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Metodologia da Pesquisa Científica

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METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Prof Janes Fidélis Tomelin
Profª Karina Nones Tomelin
Profª Roseméri Laurindo
U n i v e r s i d a d e R e g i o n a l
d e B l u m e n a u
Reitor
Prof. Eduardo Deschamps
Vice-Reitor
Prof. Romero Fenili
Pró-Reitora de Ensino de Graduação
Profa. Sônia Regina de Andrade
Pró-Reitor de Administração
Prof. Edesio Luiz Simionatto
Pró-Reitor de Pós-Graduação,
Pesquisa e Extensão
Prof. Clodoaldo Machado
Divisão de Modalidades de Ensino
Coordenação Geral
Profa. Henriette Damm
Prof. Alexander Roberto Valdameri
Equipe Multidisciplinar Técnica
Airton Zancanaro
Alexandre Adaime da Silva
Prof. Fabio Rafael Segundo
Gerson Luís de Souza
Jean Rigo da Silva
Léo Fath
Equipe Multidisciplinar Pedagógica
Profa. Daniela Karine Ramos
Prof. Diego Fernando Negherbon
Luiz Rafael dos Santos
Profa. Rosemeri Laurindo
Administrativo
Viviane Alexandra Machado Saragoça
Assessoria em Educação do
Vale do Itajaí
Dirigente
Prof. Kiliano Gesser
Equipe Administrativa
Alvin Noriler
Prof. Carlos Alberto Alves de Oliveira
Prof. Kiliano Gesser
Equipe Multidisciplinar Pedagógica
Profª Laura Cristina Peixoto Chaves
Profª Olga Sansão Gesser
Profª Zilma Mônica Sansão Benevenutti
Diagramação
Alvin Noriler
2008
FURB – Universidade Regional de
Blumenau
Divisão de Modalidades de Ensino
Rua Antônio da Veiga, 140
Bairro: Victor Konder
Blumenau – SC - 89012-900
Fone: (47) 3321-0577
E-mail: dme@furb.br
Site: www.furb.br/ead
Assevali Educacional Ltda.
Rua Belarmino João da Silva, 52
Bairro: Santa Terezinha
Gaspar – SC – 89110-000
Fone: (47) 3318-0909
E-mail: secretaria@assevali.com.br
Site: www.assevali.com.br
Depósito legal na Biblioteca Nacional, conforme decreto nº 1825,
de 20 de dezembro de 1907.
“Impresso no Brasil / Printed in Brazil”
Ficha catalográfica elaborada pela
Biblioteca Universitária da FURB
 Tomelin, Janes Fidélis
 T656m Metodologia da pesquisa científica educação a
 distância / Janes Fidélis Tomelin, Karina Nones Tomelin,
 Roseméri Laurindo. - Blumenau : Edifurb ; Gaspar :
 ASSEVALI Educacional, 2008.
 72 p. : il. - (Pós-Graduação. Modalidade a distância)
 Bibliografia: p. 71-72.
 ISBN: 978-85-7114-189-6
 1. Ensino a distância. 2. Pesquisa - Metodologia.
 I. Tomelin, Karina Nones. II. Laurindo, Roseméri, 1966-.
 III. Título. IV. Série.
 CDD 378.03
Professor Janes Fidélis Tomelin
Mestre em Educação pela Universidade Regional de Blumenau, Especialista em
História Social. É licenciado em Filosofia e atua como professor no Ensino Superior
e Pós-graduação com disciplinas afins.
Professora Karina Nones Tomelin
Mestre em Educação pela Universidade Regional de Blumenau, Especialista em
Formação Pedagógica e Gestão da Educação. É psicóloga e atua como professora
nos cursos de Psicologia e Educação Física.
Professora Roseméri Laurindo
Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa, Mestre
em Comunicação e Culturas Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia,
Jornalista pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professora do curso de
Comunicação Social-Publicidade e Propaganda da Universidade Regional de
Blumenau e de Jornalismo da Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do
Itajaí.
Sumário
1 CONHECIMENTO, VERDADE E MÉTODO .................................... 13
1.1 CONHECIMENTO .......................................................................... 14
1.1.1 Teoria do Conhecimento ............................................................. 15
1.1.2 As Formas de se Conhecer o mundo ......................................... 15
1.2 VERDADE ...................................................................................... 18
1.2.1 A Verdade Subjetiva-Absoluta ..................................................... 19
1.2.2 A Verdade Objetiva-Absoluta ...................................................... 20
1.2.3 Verdade Relativa ......................................................................... 22
1.3 O MÉTODO .................................................................................... 24
1.3.1 O Método Científico .................................................................... 25
1.3.2 Os Diferentes Métodos ............................................................... 27
1.3.2.1 Método Dedutivo ...................................................................... 27
1.3.2.2 Método Indutivo ........................................................................ 27
1.3.2.3 Método Hipotétivo-Dedutivo ..................................................... 29
1.3.2.4 Método Dialético ....................................................................... 29
1.3.2.5 Método Fenomenológico ......................................................... 32
2 NORMAS E TÉCNICAS PARA O DISCURSO CIENTÍFICO ........... 35
2.1 ELABORAÇÃO DAS NORMAS DO TRABALHO CIENTÍFICO ... 35
2.1.1 Breve História da ABNT ............................................................... 37
2.1.2 Principais Normas Para a Publicação Científica ......................... 38
2.2 Conceitos e Alguns Tipos de Trabalhos Acadêmico-Científicos.. 38
2.2.1 Trabalho de Síntese .................................................................... 39
2.2.1.1 Fichamento ............................................................................... 39
2.2.1.2 Resumo .................................................................................... 39
2.2.1.3 Resenha ................................................................................... 39
2.2.2 Trabalho de Divulgação Científica............................................... 40
2.2.2.1 Nota ou Comunicação .............................................................. 40
2.2.2.2 Artigo Científico (Paper) ........................................................... 40
2.2.2.3 Monografia ................................................................................ 40
2.3 A ESCRITA CIENTÍFICA ............................................................... 41
2.3.1 Ao Ler Seu Texto ......................................................................... 41
2.3.2 Para Escrever .............................................................................. 41
2.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA .................................................. 44
2.4.1 Elementos Pré-Textuais .............................................................. 45
2.4.1.2 Folha de Rosto ......................................................................... 45
2.4.1.1 Capa ......................................................................................... 45
2.4.1.4 Folha de Aprovação ................................................................. 46
2.4.1.5 Dedicatória ............................................................................... 46
2.4.1.6 Agradecimentos ....................................................................... 46
2.4.1.7 Epígrafe .................................................................................... 46
2.4.1.8 Sumário .................................................................................... 47
2.4.1.9 Listas ........................................................................................ 47
2.4.1.10 Resumo .................................................................................. 47
2.4.1.11 Resumo em Língua estrangeira ............................................. 48
2.4.2 Elementos Textuais ..................................................................... 48
2.4.2.1 Introdução................................................................................. 48
2.4.2.2 Desenvolvimento ...................................................................... 49
2.4.2.2.1 Citação...................................................................................50
2.4.2.3 Conclusão................................................................................. 51
2.4.3 Elementos Pós-Textuais.............................................................. 51
2.4.3.1 Glossário .................................................................................. 51
2.4.3.2 Apêndice................................................................................... 51
2.4.3.3 Anexo ........................................................................................ 51
2.4.3.4 Índice ........................................................................................ 52
2.4.3.5 Referências .............................................................................. 52
3 ESTRATÉGIAS PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO .................. 57
 DE PESQUISA .................................................................................... 57
3.1 O PROJETO E A ESCOLHA DE UM TEMA PARA PESQUISAR. 58
3.1.1 Projeto de Pesquisa .................................................................... 58
3.1.2 Tema ............................................................................................ 58
3.1.3 Metodologia e Métodos ............................................................... 60
3.1.4 Tipologia da Pesquisa ................................................................. 61
3.2 OPERACIONALIZAÇÃO DA PESQUISA ..................................... 62
3.2.1 Definição do Objeto..................................................................... 62
3.2.1.1 Problema de Pesquisa e Objetivos ......................................... 62
3.2.1.2 Quadro Teórico de Referência ................................................. 64
3.2.1.3 Hipóteses ................................................................................. 64
3.2.2 Universo da Pesquisa.................................................................. 64
3.2.3 Descrição .................................................................................... 66
3.2.4 Interpretação ............................................................................... 66
3.3 ESTRUTURA DO PROJETO PARA MONOGRAFIA ................... 66
3.3.1 Apresentação do Tema, Justificativa ........................................... 67
3.3.2 Formulação do Problema ............................................................ 67
3.3.3 Objetivos (Geral e Específicos) .................................................. 68
3.3.4 Metodologia ................................................................................. 68
3.3.5 Fundamentação Teórica .............................................................. 68
3.3.6 Cronograma ................................................................................. 69
3.3.7 Orçamento ................................................................................... 69
3.3.8 Referências ................................................................................. 70
REFERÊNCIAS .................................................................................... 71
APRESENTAÇÃO
Caro(a) aluno(a),
Bem-vindo(a) à disciplina de METODOLOGIA DA PESQUISA
CIENTÍFICA.
Este é o nosso Caderno de Estudos, material elaborado com o objetivo
de contribuir para a realização de seus estudos e para a ampliação de seus
conhecimentos sobre a Metodologia da Pesquisa Científica.
A carga horária desta disciplina é de 45 horas e cabe a você administrar
sua aprendizagem e determinar o tempo para seus estudos e aprofundamento
dos temas tratados. Lembre-se, porém, de que há um prazo limite para a
conclusão dos estudos. Você deverá realizar as avaliações presenciais nas datas
previstas no cronograma do curso.
Os capítulos foram organizados de forma didática e complementar. Eles
apresentam os textos básicos, com questões para reflexão e indicam outras
referências a serem consultadas.
Desejamos um bom trabalho e que você aproveite, ao máximo, o estudo
dos temas abordados nesta disciplina!
13
1
1 CONHECIMENTO, VERDADE E MÉTODO
Objetivos de Aprendizagem:
- Explicar a implicação dos conceitos conhecimento, verdade e
método para a produção científica.
- Identificar os diferentes tipos de conhecimento: religioso, filosófico,
artístico, popular e científico.
- Diferenciar verdade subjetiva-absoluta, verdade objetiva-absoluta
e verdade relativa.
- Descrever a sistematização do método científico.
INTRODUÇÃO
Iniciamos nossos estudos de Metodologia da Pesquisa Científica e
você deve lembrar dos estudos que já realizou quando fez a graduação.
Neste sentido, nosso objetivo está em aprofundar algumas questões
fundamentais à construção do conhecimento, atualizar as informações sobre
as novas normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e
preparar o aluno para a construção de um pré-projeto para monografia. Afinal,
a construção científica é algo complexo, exige além do domínio dos
conhecimentos e temas próprios de cada pesquisa, o domínio dos métodos
de investigação, da técnica de escrita e das normas que sustentam essa
técnica. Provavelmente, esse é o motivo pelo qual a disciplina se faz presente
nos cursos de graduação, especialização, mestrado e doutorado.
Para início de conversa, vamos convidá-lo a fazer um estudo mais
abrangente sobre o que é o conhecimento, o que é a verdade e o que constitui
um método científico. Essa discussão é fundamental para aqueles que se
propõe a realizar trabalhos científicos. Acreditamos que, a partir destes
temas, você irá apropriar-se de informações que lhe permitirão fazer uma
reflexão crítica acerca da produção do conhecimento.
Na medida em que fizer a leitura deste primeiro capítulo, procure
relacioná-lo com sua forma de compreender e descrever a realidade. Procure
pensar sobre novas possibilidades de investigação e escrita. Procure ainda,
refletir os dogmatismos (verdades inquestionáveis) que se alojaram no seu
entendimento ao longo destes anos de estudo.
Metodologia da Pesquisa Científica " FURB / ASSEVALI
14
1.1 CONHECIMENTO
Sempre que fazemos um curso, lemos um livro ou desenvolvemos uma
pesquisa estamos em busca de mais conhecimento. Costumeiramente,
entendemos que quanto mais conhecimentos adquirimos, melhores são nossas
vantagens sociais e naturais. Ouvimos desde a infância que a escola nos
garantiria uma vida melhor, que seríamos grandes profissionais se soubéssemos
aproveitar bem os conhecimentos repassados nas lições escolares. Com base
nisso, pense um pouco sobre o que é o conhecimento.
Para Pensar
Só o conhecimento científico é verdadeiro? Há uma única forma de
conhecer a realidade? Qual a relação entre sujeito e realidade na
organização do conhecimento?
É comum ouvirmos dizer que o conhecimento é como uma técnica
para se chegar a uma verdade sobre um determinado objeto. A vontade, a
dúvida e o questionamento sobre determinado objeto seriam os estímulos
que conduzem o homem a buscar algum conhecimento sobre ele.
As técnicas utilizadas para conhecer este objeto podem ser muitas.
Elas dizem respeito às formas, aos modos de conhecer a realidade pelo
sujeito conhecedor. Neste sentido, o desafio está em pensar se o
conhecimento deriva do sujeito que conhece ou se ele deriva do objeto que
está sendo conhecido.
Se considerarmos que, a realidade tal como é permite ao homem
elaborar um conhecimento, poderíamos lembrar da Teoria da gravitação
universal. Esta teoria foi elaborada por Isaac Newton e representou uma
solução teórica brilhante para o problema da atração entre massas. A partir
desta descoberta, podem-se explicar diversos fenômenos naturais, em
especial na astronomia. Neste exemplo, notamos que a mente do pesquisador
desenvolveu uma explicação para compreender a realidade tal como ela é.
Por outro lado, se considerarmos que, a verdade sobre o objeto
depende do olhar do sujeito sobre a realidade que, por sua vez, determina a
forma como o objeto vai ser estudado poderíamos citar como exemplo a
Teoria da relatividade. Elaborada por Albert Einstein, essa teoria alterou
radicalmente nossa percepção acerca do Universo,da matéria, da energia e
do tempo. Colocou em crise o entendimento absoluto da visão newtoniana e
possibilitou novos estudos e novas descobertas. Ou seja, mudando a forma
como o sujeito estuda a realidade, mudam suas conclusões.
Bem, para este início de conversa, precisamos aproximar-nos um
pouco mais da Teoria do Conhecimento. Vejamos!
Capítulo 1 " Conhecimento, Verdade e Método
15
1.1.1 Teoria do Conhecimento
A Teoria do Conhecimento é "o estudo metódico e reflexivo do saber, de
sua organização, de sua formação, de seu desenvolvimento, de seu
funcionamento e de seus produtos intelectuais" (JAPIASSU, 1975, p. 16). Neste
sentido, a Teoria do Conhecimento investiga sobre a natureza e origem do
conhecimento. Ou seja, a Teoria do Conhecimento procura identificar as
diferenças de compreensão que o ser humano elaborou historicamente.
Uma dessas diferenças está na compreensão de que há uma divisão
entre os conhecimentos especulativos e os científicos.
Os conhecimentos especulativos não são considerados ciência e
abrangem a Filosofia e a Teologia. Um exemplo disso é quando o filósofo diz "o
homem é lobo do próprio homem" ou quando o teólogo afirma "Deus é uno,
eterno e imutável". Já os conhecimentos científicos, são os conhecimentos
matemáticos, empíricos e positivistas. Assim, quando o físico afirma "dois corpos
não podem ocupar o mesmo espaço", ele pode comprovar empiricamente o
fato.
Contudo, existem várias maneiras de classificar as diferentes formas de
conhecimento. A diferenciação mais comum procura classificar as diferentes
formas de conhecer o mundo em: mito, senso popular, ciência, filosofia e
arte.
Vamos saber um pouco mais sobre isto?
1.1.2 As Formas de se Conhecer o mundo
Como já vimos, há muitas formas de se conhecer o mundo, que
dependem da postura do sujeito frente ao objeto conhecido: o mito, o senso
popular, a ciência, a filosofia e a arte.
Todos eles são formas de conhecimento, pois cada um, a seu modo,
desvenda os segredos do mundo, atribuindo-lhe um significado. Importante,
portanto, estudarmos sobre cada um. Vamos juntos?
O conhecimento mítico (também chamado de religioso ou teológico)
proporciona um saber que procura explicar os mistérios da existência humana.
É considerado mágico porque vem permeado pelo desejo de atrair o bem e
afastar o mal, dando segurança e conforto ao homem. Seu critério para a verdade
está na fé.
Neste sentido, Gil (1994, p.19) lembra que:
Ao nascer, o homem depara-se também com um conjunto de crenças que
lhe falam acerca de Deus, de uma vida além da morte e também de seus
deveres para com Deus e o próximo. Para muitos, as crenças religiosas
constituem fontes privilegiadas de conhecimento, que se sobrepõe a qualquer
outra.
Metodologia da Pesquisa Científica " FURB / ASSEVALI
16
O senso popular ou conhecimento espontâneo é a primeira compreensão
do mundo resultante da herança do grupo a que pertencemos e das experiências
atuais que continuam sendo efetuadas. Pode ser subdividido em: senso comum
e senso prático.
O senso comum é derivado da experiência espontânea do cotidiano, é
fragmentado, superficial e assistemático. Exemplo disto é quando alguém afirma:
"todo cientista é louco".
O senso prático deriva da experiência cotidiana. É um saber fazer para
poder viver. No dia-a-dia as pessoas utilizam esses conhecimentos práticos.
Quando, por exemplo, você bate alguma parte do corpo, o que geralmente faz?
Coloca uma pedra de gelo para não ficar um calombo? Pois, este é um
conhecimento adquirido informalmente, é prático.
Já o bom senso é comum na atitude coerente das relações sociais
cotidianas. Ter bom senso é ter a capacidade de julgar com ponderação a realidade,
de escolher com moderação e de agir com cuidado. Este conhecimento está
presente quando alguém pára o carro, deixando o pedestre passar, quando reduz
a velocidade para facilitar a ultrapassagem... Você deve perceber que bom senso
tem muito haver com respeito.
Por sua vez, o senso crítico é a capacidade de julgar consciente daquele
que avalia com crítica as ideologias que o dominam ou tentam dominar. É comum
vermos pessoas com baixa instrução escolar com um alto grau de senso crítico.
Geralmente, são pessoas questionadoras, atentas e reflexivas.
As características do senso popular indicam uma relação direta com a
observação, algo que o homem faz a todo o momento. Ao tratar deste
conhecimento, Gil faz uma relação com a observação. Vejamos:
Pela observação o homem adquire grande quantidade de conhecimentos.
Valendo-se dos sentidos, recebe e interpreta as informações do mundo exterior.
Olha para o céu e vê formarem-se nuvens cinzentas. Percebe que vai chover e
procura abrigo. A observação constitui, sem dúvida, importante fonte de
conhecimento. (GIL, 1994, p. 19).
O conhecimento científico procura desvelar o funcionamento da natureza
através, principalmente, das relações de causa e efeito. Busca um conhecimento
objetivo, (isto é, fundado sobre as características do objeto, com interferência
mínima do sujeito), lógico, por meio de métodos desenvolvidos para manter a
coerência interna de suas afirmações. Neste sentido, quando vamos ao médico
procuramos por alguém que tenha um conjunto de conhecimentos científicos sobre
uma determinada área e que poderá apontar a causa de um conjunto de sintomas
que estejamos sentindo. Trata-se, portanto, de um conhecimento sistematizado
que procura compreender a realidade em sua suposta regularidade e previsibilidade.
Neste sentido, Gil (1994, p.21) enfatiza que o conhecimento científico
objetiva formular, mediante linguagem rigorosa e apropriada - se possível, com
auxílio da linguagem matemática - leis que regem os fenômenos. Assim, verifica-
se que se trata de um conhecimento objetivo, racional, sistemático, geral e
verificável. Sobre estas características, trataremos com mais detalhes quando
abordarmos a questão do método científico.
Capítulo 1 " Conhecimento, Verdade e Método
17
O conhecimento filosófico, por sua vez, propõe-se oferecer um tipo de
conhecimento que busca, com todo o rigor, problematizar a realidade objetiva e
subjetiva da vida humana. Procura fazer isto numa abordagem que vislumbre a
totalidade e a radicalidade (que vai à raiz das coisas). Sua finalidade não está
em estabelecer uma verdade absoluta, mas em questionar e continuamente
refletir sobre as coisas. Ao tratar da pertinência do conhecimento filosófico, Cervo
e Bervian (1996, p.10) afirmam que "a Filosofia é uma busca constante do sentido,
de justificação, de possibilidades, de interpretação a respeito de tudo aquilo que
envolve o homem e sobre o próprio homem em sua experiência concreta".
O conhecimento artístico nos dá não o conhecimento de um objeto,
mas de um mundo, interpretado pela sensibilidade do artista e traduzido numa
obra individual que, pelas suas qualidades estéticas, recupera o vivido e nos
reaproxima do concreto. Quando você houve uma música, lê um poema ou
observa uma obra de arte, percebe que não se trata de um conhecimento objetivo.
Você percebe que há um mundo subjetivo, repleto de significados, desejos,
emoções, razões, crenças, inquietações...
Assim, a verdade para o conhecimento artístico está na representação
daquele que comunica sua forma de ver e interpretar a realidade. Neste sentido,
podemos afirmar que romances, poemas, músicas e diferentes tipos de obras
de arte, também podem proporcionar importantes informações sobre os
sentimentos e as motivações das pessoas (GIL, 1994, p.19). Mesmo sabendo
que essas obras são de ficção, não há como negar que apresentam elementos
que nos ajudam a compreender melhor o mundo.
Dica
Para você ampliar sua reflexão sobre a questão do conhecimento
sugerimos os seguintes filmes:
- Galileu Galilei: adaptação da peça Brecht; o duelo da ciência contra
o obscurantismo.
- 2001, uma odisséia no espaço: relata relação homem máquina que
chega ao ponto limite.
- Óleo de Lorenzo: história de um casal cujo filho tem uma doença
irreversível. O pai e a mãe se envolvem em pesquisas para alcançar a
cura.Metodologia da Pesquisa Científica " FURB / ASSEVALI
18
1.2 VERDADE
Você já deve ter pensado na possibilidade de apreender (conhecer) a
totalidade da verdade sobre as coisas. Quando pesquisamos e escrevemos,
logo nos vem à mente as seguintes questões:
Como fazer um relato fiel e verdadeiro? Sabemos que a verdade é um
compromisso de todo pesquisador. Mas o que é a verdade? É possível
que um conhecimento expresse a verdade sobre a realidade? Qual a
relação entre verdade e conhecimento?
A finalidade do conhecimento é a verdade. Nela, o ser humano busca
abrigo para o seu saber. Contudo, existe uma séria discussão sobre a
possibilidade da verdade. Tanto a ciência, como a religião, pretendem revelar
saberes verdadeiros, absolutos e indubitáveis. Nesta suposta verdade, as
pessoas se sentem seguras diante de sua imensa vulnerabilidade humana. O
problema está em reconhecer que muitos saberes tidos por verdadeiros são
apenas verossímeis (que aparentam ser verdadeiros) e enganam aqueles que
ingenuamente acreditam. E por que acreditam? Provavelmente por que assimilam
a evidência como constatação e comprovação. Antigamente, acreditava-se que
o sol girava em torno da terra? Para as pessoas da época, era fácil acreditar
nisso, pois olhavam todo dia para o céu e tinham a concreta percepção de que
o sol estava em movimento.
A palavra usada em grego para denominar aquilo que é verdadeiro é
aletheia que significa aquilo que não está oculto e se refere às coisas como
elas são. A verdade, neste sentido, dependeria das coisas presentes. O verdadeiro
é o que se manifesta aos olhos do corpo e do espírito.
Em latim, a palavra utilizada é veritas que significa precisão, exatidão e
se refere aos fatos passados. Depende do passado e da linguagem. O verdadeiro
está na linguagem enquanto narrativa fiel dos fatos acontecidos.
Como você pode perceber, a questão é provocativa. Por isso, tenha
sempre presente essa discussão sobre a verdade e mantenha uma atitude de
contínua reflexão e melhoria do conhecimento. Pergunte-se:
A verdade existe ou é uma possibilidade?
A verdade é absoluta ou relativa?
É absoluta enquanto objetiva ou enquanto subjetiva?
Difícil responder a essas perguntas, mesmo porque, normalmente,
duvidamos das verdades alheias e não das nossas verdades, não é mesmo?
Por isso, para lhe ajudar, sugerimos a leitura da parábola que segue.
Capítulo 1 " Conhecimento, Verdade e Método
19
Havia um rajá que mandou reunir todos os cegos, habitantes de Savathi
e pediu que lhes pusessem um elefante à frente. Assim se fez. Aos
cegos, foi pedido que tocassem no elefante. Um tocou a trompa, outro
o colmilo, outro a pata, outro a cabeça e assim sucessivamente.
Depois, o rajá perguntou aos cegos:
- Que lhes pareceu o elefante que tocaram?
- Um elefante se parece a um cachorro - contestaram os que haviam
tocado a cabeça.
- É como um cesto de aventar - asseguraram os que haviam palpado
a orelha.
- É uma grade de arado - sentenciaram os que haviam tocado o colmilo.
- É um granero - insistiram os que tocaram o corpo.
E assim, cada um, empenhado em sua crença, discutia e brigava
com os demais.
Nesta parábola, percebemos que a verdade depende do ponto de vista
de cada um. Adaptando ao conhecimento científico, poderíamos afirmar que
depende do modelo que cada cientista segue. E, para você, que elementos essa
parábola contém que faz pensar sobre as questões anteriores?
Nas seções seguintes, vamos aprofundar nosso conhecimento sobre as
concepções de verdade subjetiva-absoluta, objetiva-absoluta e verdade relativa.
Pretendemos estimular um diálogo acerca dos critérios que utilizamos para a
elaboração de nossos juízos sobre o que entendemos como verdadeiro.
1.2.1 A Verdade Subjetiva-Absoluta
A verdade é entendida como subjetiva e absoluta quando há uma total
adequação da elaboração mental com a realidade estudada. Isso quer dizer que
o conhecimento e a verdade estão ancorados no sujeito que se ampara na lógica,
ou seja, no sujeito que organiza o seu pensamento para extrair a verdade da
realidade.
Assim, se uma proposição é verdadeira, é absolutamente verdadeira para
todos os homens e todos os tempos. Se supusermos então, que a verdade
só existe se absoluta, uma proposição é sempre verdadeira ou falsa.
O juízo desta argumentação é categórico:
Uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo.
Metodologia da Pesquisa Científica " FURB / ASSEVALI
20
Este é um princípio da não contradição onde uma coisa é verdadeira
ou não é verdadeira. Ao dizermos que faz sol aqui e isto se confirma na realidade,
não há como dizer o contrário sem que isto seja falso. É logicamente verdadeiro
o que se confirma entre a elaboração mental e a realidade constatada. Certo?
Na verdade absoluta, há uma lógica e esta é anterior ao objeto estudado.
Ficou difícil? Vejamos em outras palavras: o saber deste objeto passa primeiro
pelo sujeito (que organiza seu pensar sobre as coisas), depois vai para o objeto
(para a realidade, para o fenômeno propriamente dito) e volta para o sujeito.
Desta forma, dizemos que a produção de conhecimento se dá pela lógica. Para
facilitar sua compreensão veja o esquema a seguir:
LÓGICA FATOS LÓGICA
Sendo assim, a verdade absoluta está fundamentada no pólo da
subjetividade, pois se refere às experiências de um sujeito sobre o objeto. A
partir desta verdade, o sujeito vai deduzindo as demais verdades.
1.2.2 A Verdade Objetiva-Absoluta
A verdade objetiva coloca o objeto como centro decisivo para a elaboração
de todo conhecimento. O sujeito considera o objeto como algo dado e definido
em sua estrutura regular e absoluta. Esta visão da realidade tem como expoente
Galileu que inaugurou um novo modo de produção de verdades baseado na
observação dos fenômenos tais como eles ocorrem e não por pura especulação.
Saiba Mais
Galileu Galilei, nasceu em 1564 e morreu em 1642. Foi um grande
filósofo, matemático, astrônomo e físico. Contestou a teoria geocêntrica
(terra como centro do universo) e, em substituição, propôs a teoria
heliocêntrica (sol como centro do universo).
A partir de Galileu, configura-se o método experimental que rompe com o
misticismo e com a Igreja, pois traz uma nova proposta de conhecimento da
realidade, não mais pautado na crença dos sujeitos, mas na observação
dos objetos.
Assim, o princípio básico da ciência, que se pauta na verdade objetivo-
absoluta para produção de conhecimento é dado pela observação dos fatos, a
compreensão lógica e posterior verificação. Vejamos como fica a representação
desta abordagem:
Capítulo 1 " Conhecimento, Verdade e Método
21
FATOS LÓGICA FATOS
Como exemplo, podemos considerar um cientista e pesquisador que
percebe um astro que se move 2 cm a cada ano. Ele é um fato observado na
realidade. Ao racionalizar levanta a hipótese de que se trata de um outro planeta.
Volta-se para o objeto novamente para testar a hipótese anterior e tira conclusões
sobre sua verificação.
O tipo de verdade produzido é caracterizado como verdade objetiva, pois
está no plano do objeto e refere-se à realidade objetiva, observável. A ciência
parte então da observação, da experimentação e da regularidade matemática
para conhecer o fenômeno, assim como propôs Galileu:
O fato é objetivo e suas características podem ser conferidas pela
mente humana que identifica as leis absolutas que regem o universo.
O objetivismo é um modelo científico que busca a verdade sobre as coisas
e pressupõe que o conhecimento deriva do objeto observado e não do sujeito
que observa. Cabe ao sujeito regrar sua observação de modo que a torne neutra
e capaz de verificar o objeto tal como é sem interferências. Para auxiliar a busca
da verdade sobre este prisma, os cientistas criaram e aperfeiçoaram vários
instrumentos de observação que possibilitaram uma exatidão.
Nesta compreensão, a verdade absoluta pretende-se como único
conhecimento confiável, pois está pautada num processo de experimentação
sistemática capaz de controlar a regularidade comque a realidade se manifesta
e, assim, traduzi-la matematicamente.
Saiba Mais
Teoria heliocêntrica: os povos antigos acreditavam que o sol girava
em torno da Terra. Por sua vez, as religiões monoteístas,
especialmente o catolicismo da Idade Média, aceitavam a Teoria do
geocentrismo proposta por Aristóteles, ou seja, A Terra estaria parada
no centro do Universo, enquanto os corpos celestes orbitavam, em
círculo, ao seu redor. Por isso, a teoria defendida pelo astrônomo
polonês Nicolau Copérnico, ao explicar a mecânica celeste de maneira
mais racional, teve a força de um cataclismo filosófico, social e religioso
e quase levou Galileu à fogueira, por apresentar provas científicas para
a teoria. Depois disso, toda a ciência mudou, livrando-se da herança
de Aristóteles para sempre. (SABBATINI, 2008)
Metodologia da Pesquisa Científica " FURB / ASSEVALI
22
1.2.3 Verdade Relativa
A verdade é entendida como relativa quando não há uma aceitação
unânime sobre a realidade estudada, nem no âmbito do sujeito nem no âmbito
do objeto. A verdade relativa é condicional, mutável, variável. Assim nem toda
proposição faz sentido, como nem todo objeto se comporta de maneira regrada
e sem exceção.
O seguinte ditado nos faz pensar sobre isto: "verdade para os gregos,
mentira para os troianos". Isto ocorre porque no âmbito do sujeito há uma condição
cultural cujo ponto de vista é influenciado pelo ponto do qual é vista. Ou seja, o
sujeito considera as coisas a partir do que lhe é conveniente e útil. E como a
ciência encara isso?
No campo das ciências, as pesquisas são realizadas a partir de um
suporte teórico-metodológico que determina os resultados encontrados. Estes
resultados são verdadeiros se a pesquisa seguiu criteriosamente os sistema de
controle e o rigor do método no processo de experimentação. A verdade está no
critério. Mudando o critério muda-se a verdade. Por conta disto, pode-se sustentar
a condição relativa da verdade.
Se aceitarmos a tese de que a verdade é a correspondência entre o que
se diz e o que é, teremos de aceitar a "tese dos dois mundos" - de um lado, os
fatos e, de outro, as idéias, as proposições, as teorias, etc. (cujo entendimento
não é pura e simplesmente a reprodução dos propósitos dos fatos).
Vejo A e interpreto-o com B; se B corresponde a A, então, então B é a
verdade sobre A. A maneira como vejo A determinará a maneira como
formulo B; formulado este, passarei a ver A da maneira como B o
descreve. Posso alterar B com o tempo, procurando torná-lo cada
vez mais correspondente ao A que vejo, mas isto não me garante que
chegarei à verdade sobre A.
Assim, uma teoria é um instrumento; não é uma verdade. É bem
sabido que o cientista vê, nos fatos, aquilo que a teoria que ele aceita permite
que ele veja. Em suma, o entendimento dos fatos depende da posição teórica
do cientista (MAIA, 1998, p.121).
O problema da verdade tida por absoluta é que nem sempre ela pode ser
convencionada universalmente. Um bom exemplo é a representação da Terra,
no tradicional mapa, que tem por referência a estrela polar e, desta forma, o
Brasil fica no hemisfério sul. Se um cartógrafo brasileiro elaborasse o mapa do
mundo, poderia adotar como referência o cruzeiro do sul, invertendo a disposição
dos continentes nos hemisférios.
A crítica dos relativistas aponta para o perigo do dogmatismo científico
(enrijecimento do conhecimento científico). Para eles, o dogmatismo é fruto de
Capítulo 1 " Conhecimento, Verdade e Método
23
um conhecimento cristalizado, tido por verdadeiro e anunciado como a certeza
última que o ser humano poderia elaborar sobre um objeto.
Este dogmatismo está fundado na ''crença do grande especialista'',
cientista que tudo sabe sobre um determinado objeto. Ou seja, o dogmatismo
está baseado na idéia de que a verdade é a adequação da mente à coisa como
ela é em si.
Dogmatismo científico consiste em determinar que o único modo de conhecer,
é o captado pelos sentidos, o verificado pela experiência ou seja, o empírico
que se estabelece como o único confiável. O conhecer constitui-se aqui no
âmbito da verificação empírica. Chama-se dogmatismo científico esta atitude
e pode ser chamado também de dogmatismo teórico, que se sustenta em
teorias. (PORTALPHILOSOPHIA, 2008)
Nesta abordagem dogmática, o cientista utiliza instrumentos
metodológicos que lhe assegurem um desvelamento total de parcela da realidade
investigada. A verdade se torna um dogma pela suposição de que está em total
conformidade do conhecimento com o real sendo que o ponto de partida é um
fragmento (pedaço da realidade). Neste sentido, o dogma científico pretende
ser um princípio certo e verdadeiro em fiel correspondência com os fatos.
Contra esta concepção podemos lembrar Protágoras em sua máxima:
"O homem é a medida de todas as coisas, daquelas que são enquanto
são e daquelas que não são enquanto não são".
A partir deste princípio, podemos refletir sobre o método utilizado pelo
pesquisador, sempre baseado em algum modelo que define o resultado final do
conhecimento. Não há neutralidade científica, o pesquisador sempre usa uma
medida subjetiva que determina o resultado - "o homem é a medida".
Vamos revisar? Nessa seção, aprendemos sobre a Verdade. E o que há
de verdade sobre a verdade?
- A finalidade do conhecimento é a verdade.
- O humano busca abrigo na verdade para o seu saber.
- A verdade pode ser: subjetiva-absoluta, objetiva-absoluta e relativa.
- Na verdade subjetiva-absoluta o conhecimento e a verdade estão
ancorados no sujeito que se ampara na lógica...
Até aqui você notou que toda investigação humana objetiva a organização
de um conhecimento da realidade. Conhecimento este que objetiva a verdade.
Contudo, para que haja um conhecimento verdadeiro é preciso de um método.
Mas, o que é o método? É o que vamos ver a seguir.
Metodologia da Pesquisa Científica " FURB / ASSEVALI
24
1.3 O MÉTODO
No decorrer deste capítulo, estudamos sobre as questões relacionadas ao
conhecimento e à verdade. Afinal, como especialista e pesquisador você sempre
estará desafiado a manifestar seu conhecimento e espera-se que este seja
verdadeiro. Para elaborar este conhecimento de forma científica, você precisará
de um método. O que é um método? O método é a ordenação do processo
realizado para se chegar a um resultado. De forma bem simples, pode-se dizer
que o método é a ordenação do processo realizado para se chegar a um resultado.
Vejamos o que o dicionário de Língua portuguesa define como método:
1 - procedimento, técnica ou meio de se fazer alguma coisa, esp. de
acordo com um plano. 2 - processo organizado, lógico e sistemático de
pesquisa, instrução, investigação, apresentação etc. 3 - ordem, lógica ou
sistema que regula uma determinada atividade. 4 - modo de agir; meio, recurso.
5 - maneira de se comportar. 6 - qualquer procedimento técnico, científico. 7 -
Conjunto de regras e princípios normativos que regulam o ensino ou a prática
da arte. 8 - compêndio que apresenta detalhadamente as etapas desse método.
9 - maneira sensata de agir; cautela. (HOUAISS, 2001).
Veja que, nesta definição, enfatiza-se a necessidade de rigor no
planejamento e na sua aplicação. Neste sentido, é importante que você tenha
claro que cada forma de conhecimento (mítico, filosófico, artístico, científico e
popular) possui um método. Aqui, por se tratar de uma disciplina que prepara para
a pesquisa científica, abordaremos com mais profundidade o método científico.
Como vimos anteriormente, a ciência procura verificar a veracidade dos
fatos. Para tal, apóia-se num método que garanta a verificabilidade, ou seja, um
conhecimento é tido como científico quando for possível refazer o caminho que o
pesquisador trilhou. Quando for possível verificar. Cervo e Bervian (1996, p.20)
lembram que "os sábios, cujas investigações foram coroadas de êxito, tiveram o
cuidado de anotar os passos percorridos e os meios que os levaram aos
resultados". Descreveram, portanto, o método. Desta forma, os autores lembram
que houve um procedimento metódicoque garantiu um dado resultado.
Da mesma forma, o autor Antônio Carlos Gil (1994, p.27) considera que
um conhecimento para ser considerado científico "torna-se necessário identificar
as operações mentais e técnicas que possibilitam a sua verificação".
Ou seja, todo conhecimento científico é antecedido por um método.
Diante disto, você pode perguntar-se: há um método universal para todos
os conhecimentos tidos como verdadeiros? Facilitaria muito se assim o fosse.
Porém, a resposta é negativa. Para cada tipo de conhecimento, bem como para
cada área, há uma diversidade grande de métodos que são adequados conforme
o objeto em investigação. Da mesma forma, vale considerar que um mesmo objeto
pode ser avaliado por diferentes métodos e levar a conclusões diferentes. Isto
leva-nos a perceber que cada conhecimento tido como verdadeiro está diretamente
relacionado com seu método.
Tratemos então do método científico.
Capítulo 1 " Conhecimento, Verdade e Método
25
1.3.1 O Método Científico
Antes de prosseguir seus estudos, sugerimos que você registre no quadro
abaixo suas idéias sobre o método científico. Você pode formular um conceito
ou registrar palavras que você acredita tenham relação direta com o método
científico. Vamos tentar?
Método Científico
Vejamos agora, o que se encontra na literatura sobre o assunto.
O método é apenas um conjunto ordenado de procedimentos que mostraram
eficientes, ao longo da História, na busca do saber. O método científico é,
pois, um instrumento de trabalho. O resultado depende de seu usuário (CERVO
& BERVIAN, 1996, p.21).
O método científico é um instrumento a serviço da inteligência humana que o
auxilia no entendimento dos fatos. Este entendimento científico dos fatos é
tido como positivo. Ou seja, a pesquisa científica positiva ocupa-se em dizer
o que é e não o que pensa ou o que deveria ser. (CERVO e BERVIAN, 1996,
p.21).
Com base nessas afirmações, podemos dizer que o método científico é
o conjunto rigoroso de procedimentos adequados para a investigação de algum
objeto. Este método propõe uma superação do acaso, do superficial, do devaneio
para identificar e decifrar objetivamente a realidade. Contudo, o método não é
milagroso, depende muito da inteligência e persistência do pesquisador.
Para Pensar
Pesquisa científica positiva? Existe alguma que é negativa? Trata-se
do modelo científico normal que entende a realidade de forma factual,
ou seja, de forma objetiva e concreta.
Vamos em frente!
Descartes - é muito provável que você já tenha ouvido falar nesse filósofo
- é uma das referências para o nascimento do método cientifico positivista
principalmente em sua obra "Discurso do Método". Nesta obra, ele criou alguns
preceitos metodológicos para auxiliar a razão na busca do conhecimento
verdadeiro:
Metodologia da Pesquisa Científica " FURB / ASSEVALI
26
1º Jamais aceitar algo como verdadeiro que não se conhece claramente
como tal e por isso se torne para a mente indubitável.
2º Repartir cada uma das dificuldades analisadas em tantas partes
quantas forem possíveis e necessárias a fim de melhor solucioná-las.
3º Conduzir os pensamentos por ordem, iniciando pelos objetos mais
simples e mais fáceis de conhecer, para elevar-se progressivamente
ao conhecimento mais composto.
4º Efetuar em toda parte relações metódicas tão completas e revisões
tão gerais nas quais se tenha a certeza de nada omitir. (DESCARTES,
1978, 40).
Saiba Mais
Descartes nasceu em 1596 e morreu em 1650. Decepcionado com
as teorias escolásticas, identifica na Matemática o conhecimento
seguro sobre o qual sustenta suas afirmações. Seu pensamento
exerceu grande influência sobre os modelos da ciência moderna. É
considerado "fundador da Filosofia moderna" e "pai da matemática
moderna".
Na construção deste método, Descartes considera que entre todos
aqueles que, antes dele buscaram a verdade nas ciências, somente os
matemáticos conseguiram encontrar razões claras e evidentes para explicar a
realidade (DESCARTES, 1978). O ideal do conhecimento universal encontra
amparo na idéia de Galileu para quem a natureza está redigida em caracteres
matemáticos. A razão seria capaz de conhecer a ordem, a medida e a
regularidade da natureza das coisas, traduzindo-a em leis universalmente válidas.
Neste sentido, não poderíamos dizer que o método científico tem tudo
para ser universal? Vejamos o que Gil propõe:
Muitos pensadores do passado manifestaram a aspiração de definir um método
universal aplicável a todos os ramos do conhecimento. Hoje, porém, os
cientistas e os filósofos da ciência preferem falar numa diversidade de métodos,
que são determinados pelo tipo de objeto a investigar e pela classe de
proposições a descobrir. Assim, pode-se afirmar que a Matemática não tem
o mesmo método da Física, e que esta não tem o mesmo método da
Astronomia. (GIL, 1994, p. 27).
Como você pode observar, existiu a tentativa de definir um método como
universal. Contudo, no decorrer da história, foram elaborados diferentes métodos
que ainda hoje são aplicados e adaptados. Quais são estes métodos? É sobre
isso que vamos discutir na seqüência. Mas antes sugerimos que você volte ao
início desta seção. Reveja o que você escreveu sobre método. Suas idéias se
aproximam do que tratamos aqui? É preciso rever? Então, que tal rever agora?
Capítulo 1 " Conhecimento, Verdade e Método
27
1.3.2 Os Diferentes Métodos
1.3.2.1 Método Dedutivo
O método dedutivo surgiu com os filósofos gregos, em especial com
Aristóteles que procurou estabelecer regras para se chegar a um conhecimento
verdadeiro. Este método toma por base a razão e procura explicar a realidade a
partir de premissas lógicas. Parte de uma premissa geral para chegar a uma
conclusão particular. Você lembra do nosso estudo sobre a verdade? Pois bem,
o método dedutivo parte do pressuposto de que existe uma verdade geral já
confirmada, sobre a qual se pode elaborar um conhecimento. Não se trata de
um conhecimento novo, mas, de uma explicação organizada para reafirmar ou
ampliar uma informação. Em suma, é o entendimento de uma realidade particular
a partir de uma verdade universal.
 UNIVERSAL
 PARTICULAR
Vejamos um exemplo de como este método funciona na prática:
Premissa geral: Todo mamífero tem um coração.
Premissa: Ora, todos os gatos são mamíferos.
Conclusão: Logo todos os gatos têm um coração.
Você pôde perceber que esta forma de raciocinar permite ao pesquisador
supor sobre novos casos que venham a se revelar. Ou seja, imagine que o
pesquisador encontra uma nova espécie e o identifica como mamífero, logo ele
poderá supor que este possui coração. Assim, para se chegar a uma conclusão
verdadeira, é preciso que as premissas anteriores também sejam verdadeiras.
A premissa geral funciona como uma lei universal. O cientista se encontra
respaldado para concluir sobre um fato em específico. Mas como se chega a
esta premissa geral? Para responder a esta pergunta precisamos estudar o
método indutivo.
1.3.2.2 Método Indutivo
No método anterior, vimos que ele vai do geral ao particular, já no indutivo
o processo é contrário, vai do particular ao universal. Ou seja, o método indutivo
é fruto de um raciocínio indutivo, parte da observação de questões particulares
Metodologia da Pesquisa Científica " FURB / ASSEVALI
28
para então formular um princípio universal, ou até mesmo uma lei. Ou seja,
formula-se uma generalização a partir dos elementos comuns de um conjunto
de casos investigados. Assim, a conclusão a que se chega depende da evidência
de cada elemento estudado.
PARTICULAR UNIVERSAL
Vejamos um exemplo:
Ronaldo é mortal.
Tadeu é mortal.
Alexandre é mortal.
Osmar é mortal.
Ora, Ronaldo, Tadeu, Alexandre e Osmar são homens.
Logo, (todos) os homens são mortais.
Como você pode observar, a conclusão é uma generalização baseada
na verdade das premissas. Valeconsiderar que este método chegou a ser
considerado o mais adequado para as ciências naturais e posteriormente para
as ciências sociais. Com este método, passou-se a valorizar a observação e a
quantificação dos fatos para se chegar a um "veredito" científico.
A fragilidade deste método está no fato de que um único elemento
contraditório pode pôr por terra a conclusão que se chegou. Veja o exemplo
citado por Cruz e Ribeiro (2003, p. 34):
A indução é um método válido, porém não é infalível. Por exemplo, por muito
tempo pensou-se que a ordem de peixes celacantos estava extinta, porque
elas eram conhecidas apenas por fósseis de 200 milhões de anos. Entretanto,
em 1938, na costa da África do Sul, um celacanto foi pescado, o que
demonstrou que a indução feita pelos paleontólogos estava errada.
Assim, para descartar uma indução bastaria um fato contraditório. Em
resposta a esta fragilidade surge a proposta do Método Hipotético-Dedutivo.
Capítulo 1 " Conhecimento, Verdade e Método
29
1.3.2.3 Método Hipotétivo-Dedutivo
Vimos que na dedução parte-se de uma verdade geral e que na indução
parte-se da verificação de fatos particulares. Agora, qual o ponto de partida para
o Método Hipotético-dedutivo? Parte-se da hipótese. O processo poderia ser
representado pelo seguinte esquema:
Hipótese - dedução - fenômenos
De outra forma poder-se-ia dizer que este método:
Desencadeia-se a partir da percepção de uma lacuna nos conhecimentos
científicos produzidos em uma determinada área até aquele momento, em
função da qual se formula novas hipóteses. Em seguida, através do processo
de inferência dedutiva, testa-se as hipóteses (FERREIRA,1998, p. 96).
Vejamos alguns exemplos de como o cientista aplica este método:
1)Charles Darwin elaborou a teoria da seleção natural por ocasião da leitura
do famoso livro de Thomas Robert Malthus sobre sociologia e economia. 2)
Ele mesmo obteve uma explicação sobre o caráter divergente da evolução
biológica quando viajava, em sua carruagem, para Londres, num local em
que ela balançou ao passar sobre uma pedra. 3) Friedrich August Kekulé von
Stradonitz descobriu a configuração anular da molécula do benzeno ao sonhar
com uma cobra que mordia seu próprio rabo. 4) Henri Poicaré - que tudo leva
a crer não haver elaborado a teoria da relatividade por ser excessivamente
cético em relação às teorias físicas - fez uma de suas descobertas
matemáticas quando, em visita a outra cidade, ao colocar o pé no estribo de
um ônibus para realizar um passeio, a idéia (hipótese) lhe veio à cabeça,
sem que, como ele próprio o declarou, nenhuma de suas meditações anteriores
parecessem havê-lo preparado para isto. 5) É possível que Mendel tenha
desenvolvido sua hipótese antes de iniciar suas experiências. (FREIRE-MAIA,
1998, p. 55)
Como vemos nos exemplos, o cientista pode elaborar sua hipótese a
partir das observações anteriores ou a partir de sua própria imaginação. A partir
da hipótese, ele caminha para a dedução e, para chegar a um veredicto, realiza
alguns testes.
Vamos a mais um método.
1.3.2.4 Método Dialético
Etimologicamente, a palavra dialética provém do grego, "dialégestai", que
significa dia, que divide o que era unido. Sob este aspecto, a dialética aponta
para a dinâmica da realidade que o ser humano, sujeito cognitivo, consegue
identificar e denominar. Então podemos verificar que, por sua linguagem, constrói
um mundo de significados que são re-significados na dinâmica de sua existência
e de sua vivência.
Um primeiro conceito de dialética é construído pelo distinto filosofar de
Sócrates e Platão. Na filosofia destes pensadores, o diálogo é o maior recurso
para se fazer pensar. Não é a mera conversação, assistemática e fragmentada,
Metodologia da Pesquisa Científica " FURB / ASSEVALI
30
é uma conversa que tem direção, parte de um interesse e caminha para uma
verificação sistemática em busca da essência.
Se o primeiro conceito de dialética foi construído por Sócrates e Platão
significa dizer que a dialética não é algo recente, ao contrário, nos remete ao
século VI a.C. Obviamente, seu conceito passou por transformações.
Saiba Mais
Sócrates e Platão foram filósofos da Grécia antiga e marcaram a
história do pensamento humano por sua investigação e busca pelo
conhecimento. Sócrates é considerado um marco para a Filosofia por
ter dirigido seus estudos sobre a essência da natureza da alma
humana. Os filósofos anteriores investigavam a origem e organização
do universo a partir dos elementos externos do mundo físico. Platão
foi discípulo de Sócrates e escreveu vários diálogos em que o
interlocutor principal é seu mestre.
No século XIX, Hegel, teólogo e filósofo alemão se apropria da dialética
grega, concebendo-a, não só como um método para encontrar a essência, mas
como a própria dinâmica das idéias. Diferente da dialética socrática que se
desdobrava em dois momentos (ironia e maiêutica), a dialética hegeliana se
organiza em três etapas: a tese, a antítese e a síntese. Para Hegel, existe uma
relação dinâmica nas idéias na medida que se confrontam com sua contradição.
Esta contradição entre duas idéias opostas gera uma nova idéia como tentativa
de superação do antagonismo.
Saiba Mais
Hegel foi um filósofo alemão que nasceu em 1770 e morreu em 1831.
Sua principal obra foi Fenomenologia do Espírito. Como teórico
introduziu um sistema, chamado de dialético, para compreender a
história da filosofia e do mundo.
Outra compreensão sobre este conceito, é dada pela corrente marxista.
Este é fundamentado pelas idéias de Karl Marx, que viveu entre 1818 e 1883 e
Friedrich Engels que viveu entre 1820 e 1895. Marx foi discípulo de Hegel, e
pensa a dialética hegeliana como uma estrutura dinâmica das idéias. Contudo
Capítulo 1 " Conhecimento, Verdade e Método
31
Marx e Engels advertem que a dialética de Hegel se sustenta apenas sobre a
cabeça (idealismo) e por isso propõe repô-la sobre os pés (materialismo). Noutras
palavras, o que eles propõem é que não basta compreender como as idéias
movem a história e formam a realidade, mas como se pode transformá-la. Neste
sentido, a dialética marxista leva em conta o materialismo, não apenas as idéias.
Para compreendermos melhor a dialética marxista, precisamos entender a
concepção marxista de materialismo histórico e materialismo dialético. Vamos
juntos?
Saiba Mais
Marx e Engels foram grandes amigos e deram uma grande
contribuição para a humanidade divulgando seus estudos e teorias.
Marx viveu entre 1818 e 1883. Desenvolveu a teoria denominada de
"Materialismo Histórico e Dialético". Nesta teoria, compreende que a
realidade material produz as condições de vida, mas que estas não
são determinantes, são históricas e dialéticas. Engels viveu entre 1820
e 1895. Este compartilha da concepção de Marx, desenvolve vários
estudos sobre a condição da classe trabalhadora na Inglaterra e analisa
a dialética provocada pelas lutas sociais. Para ler mais sobre as obras
desses autores visite o site http://www.marxists.org/portugues/marx/
index.htm. Neste Site, você encontrará uma vasta lista de textos em
português.
A concepção materialista marxista interpreta o desenvolvimento da
história da humanidade, não a partir da contradição de idéias, mas pela
contradição das disposições dos bens materiais em que as pessoas se
encontram. Assim, as condições materiais produzem as contradições
históricas. O fundamento básico para compreender o materialismo histórico
na concepção marxista está em conceber a natureza humana como resultado
das relações de trabalho e de produção.
O materialismo dialético também faz parte da concepção marxista e
acrescenta à compreensão do materialismo histórico um movimento dinâmico
de mudança da realidade materialmente formada. A história é formada pelas
relações materiais, mas não é determinada por ela. A direção da história pode
ser mudada na medida em que o homem toma consciência da sua realidade
material e a transforma. Neste sentido, o materialismo que dirige a história e é
historicamente dirigido, também é dialético na medidaem que o homem interfere
nesta direção produzindo uma transformação político-social.
A dialética marxista compreende o contexto como resultado das relações
materiais historicamente formadas, mas considera que o homem, mesmo
sendo um ser histórico é capaz de reagir pelo trabalho e pela consciência
contra as forças que o oprimem. Neste sentido, a realidade é dada pela
circunstância material que por sua vez é formada historicamente, mas que é
dinâmica, está em movimento incessante e nisto reside o conceito da dialética
marxista.
Metodologia da Pesquisa Científica " FURB / ASSEVALI
32
Neste sentido, o método dialético marxista é caracterizado pela
investigação das contradições e movimentos da natureza e da sociedade. Neste
método, considera-se que tudo se relaciona e tudo se transforma. Há uma
mudança qualitativa na realidade e ainda, o movimento se dá pela luta dos
contrários.
1.3.2.5 Método Fenomenológico
Este método de investigação foi formulado pelo filósofo Edmund Husserl.
A fenomenologia consiste na observação e descrição do fenômeno. O enfoque
desta pesquisa está no entendimento do que se manifesta na consciência dos
sujeitos envolvidos em determinado fenômeno. O pesquisador deve se orientar
através do fenômeno, não deve resistir nem desviar.
Saiba Mais
Husserl viveu entre 1859 e 1938. Considerado o pai da Fenomenologia
desenvolveu a noção de intencionalidade. Para ele os processos
mentais são sempre intencionais. Não há como ser totalmente neutro.
Para a fenomenologia, a realidade não é objetiva e, portanto, a realidade
é compreendida a partir do que emerge da consciência humana que se volta
para algum fenômeno. Assim, há tantas realidades quantas forem suas
compreensões, interpretações e comunicações. A realidade é uma organização
da consciência humana e de sua intencionalidade. Você deve estar se
perguntando: intencionalidade? A ciência não deveria se neutra? Pois é
exatamente este o aspecto ressaltado neste método. Vamos conferir o que nos
diz Triviños (1987, p.42-43):
A idéia fundamental básica da fenomenologia é a noção de intencionalidade.
Esta intencionalidade é da consciência que sempre está dirigida a um objeto.
Isto tende a reconhecer o princípio que não existe objeto sem sujeito.
Neste sentido, Bardin (apud TRIVIÑOS, 1987, p.43) lembra que:
Tudo o que sei do mundo, mesmo devido à ciência, o sei a partir de minha
visão pessoal ou de uma experiência do mundo sem a qual os símbolos da
ciência nada significariam. Todo o universo da ciência é construído sobre o
mundo vivido e, se quisermos pensar na própria ciência com rigor, apreciar
exatamente seu sentido e seu alcance, convém despertarmos primeiramente
esta experiência do mundo da qual ela é a expressão segunda.
Assim, neste método, temos ênfase no sujeito que percebe e descreve
em sobreposição à idéia de que seríamos capazes de analisar e explicar a
realidade tal como é em si mesma.
Capítulo 1 " Conhecimento, Verdade e Método
33
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste primeiro capítulo, você estudou sobre o conhecimento, a
verdade e o método. Essas informações foram aqui reunidas por tratarem de
questões fundamentais ao pesquisador e igualmente pertinentes a todo pós-
graduando. Nosso propósito foi o de demonstrar que há considerações que são
anteriores ao processo de pesquisa e que a verdade de um conhecimento é
determinada pelo método aplicado.
Neste sentido, você pôde refletir sobre os modelos que regem cada
conhecimento que articulamos no dia-a-dia. Você viu que o método pode ser
considerado como uma bússola que orienta o trabalho do pesquisador e que o
ponto de chegada depende do caminho que se seguiu.
Agora, é preciso considerar que, para todo método, há uma técnica
e uma norma convencionada. Por isso, nos próximos capítulos, você estudará
sobre como fazer a organização concreta de sua investigação científica,
observando cada passo e critério para o desenvolvimento de uma pesquisa.
Bom proveito!
Atividade Complementar
Esta atividade tem por objetivo possibilitar que você organize seu
pensamento sobre os temas: conhecimento, verdade e método.
1. Tenha como referência a seção 2 deste capítulo e interprete o
seguinte pensamento do sofista Górgias de Leontino: "Primeiro: Nada
existe; Segundo: Mesmo que existisse alguma coisa, não poderíamos
conhecê-la; Terceiro: Mesmo que algo existisse e que o pudéssemos
conhecer, não o poderíamos comunicar aos outros".
2. Compare os diferentes conhecimentos: religioso, filosófico,
científico, artístico e popular.
3. Após a leitura sobre as concepções de verdade, qual conceito
você considera predominante nas produções científicas atuais?
4. Qual a relação da verdade com a objetividade e com a
subjetividade?
5. Reflita e registre seu entendimento sobre a seguinte idéia de
Platão: "Nesse mundo sensível, cada um se apega a um aspecto das
aparências e o transforma em sua certeza, em sua "verdade". E, como
cada um percebe o mundo de maneira diferente, as opiniões que disso
resultam também são variadas e divergentes. Além disso, é comum
que as opiniões ocultem interesses pessoais. Por tudo isso, a opinião
jamais pode proporcionar o verdadeiro conhecimento das essências,
que é a ciência".
6. A partir da leitura da seção 4 que tratou sobre o Método, procure
sintetizar as informações que qualificam cada método.
35
2
2 NORMAS E TÉCNICAS PARA O DISCURSO
CIENTÍFICO
Objetivos de Aprendizagem:
- Explicar o que é e para que foi criada a ABNT.
- Distinguir os tipos de trabalhos acadêmicos.
- Utilizar estratégias de leitura e escrita.
- Formatar, segundo as normas da ABNT, um trabalho científico.
- Identificar os elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais de um
trabalho científico.
- Fazer citações e referências conforme normas da ABNT.
INTRODUÇÃO
Você estudou até aqui como o conhecimento se constrói e sua relação
com a realidade e a verdade. Agora, vamos aprender ou relembrar as normas
para a padronização do conhecimento científico. Atualmente, para a produção
de conhecimento, o "cientista" está vinculado a uma instituição que, por sua
vez, segue algumas regras para a sistematização do que faz.
Enquanto estudante, você também produz conhecimento. Lê, escreve,
pesquisa e sistematiza as informações na forma de trabalhos científicos,
conforme a solicitação de seus professores. A forma como os trabalhos são
organizados e estruturados respeitam certas normas que, no Brasil, são
instituídas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
Vamos conhecer, na primeira seção, um pouco da história e também
algumas normas da ABNT. Na segunda sessão, você verá estratégias de leitura
e escrita que auxiliarão no estudo não só deste caderno, mas também de textos
e livros que posteriormente poderão fazer parte de um trabalho científico, como
por exemplo, a monografia. Também identificaremos os tipos de trabalhos
científicos e, na terceira sessão apresentaremos a estrutura e a formatação de
um trabalho científico.
2.1 ELABORAÇÃO DAS NORMAS DO TRABALHO
CIENTÍFICO
Antes de aprendermos a elaborar um trabalho acadêmico, fazer citações
Metodologia da Pesquisa Científica " FURB / ASSEVALI
36
e referências é necessário conhecermos a instituição que regulamenta tais
normas. Nessa perspectiva, queremos fornecer a você informações que, além
de úteis, sejam duradouras, como no dito popular "não dar o peixe, mas ensinar
a pescar". Significa dizer que podemos conhecer e acompanhar as mudanças
das normas de elaboração de trabalhos científicos pela própria instituição que
as regulamenta e podemos estar informados acerca das últimas alterações.
Na seqüência, vamos pontuar três considerações: a relação forma/
conteúdo, alterações das normas e as especificidades institucionais na
padronização dos trabalhos.
Você já deve ter ouvido um comentário mais ou menos assim: "o meu
orientador só analisa a forma ele não verifica o conteúdo" ou "o professor pediu
um trabalho e orientou para que fizéssemos em qualquer formato, disse ainda
que não se interessa pela estética, apenas pelo conteúdo".
Atenção!Ambas as falas revelam ingenuidade visto que escapa à
compreensão que forma e conteúdo se complementam.
Ou seja, falta-lhes compreender que toda escrita possui alguma estética,
(estilo, beleza própria) enquanto forma, rigor, coesão... A forma está alinhada à
estilística, à disposição metodológica das informações e à padronização do texto.
Nesta compreensão, a falta de forma compromete o conteúdo. Por exemplo:
um texto que não tenha a forma mais básica de organização, início, meio e fim,
tem seu conteúdo comprometido.
É comum ouvirmos "quando fiz faculdade as normas eram outras" ou
ainda "no início do curso havia uma norma no final mudou tudo". De fato, há
muitas variações e estas são justificadas pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas - ABNT - como necessidade de revisão e atualização. Como orientação
sobre estas mudanças, encontramos a seguinte informação:
Como toda Norma está sujeita a revisão, recomenda-se àqueles que realizam
acordos com base nesta que verifiquem a conveniência de se usarem as
edições mais recentes das normas citadas a seguir. (ABNT NBR 14724)
Neste sentido, este caderno de estudos está pautado nas normas vigentes
no momento de sua elaboração.
Para Pensar
Muitas pessoas se perguntam: "na faculdade que estudei a metodologia
era outra", ou ainda, "cada livro que eu pego de metodologia tem uma
informação diferente". Qual a razão de tanta variação? Ora, um dos
motivos está nas normas vigentes na ocasião da elaboração dos
materiais, livro, guia e manual. Outro fator está na margem de
interpretação presente em toda norma e lei e que permite criar
adequações diversas. Há também, a má interpretação e a não
subordinação das regras e orientações institucionais às normas da
ABNT.
Capítulo 2 " Normas e Técnicas Para o Discurso Científico
37
As constatações que aqui fazemos, pontuam algumas falas muito comuns
nas aulas de Metodologia dos cursos de pós-graduação. Diante disto,
reafirmamos que este caderno está pautado nas normas da ABNT que são
vigentes em todo o território nacional.
Na seqüência, trataremos de apresentar e contextualizar a ABNT para
saber um pouco mais sobre esta instituição normatizadora. Assim, você saberá
qual é a fonte de orientação para a produção deste material e poderá acompanhar
as atualizações futuras.
2.1.1 Breve História da ABNT
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) surgiu em 1940
com a finalidade de estabelecer padrões para os critérios técnicos utilizados
pelos setores produtivos brasileiros. No início, estabeleceu normas para a
construção civil e posteriormente para outros setores produtivos. Com o processo
de desenvolvimento industrial, a ABNT começou a ser reconhecida por lei como
órgão de utilidade pública.
O crescimento industrial do período pós-guerra exigiu que a ABNT criasse
dezenas de comissões técnicas e se desdobrasse na elaboração de normas,
porém reduziu a participação dos laboratórios e institutos tecnológicos no
processo. "Surgiram as grandes indústrias, que dispensavam o trabalho dos
laboratórios. A normalização assumiu um caráter internacional", recorda Pereira
de Castro. (ABNT, 2007)
A partir de então, instituiu-se um regime obrigatório de preparo e
observância das normas técnicas nos contratos de compras do serviço público
de execução direta, concedida, autárquica ou de economia mista.
FIGURA 01 - LOGO DA ABNT
FONTE: ABNT. Disponível em: <www.abnt.org.br> . Acesso em: 20
nov. 2007.
Atualmente, os trabalhos da ABNT estão divididos em 58 Comitês
Brasileiros e 4 ONS (Organismos de Normalização Setorial). O comitê ABNT/
CB-14 é o Comitê Brasileiro de Finanças, Bancos Seguros, Comércio,
Administração e Documentação. Suas normas são aplicadas em bibliotecas,
centros de documentação e de informações, no que concerne à terminologia,
requisitos, serviços e generalidades.
Na ABNT, encontramos todo tipo de normatização. Normas para
embalagens de produtos, TV digital, construção civil e também do que nos
interessa diretamente - normas para publicação científica. Em seguida, veremos
quais são as principais normas que regulamentam a publicação científica.
Metodologia da Pesquisa Científica " FURB / ASSEVALI
38
2.1.2 Principais Normas Para a Publicação Científica
As normas mais comuns empregadas para a produção e publicação
científica são:
- NBR 6023/2002 - apresenta regras para padronização da informação
e documentação no que diz respeito às referências e elaboração.
- NBR 6024//2003 - apresenta regras para a numeração progressiva
das seções de um documento escrito.
- NBR 6027/2003 - estabelece os requisitos para apresentação de
sumário de documentos para facilitar a localização das informações.
- NBR 6028/2003 - estabelece os requisitos para a redação e
configuração do resumo.
- NBR 6034/2004 - estabelece requisitos para a elaboração de índices.
- NBR 10520/ 2002 - apresenta as normas para as citações em
documentos.
- NBR-14724/2002 - especifica os princípios gerais para a elaboração
de trabalhos acadêmicos (teses, dissertações e outros) visando sua
apresentação à instituição (banca examinadora de professores,
especialistas designados e/ou outros).
Saiba Mais
Para obter mais informações, visite o site da ABNT: www.abnt.org.br e
conheça de forma ampla as atividades desenvolvidas por este órgão.
Agora que conhecemos um pouco sobre o processo de padronização
dos trabalhos acadêmico-científicos, vamos estudar alguns tipos de trabalhos
que são exigidos no meio acadêmico (comuns à graduação e pós-graduação).
Estes trabalhos são freqüentemente solicitados por diferentes professores para
o cumprimento de uma atividade de disciplina ou curso. Por isso, depois de
conhecê-los vamos aprender a sistematizá-los.
2.2 Conceitos e Alguns Tipos de Trabalhos Acadêmico-
Científicos
Neste caderno, adotamos o termo trabalho acadêmico-científico,
como exposições por escrito sobre um determinado tema ou assunto referente
às disciplinas de cursos de graduação ou de pós-graduação, compreendendo,
portanto, as dissertações de mestrado, as teses de doutorado, os trabalhos de
conclusão de curso (TCC) e outros. São textos escolhidos ou exigidos como
requisito para a conclusão de um curso ou disciplina que trata dos resultados de
um estudo e são sempre orientados por um professor. É importante lembrar
também que os trabalhos acadêmico-científicos podem ser de síntese ou
divulgação científica. Muitas vezes, um trabalho solicitado por um professor, para
Capítulo 2 " Normas e Técnicas Para o Discurso Científico
39
uma disciplina (um trabalho acadêmico-científico), pode ser publicado em forma
de artigo em revistas especializadas ou congressos da área, desde que respeitem
as normas de publicação.
2.2.1 Trabalho de Síntese
Como você sabe, qualquer produção científica exige do pesquisador um
embasamento teórico para assim, poder ir além do já dito, pesquisado e
publicado. Por isso, o trabalho de síntese é um importante exercício de
sistematização teórica. Trata-se de uma atividade necessária para apropriação
e acompanhamento das novidades científicas de cada área de estudos. Vejamos
então o conceito dos seguintes trabalhos de síntese: fichamento, resumo e
resenha.
2.2.1.1 Fichamento
Forma de organização de textos, obras, autores, com o intuito de facilitar
a leitura e escrita acadêmica. As informações podem ser registradas de maneira
formal, ou seja, cópia literal de fragmentos do texto, ou traduzidas utilizando as
palavras do próprio estudante (CERVO; BERVIAN, 1996). O fichamento auxilia
na retenção de dados relevantes para o trabalho. A seguir, na seção 2.3, quando
trataremos da escrita científica, vamos apresentar um modelo de fichamento.
2.2.1.2 Resumo
Trata de um trabalho de extração de idéias. (SEVERINO, 2002). Uma
apresentação concisa do conteúdo de um trabalho de cunho científico, cuja
finalidade é passar ao leitor uma idéia completa do teor do documento. Informa
a natureza do trabalho, objeto, objetivos, referências teóricas, metodologia e
conclusões.
2.2.1.3 Resenha
Também chamada de recensão, análise bibliográficaou resumo crítico.
Trata-se, segundo Severino (2002), de uma síntese ou comentário sobre um
livro publicado. Compõe-se de três sessões principais: a introdução que deve
ser breve e contextualizar o assunto de que trata o livro. O resumo o qual
apresenta as idéias principais do autor podendo ser com crítica, ou seja, citando
pontos falhos e válidos e a opinião que contém um parecer pessoal sobre a
obra. Assim, a resenha consiste na leitura, no resumo, na crítica e na formulação
de valor da obra pelo resenhista.
Dica
Um filme interessante que dá inclusive dicas de escrita é Encontrando
Forrester (2000). O filme retrara o encontro de um escritor com um
adolescente que trocam experiências de escrita e amizade. Vale a
pena ver!
Metodologia da Pesquisa Científica " FURB / ASSEVALI
40
2.2.2 Trabalho de Divulgação Científica
Você já imaginou se Galileu, Descartes, Newton, Einstein e tantos outros
cientistas não divulgassem suas descobertas? Provavelmente, estaríamos ainda
tateando a realidade. Neste sentido, é importante que todos divulguem seus
trabalhos científicos para que todos possam avançar em suas investigações.
Você já divulgou algum trabalho científico? Sabe como fazer isso? Que tal o
desafio? Em seguida, vamos ver os diferentes caminhos para a divulgação
científica.
2.2.2.1 Nota ou Comunicação
São informações apresentadas em eventos científicos expondo o
andamento ou resultado de uma pesquisa científica. Trazem informações
científicas novas, porém não permite que os leitores verifiquem tais informações,
apenas informa.
2.2.2.2 Artigo Científico (Paper)
O artigo científico organiza uma produção textual em torno de problemas
científicos, apresentando resultado de estudos e pesquisas (UFPR, 2000). Seu
objetivo é comunicar os dados de uma pesquisa. Por ser um trabalho de
divulgação, às vezes, fica limitado a um número de páginas (laudas),
principalmente por imposição do meio de divulgação (revistas, periódicos, jornais,
etc.). Um artigo é composto por:
- Título do trabalho (subtítulo se houver)
- Autor
- Credenciais do autor
- Sinopse (resumo)
- Palavras-chave (mínimo três e máximo seis)
- Corpo do artigo (introdução, desenvolvimento e conclusão)
- Parte referencial (Referências Bibliográficas, bibliografia, notas de
rodapé).
2.2.2.3 Monografia
O termo monografia designa, segundo Severino (2002), um tipo de
trabalho científico que reduz sua abordagem a um determinado assunto ou
problema. Neste sentido, ele revela uma unicidade, pois é delimitado e tratado
de maneira aprofundada. A monografia é um estudo científico apresentado por
meio de relato escrito de uma questão bem determinada e limitada, realizado
com profundidade.
A produção de um trabalho acadêmico-científico pressupõe não
somente o conhecimento das normativas de formatação ou da padronização
dos modelos, mas também de um laborioso trabalho de escrita científica. Os
trabalhos exigidos durante a graduação e pós-graduação, muitas vezes, variam
conforme o plano de aula e de avaliação de cada professor. No entanto, ler e
escrever são exigências mínimas para que você consiga desenvolver um trabalho
científico.
Capítulo 2 " Normas e Técnicas Para o Discurso Científico
41
 A seguir, vamos apresentar a você algumas estratégias de leitura e
escrita que o ajudarão a elaborar seus trabalhos acadêmico-científicos mais
facilmente. No entanto, cabe ressaltar que as habilidades de escrita e leitura são
aperfeiçoadas ao longo do tempo e requerem também disciplina, treino e
dedicação.
2.3 A ESCRITA CIENTÍFICA
Na sua vida de estudante ou mesmo de leitor, você já deve ter encontrado
um livro, um texto, um artigo, enfim, uma leitura em que não tenha entendido
nada, ou quase nada. Talvez até tenha pensado que o problema fosse seu, ou
quem sabe do escritor. Fato é que na trajetória acadêmica, muitas vezes,
encontramos textos de difícil compreensão que acabam nos desinteressando
ou tornando a leitura e também a escrita um trabalho ardiloso. Neste sentido,
sintetizamos algumas dicas de Ruiz (1992) para leitura e escrita que poderão
auxiliá-lo.
2.3.1 Ao Ler Seu Texto
- Sente-se e acomode-se à mesa.
- Tenha um dicionário e um bloco para apontamentos.
- Concentre-se na leitura evitando distrações.
- Inicie lendo título, subtítulo, sumário (se houver).
- Volte sua atenção para as idéias chaves do texto.
- Anote os termos desconhecidos.
- Assinale no texto, usando lápis, o que considerar importante.
- Leia com velocidade compatível à compreensão do texto.
- Quando terminar, procure esclarecer as palavras que anotou.
- Recomece a leitura procurando responder as questões do autor,
observando suas anotações nas bordas do texto.
- Sublinhe as idéias principais.
- Assinale os pontos que geraram dúvidas.
- Associe o texto com conhecimentos anteriores.
Lembre-se: para gostar de ler é preciso aprender a ler.
Saiba Mais
Quer mais dicas? Um livro clássico, mas atual, no que diz respeito à
leitura e à escrita científica, é "Como se faz uma tese", de Umberto
Eco. Editora Perspectiva. Boa leitura!
2.3.2 Para Escrever
Quando lemos um texto, é interessante fazer anotações sobre ele. Desta
forma é possível fazer resumos, esquemas e fichamentos. Vejamos, como
exemplo, o fichamento.
Metodologia da Pesquisa Científica " FURB / ASSEVALI
42
Ao fazer um fichamento, você precisa inicialmente referenciar o texto
anotando os dados bibliográficos. Para fazer o fichamento, fique atento às idéias
principais e que foram sublinhadas durante sua leitura. A seguir, faça um texto
"costurando" os pontos relevantes. O exemplo a seguir é um fichamento de
resumo, do qual depois de efetuada a leitura e feitas as devidas anotações,
sintetizou-se as principais idéias do autor.
Capítulo:
Subtítulo: Como ler?
RUIZ, João Álvaro. Metodologia Científica: Guia para eficiência nos
estudos. 3.
ed. São Paulo: Atlas, 1992. 176p. p.45-47
Inicialmente concentre-se em sua leitura, procurando ler o título, os
subtítulos e o sumário. Durante a leitura, atenha-se as idéias chaves e
a pormenores importantes. Se encontrar termos desconhecidos anote-
os sem perder a velocidade.
Recomece a leitura procurando responder às questões do autor.
Sublinhe as idéias principais e os pormenores importantes. Anote os
pontos obscuros e associe aos conhecimentos anteriores.
É importante saber ler para gostar de ler.
Mas porque será que é importante fazer um fichamento? Se temos como
hábito fazer o fichamento dos livros, ao produzir um trabalho - artigo, monografia,
resenha... - não precisaremos ler o livro novamente ou ficar folheando em busca
da idéia que pretendemos usar como referência teórica. Basta buscar as
informações no fichamento. Isso facilita em muito o andamento do trabalho.
Além disso, faz com que se referenciem adequadamente os autores consultados.
Caso faça uso das idéias do autor, mesmo não sendo cópia literal,
sem fazer a devida referência, você estará cometendo plágio. Fique
atento, o autor deve ser citado e posteriormente referenciado.
Os trabalhos acadêmicos estão sempre associados à leitura e produção
de texto. É importante sempre anotar as referências do livro que leu para
citá-lo ao longo do texto produzido - o que aprenderemos a fazer a seguir.
De maneira geral, ao escrever um texto, você precisa estar atento se ele
apresenta:
- Acessibilidade - de leitura compreensível.
- Coerência - não apresenta contradições de idéias.
- Coesão - os parágrafos ou capítulos se relacionam.
- Precisão - consegue ser claro.
- Linguagem impessoal - utilizar o verbo na terceira pessoa.
Capítulo 2 " Normas e Técnicas Para o Discurso Científico
43
Quanto a sua composição apresenta:
- Título (breve, original e sugestivo).
- Introdução (despertar impressão).
- Corpo (expressão de pensamento).
- Considerações Finais (dedução do pensamento).
Dica
Ressaltamos mais uma vez: sempre que ler um livro e fizer anotações
sobre ele, indique a sua referência. Pode ser que um dia você vá
escrever algo relacionado ao livro que leu, vá utilizar as idéias do autor
e não terá mais o livro

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