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Policia Civil de MG 2021

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Policia Civil de MG 2021
Programa de noções de direito
Direito administrativo
Administração pública: Conceito 
O conceito de Administração Pública consiste na prestação de serviços públicos realizados de forma direta ou indireta por pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos, sendo regulada pelo ramo do Direito Público, haja vista seu principal escopo seja proteger e garantir o interesse da sociedade.
Segundo a doutrina, por meio da doutrinadora Maria Zanella Di Pietro[1] (2012:50), a Administração Pública pode ser classificada em sentido subjetivo (quanto aos entes que a compõem) e objetivo (quanto à função por eles exercida), conforme segue:
a) em sentido subjetivo, formal ou orgânico, ela designa os entes que exercem a atividade administrativa; compreende pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos incumbidos de exercer uma das funções em que se triparte a atividade estatal: a função administrativa;
b) em sentido objetivo, material ou funcional, ela designa a natureza da atividade exercida pelos referidos entes; nesse sentido, a Administração Pública é a própria função administrativa que incumbe, predominantemente, ao Poder Executivo.
Princípios
A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência […].
Limpe (legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência)
Todos os atos da Administração Pública devem ser regulados pela Lei, de modo que os agentes públicos devem respeitar os limites por ela traçados, além de agir de modo desinteressado, impessoal e proporcionando igualdade de tratamento para indivíduos que se encontrarem em idêntica situação.
Quanto ao Princípio da Moralidade e Publicidade, a atuação dos órgãos, entidades e pessoas jurídicas que constituem a Administração Pública deve se dar de acordo com a ética e a moral, sempre permitindo o controle da sociedade por meio da publicidade e transparência das condutas perpetradas.
Por último, o Princípio da Eficiência, também constitucionalmente previsto, encontra-se diretamente relacionado com a função a ser desempenhada pela Administração Pública, que deve atuar da melhor maneira possível, de modo eficiente na administração dos recursos escassos e a garantir a supremacia do interesse público sobre o interesse privado ou do próprio Estado.
Administração direta e indireta
Quando o Estado e seus órgãos executam os serviços públicos diretamente, através do processo de desconcentração, tem-se a Administração Direta.
Por outro lado, quando o Estado transfere esse poder para outra pessoa jurídica (autarquias, empresas públicas, fundações públicas e sociedades de economia mista), tem-se a chamada Administração Indireta, que ocorre por meio da descentralização da prestação de serviços.
Enquanto as entidades que compõem a Administração Direta não possuem personalidade jurídica e tampouco autonomia financeira, o mesmo já não se verifica quando tratamos das pessoas jurídicas da Administração Indireta, que são responsáveis civilmente pelos seus atos, bem como possuem independência financeira e patrimônio próprio.
Agente públicos
De forma genérica, agentes públicos são todas as pessoas que exercem função pública. Hely Lopes Meirelles, autor de diversas obras jurídicas voltadas ao Direito Administrativo, complementa este conceito afirmando que agentes públicos são pessoas físicas responsáveis, seja de modo definitivo ou transitório, do exercício de alguma função estatal conferido a órgão ou entidade da Administração Pública.
Outra importante fonte que faz referência ao conceito de agentes públicos é a Lei de Improbidade Administrativa (Lei 8.429/92). Em seu art. 2º está previsto que agente público é
“todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior”.
Parece ser muita informação em apenas um conceito, mas calma, nós detalhamos melhor. A partir do conceito, já podemos concluir que os agentes públicos são as pessoas que fazem “a coisa acontecer”, seja o técnico previdenciário do INSS, o prefeito do seu município ou o recenseador do IBGE. Além disso, eles podem estar apenas de passagem no funcionalismo público, como o caso dos recenseadores do IBGE, ou estar de forma definitiva, como é o caso dos agentes da polícia federal.
Classificação
Cargo, emprego e função púbica
O cargo público é exercido por servidor público (em sentido estrito), que possui vínculo estatutário com a Administração;
O emprego público é exercido por empregado público, que possui vínculo celetista com a Administração; 
A função pública pode relacionar-se às atribuições ou às atividades inerentes aos cargos e empregos públicos ou possuir conotação residual, referindo-se a atribuições para as quais não corresponda um cargo ou emprego público.
Cargo público é o lugar dentro da organização funcional da Administração Direta e de suas autarquias e fundações públicas que, ocupado por servidor público, tem funções específicas e remuneração fixadas em lei ou diploma a ela equivalente.
A função pública é a atividade em si mesma, ou seja, função é sinônimo de atribuição e corresponde às inúmeras tarefas que constituem o objeto dos serviços prestados pelos servidores públicos. Nesse sentido, fala-se em função de apoio, função de direção, função técnica.
[...]
Todo cargo tem função, porque não se pode admitir um lugar na Administração que não tenha a predeterminação das tarefas do servidor. Mas nem toda função pressupõe a existência do cargo.
[...]
A expressão emprego pública é utilizada para identificar a relação funcional trabalhista, assim como se tem usado a expressão empregado público como sinônima de servidor público trabalhista.
Responsabilidade administrativa
Podemos definir a responsabilidade administrativa como a que ocorre em consequência da prática de ações administrativa ilícitas. Essas práticas são definidas no estatuto do servidor público e nas leis da constituição brasileira de forma geral.
Além disso, a responsabilidade administrativa requer presença de uma ação ou omissão, culpa ou dolo e dano. Em palavras mais simples, a responsabilidade administrativa ocorre quando o servidor público viola as normas internas que regem o seu estatuto e outras leis, decreto ou provimento regulamentar.
Uma punição administrativa ou disciplinar não depende do processo civil ou criminal em que o servidor tenha cometido o mesmo ilícito, a punição ou disciplina administrativa tem autonomia para ser independente de outros processos.
As alternativas mais ideais para apurar os fatos são os próprios processos administrativos, sindicância ou meio sumário.
As punições devem ser motivadas e a autoridade que aplicar a punição deve justificar a punição imposta para a falta cometida pelo servidor. Quanto a absolvição, ela deve ocorrer se no processo penal ficar comprovado que o servidor a ser punido não foi o autor da falta cometida.
Com relação à extinção da pena, ela geralmente ocorre quando o servidor público já cumpriu uma parte dela. Além disso, a exclusão também pode ocorrer por prescrição ou até mesmo o perdão da mesma.
Responsabilidade civil
A responsabilidade civil é quando o servidor é obrigado a reparar um dano causado à Administração Pública em decorrência do desempenho de suas atribuições em seu cargo público.
Esse tipo de responsabilidade não é objetiva e é fortemente dependente de uma prova que um dano foi realmente realizado, da conexão de causalidade e também da culpa ou fraude por parte do servidor público.
Além disso, a responsabilidade civil não depende de outras responsabilidades e deve ser analisada pela justiça comum.
A Administração não pode fazer com que a responsabilidade civil do seu servidor seja isentada, pois ela não tem disponibilidade sobre o patrimônio público.
É importante destacar também que a condenaçãocriminal insinua a importância automática da responsabilidade civil e também administrativa.
Responsabilidade criminal
A responsabilidade criminal, também chamada de responsabilidade penal, é a que ocorre quando um servidor público pratica crimes funcionais triplicados nas leis federais.
Nesse tipo de responsabilidade o servidor responde ao processo criminal e sofre com os efeitos, em lei, da condenação pelos seus atos criminosos. Nos artigos 312 até 326 do Código Penal, é possível termos acesso a muitos dos crimes contra a Administração Pública.
Lei 8.429
Capítulo I – Das Disposições Gerais
Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de 50% do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta lei.
Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de 50% do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.
Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou SEM remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.
As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos.
Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano.
No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente público ou terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos ao seu patrimônio.
Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridade administrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.
A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do enriquecimento ilícito.
O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações desta lei até o limite do valor da herança.
Capítulo II – Dos Atos De Improbidade Administrativa
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam Enriquecimento Ilícito
Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:
I – receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público;
II – perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por preço superior ao valor de mercado;
III – perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de mercado;
IV – utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empregados ou terceiros contratados por essas entidades;
V – receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;
VI – receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;
VII – adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do agente público;
VIII – aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a atividade;
IX – perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;
X – receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado;
XI – incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei;
XII – usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei.
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo ao Erário
Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:
I – facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;
EX: Facilitar para que um particular incorpore um bem público, acarretando prejuízo a administração pública.
II – permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
III – doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
IV – permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, por preço inferior ao de mercado;
V – permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior ao de mercado;
VI – realizar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidônea;
VII – conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidadeslegais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
VIII – frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente;
IX – ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento;
X – agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio público;
XI – liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular;
XII – permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;
XIII – permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades.
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei;
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei.
XVI – facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorporação, ao patrimônio particular de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela administração pública a entidades privadas mediante celebração de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
XVII – permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela administração pública a entidade privada mediante celebração de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
XVIII – celebrar parcerias da administração pública com entidades privadas sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
XIX – agir negligentemente na celebração, fiscalização e análise das prestações de contas de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas;
XX – liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular.
XXI – liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular.
Dos Atos de Improbidade Administrativa Decorrentes de Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício Financeiro ou Tributário
Constitui ato de improbidade administrativa qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário.
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra os Princípios da Administração Pública
Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
	Viole os deveres de:
	Honestidade
	
	Imparcialidade
	
	Legalidade
	
	Lealdade
I – praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência;
II – retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;
III – revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva permanecer em segredo;
IV – negar publicidade aos atos oficiais;
V – frustrar a licitude de concurso público;
VI – deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;
VII – revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.
VIII – descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização e aprovação de contas de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas.
IX – deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessibilidade previstos na legislação.
Capítulo III – Das Penas
Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato:
I – na hipótese do art. 9° (Enriquecimento ilícito), perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de 8 a 10 anos, pagamento de multa civil de até 3X o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 10 anos;
	 
ENRIQUECIMENTO
ILÍCITO
	– Perda dos bens;
	
	– Ressarcimento integral;
	
	– Perda da função pública;
	
	– Suspensão direitos políticos de 8 a 10 anos;
	
	– Multa civil de até 3X o valor do acréscimo;
	
	– Proibição de contratar com o poder público de 10 anos.
II – na hipótese do art. 10 (Prejuízo ao erário), ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 anos, pagamento de multa civil de até 2x o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 5 anos;
	PREJUÍZO
AO
ERÁRIO
	– Ressarcimento integral;
	
	– Perda dos bens, se concorrer;
	
	– Perda da função pública;
	
	– Suspensão direitos políticos de 5 a 8 anos;
	
	– Multa civil de até 2X o valor do dano;
	
	– Proibição de contratar com o poder público de 5 anos.
III – na hipótese do art. 11 (Crimes contra a administração pública), ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de 3 a 5 anos, pagamento de multa civil de até 100X o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 3 anos.
	CRIMES CONTRA
A ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA
	– Ressarcimento integral, se houver;
	
	– Perda da função pública;
	
	– Suspensão direitos políticos de 3 a 5 anos;
	
	– Multa civil de até 100X o valor da remuneração;
	
	– Proibição de contratar com o poder público de 5 anos.
IV – na hipótese prevista no art. 10-A (Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício Financeiro ou Tributário), perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 anos e multa civil de até 3X o valor do benefício financeiro ou tributário concedido.
	CONCESSÃO
INDEVIDA
	– Perda da função pública;
	
	– Suspensão direitos políticos de 5 a 8 anos;
	
	– Multa civil de 3X o valor de benefício.
Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em conta a extensão do dano causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente.
Capítulo IV – Da Declaração de Bens
A posse e o exercício de agente público ficam condicionados à apresentação de declaração dos bens e valores que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada no serviço de pessoal competente.
A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoventes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie de bens e valores patrimoniais, localizado no País ou no exterior, e, quando for o caso, abrangerá os bens e valores patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivam sob a dependência econômica do declarante,excluídos apenas os objetos e utensílios de uso doméstico.
A declaração de bens será anualmente atualizada e na data em que o agente público deixar o exercício do mandato, cargo, emprego ou função.
Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa.
O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da declaração anual de bens apresentada à Delegacia da Receita Federal na conformidade da legislação do Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza, com as necessárias atualizações, para suprir a exigência contida no caput e no § 2° deste artigo.
OBS: Portanto, a declaração do imposto de renda poderá ser usada.
Capítulo V – Do Procedimento Administrativo E Do Processo Judicial
Qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa competente para que seja instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade.
A representação, que será escrita ou reduzida a termo e assinada, conterá a qualificação do representante, as informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha conhecimento.
A autoridade administrativa rejeitará a representação, em despacho fundamentado, se esta não contiver as formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a representação ao Ministério Público, nos termos do art. 22 desta lei.
Atendidos os requisitos da representação, a autoridade determinará a imediata apuração dos fatos que, em se tratando de servidores federais, será processada na forma prevista nos arts. 148 a 182 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e, em se tratando de servidor militar, de acordo com os respectivos regulamentos disciplinares.
A comissão processante dará conhecimento ao Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existência de procedimento administrativo para apurar a prática de ato de improbidade.
Havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão representará ao Ministério Público ou à procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente a decretação do sequestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público.
 
Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos tratados internacionais.
A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de 30 dias da efetivação da medida cautelar.
É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações de que trata o caput.
O Ministério Público, se não intervir no processo como parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de nulidade.
Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do requerido, para oferecer manifestação por escrito, que poderá ser instruída com documentos e justificações, dentro do prazo de 15 dias.
Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de 30 dias, em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da inexistência do ato de improbidade, da improcedência da ação ou da inadequação da via eleita.
Recebida a petição inicial, será o réu citado para apresentar contestação.
Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo de instrumento.
Em qualquer fase do processo, reconhecida a inadequação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o processo sem julgamento do mérito.
A sentença que julgar procedente ação civil de reparação de dano ou decretar a perda dos bens havidos ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão dos bens, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.
Capítulo VI – Das Disposições Penais
Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente.
Pena: detenção de 6 a 10 meses e multa.
Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou à imagem que houver provocado.
A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória.
A autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar o afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual.
A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:
I – da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena de ressarcimento;
II – da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, o Ministério Público, de ofício, a requerimento de autoridade administrativa ou mediante representação formulada de acordo com o disposto no art. 14, poderá requisitar a instauração de inquérito policial ou procedimento administrativo.
Capítulo VII – Da Prescrição
As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser propostas:
I – até 5 anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança;
II – dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego.
III – até 5 anos da data da apresentação à administração pública da prestação de contas final pelas entidades referidas no parágrafo único do art. 1o desta Lei.
Poderes da administração publica
Poder disciplinar
É aquele atribuído à autoridade administrativa a fim de apurar e punir faltas funcionais – dos agentes públicos. Tal poder tem como instrumento o processo administrativo disciplinar, cujas consequências vão de advertência, punição até a perda do cargo.         Mas vale ressaltar que o processo administrativo não tem caráter jurisdicional.
Poder normativo
É a função atípica da administração pública pela qual se permite a criação de decretos regulamentares, decretos autônomos (é excepcionalíssimo, só sendo possível no que tange a organização e funcionamento da administração federal, desde que não haja despesas ou extinção de órgãos), medidas provisórias, instruções normativas, regimentos e portarias.
*Nomenclatura utilizada pelas doutrinas tradicionais, embora, hoje, bastante combatida uma vez que decreto autônomo e medida provisória não tem caráter regulamentar.
Em regra, os atos normativos da administração pública são infra legem, ou seja, são elaborados para dar fiel cumprimento à lei, não podendo contrariá-la. Eles podem ser estabelecidos por:
a) Decreto regulamentador: forma de regulamentar as leis, detalhando-as, a fim de dar melhor aplicabilidade.
b) Decreto autônomo: independe da existência de lei, de modo a inovar na ordem jurídica sem lei autorizadora.
c) Instruções normativas: são regulamentações do próprio decreto regulamentador. Competência dos ministros de Estado.
d) Regimentos: Normas feitas por órgão colegiado com a exclusiva finalidade de estruturá-lo.
e) Portarias: são normas internas criadas por diretorias para regular certa circunstância São exceções da regra supramencionada, o decreto autônomo e a medida provisória.
Poder hierárquico
É um poder decorrente da existência de uma relação de subordinação entre os órgãos da administração pública, de modo que os órgãos superiores exercem certos poderes sobre os inferiores, quais sejam: a) poder de dar ordens; b) poder de controle; c) poder de avocar e delegar competências; d) poder de rever atos praticados pelos órgãos inferiores – é autotutela administrativa. e) poder de resolver conflitos de competência.
Poder de policia
É uma prerrogativa dada à administração pública a fim de restringir a liberdade individual em nome do interesse público. Assim, a polícia divide-se em duas espécies, quais sejam:
Polícia Judicial: Atua na áreado ilícito penal preventiva ou repressivamente, atua sobre pessoas e é concentrada em órgãos específicos/corporações.
Polícia Administrativa: Atua na área do ilícito administrativo, atua sobre bens, direitos e atividade e é espalhada por toda a administração pública
Ato administrativo
Ato Administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si próprio. A condição primeira para o seu surgimento é que a Administração aja nessa qualidade, usando de sua supremacia de Poder Público, visto que algumas vezes se nivela ao particular e o ato perde a característica administrativa. 
Ato administrativo é uma manifestação de vontade funcional apta a gerar efeitos jurídicos, produzida no exercício de função administrativa.
 
Requisitos ou elementos:
 
Competência: É o poder decorrente da lei que dá ao agente administrativo a capacidade de exercer suas atribuições e praticar o ato administrativo. Tem que confirmar que o agente e o órgão a onde ele é vinculado pode praticar o ato. É um elemento vinculado;
Finalidade: É o objetivo que a Administração quer atingir com a prática do ato. O ato deve alcançar a finalidade expressa prevista na lei que atribuiu a competência para o agente e este não deve mudar esta finalidade correndo o risco de nulidade por desvio de finalidade. A finalidade deve sempre buscar o interesse público. É um elemento vinculado.
Forma: É como o ato deve ser praticado. É a materialização do ato. Todos os atos devem ser escritos, mas raramente, podem ser praticado por gestos, símbolos ou voz como no transito com apito ou semáforos. É um elemento vinculado.
Motivo: Consiste na situação de fato e de direito que gera a necessidade da Administração em praticar o ato administrativo. A justificativa deve corresponder aos acontecimentos que levaram a administração pública a praticar o ato administrativo.
Pode ser:
Obrigatória (explicita): Se a situação já esta previsto em lei. Pratica o ato conforme o motivo. Ato vinculado.
Facultativa (implícita): Se a situação não está prevista em lei. O agente escolhe ou indica o motivo, devidamente justificado. Ato discricionário.
Objeto: É o conteúdo do ato. É a modificação realizada pelo ato no mundo jurídico
Segundo Fernanda Marinela, o objeto corresponde ao efeito jurídico imediato do ato, ou seja, o resultado prático causado em uma esfera de direitos. Representa uma consequência para o mundo fático em que vivemos e, em decorrência dele, nasce, extingue-se, transforma-se um determinado direito. É um elemento vinculado e discricionário
 
Atributos (características)
 
Presunção de legitimidade e veracidade: Os atos administrativos são presumidos que são legais e verdadeiros até que se prove o contrário, ou seja, caso o destinatário do ato acreditar que o ato é ilegal cabe a ele provar e não o agente administrativo. Este atributo consta em todos os atos administrativos. Este atributo agiliza a execução dos atos administrativos.
Imperatividade: Os atos administrativos são obrigatórios a todos, mesmo contra a vontade do destinatário, ou seja, o agente público pode criar obrigações ou impor restrições ao destinatário buscando somente seus interesses. Ex.: interdição de locais.
Autoexecutoriedade: É a possibilidade de a administração pública executar seus próprios atos administrativos diretamente sem precisar de autorização de outros poderes. Ela não esta presente em todos os atos administrativos.
Exemplo: Interditar uma ponte que existem grandes chances de cair (urgência)
Tipicidade: É o atributo que deve corresponder a figuras e modelos definidos por lei. Este atributo evita que a administração aja de forma discricionária prejudicando o particular. A administração deve agir rigorosamente o que a lei determina.
Exigibilidade: A administração pode exigir de terceiros o cumprimento de obrigações. Diferente da imperatividade que impõe uma obrigação.
 
Classificação dos atos administrativos:
 
Quanto ao seu regramento: Atos vinculados e Atos discricionários
Atos vinculados: De acordo com a lei. A lei determina o momento e as condições
Atos discricionários: O agente público pode escolher quando e modo de executar. Seu conteúdo e quem será o destinatário.
Quanto ao destinatário: atos individuais e atos gerais
Atos individuais: dirigido para determinada pessoa. Por ser subjetivo pode haver contestação.
Atos gerais: Dirigido à coletividade. Atinge várias pessoas com a mesma situação jurídica. Por ser coletiva não pode ter contestação individual.
Quanto ao seu alcance: Atos internos e atos externos
Atos internos: Praticados dentro da administração, atingindo seus órgãos e agentes.
Atos externos: Praticados fora da administração, atingindo os contratados e administrados.
Quanto ao objeto: Atos de império, atos de gestão e atos de expedientes.
Atos de império: Praticado pelos agentes públicos e obriga seus administrados a obedecer. Praticado com supremacia do interesse público ao particular.
Atos de gestão: Praticado na mesma condição do particular afastando sua prerrogativa de supremacia.
Atos de expediente: São atos internos de rotina para dar andamento aos documentos e papeis que tramitam em seus órgãos.
Quanto à formação (processo de elaboração): Ato simples, Ato complexo e ato composto.
Ato simples: Vontade de apenas um órgão ou agente
Ato Complexo: Vontade de mais de um órgão ou agente
Ato composto: Vontade de mais de um órgão ou agente, mas depende da ratificação de outra vontade para ter efeito.
 
Espécies de atos administrativos:
 
Atos normativos: Efeitos gerais e abstratos atingindo a todos que são regulamentados por ele, visando a aplicação correta da lei
Decreto: atos normativos exclusivo do chefe do executivo;
Regulamento: visa especificar um ato normativo superior;
Regimento: tem força normativa interna e objetiva disciplinar o funcionamento de órgãos;
Resolução: Ato normativo de autoridades superiores para disciplinar matérias de sua competência exclusiva.
Deliberação: São decisões que partem de órgãos colegiados.
Atos ordinários: Objetiva disciplinar a conduta dos agentes públicos e o funcionamento da administração.
Instruções: Orientações do superior ao seus subordinados
Circulares: Ordem escrita
Avisos: Atos de ministros dentro de seu ministério
Portarias: Atos dos chefes de órgãos públicos
Ofícios: Comunicação oficial para terceiros
Despacho administrativo: Decisões tomadas pela administração.
Atos negociais: É uma declaração de vontade da administração para fazer negócios com particulares produzindo efeito concreto e individual para o destinatário.
Licença: Ato vinculado concedido pela administração para que o destinatário execute uma atividade
Autorização: Ato discricionário concedido pela administração para que o destinatário exerça alguma atividade.
Permissão: Ato discricionário concedido pela administração para que o destinatário exerça alguma atividade estabelecida por ela.
Temos também outros atos negociais como aprovação, visto, homologação, dispensa e renúncia.
Atos enunciativos: A administração atesta um fato sem vincular seu conteúdo, ou seja, emite uma opinião.
Atestado: Atos que comprovam que órgão esta ciente da situação
Certidão: Cópia fiel e autenticada de fatos que se encontrem em repartição pública.
Pareceres: Opinião de órgão técnico sobre assuntos submetidos a eles.
Atos punitivos: Atos que visam punir particulares ou servidores que infringirem disposição legal, regulamentar ou ordinária dos bens ou serviços públicos.
 
Anulação ou invalidação
 
Anulação é a remoção do ato administrativo em decorrência da invalidação (ilegalidade). Ela pode ser feita pelo judiciário ou pela administração pública. Quando o ato é anulado ele retroage à data que o originou. Quando a administração reconhece que praticou um ato ilegal ela deve anular este ato para restabelecer a legalidade administrativa. Caso não o faça o interessado pode pedir ao judiciário averificação da ilegalidade do ato e declare a sua invalidade através da  anulação.
Súmula 346: A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos:
“O Supremo Tribunal já assentou que diante de indícios de ilegalidade, a Administração deve exercer seu poder-dever de anular seus próprios atos, sem que isso importe em contrariedade ao princípio da segurança jurídica. Nesse sentido, as súmulas 346 e 473 deste Supremo Tribunal: “A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos” (Súmula 346).”A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial” (Súmula 473).”
 
Revogação:
 
Revogação é o ato onde a administração pública retira o ato devido a sua inconveniência em relação ao interesse público. Ela pode ser total (ab-rogação) ou parcial (derrogação). O ato revogatório não retroage para atingir efeitos passados, ele apenas para de surtir efeito, ou seja, cessa as consequências do ato revogado.
A diferença principal da revogação e da anulação é a seguinte: A anulação extingue atos ilegais, já a revogação cancela um ato legítimo (sem defeito), mas que não é mais conveniente para a Administração Pública.
Fatos administrativos
É a ocorrência de um fenômeno com relação à Administração Pública. Fato jurídico, segundo os civilistas, é qualquer acontecimento da vida que tenha certa relevância para o Direito. A morte, por exemplo, é um fato jurídico relevante para o Direito e que tem importância para o mundo, pois modifica determinada situação.
Serviço público: Conceito
Serviço público é uma atividade desenvolvida com a participação do Estado. É a prestação de serviços que têm a finalidade de atender necessidades da sociedade. No serviço público sempre existe a participação do Estado no fornecimento dos serviços, ainda que de forma indireta.
A prestação de serviços públicos pelo Estado é garantida pela Constituição Federal de 1988 e os serviços são criados e fiscalizados pelo Estado, através dos seus governos.
Princípios do serviço publico
A prestação de serviço público deve seguir os seguintes princípios: eficiência, continuidade, segurança, regularidade, atualidade, generalidade/universalidade e modicidade tarifária.
Princípio da eficiência
Este princípio significa que os serviços públicos devem ser oferecidos aos cidadãos da maneira mais eficiente possível, tanto em relação à prestação do serviço como aos resultados obtidos.
Princípio da continuidade
Este princípio tem a função de garantir que os serviços públicos sejam prestados de forma contínua, sem interrupções. O princípio da continuidade é relacionado com a eficiência, ou seja, os serviços devem ser oferecidos de maneira contínua e com a maior qualidade possível.
Existem três situações de exceção para a continuidade de um serviço público: em situação de emergência, por problemas técnicos nas instalações ou por falta de pagamento do utilizador.
Princípio da segurança
O princípio da segurança tem a função de garantir que a prestação dos serviços públicos seja feita de maneira segura, sem colocar os seus usuários em risco.
Princípio da regularidade
A regularidade estabelece que o Estado tem a obrigação de promover a prestação de serviços públicos. O descumprimento desta obrigação por parte do Estado pode causar danos aos cidadãos que são usuários ou beneficiários de um serviço. Em alguns casos a ausência na prestação do serviço pode gerar ao Estado a obrigação de indenizar os usuários pelo serviço não prestado.
Princípio da atualidade
Este princípio tem a função de garantir que a prestação de serviço público deve acontecer de acordo com as mais modernas técnicas disponíveis.
Princípio da generalidade/universalidade
De acordo com este princípio os serviços públicos devem ser acessíveis a todos os cidadãos, sem restrições de acesso e sem discriminações. Os serviços prestados devem ser capazes de atingir a maior quantidade possível de pessoas. A generalidade e a universalidade para garantir a igualdade de acesso aos serviços públicos.
Princípio da modicidade tarifária
A modicidade tarifária significa que a prestação de um serviço público deve ser remunerada a preços acessíveis para garantir que os usuários do serviço não deixem de ter acesso a ele em razão de preços inacessíveis para o seu poder aquisitivo. As taxas cobradas pelos serviços oferecidos pelo Estado devem ser as mais baratas possíveis.
Princípio da cortesia
O princípio da cortesia é relacionado com o bom atendimento que deve ser prestado no serviço público. De acordo com este princípio, o atendimento a todos os usuários de um serviço público deve ser feito com educação (cortesia) e de modo adequado e respeitoso.
Características dos serviços públicos
São as principais características do serviço público:
são direcionados ao interesse coletivo,
existem para suprir necessidades dos cidadãos,
devem ser prestados pelo Estado ou por seus agentes autorizados,
devem trazer benefícios aos usuários.
Responsabilidade civil do Estado
O termo Responsabilidade civil do Estado é aplicado em todo caso onde há a necessidade do Estado de reparar danos causados ao terceiro por meio de sua máquina burocrática. A complexidade do aparato público, bem como sua magnitude, inevitavelmente acabam por provocar problemas de omissão, abuso no exercício de função além de outras falhas que acabam por atingir um terceiro.
De acordo com o falecido autor Hely Lopes Meirelles, as teorias concebidas em torno da responsabilidade do estado ante seus funcionários são as seguintes:
teoria da culpa administrativa: aqui, considera-se a culpa do Poder Público decorrente da sua inexistência, em casos onde ele deveria estar presente. É a ausência objetiva do serviço público em si.
teoria do risco administrativo: o Estado assume responsabilidade de cunho civil pelos atos comissivos ou omissivos de seus agentes. Nesta teoria, faz-se necessário o nexo de causalidade entre a conduta do agente e o dano que se pretende reparar.
teoria do risco integral: a Administração é invariavelmente responsável pelo dano que atinge terceiro, mesmo que a culpa seja decorrente deste mesmo terceiro, mesmo havendo dolo. É a orientação adotada pela atual constituição brasileira, ao abordar o tema responsabilidade civil do estado, surgindo nos artigos 5º, X e 37, § 6º,
Entende-se que os danos decorrentes de caso fortuito, força maior, atos judiciais e do Ministério Público não são considerados como de responsabilidade estatal, não sendo contemplados com os dispositivos aqui tratado.
Historicamente, já na Constituição do Império encontra-se a previsão da reparação de danos causados a terceiro pelo Estado devido à ação ou inação de seus agentes, mais precisamente no artigo 179, bem como na Constituição seguinte, a de 1891, em seu artigo 82, com a diferença do entendimento atual, que atribuía toda a responsabilidade ao funcionário causador do dano, não se incluindo o Estado na questão.
Nas Constituições de 1934 e 1937, muda-se a orientação seguida até então, pois a partir destas duas cartas magnas o estado responderá solidariamente ao funcionário pelo dano; aquele que sofria a lesão podia então mover uma ação indenizatória contra o Estado ou contra o servidor, ou então contra ambos. O Código Civil de 1916, no seu artigo 15, seguia uma orientação similar.
A figura da responsabilidade direta ou solidária do funcionário deixará de existir com a próxima carta, a de 1946, onde surge uma nova orientação para a matéria, que é a da responsabilidade objetiva do Estado, o que equivale dizer que agora este irá responder pelos danos de seus coligados. No caso de comprovada culpa exclusiva do funcionário, previa-se a possibilidade de ação regressiva contra este, ou seja, obrigado o Estado a reparar determinado dano decorrente de erro flagrante de um de seus componentes, este poderia promover posteriormente umaação contra o seu próprio agente.
A próxima Constituição, a de 1967, iria alargar tal conceito de responsabilidade estatal, passando a incluir também em seu documento os entes que compõem a administração pública no exterior, ficando os mesmos sujeitos às mesmas penalidades dos entes internos.
Com a Constituição de 1988, o tema irá assumir maior complexidade, pois além da ampliação prevista na Carta anterior, agora, estende-se a responsabilidade do estado às pessoas jurídicas de direito privado, prestadoras de serviços públicos, os não essenciais, por concessão, permissão ou autorização.
Regime Jurídico administrativo
Regime jurídico administrativo é o tratamento jurídico diferenciado dado pela lei à Administração Pública na busca do interesse público.
As bases do regime jurídico administrativos são:
* Prerrogativas: são vantagens, que têm por fundamento a supremacia do interesse público sobre o particular. Essas vantagens se materializam em vários institutos do direito administrativo, como o poder de polícia, e somente podem ser usadas de forma vinculada a atingir o resultado, qual seja, o interesse público;
* Sujeições: são limitações, deveres que, necessariamente, os agentes, órgãos e entidades da Administração devem respeitar. Essas sujeições equilibram as vantagens. Por exemplo: a Administração Pública pode desapropriar (vantagem), mas, se o fizer, deverá indenizar (sujeição).
O regime jurídico administrativo é concedido à Administração Pública, que faz as vezes de um gestor de interesses alheios, no caso dos interesses coletivos. Com base nisto, existe um paradigma: toda vez que a Administração Pública age, ela visa chegar ao interesse público, e, para tanto, a lei traz um princípio que fundamentará toda a sua atividade: é o princípio da supremacia do interesse público sobre o particular.
A supremacia decorre do resultado que a Administração deve alcançar, qual seja, o interesse público. Importa, ainda, para finalizar, lembrar que o regime jurídico administrativo é um regime de direito público.
Direito civil
Da personalidade e da capacidade
Personalidade e Capacidade é o assunto de Direito Civil que vamos tratar hoje.
A pessoa é o sujeito da relação jurídica.
Pessoa Natural – Pessoa dotada de personalidade e capacidade.
A luz do princípio da dignidade da pessoa humana, a pessoa natural, em hipótese alguma, pode ser reduzida à objeto da relação jurídica.
Pessoa Jurídica – também é sujeito das relações jurídicas, com a particularidade que a pessoa jurídica por ser também um objeto, que pode ser inclusive vendida.
Personalidade jurídica = Capacidade de direito ou capacidade de aquisição de direitos. Todo ser humano possui personalidade jurídica.
Para Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona, “Personalidade jurídica é a aptidão genérica para titularizar direitos e contrair obrigações. Ou, em outras palavras, é o atributo necessário para ser pessoa de direito”.
Assista ao vídeo com a dica do professor de Rodrigo Cavalheiro
Segundo Francisco Amaral, “Enquanto a personalidade é um valor, a capacidade é a projeção desse valor que se traduz em um quantum”. Atenção: Aqui a expressão “capacidade” é usada no sentido de capacidade de fato.
Quais são os tipos de capacidade?
Capacidade de direito – TODOS TÊM. é a personalidade jurídica, atributo do simples fato de ser humano.
Capacidade de fato – apenas ALGUNS TÊM.
A capacidade é PLENA quando a pessoa possui a capacidade de direito e a capacidade de fato.
A capacidade é LIMITADA quando a pessoa possui apenas a capacidade de direito, não possuindo, por sua vez, a capacidade de fato.
Dos direitos da personalidade
Os direitos da personalidade são direitos essenciais à proteção da dignidade da pessoa humana.
Por isso, fala-se que os direitos da personalidade são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana.
Neste sentido, o enunciado 274 da IV jornada de Direito Civil, disciplinou que “os direitos da personalidade, regulados de maneira não-exaustiva pelo Código Civil, são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º, inc. III, da Constituição (princípio da dignidade da pessoa humana). Em caso de colisão entre eles, como nenhum pode sobrelevar os demais, deve-se aplicar a técnica da ponderação“.
É interessante observar que a valorização da Dignidade da Pessoa Humana tem forte influência do Neoconstitucionalismo.
Fala-se em eficácia irradiante da Dignidade da Pessoa Humana.
Esse tema, contudo, será explicado oportunamente no tópico específico.
Agora, vou iniciar os Direitos da Personalidade explicando quais são as características dos direitos da personalidade.
 
Quais são as características dos Direitos da Personalidade? 
Vitalício
Os direitos da personalidade são vitalícios, ou seja, acompanham a pessoa durante toda a vida.
Isso não significa que os direitos da personalidade possam acompanhá-lo após a morte.
A morte põe fim a personalidade jurídica (art. 6° do CC/02), motivo pelo qual o de cujus não é sujeito de direitos.
Daí porque falamos que os direitos da personalidade NÃO são perpétuos, mas apenas vitalícios.
Absoluto
Na prática, isso significa que o titular do direito poderá exigir:
Que o Estado e toda a comunidade o respeite;
Que o Estado promova tais direitos.
O Estado e a coletividade, diante do direito da personalidade do indivíduo, deve assumir postura de abstenção/ tolerância. Entretanto, o Estado não deve ficar inerte.
A postura de abstenção do Estado ocorre para evitar a repressão de tais direitos.
Em paralelo, é também função do Estado promover os direitos da personalidade, tais como o direito à educação, à saúde, à igualdade, dentre outros.
Por isso os direitos da personalidade são oponíveis não apenas aos indivíduos, mas também ao Estado, que tem o dever de promovê-los.
Ilimitado
É preciso ter cuidado com o termo “ilimitado”.
A leitura fria pode levar o operador do direito a falsa conclusão de que os direitos da personalidade não tem limites.
Isso é um erro comum.
Em verdade, dos direitos da personalidade são ilimitados, pois apresentam-se de forma não exaustiva na legislação.
Por exemplo, o reconhecimento do estado de filiação é um direito da personalidade.
Neste sentido, “o reconhecimento do estado de filiação configura direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, que pode ser exercitado, portanto, sem nenhuma restrição, contra os pais ou seus herdeiros“. (STJ – AREsp: 1179890 SC 2017/0252143-5, Relator: Ministro MOURA RIBEIRO, Data de Publicação: DJ 16/12/2019)
Inato
Inato pode ser compreendido como algo que pertence ao ser desde o seu nascimento.
Em paralelo, pode ser compreendido também como algo que independe do próprio ordenamento jurídico.
O Direito admite as duas interpretações, sendo a última bastante defendida pelo jusnaturalismo.
É justamente essa característica (inato) que coloca os direitos da personalidade em posição ímpar no âmbito dos direitos privados.
Protegerem, desde o nascimento e independente do ordenamento, valores originários da pessoa humana e, também da pessoa jurídica, como a vida, a honra, a identidade, o segredo e a liberdade.
É preciso observar que, em regra, os direitos da personalidade nascem junto a pessoa, contudo, excepcionalmente, podem ser adquiridos (e.g. direito autoral).
Neste particular, é importante lembrar da discussão em torno da teoria concepcionista moderada e demais teorias que discutem o início da personalidade jurídica.
Também recomenda-se a leitura do artigo dedicado ao fim da personalidade jurídica.
Extrapatrimoniais
Os direitos da personalidade não comportam avaliação econômica.
Entretanto, além de poder postular para que cesse a ameaça (tutela inibitória), pode o ofendido postular pela reparação do dano moral (art. 5°, V, CF/88).
Esta reparação assume, inclusive, caráter educativo (preventivo) diante do ofensor.
Imprescritíveis
Falar pura e simplesmente que direitos da personalidade são imprescritíveis é fácil…
Mas você já parou para pensar o porquê???
O Código Civil esclarece que, violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual seextingue pela prescrição (art. 189 do CC/02).
A pretensão, por sua vez, pode ser compreendida como sendo o conteúdo do direito de ação.
A prescrição é, então, a perda do conteúdo do direito de ação.
Não é, ao contrário do que muitos defendem, a perda do direito de ação, já que o direito de ação é direito fundamental e, portanto, imprescritível (art. 5°, XXXV, CF/88)
Pois bem…
Já falamos, no tópico anterior, que os direitos da personalidade são inatos.
Podemos, por isso, defender que nascem junto ao ser humano e compõe sua própria existência.
Além disso, os direitos da personalidade são vitalícios, ou seja, acompanham o indivíduo até a morte.
Por isso, não faz sentido falar em prescrição dos direitos da personalidade.
Contudo, é preciso tomar cuidado com alguns detalhes…
Conforme esclareci no tópico anterior, o direito da personalidade não comporta avaliação patrimonial, muito embora seja possível pedir, na justiça, reparação pelo dano moral.
Uma coisa, portanto, é o pedido de reparação, ante a violação do direito da personalidade.
Outra, completamente diferente, é o pedido de proteção do direito da personalidade.
O pedido de reparação prescreve em 3 anos no Código Civil (art. 206, §3°, V, CC/02) e em 5 anos no Código de Defesa do Consumidor (art. 27 do CDC).
Todavia, o pedido que tem por objetivo a proteção dou reconhecimento da ofensa ao direito da personalidade não prescreve.
Aliás, o STJ expressamente reconheceu que a pretensão de reconhecimento de ofensa a direito da personalidade é imprescritível.
Intransmissíveis e Irrenunciáveis
Ao menos em tese, o que se pretende com essa característica é destacar que:
Os direitos da personalidade não podem ser transmitidos em vida ou após a morte;
Os direitos da personalidade são irrenunciáveis.
Entretanto, há uma série de debates em torno do tema.
Em primeiro lugar, o próprio art. 11 do Código Civil aponta, expressamente, que podem haver exceções na legislação:
Art. 11 do Código Civil: Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.
Desde já, então, é fácil perceber que nem todos os direitos da personalidade são irrenunciáveis e intransmissíveis.
Outro detalhe merece muita atenção…
O art. 11 do Código Civil esclarece, na parte final, que os direitos da personalidade não podem sofrer limitação voluntária.
O tema foi objeto de profundo debate na doutrina e legislação.
No programa de televisão denominado Big Brother, por exemplo, os participantes devem abrir mão da sua liberdade.
Pois bem…
Como harmonizar o art. 11 com essa situação (e outras semelhantes…), considerando que, voluntariamente, os participantes optam por abrir mão da liberdade.
Para resolver esse e outros debates, o enunciado 4 da I Jornada de Direito Civil do CJF esclareceu o seguinte: “o exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja permanente nem geral“.
Portanto, o exercício do direito da personalidade pode ser limitado voluntariamente, desde que de forma parcial e temporária.
Relativamente Indisponível
Como expliquei no tópico anterior, a intransmissibilidade e irrenunciabilidade são relativas, já que podem ser feitas de forma voluntária, desde que parcialmente e por prazo determinado, ou ainda, desde que previsto em lei.
Da mesma forma, a indisponibilidade também é relativa, já que não pode ser feita, em regra, de forma permanente e geral.
Evidente que há direitos indisponíveis, como, por exemplo, a disposição do próprio corpo.
Outros, contudo, podem ser cedidos.
Responsabilidade jurídica
Como previsto em lei, cada cidadão, além de direitos, tem deveres e responsabilidades. Desse modo, ao cometer um ato ilegal, está sujeito a penas de responsabilidade jurídica.
Ao mesmo tempo em que conta com amparo jurídico para as mais diversas situações do cotidiano, a pessoa também é responsável por ações que prejudiquem o meio em que vive. Entende-se qualquer ato ou comportamento que viole leis ou cause danos, seja de forma direta ou indireta.
A responsabilidade jurídica é um conjunto de normas que o cidadão deve cumprir. Ao agir em desacordo com as leis, está sujeito a penalidades, como pode ser a reparação dos danos causados, através de indenizações financeiras, ou até mesmo, por meio de detenção.
Dentro da área da responsabilidade jurídica há três divisões: civil, penal e administrativa. Cada uma delas é regida por diferentes normas e contempla distintas sanções à pessoa que descumprir o que está previsto.
Responsabilidade civil
A partir do momento em que uma pessoa danifica o patrimônio alheio, pode ser obrigada pela Justiça a reparar o prejuízo causado, inclusive se a ação for involuntária. Um exemplo seria um muro que cai e prejudica o comércio do vizinho. O objetivo não era causar danos, mas o dono do muro é responsável civilmente pelo o que ocorreu.
A responsabilidade civil é julgada de 3 formas:
dano emergente: quando o valor da indenização é igual ao dano causado;
dano cessante: quando a ação, além de causar danos materiais, também impossibilita a vítima de desenvolver outras tarefas, como abrir o comércio. Nesse caso, além de arcar com os custos de reforma, o responsável tem que pagar pelo lucro que o comerciante deixou de ter enquanto sua loja esteve fechada;
dano imaterial: ações civis que prejudiquem a moral, a honra, o psicológico e a imagem da vítima.
Responsabilidade penal
No caso da responsabilidade penal, as sanções previstas pela Justiça são punitivas e afetam diretamente o autor, com as sentenças de prisão, por exemplo. Entretanto, isso não impede que o juiz determine que a pessoa ainda arque com possíveis danos materiais e econômicos que tenha causado.
Na responsabilidade penal, o autor responde a crimes cometidos contra a vida, a liberdade, a honra e o patrimônio. Dependendo do teor da infração, a pena pode ser revertida em serviços comunitários ou multa, por exemplo. Entretanto, a decisão cabe ao juiz do caso.
Responsabilidade administrativa
Assim como no direito penal, a responsabilidade administrativa prevê ações condenatórias e punitivas ao indivíduo que cometer infrações. A intenção aqui é garantir que as regras e funções da Administração Pública sejam cumpridas nos níveis federal, estadual e municipal.
Em caso de as leis não serem cumpridas pelo servidor, seja ele concursado ou cargo de confiança, as punições são por meio de afastamento, multas e, inclusive, detenção.
Fato Jurídico
Conceito, espécies (fatos naturais e fatos humanos), atos jurídicos (ato jurídico strictu sensu, negócios jurídicos, ato-fato jurídico), prescrição extintiva e decadência.
Conceito
Fatos jurídicos são todos os acontecimentos (provindos da atividade natural ou humana) capazes de influenciar na órbita do direito por criar, modificar ou extinguir relações jurídicas. O instituto "fato jurídico" como um todo é chamado de "fato jurídico lato sensu".
Espécies
Fatos naturais (stricto sensu)
São os fatos que decorrem da ação da natureza. Exemplo: nascimento, morte, avulsão etc. Podem ser classificados em:
ordinários: como o nascimento e a morte, que constituem o termo inicial e final da personalidade, bem como a maioridade, o decurso do tempo, todos de grande importância, entre outros.
extraordinários: enquadram-se, em geral, na categoria do caso fortuito e da força maior: terremoto, raio, tempestade etc.
Fatos humanos (jurígeno ou ato jurídico): são os atos que decorrem da atividade humana, isto é, ações humanas que criam, modificam, transferem ou extinguem direitos. Exemplo: casamento, contrato etc. Podem se subdividir em:
lícitos: são aqueles em que o ordenamento jurídico permite que os efeitos almejados pelo agente decorram de seu ato. Em outras palavras, por estar de acordo com o ordenamento jurídico, o ato humano irá produzir efeitos na esfera jurídica.
ilícitos: são aqueles que por lhe faltar licitude, produzem EFEITOS diversos dos almejados por seu agente, ou seja, são atos contrários ao ordenamento jurídico (podendo ser aplicadaa responsabilidade civil - art. 186 a 188 c.c. art 927 do Código Civil).
Atos Jurídicos (fatos humanos)
Os atos jurídicos podem ser classificados em três diferentes espécies, a seguir:
Ato jurídico strictu sensu: é a simples manifestação da vontade que determina a produção de efeitos legalmente previstos. Não tem nenhum conteúdo negocial e tem como finalidade a mera realização da vontade do titular de um determinado direito. Ex.: pagamento, fixação de domicílio, reconhecimento de filho, entre outros.
Negócio jurídico: trata-se de uma declaração expressa de vontade dirigida à provocação de determinados efeitos jurídicos (com conteúdo negocial). Neste caso, temos a criação de um instituto jurídico especializado para a composição do interesse das partes, cuja finalidade é alcançar um objetivo aceito pela lei. O exemplo clássico dos negócios jurídicos são os contratos.
Ato-fato jurídico: "é o fato jurídico qualificado por uma atuação humana. No ato-fato jurídico não importa a intenção da pessoa que realizou o ato, tendo relevância apenas os efeitos que o ato produziu. Ex.: menor de idade comprando uma água", segundo preceitua André B. C. Barros.
Negócios jurídicos
Quando falamos de negócio jurídico, nos referimos a um ato que tem por finalidade a aquisição, modificação ou extinção do direito. Ele forma uma conduta de auto regramento de conduta das partes, com a intenção de satisfazer seus interesses.
É a declaração de vontade emitida em obediência aos seus pressupostos de existência, validade e eficácia, cujo propósito deve ser o de produzir efeitos lícitos
Como para quase todas as coisas, o negócio jurídico também exige alguns requisitos, tais como:
Agente capaz: O ideal é que haja um agente capaz, porém, quando houver um agente absolutamente incapaz, ele deverá ser representado por seu representante legal. Já quando o agente for relativamente incapaz, ele deverá ser assistido ao celebrar o negócio.
Objeto lícito: Deve-se estar em conformidade com a norma jurídica e também respeitar a moral e os bons costumes
Norma prevista (ou não proibida por lei): É simplesmente a liberdade das formas limitadas pela lei. Que é o acordo de vontades a respeito do negócio que se celebra, como citado no início do artigo.
Causa final: Se trata do motivo pelo qual as partes celebraram o negócio, devendo sempre ter a finalidade lícita.
Efeitos do negócio jurídico
Gera direitos e obrigações;
Obriga aquele que não cumpre com suas obrigações a pagar uma indenização por perdas e danos;
Confere o direito de ação judicial para a defesa dos direitos correspondentes; e
Transfere aos herdeiros os direitos decorrentes do negócio jurídico (salvo nos casos de natureza personalíssima).
Classificações do negócio jurídico
O negócio deve ser unilateral, bilateral ou plurilateral.
Negócio unilateral acontece quando há declaração de vontade de apenas uma das partes (ex: testamento). Ele pode ser receptício, que ocorre quando quem recebe o efeito sabe a intenção/vontade da outra parte (exemplo: oferta de recompensa), ou não receptício, quando não se sabe da vontade da outra parte;
Negócio bilateral ocorre com a declaração de vontade de ambas as partes, tendo efeitos no momento por elas determinadas enquanto vivas. E por fim,
Negócio Plurilateral se forma mediante associação de interesses em regime de comunhão de direitos.
Quanto à titularidade, pode ser inter vivos, se for celebrado e tiver efeitos durante a vida de ambas as partes, ou mortis causa, formado pela declaração de uma das partes e com efeitos apenas após a sua morte, desde que ocorra aceitação pela outra parte.
Quanto à onerosidade. O negócio pode ser oneroso (há contraprestação), gratuito (apenas uma das partes tem vantagem patrimonial), neutro (sem alguma vantagem ou desvantagem para as partes) ou bifronte (quando o negócio se inicia oneroso e por fim acaba sendo gratuito, ou vice versa) dependendo se há disposição patrimonial de ambas as partes ou não.
Quanto à forma. O Negócio pode ser formal, se tiver que adotar a forma prevista em lei para ter validade, e informal, cabendo apenas às parte estabelecerem livremente a forma a ser adotada.
Vícios: Erro, dolo, culpa e coação.
Conceito de Erro
No Direito Civil, o erro é conceituado como um engano fático, uma falsa percepção da realidade onde o agente engana-se sozinho, pois, quando se é induzido em erro pela outra parte ou por terceiro, há o dolo.
Por ser difícil a produção de provas contra o erro, poucas são as ações anulatórias demandadas em juízo, tendo em vista que, para se demonstrar o erro é necessário acessar o íntimo do autor a fim de saber oque se passou em sua mente no momento da celebração do negócio.
Para que um negócio jurídico seja anulado por erro, é necessário que este seja:
Substancial: incide sobre a causa do negócio que se prática e sem o qual este não teria se realizado. Como por exemplo no caos em que uma pessoa compra um brinco achando que é de prata, mas na verdade é de bijuteria.
Escusável: a conduta adotada pelo agente deve ser baseada no padrão do homem médio. Aqui compara-se a conduta tomada com a média das outras pessoas, faz-se a seguinte pergunta: O que a maioria das pessoas fariam se estivessem em uma situação como essa? e
Real: o erro deve ter causado prejuízo concreto ao interessado.
Importante destacar que, embora o erro seja um vício no negócio jurídico, o Código Civil prevê a hipótese de seu convalescimento, isso quer dizer que, caso o erro não cause qualquer prejuízo ao negócio firmado entre as partes, esse poderá ser ”esquecido” sem causar qualquer anulabilidade.
Diz o artigo 144 do Código Civil Diz o artigo 144 do Código Civil “Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante.”
Conceito de Dolo
O Código Civil não estabelece um conceito preciso de dolo, indicando apenas as hipóteses de negócios jurídicos que são anuláveis por ele. Assim, ficou a cargo da doutrina definir um conceito para tal instituto.
Dessa forma, dolo para o direito civil diz respeito a artifícios ou manobras de uma pessoa que, por meio delas, visa induzir outra em erro com a intenção de conseguir vantagem para si ou para outro na realização do negócio jurídico.
Não se pode confundir o erro com o dolo, pois o erro, o equívoco se forma espontaneamente pela própria pessoa que interpretou mal determinada situação, enquanto que o dolo é induzido por alguém que deseja obter vantagem.
O silêncio intencional de uma das partes sobre fato relevante ao negócio também constitui dolo.
Conceito de Coação
A coação é caracterizada quando há a pressão de ordem moral e psicológica por meio de ameaças de mal sério e grave, que poderão atingir o agente, membro da família ou a qualquer outra pessoa ou coisa, para que o agente pratique determinado negócio jurídico.
A coação pode ser:
Absoluta; ou Relativa
Na coação absoluta, coação física ou vis absoluta, não há vontade, pois trata-se de violência física que retira todas as hipóteses de escolha ao coagido.
Neste caso a coação retira completamente a manifestação de vontade, o que acaba tornando o negócio jurídico inexistente. Imagine a hipótese em que um homem com arma de fogo, diz para uma senhora idosa assinar determinados documentos, e que, se ela não assinar, ele mata ela e seus netos.
Nota-se que, nesta espécie de violência não há ao coagido liberdade de escolha, pois tal liberdade passa a ser mero instrumento nas mãos do coator. Aqui há a nulidade absoluta do negócio jurídico.
A coação relativa, moral ou vis compulsiva é exercida contra o psicológico ou a vontade íntima da parte, mas, contudo, sem eliminar por completo a vontade, restando-lhe a opção entre praticar o negócio jurídico ou correr o risco de sofrer os efeitos da ameaça feita.
Para que se verifique a coação relativa, tornando anulável o negócio jurídico, são exigidos os seguintes requisitos:
a) deve ser causa determinante do negócio;
b) grave;
c) injusta;
d) dizer respeito aodano atual e iminente;
e) a ameaça de prejuízo à pessoa ou a bens da vítima ou a pessoa de sua família.
Relações de parentesco
Vocês já se depararam que em um churrasco de família sempre dizem "lembra do primo de segundo grau, aquele que casou com a fulana de tal" Pois bem, o tema de hoje é justamente informar os graus de parentesco para não ficar feio no churrasco!
O parentesco natural e consanguíneo é o parentesco que liga as pessoas umas as outras pelo mesmo sangue entre pessoas do mesmo tronco em comum. O grau de parentesco se estende até o 4º grau em linha reta e colateral.
Art. 1.592. “São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra.”
Se dividem em:
Parentesco na linha reta: são as pessoas que estão ligadas pelo mesmo sangue através da ascendência e descendência. (Art. 1.591). 1º Grau: pais. 2º Grau: avós. 3º Grau: bisavós. 4º Grau: trisavós.
Art. 1.594. “Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de gerações, e, na colateral, também pelo número delas, subindo de um dos parentes até ao ascendente comum, e descendo até encontrar o outro parente.”
Parentesco na linha colateral: são parentes na linha colateral até o 4º grau as pessoas que advém de um tronco em comum, sem descenderem uma das outras. 1º Grau: na linha colateral não há parentes de primeiro grau; 2º Grau: irmãos; 3º Grau: tios e sobrinhos; 4º Grau: tios-avós, primos e sobrinhos-netos;
Parentesco por Afinidade: São constituídos com o casamento ou união estável e se limitam aos ascendentes, descendentes e irmãos do cônjuge. Em linha reta: sogros, genro e nora. Em linha colateral: cunhados.
Art. 1.595. “Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade. § 1o O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. § 2o Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável.”
***Obs: não há possibilidade de futuro vínculo matrimonial com os parentes por afinidade em linha reta caso haja a dissolução do casamento ou união estável, o mesmo não se aplica aos colaterais (cunhados), mas na linha reta não, ou seja, sogra e enteado é para sempre!
Direito Constitucional
Conceito
O direito constitucional é um ramo do direito público voltado ao estudo das normas constitucionais.
As normas constitucionais são o conjunto de regras e princípios que constam de forma implícita ou explícita na Constituição de um país. Nesse sentido, a Constituição é o documento mais importante de um Estado pois delimita as funções, os poderes e a organização da entidade política.
No Brasil, o direito constitucional estuda o conteúdo da Constituição Federal de 1988, que é dividida em nove títulos:
Dos princípios fundamentais
Dos direitos e garantias fundamentais
Da organização do Estado
Da organização dos poderes
Da defesa do Estado e das instituições democráticas
Da tributação e do orçamento
Da ordem econômica e financeira
Da ordem social
Das disposições constitucionais gerais
Além do texto literal da constituição, o direito constitucional analisa o histórico das constituições de um país, a doutrina, súmulas dos tribunais superiores e qualquer produção legal que tenha impactos constitucionais.
Por ser a base do sistema jurídico, o direito constitucional funciona como parâmetro para todos os ramos do direito, devendo esses se adequarem a ele, sob risco de inconstitucionalidade.
Princípios fundamentais 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
        I -  homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
        II -  ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
        III -  ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
        IV -  é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
        V -  é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
        VI -  é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
        VII -  é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
        VIII -  ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
        IX -  é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
        X -  são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
        XI -  a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
        XII -  é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
        XIII -  é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
        XIV -  é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
        XV -  é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
        XVI -  todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
        XVII -  é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
        XVIII -  a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
        XIX -  as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
        XX -  ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
        XXI -  as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
        XXII -  é garantido o direito de propriedade;
        XXIII -  a propriedade atenderá a sua função social;
        XXIV -  a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
        XXV -  no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
        XXVI -  a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
        XXVII -  aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos

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