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METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof Janes Fidélis Tomelin Profª Karina Nones Tomelin Profª Roseméri Laurindo U n i v e r s i d a d e R e g i o n a l d e B l u m e n a u Reitor Prof. Eduardo Deschamps Vice-Reitor Prof. Romero Fenili Pró-Reitora de Ensino de Graduação Profa. Sônia Regina de Andrade Pró-Reitor de Administração Prof. Edesio Luiz Simionatto Pró-Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Prof. Clodoaldo Machado Divisão de Modalidades de Ensino Coordenação Geral Profa. Henriette Damm Prof. Alexander Roberto Valdameri Equipe Multidisciplinar Técnica Airton Zancanaro Alexandre Adaime da Silva Prof. Fabio Rafael Segundo Gerson Luís de Souza Jean Rigo da Silva Léo Fath Equipe Multidisciplinar Pedagógica Profa. Daniela Karine Ramos Prof. Diego Fernando Negherbon Luiz Rafael dos Santos Profa. Rosemeri Laurindo Administrativo Viviane Alexandra Machado Saragoça Assessoria em Educação do Vale do Itajaí Dirigente Prof. Kiliano Gesser Equipe Administrativa Alvin Noriler Prof. Carlos Alberto Alves de Oliveira Prof. Kiliano Gesser Equipe Multidisciplinar Pedagógica Profª Laura Cristina Peixoto Chaves Profª Olga Sansão Gesser Profª Zilma Mônica Sansão Benevenutti Diagramação Alvin Noriler 2008 FURB – Universidade Regional de Blumenau Divisão de Modalidades de Ensino Rua Antônio da Veiga, 140 Bairro: Victor Konder Blumenau – SC - 89012-900 Fone: (47) 3321-0577 E-mail: dme@furb.br Site: www.furb.br/ead Assevali Educacional Ltda. Rua Belarmino João da Silva, 52 Bairro: Santa Terezinha Gaspar – SC – 89110-000 Fone: (47) 3318-0909 E-mail: secretaria@assevali.com.br Site: www.assevali.com.br Depósito legal na Biblioteca Nacional, conforme decreto nº 1825, de 20 de dezembro de 1907. “Impresso no Brasil / Printed in Brazil” Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da FURB Tomelin, Janes Fidélis T656m Metodologia da pesquisa científica educação a distância / Janes Fidélis Tomelin, Karina Nones Tomelin, Roseméri Laurindo. - Blumenau : Edifurb ; Gaspar : ASSEVALI Educacional, 2008. 72 p. : il. - (Pós-Graduação. Modalidade a distância) Bibliografia: p. 71-72. ISBN: 978-85-7114-189-6 1. Ensino a distância. 2. Pesquisa - Metodologia. I. Tomelin, Karina Nones. II. Laurindo, Roseméri, 1966-. III. Título. IV. Série. CDD 378.03 Professor Janes Fidélis Tomelin Mestre em Educação pela Universidade Regional de Blumenau, Especialista em História Social. É licenciado em Filosofia e atua como professor no Ensino Superior e Pós-graduação com disciplinas afins. Professora Karina Nones Tomelin Mestre em Educação pela Universidade Regional de Blumenau, Especialista em Formação Pedagógica e Gestão da Educação. É psicóloga e atua como professora nos cursos de Psicologia e Educação Física. Professora Roseméri Laurindo Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa, Mestre em Comunicação e Culturas Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia, Jornalista pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professora do curso de Comunicação Social-Publicidade e Propaganda da Universidade Regional de Blumenau e de Jornalismo da Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí. Sumário 1 CONHECIMENTO, VERDADE E MÉTODO .................................... 13 1.1 CONHECIMENTO .......................................................................... 14 1.1.1 Teoria do Conhecimento ............................................................. 15 1.1.2 As Formas de se Conhecer o mundo ......................................... 15 1.2 VERDADE ...................................................................................... 18 1.2.1 A Verdade Subjetiva-Absoluta ..................................................... 19 1.2.2 A Verdade Objetiva-Absoluta ...................................................... 20 1.2.3 Verdade Relativa ......................................................................... 22 1.3 O MÉTODO .................................................................................... 24 1.3.1 O Método Científico .................................................................... 25 1.3.2 Os Diferentes Métodos ............................................................... 27 1.3.2.1 Método Dedutivo ...................................................................... 27 1.3.2.2 Método Indutivo ........................................................................ 27 1.3.2.3 Método Hipotétivo-Dedutivo ..................................................... 29 1.3.2.4 Método Dialético ....................................................................... 29 1.3.2.5 Método Fenomenológico ......................................................... 32 2 NORMAS E TÉCNICAS PARA O DISCURSO CIENTÍFICO ........... 35 2.1 ELABORAÇÃO DAS NORMAS DO TRABALHO CIENTÍFICO ... 35 2.1.1 Breve História da ABNT ............................................................... 37 2.1.2 Principais Normas Para a Publicação Científica ......................... 38 2.2 Conceitos e Alguns Tipos de Trabalhos Acadêmico-Científicos.. 38 2.2.1 Trabalho de Síntese .................................................................... 39 2.2.1.1 Fichamento ............................................................................... 39 2.2.1.2 Resumo .................................................................................... 39 2.2.1.3 Resenha ................................................................................... 39 2.2.2 Trabalho de Divulgação Científica............................................... 40 2.2.2.1 Nota ou Comunicação .............................................................. 40 2.2.2.2 Artigo Científico (Paper) ........................................................... 40 2.2.2.3 Monografia ................................................................................ 40 2.3 A ESCRITA CIENTÍFICA ............................................................... 41 2.3.1 Ao Ler Seu Texto ......................................................................... 41 2.3.2 Para Escrever .............................................................................. 41 2.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA .................................................. 44 2.4.1 Elementos Pré-Textuais .............................................................. 45 2.4.1.2 Folha de Rosto ......................................................................... 45 2.4.1.1 Capa ......................................................................................... 45 2.4.1.4 Folha de Aprovação ................................................................. 46 2.4.1.5 Dedicatória ............................................................................... 46 2.4.1.6 Agradecimentos ....................................................................... 46 2.4.1.7 Epígrafe .................................................................................... 46 2.4.1.8 Sumário .................................................................................... 47 2.4.1.9 Listas ........................................................................................ 47 2.4.1.10 Resumo .................................................................................. 47 2.4.1.11 Resumo em Língua estrangeira ............................................. 48 2.4.2 Elementos Textuais ..................................................................... 48 2.4.2.1 Introdução................................................................................. 48 2.4.2.2 Desenvolvimento ...................................................................... 49 2.4.2.2.1 Citação...................................................................................50 2.4.2.3 Conclusão................................................................................. 51 2.4.3 Elementos Pós-Textuais.............................................................. 51 2.4.3.1 Glossário .................................................................................. 51 2.4.3.2 Apêndice................................................................................... 51 2.4.3.3 Anexo ........................................................................................ 51 2.4.3.4 Índice ........................................................................................ 52 2.4.3.5 Referências .............................................................................. 52 3 ESTRATÉGIAS PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO .................. 57 DE PESQUISA .................................................................................... 57 3.1 O PROJETO E A ESCOLHA DE UM TEMA PARA PESQUISAR. 58 3.1.1 Projeto de Pesquisa .................................................................... 58 3.1.2 Tema ............................................................................................ 58 3.1.3 Metodologia e Métodos ............................................................... 60 3.1.4 Tipologia da Pesquisa ................................................................. 61 3.2 OPERACIONALIZAÇÃO DA PESQUISA ..................................... 62 3.2.1 Definição do Objeto..................................................................... 62 3.2.1.1 Problema de Pesquisa e Objetivos ......................................... 62 3.2.1.2 Quadro Teórico de Referência ................................................. 64 3.2.1.3 Hipóteses ................................................................................. 64 3.2.2 Universo da Pesquisa.................................................................. 64 3.2.3 Descrição .................................................................................... 66 3.2.4 Interpretação ............................................................................... 66 3.3 ESTRUTURA DO PROJETO PARA MONOGRAFIA ................... 66 3.3.1 Apresentação do Tema, Justificativa ........................................... 67 3.3.2 Formulação do Problema ............................................................ 67 3.3.3 Objetivos (Geral e Específicos) .................................................. 68 3.3.4 Metodologia ................................................................................. 68 3.3.5 Fundamentação Teórica .............................................................. 68 3.3.6 Cronograma ................................................................................. 69 3.3.7 Orçamento ................................................................................... 69 3.3.8 Referências ................................................................................. 70 REFERÊNCIAS .................................................................................... 71 APRESENTAÇÃO Caro(a) aluno(a), Bem-vindo(a) à disciplina de METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA. Este é o nosso Caderno de Estudos, material elaborado com o objetivo de contribuir para a realização de seus estudos e para a ampliação de seus conhecimentos sobre a Metodologia da Pesquisa Científica. A carga horária desta disciplina é de 45 horas e cabe a você administrar sua aprendizagem e determinar o tempo para seus estudos e aprofundamento dos temas tratados. Lembre-se, porém, de que há um prazo limite para a conclusão dos estudos. Você deverá realizar as avaliações presenciais nas datas previstas no cronograma do curso. Os capítulos foram organizados de forma didática e complementar. Eles apresentam os textos básicos, com questões para reflexão e indicam outras referências a serem consultadas. Desejamos um bom trabalho e que você aproveite, ao máximo, o estudo dos temas abordados nesta disciplina! 13 1 1 CONHECIMENTO, VERDADE E MÉTODO Objetivos de Aprendizagem: - Explicar a implicação dos conceitos conhecimento, verdade e método para a produção científica. - Identificar os diferentes tipos de conhecimento: religioso, filosófico, artístico, popular e científico. - Diferenciar verdade subjetiva-absoluta, verdade objetiva-absoluta e verdade relativa. - Descrever a sistematização do método científico. INTRODUÇÃO Iniciamos nossos estudos de Metodologia da Pesquisa Científica e você deve lembrar dos estudos que já realizou quando fez a graduação. Neste sentido, nosso objetivo está em aprofundar algumas questões fundamentais à construção do conhecimento, atualizar as informações sobre as novas normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e preparar o aluno para a construção de um pré-projeto para monografia. Afinal, a construção científica é algo complexo, exige além do domínio dos conhecimentos e temas próprios de cada pesquisa, o domínio dos métodos de investigação, da técnica de escrita e das normas que sustentam essa técnica. Provavelmente, esse é o motivo pelo qual a disciplina se faz presente nos cursos de graduação, especialização, mestrado e doutorado. Para início de conversa, vamos convidá-lo a fazer um estudo mais abrangente sobre o que é o conhecimento, o que é a verdade e o que constitui um método científico. Essa discussão é fundamental para aqueles que se propõe a realizar trabalhos científicos. Acreditamos que, a partir destes temas, você irá apropriar-se de informações que lhe permitirão fazer uma reflexão crítica acerca da produção do conhecimento. Na medida em que fizer a leitura deste primeiro capítulo, procure relacioná-lo com sua forma de compreender e descrever a realidade. Procure pensar sobre novas possibilidades de investigação e escrita. Procure ainda, refletir os dogmatismos (verdades inquestionáveis) que se alojaram no seu entendimento ao longo destes anos de estudo. Metodologia da Pesquisa Científica " FURB / ASSEVALI 14 1.1 CONHECIMENTO Sempre que fazemos um curso, lemos um livro ou desenvolvemos uma pesquisa estamos em busca de mais conhecimento. Costumeiramente, entendemos que quanto mais conhecimentos adquirimos, melhores são nossas vantagens sociais e naturais. Ouvimos desde a infância que a escola nos garantiria uma vida melhor, que seríamos grandes profissionais se soubéssemos aproveitar bem os conhecimentos repassados nas lições escolares. Com base nisso, pense um pouco sobre o que é o conhecimento. Para Pensar Só o conhecimento científico é verdadeiro? Há uma única forma de conhecer a realidade? Qual a relação entre sujeito e realidade na organização do conhecimento? É comum ouvirmos dizer que o conhecimento é como uma técnica para se chegar a uma verdade sobre um determinado objeto. A vontade, a dúvida e o questionamento sobre determinado objeto seriam os estímulos que conduzem o homem a buscar algum conhecimento sobre ele. As técnicas utilizadas para conhecer este objeto podem ser muitas. Elas dizem respeito às formas, aos modos de conhecer a realidade pelo sujeito conhecedor. Neste sentido, o desafio está em pensar se o conhecimento deriva do sujeito que conhece ou se ele deriva do objeto que está sendo conhecido. Se considerarmos que, a realidade tal como é permite ao homem elaborar um conhecimento, poderíamos lembrar da Teoria da gravitação universal. Esta teoria foi elaborada por Isaac Newton e representou uma solução teórica brilhante para o problema da atração entre massas. A partir desta descoberta, podem-se explicar diversos fenômenos naturais, em especial na astronomia. Neste exemplo, notamos que a mente do pesquisador desenvolveu uma explicação para compreender a realidade tal como ela é. Por outro lado, se considerarmos que, a verdade sobre o objeto depende do olhar do sujeito sobre a realidade que, por sua vez, determina a forma como o objeto vai ser estudado poderíamos citar como exemplo a Teoria da relatividade. Elaborada por Albert Einstein, essa teoria alterou radicalmente nossa percepção acerca do Universo,da matéria, da energia e do tempo. Colocou em crise o entendimento absoluto da visão newtoniana e possibilitou novos estudos e novas descobertas. Ou seja, mudando a forma como o sujeito estuda a realidade, mudam suas conclusões. Bem, para este início de conversa, precisamos aproximar-nos um pouco mais da Teoria do Conhecimento. Vejamos! Capítulo 1 " Conhecimento, Verdade e Método 15 1.1.1 Teoria do Conhecimento A Teoria do Conhecimento é "o estudo metódico e reflexivo do saber, de sua organização, de sua formação, de seu desenvolvimento, de seu funcionamento e de seus produtos intelectuais" (JAPIASSU, 1975, p. 16). Neste sentido, a Teoria do Conhecimento investiga sobre a natureza e origem do conhecimento. Ou seja, a Teoria do Conhecimento procura identificar as diferenças de compreensão que o ser humano elaborou historicamente. Uma dessas diferenças está na compreensão de que há uma divisão entre os conhecimentos especulativos e os científicos. Os conhecimentos especulativos não são considerados ciência e abrangem a Filosofia e a Teologia. Um exemplo disso é quando o filósofo diz "o homem é lobo do próprio homem" ou quando o teólogo afirma "Deus é uno, eterno e imutável". Já os conhecimentos científicos, são os conhecimentos matemáticos, empíricos e positivistas. Assim, quando o físico afirma "dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço", ele pode comprovar empiricamente o fato. Contudo, existem várias maneiras de classificar as diferentes formas de conhecimento. A diferenciação mais comum procura classificar as diferentes formas de conhecer o mundo em: mito, senso popular, ciência, filosofia e arte. Vamos saber um pouco mais sobre isto? 1.1.2 As Formas de se Conhecer o mundo Como já vimos, há muitas formas de se conhecer o mundo, que dependem da postura do sujeito frente ao objeto conhecido: o mito, o senso popular, a ciência, a filosofia e a arte. Todos eles são formas de conhecimento, pois cada um, a seu modo, desvenda os segredos do mundo, atribuindo-lhe um significado. Importante, portanto, estudarmos sobre cada um. Vamos juntos? O conhecimento mítico (também chamado de religioso ou teológico) proporciona um saber que procura explicar os mistérios da existência humana. É considerado mágico porque vem permeado pelo desejo de atrair o bem e afastar o mal, dando segurança e conforto ao homem. Seu critério para a verdade está na fé. Neste sentido, Gil (1994, p.19) lembra que: Ao nascer, o homem depara-se também com um conjunto de crenças que lhe falam acerca de Deus, de uma vida além da morte e também de seus deveres para com Deus e o próximo. Para muitos, as crenças religiosas constituem fontes privilegiadas de conhecimento, que se sobrepõe a qualquer outra. Metodologia da Pesquisa Científica " FURB / ASSEVALI 16 O senso popular ou conhecimento espontâneo é a primeira compreensão do mundo resultante da herança do grupo a que pertencemos e das experiências atuais que continuam sendo efetuadas. Pode ser subdividido em: senso comum e senso prático. O senso comum é derivado da experiência espontânea do cotidiano, é fragmentado, superficial e assistemático. Exemplo disto é quando alguém afirma: "todo cientista é louco". O senso prático deriva da experiência cotidiana. É um saber fazer para poder viver. No dia-a-dia as pessoas utilizam esses conhecimentos práticos. Quando, por exemplo, você bate alguma parte do corpo, o que geralmente faz? Coloca uma pedra de gelo para não ficar um calombo? Pois, este é um conhecimento adquirido informalmente, é prático. Já o bom senso é comum na atitude coerente das relações sociais cotidianas. Ter bom senso é ter a capacidade de julgar com ponderação a realidade, de escolher com moderação e de agir com cuidado. Este conhecimento está presente quando alguém pára o carro, deixando o pedestre passar, quando reduz a velocidade para facilitar a ultrapassagem... Você deve perceber que bom senso tem muito haver com respeito. Por sua vez, o senso crítico é a capacidade de julgar consciente daquele que avalia com crítica as ideologias que o dominam ou tentam dominar. É comum vermos pessoas com baixa instrução escolar com um alto grau de senso crítico. Geralmente, são pessoas questionadoras, atentas e reflexivas. As características do senso popular indicam uma relação direta com a observação, algo que o homem faz a todo o momento. Ao tratar deste conhecimento, Gil faz uma relação com a observação. Vejamos: Pela observação o homem adquire grande quantidade de conhecimentos. Valendo-se dos sentidos, recebe e interpreta as informações do mundo exterior. Olha para o céu e vê formarem-se nuvens cinzentas. Percebe que vai chover e procura abrigo. A observação constitui, sem dúvida, importante fonte de conhecimento. (GIL, 1994, p. 19). O conhecimento científico procura desvelar o funcionamento da natureza através, principalmente, das relações de causa e efeito. Busca um conhecimento objetivo, (isto é, fundado sobre as características do objeto, com interferência mínima do sujeito), lógico, por meio de métodos desenvolvidos para manter a coerência interna de suas afirmações. Neste sentido, quando vamos ao médico procuramos por alguém que tenha um conjunto de conhecimentos científicos sobre uma determinada área e que poderá apontar a causa de um conjunto de sintomas que estejamos sentindo. Trata-se, portanto, de um conhecimento sistematizado que procura compreender a realidade em sua suposta regularidade e previsibilidade. Neste sentido, Gil (1994, p.21) enfatiza que o conhecimento científico objetiva formular, mediante linguagem rigorosa e apropriada - se possível, com auxílio da linguagem matemática - leis que regem os fenômenos. Assim, verifica- se que se trata de um conhecimento objetivo, racional, sistemático, geral e verificável. Sobre estas características, trataremos com mais detalhes quando abordarmos a questão do método científico. Capítulo 1 " Conhecimento, Verdade e Método 17 O conhecimento filosófico, por sua vez, propõe-se oferecer um tipo de conhecimento que busca, com todo o rigor, problematizar a realidade objetiva e subjetiva da vida humana. Procura fazer isto numa abordagem que vislumbre a totalidade e a radicalidade (que vai à raiz das coisas). Sua finalidade não está em estabelecer uma verdade absoluta, mas em questionar e continuamente refletir sobre as coisas. Ao tratar da pertinência do conhecimento filosófico, Cervo e Bervian (1996, p.10) afirmam que "a Filosofia é uma busca constante do sentido, de justificação, de possibilidades, de interpretação a respeito de tudo aquilo que envolve o homem e sobre o próprio homem em sua experiência concreta". O conhecimento artístico nos dá não o conhecimento de um objeto, mas de um mundo, interpretado pela sensibilidade do artista e traduzido numa obra individual que, pelas suas qualidades estéticas, recupera o vivido e nos reaproxima do concreto. Quando você houve uma música, lê um poema ou observa uma obra de arte, percebe que não se trata de um conhecimento objetivo. Você percebe que há um mundo subjetivo, repleto de significados, desejos, emoções, razões, crenças, inquietações... Assim, a verdade para o conhecimento artístico está na representação daquele que comunica sua forma de ver e interpretar a realidade. Neste sentido, podemos afirmar que romances, poemas, músicas e diferentes tipos de obras de arte, também podem proporcionar importantes informações sobre os sentimentos e as motivações das pessoas (GIL, 1994, p.19). Mesmo sabendo que essas obras são de ficção, não há como negar que apresentam elementos que nos ajudam a compreender melhor o mundo. Dica Para você ampliar sua reflexão sobre a questão do conhecimento sugerimos os seguintes filmes: - Galileu Galilei: adaptação da peça Brecht; o duelo da ciência contra o obscurantismo. - 2001, uma odisséia no espaço: relata relação homem máquina que chega ao ponto limite. - Óleo de Lorenzo: história de um casal cujo filho tem uma doença irreversível. O pai e a mãe se envolvem em pesquisas para alcançar a cura.Metodologia da Pesquisa Científica " FURB / ASSEVALI 18 1.2 VERDADE Você já deve ter pensado na possibilidade de apreender (conhecer) a totalidade da verdade sobre as coisas. Quando pesquisamos e escrevemos, logo nos vem à mente as seguintes questões: Como fazer um relato fiel e verdadeiro? Sabemos que a verdade é um compromisso de todo pesquisador. Mas o que é a verdade? É possível que um conhecimento expresse a verdade sobre a realidade? Qual a relação entre verdade e conhecimento? A finalidade do conhecimento é a verdade. Nela, o ser humano busca abrigo para o seu saber. Contudo, existe uma séria discussão sobre a possibilidade da verdade. Tanto a ciência, como a religião, pretendem revelar saberes verdadeiros, absolutos e indubitáveis. Nesta suposta verdade, as pessoas se sentem seguras diante de sua imensa vulnerabilidade humana. O problema está em reconhecer que muitos saberes tidos por verdadeiros são apenas verossímeis (que aparentam ser verdadeiros) e enganam aqueles que ingenuamente acreditam. E por que acreditam? Provavelmente por que assimilam a evidência como constatação e comprovação. Antigamente, acreditava-se que o sol girava em torno da terra? Para as pessoas da época, era fácil acreditar nisso, pois olhavam todo dia para o céu e tinham a concreta percepção de que o sol estava em movimento. A palavra usada em grego para denominar aquilo que é verdadeiro é aletheia que significa aquilo que não está oculto e se refere às coisas como elas são. A verdade, neste sentido, dependeria das coisas presentes. O verdadeiro é o que se manifesta aos olhos do corpo e do espírito. Em latim, a palavra utilizada é veritas que significa precisão, exatidão e se refere aos fatos passados. Depende do passado e da linguagem. O verdadeiro está na linguagem enquanto narrativa fiel dos fatos acontecidos. Como você pode perceber, a questão é provocativa. Por isso, tenha sempre presente essa discussão sobre a verdade e mantenha uma atitude de contínua reflexão e melhoria do conhecimento. Pergunte-se: A verdade existe ou é uma possibilidade? A verdade é absoluta ou relativa? É absoluta enquanto objetiva ou enquanto subjetiva? Difícil responder a essas perguntas, mesmo porque, normalmente, duvidamos das verdades alheias e não das nossas verdades, não é mesmo? Por isso, para lhe ajudar, sugerimos a leitura da parábola que segue. Capítulo 1 " Conhecimento, Verdade e Método 19 Havia um rajá que mandou reunir todos os cegos, habitantes de Savathi e pediu que lhes pusessem um elefante à frente. Assim se fez. Aos cegos, foi pedido que tocassem no elefante. Um tocou a trompa, outro o colmilo, outro a pata, outro a cabeça e assim sucessivamente. Depois, o rajá perguntou aos cegos: - Que lhes pareceu o elefante que tocaram? - Um elefante se parece a um cachorro - contestaram os que haviam tocado a cabeça. - É como um cesto de aventar - asseguraram os que haviam palpado a orelha. - É uma grade de arado - sentenciaram os que haviam tocado o colmilo. - É um granero - insistiram os que tocaram o corpo. E assim, cada um, empenhado em sua crença, discutia e brigava com os demais. Nesta parábola, percebemos que a verdade depende do ponto de vista de cada um. Adaptando ao conhecimento científico, poderíamos afirmar que depende do modelo que cada cientista segue. E, para você, que elementos essa parábola contém que faz pensar sobre as questões anteriores? Nas seções seguintes, vamos aprofundar nosso conhecimento sobre as concepções de verdade subjetiva-absoluta, objetiva-absoluta e verdade relativa. Pretendemos estimular um diálogo acerca dos critérios que utilizamos para a elaboração de nossos juízos sobre o que entendemos como verdadeiro. 1.2.1 A Verdade Subjetiva-Absoluta A verdade é entendida como subjetiva e absoluta quando há uma total adequação da elaboração mental com a realidade estudada. Isso quer dizer que o conhecimento e a verdade estão ancorados no sujeito que se ampara na lógica, ou seja, no sujeito que organiza o seu pensamento para extrair a verdade da realidade. Assim, se uma proposição é verdadeira, é absolutamente verdadeira para todos os homens e todos os tempos. Se supusermos então, que a verdade só existe se absoluta, uma proposição é sempre verdadeira ou falsa. O juízo desta argumentação é categórico: Uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo. Metodologia da Pesquisa Científica " FURB / ASSEVALI 20 Este é um princípio da não contradição onde uma coisa é verdadeira ou não é verdadeira. Ao dizermos que faz sol aqui e isto se confirma na realidade, não há como dizer o contrário sem que isto seja falso. É logicamente verdadeiro o que se confirma entre a elaboração mental e a realidade constatada. Certo? Na verdade absoluta, há uma lógica e esta é anterior ao objeto estudado. Ficou difícil? Vejamos em outras palavras: o saber deste objeto passa primeiro pelo sujeito (que organiza seu pensar sobre as coisas), depois vai para o objeto (para a realidade, para o fenômeno propriamente dito) e volta para o sujeito. Desta forma, dizemos que a produção de conhecimento se dá pela lógica. Para facilitar sua compreensão veja o esquema a seguir: LÓGICA FATOS LÓGICA Sendo assim, a verdade absoluta está fundamentada no pólo da subjetividade, pois se refere às experiências de um sujeito sobre o objeto. A partir desta verdade, o sujeito vai deduzindo as demais verdades. 1.2.2 A Verdade Objetiva-Absoluta A verdade objetiva coloca o objeto como centro decisivo para a elaboração de todo conhecimento. O sujeito considera o objeto como algo dado e definido em sua estrutura regular e absoluta. Esta visão da realidade tem como expoente Galileu que inaugurou um novo modo de produção de verdades baseado na observação dos fenômenos tais como eles ocorrem e não por pura especulação. Saiba Mais Galileu Galilei, nasceu em 1564 e morreu em 1642. Foi um grande filósofo, matemático, astrônomo e físico. Contestou a teoria geocêntrica (terra como centro do universo) e, em substituição, propôs a teoria heliocêntrica (sol como centro do universo). A partir de Galileu, configura-se o método experimental que rompe com o misticismo e com a Igreja, pois traz uma nova proposta de conhecimento da realidade, não mais pautado na crença dos sujeitos, mas na observação dos objetos. Assim, o princípio básico da ciência, que se pauta na verdade objetivo- absoluta para produção de conhecimento é dado pela observação dos fatos, a compreensão lógica e posterior verificação. Vejamos como fica a representação desta abordagem: Capítulo 1 " Conhecimento, Verdade e Método 21 FATOS LÓGICA FATOS Como exemplo, podemos considerar um cientista e pesquisador que percebe um astro que se move 2 cm a cada ano. Ele é um fato observado na realidade. Ao racionalizar levanta a hipótese de que se trata de um outro planeta. Volta-se para o objeto novamente para testar a hipótese anterior e tira conclusões sobre sua verificação. O tipo de verdade produzido é caracterizado como verdade objetiva, pois está no plano do objeto e refere-se à realidade objetiva, observável. A ciência parte então da observação, da experimentação e da regularidade matemática para conhecer o fenômeno, assim como propôs Galileu: O fato é objetivo e suas características podem ser conferidas pela mente humana que identifica as leis absolutas que regem o universo. O objetivismo é um modelo científico que busca a verdade sobre as coisas e pressupõe que o conhecimento deriva do objeto observado e não do sujeito que observa. Cabe ao sujeito regrar sua observação de modo que a torne neutra e capaz de verificar o objeto tal como é sem interferências. Para auxiliar a busca da verdade sobre este prisma, os cientistas criaram e aperfeiçoaram vários instrumentos de observação que possibilitaram uma exatidão. Nesta compreensão, a verdade absoluta pretende-se como único conhecimento confiável, pois está pautada num processo de experimentação sistemática capaz de controlar a regularidade comque a realidade se manifesta e, assim, traduzi-la matematicamente. Saiba Mais Teoria heliocêntrica: os povos antigos acreditavam que o sol girava em torno da Terra. Por sua vez, as religiões monoteístas, especialmente o catolicismo da Idade Média, aceitavam a Teoria do geocentrismo proposta por Aristóteles, ou seja, A Terra estaria parada no centro do Universo, enquanto os corpos celestes orbitavam, em círculo, ao seu redor. Por isso, a teoria defendida pelo astrônomo polonês Nicolau Copérnico, ao explicar a mecânica celeste de maneira mais racional, teve a força de um cataclismo filosófico, social e religioso e quase levou Galileu à fogueira, por apresentar provas científicas para a teoria. Depois disso, toda a ciência mudou, livrando-se da herança de Aristóteles para sempre. (SABBATINI, 2008) Metodologia da Pesquisa Científica " FURB / ASSEVALI 22 1.2.3 Verdade Relativa A verdade é entendida como relativa quando não há uma aceitação unânime sobre a realidade estudada, nem no âmbito do sujeito nem no âmbito do objeto. A verdade relativa é condicional, mutável, variável. Assim nem toda proposição faz sentido, como nem todo objeto se comporta de maneira regrada e sem exceção. O seguinte ditado nos faz pensar sobre isto: "verdade para os gregos, mentira para os troianos". Isto ocorre porque no âmbito do sujeito há uma condição cultural cujo ponto de vista é influenciado pelo ponto do qual é vista. Ou seja, o sujeito considera as coisas a partir do que lhe é conveniente e útil. E como a ciência encara isso? No campo das ciências, as pesquisas são realizadas a partir de um suporte teórico-metodológico que determina os resultados encontrados. Estes resultados são verdadeiros se a pesquisa seguiu criteriosamente os sistema de controle e o rigor do método no processo de experimentação. A verdade está no critério. Mudando o critério muda-se a verdade. Por conta disto, pode-se sustentar a condição relativa da verdade. Se aceitarmos a tese de que a verdade é a correspondência entre o que se diz e o que é, teremos de aceitar a "tese dos dois mundos" - de um lado, os fatos e, de outro, as idéias, as proposições, as teorias, etc. (cujo entendimento não é pura e simplesmente a reprodução dos propósitos dos fatos). Vejo A e interpreto-o com B; se B corresponde a A, então, então B é a verdade sobre A. A maneira como vejo A determinará a maneira como formulo B; formulado este, passarei a ver A da maneira como B o descreve. Posso alterar B com o tempo, procurando torná-lo cada vez mais correspondente ao A que vejo, mas isto não me garante que chegarei à verdade sobre A. Assim, uma teoria é um instrumento; não é uma verdade. É bem sabido que o cientista vê, nos fatos, aquilo que a teoria que ele aceita permite que ele veja. Em suma, o entendimento dos fatos depende da posição teórica do cientista (MAIA, 1998, p.121). O problema da verdade tida por absoluta é que nem sempre ela pode ser convencionada universalmente. Um bom exemplo é a representação da Terra, no tradicional mapa, que tem por referência a estrela polar e, desta forma, o Brasil fica no hemisfério sul. Se um cartógrafo brasileiro elaborasse o mapa do mundo, poderia adotar como referência o cruzeiro do sul, invertendo a disposição dos continentes nos hemisférios. A crítica dos relativistas aponta para o perigo do dogmatismo científico (enrijecimento do conhecimento científico). Para eles, o dogmatismo é fruto de Capítulo 1 " Conhecimento, Verdade e Método 23 um conhecimento cristalizado, tido por verdadeiro e anunciado como a certeza última que o ser humano poderia elaborar sobre um objeto. Este dogmatismo está fundado na ''crença do grande especialista'', cientista que tudo sabe sobre um determinado objeto. Ou seja, o dogmatismo está baseado na idéia de que a verdade é a adequação da mente à coisa como ela é em si. Dogmatismo científico consiste em determinar que o único modo de conhecer, é o captado pelos sentidos, o verificado pela experiência ou seja, o empírico que se estabelece como o único confiável. O conhecer constitui-se aqui no âmbito da verificação empírica. Chama-se dogmatismo científico esta atitude e pode ser chamado também de dogmatismo teórico, que se sustenta em teorias. (PORTALPHILOSOPHIA, 2008) Nesta abordagem dogmática, o cientista utiliza instrumentos metodológicos que lhe assegurem um desvelamento total de parcela da realidade investigada. A verdade se torna um dogma pela suposição de que está em total conformidade do conhecimento com o real sendo que o ponto de partida é um fragmento (pedaço da realidade). Neste sentido, o dogma científico pretende ser um princípio certo e verdadeiro em fiel correspondência com os fatos. Contra esta concepção podemos lembrar Protágoras em sua máxima: "O homem é a medida de todas as coisas, daquelas que são enquanto são e daquelas que não são enquanto não são". A partir deste princípio, podemos refletir sobre o método utilizado pelo pesquisador, sempre baseado em algum modelo que define o resultado final do conhecimento. Não há neutralidade científica, o pesquisador sempre usa uma medida subjetiva que determina o resultado - "o homem é a medida". Vamos revisar? Nessa seção, aprendemos sobre a Verdade. E o que há de verdade sobre a verdade? - A finalidade do conhecimento é a verdade. - O humano busca abrigo na verdade para o seu saber. - A verdade pode ser: subjetiva-absoluta, objetiva-absoluta e relativa. - Na verdade subjetiva-absoluta o conhecimento e a verdade estão ancorados no sujeito que se ampara na lógica... Até aqui você notou que toda investigação humana objetiva a organização de um conhecimento da realidade. Conhecimento este que objetiva a verdade. Contudo, para que haja um conhecimento verdadeiro é preciso de um método. Mas, o que é o método? É o que vamos ver a seguir. Metodologia da Pesquisa Científica " FURB / ASSEVALI 24 1.3 O MÉTODO No decorrer deste capítulo, estudamos sobre as questões relacionadas ao conhecimento e à verdade. Afinal, como especialista e pesquisador você sempre estará desafiado a manifestar seu conhecimento e espera-se que este seja verdadeiro. Para elaborar este conhecimento de forma científica, você precisará de um método. O que é um método? O método é a ordenação do processo realizado para se chegar a um resultado. De forma bem simples, pode-se dizer que o método é a ordenação do processo realizado para se chegar a um resultado. Vejamos o que o dicionário de Língua portuguesa define como método: 1 - procedimento, técnica ou meio de se fazer alguma coisa, esp. de acordo com um plano. 2 - processo organizado, lógico e sistemático de pesquisa, instrução, investigação, apresentação etc. 3 - ordem, lógica ou sistema que regula uma determinada atividade. 4 - modo de agir; meio, recurso. 5 - maneira de se comportar. 6 - qualquer procedimento técnico, científico. 7 - Conjunto de regras e princípios normativos que regulam o ensino ou a prática da arte. 8 - compêndio que apresenta detalhadamente as etapas desse método. 9 - maneira sensata de agir; cautela. (HOUAISS, 2001). Veja que, nesta definição, enfatiza-se a necessidade de rigor no planejamento e na sua aplicação. Neste sentido, é importante que você tenha claro que cada forma de conhecimento (mítico, filosófico, artístico, científico e popular) possui um método. Aqui, por se tratar de uma disciplina que prepara para a pesquisa científica, abordaremos com mais profundidade o método científico. Como vimos anteriormente, a ciência procura verificar a veracidade dos fatos. Para tal, apóia-se num método que garanta a verificabilidade, ou seja, um conhecimento é tido como científico quando for possível refazer o caminho que o pesquisador trilhou. Quando for possível verificar. Cervo e Bervian (1996, p.20) lembram que "os sábios, cujas investigações foram coroadas de êxito, tiveram o cuidado de anotar os passos percorridos e os meios que os levaram aos resultados". Descreveram, portanto, o método. Desta forma, os autores lembram que houve um procedimento metódicoque garantiu um dado resultado. Da mesma forma, o autor Antônio Carlos Gil (1994, p.27) considera que um conhecimento para ser considerado científico "torna-se necessário identificar as operações mentais e técnicas que possibilitam a sua verificação". Ou seja, todo conhecimento científico é antecedido por um método. Diante disto, você pode perguntar-se: há um método universal para todos os conhecimentos tidos como verdadeiros? Facilitaria muito se assim o fosse. Porém, a resposta é negativa. Para cada tipo de conhecimento, bem como para cada área, há uma diversidade grande de métodos que são adequados conforme o objeto em investigação. Da mesma forma, vale considerar que um mesmo objeto pode ser avaliado por diferentes métodos e levar a conclusões diferentes. Isto leva-nos a perceber que cada conhecimento tido como verdadeiro está diretamente relacionado com seu método. Tratemos então do método científico. Capítulo 1 " Conhecimento, Verdade e Método 25 1.3.1 O Método Científico Antes de prosseguir seus estudos, sugerimos que você registre no quadro abaixo suas idéias sobre o método científico. Você pode formular um conceito ou registrar palavras que você acredita tenham relação direta com o método científico. Vamos tentar? Método Científico Vejamos agora, o que se encontra na literatura sobre o assunto. O método é apenas um conjunto ordenado de procedimentos que mostraram eficientes, ao longo da História, na busca do saber. O método científico é, pois, um instrumento de trabalho. O resultado depende de seu usuário (CERVO & BERVIAN, 1996, p.21). O método científico é um instrumento a serviço da inteligência humana que o auxilia no entendimento dos fatos. Este entendimento científico dos fatos é tido como positivo. Ou seja, a pesquisa científica positiva ocupa-se em dizer o que é e não o que pensa ou o que deveria ser. (CERVO e BERVIAN, 1996, p.21). Com base nessas afirmações, podemos dizer que o método científico é o conjunto rigoroso de procedimentos adequados para a investigação de algum objeto. Este método propõe uma superação do acaso, do superficial, do devaneio para identificar e decifrar objetivamente a realidade. Contudo, o método não é milagroso, depende muito da inteligência e persistência do pesquisador. Para Pensar Pesquisa científica positiva? Existe alguma que é negativa? Trata-se do modelo científico normal que entende a realidade de forma factual, ou seja, de forma objetiva e concreta. Vamos em frente! Descartes - é muito provável que você já tenha ouvido falar nesse filósofo - é uma das referências para o nascimento do método cientifico positivista principalmente em sua obra "Discurso do Método". Nesta obra, ele criou alguns preceitos metodológicos para auxiliar a razão na busca do conhecimento verdadeiro: Metodologia da Pesquisa Científica " FURB / ASSEVALI 26 1º Jamais aceitar algo como verdadeiro que não se conhece claramente como tal e por isso se torne para a mente indubitável. 2º Repartir cada uma das dificuldades analisadas em tantas partes quantas forem possíveis e necessárias a fim de melhor solucioná-las. 3º Conduzir os pensamentos por ordem, iniciando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para elevar-se progressivamente ao conhecimento mais composto. 4º Efetuar em toda parte relações metódicas tão completas e revisões tão gerais nas quais se tenha a certeza de nada omitir. (DESCARTES, 1978, 40). Saiba Mais Descartes nasceu em 1596 e morreu em 1650. Decepcionado com as teorias escolásticas, identifica na Matemática o conhecimento seguro sobre o qual sustenta suas afirmações. Seu pensamento exerceu grande influência sobre os modelos da ciência moderna. É considerado "fundador da Filosofia moderna" e "pai da matemática moderna". Na construção deste método, Descartes considera que entre todos aqueles que, antes dele buscaram a verdade nas ciências, somente os matemáticos conseguiram encontrar razões claras e evidentes para explicar a realidade (DESCARTES, 1978). O ideal do conhecimento universal encontra amparo na idéia de Galileu para quem a natureza está redigida em caracteres matemáticos. A razão seria capaz de conhecer a ordem, a medida e a regularidade da natureza das coisas, traduzindo-a em leis universalmente válidas. Neste sentido, não poderíamos dizer que o método científico tem tudo para ser universal? Vejamos o que Gil propõe: Muitos pensadores do passado manifestaram a aspiração de definir um método universal aplicável a todos os ramos do conhecimento. Hoje, porém, os cientistas e os filósofos da ciência preferem falar numa diversidade de métodos, que são determinados pelo tipo de objeto a investigar e pela classe de proposições a descobrir. Assim, pode-se afirmar que a Matemática não tem o mesmo método da Física, e que esta não tem o mesmo método da Astronomia. (GIL, 1994, p. 27). Como você pode observar, existiu a tentativa de definir um método como universal. Contudo, no decorrer da história, foram elaborados diferentes métodos que ainda hoje são aplicados e adaptados. Quais são estes métodos? É sobre isso que vamos discutir na seqüência. Mas antes sugerimos que você volte ao início desta seção. Reveja o que você escreveu sobre método. Suas idéias se aproximam do que tratamos aqui? É preciso rever? Então, que tal rever agora? Capítulo 1 " Conhecimento, Verdade e Método 27 1.3.2 Os Diferentes Métodos 1.3.2.1 Método Dedutivo O método dedutivo surgiu com os filósofos gregos, em especial com Aristóteles que procurou estabelecer regras para se chegar a um conhecimento verdadeiro. Este método toma por base a razão e procura explicar a realidade a partir de premissas lógicas. Parte de uma premissa geral para chegar a uma conclusão particular. Você lembra do nosso estudo sobre a verdade? Pois bem, o método dedutivo parte do pressuposto de que existe uma verdade geral já confirmada, sobre a qual se pode elaborar um conhecimento. Não se trata de um conhecimento novo, mas, de uma explicação organizada para reafirmar ou ampliar uma informação. Em suma, é o entendimento de uma realidade particular a partir de uma verdade universal. UNIVERSAL PARTICULAR Vejamos um exemplo de como este método funciona na prática: Premissa geral: Todo mamífero tem um coração. Premissa: Ora, todos os gatos são mamíferos. Conclusão: Logo todos os gatos têm um coração. Você pôde perceber que esta forma de raciocinar permite ao pesquisador supor sobre novos casos que venham a se revelar. Ou seja, imagine que o pesquisador encontra uma nova espécie e o identifica como mamífero, logo ele poderá supor que este possui coração. Assim, para se chegar a uma conclusão verdadeira, é preciso que as premissas anteriores também sejam verdadeiras. A premissa geral funciona como uma lei universal. O cientista se encontra respaldado para concluir sobre um fato em específico. Mas como se chega a esta premissa geral? Para responder a esta pergunta precisamos estudar o método indutivo. 1.3.2.2 Método Indutivo No método anterior, vimos que ele vai do geral ao particular, já no indutivo o processo é contrário, vai do particular ao universal. Ou seja, o método indutivo é fruto de um raciocínio indutivo, parte da observação de questões particulares Metodologia da Pesquisa Científica " FURB / ASSEVALI 28 para então formular um princípio universal, ou até mesmo uma lei. Ou seja, formula-se uma generalização a partir dos elementos comuns de um conjunto de casos investigados. Assim, a conclusão a que se chega depende da evidência de cada elemento estudado. PARTICULAR UNIVERSAL Vejamos um exemplo: Ronaldo é mortal. Tadeu é mortal. Alexandre é mortal. Osmar é mortal. Ora, Ronaldo, Tadeu, Alexandre e Osmar são homens. Logo, (todos) os homens são mortais. Como você pode observar, a conclusão é uma generalização baseada na verdade das premissas. Valeconsiderar que este método chegou a ser considerado o mais adequado para as ciências naturais e posteriormente para as ciências sociais. Com este método, passou-se a valorizar a observação e a quantificação dos fatos para se chegar a um "veredito" científico. A fragilidade deste método está no fato de que um único elemento contraditório pode pôr por terra a conclusão que se chegou. Veja o exemplo citado por Cruz e Ribeiro (2003, p. 34): A indução é um método válido, porém não é infalível. Por exemplo, por muito tempo pensou-se que a ordem de peixes celacantos estava extinta, porque elas eram conhecidas apenas por fósseis de 200 milhões de anos. Entretanto, em 1938, na costa da África do Sul, um celacanto foi pescado, o que demonstrou que a indução feita pelos paleontólogos estava errada. Assim, para descartar uma indução bastaria um fato contraditório. Em resposta a esta fragilidade surge a proposta do Método Hipotético-Dedutivo. Capítulo 1 " Conhecimento, Verdade e Método 29 1.3.2.3 Método Hipotétivo-Dedutivo Vimos que na dedução parte-se de uma verdade geral e que na indução parte-se da verificação de fatos particulares. Agora, qual o ponto de partida para o Método Hipotético-dedutivo? Parte-se da hipótese. O processo poderia ser representado pelo seguinte esquema: Hipótese - dedução - fenômenos De outra forma poder-se-ia dizer que este método: Desencadeia-se a partir da percepção de uma lacuna nos conhecimentos científicos produzidos em uma determinada área até aquele momento, em função da qual se formula novas hipóteses. Em seguida, através do processo de inferência dedutiva, testa-se as hipóteses (FERREIRA,1998, p. 96). Vejamos alguns exemplos de como o cientista aplica este método: 1)Charles Darwin elaborou a teoria da seleção natural por ocasião da leitura do famoso livro de Thomas Robert Malthus sobre sociologia e economia. 2) Ele mesmo obteve uma explicação sobre o caráter divergente da evolução biológica quando viajava, em sua carruagem, para Londres, num local em que ela balançou ao passar sobre uma pedra. 3) Friedrich August Kekulé von Stradonitz descobriu a configuração anular da molécula do benzeno ao sonhar com uma cobra que mordia seu próprio rabo. 4) Henri Poicaré - que tudo leva a crer não haver elaborado a teoria da relatividade por ser excessivamente cético em relação às teorias físicas - fez uma de suas descobertas matemáticas quando, em visita a outra cidade, ao colocar o pé no estribo de um ônibus para realizar um passeio, a idéia (hipótese) lhe veio à cabeça, sem que, como ele próprio o declarou, nenhuma de suas meditações anteriores parecessem havê-lo preparado para isto. 5) É possível que Mendel tenha desenvolvido sua hipótese antes de iniciar suas experiências. (FREIRE-MAIA, 1998, p. 55) Como vemos nos exemplos, o cientista pode elaborar sua hipótese a partir das observações anteriores ou a partir de sua própria imaginação. A partir da hipótese, ele caminha para a dedução e, para chegar a um veredicto, realiza alguns testes. Vamos a mais um método. 1.3.2.4 Método Dialético Etimologicamente, a palavra dialética provém do grego, "dialégestai", que significa dia, que divide o que era unido. Sob este aspecto, a dialética aponta para a dinâmica da realidade que o ser humano, sujeito cognitivo, consegue identificar e denominar. Então podemos verificar que, por sua linguagem, constrói um mundo de significados que são re-significados na dinâmica de sua existência e de sua vivência. Um primeiro conceito de dialética é construído pelo distinto filosofar de Sócrates e Platão. Na filosofia destes pensadores, o diálogo é o maior recurso para se fazer pensar. Não é a mera conversação, assistemática e fragmentada, Metodologia da Pesquisa Científica " FURB / ASSEVALI 30 é uma conversa que tem direção, parte de um interesse e caminha para uma verificação sistemática em busca da essência. Se o primeiro conceito de dialética foi construído por Sócrates e Platão significa dizer que a dialética não é algo recente, ao contrário, nos remete ao século VI a.C. Obviamente, seu conceito passou por transformações. Saiba Mais Sócrates e Platão foram filósofos da Grécia antiga e marcaram a história do pensamento humano por sua investigação e busca pelo conhecimento. Sócrates é considerado um marco para a Filosofia por ter dirigido seus estudos sobre a essência da natureza da alma humana. Os filósofos anteriores investigavam a origem e organização do universo a partir dos elementos externos do mundo físico. Platão foi discípulo de Sócrates e escreveu vários diálogos em que o interlocutor principal é seu mestre. No século XIX, Hegel, teólogo e filósofo alemão se apropria da dialética grega, concebendo-a, não só como um método para encontrar a essência, mas como a própria dinâmica das idéias. Diferente da dialética socrática que se desdobrava em dois momentos (ironia e maiêutica), a dialética hegeliana se organiza em três etapas: a tese, a antítese e a síntese. Para Hegel, existe uma relação dinâmica nas idéias na medida que se confrontam com sua contradição. Esta contradição entre duas idéias opostas gera uma nova idéia como tentativa de superação do antagonismo. Saiba Mais Hegel foi um filósofo alemão que nasceu em 1770 e morreu em 1831. Sua principal obra foi Fenomenologia do Espírito. Como teórico introduziu um sistema, chamado de dialético, para compreender a história da filosofia e do mundo. Outra compreensão sobre este conceito, é dada pela corrente marxista. Este é fundamentado pelas idéias de Karl Marx, que viveu entre 1818 e 1883 e Friedrich Engels que viveu entre 1820 e 1895. Marx foi discípulo de Hegel, e pensa a dialética hegeliana como uma estrutura dinâmica das idéias. Contudo Capítulo 1 " Conhecimento, Verdade e Método 31 Marx e Engels advertem que a dialética de Hegel se sustenta apenas sobre a cabeça (idealismo) e por isso propõe repô-la sobre os pés (materialismo). Noutras palavras, o que eles propõem é que não basta compreender como as idéias movem a história e formam a realidade, mas como se pode transformá-la. Neste sentido, a dialética marxista leva em conta o materialismo, não apenas as idéias. Para compreendermos melhor a dialética marxista, precisamos entender a concepção marxista de materialismo histórico e materialismo dialético. Vamos juntos? Saiba Mais Marx e Engels foram grandes amigos e deram uma grande contribuição para a humanidade divulgando seus estudos e teorias. Marx viveu entre 1818 e 1883. Desenvolveu a teoria denominada de "Materialismo Histórico e Dialético". Nesta teoria, compreende que a realidade material produz as condições de vida, mas que estas não são determinantes, são históricas e dialéticas. Engels viveu entre 1820 e 1895. Este compartilha da concepção de Marx, desenvolve vários estudos sobre a condição da classe trabalhadora na Inglaterra e analisa a dialética provocada pelas lutas sociais. Para ler mais sobre as obras desses autores visite o site http://www.marxists.org/portugues/marx/ index.htm. Neste Site, você encontrará uma vasta lista de textos em português. A concepção materialista marxista interpreta o desenvolvimento da história da humanidade, não a partir da contradição de idéias, mas pela contradição das disposições dos bens materiais em que as pessoas se encontram. Assim, as condições materiais produzem as contradições históricas. O fundamento básico para compreender o materialismo histórico na concepção marxista está em conceber a natureza humana como resultado das relações de trabalho e de produção. O materialismo dialético também faz parte da concepção marxista e acrescenta à compreensão do materialismo histórico um movimento dinâmico de mudança da realidade materialmente formada. A história é formada pelas relações materiais, mas não é determinada por ela. A direção da história pode ser mudada na medida em que o homem toma consciência da sua realidade material e a transforma. Neste sentido, o materialismo que dirige a história e é historicamente dirigido, também é dialético na medidaem que o homem interfere nesta direção produzindo uma transformação político-social. A dialética marxista compreende o contexto como resultado das relações materiais historicamente formadas, mas considera que o homem, mesmo sendo um ser histórico é capaz de reagir pelo trabalho e pela consciência contra as forças que o oprimem. Neste sentido, a realidade é dada pela circunstância material que por sua vez é formada historicamente, mas que é dinâmica, está em movimento incessante e nisto reside o conceito da dialética marxista. Metodologia da Pesquisa Científica " FURB / ASSEVALI 32 Neste sentido, o método dialético marxista é caracterizado pela investigação das contradições e movimentos da natureza e da sociedade. Neste método, considera-se que tudo se relaciona e tudo se transforma. Há uma mudança qualitativa na realidade e ainda, o movimento se dá pela luta dos contrários. 1.3.2.5 Método Fenomenológico Este método de investigação foi formulado pelo filósofo Edmund Husserl. A fenomenologia consiste na observação e descrição do fenômeno. O enfoque desta pesquisa está no entendimento do que se manifesta na consciência dos sujeitos envolvidos em determinado fenômeno. O pesquisador deve se orientar através do fenômeno, não deve resistir nem desviar. Saiba Mais Husserl viveu entre 1859 e 1938. Considerado o pai da Fenomenologia desenvolveu a noção de intencionalidade. Para ele os processos mentais são sempre intencionais. Não há como ser totalmente neutro. Para a fenomenologia, a realidade não é objetiva e, portanto, a realidade é compreendida a partir do que emerge da consciência humana que se volta para algum fenômeno. Assim, há tantas realidades quantas forem suas compreensões, interpretações e comunicações. A realidade é uma organização da consciência humana e de sua intencionalidade. Você deve estar se perguntando: intencionalidade? A ciência não deveria se neutra? Pois é exatamente este o aspecto ressaltado neste método. Vamos conferir o que nos diz Triviños (1987, p.42-43): A idéia fundamental básica da fenomenologia é a noção de intencionalidade. Esta intencionalidade é da consciência que sempre está dirigida a um objeto. Isto tende a reconhecer o princípio que não existe objeto sem sujeito. Neste sentido, Bardin (apud TRIVIÑOS, 1987, p.43) lembra que: Tudo o que sei do mundo, mesmo devido à ciência, o sei a partir de minha visão pessoal ou de uma experiência do mundo sem a qual os símbolos da ciência nada significariam. Todo o universo da ciência é construído sobre o mundo vivido e, se quisermos pensar na própria ciência com rigor, apreciar exatamente seu sentido e seu alcance, convém despertarmos primeiramente esta experiência do mundo da qual ela é a expressão segunda. Assim, neste método, temos ênfase no sujeito que percebe e descreve em sobreposição à idéia de que seríamos capazes de analisar e explicar a realidade tal como é em si mesma. Capítulo 1 " Conhecimento, Verdade e Método 33 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste primeiro capítulo, você estudou sobre o conhecimento, a verdade e o método. Essas informações foram aqui reunidas por tratarem de questões fundamentais ao pesquisador e igualmente pertinentes a todo pós- graduando. Nosso propósito foi o de demonstrar que há considerações que são anteriores ao processo de pesquisa e que a verdade de um conhecimento é determinada pelo método aplicado. Neste sentido, você pôde refletir sobre os modelos que regem cada conhecimento que articulamos no dia-a-dia. Você viu que o método pode ser considerado como uma bússola que orienta o trabalho do pesquisador e que o ponto de chegada depende do caminho que se seguiu. Agora, é preciso considerar que, para todo método, há uma técnica e uma norma convencionada. Por isso, nos próximos capítulos, você estudará sobre como fazer a organização concreta de sua investigação científica, observando cada passo e critério para o desenvolvimento de uma pesquisa. Bom proveito! Atividade Complementar Esta atividade tem por objetivo possibilitar que você organize seu pensamento sobre os temas: conhecimento, verdade e método. 1. Tenha como referência a seção 2 deste capítulo e interprete o seguinte pensamento do sofista Górgias de Leontino: "Primeiro: Nada existe; Segundo: Mesmo que existisse alguma coisa, não poderíamos conhecê-la; Terceiro: Mesmo que algo existisse e que o pudéssemos conhecer, não o poderíamos comunicar aos outros". 2. Compare os diferentes conhecimentos: religioso, filosófico, científico, artístico e popular. 3. Após a leitura sobre as concepções de verdade, qual conceito você considera predominante nas produções científicas atuais? 4. Qual a relação da verdade com a objetividade e com a subjetividade? 5. Reflita e registre seu entendimento sobre a seguinte idéia de Platão: "Nesse mundo sensível, cada um se apega a um aspecto das aparências e o transforma em sua certeza, em sua "verdade". E, como cada um percebe o mundo de maneira diferente, as opiniões que disso resultam também são variadas e divergentes. Além disso, é comum que as opiniões ocultem interesses pessoais. Por tudo isso, a opinião jamais pode proporcionar o verdadeiro conhecimento das essências, que é a ciência". 6. A partir da leitura da seção 4 que tratou sobre o Método, procure sintetizar as informações que qualificam cada método. 35 2 2 NORMAS E TÉCNICAS PARA O DISCURSO CIENTÍFICO Objetivos de Aprendizagem: - Explicar o que é e para que foi criada a ABNT. - Distinguir os tipos de trabalhos acadêmicos. - Utilizar estratégias de leitura e escrita. - Formatar, segundo as normas da ABNT, um trabalho científico. - Identificar os elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais de um trabalho científico. - Fazer citações e referências conforme normas da ABNT. INTRODUÇÃO Você estudou até aqui como o conhecimento se constrói e sua relação com a realidade e a verdade. Agora, vamos aprender ou relembrar as normas para a padronização do conhecimento científico. Atualmente, para a produção de conhecimento, o "cientista" está vinculado a uma instituição que, por sua vez, segue algumas regras para a sistematização do que faz. Enquanto estudante, você também produz conhecimento. Lê, escreve, pesquisa e sistematiza as informações na forma de trabalhos científicos, conforme a solicitação de seus professores. A forma como os trabalhos são organizados e estruturados respeitam certas normas que, no Brasil, são instituídas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Vamos conhecer, na primeira seção, um pouco da história e também algumas normas da ABNT. Na segunda sessão, você verá estratégias de leitura e escrita que auxiliarão no estudo não só deste caderno, mas também de textos e livros que posteriormente poderão fazer parte de um trabalho científico, como por exemplo, a monografia. Também identificaremos os tipos de trabalhos científicos e, na terceira sessão apresentaremos a estrutura e a formatação de um trabalho científico. 2.1 ELABORAÇÃO DAS NORMAS DO TRABALHO CIENTÍFICO Antes de aprendermos a elaborar um trabalho acadêmico, fazer citações Metodologia da Pesquisa Científica " FURB / ASSEVALI 36 e referências é necessário conhecermos a instituição que regulamenta tais normas. Nessa perspectiva, queremos fornecer a você informações que, além de úteis, sejam duradouras, como no dito popular "não dar o peixe, mas ensinar a pescar". Significa dizer que podemos conhecer e acompanhar as mudanças das normas de elaboração de trabalhos científicos pela própria instituição que as regulamenta e podemos estar informados acerca das últimas alterações. Na seqüência, vamos pontuar três considerações: a relação forma/ conteúdo, alterações das normas e as especificidades institucionais na padronização dos trabalhos. Você já deve ter ouvido um comentário mais ou menos assim: "o meu orientador só analisa a forma ele não verifica o conteúdo" ou "o professor pediu um trabalho e orientou para que fizéssemos em qualquer formato, disse ainda que não se interessa pela estética, apenas pelo conteúdo". Atenção!Ambas as falas revelam ingenuidade visto que escapa à compreensão que forma e conteúdo se complementam. Ou seja, falta-lhes compreender que toda escrita possui alguma estética, (estilo, beleza própria) enquanto forma, rigor, coesão... A forma está alinhada à estilística, à disposição metodológica das informações e à padronização do texto. Nesta compreensão, a falta de forma compromete o conteúdo. Por exemplo: um texto que não tenha a forma mais básica de organização, início, meio e fim, tem seu conteúdo comprometido. É comum ouvirmos "quando fiz faculdade as normas eram outras" ou ainda "no início do curso havia uma norma no final mudou tudo". De fato, há muitas variações e estas são justificadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT - como necessidade de revisão e atualização. Como orientação sobre estas mudanças, encontramos a seguinte informação: Como toda Norma está sujeita a revisão, recomenda-se àqueles que realizam acordos com base nesta que verifiquem a conveniência de se usarem as edições mais recentes das normas citadas a seguir. (ABNT NBR 14724) Neste sentido, este caderno de estudos está pautado nas normas vigentes no momento de sua elaboração. Para Pensar Muitas pessoas se perguntam: "na faculdade que estudei a metodologia era outra", ou ainda, "cada livro que eu pego de metodologia tem uma informação diferente". Qual a razão de tanta variação? Ora, um dos motivos está nas normas vigentes na ocasião da elaboração dos materiais, livro, guia e manual. Outro fator está na margem de interpretação presente em toda norma e lei e que permite criar adequações diversas. Há também, a má interpretação e a não subordinação das regras e orientações institucionais às normas da ABNT. Capítulo 2 " Normas e Técnicas Para o Discurso Científico 37 As constatações que aqui fazemos, pontuam algumas falas muito comuns nas aulas de Metodologia dos cursos de pós-graduação. Diante disto, reafirmamos que este caderno está pautado nas normas da ABNT que são vigentes em todo o território nacional. Na seqüência, trataremos de apresentar e contextualizar a ABNT para saber um pouco mais sobre esta instituição normatizadora. Assim, você saberá qual é a fonte de orientação para a produção deste material e poderá acompanhar as atualizações futuras. 2.1.1 Breve História da ABNT A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) surgiu em 1940 com a finalidade de estabelecer padrões para os critérios técnicos utilizados pelos setores produtivos brasileiros. No início, estabeleceu normas para a construção civil e posteriormente para outros setores produtivos. Com o processo de desenvolvimento industrial, a ABNT começou a ser reconhecida por lei como órgão de utilidade pública. O crescimento industrial do período pós-guerra exigiu que a ABNT criasse dezenas de comissões técnicas e se desdobrasse na elaboração de normas, porém reduziu a participação dos laboratórios e institutos tecnológicos no processo. "Surgiram as grandes indústrias, que dispensavam o trabalho dos laboratórios. A normalização assumiu um caráter internacional", recorda Pereira de Castro. (ABNT, 2007) A partir de então, instituiu-se um regime obrigatório de preparo e observância das normas técnicas nos contratos de compras do serviço público de execução direta, concedida, autárquica ou de economia mista. FIGURA 01 - LOGO DA ABNT FONTE: ABNT. Disponível em: <www.abnt.org.br> . Acesso em: 20 nov. 2007. Atualmente, os trabalhos da ABNT estão divididos em 58 Comitês Brasileiros e 4 ONS (Organismos de Normalização Setorial). O comitê ABNT/ CB-14 é o Comitê Brasileiro de Finanças, Bancos Seguros, Comércio, Administração e Documentação. Suas normas são aplicadas em bibliotecas, centros de documentação e de informações, no que concerne à terminologia, requisitos, serviços e generalidades. Na ABNT, encontramos todo tipo de normatização. Normas para embalagens de produtos, TV digital, construção civil e também do que nos interessa diretamente - normas para publicação científica. Em seguida, veremos quais são as principais normas que regulamentam a publicação científica. Metodologia da Pesquisa Científica " FURB / ASSEVALI 38 2.1.2 Principais Normas Para a Publicação Científica As normas mais comuns empregadas para a produção e publicação científica são: - NBR 6023/2002 - apresenta regras para padronização da informação e documentação no que diz respeito às referências e elaboração. - NBR 6024//2003 - apresenta regras para a numeração progressiva das seções de um documento escrito. - NBR 6027/2003 - estabelece os requisitos para apresentação de sumário de documentos para facilitar a localização das informações. - NBR 6028/2003 - estabelece os requisitos para a redação e configuração do resumo. - NBR 6034/2004 - estabelece requisitos para a elaboração de índices. - NBR 10520/ 2002 - apresenta as normas para as citações em documentos. - NBR-14724/2002 - especifica os princípios gerais para a elaboração de trabalhos acadêmicos (teses, dissertações e outros) visando sua apresentação à instituição (banca examinadora de professores, especialistas designados e/ou outros). Saiba Mais Para obter mais informações, visite o site da ABNT: www.abnt.org.br e conheça de forma ampla as atividades desenvolvidas por este órgão. Agora que conhecemos um pouco sobre o processo de padronização dos trabalhos acadêmico-científicos, vamos estudar alguns tipos de trabalhos que são exigidos no meio acadêmico (comuns à graduação e pós-graduação). Estes trabalhos são freqüentemente solicitados por diferentes professores para o cumprimento de uma atividade de disciplina ou curso. Por isso, depois de conhecê-los vamos aprender a sistematizá-los. 2.2 Conceitos e Alguns Tipos de Trabalhos Acadêmico- Científicos Neste caderno, adotamos o termo trabalho acadêmico-científico, como exposições por escrito sobre um determinado tema ou assunto referente às disciplinas de cursos de graduação ou de pós-graduação, compreendendo, portanto, as dissertações de mestrado, as teses de doutorado, os trabalhos de conclusão de curso (TCC) e outros. São textos escolhidos ou exigidos como requisito para a conclusão de um curso ou disciplina que trata dos resultados de um estudo e são sempre orientados por um professor. É importante lembrar também que os trabalhos acadêmico-científicos podem ser de síntese ou divulgação científica. Muitas vezes, um trabalho solicitado por um professor, para Capítulo 2 " Normas e Técnicas Para o Discurso Científico 39 uma disciplina (um trabalho acadêmico-científico), pode ser publicado em forma de artigo em revistas especializadas ou congressos da área, desde que respeitem as normas de publicação. 2.2.1 Trabalho de Síntese Como você sabe, qualquer produção científica exige do pesquisador um embasamento teórico para assim, poder ir além do já dito, pesquisado e publicado. Por isso, o trabalho de síntese é um importante exercício de sistematização teórica. Trata-se de uma atividade necessária para apropriação e acompanhamento das novidades científicas de cada área de estudos. Vejamos então o conceito dos seguintes trabalhos de síntese: fichamento, resumo e resenha. 2.2.1.1 Fichamento Forma de organização de textos, obras, autores, com o intuito de facilitar a leitura e escrita acadêmica. As informações podem ser registradas de maneira formal, ou seja, cópia literal de fragmentos do texto, ou traduzidas utilizando as palavras do próprio estudante (CERVO; BERVIAN, 1996). O fichamento auxilia na retenção de dados relevantes para o trabalho. A seguir, na seção 2.3, quando trataremos da escrita científica, vamos apresentar um modelo de fichamento. 2.2.1.2 Resumo Trata de um trabalho de extração de idéias. (SEVERINO, 2002). Uma apresentação concisa do conteúdo de um trabalho de cunho científico, cuja finalidade é passar ao leitor uma idéia completa do teor do documento. Informa a natureza do trabalho, objeto, objetivos, referências teóricas, metodologia e conclusões. 2.2.1.3 Resenha Também chamada de recensão, análise bibliográficaou resumo crítico. Trata-se, segundo Severino (2002), de uma síntese ou comentário sobre um livro publicado. Compõe-se de três sessões principais: a introdução que deve ser breve e contextualizar o assunto de que trata o livro. O resumo o qual apresenta as idéias principais do autor podendo ser com crítica, ou seja, citando pontos falhos e válidos e a opinião que contém um parecer pessoal sobre a obra. Assim, a resenha consiste na leitura, no resumo, na crítica e na formulação de valor da obra pelo resenhista. Dica Um filme interessante que dá inclusive dicas de escrita é Encontrando Forrester (2000). O filme retrara o encontro de um escritor com um adolescente que trocam experiências de escrita e amizade. Vale a pena ver! Metodologia da Pesquisa Científica " FURB / ASSEVALI 40 2.2.2 Trabalho de Divulgação Científica Você já imaginou se Galileu, Descartes, Newton, Einstein e tantos outros cientistas não divulgassem suas descobertas? Provavelmente, estaríamos ainda tateando a realidade. Neste sentido, é importante que todos divulguem seus trabalhos científicos para que todos possam avançar em suas investigações. Você já divulgou algum trabalho científico? Sabe como fazer isso? Que tal o desafio? Em seguida, vamos ver os diferentes caminhos para a divulgação científica. 2.2.2.1 Nota ou Comunicação São informações apresentadas em eventos científicos expondo o andamento ou resultado de uma pesquisa científica. Trazem informações científicas novas, porém não permite que os leitores verifiquem tais informações, apenas informa. 2.2.2.2 Artigo Científico (Paper) O artigo científico organiza uma produção textual em torno de problemas científicos, apresentando resultado de estudos e pesquisas (UFPR, 2000). Seu objetivo é comunicar os dados de uma pesquisa. Por ser um trabalho de divulgação, às vezes, fica limitado a um número de páginas (laudas), principalmente por imposição do meio de divulgação (revistas, periódicos, jornais, etc.). Um artigo é composto por: - Título do trabalho (subtítulo se houver) - Autor - Credenciais do autor - Sinopse (resumo) - Palavras-chave (mínimo três e máximo seis) - Corpo do artigo (introdução, desenvolvimento e conclusão) - Parte referencial (Referências Bibliográficas, bibliografia, notas de rodapé). 2.2.2.3 Monografia O termo monografia designa, segundo Severino (2002), um tipo de trabalho científico que reduz sua abordagem a um determinado assunto ou problema. Neste sentido, ele revela uma unicidade, pois é delimitado e tratado de maneira aprofundada. A monografia é um estudo científico apresentado por meio de relato escrito de uma questão bem determinada e limitada, realizado com profundidade. A produção de um trabalho acadêmico-científico pressupõe não somente o conhecimento das normativas de formatação ou da padronização dos modelos, mas também de um laborioso trabalho de escrita científica. Os trabalhos exigidos durante a graduação e pós-graduação, muitas vezes, variam conforme o plano de aula e de avaliação de cada professor. No entanto, ler e escrever são exigências mínimas para que você consiga desenvolver um trabalho científico. Capítulo 2 " Normas e Técnicas Para o Discurso Científico 41 A seguir, vamos apresentar a você algumas estratégias de leitura e escrita que o ajudarão a elaborar seus trabalhos acadêmico-científicos mais facilmente. No entanto, cabe ressaltar que as habilidades de escrita e leitura são aperfeiçoadas ao longo do tempo e requerem também disciplina, treino e dedicação. 2.3 A ESCRITA CIENTÍFICA Na sua vida de estudante ou mesmo de leitor, você já deve ter encontrado um livro, um texto, um artigo, enfim, uma leitura em que não tenha entendido nada, ou quase nada. Talvez até tenha pensado que o problema fosse seu, ou quem sabe do escritor. Fato é que na trajetória acadêmica, muitas vezes, encontramos textos de difícil compreensão que acabam nos desinteressando ou tornando a leitura e também a escrita um trabalho ardiloso. Neste sentido, sintetizamos algumas dicas de Ruiz (1992) para leitura e escrita que poderão auxiliá-lo. 2.3.1 Ao Ler Seu Texto - Sente-se e acomode-se à mesa. - Tenha um dicionário e um bloco para apontamentos. - Concentre-se na leitura evitando distrações. - Inicie lendo título, subtítulo, sumário (se houver). - Volte sua atenção para as idéias chaves do texto. - Anote os termos desconhecidos. - Assinale no texto, usando lápis, o que considerar importante. - Leia com velocidade compatível à compreensão do texto. - Quando terminar, procure esclarecer as palavras que anotou. - Recomece a leitura procurando responder as questões do autor, observando suas anotações nas bordas do texto. - Sublinhe as idéias principais. - Assinale os pontos que geraram dúvidas. - Associe o texto com conhecimentos anteriores. Lembre-se: para gostar de ler é preciso aprender a ler. Saiba Mais Quer mais dicas? Um livro clássico, mas atual, no que diz respeito à leitura e à escrita científica, é "Como se faz uma tese", de Umberto Eco. Editora Perspectiva. Boa leitura! 2.3.2 Para Escrever Quando lemos um texto, é interessante fazer anotações sobre ele. Desta forma é possível fazer resumos, esquemas e fichamentos. Vejamos, como exemplo, o fichamento. Metodologia da Pesquisa Científica " FURB / ASSEVALI 42 Ao fazer um fichamento, você precisa inicialmente referenciar o texto anotando os dados bibliográficos. Para fazer o fichamento, fique atento às idéias principais e que foram sublinhadas durante sua leitura. A seguir, faça um texto "costurando" os pontos relevantes. O exemplo a seguir é um fichamento de resumo, do qual depois de efetuada a leitura e feitas as devidas anotações, sintetizou-se as principais idéias do autor. Capítulo: Subtítulo: Como ler? RUIZ, João Álvaro. Metodologia Científica: Guia para eficiência nos estudos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1992. 176p. p.45-47 Inicialmente concentre-se em sua leitura, procurando ler o título, os subtítulos e o sumário. Durante a leitura, atenha-se as idéias chaves e a pormenores importantes. Se encontrar termos desconhecidos anote- os sem perder a velocidade. Recomece a leitura procurando responder às questões do autor. Sublinhe as idéias principais e os pormenores importantes. Anote os pontos obscuros e associe aos conhecimentos anteriores. É importante saber ler para gostar de ler. Mas porque será que é importante fazer um fichamento? Se temos como hábito fazer o fichamento dos livros, ao produzir um trabalho - artigo, monografia, resenha... - não precisaremos ler o livro novamente ou ficar folheando em busca da idéia que pretendemos usar como referência teórica. Basta buscar as informações no fichamento. Isso facilita em muito o andamento do trabalho. Além disso, faz com que se referenciem adequadamente os autores consultados. Caso faça uso das idéias do autor, mesmo não sendo cópia literal, sem fazer a devida referência, você estará cometendo plágio. Fique atento, o autor deve ser citado e posteriormente referenciado. Os trabalhos acadêmicos estão sempre associados à leitura e produção de texto. É importante sempre anotar as referências do livro que leu para citá-lo ao longo do texto produzido - o que aprenderemos a fazer a seguir. De maneira geral, ao escrever um texto, você precisa estar atento se ele apresenta: - Acessibilidade - de leitura compreensível. - Coerência - não apresenta contradições de idéias. - Coesão - os parágrafos ou capítulos se relacionam. - Precisão - consegue ser claro. - Linguagem impessoal - utilizar o verbo na terceira pessoa. Capítulo 2 " Normas e Técnicas Para o Discurso Científico 43 Quanto a sua composição apresenta: - Título (breve, original e sugestivo). - Introdução (despertar impressão). - Corpo (expressão de pensamento). - Considerações Finais (dedução do pensamento). Dica Ressaltamos mais uma vez: sempre que ler um livro e fizer anotações sobre ele, indique a sua referência. Pode ser que um dia você vá escrever algo relacionado ao livro que leu, vá utilizar as idéias do autor e não terá mais o livro
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