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DINIZ, D. A Casa dos Mortos. Salvador: Anis-Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero,2009(DOC.) 24 Min.
RESENHA
	
Sendy Oliveira dos Reis¹
O Curta-metragem a casa dos mortos, foi produzido no ano de 2009, pela Antropóloga, escritora, documentarista e professora da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília Débora Diniz Rodrigues, tem uma duração de aproximadamente 24 minutos e apresenta a dura realidade dos internos do Hospital de Custódia e Tratamento de Salvador (HCT).
O documentário retrata a história de três homens, Jaime, Antônio e Almerindo, internados em um manicômio judicial de Salvador. De acordo com o artigo 26 do Código Penal, um Hospital de Custódia destina-se aos inimputáveis ou semi- inimputáveis, ou seja, pessoas que são incapazes de discernir seus atos cometem um crime, mas são incapazes de entender o caráter ilícito do fato. A doença mental é um caso de inimputabilidade. 
Bubu é poeta e um dos internos que fazem parte do HCT, ele da vida ao invisível com a sua poesia sobre três caminhos diferentes vividos dentro dos muros do manicômio judicial. O primeiro ato ou a primeira cena do documentário fala de Jaime. Um interno segundo seus próprios colegas agressivo dentro e fora dos muros e usuário de drogas. Jaime cometeu crimes quando segundo ele estava – descompensado- e por conta disso dormia isolado por não ser confiável. Durante o período das gravações, Jaime comete suicídio em seu quarto amarrando um lençol na grade que o mantinha trancado e subindo na cama se jogou no ar sem que os pés tocassem o chão. Seus colegas relatam que ele estava revoltado por esta chovendo e queria pedir a sua aposentadoria, porem ao invés de morrer asfixiado como era o seu plano, Jaime quebrou o pescoço por conta do peso do seu próprio corpo. Onde estavam os profissionais do HCT nessa hora? Já que como dito pelos próprios internos a asfixia é uma das maiores causas de suicídio na unidade de tratamento. Ou melhor, onde esta o tratamento que esses internos mereciam ter? 
Na segunda cena temos o caso de Antônio. O interno que tem uma nova entrada no HCT e chega algemado a carroceria de uma caminhonete, um carro que não é adequado para o seu estado psicológico. Nesse caso podemos ver a completa falta de preparo dos funcionários do hospital quanto ao tratamento com Antônio. Falta de respeito e de habilidade são fatores que podem piorar o quadro clinico dos internos, como acontece nessa cena quando uma funcionária diz que Antônio não pode usar batom e o mesmo diz que tem- a capacidade de usar batom. Porque não?- A funcionária ao debochar do interno, pode esta reprimindo a personalidade dele quando diz que ele não pode ser quem ele é. 
Na terceira cena trata-se da historia de Almerindo, que deu entrada na instituição em novembro de 1981 e até a gravação do documentário ainda perambulava pelos corredores como um fantasma. Almerindo foi esquecido, estava morto como ele mesmo disse. Morto pra família e para a justiça. Almerindo esta morto da mesma forma como o titulo do poema de bubu. O limite máximo de pena previsto pelo Código Penal Brasileiro é de 30 anos, porém como podemos observar não se aplica aos-loucos infratores-. A lei determina que façam tratamento psiquiátrico em hospitais de custódia ate que se reconstituam em vez de ir pra cadeia, mas a realidade se encarrega de condena-los a uma pena perpétua.
A casa dos mortos é um lugar realmente morto, abandonado por tudo e por todos. Instituições que não levam em conta o individuo singular e as circunstâncias de cada um. Na cena de Antônio podemos ver a overdose medicamentosa, a falta de preparo e compreensão do individuo com doença mental. O Hospital de Custodia foi criado como uma medida de segurança para que eles recebam o devido tratamento e não voltem mais a cometer mais os mesmos delitos. Mas podemos ver claramente que não acontece isso, muito tem vários índices de reincidência. É notável também a falta de higiene, internos dormem no chão, as suas roupas estão bem sujas e muitas vezes eles não tem nem um chinelo para andar calçado.
Esses locais deveriam oferecer um tratamento não somente com medicação, mas com a esperança de que um dia ele poderá sair de lá. Deve-se fazer com que o sujeito melhore e não com que lhe traga mais malefícios. A finalidade da medida de segurança é a reintegração social de um individuo considerado perigoso para a própria sociedade, o que vemos no documentário é um ciclo vicioso onde o interno como no caso de Almerindo foi domesticado e não tratado como deveria ser, levando-o a uma prisão perpétua, pena que não é prevista no Código Penal Brasileiro. O curta-metragem faz o entrelaçamento entre crime e loucura, e nos questiona sobre o real lugar do alienado infrator. Loucos que cometem crimes, mas não são tratados como doentes mentais e sim como verdadeiros criminosos. Por fim é um documentário muito interessante para os estudantes da área de saúde por abordar questões sobre a saúde mental e física do louco infrator e estudantes do curso de direito por abordar temas de caráter jurídico.
1- Estudante de Psicologia do Centro Universitário Jorge Amado -Unijorge.

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