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Governador
Vice Governador
Secretária da Educação
Secretário Adjunto
Secretário Executivo
Assessora Institucional do Gabinete da Seduc
Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC
Cid Ferreira Gomes
Domingos Gomes de Aguiar Filho
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho
Maurício Holanda Maia
Antônio Idilvan de Lima Alencar
Cristiane Carvalho Holanda
Andréa Araújo Rocha
Apostila de
Meio Ambiente
CURSO TÉCNICO EM MINERAÇÃO
Engenheiro de Minas José Chaves Neto
2013
Mineração – Meio ambiente e Mineração 1
ÍNDICE
Tópico Página
1- Objetivos................................................................................................. 03 
2- Introdução............................................................................................... 04
3- Conceitos básicos.................................................................................... 06
4- Impactos ambientais da atividade de mineração...................................... 07
5- Fatores que influenciam a natureza e a extensão dos impactos ambientais 26
6- Delimitação dos impactos causados pela mineração................................... 28
7- Exemplos no Brasil do efeito da mineração no meio ambiente.................. 41
8- A questão econômica.................................................................................. 46
9- Engenharia Ambiental............................................................................... 47
10- Demanda crescente................................................................................... 48
11- O impacto positivo da mineração............................................................. 50
12- O bom exemplo da VALE e da MRN.......................................................... 53
13- Exemplos positivos de fechamento de mina........................................... 57
14- Licenciamento Ambiental....................................................................... 60
15- Barragens e depósitos de rejeitos............................................................ 61
16- Controle de vibrações, ruídos e pó.......................................................... 64
17- Revegetação e reflorestamento................................................................ 77
18- Paralisação temporária e fechamento de mina....................................... 79
19- Insumos e resíduos................................................................................. 82
20- Plano de Controle de Impactos Ambientais na Mineração (PCIAM).... 84
21- Conclusões.............................................................................................. 116
22- Bibliografia...................................................................................... 116
Mineração – Meio ambiente e Mineração 2
1- Objetivos
 O presente curso objetiva identificar e descrever ao aluno, os processos de
recuperação ambiental de áreas degradadas através de revegetação, construção de
barragens e depósitos de rejeitos. Também busca apresentar os processos de
reaproveitamento e reuso dos rejeitos do tratamento de minérios e por fim, propor
alternativas de solução com vistas a recuperação do meio ambiente.
 Deve ficar claro que uma das premissas do curso e seu material é a de que
mineração e meio ambiente podem e devem conviver de maneira harmoniosa (histórico e
desenvolvimento sustentável).
Figura - Pousada e churrascaria alocadas na área revegetada do pit da mina.
Mineração – Meio ambiente e Mineração 3
2- Introdução
 Mineração é um termo que carrega com sigo um pesado significado, destruição.
Em nosso passado a mineração se inicia na pré-história com a obtenção de silex e cherte
com o objetivo de fazerem armas e utensílios domésticos. A partir daí tornou-se cada vez
mais avançada a tecnologia para extração e beneficiamento do minério com melhor teor e
melhor qualidade. Uma Jazida e voltada para o mineral que extrai tornando cada
mineração individual e especifica. A principal diferença e a mais importante
encontram-se nos tipos de lavra (céu aberto ou subterrânea).
 Para o futuro é indispensável a existência da mineração, como conseqüência disso
é considerada um bem público devido seus produtos serem utilizados em tudo que esta a
nossa volta. Baseado nisso a sua maior preocupação é a recuperação de áreas degradadas
em sua exploração. Os impactos que a mineração pode causar na comunidade que esta
inserida e dentro de sua própria organização são alarmantes. De forma sucinta são
descritos abaixo:
1- Os recursos hídricos são tomados por partículas sólidas vindas do processo de
pesquisa, beneficiamento e da infra-estrutura; óleos, graxas e elementos químicos
deixados no solo podendo alterar águas subterrâneas - poluindo a matéria prima
indispensável para a atividade humana. 
2- A geologia de sua área é perdida após a abertura da cava modificando de forma
brusca o relevo, podendo causar erosões voçorocas e assoreamentos.
3- O solo é alterado de forma drástica após a retirada da cobertura vegetal para
abertura da cava e construção de vias de acesso altera de gravemente em sua
permeabilidade.
4- A vegetação da área pode ser perdida se não retirada de forma cuidadosa
catalogando todas as espécies que poderão ser usadas para recuperação da área.
5- A fauna também deve ser catalogada, fazendo controle de refugio aos bichos após
a destruição de seu habitat.
6- A qualidade do ar é alterada, provocada por veículos pesados e leves que circulam
na empresa e no desmonte de rocha onde partículas sólidas finas desprendem-se
formando uma nuvem de poeira alastrando a uma grande distancia.
Mineração – Meio ambiente e Mineração 4
7- Ruídos e vibrações gerados pelos desmontes de rocha podendo ser amenizado
com outras técnicas.
8- As condições socioeconômicas da comunidade serão interferidas voltando sua
formação profissional e estrutura da cidade para a mineração.
 A mineração é um dos setores básicos da economia do Brasil, contribuindo de
forma decisiva para o bem estar e a melhoria da qualidade de vida das presentes e futuras
gerações. É importante reconhecer e manter sob controle os impactos que esta atividade
provoca no meio ambiente, assim proporcionando um meio ambiente adequado para as
futuras gerações que estão por vir.
 As alterações do equilíbrio ecológico e o impacto da atividade humana sobre o
planeta começaram a se transformar em assunto de preocupação de alguns cientistas e
pesquisadores durante a década de 60 e ganharam dimensão política a partir da década de
70., sendo que atualmente são um dos assuntos mais polêmicos do mundo. Não é mais
possível implantar qualquer projeto ou discutir qualquer planejamento sem
considerar o impacto sobre o meio ambiente.
 As atividades humanas, as chamadas econômicas, alteram o meio ambiente,
sendo a mineração e a agricultura as duas atividades econômicas básicas da economia
mundial. Através destas, o homem extrai recursos naturais que alimentam toda a
economia. Sem elas, nenhuma das atividades subseqüentes pode existir. A mineração e a
agricultura, junto com a exploração florestal, a produção de energia, os transportes, as
construções civis (urbanização, estradas, etc.) e as indústriasbásicas (químicas e
metalúrgicas) são os causadores de quase todo o impacto ambiental existente na terra. O
impacto das demais atividades econômicas torna-se pouco significativo quando
comparado às citadas anteriormente.
 A mineração, evidentemente, causa um impacto ambiental considerável. A
atividade minerária altera intensamente a área minerada e as áreas vizinhas, onde
são feitos os depósitos de estéril e de rejeito. Além do mais, quando temos a presença
de substâncias químicas nocivas na fase de beneficiamento do minério, isto pode
significar um problema sério do ponto de vista ambiental.
Figura – Aspecto do terreno remanescente de uma lavra a céu aberto abandonada.
Mineração – Meio ambiente e Mineração 5
Figura- Remoção dos topos da montanha pelas minas de carvão, na região de
Appalachia/EUA
3- Conceitos básicos
 Os recursos minerais são bens esgotáveis e não renováveis. Por esse fato,
tendem a escassez à medida que se desenvolve a sua exploração. Antes de discutirmos
mais detalhadamente a questão ambiental, é necessário se conhecer algumas definições
técnicas muito utilizadas na para alguns termos utilizados na área de mineração:
Beneficiamento ou tratamento: processamento da substância mineral extraída,
preparando-a com vistas à sua utilização industrial posterior.
Mineração – Meio ambiente e Mineração 6
Bota-fora: local para deposição do estéril da mina e, às vezes, para o rejeito da usina de
beneficiamento.
Capeamento: Camada estéril que recobre a jazida mineral e que deve ser retirada para
efeito de extração do minério na lavra a céu aberto.
Estéril: termo usado em geologia econômica para as substâncias minerais que não têm
aproveitamento econômico.
Jazidas minerais: Massa individualizada de substância mineral ou fóssil, aflorando à
superfície ou existente no interior da terra, em quantidades e teores que possibilitem seu
aproveitamento em condições econômicas favoráveis.
Mina: é a jazida mineral em fase da lavra, abrangendo a própria jazida e as instalações de
extração, beneficiamento e apoio.
Mineral: é toda substância natural formada por processos inorgânicos e que possui
composição química definida.
Minério: mineral ou associação de minerais que pode, sob condições econômicas
favoráveis ser utilizado como matéria prima para a extração de um ou mais metais.
Rejeito: rochas ou minerais inaproveitáveis presentes no minério e que são separadas
deste, total ou parcialmente, durante o beneficiamento.
Figura- Mineração de carvão no Rio Grande do Sul, processo de recuperação de áreas
mineradas.
4- Impactos ambientais da atividade de mineração.
Mineração – Meio ambiente e Mineração 7
 Assim como toda exploração de recurso natural, a atividade de mineração 
provoca impactos no meio ambiente seja no que diz respeito à exploração de áreas 
naturais ou mesmo na geração de resíduos.
 Segundo CPRM (2002), os principais problemas oriundos da mineração podem
ser englobados em cinco categorias: poluição da água, poluição do ar, poluição sonora,
subsidência do terreno, incêndios causados pelo carvão e rejeitos radioativos. A seguir,
serão relatadas algumas atividades de exploração mineral onde são abordados os
impactos ambientais gerados durante o processo de exploração e disposição de seus
resíduos.
 Já na fase inicial (prospecção geológica) de um do projeto de mineração, os
conflitos se iniciam com a chegada mesma da equipe de prospecção ao local de estudo
geológico, como é facilmente identificável numa pequena localidade, geralmente, aonde
estranhos se dirigem e iniciam frenético trabalho de amostragem e eventuais perfurações,
com interações entre tal equipe e a comunidade local possuindo vários graus de
confiabilidade, embora, quase sempre, “meio-que-misteriosa”! 
 Nesta fase, há o início de falsas expectativas, otimistas ou pessimistas, que se
avolumam de forma incontrolada, caso deixadas ao acaso. Nos dias que correm, quando
de um trabalho de prospecção geológica, numa determinada área ou localidade, sem
histórico de atividade mineira anterior, é comum o envio, primeiro, de “olheiros”,
geralmente especialistas em psicologia de grupo ou antropologia, que possam identificar
o “quem-é-quem” naquela particular comunidade, ou comunidades vizinhas, preparando
o terreno para a equipe geológica vir a executar seu trabalho, dessa forma minimizando
riscos de falsas expectativas e comunicação.
 A prospecção geológica e, mais tarde, os estudos propriamente ditos, ocasionam
perturbações ao meio-ambiente, quer através de desmatamentos, quer através da obtenção
de amostras, quer através da utilização de equipamentos, podendo, inclusive, gerar
exposições de afloramentos com suas consequências nem sempre inocentes, por exemplo,
focos produtores de drenagem ácida.
 Em suma, uma boa campanha de prospecção geológica e mais tarde estudos
geológicos, deve visar a MINIMIZAÇÃO das massas envolvidas (amostras tomadas,
pontos de amostragem, água utilizada e descartada e dejetos produzidos); minimização da
energia utilizada equipamentos e maquinaria) assim como na minimização dos efluentes
Mineração – Meio ambiente e Mineração 8
gerados pela atividade de amostragem e fontes de energia utilizada, diesel, por exemplo,
bem como impactos ecológicos durante operações de desmatamento e perfuração. Por
outro lado, como já observado, deverá buscar uma maximização da satisfação social, tal
como definida anteriormente, através da geração de clima favorável a uma boa percepção
publica do que está ocorrendo e/ou ocorrerá, bem como minimizando falsas, sejam
pessimistas ou otimistas, expectativas. 
Mineração – Meio ambiente e Mineração 9
Figura – Etapas e procedimentos básicos para a recuperação de áreas degradadas.
Mineração – Meio ambiente e Mineração 10
Mineração – Meio ambiente e Mineração 11
4.1. Alguns dos principais tipos de extração mineral no Brasil
4.1.1. Carvão
 O carvão catarinense foi descoberto em 1822. Durante o século XIX predominavam
as pequenas produções, com extração totalmente manual, possibilitando uma lavra 
seletiva.
No início do século XX, principalmente a partir de 1930 e 1940, foram elaboradas as 
primeiras leis que obrigavam o consumo, pelas indústrias nacionais, de 10 e 20%, 
respectivamente, do carvão nacional em substituição ao importado.
A partir de 1961 foi abandonada a mineração seletiva, e o produto minerado
continha de 60 a 65% de estéril, tornando seu transporte antieconômico ao Lavador
Central de Capivari. Assim, foram instalados prélavadores nas bocas das minas para
produzir o chamado "carvão pré-lavado”, com 28 a 32 % de cinzas, o qual era enviado ao
Lavador de Capivari. Os rejeitos xistoso e piritoso produzidos nos pré-lavadores foram
sendo depositados, durante décadas, próximos aos pré-lavadores, causando grande
impacto ambiental, principalmente devido à presença da pirita. As drenagens ácidas são
provenientes dos rejeitos contendo sulfetos, em forma de pirita, que ao ficarem expostos à
água e ao ar, oxidam-se gerando acidez. Este passivo ambiental até hoje causa danos aos
recursos hídricos da região.
Os Governos Federal e Estadual e o mineradores de carvão de Santa Catarina
foram condenados em Sentença da JustiçaFederal, em janeiro de 2000, a promover toda
a recuperação ambiental da região afetada pela mineração carvão no prazo de três anos.
Com o objetivo de atender a sentença citada, os réus criaram um Comitê Gestor que está
desenvolvendo estudos e trabalhos de recuperação ambiental, que resultou no Projeto
Conceitual para Recuperação Ambiental da Bacia Carbonífera Catarinense, elaborado
pelo CETEM, CANMET, órgão do Natural Resources do Canada e SIECESC Sindicato
da Indústria de Carvão do Estado de Santa Catarina.
 No caso da mineração de carvão, a céu aberto, que geralmente abrange grandes
áreas, pode ocorrer a poluição nas águas e no ar e por isso, requer um sistema rígido de
recuperação da área pós-minerada.
Mineração – Meio ambiente e Mineração 12
 Na região carbonífera de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul a poluição
hídrica causada pela drenagem ácida é provavelmente o impacto mais significativo das
operações de mineração e beneficiamento do carvão mineral. Essa poluição decorre da
infiltração da água de chuva sobre dos rejeitos gerados nas atividades de lavra e
beneficiamento, que alcançam os corpos hídricos superficiais e/ou subterrâneos. Essas
águas adquirem baixos valores de pH (< 3), altos valores de ferro total, sulfato total e
vários outros elementos tóxicos que impedem a sua utilização para qualquer uso e
destroem a flora e a fauna aquática.
Figura- Rio contaminado por rejeitos de extração de carvão no município de Siderópolis (SC). (foto: Célio 
Yano)
Figura- Rejeito de carvão em Criciúma (SC). O material bruto extraído em solo brasileiro, com altos teores de cinza e 
enxofre, é considerado de baixíssima qualidade. Em algumas áreas, chega-se a descartar 75% do que é extraído. (foto: 
Célio Yano)
Mineração – Meio ambiente e Mineração 13
Figura- Além dos acidentes de trabalho, os mineiros estão expostos a outra grave ameaça, a 
pneumoconiose. Causada pela inalação contínua da poeira do carvão, a doença reduz a expectativa de vida 
do portador, uma vez que restringe a entrada de ar pelas vias respiratórias. (foto: Célio Yano)
4.1.2. Ouro
 Na província aurífera do Quadrilátero Ferrífero em Minas Gerais, a presença do
elemento tóxico arsênio merece destaque no que se refere aos efeitos da mineração no
meio ambiente. Em Nova Lima e Passagem de Mariana, funcionaram, por várias décadas,
fábricas de óxido de arsênio, aproveitado como subproduto do minério. Os rejeitos de
minério ricos em arsênio foram estocados às margens de riachos ou lançados diretamente
nas drenagens, provocando grande comprometimento ambiental do solo e água.
4.1.3. Chumbo, Zinco e Prata
 As minas de chumbo, zinco e prata do Vale da Ribeira/SP estiveram ativas
durante longo período do século XX, especialmente nas décadas de 70 e 80. Os materiais
resultantes dos processos de metalurgia e refino do minério de chumbo foram estocados
nas margens do rio Ribeira. As últimas minas e a refinaria encerraram suas atividades em
novembro de 1995. Segundo a CPRM foram realizados estudos na população infantil, nos
municípios de Adrianópolis e Cerro Azul no Paraná e, Ribeira e Iporanga em São Paulo,
envolvendo análises de Chumbo total em sangue e arsênio em urina. As concentrações de
chumbo no sangue foram superiores aos limites aceitos pelos padrões técnicos
internacionais.
Mineração – Meio ambiente e Mineração 14
Figura – Pilha de rejeito no vale do ribeira/PR de chumbo.
Figura – Mineradora Plumbum instalada a beira do rio no Vale do Ribeira/PR.
4.1.4. Agregados para Construção Civil
 Os bens minerais (areia, argila e brita) de emprego direto na construção civil, por
sua importância para os setores de habitação, saneamento e transportes, são considerados
como bens minerais de uso social. A produção desses minerais, por fatores
mercadológicos, impõe sua atuação próxima dos centros consumidores, caracterizando-se
como uma atividade típica das regiões metropolitanas e urbanas. O índice de
clandestinidade dessa atividade é significativo e preocupante. Os impactos ambientais
Mineração – Meio ambiente e Mineração 15
provocados são grandes e descontrolados, degradando ambientes de delicado equilíbrio
ecológico (dunas e manguezais), alterando canais naturais de rios e os aspectos
paisagísticos. No geral as cavas são utilizadas como bota-fora da construção civil e até
mesmo como lixões.
Figura – Lavra em cava em pedreira localizada no município de Eusébio.
4.1.5. Garimpos
 A garimpagem provoca impactos ambientais comuns a todas as áreas submetidas
a esse tipo de extração rudimentar e predatória, principalmente a contaminação dos
recursos hídricos. No Brasil existem diversas áreas, localizadas nos estados de Minas
Gerais e Bahia, que historicamente possuem atividades garimpeira. Os principais
impactos ambientais decorrentes dessa atividade são:
a) desmatamentos e queimadas;
b) alteração nos aspectos qualitativos e no regime hidrológico dos cursos de água;
c) queima de mercúrio metálico ao ar livre;
d) desencadeamento dos processos erosivos;
e) turbidez das águas e mortalidade da ictiofauna;
g) fuga de animais silvestres;
h) poluição química provocada pelo mercúrio metálico na biosfera e na atmosfera.
Mineração – Meio ambiente e Mineração 16
4.2. Conseqüências da Mineração no Meio Ambiente
4.2.1. Degradação da Paisagem
 O principal e mais característico impacto causado pela atividade minerária
é o que se refere à degradação visual da paisagem. Não se pode, porém, aceitar que tais
mudanças e prejuízos sejam impostos à sociedade, da mesma forma que não se pode
impedir a atuação da mineração, uma vez que ela é exigida por essa mesma sociedade.
Figura – Lavra de rochas ornamentais em matacões, Rio Grande do Sul.
Pedreira desenvolvida sem planejamento e pouco mecanizada
Mineração – Meio ambiente e Mineração 17
4.2.2. Ruídos e Vibração
 O desmonte de material consolidado (maciços rochosos e terrosos muito
compactados) é feito através de explosivos, resultando, em conseqüência, ruídos quase
sempre prejudiciais à tranqüilidade pública. Para minimizar estes impactos podem ser
adotadas certas medidas:
- orientação da frente de lavra;
- controle da detonação.
 A onda de choque gerada por explosivos apresenta comportamentos
distintos, de acordo com a distância e o tipo de material. Um método para suavizar os
impactos causados pela detonação consiste em provocar uma descontinuidade física no
maciço rochoso.
 Para evitar ruídos decorrentes dos equipamentos de beneficiamento, deve-se
aproveitar ao máximo os obstáculos naturais ou então criar barreiras artificiais, colocando
o estoque de material beneficiado ou a ser tratado entre as instalações e as zonas a
proteger.
4.2.3. Tráfego de Veículos
 O tráfego intenso de veículos pesados, carregados de minério, causa uma
série de transtornos à comunidade, especialmente naquela situação mais próxima às áreas
de mineração, como: poeira, emissão de ruídos, freqüente deterioração do sistema viário
da região.
4.2.4. Poeira e Gases
 Um dos maiores transtornos sofridos pelos habitantes próximos e/ou os que
trabalham diretamente em mineração, relaciona-se com a poeira. Esta pode ter origem
tanto nos trabalhos de perfuração da rocha como nas etapas de beneficiamento e de
transporteda produção.
 Estes resíduos podem ser solúveis, ou particulares que ficam em suspensão
como lama e poeira. A contribuição da mineração para a poluição do ar é principalmente
uma poluição por poeira. A poluição por gases a partir da mineração é pouco
significativa, e em geral de restringe à emissão dos motores das máquinas e veículos
usados na lavra e beneficiamento do minério.
4.2.5. Contaminação das Águas
Mineração – Meio ambiente e Mineração 18
 Quanto à poluição das águas provocada pela mineração, a maior parte das
minerações no Brasil provoca poluição por lama. A poluição por compostos químicos
solúveis, também existe e pode ser localmente grave, mas é mais restrita. O controle no
caso de lama é termicamente simples, mas pode requerer investimentos consideráveis. 
 As minerações de ferro, de calcário, de granito de areia e argila, da bauxita,
de manganês, de cassiterita, de diamante e várias outras, provocam em geral poluição das
águas apenas por lama.
 O controle tem que ser feito através de barragens para contenção e
sedimentação destas lamas. As barragens são muitas vezes os investimentos mais pesados
em controle ambiental realizado pelas empresas de mineração. Por outro lado, estas
barragens servem também para recirculação de água e podem não ser considerados
investimentos exclusivos de controle ambiental. 
 Além da poluição por lama, muitas minerações provocam poluição de
natureza química, por efluentes que se dissolvem na água usada no tratamento do minério
ou na água que passa pela área de mineração.
 As minerações de ouro podem apresentar problemas mais complexos de
contaminação das águas, por usarem cianetos altamente tóxicos no tratamento do
minério. Além disso, muitos minérios de ouro são ricos em arsenopirita e provocam
contaminação por arsênico. Pode-se dizer com segurança que o problema ambiental mais
sério provocado pela mineração no Brasil, é a contaminação por lama e por mercúrio de
rios da Amazônia, causada pelos garimpos de ouro. Como os "garimpeiros" usam uma
tecnologia rudimentar, o controle ambiental é difícil e a contaminação só não é muito
mais grave porque os rios da Amazônia são muito volumosos e a área é ainda pouco
povoada.
Figura- Mortandade de peixes causada por despejo de mercúrio em rio.
Mineração – Meio ambiente e Mineração 19
Figura- Degradação oriunda do trabalho do garimpeiro.
4.2.6. Rejeito e Estéril
 A disposição final de rejeitos não constitui problema mais sério, quando
destinados aos trabalhos de recuperação das áreas. Entretanto, durante a fase da lavra
devem ser observados cuidados especiais para que estes não sejam lançados no sistema
de drenagem. 
 Quando esses depósitos ficam muito volumosos, tornam-se, por si mesmos,
instáveis e sujeitos a escorregamentos localizados. No período de chuvas, devem ser
removidos e transportados continuamente até as regiões mais baixas e, em muitos casos,
para cursos de água. A repetição contínua do processo provoca o transporte considerável
desse material, ocasionando gradativamente o assoreamento dos cursos de água. Além do
volume provindo do material estéril, devem ser consideradas as quantidades advindas da
área das próprias jazidas e o material produzido pela decomposição das rochas e erosão
do solo.
 O problema pode ser minimizado através do adequado armazenamento do
material estéril e sua posterior utilização para reaterro de áreas já mineradas e de tanques
de decantação que retenham os sedimentos finos na própria área, preservando a
hidrografia.
Figura - O rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Rio Verde em
Macacos/MG, ocorrido em 2001, atingiu cerca de 43 hectares e assoreou 6,4
quilômetros do leito do Córrego Taquaras.
Mineração – Meio ambiente e Mineração 20
4.3. Impactos em áreas urbanas
 Segundo IBAMA (2006), a mineração em áreas urbanas e periurbanas é um
dos fatores responsáveis pela degradação do subsolo. Atualmente, junto às grandes
metrópoles brasileiras, é comum a existência de enormes áreas degradadas, resultante das
atividades de extração de argila, areia, saibro e brita. 
A proximidade de pedreiras de centros habitados é uma decorrência
natural da forte influência do custo dos transportes no preço final do produto. Isso ocorre,
principalmente, com os agregados, devido ao seu baixo valor unitário. Os fatores
geológicos ligados à localização natural da jazida e ao grande volume das reservas,
proporcionando longa vida útil aos empreendimentos, são fatores rígidos e imutáveis que
impedem a mudança das áreas de extração.
Por outro lado, o crescimento desordenado e a falta de planejamento
urbano facilitam a ocupação de regiões situadas nos arredores das pedreiras, provocando
o fenômeno de "sufocamento" das mesmas e originando um quadro crescente de conflitos
sociais.
O consumo de agregados constitui-se em um importante indicador da
situação econômica e social de uma nação. Enquanto os EUA consomem, anualmente,
Mineração – Meio ambiente e Mineração 21
cerca de 7,5 t por habitante de agregados e a Europa Ocidental, de 5 a 8 t por
habitante/ano, no Brasil, o consumo está pouco acima de 2 t por habitante/ano. Mesmo
dentro do país, os níveis de consumo de agregados têm diferenças significativas. O
consumo no Estado de São Paulo chega a 4,5 t/hab/ano, enquanto que, em Fortaleza e
Salvador, não atinge 2 t/hab/ano (Valverde, 2001).
Os efeitos ambientais estão associados, de modo geral, às diversas fases de
exploração dos bens minerais, como à abertura da cava, (retirada da vegetação,
escavações, movimentação de terra e modificação da paisagem local), ao uso de
explosivos no desmonte de rocha (sobrepressão atmosférica, vibração do terreno,
ultralançamento de fragmentos, fumos, gases, poeira, ruído), ao transporte e
beneficiamento do minério (geração de poeira e ruído), afetando os meios como água,
solo e ar, além da população local.
 Segundo BACCI (2006), os efeitos ambientais estão associados, de modo
geral, às diversas fases de exploração dos bens minerais, como à abertura da cava,
(retirada da vegetação, escavações, movimentação de terra e modificação da paisagem
local), ao uso de explosivos no desmonte de rocha (sobrepressão atmosférica, vibração do
terreno, ultralançamento de fragmentos, fumos, gases, poeira, ruído), ao transporte e
beneficiamento do minério (geração de poeira e ruído), afetando os meios como água,
solo e ar, além da população local.
Exemplo: A área de estudo abrange uma pedreira de diabásio, localizada dentro da
malha de expansão urbana, na região noroeste do município de Campinas, Estado de São
Paulo (Figura abaixo). A ocupação populacional ocorre nas porções leste e nordeste da
pedreira. A nordeste da cava, distante 250 m, encontram-se as construções comerciais
mais próximas e, acerca de 800 m, começam as primeiras casas do bairro residencial Vila
Boa Vista.
Mineração – Meio ambiente e Mineração 22
Identificação dos aspectos e impactos ambientais
A atividade da pedreira em questão resume-se no decapeamento, desmonte da
rocha com uso de explosivos, carregamento e transporte do minério e seu posterior
beneficiamento, produzindo brita e "pó de pedra", utilizadosdiretamente na usina de
asfalto e como agregado na construção civil. Para identificar e avaliar os aspectos e
impactos da pedreira, foram utilizados os dados de levantamento sismográfico obtidos
durante o período de um ano de monitoramento dos desmontes, num total de 28
desmontes e 146 medições realizadas (Bacci, 2000). 
Os quadros apresentados foram elaborados segundo a metodologia utilizada na
norma ISO 14001 (1996) e serviram, inicialmente, para identificar as principais fontes
que geravam reclamações por parte da comunidade e, num segundo momento, como
instrumento para avaliação de desempenho ambiental, dentro de um Sistema de Gestão
Ambiental. As atividades descritas nos quadros 1, 2, 3 e 4 são as que ocorrem nas
diferentes fases de lavra, no beneficiamento e na manutenção das instalações
administrativas.
Mineração – Meio ambiente e Mineração 23
Mineração – Meio ambiente e Mineração 24
Mineração – Meio ambiente e Mineração 25
Mineração – Meio ambiente e Mineração 26
5- Fatores que influenciam a natureza e a extensão dos impactos 
ambientais.
 Ao extraírem-se os bens minerais da crosta terrestre, automaticamente,
gera-se uma alteração bastante profunda que modifica a estrutura física de seu jazimento -
localização. Essas alterações, advindas da atividade mineral, podem provocar maior ou
menor impacto, conforme os fatores geográficos, o método de lavra utilizado e o tipo de
minério extraído.
5.1. Fatores Geográficos
 Os depósitos minerais encontram-se onde as condições geológicas são
favoráveis à sua formação. A este condicionante dá-se o nome de "rigidez locacional da
jazida". Alguns fatores geográficos estão relacionados à posição do jazimento, tais como:
densidade da população, topografia, clima e aspectos sócio-econômicos, dentre outros,
que poderão influir de forma positiva ou negativa na extração econômica destas riquezas.
 Normalmente a oposição à mineração é mais intensa em regiões de alto valor
cênico ou locais de condições favoráveis a raras espécies de flora e fauna. Quanto ao
clima, o mecanismo de transporte da poluição originária da mina ao meio ambiente está
diretamente relacionado ao regime pluviométrico, temperatura, umidade, direção dos
ventos, dentre outros. Sua principal influência é, portanto, sobre a intensidade da
poluição, considerando a distância sobre a qual o impacto da mineração é perceptível.
 No que diz respeito aos aspectos sócio-econômicos, tais como: a criação de
empregos, circulação de riquezas, incremento do comércio e serviços, fortalecimento do
setor público através da arrecadação de impostos, dentre outros fatores, pode-se constatar
que, sem dúvida alguma, a atitude do público, em geral, é condicionada, em parte, pela
condição econômica da região e a natureza desta comunidade.
5.2. Tipo de Lavra
 O método de lavra utilizado na exploração das substâncias minerais é um
dos principais fatores determinantes do nível de impacto ao ambiente, tendo grande
influência na natureza e na extensão do impacto ambiental. A escolha do método mais
adequado depende de certas características das jazidas e às vezes, de fatores externos não
controláveis. A grande maioria dos bens minerais é lavrada por métodos tradicionais a
céu aberto (em superfície) ou subterrâneo (em subsuperfície).
Mineração – Meio ambiente e Mineração 27
 Os maiores riscos de comprometimento ambiental ocorrem na lavra a céu
aberto, onde se tem um maior aproveitamento do corpo mineral, gerando maior
quantidade de estéril, poeira em suspensão, vibrações e riscos de poluição das águas, caso
não sejam adotadas técnicas de controle da poluição.
 A lavra de minerais industriais, freqüentemente, apresenta um alto potencial
impactante. Em contrapartida, poucos minerais, desta classe, são tóxicos e o uso de
reagentes químicos no tratamento destes é limitado. Por isto, os principais problemas
ambientais deste tipo de minerais são o impacto visual, o abandono das lavras, a poeira, o
ruído e a vibração.
Figura– Exemplos de lavra mal planejada em pedreiras localizadas nos municípios e Itaitinga (A) e
Maracanaú (B).
Figura – Ambiente subterrâneo e sua interação com o meio ambiente natural.
Mineração – Meio ambiente e Mineração 28
As maiores consequências ou riscos ambientais no exterior das explorações subterrâneas:
 Águas ácidas e contaminadas com metais pesados;
 Deposição de escombros e rejeitados que podem poluir o solo e as aguas e
ocasionar impacto visual;
 Subsidência devida á lavra subterrânea e presença de falhas;
 Impacto paisagístico pela instabilidade biológica na zona;
 Desaparição das linhas d águas superficiais, drenagem ao subsolo e posterior
contaminação.
6- Delimitação dos impactos causados pela mineração.
6.1- Formulação dos problemas
 As atividades mineradoras causam impactos diretamente ao meio ambiente.
Tanto no garimpo, quanto, na extração de minérios que se encontram no solo e subsolo.
Muito de seus danos são irreversíveis. Assim, a exploração de uma jazida deve-se levar
em consideração sua viabilidade econômica e ambiental. 
 Com a abertura de deposito mineral em lavra (mina, garimpo) a geologia da
área é perdida modificando o relevo podendo ocasionar erosões e assoreamentos. A
produção de maneira inadequada dos minerais pode ter formas direta ou indiretamente
quanto à degradação ambiental; gerando chuvas ácidas, o aquecimento global, poluição
de reservatórios de água, etc. Além de gerar problemas sócio-ambientais, onde muitas
Mineração – Meio ambiente e Mineração 29
famílias são remanejadas de seus locais para dar lugar às empresas mineradoras. Como
também a questão visual de deposito mineral. 
 Apesar dos problemas causados ao meio ambiente, a mineração é
inevitavelmente essencial a humanidade uma vez que possibilita qualidade de vida e
desenvolvimento sustentável. O maior desafio da indústria mineral é reduzir essas
interferências no meio ambiente para níveis mais admissíveis, nos seus diferentes
estágios de exploração, produção, utilização e disposição de resíduos. 
 É preciso uma análise do avanço que a exploração mineral possui bem como
sua degradação ao ambiente. Assim, devem-se levar em conta os benefícios e malefícios
acarretados pela indústria mineradora. Para que muitos dos problemas sejam
solucionados rege-se a necessidade de uma política conservadora que fiscalize; tanto ao
ambiente, quanto, as atividades realizadas pelas mineradoras, bem como melhoria de
condições de trabalho as pessoas que atuam no ambiente. Uma vez que estão sujeitas a
diversos fatores de riscos. 
 Sabendo que de uma forma ou de outra, todos necessitamos dos recursos
minerais explorados, faz se necessário a recuperação de áreas degradadas pelas
mineradoras. Deve-se haver o incentivo de cursos ligados a mineração; desde a sua
implantação como projeto até seu desativamento recuperando a área degradada.
 A tendência da indústria mineradora é o crescimento. Para que cresça de
forma organizada faz-se necessário um estudo detalhado de seus riscos e benefícios que
propiciaa toda sociedade. Nas grandes jazidas, a reconstituição da paisagem é quase
impossível na questão do tempo e econômica. Porém, através de condução adequada das
operações de lavra e de um projeto de recuperação, que visem o futuro, a degradação
ambiental pode ser reduzida e até eliminada. Sendo assim, os cuidados para a recuperação
das áreas mineradas vão desde a concepção do plano de lavra até a implantação do
projeto que visem o reflorestamento de forma consciente, buscando de forma simples
levar as comunidades o conhecimento dessa área tão questionada nos dias atuais. 
 A mineração a céu aberto gera diversos impactos ao meio ambiente. Destrói
completamente as áreas da jazida, as bacias de rejeito e as áreas utilizadas para o depósito
estéril. Tais impactos provocam danos e desequilíbrios no ciclo da água, no solo, no ar,
no subsolo e na paisagem em geral, e são perceptíveis por toda a população, visto que as
áreas destruídas jamais voltarão a ser como eram. 
Mineração – Meio ambiente e Mineração 30
 Os impactos causados podem ser intensos e extensos. Por exemplo, quanto
à intensidade, o impacto da mineração de argila depende da topografia original da área,
da característica e do volume de material que foi extraído da jazida, do método usado
para a extração, do quanto foi aproveitado, etc. Enquanto à extensão, destaca-se a erosão
do material da superfície por ação das águas da chuva, que causam a poluição dos
recursos hídricos, refletindo assim diretamente na bacia onde a mina se localiza. Esses
impactos, além de prejudicarem os proprietários, afetam também todo o ambiente
circunvizinho. 
 Os danos também podem ser de ordem direta e indireta. Os diretos
modificam as características físicas, químicas e biológicas do ambiente, que originam um
forte impacto visual, já que a fauna, a flora, o relevo e o solo são completamente
transformados. Os indiretos proporcionam mudanças na diversidade das espécies, no
ciclo natural dos nutrientes, instabilidade no ecossistema, alterações no nível do lençol
freático e no volume de água encontrado na superfície.
 As alterações na topografia podem causar mudanças na direção das águas
de escoamento superficial, fazendo com que áreas que anteriormente eram atingidas pela
erosão tornem-se áreas de deposição e vice-versa. Contaminações com produtos químicos
no solo decorrentes do derramamento de óleos e graxas das máquinas que são operadas
na área também ocorrem com grande freqüência. 
6.2 Impactos causados pela extração dos minérios
 • Mineração de Carvão 
 Como é realizada a céu aberto geralmente compreende grandes áreas,
causando grande poluição da água e do ar, sendo necessário assim um sistema rígido de
recuperação das áreas depois de explorada. Por exemplo, na região carbonífera de Santa
Catarina e Rio Grande do Sul, há a poluição hídrica causada pela drenagem ácida, que é
proveniente da infiltração da água da chuva juntamente com resíduos tóxicos originados
pelas atividades de lavra e beneficiamento, que alcançam os corpos hídricos e tornam as
águas impróprias para qualquer uso, já que alteram seu pH, elevando os valores de ferro e
sulfato e destruindo a fauna e a flora local. 
Foto-Rio Sangão contaminado com drenagem ácida da mineração do carvão –Forquilhinha (SC).
Mineração – Meio ambiente e Mineração 31
• Mineração de Ouro 
 Como exemplo, pode-se citar o Quadrilátero Ferrífero em Minas Gerais,
onde há uma elevada presença do elemento tóxico arsênio, decorrente desse tipo de
exploração. Em Nova Lima e Passagem de Mariana, funcionaram, por várias décadas,
como fábricas de óxido de arsênio, aproveitado como subproduto do minério. Os rejeitos
de minério ricos em arsênio foram estocados às margens de riachos ou até mesmo
lançados diretamente nas drenagens, provocando comprometimento ambiental do solo e
dos recursos hídricos. 
Foto – Efeito de destruição da exploração de ouro na Amazônia.
• Chumbo, Zinco e Prata 
 Como exemplo existe as minas de chumbo, zinco e prata do Vale da
Ribeira, que estiveram ativas durante longo período do século X, especialmente nas
Mineração – Meio ambiente e Mineração 32
décadas de 70 e 80. Os materiais resultantes dos processos de metalurgia e refino do
minério de chumbo foram estocados nas margens do rio Ribeira. As últimas minas e a
refinaria encerraram suas atividades em novembro de 1995. Depois de estudos realizados
juntamente com a população infantil nos municípios de Adrianópolis e Cerro Azul, no
Paraná, e em Ribeira e Iporanga, em São Paulo, envolvendo uma análise da quantidade
total de chumbo e arsênio encontrados no sangue e urina das crianças constatou-se que as
concentrações de chumbo no sangue foram superiores aos limites permitidos pelo Centers
for Disease Control - CDC (1991). 
• Agregados para construção civil (areia, argila e brita) 
 Os impactos causados pela extração desses materiais são de grandes
proporções, pois afetam ambientes de delicado equilíbrio ecológico, como dunas e
manguezais e alteram canais naturais de rios e aspectos da paisagem. Normalmente as
cavas são utilizadas como depósitos da construção civil e até como lixões.
• Garimpos 
 É uma extração rudimentar, que provoca principalmente a contaminação dos
recursos hídricos. Porém, diversos impactos ocorrem e já ocorreram devido a essa
atividade mineradora. Dentre eles estão: desmatamentos, queimadas, alteração nos
aspectos qualitativos e no regime hidrológico dos cursos de água, desencadeamento dos
processos erosivos, turgidez das águas, morte da ictiofauna, poluição química provocada
pelo mercúrio metálico na biosfera e na atmosfera. No Brasil, existem diversas áreas onde
já houveram atividade garimpeira, localizadas nos estados de Minas Gerais e Bahia. 
6.3 Principais danos causados pela mineração 
• Degradação da Paisagem 
 Como é possível constatar, a partir do que já foi apresentado, o maior impacto
causado pela atividade mineraria é a degradação visual da paisagem da área de extração.
Tais mudanças são prejudiciais, mas devem ser admitidas, uma vez que a atividade de
mineração é imprescindível para a sociedade. 
• Ruídos e vibrações 
 Muitas extrações de minérios são feitas através da utilização de explosivos,
gerando assim ruídos, prejudiciais a saúde e bem estar da sociedade. A onda de choque
gerada por eles apresentam comportamentos distintos, que dependem da distância e do
tipo de material usado na explosão. 
Mineração – Meio ambiente e Mineração 33
• Tráfego de veículos 
 O tráfego freqüente de veículos pesados, carregados de minérios, causa uma
série de transtornos à comunidade circunvizinha da mina de exploração: poeira, emissão
de ruídos e freqüente deterioração do sistema viário da região são alguns deles. 
• Poeira e Gases 
 Um das maiores contrariedades sofridas pelos habitantes localizados próximos
e/ou aos que trabalham de maneira direta na extração de minerais, relaciona-se com a
poeira. Estas partículas suspensas podem ter sido originadas tanto nos trabalhos de
perfuração das rochas como nas etapas de beneficiamento e de transporte dos minerais
extraídos. Estes resíduos podem ser solúveis, ou partículas que ficam em suspensão como
lama e poeira. A contribuição da mineração para a poluição do ar é principalmente
causada pela produção de poeira. A poluição por gasesé pouco relevante, uma vez que
em geral se restringe à emissão pelos motores das máquinas e dos veículos utilizados na
lavra e no beneficiamento dos minérios. 
Figura – Instalações de britagem nos municípios de Caucaia (A) e Itaitinga (B), em que se
observa grande emissão de pó.
Figura- Carreta de perfuração hidráulica provida de sistema de ventilação local exaustora.
Mineração – Meio ambiente e Mineração 34
• Contaminação das Águas 
 A maior parte das minerações no Brasil provoca poluição por lama. A
poluição por compostos químicos solúveis é mais rara. As minerações de ferro, calcário,
granito, areia, argila, bauxita, manganês, cassiterita, diamante e várias outras, provocam
normalmente poluição das águas apenas por lama. O controle deve ser feito por meio de
barragens para a contenção e sedimentação destas lamas. As barragens são na maior parte
das vezes os investimentos mais pesados em controle ambiental realizados pelas
empresas de mineração. Muitas minerações provocam também poluição de natureza
química, por efluentes dissolvíveis na água usada tanto no tratamento do minério como
na água que passa pela área da extração. As minerações que extraem ouro podem
apresentar problemas mais sérios e complexos de contaminação das águas,
principalmente por usarem cianetos altamente tóxicos no tratamento do minério. 
• Rejeito e Estéril 
 Quando destinados à recuperação das áreas, os rejeitos não causam
problemas sérios. Porém, quando esses depósitos ficam muito volumosos, tornam-se
instáveis e sujeitos a escorregamentos localizados. Em períodos de chuvas, devem ser
removidos para áreas mais baixas continuamente, e em muitos casos, para cursos de água.
A repetição intensa desse processo provoca gradativamente o assoreamento dos cursos de
água. 
 A repetição freqüente desse processo provoca o transporte considerável
desse material, gerando gradativamente um processo de assoreamento dos cursos d’água.
Mineração – Meio ambiente e Mineração 35
O problema pode ser minimizado por meio de um armazenamento adequado do material
estéril e sua posterior utilização para reaterro de áreas já mineradas. 
6.4. Degradação e Recuperação de áreas impactadas 
 Um dos problemas centrais que envolvem a questão de desmatamento no
Brasil é resultante do estabelecimento de sistemas de utilização de terras de forma não
sustentáveis, que originam as “áreas degradadas”, caracterizadas pelo elevado nível de
danos ambientais e de pequena capacidade de suporte humano (FAO, 1985). A maior
parte das áreas degradadas nos Neotrópicos é proveniente de sistemas impróprios de uso
de áreas que geram lucros em curto prazo, porém com um alto custo de degradação para o
meio ambiente e subdesenvolvimento socioeconômico em longo prazo. Podem-se dividir
as áreas degradadas em duas categorias principais, levando em consideração a cobertura
da vegetação em: florestas secundárias e pastos abandonados. Além destes, ressalta-se as
áreas degradadas provenientes de atividades de mineração. 
 Os fatores que contribuem para a degradação do solo, em ordem decrescente
de participação relativa nas áreas degradadas no mundo, são:
1. Superpastejo da vegetação (34,5% das áreas mundiais degradadas);
2. Desmatamento ou remoção da vegetação natural para a agricultura, florestas
comerciais, construção de estradas e urbanização (29,4%);
3. Atividades agrícolas, incluindo inúmeras variedades de práticas agrícolas, tais como:
uso de forma inadequada de fertilizantes, uso de água para irrigação de baixa qualidade,
uso inapropriado de maquinários agrícolas e ausência de práticas para a conservação do
solo (28,1%);
4. Exploração intensiva da vegetação para fins domésticos, como combustível, cercas
etc., expondo o solo diretamente à ação dos agentes causadores da erosão (6,8%);
5. Atividades industriais ou bioindustriais que geram a poluição do solo (1,2%). A
conceituação de uma área degradada é bastante polêmica na sociedade, admitindo-se
várias definições baseando-se no enfoque desejado. Logo, é possível afirmar que a
degradação acontece a partir do momento que a vegetação e fauna nativa são destruídas,
removidas ou expulsas, a camada mais fértil do solo é afetada e a qualidade de vazão do
sistema hídrico é alterada. 
 Um ecossistema degradado é aquele no qual, após perturbações, teve
suprimida, juntamente com sua vegetação, os seus meios de regeneração. Apresenta,
Mineração – Meio ambiente e Mineração 36
portanto, baixa capacidade de recuperação, isto é, seu retorno ao estado anterior pode não
acontecer ou ser extremamente vagaroso. Existe também o ecossistema perturbado que é
aquele que sofreu distúrbios, mas manteve seus meios de regeneração bióticos. A ação
humana nesse processo é dispensável, mas pode auxiliar na recuperação, pois a natureza
pode se encarregar dessa tarefa. 
 Nas áreas degradadas, a ação humana para a recuperação é indispensável,
pois elas já não dispõem daqueles eficientes mecanismos para sua regeneração. Nas
atividades de extração de minérios, as principais fontes que causam a degradação são: a
deposição de resíduos ou rejeitos provenientes do processo de beneficiamento dos
minerais e a deposição do material não aproveitável, produzido do decapeamento
superficial. 
 Além dessas fontes que causam degradação, outras podem ser ressaltadas
são elas: lançamento de resíduos domésticos e hospitalares, de esgoto sanitário,
vazamentos ou derrames de óleos, ácidos e outros produtos químicos, além da
contaminação por elementos que liberam radiação e a poluição visual do local. Os
objetivos da recuperação de uma área degradada devem obedecer a requisitos individuais
e o plano feito para sua recuperação deve deixar claro, inicialmente, o nível de
recuperação a ser alcançado. 
 Existem diversos utilizações para as quais as áreas degradadas podem ser
destinadas, como o cultivo/pastagens, reflorestamento, área urbana, parques e áreas para
recreação, ou simplesmente, abandoná-las à sucessão vegetal (Griffith, 1980). A
vegetação pode ser tida como um elemento de atuação e utilização nos programas de
recuperação de áreas degradadas, assumindo diferentes papéis, baseando-se na situação
encontrada (Fonseca, 1989). Dentre as alternativas para a recuperação dessas áreas, o
reflorestamento para destinação múltipla envolve uma quantidade, mais significativa de
benefícios, tanto de caráter social como ecológico. 
 Contudo, e sempre de acordo com o projeto estabelecido, o destino final
da área recuperada deverá ser objeto de um estudo conjunto dos componentes de ordem
social, ecológica e econômica envolvidos. É preciso estabelecer qual o objetivo inicial a
ser alcançado com a recuperação, pois as áreas degradadas podem tanto ser “restauradas”
como “reabilitadas” (Cairns, 1988; Viana, 1990).
Mineração – Meio ambiente e Mineração 37
 Restauração trata-se de uma série de tratamentos que visam recuperar a
forma original do ecossistema, isto é, sua estrutura original. Geralmente recomendado
para ecossistemas raros e ameaçados, demanda mais tempo e requer um investimento
maior. Reabilitação refere-se a uma série de tratamentos que buscam a regeneração de
uma ou mais funções do ecossistema. Essas funções podem ser produção econômica e/ou
ambiental. Geralmente, as principaisjustificativas para os reflorestamentos de proteção
do meio ambiente abrangem a recuperação imediata dos benefícios ambientais. 
 Essa questão em muitos casos não é avaliada com coerência, e a
restauração da forma (composição e diversidade de espécies, estrutura trófica etc.),
torna-se prioridade frente à recuperação das utilidades do ecossistema, ou seja, da sua
função ambiental (Viana, 1990). Vários autores procuraram sistematizar as técnicas de
recuperação de áreas degradadas (Willians, 1982; Griffith,1992; Silveira et al., 1992;
Adeam, 1990; Daniels, 1994; Pompéia, 1994;Jesus, 1994; Griffith et al., 1996), todavia
os sistemas devem ser específicos para cada situação, agrupando, entre outros fatores, a
localização, clima, topografia, estabilidade do terreno, solo, vegetação e a natureza do(s)
agente(s) causador(es) da degradação.
 É fato que, depois de desenvolvido o escopo do sistema a ser adotado, e
suscetível de alterações durante a implantação das atividades previstas, assim como nas
suas manutenções, dando uma dinâmica toda especial às técnicas de recuperação. As
técnicas existentes para utilização da vegetação como um agente restaurador de áreas que
sofreram degradação são recentes e envolve a regeneração natural, o plantio de espécies
arbóreas e arbustivas e a hidrossemeadura (Silva, 1993). 
 Cada situação deve ser estudada para a escolha da técnica que mais se
adequada e não são raros os exemplos em que todas elas são utilizadas eu uma mesma
área. Jesus (1994) ainda recomenda, que além da implantação desse plano de
recuperação, a necessidade indispensável de sua manutenção, garantindo o
estabelecimento dos plantios realizados e que devem se prolongar, pelo menos, por um
período de dois anos. Na recuperação de áreas oriundas de degradação ao longo de
ferrovias e reservatórios de água, assim como na implantação de cinturões verdes, são
usados técnicas de plantio de árvores para resgate de biodiversidade, contenção de
erosão, florestas de produção e amenização paisagística (FRDSA,1992; FRDSA, 1993;
Jesus et al., 1984; Jesus & Engel, 1989, Jesus, 1992). Nestes trabalhos, os autores
Mineração – Meio ambiente e Mineração 38
indicam a recuperação por meio da implantação e manutenção dos plantios realizados,
sendo que na implantação desse projeto estejam incluídas as atividades de preparo do
solo, controle das formigas cortadeiras, coveamento, adubação e plantio. 
 As manutenções são feitas para garantir o estabelecimento dos plantios
realizados e são indicadas normalmente durante um período de dois ou três anos
posteriores ao plantio. Neste período estão inseridas as atividades de roçada manual,
coroamento, controle daquelas formigas e o replantio. 
FOTO - Viveiro de mudas de espécies arbóreas nativas. Mineração de areia Ponte Alta,
São Paulo.
6.5 Medidas de Recuperação e Reabilitação Ambiental 
 As medidas de recuperação têm por finalidade corrigir impactos ambientais
negativos, verificados em determinada atividade mineradora, e exigem soluções especiais
adaptadas às condições já estabelecidas. Essas soluções, geralmente utilizadas em
mineração, respaldam-se em observações de campo e literatura técnica e não raramente
envolvem aspectos do meio físico. 
 As principais áreas de um empreendimento mineiro onde medidas de
recuperação podem ser aplicadas são: 
a) Áreas lavradas: 
 Algumas das medidas usualmente empregadas são: retaludamento, revegetação
(com espécies arbóreas nas bermas e herbáceas nos taludes) e instalação de sistemas de
drenagem (com canaletas de pé de talude, além de murundus - morrotes feitos
Mineração – Meio ambiente e Mineração 39
manualmente na crista dos taludes) em frentes de lavra desativadas. A camada de solo
superficial orgânico pode ser retirada, estocada e reutilizada para as superfícies lavradas
ou de depósitos de estéreis e/ou rejeitos. A camada de solo de alteração pode ser retirada,
estocada e reutilizada na construção de diques, aterros, murundus ou leiras de isolamento
e barragens de terra, remodelamento de superfícies topográficas e paisagens, contenção
ou retenção de blocos rochosos instáveis, redimensionamento de cargas de detonação em
rochas e outras. 
Figuras - Mudas de espécies arbóreas nativas plantadas em bermas rochosas,
dispostas junto à crista do talude inferior e Remodelamento setorizado do perfil de bancadas
finais , com colocação de aterro (solo de alteração), cobertura de solo superficial e plantio de
gramíneas em placas. Pedreira Cantareira, Mairiporã (SP).
b) Áreas de disposição de resíduos sólidos: 
 As medidas usualmente empregadas são: revegetação dos taludes de
barragens (neste caso somente com herbáceas) e depósitos de estéreis ou rejeitos,
redimensionamento e reforço de barragens de rejeito (com a compactação e sistemas de
drenagens no topo);instalação, à jusante do sistema de drenagem da área, de caixas de
sedimentação e/ou novas bacias de decantação de rejeitos; redimensionamento ou
construção de extravazores ou vertedouros em barragens de rejeito; tratamento de
efluentes (por exemplo: líquidos ou sólidos em suspensão) das bacias de decantação de
rejeitos; tratamento de águas lixiviadas em pilhas de rejeitos ou estéreis; tratamento de
Mineração – Meio ambiente e Mineração 40
águas subterrâneas contaminadas. Figura – Revegetação implantada com uso de
herbáceas (gramíneas) em talude de via de circulação interna.
Figura- Canaleta de drenagem revestida de concreto para captação e condução de água e retenção
de sedimentos provenientes da unidade de beneficiamento. Mineração de areia Viterbo Machado
Luz, São Paulo.
Mineração – Meio ambiente e Mineração 41
c) Áreas de infra-estrutura e circunvizinhas: 
 Algumas medidas possíveis são: captação e desvio de águas pluviais;
captação e reutilização das águas utilizadas no processo produtivo, com sistemas
adicionais de proteção dos cursos de água naturais por meio de canaletas, valetas,
murundus ou leiras de isolamento; coleta (filtros, caixas de brita, etc.) e tratamento de
resíduos (esgotos, óleos, graxas) dragagem de sedimentos em depósitos de assoreamento;
implantação de barreiras vegetais; execução de reparos em áreas circunvizinhas afetadas
pelas atividades de mineração, entre outras de acordo com o problema da região. 
Figura - Sistema de tanque e caixa de brita para retenção de óleos e graxas.
Figura - Barreira em faixa composta de eucaliptos, instalada entre a área da lavra e o local
de disposição de bota-foras. Pedreira Embu.
Mineração – Meio ambiente e Mineração 42
7- Exemplos no Brasil dos efeitos da mineração no meio ambiente.
 Inicialmente, voltemos a lembrar de que os minérios, tanto metálicos como
não-metálicos, são utilizados, como é sabido, em uma infinidade de produtos humanos,
da construção civil a bens industriais. No entanto, como a mineração em geral trabalha
bem distante das cidades, poucas pessoas se dão conta dos seus extraordinários impactos
ambientais. O máximo que a maioria das pessoas já viu foram as pedreiras urbanas,
enquanto elas ainda eram toleradas em cidades como Rio de Janeiro, que deixaram
enormes cicatrizes na paisagem citadina. Essas pessoas não se dão conta do assustador
volume de resíduos decorrente dessa atividade. A tabela seguinterevela o montante de
exploração de três minerais metálicos:
Resíduos de Mineração e Rendimento (2000)
Metal Resíduo (milhões
de ton)
Produção
(milhões de ton)
% que virou
metal
Ferro 2.113 845 40
Cobre 1648 15 0,91
Ouro 745 0,0025 0,00033
 Fonte: Worldwatch Institute
 
 Como se vê, a produção mundial de ouro, em 2000, foi de 2,5 mil toneladas,
mas os resíduos gerados (estéreis e rejeitos) não foi inferior a 745 milhões toneladas.
Uma razão de quase 300 mil quilos de resíduos para um quilo de ouro. Isso significa que
99,99967% da mineração de ouro era puro descarte, obrigatoriamente disposto em algum
lugar. Com o avanço tecnológico, já é possível o processamento de minério com teores de
ouro ainda mais baixos.
 Mesmo o minério de ferro, seguramente um dos que apresenta maior
rendimento, tem o metal em menos da metade da sua massa. Embora 40% tenham sido
aproveitados como matéria-prima, 2 bilhões e 113 milhões de toneladas foram
descartados apenas no ano de 2000. Outros metais, como alumínio, chumbo ou prata,
oferecem igualmente pequenos percentuais de aproveitamento no minério.
 Certo, se a humanidade quer manter um nível elevado de conforto material,
é inevitável a atividade mineral. No entanto, essa é possivelmente a atividade econômica
com menos cuidados com os problemas ambientais. A distância dos centros urbanos e de
pessoas conscientes favorece tal desleixo, embora algumas mineradoras, como seria de se
Mineração – Meio ambiente e Mineração 43
esperar, tenham progredido bastante nesse item. Entretanto, como um todo, o setor ainda
deixa muito a desejar.
 A mineração consome volumes extraordinários de água: na pesquisa mineral
(sondas rotativas e amostragens), na lavra (desmonte hidráulico, bombeamento de água
de minas subterrâneas etc.), no beneficiamento (britagem, moagem, flotação, lixiviação
etc.), no transporte por mineroduto e na infra-estrutura (pessoal, laboratórios etc.). Há
casos em que é necessário o rebaixamento do lençol freático para o desenvolvimento da
lavra, prejudicando outros possíveis consumidores.
 Frente a tudo isso, uma série de impactos pode ocorrer: aumento da turbidez
e conseqüente variação na qualidade da água e na penetração da luz solar no interior do
corpo hídrico; alteração do pH da água, tornando-a geralmente mais ácida; derrame de
óleos, graxas e metais pesados (altamente tóxicos, com sérios danos aos seres vivos do
meio receptor); redução do oxigênio dissolvido dos ecossistemas aquáticos; assoreamento
de rios; poluição do ar, principalmente por material particulado; perdas de grandes áreas
de ecossistemas nativos ou de uso humano etc.
 No Brasil, a participação da mineração na poluição total é possivelmente
maior, em função da posição relativa dessa atividade na produção econômica nacional e
de uma fiscalização mais frouxa. Quem desejar mesmo ver o intenso grau de degradação
ambiental causado por minas de ferro basta ir a cidades como Itabirito, em Minas Gerais. 
 A gipsita, mineral abundante na natureza, quando parcialmente desidratada
(calcinada), dá origem ao gesso, um produto muito usado na construção civil, entre outras
aplicações. No Brasil, é explorada principalmente na Bacia do Rio Araripe, na fronteira
comum de Pernambuco com o Piauí e o Ceará. Nessa região, a fonte energética usada no
processo de calcinação é a lenha da Caatinga. As calcinadoras de gesso são as principais
consumidoras de energéticos florestais da região do Araripe, utilizando 56% da produção,
seguidas da siderurgia, com 33%. Em 2007, somente em Pernambuco (de longe, o maior
produtor), as calcinadoras queimaram 1.102.800 metros cúbicos de lenha. 
Nas calcinadoras os problemas de poluição são bastante difíceis de
controlar, visto que a maior parte delas trabalha com fornos rudimentares e altamente
poluentes. A poluição mais visível nas calcinadoras é a proveniente da emissão de gases e
particulados no ar. Os diversos combustíveis utilizados para a calcinação - lenha, óleo,
coque e gás -, na queima, produzem compostos que são lançados diretamente no ar sem
Mineração – Meio ambiente e Mineração 44
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:MinasGerais_Municip_Itabirito.svg
que passe por um filtro. Entrevistados sobre o uso de filtros nas chaminés das
calcinadoras, muitos empresários revelaram desconhecer o produto ou disseram que são
muito caros e/ou desnecessários, porque o órgão ambiental não exigia tal medida (Quadro
abaixo).
Quadro – Fontes de Poluentes nas Unidades Calcinadoras e Seus Impactos
Fontes
Equipamentos/
Máquinas
Meio
Impactado
(Local e Áreas
de Influência)
Sumário de Impactos ou Alterações do Ambiente
Fixas 
Britador
Balança 
Moinho 
Correias 
transportadoras 
Roscas 
elevatórias
Silos de 
armazenagem
FÍSICO
Ar, água e solo
BIOLÓGICO
Flora e fauna
SOCIAL
Homem
Processos de britagem, moagem e transporte por meio
de máquinas geram particulados finos, são lançados no
ar e aí permanecem, sendo carregados pelas correntes
aéreas, atingindo grandes distâncias e extensão espacial.
Como conseqüências mais importantes citam-se a
contaminação do ar, do solo, do ambiente e dos
trabalhadores, através dos pulmões, o que pode gerar
silicose, entre outras doenças respiratórias. 
Produção de ruído e condições de audibilidade
comprometida nas pessoas que trabalham nas
proximidades das máquinas.
Quando os particulados se depositam no solo pode
ocorrer a sulfurização, ou seja, a contaminação por
enxofre e seus compostos, aumentando o teor desses
elementos. 
Fornos
FÍSICO
Ar, água, solo 
BIOLÓGICO
Flora e fauna
SOCIAL 
Homem
 
O processo de calcinação emite considerável quantidade
de particulados, poeiras, cinzas e gases, gerando
líquidos nocivos ao meio ambiente, que muitas vezes
ficam impregnados nas engrenagens dos fornos. 
O grau de poluição depende do tipo de forno; de acordo
com o alcance dos poluentes, as áreas afetadas sofrem
processos de sulfurização do solo e da água, aumento do
pH, entre outros. Geração de calor (poluição térmica) e
ruído, a utilização de combustíveis nas fornalhas gera
gases como CO2, SO2, NOx, compostos de enxofre e
carbono nocivos ao homem e ao meio – flora e fauna.
Móveis 
Caminhões, 
vagonetes, 
empilhadeiras e 
outros.
FÍSICO
Ar, solo, 
BIOLÓGICO
Flora e fauna 
SOCIAL 
Homem
Emissão de poeiras do solo, gases de combustão e queda
do material transportado. 
Contaminação do ar pela queima de combustíveis e
emissão de poeiras do material transportado. 
 Outras minerações são motivo de polêmica, como a de minério de ferro em
Corumbá, no Mato Grosso do Sul. O município, localizado em uma região
particularmente sensível do ponto de vista ambiental, o Pantanal, é imprópria para
siderúrgicas e mineração, apesar das minas que já operam no local. Estas e as
Mineração – Meio ambiente e Mineração 45
siderúrgicas previstas estão no caminho de um importante corredor ecológico. O possível
desmatamento decorrente da instalação do pólo minero-siderúrgico de Corumbá é uma
das maiores preocupações de quem trabalha com a conservação do Pantanal.
 A MMX Mineração e Metálicos S.A., do grupo EBX, encarna hoje na
região do Pantanal o melhor e o pior papel que uma empresa pode exercer quando o
assunto é preservação do meio ambiente. De positivo, se tornou a principal parceira e
financiadora da Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) do pólo minero-industrial de
Corumbá. Um projeto de quase um milhão de reais que será executadopela
COPPE/UFRJ e que estudará a capacidade ambiental da região de suportar, ou não, de
forma sustentável, a instalação e expansão de diversas empresas ligadas ao setor de
mineração e gás, entre outros que constituirão o pólo. A previsão é que esse estudo fique
pronto no fim do ano. O medo dos ambientalistas é que uma nova Cubatão surja em pleno
Pantanal. Empresas do porte da Vale do Rio Doce e Rio Tinto Brasil, instaladas no local,
retiraram o apoio à avaliação na última hora. Já a MMX manteve o compromisso e
aceitou arcar com grande parte dos custos do estudo. 
 Por outro lado, a mineradora tem sido acusada de usar de influência
política para acelerar a sua instalação no pólo e atropelar o processo de licenciamento
ambiental. A MMX firmou um Termo de Compromisso de Conduta com o Ministério
Público Estadual de Corumbá em que se compromete a não comprar carvão oriundo do
Pantanal. Mas até agora não revelou de onde exatamente ele virá, alegando segredo
comercial. No estudo e relatório de impacto ambiental do empreendimento (EIA-RIMA)
lê-se que a empresa tem um cadastro de fazendas que vendem carvão em diversos
municípios do estado, incluindo Anastácio, que fica dentro do Pantanal. Mas vários
especialistas, entre eles Sandro Menezes, biólogo e coordenador do Projeto Pantanal da
ONG Conservação Internacional, garantem que não há base florestal legalmente instalada
no Mato Grosso do Sul suficiente para abastecer a MMX com carvão e muito menos o
pólo inteiro, que pode chegar a ter 14 siderúrgicas. 
 O possível desmatamento estimulado pelo pólo de Corumbá é uma das
maiores preocupações de quem lida com a conservação do Pantanal. Segundo a ONG
Conservação Internacional, 17% da cobertura vegetal original desse bioma já foram
destruídos. A MMX pretende consumir 225 mil toneladas/ano de carvão vegetal no
primeiro ano (25 caminhões tipo gaiola por dia) oriundos do próprio estado e 30%
Mineração – Meio ambiente e Mineração 46
importados da Bolívia e do Paraguai. Segundo o IBAMA existem cinco mil carvoarias
ilegais no Mato Grosso do Sul – cinco foram fechadas recentemente no Pantanal. Se não
houver uma forte vigilância dos órgãos ambientais, a vegetação nativa vai virar cinza.
 A poluição do ar também causa apreensão. Os ventos que sopram
predominantemente na direção de Corumbá e da Bolívia carregarão todo o material
particulado que as siderúrgicas expelirem – poeira rica em carvão e outras substâncias
tóxicas. Segundo Sonia Hess, doutora em Engenharia Química da UFMS de Campo
Grande, esse tipo de poluição afeta a saúde da população. “Esses particulados estão
relacionados à hipertensão e a acidentes vasculares, problemas respiratórios e cardíacos”. 
 Parecer técnico da Embrapa Pantanal também alerta que, no caso de
acidentes e vazamento de resíduos, o risco de contaminar os mananciais com substâncias
extremamente tóxicas, como fenóis e metais pesados, é enorme. Na área existem algumas
nascentes, piscinas naturais (que originaram balneários frequentados pela população
local) e o córrego Piraputangas. Dependendo de certas condições, pode-se formar nesse
riacho o gás cianídrico, altamente letal a seres humanos e peixes. Como ele deságua na
baía do Jacadigo, que se conecta ao rio Paraguai, haveria uma contaminação em cadeia. 
 Não se pode esquecer que a mineradora Urucum (da Vale do Rio Doce) já
secou o córrego Urucum, contaminando-o com resíduos de ferro. Se a MMX começar a
operar antes da conclusão do estudo da COPPE, não haverá tempo para a conclusão de
estudos aprofundados sobre o impacto ambiental da atividade na região. E se vários
empreendimentos isolados forem sendo licenciados sem se saber quantos serão, quanta
energia e água usarão e se a região comporta tantas siderúrgicas, a degradação ambiental
sairá do controle. 
8- A questão econômica.
 Historicamente, a atividade de mineração é a que tem mostrado o nível mais
baixo de compromisso social e ambiental em comparação, por exemplo, com a
exploração de petróleo. É um dos negócios onde os interesses de lucros imediatos mais
flagrantemente passam por cima dos interesses públicos, como demonstram exemplos no
mundo inteiro. É um dos setores mais conservadores e mais resistentes a ajustes
ambientais. Esse comportamento está causando forte retração na indústria minerária nos
Estados Unidos, que tem optado por investir em minas/projetos localizados em outros
Mineração – Meio ambiente e Mineração 47
países.
 Fatores econômicos tornam os custos de recuperação ambiental menos
suportáveis para essa indústria do que para a de petróleo (e até a de carvão mineral). São
eles: margens de lucro mais baixas; resultados econômicos mais imprevisíveis; custos
mais altos para restaurar o ambiente natural; poluição mais impactante e mais duradoura;
menos capital para enfrentar essas despesas; e até mesmo qualidade inferior de
mão-de-obra.
 Por tudo isso, é um dos setores onde mais frequentemente os custos
ambientais costumam ser repassados para a sociedade. Os contribuintes norte-americanos
estão enfrentando, nos últimos anos, uma despesa extra de US$ 12 bilhões para limpeza e
restauração ambiental de suas minas (Diamond, 2005). 
 Para se reduzir os grandes impactos da mineração, será necessário aumentar
as exigências ambientais e a fiscalização, obrigando a mudanças no comportamento das
mineradoras. Os preços dos minerais devem igualmente refletir o enorme custo
sócio-ambiental da sua exploração, embora isso vá implicar no aumento do preço final
dos produtos. Isso seria uma vantagem, ao contrário do que supõem os economistas, pois
aumentaria a eficiência e diminuiria o desperdício no uso dessas matérias-primas. 
Mas, assim, voltamos a um assunto recorrente: o atual nível de consumo da sociedade
global é insustentável. Se desejarmos diminuir as profundas consequências da mineração,
a par das medidas citadas e de muitas outras, precisamos controlar nossa síndrome
consumista.
Figura - Desenvolvimento de processos de instabilização (erosão e escorregamentos) em antiga 
frente de lavra desativada e abandonada. Mineração de caulim Caolinita, Embu-Guaçu.
Mineração – Meio ambiente e Mineração 48
9- Engenharia Ambiental.
 A engenharia ambiental é um ramo da engenharia que estuda os problemas
ambientais de forma integrada nas suas dimensões ecológica, social, econômica e
tecnológica com vista a promover o desenvolvimento sustentável. O engenheiro
ambiental deverá saber reconhecer, interpretar e diagnosticar impactos ambientais
negativos e positivos, avaliar o nível de danos ocorridos no meio ambiente e propor
soluções integradas de acordo com o direito do ambiente vigente.
 Essa é uma das profissões que mais imediatamente responde ao sobe e
desce da economia. "Vivemos um período de mercado em alta nos últimos anos, graças
ao aquecimento da economia e ao aumento dos investimentos em alguns setores,
inclusive com o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) para o saneamento. Hoje,
vivemos um momento mais estável", avalia Lafayette Dantas da Luz, coordenador do
curso de Engenharia Sanitária e Ambiental da Escola Politécnica da UFBA. Mas isso não
significa estagnação. Os formados continuam se inserindo rapidamente no mercado de
trabalho. As áreas que mais oferecem oportunidades são as de saneamento,

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