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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Nathália Helena Fernandes Laffin Visão integrada das demonstrações contábeis Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar a integração do balanço patrimonial, da demonstração do resultado do exercício e da demonstração do fluxo de caixa. Especificar os efeitos das principais decisões nas demonstrações contábeis. Aplicar as análises horizontal e vertical para a interpretação da situação econômica e financeira das empresas. Introdução As demonstrações contábeis apresentam informações úteis e fidedignas que refletem as operações realizadas pelas entidades em determinado período. Cada uma delas apresenta suas finalidades próprias e permite compreender a situação econômica e financeira das entidades. Os usuários das informações contábeis precisam conhecer cada uma das demonstra- ções, bem como compreender como a análise conjunta pode fornecer informações úteis para o alcance de seus diferentes objetivos. Portanto, as demonstrações contábeis são ferramentas imprescindíveis para a avaliação e o planejamento futuro, uma vez que permitem a identificação de riscos e potencialidades de retorno da entidade. Neste capítulo, você estudará a integração do balanço patrimonial, da demonstração do resultado do exercício (DRE) e da demonstração do fluxo de caixa (DFC), conhecerá os efeitos das principais decisões nas demonstrações contábeis e aprenderá como aplicar as análises horizontal e vertical para a interpretação da situação econômica e financeira das empresas. Integração das demonstrações contábeis As demonstrações contábeis representam os efeitos patrimoniais e fi nancei- ros, o desempenho e o fl uxo de caixa da entidade de maneira estruturada e simplifi cada aos usuários das informações (acionistas, sócios, administradores, funcionários, consumidores, fornecedores e instituições fi nanceiras). Elas fornecem informações fi dedignas e relevantes para a análise e a avaliação na tomada de decisão, visando ao atendimento das necessidades de todos os interessados. A administração da entidade é responsável pela elaboração das demonstrações contábeis, que devem estar em conformidade com as normas contábeis vigentes e a estrutura conceitual. De acordo com o item 10 da NBC TG 26 (Resolução CFC nº. 1.185, de 28 de agosto de 2009), o conjunto completo das demonstrações contábeis consiste em (CFC, 2009): balanç o patrimonial ao final do perí odo; demonstraç ã o do resultado do perí odo; demonstraç ã o do resultado abrangente do perí odo; demonstraç ã o das mutaç õ es do patrimô nio lí quido do perí odo; demonstraç ã o dos fluxos de caixa do período; demonstração do valor adicionado do período, se exigido legalmente ou apresentado de forma voluntária; notas explicativas, compreendendo um resumo das políticas contábeis significativas e outras informações explanatórias; balanço patrimonial no início do período mais antigo, comparativa- mente apresentado, quando a entidade aplica uma política contábil retroativamente ou procede à reapresentação de itens das demonstrações contábeis, ou, ainda, quando procede à reclassificação de itens de suas demonstrações contábeis. Além disso, as empresas publicam as notas explicativas, as quais compre- endem o resumo das políticas contábeis significativas e outras informações relevantes. Visão integrada das demonstrações contábeis2 De acordo com Borinelli e Pimentel (2017), as demonstrações contábeis são resultantes do processo contábil, que consiste em: colher dados referentes às transações realizadas pela entidade por meio de docu- mentação comprobatória; analisar, mensurar e registrar as transações em conformidade com a estrutura conceitual e as normas contábeis; gerar relatórios que contenham informações contábeis decorrentes dos processos anteriores; divulgar as demonstrações contábeis aos diferentes usuários, atendendo às exi- gências legais. Apesar de as demonstrações contábeis apresentarem finalidades diferentes, elas se complementam e são consistentes entre si; ou seja, é possível associar os dados de uma demonstração contábil com as outras. O balanço patrimonial é a demonstração que serve como base para a elaboração das demais. De acordo com Borinelli e Pimentel (2017), a partir dele, cada uma das demonstrações contábeis acrescenta outros aspectos na evidenciação, permitindo aos usuários uma visão detalhada e completa sobre a entidade. De acordo com o art. 178 da Lei nº. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, o balanço patrimonial tem como função evidenciar, de forma qualitativa e quantitativa, a situação patrimonial e financeira da entidade (BRASIL, 1976). Sua posição é estática, pois apresenta o patrimônio da companhia em um determinado período. O balanço patrimonial é composto por ativo, passivo e patrimônio líquido. No grupo do ativo, tem-se os bens e direitos da entidade, e as aplicações de recurso estão à disposição da entidade. O grupo do balanço passivo representa as obrigações e as origens de recursos da entidade, e o patrimônio líquido constitui o capital próprio da entidade. Dentro do balanço patrimonial ativo, tem-se o ativo circulante, que corres- ponde às disponibilidades financeiras, aos bens e aos direitos realizáveis até o fim do exercício seguinte, dos quais, de acordo com o CPC 26 (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2011), espera-se que: sejam realizados, vendidos ou consumidos durante o ciclo operacional da entidade; estejam mantidos com a finalidade de negociação; 3Visão integrada das demonstrações contábeis que sejam realizados até 12 meses após a data de encerramento do balanço patrimonial; estejam em caixa e equivalente de caixa. Entende-se por caixa o dinheiro em papel-moeda (numerário em espécie) e os depósitos bancários de livre movimentação. Os equivalentes de caixa constituem os valores financeiros de disponibilidade imediata (no máximo, 3 meses de resgate) e de alta liquidez, que estão sujeitos a um insignificante risco de mudança de valor, como aplicações financeiras e aplicações ban- cárias, por exemplo. Como o balanço patrimonial é um relatório estático, não é possível compreender a evolução do caixa e equivalente de caixa entre os períodos. Assim, a DFC, que pertence à dinâmica patrimonial, complementa o balanço patrimonial, apresentando e explicando as variações ocorridas no caixa e equivalente de caixa. A DFC permite que os usuários das demonstrações contábeis avaliem a capacidade de geração de caixa e equivalente de caixa, o tempo e o grau de segurança de geração dos recursos financeiros e a necessidade de liquidez da companhia. O balanço patrimonial passivo constitui os recursos consumidos pela entidade para a geração de fluxo de caixa futuros. Ou seja, compreende as origens de recursos representadas pelas obrigações da entidade (SANTOS et al., 2015). De acordo com o CPC 26 (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2011), o patrimônio líquido constitui o interesse residual nos ativos da entidade após a dedução de todos os passivos. Por esse motivo, ele deve evidenciar os valores resultantes de ajuste de avaliação patrimonial decorrentes da avaliação de ativos e passivos a valores de mercado. Vale ressaltar também que o patrimônio líquido corresponde ao valor de mercado das ações da entidade ou ao montante decorrente de possível venda dos seus ativos líquidos ou da entidade como um todo, considerando-se o princípio de continuidade (BORINELLI; PIMENTEL, 2017). Assim, pode-se dizer que o patrimônio líquido pode ser considerado o montante de recursos que pode ser reivindicado pelos acionistas ou quotistas. De maneira geral, o patrimônio líquido é composto por: recursos próprios dos acionistas ou quotistas decorrentes de investimen- tos realizados para a obtenção de ações, quotas ou outras participações (capital social); evolução natural da entidade que acarretaa geração de lucros ou pre- juízos no exercício. Visão integrada das demonstrações contábeis4 A Lei nº. 11.638, de 28 de dezembro de 2007, determinou que não mais existirá a conta “lucros ou prejuízos acumulados”, que compunha anteriormente o patrimônio líquido das entidades (BRASIL, 2007). A partir dessa lei, a conta “prejuízos acumulados” está prevista nesse grupo do balanço patrimonial. O lucro do período deverá ser destinado como reserva, aumento de capital social ou distribuição de dividendos. A geração de lucros ou prejuízos no exercício apresentada no patrimônio líquido advém da DRE, a qual confronta as receitas, os custos e as despesas apurados, segundo o regime de competência, evidenciando o resultado líquido (lucro ou prejuízo) da entidade. Portanto, a DRE é uma demonstra- ção completa que tem por finalidade mostrar o desempenho (resultado) da entidade em determinado período. De acordo com a legislação, a maioria das entidades deve elaborar e di- vulgar seus resultados, no mínimo, uma vez ao ano. Para as companhias de capital aberto, é obrigatória a apresentação a cada trimestre. Entretanto, sob o ponto de vista gerencial, as entidades costumam apurar e acompanhar seus resultados mensalmente. Para os gestores, é vital o conhecimento da natureza dos seus gastos e das suas receitas para a melhor tomada de decisão, a fim de maximizar o desempenho organizacional. Se a entidade apurar lucro líquido, ela poderá distribuí-lo por meio de dividendos aos acionistas no exercício social. Assim, nessa transação, a conta “dividendos a pagar” terá efeito no passivo circulante da entidade (balanço patrimonial). Efeitos das principais decisões nas demonstrações contábeis Conhecer a estrutura das demonstrações contábeis é tão importante quanto compreender as principais decisões que os usuários das informações poderão obter por meio delas. Sabe-se que essas demonstrações apresentam diferentes 5Visão integrada das demonstrações contábeis fi nalidades e que, ao mesmo tempo, elas se complementam, pois os dados informados no balanço patrimonial estão também presentes na DRE e na DFC. Por esse motivo, recomenda-se a análise dessas demonstrações de maneira conjunta, e não de forma isolada. Antes de analisar as demonstrações contábeis, os usuários devem conhecer detalhadamente o negócio e o mercado de atuação da entidade. Esses fatores contribuem para uma melhor avaliação nas decisões tomadas de investimento e de financiamento. O balanço patrimonial mostra a situação patrimonial e financeira da enti- dade. Por meio dessa demonstração, o usuário conhece todos os bens, direitos e obrigações, conhecendo a posição patrimonial da entidade em determinado período. Ou seja, pode-se visualizar como a entidade distribui seus recursos entre os ativos (circulante ou não circulante). Dependendo do setor, a entidade pode ter alto valor em imobilizado, no entanto, outras setores podem apresentar alto valor no ativo realizável a longo prazo. Por meio do balanço patrimonial, o usuário pode avaliar a estrutura de capital da entidade: terceiros (passivo) e capital próprio (patrimônio líquido). Com base na sua distribuição, é possível avaliar o endividamento da companhia. Ou seja, consegue-se identificar a dependência de recursos de terceiros ou de capital próprio para a aquisição de recursos. Se a entidade utilizar capital de terceiros, os usuários podem conhecer a composição dos vencimentos dos recursos de terceiros (curto ou longo prazo). Decisões inadequadas de estrutura de capital podem acarretar um alto custo de capital, o que tornaria difícil a escolha de investimentos aceitáveis. Uma boa gestão tem por objetivo a diminuição do custo de capital da entidade, visando a encontrar facilmente investimentos aceitáveis que maximizem a riqueza dos proprietários (sócios e acionistas). Visão integrada das demonstrações contábeis6 A análise do balanço patrimonial permite conhecer a capacidade de pa- gamento da entidade, isto é, se há condições financeiras de cumprir os com- promissos assumidos, bem como se há equilíbrio financeiro e necessidade de investimento em capital de giro. O capital de giro consiste nos recursos que serão utilizados para suprir as necessidades financeiras da entidade ao longo do tempo. Esses recursos se encontram no caixa, nas contas a receber, no estoque, etc. Pode-se dizer que são os montantes necessários para que as atividades da empresa ocorram. A DRE mensura o desempenho da entidade em um determinado período. Assim, os usuários podem verificar se a geração de resultados (positivos ou negativos) são consistentes ao longo do tempo. A partir da DRE, é possível verificar as contas (receitas, custos e despesas) que impactaram no resultado líquido do período. Os percentuais de custos e despesas em relação às receitas são mensurados, a fim de identificar os maiores gastos ocorridos no exercício e buscar maneiras de minimizá-los. Dessa forma, a entidade consegue otimizar o desempenho da entidade. As empresas que possuem diferentes unidades de negócio podem, por meio da DRE, compreender a origem da receita (natureza do produto ou do serviço). Ademais, se estão localizadas em diferentes localidades, conseguem identificar as áreas com maiores ou menores receitas. É importante ressaltar que determinados setores são impactados pela sazonalidade. Assim, por meio da DRE, consegue-se visualizar as oscilações do resultado ao longo do tempo. A DRE permite, portanto, avaliar se a maior parte do resultado da entidade é originária das atividades fins (venda de produtos ou prestação de serviços) ou de outras atividades, como, por exemplo, venda de ativo imobilizado e receita de equivalência patrimonial. Outra informação que a entidade e os usuários conseguem analisar por meio da DRE é o montante de impostos que incidiram sobre a receita e o resultado. A carga tributária ainda é um valor considerado alto pelas entidades, sendo responsável pela redução de margem destas. 7Visão integrada das demonstrações contábeis A estrutura da DRE permite a análise de diferentes níveis de resultados (bruto, operacional e líquido). A margem bruta representa o resultado imediato da entidade com suas atividades. Nesse nível, o usuário pode identificar a representatividade dos custos das mercadorias ou dos ser- viços prestados. A margem operacional mede o resultado operacional da entidade. Aqui, é possível avaliar o montante das despesas realizadas no período, ou seja, como elas impactaram sobre a receita líquida. Por último, a margem líquida compreende o resultado líquido da entidade após a dedução dos impostos e dos tributos. Em geral, os investidores analisam essa margem, pois entidades que apresentam excelentes resultados podem gerar altos retornos. O usuário pode combinar os dados apresentados no balanço patrimonial com a DRE, e, por meio dessas demonstrações, os acionistas e sócios analisam a relação entre a rentabilidade e os recursos (ativo e patrimônio líquido) da entidade. Isso permite que eles mensurem o grau, de modo a saber se receberão alguma remuneração em relação aos recursos aplicados. A administração das entidades precisa controlar e otimizar o seu ciclo empresarial (desde o processo de gestão de estoques até a concessão de crédito aos clientes decorrente das vendas dos produtos ou serviços). Assim, eles utilizam tanto a DRE como o balanço patrimonial para mensurar indicadores de atividade. Com isso, eles conseguem gerenciar as oscilações ocorridas no capital de giro da entidade. A DFC permite que os usuários avaliem se a capacidade de geração de recursos financeiros da entidade é consistente ao longo do tempo e se a entidade está consumindo mais caixa, em vez de gerar. Além disso, por meio dela é possível compreender as atividades (operacional, financeira e de investimento) que estão gerando ou consumindo caixa e equivalentes de caixa da entidade. Ou seja, por meio da DFC, é possível ver o potencial de geraçãode caixa futuro para saldar compromissos com terceiros, pagar dividendos e sanar empréstimos obtidos. Desse modo, a DFC permite que os usuários avaliem o valor presente dos fluxos futuros de caixa. Além disso, em conjunto com as demonstra- ções contábeis, ajuda a analisar as mudanças nos ativos líquidos de uma entidade e a calcular a taxa de conversão de lucro em caixa, bem como sua Visão integrada das demonstrações contábeis8 estrutura financeira (liquidez e solvência) e sua capacidade para modificar valores e prazos dos fluxos de caixa, permitindo adaptação às mudanças e oportunidades (SANTOS; SCHMIDT, 2011). A DRE mostra a eficiência operacional de uma entidade sob o regime de competência, independentemente das entradas e saídas de caixa. A DFC mostra a eficácia operacional de uma entidade sob o regime de caixa. Dessa forma, ao analisar as duas demonstrações, o usuário verifica o estado financeiro da entidade sob os dois regimes. Aplicação das análises horizontal e vertical para a interpretação da situação econômica e financeira da empresa Para auxiliar os usuários na análise das demonstrações contábeis, podem ser aplicadas técnicas para compreender as tendências de uma conta ou grupo de contas de maneira rápida e simples, a fi m de compará-las entre si e entre diferentes exercícios. Essas técnicas são as chamadas análises horizontal e vertical. A análise horizontal é uma técnica para examinar a evolução histórica dos valores que compõem o patrimônio da entidade e evidenciar a relação de cada conta das demonstrações contábeis em períodos consecutivos. A comparação é feita por meio da visão horizontal dos percentuais ao longo dos períodos nas demonstrações. Para a análise horizontal, estabelece-se uma base de referência (período inicial em relação ao final), considerando o exercício das contas consideradas na análise. Para o cálculo do percentual, utiliza-se a seguinte fórmula: Análise horizontal % = [(Valor da conta final (ano 2)/Valor da conta inicial (ano 1)) – 1] × 100 9Visão integrada das demonstrações contábeis Exemplo 1 Uma companhia industrial apresentou o seguinte balanço patrimonial no ano 2, em reais (Quadro 1): Ano 1 Ano 2 Análise horizontal Ativo 31.200 35.500 13,78% Circulante 21.900 24.490 11,83% Disponível 5.350 6.400 19,63% Duplicatas a receber 6.950 7.200 3,60% Estoque 9.600 10.890 13,44% Não circulante 9.300 11.010 18,39% Realizável em longo prazo 1.260 1.480 17,46% Investimento 2.380 3.570 50,00% Imobilizado 3.720 4.460 19,89% Intangível 1.940 1.500 −22,68% Passivo + patrimônio líquido 31.200 35.500 13,78% Circulante 5.660 6.320 11,66% Fornecedores 2.630 2.720 3,42% Impostos a recolher 1.420 1.740 22,54% Salários a pagar 1.610 1.860 15,53% Não circulante 5.800 4.200 –27,59% Empréstimos e financiamentos 5.800 4.200 –27,59% Patrimônio líquido 19.740 24.980 26,55% Capital social 14.800 14.800 0,00% Reservas de lucros 4.940 10.180 106,07% Quadro 1. Balanço patrimonial referente ao Exemplo 1 Visão integrada das demonstrações contábeis10 Com base no balanço patrimonial acima, pode-se exemplificar o cálculo das seguintes contas (Quadro 2): Ativo Ano 1 Ano 2 Análise horizontal Disponível 5.350 6.400 [(6.400/5.350) – 1] × 100 = 19,63% Duplicatas a receber 6.950 7.200 [(7.200/6.950) – 1] × 100 = 3,60% Estoque 9.600 10.890 [(10.890/9.600) – 1] × 100 = 13,44% Quadro 2. Cálculo das contas referentes ao Exemplo 1 A análise horizontal permite ver as maiores oscilações nas contas e nos grupos de contas. Diante das informações fornecidas pelo balanço patrimonial, o usuário pode perceber que houve aumento no ativo circulante, em virtude do crescimento do disponível (19,63%) e dos estoques (13,44%). Houve também crescimento no ativo não circulante, em consequência do aumento de 50% em investimentos e 19,89% no ativo imobilizado. Vale ressaltar que, apesar do crescimento do ativo não circulante, o intangível diminuiu 22,68%, que pode ter sido amortizado ou vendido. Sobre o passivo, observa-se aumento de 11,66% no passivo circulante e redução de 27,59% no passivo não circulante. No passivo circulante, há aumento de impostos a recolher de 22,54% e 15,53% em salários a pagar. Pode-se inferir que a redução do passivo não circulante ocorreu devido à amortização do empréstimo de longo prazo. O aumento de 26,55% no patrimônio líquido deve-se ao aumento das reservas de lucros de 106,07%. A empresa também apurou a seguinte DRE no ano 2, em reais (Quadro 3): Demonstração do resultado do exercício Ano 1 Ano 2 Análise horizontal Receita operacional líquida 75.000 106.000 41,33% (–) Custo das mercadorias vendidas (36.000) (55.120) 53,11% (=) Resultado bruto 39.000 50.880 30,46% (–) Despesas comerciais (12.000) (18.160) 51,33% Quadro 3. DRE referente ao Exemplo 1 (Continua) 11Visão integrada das demonstrações contábeis Com base na DRE acima, pode-se exemplificar o cálculo das seguintes contas (Quadro 4): Demonstração do resultado do exercício Ano 1 Ano 2 Análise horizontal Receita operacional líquida 75.000 106.000 [(106.000/75.000) – 1] × 100 = 41,33% (–) Custo das mercadorias vendidas (36.000) (55.120) [(55.120/36.000) – 1] × 100 = 53,11% (=) Resultado bruto 39.000 50.880 [(50.880/39.000) – 1] × 100 = 30,46% Quadro 4. Cálculo das contas referentes ao Exemplo 1 Pode-se verificar, por meio da da análise horizontal da DRE do ano 2, que houve aumento de 41,33% na receita operacional líquida e de 53,11% no custo das mercadorias vendidas. As despesas comerciais tiveram um aumento (51,33%), assim como as despesas gerais e administrativas (42,71%). Houve Demonstração do resultado do exercício Ano 1 Ano 2 Análise horizontal (–) Despesas gerais e administrativas (14.000) (19.980) 42,71% (–/+) Outras receitas e despesas (7.640) (6.760) –11,52% (=) Resultado antes das receitas e despesas financeiras 5.360 5.980 11,57% (–) Despesa financeira (4.000) (5.000) 25,00% (+) Receita financeira 5.000 6.000 20,00% = Resultado antes do Imposto de Renda e da Contribuição Social 6.360 6.980 9,75% (–) Despesa com IR e CSLL (1.420) (1.740) 22,54% (=) Lucro líquido do exercício 4.940 5.240 6,07% Quadro 3. DRE referente ao Exemplo 1 (Continuação) Visão integrada das demonstrações contábeis12 uma redução de 11,52% em outras receitas e despesas e um aumento de 22,54% na despesa com IRRJ e CSLL, em virtude do aumento do resultado antes dos impostos. Portanto, a empresa aumentou seu resultado líquido em 6,07%. A análise vertical tem por objetivo determinar o percentual de cada conta em relação ao todo que ela faz parte. No balanço patrimonial, a base é o ativo total e o total do passivo e do patrimônio líquido, e, na DRE, receita operacional líquida. Essa análise envolve uma visão de cima para baixo nas colunas das demonstrações, indicando resultados em efeito cascata. Observe que a análise vertical apresenta o quanto cada conta é importante em relação à demonstração financeira à qual pertence. Ao comparar percentuais da própria entidade em períodos anteriores, o usuário consegue inferir se há contas com proporções anormais. A análise vertical pode ser calculada da seguinte forma: Análise vertical = (Conta desejada/conta base) × 100 Exemplo 2 Uma companhia industrial apresentou o seguinte balanço patrimonial no ano 2, em reais (Quadro 5): Ano 1 Análise vertical Ano 2 Análise vertical Ativo 31.200 100,00% 35.500 100,00% Circulante 21.900 70,19% 24.490 68,99% Disponível 5.350 17,15% 6.400 18,03% Duplicatas a receber 6.950 22,28% 7.200 20,28% Estoque 9.600 30,77% 10.890 30,68% Não circulante 9.300 29,81% 11.010 31,01% Realizável em longo prazo 1.260 4,04% 1.480 4,17% Investimento 2.380 7,63% 3.570 10,06% Imobilizado 3.720 11,92% 4.460 12,56% Intangível 1.940 6,22% 1.500 4,23% Quadro 5. Balanço patrimonial referente ao Exemplo 2 (Continua) 13Visão integrada das demonstrações contábeis Com base no balanço patrimonial acima, pode-se exemplificar o cálculo das seguintescontas (Quadro 6): Ano 1 Análise vertical Ano 2 Análise vertical Ativo 31.200 100,00% 35.500 100,00% Circulante 21.900 (21.900/31.200) × 100 = 70,19% 24.490 (24.490/35.500) × 100 = 68,99% Disponível 5.350 (5.350/31.200) × 100 = 17,15% 6.400 (6.400/35.500) × 100 = 18,03% Duplicatas a receber 6.950 (6.950/31.200) × 100 = 22,28% 7.200 (7.200/35.500) × 100 = 20,28% Estoque 9.600 (9.600/31.200) × 100 = 30,77% 10.890 (10.890/35.500) × 100 = 30,68% Quadro 6. Cálculo das contas referentes ao Exemplo 2 Ano 1 Análise vertical Ano 2 Análise vertical Passivo + patrimônio líquido 31.200 100,00% 35.500 100,00% Circulante 5.660 18,14% 6.320 17,80% Fornecedores 2.630 8,43% 2.720 7,66% Impostos a recolher 1.420 4,55% 1.740 4,90% Salários a pagar 1.610 5,16% 1.860 5,24% Não circulante 5.800 18,59% 4.200 11,83% Empréstimos e financiamentos 5.800 18,59% 4.200 11,83% Patrimônio líquido 19.740 63,27% 24.980 70,37% Capital social 14.800 47,44% 14.800 41,69% Reservas de lucros 4.940 15,83% 10.180 28,68% Quadro 5. Balanço patrimonial referente ao Exemplo 2 (Continuação) Visão integrada das demonstrações contábeis14 Por meio da análise vertical da empresa, pode-se perceber que, no ano 1, o ativo circulante representa 70,19% sobre o ativo total, composto por 30,77% do estoque, 22,28% das duplicatas a receber e 17,15% de disponível. No ano 2, o ativo circulante ainda apresenta uma participação (68,99%) representativa em relação ao ativo total, e suas contas praticamente mantiveram a distribuição apresentada no ano 1. O ativo não circulante é responsável por 28,91% sobre o ativo total, e pode-se dizer que o imobilizado possui o maior percentual (11,92%). No ano 2, esse grupo não apresenta aumento considerável, entretanto, observa-se o aumento dos investimentos e pode-se afirmar que o imobilizado mantém a sua distribuição. No ano 1, o passivo circulante representa 18,14% em relação ao total do passivo e do patrimônio líquido, e o ativo não circulante, 18,59%. Em relação ao ano 2, esses grupos tiveram pequena redução (17,80% e 11,83%, respectiva- mente), em virtude da redução na conta de fornecedores e da amortização de empréstimos financeiros em longo prazo. O patrimônio líquido é responsável por 63,27% sobre o total no ano 1, composto por 47,44% do capital social e 15,83% da reserva de lucros. No ano 2, houve aumento desse grupo, em consequência do aumento da reserva de lucros. A empresa também apurou a seguinte DRE no ano 2, em reais (Quadro 7): Demonstração do resultado do exercício Ano 1 Análise vertical Ano 2 Análise vertical Receita operacional líquida 75.000 100,00% 106.000 100,00% (–) Custo das mercadorias vendidas (36.000) –48,00% (55.120) –52,00% (=) Resultado bruto 39.000 52,00% 50.880 48,00% (–) Despesas comerciais (12.000) –16,00% (18.160) –17,13% (–) Despesas gerais e administrativas (14.000) –18,67% (19.980) –18,85% (–/+) Outras receitas e despesas (7.640) –10,19% (6.760) –6,38% (=) Resultado antes das receitas e despesas financeiras 5.360 7,15% 5.980 5,64% (–) Despesa financeira (4.000) –5,33% (5.000) –4,72% (+) Receita financeira 5.000 6,67% 6.000 5,66% Quadro 7. DRE referente ao Exemplo 2 (Continua) 15Visão integrada das demonstrações contábeis Com base na DRE acima, pode-se exemplificar o cálculo das seguintes contas (Quadro 8): Demonstração do resultado do exercício Ano 1 Análise vertical Ano 2 Análise vertical Receita opera- cional líquida 75.000 100,00% 106.000 100,00% (–) Custo das mercadorias vendidas (36.000) (–36.000/75.000)/100 = –48,00% (55.120) (–55.120/106.000)/100 = –52,00% (=) Resultado bruto 39.000 (–39.000/75.000)/100 = 52,00% 50.880 (50.880/106.000)/100 = 48,00% Quadro 8. Cálculo das contas referentes ao Exemplo 2 Na análise vertical da DRE do ano 1, pode-se observar que o custo da mercadoria vendida é responsável por 48,00% da receita operacional líquida, acarretando margem bruta de 52,00%. No ano 2, o custo da mercadoria vendida teve um leve aumento, representando 52,00% da receita operacional líquida, o que diminuiu a margem bruta (48,00%). No ano 1, as despesas representam 44,85% (16% das despesas com vendas, 18,67% de despesas gerais e admi- Demonstração do resultado do exercício Ano 1 Análise vertical Ano 2 Análise vertical = Resultado antes do Imposto de Renda e da Contribuição Social 6.360 8,48% 6.980 6,58% (–) Despesa com IR e CSLL (1.420) –1,89% (1.740) –1,64% (=) Lucro líquido do exercício 4.940 6,59% 5.240 4,94% Quadro 7. DRE referente ao Exemplo 2 (Continuação) Visão integrada das demonstrações contábeis16 nistrativas e 10,19% de outras receitas e despesas). No ano seguinte, há uma pequena redução nessas contas, em virtude da queda percentual das outras receitas e despesas. Diante desses dados, a empresa apurou uma margem líquida de 6,59% no ano 1 e de 4,94% no ano 2. BORINELLI, M. L.; PIMENTEL, R. C. Contabilidade para gestores, analistas e outros pro- fissionais: de acordo com os pronunciamentos do CPC e IFRS. São Paulo: Atlas, 2017. BRASIL. Lei no. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Diário Oficial da União, 17 dez. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm. Acesso em: 14 ago. 2019. BRASIL. Lei no. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divul- gação de demonstrações financeiras. Diário Oficial da União, 28 dez. 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm. Acesso em: 14 ago. 2019. CFC. Resolução no. 1.185/09. Diário Oficial da União, 15 set. 2009. Disponível em: http:// www.cfc.org.br/sisweb/sre/docs/RES_1185.doc. Acesso em: 14 ago. 2019. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 26 (R1): apresentação das Demonstra- ções Contábeis. 2011. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/312_ CPC_26_R1_rev%2013.pdf. Acesso em: 14 ago. 2019. SANTOS, J. L. et al. Manual de práticas contábeis: aspectos societários e tributários. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2015. SANTOS, J. L.; SCHMIDT, P. Contabilidade societária. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2011. Leituras recomendadas PADOVEZE, C. L. Introdução à contabilidade: com abordagem para não contadores. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015. SOUZA, A. F. Análise financeira das demonstrações contábeis na prática. São Paulo: Tre- visan Editora, 2015. 17Visão integrada das demonstrações contábeis Índices econômico- financeiros de análise Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever a importância dos índices econômico-financeiros de análise. � Relacionar os índices econômico-financeiros utilizados na análise. � Identificar a utilização dos índices econômico-financeiros para as empresas. Introdução Neste capítulo, você vai adquirir conhecimentos referentes ao proce- dimento de análise das demonstrações contábeis através de índices, já que estes possibilitam, através das suas informações, demonstrar os fatos ocorridos anteriormente e prestar algumas bases para o entendimento sobre o futuro da organização. Você conhecerá a real importância dos índices econômico-financeiros nas análises, assim como a relação existente entre tais índices e seu uso para as empresas. Relevância dos índices As análises verticais e horizontais auxiliam na coleta de informações iniciais das demonstrações contábeis, podendo essas ser complementadas através da análise de índices, envolvendo o procedimento de cálculo e a interpretação de indicadores sintéticos ou resumidos, buscando mensurar o desempenho e posição empresarial. Através dos índices, são realizados comparativos. Por exemplo, se um balanço patrimonial de um período possui valor limitado, a análise de diversos períodos de resultados oferece maior consistência aos números.Quando é preciso concluir sobre a qualidade de uma empresa, é possível efetuar uma comparação dessa com outras que estejam no mesmo setor, esclarecendo assim essa questão. Isso é realizado com a aplicação dos indicadores na aná- lise, afirmando desse modo a importância que os mesmos possuem para as empresas (BRUNI, 2011). Conforme Lins e Francisco Filho (2012), os índices econômico-financeiros são de grande relevância para as organizações que objetivam adquirir recursos financeiros através de seus acionistas e investidores. Os indicadores econômico- -financeiros representam instrumentos essenciais para obter êxito na captação de recursos. Essas ferramentas servem como base para que os acionistas e investidores verifiquem a posição, tanto econômica, quanto financeira da organização, assim como é possível avaliar possíveis riscos que possam vir a sofrer. Desse modo, os indicadores auxiliam para que os investidores tomem a melhor decisão com relação à aplicação do capital. Os indicadores são primordiais para a gestão empresarial, sendo úteis tam- bém para mensurar as atividades da empresa diante do mercado concorrente. Sabe-se que as empresas apresentam grande variação no seu desempenho, o que acaba ocultando a complexidade das alterações que ocorreram em distintos setores econômicos, onde estão inclusos os diversos segmentos de negócios. Através da oscilação do desempenho empresarial é possível avaliar e entender porque algumas empresas do mesmo ramo possuem empenho melhor que outras. Isso é possível mediante a análise sobre os indicadores econômico-financeiros. É necessário que a empresa tenha conhecimento sobre as oscilações relativas ao seu desempenho, objetivando assim entender melhor o resultado atingido. A empresa possui diversos dados que são convertidos em importantes informações e apresentadas através das demonstrações contábeis, que depois de analisadas com o uso de indicadores transmitem a atuação da empresa, possibilitando planejar as ações futuras. PASSADO FUTURO É necessário entender que nem sempre a evolução futura da empresa repre- senta uma evolução linear do passado. Um dos desafios constantes na análise das demonstrações contábeis é visualizar a evolução empresarial comparando diferentes períodos através do auxílio de índices econômico-financeiros. Índices econômico-financeiros de análise2 A informação financeira é usada para apoiar as decisões tomadas pela gestão em- presarial, pois fornece informações confiáveis relativas aos recursos financeiros e às obrigações que ela possui. Os indicadores têm a importante função de apresentar um diagnóstico financeiro empresarial que pode ser de uma necessidade interna ou externa. A necessidade interna está relacionada ao controle interno das ações que são desenvolvidas diariamente, no entanto, quando os indicadores forem aplicados para necessidade externa, poderá estar relacionada a decisões que refletirão diretamente na empresa, como sua influência com instituições financeiras, fornecedores, clientes, entre outros. A relação entre os índices econômico- financeiros usados na análise Conforme Bruni (2011), os índices econômico-financeiros são obtidos através de cálculos realizados com base no balanço patrimonial e na demonstração do resultado do exercício, esclarecendo as informações apresentadas através de números que identificam a situação da empresa, com relação aos seus elementos patrimoniais, financeiros e de rentabilidade. No entanto, não basta somente realizar os cálculos, é preciso também compará-los com períodos diferentes ou ainda com indicadores de outras empresas que atuem no mesmo ramo ou com características equivalentes. A relação dos indicadores com a análise das demonstrações contábeis existe quando os índices são calculados permitindo que os gestores financeiros consigam visualizar a posição empresarial. Os indicadores que geralmente são usados nas análises das demonstrações contábeis são divididos conforme segue (BRUNI, 2011): Indicadores de liquidez: estão relacionados com a análise, buscando apresentar a solvência ou a capacidade que a empresa possui em cumprir suas obrigações assumidas com terceiros. Se a empresa decidir manter um elevado nível de solvência, será preciso ter uma quantidade elevada de recursos investidos com maior liquidez. Os indicadores de liquidez estão divididos em: liquidez geral, 3Índices econômico-financeiros de análise liquidez corrente, liquidez seca e liquidez imediata. Para realizar o cálculo do índice de liquidez, é preciso utilizar as informações demonstradas no balanço patrimonial, sendo este uma demonstração contábil que apresenta a situação patrimonial da empresa. LG = (AC + R LP) / (PC + PNC) LG = liquidez geral AC = ativo circulante RLP = realizável a longo prazo PC = passivo circulante PNC = passivo não circulante LC = AC / PC LC = liquidez corrente AC = ativo circulante PC = passivo circulante LS = (AC – estoques) / PC LS = liquidez seca AC = ativo circulante PC = passivo circulante LI = disponibilidades / PC LI = liquidez imediata PC = passivo circulante Indicadores de endividamento: são denominados também de indicadores de estrutura de capital. São aplicados na análise buscando entender a estrutura das composições das origens de financiamentos que foram contraídos pela empresa e a relação existente entre os capitais auferidos pelos sócios e de terceiros, considerando curto e longo prazo. Através dos indicadores aplicados na análise das demonstrações contábeis, a elevação do endividamento empre- sarial geralmente reflete no aumento da percepção do seu risco. Empresas que possuem alto índice de endividamento demonstram maior comprometimento de resultados e fluxos de caixa vinculados ao pagamento de juros e à amortização da parcela das obrigações. Esse indicador está dividido em: endividamento geral, endividamento financeiro e cobertura de juros. EG = ((AT – PL) / AT) × 100 EG = endividamento geral AT = ativo total ROL = receita operacional líquida Índices econômico-financeiros de análise4 EF = (Empr. + Financ. / AT) × 100 EF = endividamento financeiro Empr. = empréstimos Financ. = financiamentos AT = ativo total CJ = LAJIR / juros CJ = cobertura de Juros LAJIR = lucro antes dos juros e do imposto de renda Indicadores de lucratividade: sua relação com a análise está em verificar o lucro alcançado pela empresa em virtude das vendas realizadas, podendo considerar os custos, os gastos operacionais ou ainda todos os gastos. IL = lucro líquido / receita bruta × 100 Indicadores de atividade: são aplicados com o intuito de analisar os efeitos das atividades operacionais da empresa sobre as demonstrações contábeis. Quando esse indicador é aplicado, demonstra fatores referentes aos prazos de recebimento e de pagamento da empresa e avalia os seus efeitos sobre os ativos, passivos e capital de giro. Esse indicador se divide em: rotação de estoques, prazo médio de recebimento, prazo médio de pagamento, ciclo operacional, ciclo financeiro e rotação de ativos. RE = CPV / EM RE = rotação de estoques CPV = custo do produto vendido EM = estoque médio PMR = (duplicatas a receber / vendas) × 360 PMR = prazo médio de recebimento PMP = (fornecedores / compras) × 360 Ciclo operacional = ciclo econômico + PMCR PMCR = prazo médio de recebimento de contas a receber Ciclo financeiro = ciclo operacional – PMPF PMPF = prazo médio de pagamento a fornecedores 5Índices econômico-financeiros de análise Ciclo financeiro: também conhecido por ciclo de caixa, corresponde ao período existente entre a realização dos pagamentos e o recebimento dos clientes. Demonstra a quantidade de dias existentes entre o pagamento dos insumos e estoques até o recebimento da receita de vendas. Ciclo econômico: representa o intervalo percorrido entre a compra e a venda, isto é, representa o prazo médio de estocagem (BRUNI, 2011). Indicadores de rentabilidade: estão relacionados com o estudo daremuneração relativa das origens do capital de empresa, evidenciada através das fontes totais que podem incluir sócios e terceiros, ou somente sócios. Esse indicador está dividido em: retorno sobre o investimento, retorno sobre o patrimônio líquido e giro do ativo. A rentabilidade deve ser analisada juntamente com a solvência e a análise deve contemplar os elementos financeiros considerados como primordiais, que podem ser visualizados conforme a Figura 1 (BRUNI, 2011). Figura 1. Elementos financeiros essenciais para a análise do índice de rentabilidade. Fonte: Adaptada de Bruni (2011, p. 70). + = TEMPO RISCO RETORNO A Figura 1 evidencia que o sacrifício do tempo (liquidez) e o risco corrido devem ser recompensados através do retorno da operação realizada. Nor- malmente, quanto maior o retorno, deve-se considerar maior o tempo, assim como uma maior exposição ao risco. O vínculo entre rentabilidade e risco deve ser considerado. Índices econômico-financeiros de análise6 ROI = (LL / AT) × 100 ROI = retorno sobre o investimento LL = lucro líquido AT = ativo total ROE = (LL / PL) × 100 ROE = retorno sobre o patrimônio líquido LL = lucro líquido PL = patrimônio líquido GA = RL / AT GA = giro do ativo RL = receita líquida AT = ativo total Ciclo financeiro = ciclo operacional – PMPF PMPF = prazo médio de pagamento a fornecedores RA = vendas líquidas / ativo total RA = rotação de ativo Indicadores dinâmicos: devem analisar os números da empresa através de um entendimento sobre as contas do balanço patrimonial, destacando os elementos relativos à gestão do capital de giro. Indicadores de necessidade de capital de giro: demonstram quando a em- presa deverá dispor de capital de giro, visando manter suas atividades. Esse indicador apresenta se a empresa precisará buscar outros recursos financeiros, como os financiamentos, por exemplo. NCG = contas a receber + estoque – contas a pagar É importante não confundir indicadores de lucratividade com indicadores de rentabilidade. � Lucratividade: ganho obtido sobre as vendas realizadas. � Rentabilidade: ganho obtido sobre o investimento realizado. 7Índices econômico-financeiros de análise Os principais elementos apresentados pelos índices econômico-financeiros são: � Posição financeira: estrutura e liquidez. � Posição econômica: rentabilidade. O uso dos índices econômico-financeiros O uso de índices econômico-financeiros visa auxiliar a empresa para que ela consiga atingir suas metas, mediante as informações que são evidenciadas. Os indicadores são aplicados buscando obter o controle interno das atividades da empresa, verificando e certificando que as atividades estão sendo desem- penhadas conforme planejamento e procedimentos estabelecidos, evitando possíveis desvios de qualquer natureza que ocasionem impactos nos objetivos empresariais. O uso de indicadores econômico-financeiros, que é aplicado para mensurar a posição financeira, ou ainda definir o desempenho empresarial, é cada vez mais presente nas empresas. O uso por diversas empresas é justificado devido a sua importância para a gestão empresarial, pois oferecem as informações precisas que auxiliam os gestores para que os mesmos tomem decisões corretas, contribuindo desse modo para que a empresa alcance suas metas. Os resultados apresentados através do uso dos indicadores econômico- -financeiros interessam aos diversos usuários das informações contábeis, como, por exemplo, gestores, credores e todos os investidores que a empresa possui. Desse modo, entende-se que os indicadores econômico-financeiros não servem somente para fins de controle interno da organização, mas atuam contribuindo com a divulgação de informações de modo mais claro, como na prestação de contas dos gestores, quanto à atuação empresarial, a todos os usuários das informações contábeis, favorecendo a escolha de práticas de governança corporativa. O uso dos indicadores afirma a relação entre contas ou grupo de contas das demonstrações contábeis que apresentam elementos relevantes da po- sição econômica ou financeira da empresa, com base em um determinado momento. Índices econômico-financeiros de análise8 Empresas que utilizam índices econômico-financeiros para a avaliação do seu desem- penho financeiro possuem uma base sólida e confiável para a tomada de decisão de modo coerente pelos investidores (BRUNI, 2011). De acordo com Marion (2012), a análise das demonstrações contábeis e os indicadores representam um instrumento primordial de análise para a apro- vação ou aumento de crédito de acordo com a necessidade das empresas. As demonstrações contábeis são elaboradas através das informações contidas no balanço patrimonial, na demonstração do resultado do exercício e também na demonstração de fluxo de caixa. Desse modo, é de extrema relevância entender como utilizar os indicadores financeiros, já que os mesmos são fundamentais para decidir com segurança a concessão de crédito. É de necessidade das empresas o uso dos indicadores quando precisam da concessão de crédito de terceiros para realizar investimentos, por exemplo. Através dos índices econômico-financeiros é possível calcular prazos de recebimento, projetar lucros, evidenciar a tendência de atuação e solvência, ou seja, usá-los com instrumentos gerenciais (MARION, 2012). BRUNI, A. L. A análise contábil e financeira. 2. ed. v. 4. São Paulo: Atlas, 2011. LINS, L. S; FRANCISCO FILHO, J. Fundamentos e análise das demonstrações contábeis: uma abordagem interativa. São Paulo: Atlas, 2012. MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade empresarial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012. Leituras recomendadas BLATT, A. Análise de balanços: estruturação e avaliação das demonstrações financeiras e contábeis. São Paulo: Makrons Books, 2001. BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 dez. 1976. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6404consol.htm>. Acesso em: 11 nov. 2018. 9Índices econômico-financeiros de análise Indicadores de liquidez ou solvência Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Relacionar os índices de liquidez ou solvência e seus conceitos. � Aplicar os índices de liquidez ou solvência. � Interpretar os resultados obtidos a partir dos cálculos dos indicadores de liquidez ou solvência. Introdução Neste capítulo, você vai adquirir conhecimentos sobre os índices de liquidez ou solvência, sendo esclarecidos o conceito e a aplicação. O conteúdo apresentará o desenvolvimento de cálculos que mostrem os índices de liquidez ou solvência e como entender os resultados atingidos. Índices de liquidez ou solvência Conforme Bruni (2011), um dos métodos para analisar a solvência ou a ca- pacidade financeira da empresa pode ser realizado com o auxílio dos índices de liquidez, que também são denominados de índices de solvência, visando verificar a capacidade que a empresa possui com relação ao cumprimento das suas obrigações, como, por exemplo, o pagamento dos fornecedores, empréstimos e financiamentos bancários realizados. O estudo relacionado à solvência implica verificar o relacionamento entre fontes distintas de capital. A solvência costuma ter seus principais quocientes demonstrados mediante os índices de liquidez geral, liquidez corrente, liquidez seca e liquidez imediata. Os índices de liquidez inferem a situação financeira. Vale destacar que a análise realizada através da aplicação dos indicadores de liquidez se refere ao momento em que foi efetuada e com base em um período específico, assim, se for realizada em um momento posterior, poderá apresentar resultados diferentes. Uma empresa é avaliada como solvente se apresentar segurança com relação ao pagamento das suas obrigações e mesmo assim permanecer com reserva de patrimônio significativo, evidenciando desse modo um bom cenáriode lucro, garantindo a atuação empresarial no mercado por mais tempo. O índice de solvência indica se a empresa conseguirá pagar suas dívidas no longo prazo. A solvência representa a condição da empresa, onde o valor de seus ati- vos excede os passivos, ou seja, a capacidade da empresa com relação ao cumprimento dos seus compromissos com base nos valores que compõem o patrimônio perpetuando suas operações. A capacidade de saldar as dívidas de uma empresa pode ser estimada no curto prazo, assim considerando o período não superior a 12 meses, sendo analisada através do índice de liquidez corrente. Para melhor entendimento sobre os índices de liquidez ou solvência, serão apresentadas as suas divisões e em quais circunstâncias os mesmos poderão ser aplicados: Liquidez corrente (comum): consiste na divisão do ativo circulante pelo passivo circulante. Sabe-se que através do ativo circulante são evidenciados os valores que a empresa receberá futuramente dentro do período de 12 meses. Desse modo, o índice de liquidez demonstra a quantidade de recursos finan- ceiros que a empresa receberá em até 12 meses, ou seja, a quantia em reais (R$) que será auferida pela empresa para cada real a pagar no mesmo prazo. Liquidez seca: é utilizada para avaliar de forma mais rigorosa a capacidade de pagamento considerando o curto prazo, já que os estoques são desconsi- derados como itens para fazer frente às dívidas de curto prazo. A liquidez seca demonstra a quantidade em reais que a empresa tem a receber em no Indicadores de liquidez ou solvência2 máximo 12 meses, desconsiderando os estoques para cada real a pagar dentro do mesmo período. O motivo de escolha de estoques se refere ao maior risco destes quando são confrontados aos demais elementos significativos, como, por exemplo, clientes, pois os estoques estão sujeitos a perdas em decorrência de avarias, roubo, desvalorização, considerando também as dificuldades que podem envolver sua venda. Liquidez geral: é utilizada pela empresa que objetiva analisar a situação financeira, fundamentada na proporção entre o total dos valores que serão auferidos e no total das dívidas, sem diferença de prazos. A liquidez geral evidencia a quantidade de reais que a empresa possui (a receber), para todo valor em real que deve pagar, independente dos prazos. O índice de liquidez geral tem o intuito de apresentar a visão da solvência da empresa no longo prazo. Liquidez imediata: decorre da divisão realizada das disponibilidades, ou seja, caixa e equivalentes de caixa, pelo passivo circulante, e demonstra a capacidade que a empresa possui em relação ao pagamento das suas dívidas de curto prazo de modo imediato, considerando que demonstra quanto possui de recursos financeiros em meio aos pagamentos que vencerão até o término do exercício social seguinte. Os índices de liquidez correspondem a números decimais apresentados por números decimais com duas casas, não sendo demonstrados mediante percentuais, ou seja, eles evidenciam a quantidade de reais a receber em confronto com a quantidade de reais a pagar. A divisão do numerador (em reais) pelo denominador (em reais) resulta em um número decimal. Como aplicar na prática os índices de liquidez ou solvência? Conforme Bruni (2011), o indicador de liquidez é avaliado mediante a pres- teza que a empresa tem em converter seus ativos em recursos financeiros. Os ativos circulantes correspondem aos que possuem maior liquidez, já os ativos imobilizados necessitam de um período maior para que possam ser transformados em recursos financeiros. Os índices de liquidez possuem como base as demonstrações contábeis apresentadas pela empresa e são aplicados através de diferentes fórmulas, conforme segue: 3Indicadores de liquidez ou solvência � Índice de liquidez corrente (comum): expressa a proporção entre valo- res que serão auferidos no curto prazo e valores que serão pagos no curto prazo. Ao obter o resultado mediante o cálculo, é necessário entender que quanto maior ele for, maior será sua capacidade de pagamento no curto prazo, já que será maior a quantidade de reais a receber para cada real que deverá ser pago no curto prazo. Fórmula de liquidez corrente: Ativo circulante / passivo circulante � Índice de liquidez seca: através da sua aplicação é apresentada a proporção entre valores a receber no curto prazo, considerando nesse caso o ativo circulante, desconsiderando os estoques e os valores que serão pagos no curto prazo, ou seja, no passivo circulante. Ao aplicar o índice de liquidez seca, a partir do resultado é preciso analisar o parâmetro, ou seja, a base necessária para a interpretação do resultado, onde afirma-se que quanto maior for o valor encontrado, melhor será a capacidade de pagamento no curto prazo, já que será maior a quantidade de reais por receber, independente da realização dos estoques para cada real que deve ser pago no curto prazo. Fórmula de liquidez seca: (Ativo circulante – estoques) / passivo circulante � Índice de liquidez geral: evidencia a proporção entre os valores que serão recebidos e os valores que serão pagos. Com base no resultado adquirido, quanto maior ele for, melhor será a capacidade empresarial de modo geral para saldar seus pagamentos, já que assim será maior a quantidade de reais a receber para todo real que será pago, desconside- rando os prazos de vencimentos. Fórmula de liquidez geral: (Ativo circulante + realizável a longo prazo) / (passivo circulante + passivo não circulante) � Índice de liquidez imediata: apresenta a proporção existente entre as disponibilidades e os valores a pagar no curto prazo pela empresa. Posterior à realização do cálculo, com relação ao resultado apresentado, Indicadores de liquidez ou solvência4 quanto maior ele for, melhor será a capacidade imediata do pagamento das dívidas contraídas pela empresa e que possuem vencimento em curto prazo. Fórmula de liquidez imediata: Caixa e equivalentes de caixa / passivo circulante Todos os índices de liquidez de curto prazo (corrente, seca e imediata) possuem o passivo circulante como denominador nas fórmulas. Saporito (2015, p. 154) realiza um comparativo com relação aos indicadores de liquidez: Isso serve para ressaltar que, nos três casos, as comparações são com a dívida de curto prazo e o que varia é o numerador, que diz respeito ao que é comparado com a dívida de curto prazo. O índice de liquidez geral é o único dos quatro índices de liquidez que tem a dívida total como denominador. Em comum, os quatro índices têm sua avaliação, pois todos eles são do tipo “quanto maior o resultado do cálculo, melhor é a avaliação do índice. Resultados adquiridos com cálculos dos indicadores de liquidez ou solvência A aplicação dos índices de liquidez apresenta resultados que são úteis para aqueles que os analisam e por isso é importante a correta interpretação dos resultados obtidos. Algumas informações devem ser seguidas, pois servem como base para a interpretação do resultado apresentado pelos índices de liquidez ou solvência, conforme segue: � Quando for > 1: a organização conseguirá cumprir com suas obrigações. � Quando for = 1: o valor que a organização possui disponível corresponde ao mesmo valor das suas obrigações, ou seja, o total a pagar. � Quando for < 1: significa que a organização não tem recursos financeiros suficientes para quitar com suas obrigações. Índice de liquidez corrente O capital de giro das empresas normalmente é demonstrado através de índices. Através do cálculo aplicado, onde se divide o ativo circulante da empresa pelo passivo circulante, se obtém o índice de liquidez corrente (GARRISON, NOREEN, BREWER, 2013). Observe o Quadro 1. 5Indicadores de liquidez ou solvência Fonte: Adaptado de Marques, Carneiro Júnior e Kühl (2015, p. 50). Balanço patrimonial — Exercício findo em 31/12/X2 — Em R$ Ativo X1 X2 Passivo X1 X2 Circulante Circulante Disponível 6.850 7.000 Fornecedores 4.780 10.290 Cliente4.800 3.710 Dividendos a pagar 1.300 520 Estoques 7.460 5.800 IR/CSSL a pagar 430 510 Total do circulante 19.110 16.510 Total do circulante 6.510 11.320 Não circulante Não circulante Investimentos 10.200 15.000 Exigível a longo prazo 8.000 9.300 Imobilizado 17.200 21.500 Empréstimos 8.000 9.300 Máquinas 20.000 25.300 Total do não circulante 30.000 40.000 Depreciação acumulada (2.800) (3.800) Patrimônio líquido 2.000 2.390 Intangível 27.400 10.000 Capital social 32.000 42.390 Total do não circulante 46.500 Reservas de lucros Total do PL Total do ativo 46.510 63.010 Total do passivo + PL 46.510 63.010 Quadro 1. Balanço patrimonial – aplicação de índices de liquidez Utilizando a fórmula para calcular o índice de liquidez corrente, com base nos valores expressos através do Quadro 1, obtém-se o seguinte: LC: Ativo circulantePassivo circulante = = 2,94 19.110 6.510 = 1,46 16.510 11.320 Ano X1 Ano X2 Indicadores de liquidez ou solvência6 Com base nos valores obtidos através da fórmula de liquidez corrente, é correto afirmar que no ano X1, para cada R$1,00 de obrigação que a empresa possui e vencível até 12 meses, existe R$ 2,94 em ativos de curto prazo que garantem esses pagamentos. Com base no ano X2, observa-se que o resultado obtido foi de R$ 1,46, ou seja, para cada R$ 1,00 de obrigação que a empresa possui e vencível até 12 meses, existe R$ 1,46 em ativos de curto prazo para que os pagamentos sejam quitados. É importante destacar que a empresa con- seguirá cumprir com suas obrigações, mas é notável que nesse período o resultado adquirido foi bem menor em comparação com o ano anterior, o que identifica que a empresa possui um valor maior referente às dívidas com relação ao período X1. Índice de liquidez seca Assim como os demais indicadores de liquidez, para o índice de liquidez seca não seria diferente, assim devemos considerar para o resultado, quanto maior, melhor será para a empresa. LS: (Ativo circulante – Estoques) Passivo circulante = (19.110 – 7.460) 6.510 = 1,79 (16.510 – 5.800) 11.320 = 0,95 Ano X1 Ano X2 Com relação aos valores extraídos do Quadro 1 e aplicados na fórmula da liquidez seca, podemos verificar uma redução considerável entre os períodos de X1 para X2, pois em X1 a empresa apresentou R$ 1,79 para cada R$ 1,00 de dívidas que a empresa possui. No entanto, para o ano X2 o resultado foi de R$ 0,95 para cada R$ 1,00 de dívidas a pagar, o que identifica que a capacidade de pagamento das dívidas no curto prazo da empresa pode estar comprometida. Índice de liquidez geral O índice de liquidez geral avalia a saúde financeira da empresa considerando sempre o longo prazo. Com base nos valores adquiridos através do Quadro 2, é necessário avaliar o resultado encontrado a seguir. 7Indicadores de liquidez ou solvência LG: (Ativo circulante + Realizável a longo prazo)(Passivo circulante + Passivo não circulante) LG: (26.530 + 1.550)(18.880 + 10.880) 28.080 29.760= = 0,94 (96.894 + 9.950) (96.438 + 13.240) 106.844 109.678= = 0,97 Ano 31/12/X Ano 31/12/X1 Através do resultado adquirido mediante cálculo do índice de liquidez geral, utilizando as informações coletadas no Quadro 2, é possível analisar que a empresa apresenta no período de 31/12/X, R$ 0,94 para cada R$ 1,00 de dívida que possui para quitar. Avaliando o período de 31/12/X1, o resultado foi de R$ 0,97. Observa-se uma pequena melhora com relação ao ano anterior, no entanto, a empresa possui R$ 0,97 para cada R$ 1,00 de dívidas a pagar. Com base no resultado encontrado para os dois períodos, é preciso destacar que se a empresa precisasse saldar todas as suas obrigações teria dificuldades financeiras. Como para os demais índices de liquidez, quanto maior o resultado, melhor para a empresa, destacando que o ponto base a ser considerado é de R$ 1,00 ou acima de um. Balanço patrimonial Controladora Delta (Exercício findo em 31/12/X1) Ativo 31/12/X 31/12/X Passivo 31/12/X 31/12/X1 Circulante 26.530 96.894 Circulante 18.800 98.438 Disponibi- lidades 10.660 58.790 Fornecedores 6.640 58.890 Caixa 7.090 58.220 Salários a pagar 2.670 4.150 Bancos 3.570 570 Contas a pagar 7.410 9.810 Provisão de férias 2.160 2.730 Direitos realizáveis 14.160 36.394 Provisão para imposto de renda 1.910 Quadro 2. Análise dos índices de liquidez (Continua) Indicadores de liquidez ou solvência8 Quadro 2. Análise dos índices de liquidez Balanço patrimonial Controladora Delta (Exercício findo em 31/12/X1) Clientes 4.070 12.470 Contribuição social 1.260 Estoques 8.560 19.400 Participações a pagar 4.303 Adiantamento de viagem 1.530 1.530 Dividendos a pagar 4.379 Dividendos a receber 2.994 Encargos sociais a pagar 4.690 ICMS a pagar 2.426 Despesas do exercício seguinte 1.710 1.710 Empréstimo SIGMA 3.800 Seguros pagos anteci- padamente 1.710 1.710 Não circulante 10.880 13.240 Financiamen- tos a pagar, longo prazo 7.350 9.710 Não circulante 24.210 47.312 Aluguéis rece- bidos anteci- padamente 3.530 3.530 Reutilizável a longo prazo 1.550 9.950 Emprétimo compulsório 1.550 3.950 Patrimônio líquido 20.980 32.528 Empréstimo ÔMEGA 6.000 Capital social 13.690 15.580 (Continua) (Continuação) 9Indicadores de liquidez ou solvência Fonte: Adaptado de Santos, Schmidt e Fernandes (2012, p. 24). Quadro 2. Análise dos índices de liquidez Balanço patrimonial Controladora Delta (Exercício findo em 31/12/X1) Investi- mentos 4.420 17.011 Capital subscrito 15.000 15.000 Participações em controladas 4.420 17.011 Capital a integralizar -1.310 580 Imobilizado 18.240 18.731 Reserva de capital 0 0 Imóvel de uso 20.220 20.220 Depreciação acumulada, imóvel de uso -1.980 -2.789 Reserva de avaliação patrimonial 2.020 2.020 Veículos 1.300 Reservas de lucros 2.920 3.311 Intangível 0 1.620 reserva legal 0 730 Marcas e patentes 1.620 Reserva estatutária 0 1.461 Reserva de contingências 1.800 0 Reserva de lucros a realizar 1.120 1.120 Lucros acumulados 2.350 11.617 Total do ativo 50.740 144.206 Total do passivo e patrimônio líquido 50.740 144.206 (Continuação) Indicadores de liquidez ou solvência10 Índice de liquidez imediata O índice de liquidez imediata avalia as disponibilidades, como, por exemplo, contas como caixa, bancos e aplicações financeiras que são de liquidez ime- diata e o passivo circulante. Através da sua aplicação é evidenciado quanto a empresa possui de recurso financeiro disponível para cada uma das dívidas adquiridas de curto prazo. O índice de liquidez imediata é considerado con- servador, possuindo no numerador os fundos imediatamente disponíveis e no denominador as obrigações com prazos de vencimentos estipulados para até 360 dias. LI: Caixa e Equivalentes de caixa Passivo circulante = 10.660 18.880 = 0,56 58.790 96.438 = 0,61 Ano 31/12/X Ano 31/12/X1 Através dos valores obtidos com o cálculo do índice de liquidez imediata, utilizando as informações coletadas no Quadro 2, é possível verificar que a empresa apresenta no período de 31/12/X, R$ 0,56 para cada R$ 1,00 de obrigações a pagar. Com relação ao período seguinte, de 31/12/X1, o resultado foi de R$ 0,61, onde é possível analisar uma melhora ao comparar com o ano anterior, porém, se a empresa necessitasse saldar todas as suas obrigações de forma imediata ela não teria essa capacidade, pois em ambos os períodos o resultado encontrado foi menor que um, sendo este o parâmetro mínimo para a interpretação dos resultados obtidos através dos indicadores de liquidez ou solvência. BRUNI, A. L. A análise contábil e financeira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. v. 4. (Série des- vendando as finanças). GARRISON, R. H; NOREEN, E. W; BREWER, P. C. Contabilidade gerencial. 14. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. MARQUES, J. A. V. da C.; CARNEIRO JÚNIOR, J. B. A.; KÜHL, C. A. Análise financeira das empresas. 2. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2015. 11Indicadores de liquidez ou solvência Índicecapital circulante líquido Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir o conceito e a formação do capital circulante líquido. � Descrever o cálculo do capital circulante líquido. � Resolver situações aplicando o índice de capital circulante líquido. Introdução Neste capítulo, você vai adquirir conhecimentos relacionados ao índice de capital circulante líquido (CCL). Primeiramente, você estudará o conceito do CCL, que se refere à diferença existente entre o ativo circulante e o pas- sivo circulante, de acordo com um período específico. Serão apresentados o conceito e a formação do índice de capital líquido, como é realizado seu cálculo e as circunstâncias em que esse índice pode ser aplicado. O que é CCL? Conforme Blatt (2001), o CCL também é denominado de capital de giro líquido (CGL) e representa o excesso financeiro empresarial, ou seja, a folga ou falta de ativos circulantes em contrapartida aos passivos circulantes. O ativo circulante aborda algumas contas, como, por exemplo, a soma das contas a receber, dos estoques, dinheiro em caixa, dinheiro em banco, aplicações financeiras e duplicatas a receber. O passivo circulante envolve algumas contas, como, por exemplo, fornecedores, contas a pagar, folha de pagamento, encargos sociais, impostos a pagar, empréstimos a pagar e demais dívidas vencíveis dentro do prazo de um ano, ou seja, 12 meses. Identificação interna do documento OOWWYAXQBU-UKJPJD1 A fórmula usada para calcular o CCL é definida da seguinte forma (BLATT, 2001, p. 99): CCL = CGL = AC – PC Ou CCL = (PNC + PL) – ANC Onde: CCL: capital circulante líquido CGL: capital de giro líquido AC: ativo circulante PC: passivo circulante PNC: passivo não circulante PL: patrimônio líquido ANC: ativo não circulante Através do CCL fica evidente a falta ou o excesso do ativo circulante relativo ao passivo circulante. Desse modo, quanto mais elevado for o CCL ou CGL, melhor será para a empresa, já que a partir desse resultado ela possui um excesso financeiro, o que não representa uma folga de caixa. O resultado adquirido com o CCL corresponde à proporção em que o passivo circulante financia o ativo circulante. O uso do CCL busca evidenciar se há estabilidade entre risco e rentabilidade. É possível afirmar que o CCL ou CGL corresponde à soma dos recursos financeiros de curto prazo que estão disponíveis para financiamento das operações empresariais. Índice capital circulante líquido2 Identificação interna do documento OOWWYAXQBU-UKJPJD1 Observe os possíveis resultados para o CCL e o que eles indicam: CCL > 0: quando o CCL for maior que 0 significa que o ativo circulante é maior que o passivo circulante, o que resulta em um índice de liquidez corrente maior que 1. Analisando o Quadro 1, é possível constatar no exemplo que o ativo cir- culante é relativamente maior que o passivo circulante, o que representa que o CCL da empresa é positivo e que ela possui uma folga financeira. CCL = 0: quando o valor do CCL for igual a 0 resultará em um índice de liquidez corrente igual a 1. Fonte: Adaptado de Blatt (2001, p. 99). ATIVO PASSIVO AC PC ELP RLP PL AP Quadro 1. CCL maior que 0 Observando o Quadro 2, verifica-se que o ativo circulante é equivalente ao passivo circulante, ou seja, possui a mesma proporção. CCL < 0: quando o resultado obtido do CCL for menor que 0, significa que o ativo circulante é menor que o passivo circulante, resultando em um índice de liquidez corrente menor que 1. Nesse caso, o CCL é negativo. 3Índice capital circulante líquido Identificação interna do documento OOWWYAXQBU-UKJPJD1 Fonte: Adaptado de Blatt (2001, p. 100). ATIVO PASSIVO AC PC RLP ELP AP PL Quadro 2. Capital circulante líquido igual a zeroCCL igual a 0 Ao analisar o Quadro 3, observa-se que ao contrário do Quadro 1, o passivo circulante é maior que o ativo circulante, significando que a empresa não possui excesso ou folga financeira. Fonte: Adaptado de Blatt (2001, p. 100). ATIVO PASSIVO AC PC RLP ELP AP PL Quadro 3. Capital circulante líquido menor que zeroCCL menor que 0 Índice capital circulante líquido4 Identificação interna do documento OOWWYAXQBU-UKJPJD1 Calculando o CCL De acordo com Saporito (2015), ao calcular o CCL pode-se obter um resultado positivo, negativo ou nulo. Ao adquirir um resultado negativo, constata-se que essa empresa possui um risco mais elevado da sua operação, já que ela possui obrigações de curto prazo que são superiores aos ativos de curto prazo. No entanto, mesmo com o índice CCL negativo, muitas empresas conseguem se manter no mercado. Isso pode ocorrer em virtude da operação empresarial ou também das diversas obrigações que a empresa possui, que vencerão no próximo exercício social, e que serão substituídas por outras obrigações do curto prazo. Com base nas informações apresentadas, relativas ao índice de CCL, é possível afirmar que quanto maior o total do CCL da empresa, menor risco ela apresentará, ou seja, ela terá menor probabilidade de insolvência técnica. O Quadro 4 apresenta o resultado adquirido para o CCL no ano de 2013 e no ano de 2014. No ano de 2014, o ativo circulante prevaleceu sobre o passivo circulante, onde o resultado do CCL foi de R$ 100.000. Para chegar nesse resultado, foi preciso coletar os dados do ativo circulante e passivo circulante e aplicar a fórmula do CCL. Fonte: Adaptado de Saporito (2015, p. 264). CIA. Exemplo completo 31/12/2014 31/12/2013 Variação R$ mil R$ mil R$ mil Ativo circulante 300.000 257.000 43.000 (–) Passivo circulante 200.000 170.000 30.000 (=) CCL 100.000 87.000 13.000 Quadro 4. Resultado para o CCL nos anos de 2013 e 2014 5Índice capital circulante líquido Identificação interna do documento OOWWYAXQBU-UKJPJD1 CCL = AC – PC Ano 2014 CCL = 300.000 – 200.000 = 100.000 Ano 2013 CCL = 257.000 – 170.000 = 87.000 A variação do CCL do ano de 2013 para o ano de 2014 foi de R$ 13.000,00, e isso pode ser visualizado ao comparar os dois períodos (R$ 100.000 – R$ 87.000). Quando aplicada a fórmula do CCL será obtido um resultado que pode ser favorável ou desfavorável para a empresa. Ao obter um CCL positivo se identifica que o total dos investimentos de curto prazo, como, por exemplo, caixa, clientes, entre outros, é maior que as obrigações que constam no pas- sivo circulante e que estão compreendidas dentro do curto prazo, como, por exemplo, fornecedores, empréstimos bancários, entre outros. Ao calcular o CCL, o resultado de um CCL positivo identifica o equilíbrio financeiro empresarial, conforme demonstra o excesso de recursos financeiros de longo prazo, como obrigações e capital próprio, que são investidos no curto prazo. Desse modo, um CCL positivo demonstra a capacidade de solvência que a empresa possui no curto prazo, assim como as decisões estratégicas, dado que os investimentos de longo prazo são financiados por recursos financeiros também de longo prazo. Vale destacar que a sobra referente aos recursos financeiros de longo prazo designados ao curto prazo, fonte do possível excesso financeiro, pode ter sido investida em ativos que não possam ser convertidos tão facilmente em caixa. Dentre os ativos que são de difícil transformação em dinheiro, estão os capitais que foram investidos em estoques com baixo giro ou em clientes inadimplentes, entre outros. Índice capital circulante líquido6 Identificação interna do documento OOWWYAXQBU-UKJPJD1 Com base no Quadro 5, a seguir, é possível visualizar o que seria exatamente essa folga ou excesso financeiro posterior aos cálculos do CCL. ANO X 1 ANO X 2 AC 70% AC 55% PC 49% PC 34% Quadro 5. Representação do cálculo do CCL O Quadro 5 permite visualizar os resultados do CCL posterior ao seu cálculo, que deve ter por base valores apresentados por uma empresa, onde as parcelas cinza escuro expostas no ativo circulante de ambos os períodos (X1 e X2) correspondem à folga financeira empresarial,pois comparando ativo circulante e passivo circulante proporcionalmente, essa sobra existiria somente no ativo circulante, evidenciando que este é maior que o passivo circulante, ou seja, representa uma medida de ativos disposta pela empresa para financiar dívidas de curto prazo, no entanto, se esses ativos circulantes forem transformados em dinheiro facilmente. Aplicando o índice de CCL Através da aplicação do índice de CCL, se realiza a análise dos recursos financeiros empresariais vencíveis no curto prazo e, desse modo, se necessário, criam-se estratégias para fins de controlar o fluxo de caixa da empresa. A partir do Quadro 6, é possível visualizar a situação empresarial mediante o cálculo do CCL e definir métodos que modifiquem a situação futura da empresa. 7Índice capital circulante líquido Identificação interna do documento OOWWYAXQBU-UKJPJD1 Fonte: Adaptado de Padoveze e Benedicto (2010, p. 192). BALANÇO PATRIMONIAL 20X1 20X2 Ativo circulante 85.000,00 95.800,00 Caixa e equivalentes de caixa 25.000,00 23.800,00 Clientes 15.000,00 32.000,00 Estoques 45.000,00 40.000,00 Ativo não circulante 113.000,00 110.700,00 Duplicatas a receber 30.000,00 30.800,00 Investimentos em controladas 13.000,00 17.200,00 Imobilizados 150.000,00 162.000,00 (-) Depreciação acumulada -80.000,00 -99.300,00 TOTAL 198.000,00 206.500,00 Passivo circulante 91.800,00 90.100,00 Fornecedores 28.000,00 29.900,00 Contas a pagar 29.000,00 17.000,00 Impostos a recolher 3.800,00 6.200,00 Dividendos a pagar 7.000,00 5.000,00 Empréstimos a pagar 24.000,00 32.000,00 Passivo não circulante 34.400,00 37.000,00 Financiamentos a pagar 34.400,00 37.000,00 Patrimônio líquido 71.800,00 79.400,00 Capital social 41.000,00 41.000,00 Reservas 13.300,00 16.000,00 Lucros acumulados 17.500,00 22.400,00 TOTAL 198.000,00 206.500,00 Quadro 6. Balanço patrimonial Índice capital circulante líquido8 Identificação interna do documento OOWWYAXQBU-UKJPJD1 Com base no exposto pelo balanço patrimonial da Figura 6, a empresa poderá calcular o CCL buscando entender a situação nesses dois períodos, 20X1 e 20X2. 20X1 CCL = AC – PC CCL = 85.000 – 91.800 = (6.800) – CCL negativo 20X2 CCL = 95.800 – 90.100 = 5.700 – CCL positivo A partir dos resultados encontrados, é identificado que no período de 20X1 a empresa apresentou um CCL negativo de R$ 6.800 e que através dessa análise foi possível definir algumas estratégias de gestão que não estavam sendo realizadas, buscando melhorar os resultados empresariais. O gestor financeiro estabeleceu algumas medidas simples, porém eficientes, para refletir de forma relevante no resultado financeiro da empresa, como, por exemplo: � Delegação de funções específicas, onde o colaborador responsável pela movimentação do caixa não execute outras atividades. � Realizar um controle de fundo fixo com o intuito de pagar dívidas de pequenos valores diários da empresa, não utilizando, desse modo, os valores disponíveis no caixa para todos os gastos. � Aplicar um controle diário referente aos pagamentos e recebimentos, o que antes não era efetuado. Através desse controle, a empresa iden- tificou que alguns clientes estavam pagando fora do prazo definido, o que resultou em atrasos de recebimentos, fazendo com que a empresa utilizasse mais dos seus recursos disponíveis em caixa. O uso do CCL permite identificar essas situações e possibilita que a em- presa crie melhorias. Quando o CCL apresenta resultado negativo, significa que o ativo circulante é menor com relação ao passivo circulante, desse modo a empresa possui CGL negativo. Com base nessa situação, o CGL representa a fração dos ativos fixos da empresa, que é financiada por recursos de longo prazo, representando um grande risco, já que as dívidas de curto prazo são vencíveis antes mesmo que os ativos não circulantes possam ser transformados em caixa. 9Índice capital circulante líquido Identificação interna do documento OOWWYAXQBU-UKJPJD1 Índice margem operacional (MO) Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever o conceito de margem operacional. � Identificar o cálculo da margem operacional. � Interpretar os resultados obtidos a partir do cálculo da margem operacional. Introdução Neste capítulo, você vai aprofundar seus conhecimentos acerca da mar- gem operacional (MO), que é um indicador de rentabilidade da empresa. Por meio desse indicador é possível verificar quanto as atividades ope- racionais da empresa representam no montante recebido pelas vendas. A MO é visualizada por meio de um índice, apresentado por um per- centual, e tem importância econômico-financeira. Por utilizar informações referentes às contas de resultado, é necessário que você tenha conheci- mento prévio de uma demonstração contábil chamada demonstração do resultado do exercício — as informações adquiridas para o cálculo da margem operacional são extraídas dessa demonstração. As análises decorrentes do índice MO permitem que os usuários da informação contábil tenham conhecimento da forma que são gerados e consumidos os recursos para a obtenção de sua principal receita. O que é MO? A MO é um dos indicadores de rentabilidade de uma empresa. A rentabilidade de uma empresa está ligada à forma que o capital investido retorna para a empresa. A MO se relaciona com esse indicador pois é possível identificar qual o percentual de retorno das operações da empresa frente às atividades necessárias para a obtenção desse recurso (ALVES, 2016). Para aprender a calcular o índice MO, você precisa saber al- guns conceitos prévios. A MO, por tratar-se de um item que se rela- ciona ao resultado, tem relação direta com uma demonstração finan- ceira denominada demonstração do resultado do exercício (DRE). A DRE apresenta todas as receitas auferidas e as despesas incorridas por uma empresa em um determinado período de tempo, e todas as empresas devem publicá-la. A DRE é fundamental para sabermos se uma determinada empresa teve lucro ou prejuízo em um exercício social, pois a demonstração apresenta o confronto entre as receitas e as despesas do período. Quando as receitas superam as despesas, tem-se lucro. O contrário aponta a um prejuízo. O Quadro 1 contempla um modelo de DRE tem início na receita operacional bruta e se encerra no resultado do período. Companhia Modelo Demonstração do resultado do exercício em 31/12/20xx — em R$ Receita operacional bruta (−) Devoluções de vendas (−) Impostos sobre vendas = Receita operacional líquida (−) Custo das mercadorias vendidas = Lucro operacional bruto (−) Despesas operacionais Receitas operacionais (−) Despesas financeiras Receitas financeiras Quadro 1. Modelo de demonstração do resultado do exercício (Continua) Índice margem operacional (MO)2 Quadro 1. Modelo de demonstração do resultado do exercício Companhia Modelo Demonstração do resultado do exercício em 31/12/20xx — em R$ = Lucro operacional antes do imposto de renda e contribuição social sobre o lucro líquido (−) Imposto de renda e contribuição social sobre o lucro líquido = Lucro operacional antes das participações (−) Participações = Lucro líquido do exercício (Continuação) Vamos compreender, agora, qual a relação entre esta demonstração e o índice MO. Como vimos, a MO é um índice de eficiência que contempla o resultado operacional da empresa. Por abordar esse conteúdo, as informações que a compõem são apresentadas na DRE. Muitas vezes essas informações não estão claras e é preciso efetuar alguns cálculos para obter os dados e aplicar a fórmula. No item referente ao cálculo da MO, você terá mais informações sobre isso. É importante destacar que o índice MO possibilita que os usuários da informação contábil tenham conhecimentos econômico-financeiros sobre os fenômenos operacionais da empresa. Isto é, de qual forma as operações da empresa são estruturadas e como sua atividade principal tem relevância diante do
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