização dos recursos renováveis com taxas 
iguais ou menores que a taxa natural, permitindo que estes se regenerem; a melhoria da 
eficiência no uso dos recursos não-renováveis, passível ao grau de substituição entre o 
progresso tecnológico e estes recursos; e a manutenção dos fluxos de resíduos no meio ambiente 
sempre no nível igual ou abaixo de sua capacidade de assimilação (PEARCE; TURNER, 1991 
apud HADDAD, 2006). 
 
25 
 
Assim, Alcoforado (2013) afirma que para a subsistência da própria humanidade o 
desenvolvimento sustentável passou a ser uma imposição que se defronta com duas notáveis 
ameaças: a primeira corresponde ao sistema capitalista mundial, de natureza econômica que, 
simbolizado pela crise geral, tende a conduzir a economia mundial à depressão. A outra ameaça 
é de natureza ambiental, sendo representada pelo esgotamento dos recursos naturais do planeta, 
pelo aumento populacional, pela falta de água, pelo crescimento desenfreado dos municípios e 
pela desastrosa alteração climática global observada no decorrer do século XXI. 
 
Neste sentido, Assis, Barbosa e Mota (2011) relatam que para a construção do desenvolvimento 
sustentável o fator fundamental é o uso dos recursos naturais, mas desde que a sociedade se 
conscientize que os mesmos só estarão disponíveis para esta e as futuras gerações, se forem 
aproveitados de maneira racional e em conformidade com o tempo que levam para serem 
gerados e repostos. Contudo, quase sempre o cumprimento desse tempo não se adapta às 
necessidades ligadas ao crescimento populacional, criando situações ameaçadoras às espécies 
e aos recursos materiais do planeta. 
 
Para Barreto (2001), houve uma acentuada preocupação mundial com as questões ambientais 
após o fim da Segunda Guerra Mundial, mais exatamente a partir da década de 1950, 
consolidando-se verdadeiramente no final da década de 1960. Porém, foi apenas em 1972, 
durante a Conferência de Estocolmo, realizada na Suécia, que ocorreu a primeira 
conscientização acerca da relevância do meio ambiente para a sobrevivência da espécie 
humana, destacando-se a necessidade de uma melhor utilização dos recursos naturais e do 
estado de destruição em que estes se encontravam. 
 
Os últimos 45 anos foram relevantes no que diz respeito ao aumento da procura pelos recursos 
naturais do planeta, decorrente do aumento da população mundial e do elevado padrão de vida 
dos países ricos e emergentes (ALCOFORADO, 2013). Neste contexto, a mineração, tal como 
uma atividadeeconômica, deve, além de buscar a otimização do emprego dos recursos minerais, 
analisando os aspectos econômicos e técnicos, contribuir para o desenvolvimento de um modelo 
econômico adequado para a acumulação de capital e tecnologia, garantindo, 
concomitantemente, a salubridade ambiental, de tal forma que, depois da desativação do 
empreendimento e fechamento de mina, o uso das áreas explotadas permita a integração 
contínua de valores socioeconômicos às comunidades locais e, por conseguinte, à toda a 
sociedade (BARRETO, 2001). 
26 
 
Desta forma, Scliar (2004) afirma que para se alcançar a sustentabilidade e para que as 
necessidades das empresas sejam amplamente atendidas, deverão ser atingidas as esferas 
sociais, culturais, institucionais, ecológicas, econômicas, políticas, territoriais, tecnológicas, 
globais e sistêmicas, as quais permitirão a gestão do território e o gerenciamento socioambiental 
dos empreendimentos mineradores. 
 
A busca por um desenvolvimento sustentável em atividades minerárias torna-se ainda mais 
relevante quando são considerados os minérios compostos por elementos potencialmente 
causadores de impactos ambientais, visto que muitas vezes, além da recuperação ambiental ser 
inviável, estes oferecem riscos à saúde humana, como é o caso do arsênio. 
2.2 A química do arsênio 
A palavra arsênio é derivada do latim, arsenicum e corresponde à um elemento químico de 
símbolo “As” muitas vezes identificado como semimetal ou metaloide, visto que possui 
características químicas e físicas que pertencem tanto aos metais quanto aos não metais 
(QUINÁGLIA, 2012). 
 
Este elemento é encontrado na coluna 15 da tabela periódica (próximo ao nitrogênio, ao fósforo, 
ao antimônio e ao bismuto) e possui massa atômica 75 u, apresentando-se, nas condições 
ambiente, no estado sólido. Seu número atômico é 33 e seus 33 elétrons estão distribuídos nas 
camadas K, L, M e N, em número de 2, 8, 18 e 5, respectivamente, já a estrutura eletrônica dos 
orbitais apresenta-se como 1s2, 2s2, 2p6,3s2, 3p6, 3d10, 4s2, 4p3. Assim, nesta configuração, o 
arsênio adquire uma estrutura cristalina trigonal de modo que cada átomo compartilha os 
elétrons de valência 4p com outros três átomos de As vizinhos (HENKE; HUTCHINSON, 2009 
apud FRANCO, 2014). 
 
Segundo Lira (2015), o arsênio exibe três estados alotrópicos que são cinza ou metálico, 
amarelo e preto. O cinza metálico apresenta-se no formato “α” configuração mais estável em 
situações normais, possuindo estrutura romboédrica e sendo também um ótimo condutor de 
calor, mas um péssimo condutor de eletricidade. O arsênio amarelo, também denominado 
trissulfeto de arsênio, tem formato “γ”, adquirido quando o vapor de arsênio se resfria muito 
27 
 
rápido, possuindo característica volátil e sendo mais reagente que o arsênio metálico, além 
disso, produz fosforescência em temperatura ambiente. 
 
Pode-se também encontrar uma terceira forma alotrópica de arsênio, o preto no formato “ß”, de 
configuração hexagonal, com características intermediárias entre as outras duas formas 
alotrópicas retratadas, sendo obtido pela decomposição térmica da arsina ou esfriamento lento 
do vapor de arsênio (QUIMLAB, 2015). 
 
O arsênio reage com o enxofre e também, agressivamente, com o cloro, se combinando com a 
maior parte dos metais para formar o arsenieto (composto de arsênio e cobalto) quando 
aquecido. Não reage com o ácido clorídrico em ausência de oxigênio, porém reage com o ácido 
nítrico aquecido, em estado diluído ou concentrado, e com outros oxidantes como o ácido 
perclórico e o peróxido. Apesar de muitos de seus compostos serem solúveis, o arsênio é 
insolúvel em água (LIRA, 2015). 
 
Segundo Rodrigues e Malafaia (2008), o elemento As pode ser frequentemente identificado em 
minérios de ouro (Au), manganês (Mn), cobalto (Co), prata (Ag), chumbo (Pb), níquel (Ni), 
antimônio (Sb) e cobre (Cu), havendo mais de 200 espécies minerais dos quais o elemento 
principal é o arsênio; entretanto, o mineral mais usual é a arsenopirita (FeAsS). 
 
Para Franco (2014), os compostos de arsênio podem ser encontrados tanto na forma de 
moléculas orgânicas, em que este elemento se encontra ligado ao carbono, como na forma de 
moléculas inorgânicas nas quais o As está ligado a outros elementos como ferro (Fe), oxigênio 
(O) e enxofre (S). Os compostos orgânicos do As, representados na Figura 2, são desenvolvidos 
através de atividade biológica, normalmente em águas superficiais expressivamente impactadas 
devido à poluição industrial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
Figura 2 - Alguns compostos de arsênio comuns na natureza 
 
Fonte: HENKE; HUTCHINSON, 2009 apud FRANCO, 2014, p.14. 
 
O efeito tóxico das espécies de arsênio depende, principalmente, de sua forma química. O 
arsênio presente em águas naturais pode ocorrer na forma As (III arsenito), As (V arseniato), 
íon monometilarsônico e íon dimetilarsínico. As águas subterrâneas contêm arsênio na forma 
de arsenito e arseniato, já as águas do mar, lagoas, lagos, e onde houver possibilidade de 
biometilação, arsenito e arseniato podem ser encontrados junto com monometilarsônico e 
dimetilarsínico. As formas do As (III) e As (V) são as espécies mais tóxicas, enquanto 
arsenobetaína e arsenocolina são relativamente não tóxicas (BARRA, 2000). 
 
Como os efeitos toxicológicos/fisiológicos e a biodisponibilidade do arsênio estão vinculados 
à sua forma química, a compreensão da transformação e da especiação no meio ambiente torna-
se importante uma vez que o mesmo afeta a água e o solo. Assim, a contaminação por arsênio 
constitui um problema ambiental em muitas regiões do mundo visto que, a intoxicação por este 
elemento acarreta, nos casos menos graves, o surgimento de feridas na pele que não cicatrizam, 
já quando atinge um estado mais crítico da contaminação podem ocorrer danos aos órgãos 
vitais, gangrena e câncer. 
 
 
 
 
29 
 
2.2.2 Ocorrência do arsênio no ambiente 
De acordo com Gonçalves (2011), o arsênio é um elemento que pode, comumente, ser 
encontrado na atmosfera, hidrosfera, litosfera e biosfera. Ainda de acordo com este autor, a 
mobilização do arsênio no meio ambiente ocorre por meio da combinação de episódios 
ambientais, incluindo processos naturais como emissões vulcânicas, meteorização das rochas e 
atividades biológicas e também por processos antropogênicos através do uso de combustíveis 
fósseis, pesticidas, herbicidas e atividades de mineração. 
 
Segundo Correia (2008), a presença de arsênio na atmosfera está relacionada às altas 
temperaturas ocorridas na Terra, em função das erupções vulcânicas; combustão devido à 
queima de florestas e atividades industriais, associadas com a combustão de materiais e 
minerais que possuem arsênio; podendo também ser liberado para atmosfera através da 
dissipação do solo (especialmente na forma de arsina). 
 
Desta forma, percebe-se que o arsênio pode ser encontrado na água, no solo e no ar sendo, 
portanto, um elemento químico comum; assim, as formas de contaminação por este elemento 
podem ocorrer através da água potável, de irrigação, na cadeia de alimentação e nos solos, 
podendo ter uma origem antrópica ou natural. 
2.2.2.1 Ocorrência natural de arsênio 
Para Gonçalves (2011) o As pode contaminar um aquífero devido à paragênese mineral presente 
em determinados tipos de rochas, ambiente geoquímico, regime hidrológico, controle 
topográfico e hidrogeológico. O tempo de permanência das águas no aquífero em função da 
condicionante topográfica e hidrogeológica por menor que seja, aliada à uma maior taxa de 
renovação das águas subterrâneas, promovem uma quantidade maior de arsênio a ser 
transportada pelos fluxos de águas superficiais, subsuperficiais e subterrâneos. 
 
Existe na crosta terrestre uma quantidade de arsênio de 1,5 a 3 mg/kg, sendo este considerado 
o vigésimo elemento relativamente mais abundante na natureza e no corpo humano,o décimo 
segundo (MANDAL; SUZUKI, 2002 apud CORREIA, 2008). Apesar de ser encontrado em 
um grande número de minerais, a ocorrência mais comum, cerca de 60%, pertence à classe dos 
30 
 
arseniatos; 20% à de sulfuretos e sais de enxofre e os restantes 20% incluem arsenietos, 
arsenitos e, eventualmente, arsênio elementar e óxidos (CORREIA, 2008). 
 
Desse modo, Pataca, Bortoleto e Bueno (2005) relatam que as fontes naturais de contaminação 
por arsênio no Brasil estão voltadas especialmente para as rochas que alojam os depósitos 
auríferos sulfetados. Segundo Gardenal (2002), na região abrangida pelo Quadrilátero Ferrífero, 
por exemplo, o arsênio ocorre especialmente em minerais como a arsenopirita e pirita, que estão 
associados às mineralizações de ouro. 
 
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde - OMS (2001 apud CORREIA, 2008), 
em rochas ígneas os teores de arsênio são, geralmente, baixos, não havendo diferença 
significativa entre os diferentes litotipos desta classe, os quais oscilam entre <1 a 15 mg de 
As/kg, exibindo em média 2mg de As/kg. Nas rochas sedimentares, os teores de arsênio, são 
levemente superiores à média da crosta da Terra, apesar destes teores estarem relacionados aos 
principais minerais constituintes destes litotipos. 
 
Ainda segundo a OMS (1981 apud CORREIA, 2008), locais de depósitos de sedimentos de 
textura mais argilosa podem, normalmente, ter quantidades mais altas de arsênio do que as 
rochas arenosas, reproduzindo a proporção de matéria orgânica, argilas e sulfuretos em sua 
composição. Teores consideravelmente mais elevados, de até 900 mg de As/kg, podem ser 
verificados em rochas sedimentares argilosas, ao passo que nas rochas sedimentares arenosas 
os teores estão mais próximos das rochas ígneas (<1 - 20mg de As/kg). 
 
Já nas rochas metamórficas os teores de arsênio correspondem aos registros das suas 
antecessoras, ou seja, as rochas sedimentares ou ígneas, apresentando uma composição média 
de cerca de 5 mg/kg ou inferior (KINNIBURGH; SMEDLEY, 2005 apud CORREIA, 2008). 
 
Assim, de forma geral, o As pode ser encontrado no solo de forma natural e por fatores 
antropogênicos, entretanto, quando em concentrações elevadas, este elemento pode se tornar 
perigoso e tóxico. 
 
 
31 
 
2.2.2.2 Ocorrência antropogênica do arsênio 
As ações antrópicas também podem ser fontes de arsênio, podendo ser destacadas as atividades 
agrícolas através da utilização de herbicidas, pesticidas, desfolhantes, inseticida e esterilização 
de solos; a preservação de madeiras; a queima de carvão rico em As e aos rejeitos decorrentes 
da mineração e das atividades de apuração dos metais não ferrosos, tanto no estado gasoso como 
sólido (BORBA, 2002). Desse modo, segundo Borba, Figueiredo e Cavalcanti (2004) as fontes 
antropogênicas de As são provenientes de sedimentos contaminados, das pilhas de rejeito 
(principais fontes de liberação do elemento no meio ambiente) e solos. 
 
Apesar de alguns estudos como de Mechi e Sanches (2010) sugerirem que as emissões naturais 
de arsênio para o ar são um pouco mais elevadas do que as emissões industriais, outras 
pesquisas, como a de Correia (2008), apontam que as emissões antrópicas superam em grande 
escala as emissões naturais, uma vez que a quantidade de particulados liberados de forma 
natural é inferior àquela de origem antrópica, já que para esta última existem vários meios para 
a contaminação, tais como a mineração e a agricultura, dentre outras. 
 
Assim, destaca-se que o arsênio pode ser largamente diagnosticado no meio industrial, 
principalmente nas indústrias de ouro, prata, cobre, cobalto e zinco, podendo levar à 
contaminação das águas disponíveis para o consumo humano. 
2.2.3 O arsênio e a saúde humana 
Segundo Monteiro, Barrio e Moreira (2014) o organismo humano tem uma capacidade 
individual de metabolizar os compostos de arsênio que reage de maneira diferente de indivíduo 
para indivíduo. Desta forma, seus efeitos biológicos não dependem apenas da quantidade 
ingerida, mas da sua capacidade de detoxificação (retirada das substâncias potencialmente 
tóxicas de dentro do organismo) e da metabolização. 
 
Neste sentido, Gonçalves (2011) afirma que o arsênio, durante muitos anos, foi diagnosticado 
como sendo um dos piores venenos, carregando consigo uma história que teria sido marcada 
por homicídios e suicídios, passando desde então a ser objeto de estudos, tradição e lendas 
32 
 
fantasiosas. O aspecto inofensivo, o sabor adocicado, a insipidez, a facilidade de ser obtido e 
misturado a outros alimentos, são as principais características que ajudaram a torná-lo popular. 
 
Ao ingerir o arsênio, o indivíduo não apresenta sintomas de intoxicação, a qual assemelha-se a 
uma doença, além disso, sua presença na composição do líquido utilizado no processo de 
embalsamamento torna impossível o diagnóstico de envenenamento por este elemento 
(GONÇALVES, 2011). 
 
Durante a Idade Média, acreditava-se que o arsênio em pequenas doses teria uma ação 
tonificante, que provocava aumento do vigor e do peso, sendo ainda utilizado no tratamento de 
dermatoses, psoríase, acne, leishmaniose, prurido e sífilis, epilepsia, malária e asma 
(GONÇALVES, 2011). 
 
Segundo Azevedo (2007), o arsênio apresenta altos níveis de toxicidade uma vez que compostos 
de arsênio podem ser facilmente absorvidos, tanto oralmente quanto por inalação, sendo a 
extensão da absorção dependente da solubilidade do composto. 
 
Quando presente no solo, o arsênio forma complexos insolúveis com óxidos de ferro, alumínio 
e magnésio e, nesta estrutura, o metal apresenta pouca mobilidade. No entanto, o arsênio pode 
ser liberado da fase sólida sob condições redutoras, resultando em formas de arsênio com 
mobilidade, as quais podem ser lixiviadas para a água subterrânea ou escoar para águas as 
superficiais (CETESB, 2014). 
 
Assim, o arsênio pode estar presente em proporção extremamente pequena em todos os 
alimentos, com concentrações mais relevantes sendo comumente observadas em frutos do mar, 
carnes e grãos, com valores mais baixos verificados em vegetais, derivados do leite e frutas 
(CETESB, 2014). 
A forma de ocorrência do arsênio (orgânica e inorgânica), aliada ao seu estado de oxidação, 
que pode ser – 3, 0, + 3 ou + 5, influenciam na toxicidade deste elemento. Faz-se importante 
ressaltar que os compostos inorgânicos são mais tóxicos do que os compostos orgânicos 
(BARRA, 2000). 
 
33 
 
Ainda segundo Barra (2000), o grau de toxicidade dos compostos de arsênio pode ser 
apresentado em ordem decrescente: arsina > arsenito > arseniato > ácidos alquil-arsênicos > 
compostos de arsônio > arsênio elementar. Ademais, o arsênio trivalente (arsenito) é 60 vezes 
mais tóxico do que a forma oxidada pentavalente (arseniato). 
Neste contexto, Martin (2008) afirma que, 
 [...] a dose letal aguda de arsênio inorgânico para humanos foi estimada em 
cerca de 0,6 mg/kg/dia: isso significa que para um adulto de 70 kg, uma dose 
tóxica é de 42 mg ou 0,042 gramas. Para uma criança de 10 kg, isso seria 
equivalente a uns 6 mg ou 0,006 gramas. A título de comparação, 1 grama de 
arsênio é suficiente para matar 7 pessoas adultas. A exposição a altos níveis 
de arsênio inorgânico – mais de 100 ppm de arsênio no alimento e na água – 
também pode ser fatal. (MARTIN, 2008, p. 2). 
O arsênio pode causar intoxicação podendo ocorrer toxicidade, crônica ou aguda, decorrente de 
exposições a longo ou curto prazo, respectivamente, tendo como consequência diversas 
patologias. 
2.2.3.1 Efeitos e riscos à saúde 
Conforme Gonçalves e Lena (2013), a presença de elementos tóxicos no ambiente é um forte 
indício para considerá-los como fonte de risco à saúde, que pode ser fortalecido pela 
biodisponibilidade (indica a extensão de absorção e a velocidade de um princípio ativo em uma 
forma de dosagem), pela quantidade total do elemento e por sua toxicidade.

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