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9 TRIBUNAL DO JÚRI

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3
DIREITO PROCESSUAL PENAL
TRIBUNAL DO JÚRI
SUMÁRIO
1.	CONSIDERAÇÕES INICIAIS	3
1.1.	Origem histórica	3
1.2.	Origem no Brasil	3
1.3.	Momento atual	3
2.	PRINCÍPIOS	4
2.1.	Plenitude de defesa	4
2.2.	Sigilo das votações	5
2.3.	Soberania dos veredictos	6
2.4.	Competência mínima para julgamento dos crimes dolosos contra a vida, tentados ou consumados.	9
3.	CARACTERÍSTICAS	13
3.1.	Composição do Júri	13
3.2.	Horizontalidade	14
3.3.	Temporariedade	14
3.4.	O Júri é um tribunal que vota por maioria, estando vedada a unanimidade.	14
4.	PROCEDIMENTO	15
4.1.	Considerações iniciais	15
4.2.	Estrutura do procedimento	16
DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO	64
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA	64
ATUALIZADO EM 06/02/2019[footnoteRef:1] [1: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. ] 
TRIBUNAL DO JÚRI - PROCEDIMENTO[endnoteRef:1] [1: Este material foi produzido pelos coaches com base em anotações pessoais de aulas, referências e trechos de doutrina, informativos de jurisprudência, enunciados de súmulas, artigos de lei, anotações oriundas de questões, entre outros, além de estar em constante processo de atualização legislativa e jurisprudencial pela equipe do Ciclos R3.] 
	1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A estrutura do Júri foi alterada pela Lei 11.689/08. Ela imprimiu uma nova roupagem estrutural ao procedimento do Júri e a forma de interpretá-lo. 
1.1. Origem histórica
Em que pese a polêmica doutrinária, pode-se apontar a origem histórica do Júri a Magna Carta de 1215. Há também quem indique a Revolução Francesa de 1789. 
1.2. Origem no Brasil
Surge em 1822, tendo atribuição para apreciar os crimes praticados pela imprensa. 
· O Júri ganhou respaldo constitucional em 1824 (Império). 
· O Júri teve assento em todas as constituições republicanas, salvo a de 1937 – Constituição Polaca.
1.3. Momento atual
Está no art. 5º, XXXVIII, CF. Foi colocado como cláusula pétrea. O Júri é um direito ou uma garantia fundamental? Nucci está certo. Ele dá um viés dúplice na análise constitucional do Tribunal do Júri, que seria direito e garantia. Direito a quê? E garantia de quê? Primeiro o Júri é um direito fundamental de participação popular na administração da Justiça, na condição de jurado. Depois é garantia fundamental de ser julgado por pessoas comuns do povo, quando da prática de crime doloso contra a vida. De ser julgado pelos pares.
ADVERTÊNCIA: em que pese o Júri ter tratamento no art. 5º da CF, é pacífico o entendimento de que ele integra o Poder Judiciário no âmbito da Justiça Comum, seja ela estadual ou federal.
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
	2. PRINCÍPIOS
2.1. Plenitude de defesa
2.1.1. Conceito
O defensor pode, além dos técnicos, usar argumentos metajurídicos (filosóficos, socioeconômicos, sentimentais). Por isso não fala apenas em ampla defesa, que se restringe aos argumentos técnicos. Para Paulo Rangel, além dos argumentos técnicos podem ser utilizados argumentos metajurídicos, já que os jurados são juízes leigos. 
ADVERTÊNCIA: Gilmar Mendes entende que é apenas uma força de expressão, mas ontologicamente não haveria diferença entre ampla e plena defesa. É o mero emprego da linguagem. 
APLICAÇÃO PRÁTICA: no Júri ganham ênfase os laudadores, que são as testemunhas que depõem sobre os antecedentes do réu. São chamados de testemunhas de beatificação. 
Desdobramentos do princípio da plenitude de defesa:
a) Possibilidade da utilização de argumentos extrajurídicos; 
b) Juiz deve assegurar defesa efetiva; 
c) Juiz quesita defesa técnica e autodefesa.
2.1.2. Enquadramento classificatório
a) Plenitude de defesa técnica: Segundo o STF, na súmula 523, a ausência de defesa técnica é fato gerador de nulidade absoluta, ao passo que a deficiência ocasionará nulidade relativa. Se o juiz perceber, na sessão plenária, que o réu está indefeso, ele deve dissolver o Conselho de Sentença, remarcando a sessão e oportunizando que o réu contrate novo advogado ou nomeando dativo (art. 497, V CPP - São atribuições do juiz presidente do Tribunal do Júri, além de outras expressamente referidas neste Código V – nomear defensor ao acusado, quando considerá-lo indefeso, podendo, neste caso, dissolver o Conselho e designar novo dia para o julgamento, com a nomeação ou a constituição de novo defensor).
b) Plenitude de autodefesa: o réu pode apresentar a sua defesa no interrogatório, que pode ser distinta da apresentada pelo advogado nos debates orais. De todo modo, todas serão apreciadas pelos jurados na quesitação.
2.2. Sigilo das votações
2.2.1. Conceito
Em virtude da segurança e da preservação da soberania, os jurados votam os quesitos sigilosamente para que não ocorra ingerência externa. Ele pode ser analisado sob dupla ótica: 
a) Sigilo do ambiente – uma sala especial ou secreta, sob pena de nulidade absoluta. 
OBS: nos fóruns com estrutura mais humilde, se não houver sala secreta o plenário será esvaziado e funcionará como tal. Art. 485.  Não havendo dúvida a ser esclarecida, o juiz presidente, os jurados, o Ministério Público, o assistente, o querelante, o defensor do acusado, o escrivão e o oficial de justiça dirigir-se-ão à sala especial a fim de ser procedida a votação. § 1o  Na falta de sala especial, o juiz presidente determinará que o público se retire, permanecendo somente as pessoas mencionadas no caput deste artigo. A sala secreta tem compatibilidade constitucional, afinal o princípio da publicidade não é absoluto (art. 5º, LX c/c art. 93, IX, CF). OBS2: pessoas presentes na sala secreta - Juiz, jurados, acusação (MP ou querelante), advogado do réu, escrivão, oficial de Justiça. Se o réu advoga em causa própria, ele terá acesso à sala secreta .O advogado do assistente de acusação (sucessor da vítima) também tem trânsito livre, mas o assistente não. 
b) Sigilo quanto ao procedimento
· Incomunicabilidade dos jurados: os jurados não poderão conversar entre si ou com terceiros sobre os fatos a serem julgados, sob pena de nulidade absoluta, o que aproxima o Júri brasileiro do francês. Por outro lado, nada impede que os jurados conversem sobre amenidades com a fiscalização do escrivão ou do oficial de justiça. Art. 564,II, “j” CPP. Art. 564.  A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e sua incomunicabilidade; 
Se for quebrada: 1o O juiz presidente também advertirá os jurados de que, uma vez sorteados, não poderão comunicar-se entre si e com outrem, nem manifestar sua opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do Conselho e multa, na forma do § 2o do art. 436 deste Código. – um a dez salários mínimos.
Obs. Concluído o julgamento, não há nulidade se, porventura, o jurado vier a revelas a posteriori o sentido do seu voto.
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: Deve ser declarado nulo o júri em que membro do conselho de sentença afirma a existência de crime em plena fala da acusação. Caso concreto: durante os debates no Plenário do Tribunal do Júri, o Promotor de Justiça estava em pé na frente dos jurados apresentando seus argumentos. Em determinado momento, o Promotor fez uma pergunta retórica: “aí, então, senhores jurados, eu pergunto a Vossas Excelências: qual foi a conduta que o réu aqui presentepraticou?” Uma das juradas acabou “soltando” a seguinte resposta: “é um crime”. O juiz presidente do Júri imediatamente a advertiu dizendo: por favor, a senhora não pode se manifestar. O advogado, contudo, na mesma hora requereu ao magistrado que consignasse este fato na ata de julgamento. O juiz decidiu que não houve quebra da incomunicabilidade e seguiu com o julgamento. O réu foi condenado e a defesa recorreu alegando, entre outros argumentos, que houve nulidade do julgamento por quebra da incomunicabilidade dos jurados. O STJ anulou o júri. STJ. 6ª Turma. HC 436.241-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 19/06/2018 (Info 630). #IMPORTANTE
· Votos: atualmente os jurados votam de maneira impessoal, por intermédio de uma cédula opaca, que não o identifica. Até 2008, indiretamente, o sigilo era quebrado pela unanimidade da votação, afinal todos tinham conhecimento do teor da deliberação dos jurados. Mais recentemente, a Lei 11.689/08 encampando antiga sugestão de Rui Barbosa, aproximou ainda mais o Júri brasileiro do francês, acabando com a unanimidade. Hoje com quatro votos em determinado sentido, é sinal de que o quesito está suficientemente julgado, pois obtida a maioria e os demais votos serão descartados. § 1o  A resposta negativa, de mais de 3 (três) jurados, a qualquer dos quesitos referidos nos incisos I e II do caput deste artigo encerra a votação e implica a absolvição do acusado.
2.3. Soberania dos veredictos
2.3.1. Conceito
Em respeito à vontade popular na análise concreta, concluímos que o mérito da deliberação dos jurados, em regra, não pode ser alterado pelos demais órgãos do Judiciário, consolidando-se a soberania.
2.3.2. Mitigações
a) Apelação da sentença emanada do Júri: se os jurados julgarem de forma manifestamente contrária à prova dos autos, caberá apelação que pode levar à cassação do julgado e remessa do réu a um novo Júri, com outros jurados. 
ADVERTÊNCIA: este fundamento só poderá ser invocado uma única vez, independente da parte que o apresentar primeiro. (art. 593, III, “d” c/c §3º). OBS. Segundo o STF, na súmula 206, se no segundo julgamento participar jurado que tinha integrado o primeiro, haverá nulidade absoluta e, por consequência, será realizado um terceiro Júri. 
Juízo rescindente: nessa hipótese de apelação, o Tribunal vai se limitar a cassar a decisão (juízo rescindente), devolvendo os autos para que, em primeiro grau, a sorte do réu seja rediscutida. 
Obs. segundo o STF, na súmula 713, o fundamento da apelação do Júri, está adstrito às hipóteses do inciso III do art. 593, CPP e o Tribunal não poderá se distanciar do argumento invocado pelo apelante.
Segundo Prof. Andrey não seria propriamente uma exceção, mas uma restrição à soberania. Seria exceção se o tribunal condenasse/absolvesse. O que o Tribunal faz é rescindir a decisão.
Obs. se a impugnação não estiver relacionada ao mérito da decisão dos jurados, guardando relação com decisões proferidas pelo Juiz Presidente, é plenamente possível a modificação do teor da decisão pelo juízo ad quem – juízo rescindente e rescisório.
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:  
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando 
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; 
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados; juízo rescindente e rescisório.
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança; juízo rescindente e rescisório.
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos. juízo rescindente
§ 3o  Se a apelação se fundar no no III, d, deste artigo, e o tribunal ad quem se convencer de que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação.  
b) Ação de revisão criminal: admite-se que o réu injustamente condenado por sentença transitada em julgado, possa, de pronto, ser absolvido, por intermédio da revisão criminal. Notadamente, nas situações onde o equívoco é manifesto, enfatizando-se a liberdade e a demonstração da inocência em detrimento da soberania dos veredictos. (art. 621). CONCLUSÃO: percebe-se que nesse caso o Tribunal promoverá um juízo rescindente, cassando a decisão impugnada, e um juízo rescisório, proferindo um acórdão substitutivo.
*APROFUNDANDO #INDOALÉM #AGRADEOEXAMINADOR:
REPERGUNTA: É possível o ajuizamento de Revisão Criminal para modificar os fundamentos de caso submetido ao Tribunal do Júri? Em tal caso, haveria ofensa ao princípio da soberania dos vereditos?
R: O tema é divergente, todavia, o entendimento dominante[1][footnoteRef:2] é no sentido de que a condenação penal definitiva imposta pelo Júri também pode ser desconstituída mediante revisão criminal, não lhe sendo oponível a cláusula constitucional da soberania do veredicto do Conselho de Sentença. Podem-se citar os seguintes argumentos em prol da referida corrente: [2: [1] Esse é o entendimento do STF e do STJ, tendo sido reafirmado nos julgados: (STF, 1ª Turma, HC 70.193/RS, Rel. Min. Celso de Mello, j. 21/09/1993, DJ 06/11/2006). REsp 1304155/MT, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Rel. p/ Acórdão Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEXTA TURMA, julgado em 20/06/2013, DJe 01/07/2014; AgRg no REsp 1154436/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 11/12/2012, DJe 17/12/2012; HC 137504/BA, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 28/08/2012, DJe 05/09/2012; REsp 964978/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, Rel. p/ Acórdão Ministro ADILSON VIEIRA MACABU (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/ RJ), QUINTA TURMA, julgado em 14/08/2012, DJe 30/08/2012.] 
a) A soberania dos veredictos do Júri, apesar de ser prevista constitucionalmente, não é absoluta, podendo a decisão ser impugnada, seja por meio de recurso, seja por revisão criminal. A CF não previu os veredictos como um poder incontrastável e ilimitado.
b) Segundo a doutrina, a soberania dos veredictos é uma garantia constitucional prevista em favor do réu e não da sociedade.
c) Desse modo, se a decisão do júri apresenta um erro que prejudica o réu, ele poderá se valer da revisão criminal. Não se pode permitir que uma garantia instituída em favor do réu (soberania dos veredictos) acabe por prejudicá-lo, impedindo que ele faça uso da revisão criminal.
REPERGUNTA: Em tal caso, o Tribunal que irá julgar a revisão criminal, além de fazer o juízo rescindente, poderá também realizar o juízo rescisório?
R: O tema é cercado de polêmicas, existindo duas correntes principais:
a) A primeira, encabeçada por Ada Pellegrini Grinover, que defende a possibilidade do Tribunal, ao julgar a revisão, ter competência para fazer o juízo rescindente e também o juízo rescisório.
b) A segunda corrente, defendida por Nucci, defende que o Tribunal só pode realizar o juízo rescindente, devendo determinar a realização de novo júri. Vejamos de maneira esquematizada:
	1ª corrente:
#TESEINSTITUCIONAL
O Tribunal, ao julgar a revisão, tem competência para fazer o juízo rescindente e também o juízo rescisório.
	2ª corrente:
O Tribunal só poderá fazer o juízo rescindente, devendo determinar que seja realizado novo júri ao invés de absolver o réu.
	Quem defende: Ada Pellegrini Grinover e Frederico Marques [2][footnoteRef:3] [3: [2] Com esse entendimento: GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antônio Magalhães; FERNANDES, Antônio Scarance. Recursos no processo penal. 6ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 247. Em sentido semelhante: MÉDICI, Sérgio de Oliveira. Revisão criminal. 2ª ed. São Paulo: EditoraRevista dos Tribunais, 2000. p. 201. No sentido de que é possível, em sede de revisão criminal, a absolvição, por parte do Tribunal de Justiça, de acusado condenado pelo Tribunal do Júri: STJ, 5ª Turma, REsp 964.978/SP, Rel. Min. Adilson Vieira Macabu – Desembargador convocado do TJ/RJ.] 
	Quem defende: Guilherme de Souza Nucci e Renato Brasileiro
	A 5ª Turma do STJ já decidiu conforme a primeira corrente,vejamos: (...) 1. É possível, em sede de revisão criminal, a absolvição, por parte do Tribunal de Justiça, de réu condenado pelo Tribunal do Júri.(...) 5. Em uma análise sistemática do instituto da revisão criminal, observa-se que entre as prerrogativas oferecidas ao Juízo de Revisão está expressamente colocada a possibilidade de absolvição do réu, enquanto a determinação de novo julgamento seria consectário lógico da anulação do processo. (...)
	Com esse entendimento: STJ, 5ª Turma, HC 19.419/DF, Rel. Min. Jorge Scartezzini, j. 25/06/2002, DJ 18/11/2002 p. 251. Em sentido semelhante: STJ, 5ª
Turma, AgRg no REsp 1.021.468/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 02/08/2011, DJe 10/08/2011; STJ, 5ª Turma, REsp 1.172.278/GO, Rel. Min. Jorge Mussi, j.
26/08/2010, DJe 13/09/2010.
 
Renato Brasileiro[3][footnoteRef:4] discorre sobre o tema, vejamos: “De fato é perfeitamente possível que o Tribunal de Justiça reconheça, por exemplo, que a decisão condenatória se baseou em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos, mas, a fim de não imiscuir-se na competência do juízo natural para os crimes dolosos contra a vida,determinar a submissão do acusado a novo julgamento pelo Júri.”  [4: [3] Código de Processo Penal comentado (2016), p. 1475.] 
ATENÇÃO: NÃO se comprometa!! Em rápida análise da doutrina, encontramos autores que afirmam tanto que prevalece na jurisprudência tanto a primeira corrente quanto a segunda. Por isso, o importante aqui é mostrar ao examinador o domínio das duas correntes e inclinar a sua preferência à primeira, já que mais favorável ao réu.
Olha o gancho!
Afinal, o que é mesmo juízo rescindente e rescisório?[footnoteRef:5] [5: O tema foi alvo de pergunta na Prova Oral da DPE/ES (2017), onde se indagou sobre como se dá a revisão criminal no âmbito do Júri. ] 
No julgamento da revisão criminal, se o Tribunal decidir desconstituir a decisão impugnada, diz-se que houve juízo rescindente.
Se, além de desconstituir a decisão impugnada, o próprio Tribunal proferir outra decisão em substituição àquela que foi rescindida, diz-se que houve juízo rescisório.
#SELIGANOSSINÔNIMOS #AGRADEOEXAMINADOR
- JUÍZO DE CASSAÇÃO = JUÍZO RESCIDENTE
- JUÍZO DE REFORMA = JUÍZO RESCISÓRIO
Art. 621.  A revisão dos processos findos será admitida:
I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos;
II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos;
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.
Exceções: [situações em que o juiz togado que julgará]
c) absolvição sumária o juiz, ao final da primeira fase, poderá absolver o réu - constitucionalidade dessa previsão? Nenhum princípio é absoluto, essa disposição favorece a situação do réu. 
2.4. Competência mínima para julgamento dos crimes dolosos contra a vida, tentados ou consumados.
Quais são os crimes dolosos contra a vida? PHAI (dica mnemônica)
2.4.1. Conceito
Ao contrário do que ocorreu na Constituição portuguesa, o legislador brasileiro estabeleceu o contingente mínimo da competência do Júri, provisionado nos art. 121 a 128 do CP, e esse núcleo mínimo é consolidado como cláusula pétrea. 
Obs. 1: nada impede que o legislador ordinário amplie a competência do Júri, desde que exista vontade política. 
Obs. 2: vis atrativas - o Júri também vai julgar as infrações comuns, eventualmente conexas ao crime doloso contra a vida. Art. 78, I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri
ADVERTÊNCIA: vale lembrar que, havendo conexão com crime militar ou eleitoral, impõe-se a separação obrigatória de processos. 
OBS3: infrações de menor potencial ofensivo. Art. 60, parágrafo único, da lei 9099/95 aduz que havendo conexão entre infração de menor potencial ofensivo e crime doloso contra a vida, a primeira será levada a Júri, respeitando-se os institutos benéficos como composição civil e transação penal. Para LFG, devemos promover uma adaptação procedimental, marcando-se, inicialmente, audiência preliminar para tentar resolver a situação da infração de menor potencial. Se não resolver vai ao plenário. Para a suspensão condicional do processo, somar-se-ão as penas mínimas. ADVERTÊNCIA: Para Rômulo em posição minoritária, o parágrafo único referido é inconstitucional, pois a competência do JECRIM decorre do art. 98, I, CF, não podendo ser excepcionada por lei ordinária. 
Obs. 4: Situações em que há morte, mas a competência do Júri não se estabelece. O simples fato de haver morte, pode não atrair a competência do Júri em razão da classificação do delito, como ocorre:
· Latrocínio: crime contra o patrimônio (art. 157, §3º CP c/c Súmula 603 STF).
· Lesão corporal seguida de morte, que é crime contra a pessoa (art. 129, §3º CP).
· Estupro seguido de morte, que é crime contra a dignidade sexual. (art. 213 c/c 225 CP).
· Genocídio (lei 2889/56): Segundo STF e STJ, o genocídio, em regra, não vai ao júri, por se tratar de crime contra a humanidade. Uma parcela significativa da doutrina entende que se a conduta genocida ocasionar a morte, estaremos diante de concurso formal impróprio entre genocídio e homicídio, de forma que pela vis atrativa, o genocídio seria levado a Júri. Art. 78, I c/c art. 77 CPP.
· Ato infracional será julgado de acordo com o procedimento pertinente na vara da infância e da juventude. (art. 103 do ECA).
· Foro por prerrogativa de função previsto na CF. Segundo o STF, na súmula 721, as autoridades com foro por prerrogativa na CF não vão a Júri. O mesmo não ocorre quando a prerrogativa é prevista apenas na Constituição Estadual – defensor, secretario.
E se alguém auxiliar Deputado Federal a praticar crime doloso contra a vida?
· Entendimento majoritário: separação de processos (STF)‏ -fundamento: ambos possuiriam competência prevista no texto constitucional.
· Entendimento minoritário: junção. -neste sentido, vide decisão da 2ª turma do STF (HC 83583, DJU 07.05.2004)‏ [decisão isolada]
· Militar das forças armadas mata militar das forças armadas, estando ambos na ativa. Nesse caso, o militar será julgado na Justiça Militar federal. (art. 9º, II, a CPM). Militar em serviço – há divergência, mas prevalece.
· Militar estadual mata militar estadual: nesse caso, o julgamento ocorrerá na Justiça Militar estadual. Art. 9º, II, a COM. Militar em serviço – há divergência, mas prevalece.
Obs. militar mata militar, nenhum dos dois em serviço – Júri.
· Civil mata militar das forças armadas em serviço e em lugar sujeito a jurisdição militar. Nesse caso, o agente será julgado na Justiça Militar Federal. (art. 9, II, b CPM). Militar em serviço.
· Civil mata militar estadual (PM, bombeiro militar): nesse caso, o agente será levado a Júri. Art. 5º, XXXVIII c/c art. 125, §4º, CF. Militar em serviço.
*#ATENÇÃO #MUDANÇALEGISLATIVA: Muita atenção à Lei nº. 13.491/2017 que alterou o Código Penal Militar. Antes da Lei: para se enquadrar como crime militar com base no inciso II do art. 9º, a conduta praticada pelo agente deveria ser obrigatoriamente prevista como crime no Código Penal Militar. Agora: a conduta praticada pelo agente, para ser crime militar com base no inciso II do art. 9º, pode estar prevista no Código Penal Militar ou na legislação penal “comum”.
· Crime político de matar o Presidente da República, o Presidente do Senado, o Presidente da Câmara, Presidente do STF (art. 29 da Lei 7170/83 – Lei de Segurança Nacional) – será julgado pelo juiz federal singular de primeiro grau. ADVERTÊNCIA: Dessa sentença, condenatória ou absolutória, caberá recurso ordinário constitucional ao STF.Não cabe apelação. O STF funciona nesse caso como órgão de segundo grau comum. A análise é de mérito e de direito. Art. 109, IV, CF. art. 102, II, b da CF. 
Será que matar essa turma é automaticamente crime contra a segurança nacional? NÃO. É necessária uma motivação política. Uma motivaçãoque atinja o Estado Democrático de Direito. 
Ex. Joaquim Barbosa morto por uma dos mensaleiros por cauda do julgamento – Não vai a Júri. Ex2. Moleque jogando pelada com Joaquim, sem nem saber quem ele é, irrita-se e mata o Joaquim – vai a Júri.
· Tiro de abate: de acordo com o art. 9º, parágrafo único, do CPM, inserido pela Lei 12.432/11, nas hipóteses de excesso no tiro de abate para combater o tráfico de drogas, a competência será da Justiça Militar Federal.
Júri federal existe? SIM Lei 2889/56
Homicídio contra a índio é competência do júri federal? Depende do motivo do crime. STJ, 140: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena figure como autor ou vítima.
Obs.5. Crime doloso contra a vida praticado por militar contra pessoa comum. Saiu da esfera militar e foi para o Júri, em razão do episódio de Carandiru – art. 9º CPPM. Foi de aplicação imediata, atingindo o julgamento de Carandiru. Isso porque se achava a Justiça Militar corporativista. A competência da JM decorria do texto constitucional. Será que poderia ser alterada por lei ordinária? Em 2004 o Congresso Nacional editou a emenda constitucional 45/04 nesse sentido. A emenda, no entanto, fez referência aos militares estaduais. E se for agente das forças armadas? Também vai a Júri? Há divergência. Aury Lopes Jr. e a prova da DPU (CESPE) disseram que não. E se o militar mata culposamente? Justiça Militar. E se um militar matar outro? Justiça Militar.
#NOVIDADELEGISLATIVA*. Conforme esclareceu Aury Lopes Jr[footnoteRef:6]: [6: Trecho retirado do Site CONJUR: https://www.conjur.com.br/2017-out-20/limite-penal-lei-134912017-fez-retirar-militares-tribunal-juri. ] 
“Antes, o artigo 9º, II do CPM assim dispunha:
II. os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei penal comum, quando praticados: (...).
com essa redação, o legislador determinava que a Justiça Militar julgaria os militares (nas situações de atividade ou interesse militar definidos nas alíneas “a” a “f”) pela prática dos crimes previstos no CPM, "embora também o sejam com igual definição na lei penal comum". Com isso, estavam afastados da competência da Justiça Militar os crimes previstos em leis penais especiais e, portanto, não contemplados no CPM. Eram os clássicos exemplos dos crimes de abuso de autoridade, tortura, associação para o tráfico, organização criminosa etc., todos crimes não previstos no CPM, mas apenas em leis penais extravagantes e que eram julgados na Justiça comum. Se houvesse conexão entre um crime militar e outro previsto em lei especial, haveria uma cisão: o crime militar seria julgado pela Justiça castrense, e o crime não previsto no CPM seria julgado na Justiça comum (estadual ou federal, conforme o caso).
Agora, a nova redação do inciso II é muito mais ampla:
II – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando praticados.
Significa dizer que a Justiça Militar (federal ou estadual) agora poderá julgar os crimes previstos no CPM e na legislação penal (comum e especial/extravagante). Dessa forma, há uma ampliação significativa da competência das Justiças militares estaduais e federal, que passarão a julgar crimes não previstos no CPM, tais como os anteriormente citados.”
O novo art. 9º, § 2º do CPM, fala em “militares das Forças Armadas”. E no caso de crimes dolosos contra a vida praticados por militares estaduais (policiais militares e bombeiros militares) em desfavor de civis, de quem será a competência? Da Justiça Comum (Tribunal do Júri), por força de expressa previsão constitucional
ATENÇÃO: STJ diz que mesmo se tratando de crime de competência da Justiça Comum não há impedimento de que também seja instaurado inquérito militar. O MP pode se valer dos dois, de um ou de nenhum. 
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.
RESUMO
- MILITAR X MILITAR: JM
- MILITAR X MILITAR (FORA DO SERVIÇO): JÚRI
- CIVIL X MILITAR FEDERAL: JM
- CIVIL X MILITAR ESTADUAL: JÚRI
- MILITAR ESTADUAL X CIVIL: JÚRI (EC 45/04)
- MILITAR FEDERAL X CIVIL: DIVERGENCIA. PREVALECE JÚRI.
	É da competência do tribunal do júri?
	Sim
	Não
	1. Crimes dolosos contra a vida.
	X
	
	2. Crimes conexos aos crimes do tribunal do júri.
	X
	
	3. Exceções: crimes militares e eleitorais (separação do processo).
	
	X
	4. Ampliação da competência do júri. A CF só trata da competência mínima.
	X
	
	5. Crime culposo contra a vida.
	
	X
	6. Crime doloso no trânsito.
	X
	
	7. Lesão corporal seguida de morte.
	
	X
	8. Crimes com resultado morte.
	
	X
	9. Crime preterdoloso.
	
	X
	10. Militar que mata civil.
	X
	
	11. Militar que mata militar fora do serviço.
	X
	
	12. Civil que mata militar das forças armadas.
	
	X
	13. Genocídio – RE 351487.
	
	X
	14. Latrocínio – súmula 603 do STF
	
	X
	15. Foro por prerrogativa de função. obs.: deputado estadual tem foro especial. obs.: cessou o mandato cessa o foro por prerrogativa.
	
	X
	16. Vereador – súmula 721 do STF
	X
	
	17. Juiz pode absolver sumariamente o réu? Sim, pode. O caso não vai a júri.
	
	X
	18. Menor que comete o crime doloso.
	
	X
	19. Obs.: concorrência entre tribunal do júri federal e estadual? Prepondera o federal.
	
	
	20. Obs.: foro competente para o tribunal do júri é o local da consumação. Porém, cuidado, excepcionalmente a jurisprudência admite o local dos fatos por facilitar as provas, por exemplo, o caso Misael.
	
	
*#OUSESABER: O tribunal do júri é competente para decretar a perda do cargo do Militar, quando o fato não tiver relação com o exercício da função? 
Entende o STJ que a competência do Tribunal do Júri prevalece, ainda que o fato não esteja relacionado com o exercício da função. Vejamos trecho de um dos julgados: “Este Superior Tribunal de Justiça firmou sua jurisprudência no sentido de que o Tribunal do Júri é competente para motivadamente decretar, como efeito da condenação, a perda do cargo ou função pública, inclusive de militar, quando o fato não tiver relação com o exercício da atividade na caserna.” (REsp 1185413 / AP). No mesmo sentido, os seguintes precedentes: AgRg no AREsp 558084/MS e HC 173873/PE. 
	3. CARACTERÍSTICAS
3.1. Composição do Júri
25 jurados + juiz presidente. Ele é heterogêneo. 
Conselho de sentença: 7 pessoas
Obs. Classificação das decisões judiciais em razão do órgão prolator. 
· Decisão subjetivamente simples: é aquela proferida por órgão singular – Ex. Decisão de Monis
· Decisão subjetivamente plúrima: é aquela emanada de órgão colegiado homogêneo – ex. TRF.
· Decisão subjetivamente complexa: é aquela emanada de órgão colegiado heterogêneo - Júri.
3.2. Horizontalidade
Não existe hierarquia entre o juiz e os jurados. 
Obs. classificação da competência no Júri. Há uma repartição de funções. Há divisão de competência funcional pelo objeto do juízo, afinal os jurados funcionalmente apreciarão os fatos votando os quesitos e o juiz presidente funcionalmente profere a sentença vinculado à lei e à deliberação dos jurados, sem vínculo hierárquico.
· jurados julgam questões de fato.
· juiz togado julga questão de direito.
juri x julgamento em escabinaTo: No julgamento escabinato não há distinção de funções, pois juízes leigos e técnicos (togados) atuam e decidem em colegiado. No escabinato, juízes leigos e togados decidem, por primeiro, sobre a pretensão punitiva e, em seguida, sobre a aplicação da pena. Distingue-se, também, do assessorado, porque neste o assessor tem voto consultivo, uma vez que o jurado procura instruir-se com o assessor"
3.3. Temporariedade
O Júri vai funcionar por determinados períodos do ano estabelecidos na Lei de Organização de cada estado. 
Obs. enquadramento terminológico. 
· Reunião do Júri: são os meses do ano em que o Júri atua em cada comarca.É o período de atividade.
· Sessão do Júri: é o ato solene onde o processo será submetido a julgamento. Nada impede que uma sessão ocupe mais de um dia. Admite-se que no mesmo dia mais de um processo seja levado à análise do mesmo Conselho de Sentença, desde que exista aquiescência das partes. (Art. 452.  O mesmo Conselho de Sentença poderá conhecer de mais de um processo, no mesmo dia, se as partes o aceitarem, hipótese em que seus integrantes deverão prestar novo compromisso).
3.4. O Júri é um tribunal que vota por maioria, estando vedada a unanimidade.
Com quatro votos em determinado sentido, o quesito estará suficientemente julgado pela obtenção da maioria e os demais votos serão descartado.
Com isso acabamos a parte propedêutica.
	4. PROCEDIMENTO
4.1. Considerações iniciais
É o mais solene de todos.
O procedimento do Júri é enquadrado pela doutrina majoritária como procedimento especial, notadamente pela sua organização, como procedimento escalonado ou bifásico. ADVERTÊNCIA: Para Rômulo Moreira, em posição minoritária, o Júri não segue um enquadramento ortodoxo, afinal topograficamente o CPP não o enquadrou como comum nem com o especial. ADVERTÊNCIA: enquadramento de fases. Nós optamos por construir uma primeira fase produzida monocraticamente e sem intervenção de jurados. Em muitos países há dois plenários – um pequeno Júri e um grande Júri: 
4.1.1. 1ª Fase: Judicium Accusationis ou sumário da culpa. Julga a viabilidade da acusação e seus limites. Será presidida de acordo com a Lei de Organização Judiciária e não necessariamente tramita na vara do júri. Ex. vara da infância e da juventude no caso de criança ou adolescente vítima – Na Bahia é assim. Após a pronúncia os autos são remetidos a Vara especializada do Júri.
INF/STF 747 Julho.2014
Competência para o processamento de crimes dolosos contra a vida praticados no contexto de violência doméstica
IMPORTANTE!
A Lei de Organização Judiciária poderá prever que a 1ª fase do procedimento do júri seja realizada na Vara de Violência Doméstica em caso de crimes dolosos contra a vida praticados no contexto de violência doméstica. Não haverá usurpação da competência constitucional do júri.
Apenas o julgamento propriamente dito é que, obrigatoriamente, deverá ser feito no Tribunal do Júri. STF. 2ª Turma. HC 102150/SC, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 27/05/2014. 
Obs. O art. 424 do CPP autoriza que a Lei de Organização Judiciária atribua a outro juízo até mesmo a fase de preparação de julgamento dos crimes dolosos contra a vida. Assim, conclui-se que apenas o julgamento propriamente dito é que, obrigatoriamente, deverá ser feito no Tribunal do Júri:
Art. 424. Quando a lei local de organização judiciária não atribuir ao presidente do Tribunal do Júri o preparo para julgamento, o juiz competente remeter-lhe-á os autos do processo preparado até 5 (cinco) dias antes do sorteio a que se refere o art. 433 deste Código. 
4.1.2. 2ª Fase: Judicium Causae ou fase de julgamento. Julgamento do mérito propriamente dito.
4.2. Estrutura do procedimento
4.2.1. Judicium accusationis ou sumário da culpa
a) Oferta da inicial acusatória.
Seja ela denúncia ou queixa crime (no caso de ação penal privada subsidiária da pública ou eventual conexão entre crime doloso contra a vida e crime de ação privada). Ex. conexão entre crime doloso contra a vida e injúria.
Obs. a queixa crime se justifica em virtude das seguintes hipóteses:
· Ação privada subsidiária da pública (art. 29 CPP)
· Por conexão entre crime doloso contra a vida e delito persecutível por ação privada, formando-se um litisconsórcio ativo facultativo, entre o MP e o querelante – ação penal adesiva (art. 76 CPP). ex. marido que pratica tentativa de homicídio e injúria. CRÍTICA: para a doutrina o mais adequado é que se promova uma separação de processos para que não ocorra tumulto com a reunião no polo ativo do MP e do querelante. (art. 80 CPP). O juiz então está autoriza a separar.
Art. 29.  Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
Art. 76.  A competência será determinada pela conexão:
I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras;
II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas;
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração.
Art. 80.  Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação.
Obs. os requisitos formais da inicial acusatória estão concentrados no art. 41 do CPP. 
b) Juízo de admissibilidade da inicial 
· Negativo: rejeita a inicial. Obs. as hipóteses do art. 395 CPP são aplicadas na sua íntegra ao procedimento do Júri. O sistema recursal também é o mesmo e da rejeição da inicial caberá RESE (art. 581, I CPP).         Art. 581.  Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: I - que não receber a denúncia ou a queixa;
· Positivo: recebe a inicial. O processo começa. Art. 406 CPP O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará a citação do acusado para responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. 
*#DEOLHONAJURIS DIZERODIREITO #STJ: É possível a pronúncia do acusado baseada exclusivamente em elementos informativos obtidos na fase inquisitorial? • NÃO. Haverá violação ao art. 155 do CPP. Além disso, muito embora a análise aprofundada seja feita somente pelo Júri, não se pode admitir, em um Estado Democrático de Direito, a pronúncia sem qualquer lastro probatório colhido sob o contraditório judicial, fundada exclusivamente em elementos informativos obtidos na fase inquisitorial. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1.740.921-GO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 06/11/2018 (Info 638). STJ. 6ª Turma. HC 341.072/RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 19/4/2016. • SIM. É possível admitir a pronúncia do acusado com base em indícios derivados do inquérito policial, sem que isso represente afronta ao art. 155. Embora a vedação imposta no art. 155 se aplique a qualquer procedimento penal, inclusive dos do Júri, não se pode perder de vista o objetivo da decisão de pronúncia não é o de condenar, mas apenas o de encerrar o juízo de admissibilidade da acusação (iudicium accusationis). Na pronúncia opera o princípio in dubio pro societate, porque é a favor da sociedade que se resolvem as dúvidas quanto à prova, pelo Juízo natural da causa. Constitui a pronúncia, portanto, juízo fundado de suspeita, que apenas e tão somente admite a acusação. Não profere juízo de certeza, necessário para a condenação, motivo pelo qual a vedação expressa do art. 155 do CPP não se aplica à referida decisão. STJ. 5ª Turma. HC 435.977/RS, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 15/05/2018. STJ. 6ª Turma. REsp 1458386/PA, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 04/10/2018. Obs.: prevalece, no STJ, a segunda posição, ou seja, de que é possível a pronúncia.
c) Realização da citação
Obs. no Júri teremos as três modalidades citatórias similares ao procedimento comum, vale dizer a pessoal, por edital e eventualmente por hora certa.
d) Apresentação da resposta escrita à acusação em 10 dias
É a peça defensiva que vai resistir aos termos da inicial acusatória com argumentos fáticos e jurídicos, além do requerimento de diligências e, sobpena de preclusão, o rol de testemunhas (8 no máximo).   Art. 406 § 3o  Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo que interesse a sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário – Tem redação similar aos art. 396 e 396-A,que disciplinam a resposta escrita no procedimento comum ordinário.
· A peça é de natureza obrigatória, pelo que se o defensor não oferecê-la o juiz deverá nomear defensor dativo.
e) Oitiva da acusação em 5 dias
Em homenagem ao princípio do contraditório, após a resposta escrita, deve o juiz abrir vistas à acusação, para que ela se manifeste sobre os termos da defesa escrita, no prazo de cinco dias (Art. 409.  Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o Ministério Público ou o querelante sobre preliminares e documentos, em 5 (cinco) dias). 
Se a defesa alegar preliminar ou juntar documento novo o MP deverá ter oportunidade de se manifestar novamente. [únicas hipóteses que o MP deverá se manifestar novamente]
ADVERTÊNCIA: essa previsão não tem ressonância no procedimento comum ordinário.
f) Autos conclusos para o juiz – saneamento
Art. 410.  O juiz determinará a inquirição das testemunhas e a realização das diligências requeridas pelas partes, no prazo máximo de 10 (dez) dias.
Prazo: dez dias a partir do momento em que os autos lhe são conclusos.
ADVERTÊNCIA: o conteúdo do saneador dependerá da posição adotada em virtude da preleção normativa. Vejamos. 
· 1ª Posição (MAJORITÁRIA): só pode absolvição no final. Após os debates orais.
· Sanar nulidades
· Deliberar sobre as diligências requeridas
· Marcar a audiência de instrução, debates e julgamento.
· 2ª Posição (Távora – mas vem sendo cobrado): 
· Sanar nulidades
· Deliberar sobre diligências
· Absolvição sumária
· Não sendo caso de absolvição – marcar audiência
A lei 11.719 (art. 394 § 4o  As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste Código.) exige que 4 artigos do procedimento comum sejam aplicados a todos os procedimentos que tramitam em primeiro grau, o que obviamente inclui o procedimento do júri. Que procedimentos são esses? Art. 395 (hipóteses para rejeitar a inicial); art. 396 e 396-A (conteúdo da resposta), art. 397 (absolvição sumária). Portanto, no saneador há o momento para absolver o réu sumariamente, sem a necessidade da realização de audiência. O juiz está autorizado.
Obs. Renato – só pode absolvição no final. Após os debates orais.
g) Realização da audiência de instrução, debates e julgamento.
G.1. Conceito
É nessa audiência que a primeira fase se encerra com a remessa do réu ou não aos jurados.
G.2. Prazo
90 dias (no comum é 60 dias), independentemente se se trata de réu preso ou solto, contados, em que pese a omissão da lei, do recebimento da inicial acusatória. 
· Se não observar?
· réu solto: prazo impróprio.
· réu preso: Depende da análise do fundamento do atraso.
G.3. Estrutura
· Instrução: os atos instrutórios se iniciam com a oitiva da vítima e se encerram pelo interrogatório do réu, sendo que a sequencia lógica segue a ordem similar do procedimento comum ordinário, em verdadeira padronização. Esse foi o desejo da reforma: padronizar sempre que for possível. Art. 411.  Na audiência de instrução, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se o debate. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) § 1o  Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento e de deferimento pelo juiz. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)§ 2o  As provas serão produzidas em uma só audiência, podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias. 
I) OITIVA DO OFENDIDO; 
II) OITIVA TESTEMUNHA DE ACUSAÇÃO E DEFESA (8); 
III) ESCLARECIMENTO DOS PERITOS (E ASSISTENTES TÉCNICOS)‏
IV) ACAREAÇÃO
V) RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS
VI) ALEGAÇÕES ORAIS (ART. 571, INC. I)
Obs. No Júri não há previsão de requerimento pelas partes de diligências complementares, cuja necessidade foi revelada na audiência de instrução. Nada impede, contudo, que o juiz de ofício determine a diligência, como autoriza o art. 156, II, CPP. 
Art. 156.  A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:  (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante
· Debates orais:
A sua distribuição temporal e organização é idêntica ao que ocorre no procedimento comum ordinário, respeitando-se o espírito de padronização. Art. 411, §4º, 5º e 6º. 
Eventuais nulidades anteriores devem ser alegadas nesse momento.
· Nulidade relativa não alegada nesse momento preclui.
§ 4o  As alegações serão orais, concedendo-se a palavra, respectivamente, à acusação e à defesa, pelo prazo de 20 (vinte)minutos, prorrogáveis por mais 10 (dez). (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 5o  Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo previsto para a acusação e a defesa de cada um deles será individual. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 6o  Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação deste, serão concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008).
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ: Diante das peculiaridades do Tribunal do Júri, o fato de ter havido sustentação oral em plenário por tempo reduzido não caracteriza, necessariamente, a deficiência de defesa técnica. STJ. 6ª Turma. HC 365.008-PB, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 17/04/2018 (Info 627). Obs: existe decisão reconhecendo a ocorrência de nulidade pelo simples fato de a sustentação oral ter sido feita em poucos minutos: STJ. 6ª Turma. HC 234.758-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 19/6/2012. No entanto, entendo que a posição majoritária é no sentido que isso não conduz, obrigatoriamente, à nulidade, conforme decidido no HC 365.008-PB.
Obs. em que pese a ausência de previsão legal, admite-se a substituição por memoriais (fora dos casos legais é mera irregularidade - STJ) em analogia ao que ocorre no procedimento comum ordinário. Art. 403, §3º c/c 404. 
ADVERTÊNCIA: no procedimento comum os memoriais tendem a ser exaurientes, pois na sequência a sorte do réu será resolvida. Na primeira fase do Júri, entretanto, os memoriais, podem ser apresentados por negativa geral quando se percebe que o cenário não é favorável à defesa e o advogado pode reservar os argumentos para apresentar diretamente aos jurados (estratégia de defesa) – STF HC 103.579. 
Mutatio libelli e primeira fase:- antes havia divergência. Agora não há mais dúvida de sua aplicação (art. 411, §3º). 
· Se comprovou um fato na primeira fase não contido na denúncia deverá aditar denúncia, etc.
· Denúncia por homicídio simples e comprova-se o motivo torpe (circunstância) no curso da 1ª fase
§ 3o  O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
        
Art. 404.  Ordenado diligência considerada imprescindível, de ofício ou a requerimento da parte, a audiência será concluída sem as alegações finais.
alegações finais no procedimento do tribunal do júri: segundoo posicionamento do STJ, a apresentação das alegações finais é facultativa nos processos de competência do tribunal do júri, uma vez que não há julgamento do mérito com a sentença de pronúncia, mas mero juízo de admissibilidade da acusação formulada.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: A defesa sustentava a nulidade absoluta do processo, em razão da ausência das alegações finais por abandono da causa pelo advogado. Sustentava, também a violação ao devido processo legal, diante da modificação da tese acusatória em plenário, sem que tivesse sido oportunizado o exercício do contraditório. O STF entendeu não ter ocorrido nulidade processual, tendo em vista que, na audiência de instrução a defesa técnica postulou a impronúncia. Além disso, afirmou haver correlação entre o que foi arguido pelo Estado-acusador em plenário e a pronúncia. STF. 1ª Turma. HC 129.263/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 15/5/2018 (Info 902).
· Autos conclusos ao juiz para proferir decisão no prazo de 10 dias se ele não se sentir a vontade de julgar na própria audiência ou quando os debates orais forem substituídos por memoriais (art. 411, §9º, CPP) § 9o  Encerrados os debates, o juiz proferirá a sua decisão, ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que os autos para isso lhe sejam conclusos. 
Obs. O CPP alberga ao juiz quatro decisões possíveis em razão das circunstâncias do caso concreto. Vejamos:
· 1ª DECISÃO – Pronúncia = Indícios de autoria + prova da materialidade.
· Conceito (Frederico Marques)
É a decisão interlocutória mista não terminativa, que encerra a primeira fase do Júri, com a remessa do réu ao jurado. 
· Natureza jurídica
Uma decisão interlocutória (integra a estrutura do processo e possui conteúdo decisório. Não julga o mérito), mista (conclui uma etapa procedimental) e não terminativa (não encerra o processo).
A sentença de pronúncia não faz coisa julgada, mas sim preclusão pro judicato. Depois dessa preclusão só pode ser modificada por causa superveniente que altere a classificação do crime (principio da Imodificabilidade da pronúncia).
· Pressupostos
· Convencimento quanto à materialidade (juízo de certeza)
· Verossimilhança quanto à autoria (juízo de probabilidade)
ADVERTÊNCIA: quanto à autoria, a pronúncia é pautada no princípio do in dubio pro sociedade, afinal bastam meros indícios. Entretanto, quanto à materialidade, a pronúncia é pauta no in dubio pro reo, exigindo-se a certeza da existência do crime (STF HC 81646; HC 95068). O in dubio pro sociedade é construção doutrinária e jurisprudencial e o pro réu é legal. Na dúvida, deve pronunciar.
*#OUSESABER #OLHAOGANCHO: A hearsay witness (testemunha por assim dizer) pode ser conceituada como a testemunha que não teve contato direto com a coisa ou fato discutido no processo, mas que somente “ouviu dizer” de outras pessoas sobre o que de fato ocorreu, sendo que, a partir daí, ingressa no processo, na qualidade de “testemunha”, e reproduz em juízo o que ouviu de terceiros.De acordo com Gustavo Badaró, as regras probatórias em geral, especialmente a proibição do testemunho de “ouvir dizer”, têm origem no Direito anglo-americano, em meados do século XVIII, quando, diante das regras de exclusão, inadmitia-se a hearsay witness, com base na pressuposta supervalorização que o julgador poderia fazer de sua oitiva, em especial, no Tribunal do Júri. Desse modo, desde a sua origem, a hearsay witness não era admitida, tendo em vista que a ausência de uma testemunha sem conhecimento direto dos fatos inviabiliza o exercício do direito de defesa e torna impossível o cross-examination, comprometendo, assim, a qualidade do interrogatório.
A 6ª turma do STJ, no RESP 1.373.356/BA, DJ de 28.04.2017, entendeu que "o testemunho por ouvir dizer (hearsay rule), produzido somente na fase inquisitorial, não serve como fundamento exclusivo da decisão de pronúncia, que submete o réu a julgamento pelo Tribunal do Júri".
*O testemunho por ouvir dizer (hearsay rule), produzido somente na fase inquisitorial, não serve como fundamento exclusivo da decisão de pronúncia, que submete o réu a julgamento pelo Tribunal do Júri. STJ. 6ª Turma. REsp 1.373.356-BA, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/4/2017 (Info 603).
· Conteúdo
Continuação de pronúncia.
A) Positivo (deve ter)
Indícios de autoria
· Prova da materialidade
· Qualificadoras
Pode afastar qualificadora quando tiver certeza do seu descabimento.
Não basta apontar a qualificadora. É necessário dizer qual seria o motivo fútil, por exemplo.
· Causas de aumento de pena
Somente aquelas da parte especial.
	#OUSESABER 
Na decisão da pronúncia, devem constar todas as causas de aumento de pena?
O art.413, parágrafo primeiro, do CPP, dispõe que a pronúncia fará referência às causa de aumento de pena, sem fazer qualquer distinção se isso abrange as previstas na parte geral e especial. No entanto, prevalece na doutrina e jurisprudência que só devem constar na pronúncia aquelas inseridas na parte especial do Código Penal, já que as que constam na parte geral não integram o tipo penal (básico ou derivado), tendo como objetivo auxiliar o juiz na fixação da pena, a exemplo do crime continuado
· Omissão penalmente relevante (art. 13, §2º CP – dever de agir).
· Tese da tentativa (art. 14, II CP).
· Concurso de pessoas
Esses três últimos são tipos penais por extensão. Envolvem a tipicidade e não a dosimetria, por isso devem ser suscitados.
B) Negativo (não pode ter)
· Causas de diminuição de pena
Art. 7º da Lei de Introdução ao Código de Processo Penal. Impossível, portanto, pronunciar o acusado pelo homicídio privilegiado.
· Agravantes
· Atenuantes 
· A tese quanto à eventual concurso de crimes
ADVERTÊNCIA: Essa matéria será objeto da futura sentença condenatória no momento da dosimetria da pena.
A inclusão de circunstâncias agravantes é ônus do MP quando dos debates orais em plenário.
· Fundamentação da pronúncia e postura do juiz:
A decisão de pronúncia deve estar adequadamente motivada diante do lastro probatório existente, conectado ao conteúdo positivo que ele deve valorar. Art. 93, IX CF. Entretanto, não pode o juiz antecipar juízo de culpa ou afastar peremptoriamente as testes de defesa, pois estará influenciando a cognição dos jurados, que receberão uma cópia da pronúncia (art. 472, parágrafo único). 
  
Art. 472.  Formado o Conselho de Sentença, o presidente, levantando-se, e, com ele, todos os presentes, fará aos jurados a seguinte exortação: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Em nome da lei, concito-vos a examinar esta causa com imparcialidade e a proferir a vossa decisão de acordo com a vossa consciência e os ditames da justiça.
Os jurados, nominalmente chamados pelo presidente, responderão:
Assim o prometo.
Parágrafo único.  O jurado, em seguida, receberá cópias da pronúncia ou, se for o caso, das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação e do relatório do processo.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
Se o juiz transbordar os seus limites, este fenômeno é conhecido como ELOQUÊNCIA ACUSATÓRIA (caiu na Magistratura Federal) e as consequências dependerão da posição adotada:
· STJ – minoritária – a eloquência acusatória não gera nulidade processual, bastando o desentranhamento da pronúncia, para que os jurados não sejam contaminados. Resp. 982.033
· STF – MAJORITÁRIA – leva à nulidade da decisão de pronúncia e o processo deve ser baixado para que o juiz profira uma nova decisão com a reconstrução do feito a partir do vício. HC 103.037
· Pronúncia e excesso de linguagem
· O juiz não deve tecer valorações subjetivas em prol ou contra uma ou outra parte.
· Finalidade? Não influenciar o julgamento dos jurados. Os jurados recebem cópia da pronúncia.
· E as teses defensivas? Juiz deve ser expresso para afastar as teses defensivas. Caso contrário ocorreria violação ao princípio da motivação.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: A sentença de pronúncia deve ser fundamentada. No entanto, é necessário que o juiz utilize as palavras com moderação, ou seja, valendo-se de termos sóbrios e comedidos, a fim de seevitar que fique demonstrado na decisão que ele acredita firmemente que o réu é culpado pelo crime. Se o magistrado exagera nas palavras utilizadas na sentença de pronúncia, dizemos que houve um “excesso de linguagem”, também chamado de “eloquência acusatória”. O excesso de linguagem é proibido porque o CPP afirma que os jurados irão receber uma cópia da sentença de pronúncia e das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação e do relatório do processo (art. 472, parágrafo único). Assim, se o juiz se excede nos argumentos empregados na sentença de pronúncia, o jurado irá ler essa decisão e certamente será influenciado pela opinião do magistrado. Havendo excesso de linguagem, o que o Tribunal deve fazer? Deverá ANULAR a sentença de pronúncia e os consecutivos atos processuais, determinando-se que outra seja prolatada. Em vez de anular, o Tribunal pode apenas determinar que a sentença seja desentranhada (retirada do processo) ou seja envelopada (isolada)? Isso já não seria suficiente, com base no princípio da economia processual? NÃO. Não basta o desentranhamento e envelopamento. É necessário anular a sentença e determinar que outra seja prolatada. Isso porque, como já dito acima, a lei determina que a sentença de pronúncia seja distribuída aos jurados. Logo, não há como desentranhar a decisão, já que uma cópia dela deverá ser entregue aos jurados. Se essa cópia não for entregue, estará sendo descumprido o art. 472, parágrafo único, do CPP. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1.442.002-AL, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/4/2015 (Info 561).
· Crimes conexos:
Se, eventualmente, o crime doloso contra a vida é conexo a um crime comum, segundo NUCCI (MAJORITÁRIA), a pronúncia de um importa por arrastamento na pronúncia dos conexos, independente da análise do lastro probatório, em fenômeno jurídico conhecido como Eficácia Objetiva da Pronúncia. Nestor discorda. O juiz se limitará a os declarar levados ao júri, desde que vislumbre suporte material mínimo.
· Descoberta eventual de novos infratores:
Deve o juiz, após pronunciar ou impronunciar o réu, abrir vistas ao MP para que adote as providências que entender adequadas (art. 417 CPP). Nesse caso, o promotor poderá aditar a denúncia ou deflagrar um novo processo, se o processo original já estiver em estágio avançado, o que poderia ocasionar tumulto procedimental.
ADVERTÊNCIAS: melhor seria que essa abertura de vistas ocorresse antes da decisão para que o processo seja sincronizado, se o promotor optar por aditar a denúncia.
Tem que ser antes. Não poderia haver aditamento após a preclusão da pronúncia.
Há possibilidade de correção da pronúncia. Trata-se de nova decisão de pronúncia. Exarada em razão de circunstância ulterior que altere a classificação do crime. Ex: denúncia por tentativa de homicídio cuja vítima vem a óbito após a decisão de pronúncia. O juiz ordenará a REMESSA AO MP para ADITAMENTO e depois para a defesa. Em seguida, é proferida nova pronúncia. Ver artigo 421, §1º, do CPP. – MUTATIO. Nova instrução tb.
Se a morte ocorrer no dia do júri – dissolve conselho e volta para a pronúncia.
Se a morte for depois do trânsito em julgado da sentença do júri – já era.
       
Art. 417.  Se houver indícios de autoria ou de participação de outras pessoas não incluídas na acusação, o juiz, ao pronunciar ou impronunciar o acusado, determinará o retorno dos autos ao Ministério Público, por 15 (quinze) dias, aplicável, no que couber, o art. 80 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 418.  O juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da constante da acusação, embora o acusado fique sujeito a pena mais grave. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
· Sistema recursal:
Decisão interlocutória mista não terminativa – RESE. 
· RESE permite a retratação (efeito iterativo).
· Confirmação da pronúncia: interrompe prescrição novamente (art. 117, III, CP)‏
Art. 581, IV. 
       
Art. 581.  Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:
I - que não receber a denúncia ou a queixa;
II - que concluir pela incompetência do juízo;
III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição;
IV – que pronunciar o réu; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008).
*No momento da intimação pessoal do acusado acerca de sentença condenatória ou de pronúncia, a não apresentação do termo de recurso ou de renúncia não gera nulidade do ato. Essa exigência não está prescrita em lei, de modo que a sua ausência não pode ser invocada como hábil a anular o ato de intimação. Dessa forma, a ausência desse documento não é causa de nulidade, especialmente quando há advogado constituído que, embora regularmente cientificado, não interpôs o recurso voluntário. STJ. 5ª Turma. RHC 61.365-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 3/3/2016 (Info 579).
· Situação prisional
Até 2008, na pronúncia o juiz deveria analisar se o réu era reincidente ou tinha maus antecedentes. Se ele fosse, haveria a determinação de prisão decorrente da pronúncia. Maus antecedentes e reincidência não são fundamentos constitucionais para o cárcere, sendo, por isso, objeto de reforma.
Atualmente, reincidência e maus antecedentes não mais justificam o cárcere no momento da pronúncia, de forma que está sepultada a prisão decorrente de pronúncia. E agora como fica?
· Se a pessoa está solta, no momento da pronúncia, só será presa se presentes os requisitos da prisão preventiva. 
· Se o réu está preso, no momento da pronúncia, o juiz deve fundamentar o porquê da manutenção da prisãoEpor que não cabe liberdade provisória. É uma prestação de contas por parte do juiz.
· Efeitos da pronúncia:
AFASTA alegação DE excesso prazo (STJ, 21)‏Súmula 21 STJ: Pronunciado o réu, fica superada a alegação do constrangimento ilegal da prisão por excesso de prazo na instrução.
a) Submissão do réu ao plenário do Júri
b) Imprime os limites da acusação em plenário
O Júri é uma caixinha de surpresas? Em partes. A pronúncia limita o teor acusatório, mas nunca as teses da defesa.
Obs. para a doutrina, a imposição de limites caracteriza o princípio da correlação entre a pronúncia e os quesitos que serão formulados aos jurados.
Obs. 2. A pronúncia não limita eventuais teses de defesa.
As agravantes podem ser levadas a Plenário mesmo que não estejam na pronúncia. Elas não influenciam nos limites mínimos e máximos abstratos da pena.
c) Preclusão das nulidades relativas ocorridas na primeira fase do Júri
As partes poderão suscitar as nulidades relativas ocorridas na primeira fase até antes da preclusão da decisão de pronúncia, ou seja, o último momento é no recurso cabível contra ela (RESE).
Art. 572.  As nulidades previstas no art. 564, Ill, d e e, segunda parte, g e h, e IV, considerar-se-ão sanadas:
I - se não forem arguidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no artigo anterior;
II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim;
III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos.
d) Interrupção da prescrição
Mesmo que depois o crime seja desclassificado em plenário – STJ.
STJ Súmula 191 – a pronúncia é causa interruptivaainda que o Tribunal do Júri venha desclassificar o crime.
e) Princípio da correlação
E.1. Conceito: por ele reconhecemos que os limites da pronúncia são estabelecidos na inicial acusatória, já que o juiz não poderá julgar extra, ultra ou citra petita. Denúncia está correlata à pronúncia, que vincula os argumentos da acusação em Plenário.
E.2. Institutos correlatos
· Emendatio libelli (VAI CAIR!)
Por esse instituto, o juiz na pronúncia, sem nenhuma formalidade prévia (ouvir promotor ou defesa), promoverá, na pronúncia, o enquadramento nos artigos de lei adequados, em razão de eventuais equívocos existentes na inicial acusatória. Art. 383 CPP
Art. 383.  O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1o  Se, em consequênciade definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2o  Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão encaminhados os autos. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Ex. Na denúncia o promotor narra o infanticídio e enquadra como homicídio qualificado. 
O juiz pode promover a correção no momento que recebe a denúncia? NÃO! Quem tem poder para enquadrar no artigo de lei correto no momento da deflagração da denúncia é o promotor (sistema acusatório). A capitulação errada não torna a denúncia inepta. Nesse momento a capitulação não é importante.
O juiz pode promover a correção na pronúncia, ficando comprovado que o caso é de infanticídio? SIM! O juiz vai pronunciar a ré pelo fato e não pela capitulação. Para isso o juiz não precisa ouvir nem acusação nem a defesa. EMENDATIO LIBELLI.
· Mutatio Libelli 
É o instituto que permite uma readequação da imputação quando a instrução revela que osfatos realmente ocorridos são distintos dos narrados na inicial, sendo que as partes irão se manifestar para que só então o juiz possa pronunciar o réu.
CONCLUSÃO: Percebe-se que o juiz não poderá reconhecer qualificadoras ou causas de aumento, que não tenham sido narradas (os fato, pois pode dar capitulação diversa) na denúncia, sem antes aplicar o art. 384.
Obs. E se o Promotor narrou uma qualificadora que não ficou demonstrada na primeira fase do procedimento do Júri? Não havendo lastro probatório dando sustentabilidade à qualificadora, o juiz vai desqualificar (juízo de certeza de que não há a qualificadora) o crime, pronunciando o réu pelo tipo penal simples. Havendo manifesta improcedência da qualificadora ou da causa de aumento narradas na denúncia, por absoluta inexistência de lastro probatório, resta ao juiz afastá-las no momento da pronúncia.
O afastamento de qualificadora caracteriza o que conhecemos por desqualificação!
Art. 384.  Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1o  Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. 28 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2o  Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo interrogatório do acusado, realização de debates e julgamento. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 3o  Aplicam-se as disposições dos §§ 1o e 2o do art. 383 ao caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 4o  Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 5o  Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Já se os fatos narrados forem distintos dos apurados na instrução, deve o juiz valer-se da mutatio libelli, abrindo vista ao MP para emendar e a defesa se defender (3 testemunhas pra cada).
· 2ª DECISÃO: IMPRONÚNCIA
Juízo negativo de admissibilidade da acusação.
· Conceito
É a decisão que encerra a primeira fase de júri SEM JULGAMENTO DE MÉRITO, por ausência de lastro probatório que viabilize a remessa do réu aos jurados.
Pressupostos: não se convencer da materialidade ou de indícios suficientes de autoria (antes falava-se em existência do crime)
        
Art. 414.  Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz, fundamentadamente, impronunciará o acusado. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Parágrafo único.  Enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade, poderá ser formulada nova denúncia ou queixa se houver prova nova. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008).
· Natureza jurídica
Com o advento da Lei 11.689/08, a impronúncia ganhou o status de sentença, tendo aptidão estrita à coisa julgada formal.
· Definitividade
A impronúncia não é apta à imutabilidade pela coisa julgada material, tanto que se surgirem novas provas (requisito objetivo), enquanto o crime não estiver prescrito, o MP terá aptidão para oferecer uma nova denúncia. 
Coisa julgada secundum eventuslittis.
Paulo Rangel diz que a impronúncia é inconstitucional. 
CONCLUSÕES:
· Nada impede que a nova denúncia se faça acompanhar pelos autos do processo anterior que tinha sido extinto.
· Percebe-se que a impronúncia segue a cláusula rebus sic stantibus
· Classificação da prova nova:
· Prova substancialmente nova: é a prova inédita, até então desconhecida. Pode ser uma prova que surgiu há muito tempo, mas que só foi conhecida agora. O momento de ciência é o que importa.
· Prova formalmente nova: é aquela que já existia nos autos, mas ganhou uma nova versão. Ex. testemunha que muda o depoimento.
· Sistema recursal
Antes de 2008 era RESE. Agora é apelação, que está desprovida de efeito suspensivo, o que significa dizer que se o réu estava preso, ele será imediatamente libertado.
Não há recurso de ofício.
Quando impronuncia o réu já expede alvará de soltura, que não será suspenso pelo recurso do MP.
OBS. legitimidade para apelar.
· MP
· Querelante
· Assistente de acusação – legitimidade subsidiária (se MP não recorrer).
· Defesa – pleiteando absolvição sumária 
*Durante os debates no Plenário do Tribunal do Júri, o Promotor de Justiça pediu a absolvição do réu, tendo ele sido absolvido pelos jurados. O assistente de acusação, que intervinha no processo, tem legitimidade para recorrer contra essa decisão? SIM. O assistente de acusação possui legitimidade para interpor recurso de apelação, em caráter supletivo, nos termos do art. 598 do CPP, ainda que o Ministério Público tenha requerido a absolvição do réu. STJ. 6ª Turma. REsp 1.451.720-SP, Rel. originário Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. para acórdão Min. Nefi Cordeiro, julgado em 28/4/2015 (Info 564).
direito intertemporal e recurso cabível 
obs: A lei que se aplica ao recurso é a lei em vigor quando surge o direito de recorrer.
· Depende da data em que foi prolatada a decisão:
· Se antes de 09 de agosto de 2008 – RSE.
· Se depois de 09 de agosto de 2008 – APELAÇÃO.
· Institutos jurídicos essenciais.
a) Despronúncia
É a obtenção da impronúncia, por meio da reversão da decisão de pronúncia, em virtude do recurso em sentido estrito apresentado. Ex.: retratação do juiz; provimento do RESE interposto contra a pronúncia.
b) Absolvição de instância
É um efeito da impronúncia. Significa que a decisão livra o agente daquele processo, mas não impede um novo processo se surgirem novas provas.
Obs. crimes conexos –juízo competente.
· 3ª DECISÃO: ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA
Certeza da inocência do agente. Permite que o magistrado antecipe o mérito.
· Conceito
É a sentença que põe fim ao processo com julgamento de mérito, em virtude de cognição exauriente, certificando a inocência do réu, sem a necessidade de submetê-los aos jurados. 
Art. 415.  O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
I – provada a inexistência do fato; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
III – o fato não constituir infração penal; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) ex.: demonstração de que a arma era um instrumento absolutamente ineficaz.
IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime. (Redação dada pela Lei nº 11.689,de 2008)
Parágrafo único.  Não se aplica o disposto no inciso IV do caput deste artigo ao caso de inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, salvo quando esta for a única tese defensiva. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
· Natureza Jurídica
Sentença absolutória com aptidão à imutabilidade, pela coisa julgada material.
· Compatibilidade com a competência constitucional do Júri
A CF atribui competência ao Júri e a lei ordinária diminui essa competência? Segundo NUCCI, o art. 415 CPP é compatível com o art. 5º, XXXVIII da CF/88, que assegura a competência do Júri. Afinal só há razão de remessa aos jurados, se antes de não detectarmos a evidência da inocência. Há um aspecto hermenêutico anterior – evidência de inocência prévia.
· Hipóteses
Antes: somente quando houvesse causa excludente da antijuridicidade ou da culpabilidade.
A lei 11.689/08 elasteceu as hipóteses que justificam a absolvição sumária e todas elas estão pautadas em juízo de certeza. Vejamos:
· Negativa de autoria
· Inexistência do fato
· Excludente de tipicidade
· Excludente de ilicitude
· Excludente de culpabilidade
Obs.: a inimputabilidade por doença mental só justifica a absolvição sumária se for a única tese de defesa – absolvição sumária imprópria. Parágrafo único.  Não se aplica o disposto no inciso IV do caput deste artigo ao caso de inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, salvo quando esta for a única tese defensiva. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008).
ADVERTÊNCIA: Caso contrário, resta ao juiz absolver o réu por um outro fundamento apresentado ou pronunciá-lo. 
ADVERTÊNCIA: Vale lembrar, que no procedimento comum não existe absolvição sumária imprópria, já que o julgamento antecipado do mérito ocorrerá antes da instrução. Aqui ocorre após a instrução, havendo possibilidade, desde que seja a única tese de defesa, pois perante os jurados é possível que a tese mais benéfica prevaleça. 
ADVERTÊNCIA: O STJ em recente decisão concluiu que não há obstáculo à absolvição sumária imprópria se as demais teses de defesa não possuírem qualquer consistência, sendo mero argumento de poder. Informativo 535 STJ. Atente para o fato de que o STJ não ignorou a regra do parágrafo único do art. 415 do CPP. O que os Ministros concluíram é que, nesse caso concreto, como a argumentação de ausência de dolo foi feita de modo genérico, ela nem poderia ser levada em consideração.
Reconhecimento da inimputabilidade penal pelo juiz togado na absolvição sumária da 1ª fase do procedimento do Tribunal do Júri
No procedimento do Tribunal do Júri, o juiz pode, na fase do art. 415 do CPP, efetivar a absolvição imprópria do acusado inimputável, na hipótese em que, além da tese de inimputabilidade, a defesa apenas sustente por meio de alegações genéricas que não há nos autos comprovação da culpabilidade e do dolo do réu, sem qualquer exposição dos fundamentos que sustentariam esta tese. STJ. 5ª Turma. REsp 39.920-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 06/02/2014. 
Semi-imputabilidade – pronúncia.Causa de diminuição de pena ou substitui pena por medida de segurança. – sistema vicariante.
· Hermenêutica 
· As hipóteses de extinção da punibilidade contempladas no art. 397 CPP como fundamento de absolvição sumária no procedimento comum não foram trazidas pelo art. 415 CPP (Júri), já que de acordo com o art. 61 são cognoscíveis a qualquer tempo e, tecnicamente, não reconhecem a inocência. O 397 estava errado. (Significa que no procedimento do Júri o legislador trabalhou com melhor técnica, não elegendo a “extinção da punibilidade” como fundamento da absolvição sumária). Até porque a extinção de punibilidade gera sentença declaratória e não absolutória.
Art. 61.  Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade, deverá declará-lo de ofício.
Parágrafo único.  No caso de requerimento do Ministério Público, do querelante ou do réu, o juiz mandará autuá-lo em apartado, ouvirá a parte contrária e, se o julgar conveniente, concederá o prazo de cinco dias para a prova, proferindo a decisão dentro de cinco dias ou reservando-se para apreciar a matéria na sentença final.
Art. 397.  Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
IV - extinta a punibilidade do agente. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
· As três novas hipóteses de absolvição sumária (inexistência de fato, de crime ou ausência de autoria), antes da reforma, justificavam a impronúncia e, segundo a doutrina, caracterizavam situação excepcional onde a impronúncia fazia coisa julgada material. Atualmente, isso não mais existe. 
o que fazer com o crime conexo?
· Não se aplica a perpetuatio jurisdicionis. [trata-se de uma exceção] [a regra seria aplicar (ex.: crime federal + crime estadual. Se o juiz federal desclassifica o crime da sua competência, mesmo assim julga ambos)]
· Absolveu o crime doloso contra a vida, não julga o crime conexo. [art. 81, parágrafo único, CPP]
Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que no processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua na sua competência, continuará competente em relação aos demais processos.
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o acusado, de maneira que exclua a competência do júri, remeterá o processo ao juízo competente.
· Sistema recursal 
Impugnável mediante apelação. Este recurso não possui efeito suspensivo, de forma que se o réu estava preso, será imediatamente liberado. O recurso ministerial não tem o condão de inviabilizar a imediata liberação do réu.
Obs. legitimidade: poderão recorrer o MP, o querelante (subsidiária da pública), o assistente de acusação (recurso supletivo – o assistente só pode recorrer se o promotor não o fizer), a defesa. CONCLUSÃO: a defesa tem interesse recursal quando o juiz absolve sumariamente e aplica medida de segurança, sem amparo legal, ou para discutir um fundamento da absolvição, almejando impedir uma eventual ação civil ex delicto. Imagine que o juiz absolve sumariamente dizendo que o fato não existiu, não seria possível a ação civil ex delicto. Ex. excludente de culpabilidade não faz coisa julgada no cível. Excludente de ilicitude faz.
Obs. Recurso ex officio – atualmente para a doutrina majoritária, em razão da nova redação do art. 415 CPP, proposta pela lei 11.689/08, não mais existe recurso de ofício contra a absolvição sumária, por desejo do legislador. ADVERTÊNCIA – para essa corrente o art. 574, II, prevendo recurso de ofício da absolvição sumária encontra-se tacitamente revogado, de forma que nas outras hipóteses seria cabível o recurso de ofício. CRÍTICA: melhor seria a discussão constitucional do recurso de ofício, dentro da violação ao sistema acusatório e da não recepção de todo o artigo 574 do CPP pela CF.
Dúvidas quanto à necessidade de reexame necessário. A previsão do reexame necessário do art. 411 foi revogada, mas permanece a do art. 574, II. Majoritariamente, tem-se entendido que não mais existiria tal recurso, por força da Lei 11.689/08.
        
Art. 574.  Os recursos serão voluntários, excetuando-se os seguintes casos, em que deverão ser interpostos, de ofício, pelo juiz:
I - da sentença que conceder habeas corpus;
II - da que absolver desde logo o réu com fundamento

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