Buscar

Jocilene e Victor - ATIVIDADE FÍSICA E GESTAÇÃO - UMA BREVE REVISÃO DE LITERATURA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO 
CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS 
BACHARELADO 
 
 
 
 
JOCILENE FARIAS PEREIRA 
VICTOR LUIZ SILVA DE AGUIAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATIVIDADE FÍSICA E GESTAÇÃO: UMA BREVE 
REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VITÓRIA 
2016 
JOCILENE FARIAS PEREIRA 
VICTOR LUIZ SILVA DE AGUIAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATIVIDADE FÍSICA E GESTAÇÃO: UMA BREVE 
REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso, 
apresentado ao Centro de Educação Física 
e Desportos da UNIVERSIDADE FEDERAL 
DO ESPÍRITO SANTO, como requisito 
parcial para a obtenção do grau de Bacharel 
em Educação Física, sob a orientação do 
Professor Doutor Fabian Tadeu Amaral. 
 
 
 
 
 
 
VITÓRIA 
2016 
JOCILENE FARIAS PEREIRA 
VICTOR LUIZ SILVA DE AGUIAR 
 
 
ATIVIDADE FÍSICA E GESTAÇÃO: UMA BREVE REVISÃO DE 
LITERATURA 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso, 
apresentado ao Centro de Educação Física 
e Desportos da UNIVERSIDADE FEDERAL 
DO ESPÍRITO SANTO, como requisito 
parcial para a obtenção do grau de Bacharel 
em Educação Física. 
 
Aprovado em _____/_____/_______. 
 
 
COMISSÃO EXAMINADORA 
 
______________________________________ 
Prof. Dr. Fabian Tadeu Amaral 
Universidade Federal do Espírito Santo 
Orientador 
 
______________________________________ 
Prof. Dr. José Luiz dos Anjos 
Universidade Federal do Espírito Santo 
 
______________________________________ 
Mestrando Leonardo Carvalho Caldas 
Universidade Federal do Espírito Santo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradecemos primeiramente a Deus, que até aqui nos 
sustentou, dando força, coragem e inteligência, nos 
mostrando o melhor caminho a seguir; aos nossos queridos 
pais, Jonas e saudosa Florina (Jocilene) e ao saudoso Luiz 
Guilherme e Marcia (Victor), que sempre nos apoiaram e 
deram ânimo; a todos os professores da UFES que 
grandiosamente contribuíram para o nosso crescimento; aos 
nossos amigos e companheiros de curso que enfrentaram 
conosco a labuta acadêmica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Que os vossos esforços desafiem as 
impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes 
coisas do homem foram conquistadas do que 
parecia impossível. (Charles Chaplin) 
 
RESUMO 
 
A gestação é um período de inúmeras mudanças e adaptações fisiológicas no 
corpo da mulher, requerendo assim atenção e cuidados especiais para uma gravidez 
saudável. A maioria das mulheres grávidas experimenta algum desconforto neste 
período, proveniente dos efeitos negativos das alterações físicas e psicológicas, e a 
prática de atividade física tem proporcionado melhor qualidade de vida para a mãe e 
para o feto. Apesar de não haver estudos decisivos em relação ao padrão ótimo de 
atividade física e exercícios durante a gestação há um consenso na literatura 
científica de que a atividade física regular e contínua, realizada com uma intensidade 
leve a moderada proporciona inúmeros benefícios e estes, sobrepõem 
substancialmente os riscos. Neste sentido o presente trabalho tem por finalidade 
reunir os principais achados sobre exercícios físicos e gravidez, na forma de revisão 
de literatura. 
 
Palavras chave: Atividade física e gestante, Exercícios físicos na gravidez, 
Recomendações, Gestação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................... 7 
2. METODOLOGIA .................................................................................. 10 
3. ALTERAÇÕES ORGÂNICAS DECORRENTES DA GRAVIDEZ ....... 11 
4. BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA ................................................ 23 
4.1. Atividade Física e Gestantes ............................................................ 25 
4.2. Contraindicações e Sinais de Alerta ................................................. 26 
5. RECOMENDAÇÕES DE ATIVIDADE FÍSICA NA GESTAÇÃO ......... 27 
5.1. Exercícios Aeróbicos ........................................................................ 28 
5.2. Exercícios Aquáticos ......................................................................... 32 
5.3. Exercícios de Alongamento e Flexibilidade ...................................... 33 
5.4. Exercícios Resistidos ........................................................................ 36 
5.5. Exercícios a Serem evitados ............................................................ 37 
5.6.. Exercícios no Pós-Parto .................................................................. 37 
6. INFLUÊNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA NO TIPO DE PARTO ............. 38 
7. QUADROS .......................................................................................... 39 
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................ 43 
 REFERÊNCIAS ................................................................................... 45 
 
 
7 
 
INTRODUÇÃO 
 
É inegável que a atividade física tem se tornado comum na sociedade 
brasileira seja ela um pressuposto para a busca do bem-estar físico e/ou mental 
(World Health Organization, 1995), uma forma de retardamento do declínio físico do 
envelhecimento (FONSECA E ROCHA, 2012), ou um meio de distração e/ou 
ocupação do tempo livre. (SILVA E COLS, 2010) 
Muito tem se discutido quanto aos benefícios que a prática de atividade física 
regular traz ao corpo humano. Freire e Cardéna (2012), Matsudo e cols (2001), 
explicitam o controle da pressão arterial, a diminuição do risco de doenças 
coronárias, a atenuação de alterações bioquímicas significativas causadas por 
doenças crônico-degenerativas não transmissíveis, o aumento da expectativa de 
vida, o fortalecimento muscular e a melhora de índices e parâmetros norteadores de 
saúde. 
Além disso, Knijnik e Santos (2006), Nóbrega e Cols (1999), Costa e Soares 
(2007), citam que os efeitos psicológicos do exercício ajudam a reduzir a ansiedade 
e a depressão, a regular o sono e a promoção do autoconceito e da autoconfiança. 
Bem como canalizar frustrações reprimidas, e quando praticado em grupo, combate 
o isolamento social, devido à interação social. 
O percentual de pessoas que praticam atividades físicas durante o tempo 
livre, no Brasil, passou de 30,3% para 33,8% nos últimos cinco anos, revelou a 
pesquisa Vigitel 2013 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças 
Crônicas por Inquérito Telefônica). Apesar de os homens praticarem mais exercícios 
e se disporem mais para as atividades, as mulheres também aumentaram este 
número, saindo de 22,2 para 27,4%. Isto pode demonstrar uma preocupação maior 
com a saúde e uma possível mudança de mentalidade. 
Mulheres ativas tem menos riscos de se tornarem obesas, menor chance de 
desenvolver doenças cardiovasculares, apresentam melhor resposta 
musculoesquelética e cardiorrespiratória (MATSUO, 2007), estão satisfeitas com a 
sua autoimagem e apresentam autoestima elevada quando comparada com 
sedentárias. (FONSECA E ROCHA, 2012). 
Em mulheres grávidas não é difícil notar esta mesma preocupação com a 
saúde própria e a do feto, além disso, a busca pelas práticas corporais específicas 
8 
 
deste determinado grupo acrescentou um viés de mudança de contornos estéticos e 
a aceitação do atual corpo, com a melhora da autoestima e a valorização de hábitos 
saudáveis na gravidez. Sobretudo é importante destacar que os exercícios físicos 
promovem principalmente o fortalecimento muscular com ações preventivas e de 
diminuição das dores lombares, correções das alterações posturais, controle do 
acréscimo natural do peso, controle da termorregulação corpórea e prevenção de 
doenças associadas à gravidez, tais como Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes 
Gestacional e pré-eclâmpsia, além da diminuição do cansaço e inchaço dos 
membros, entre outras particularidades. (SANTOSE SILVA, 2009, CARVALHAES E 
COLS, 2013, NASCIMENTO E COLS, 2014). 
Nos últimos anos têm-se assistido um grande desenvolvimento da 
investigação sobre o exercício físico durante a gravidez, que corroboram para que 
as alterações biomecânicas e hormonais, provenientes da gestação, possam ser 
atenuadas, diminuindo o prejuízo à vida profissional e diária da gestante. Uma das 
principais mudanças nesta dinâmica do esqueleto é o constante crescimento do 
útero. Para Mann e cols (2008) “a posição anteriorizada dentro da cavidade 
abdominal, além do aumento no peso e no tamanho das mamas, são fatores que 
contribuem para o deslocamento do centro de gravidade da mulher para cima e para 
frente.” Segundo Gomes e Costa (2013), Mann e cols (2008), Chistófalo e cols 
(2003), a projeção dos ombros para frente, já nos primeiros meses, devido ao 
aumento do tamanho das mamas, e um aumento do volume uterino que pode 
chegar a 1000 (mil) vezes e pesar até 6 (seis) Kg, provoca uma hiperlordose. Além 
disso, o estiramento e a ruptura de algumas fibras dos músculos abdominais 
(distensão abdominal) associada a uma frouxidão ligamentar de todas as 
articulações e um aumento na distância da base dos pés para compensar a 
mudança gravitacional e a perda de equilíbrio, podem causar lesões. 
Porém, a gravidez não deve ser motivo de inatividade física e abandono das 
atividades corriqueiras de ordem laboral, esportivas ou de lazer. Muito pelo contrário, 
é necessário ajustar o tempo, o modelo e os parâmetros a serem adotados, afim de 
que, a continuação do exercício possa proporcionar o bem-estar educativo-corporal, 
que permita a gestante sentir-se segura, fortalecendo os principais músculos 
envolvidos no processo, diminuindo o stress e a fadiga, por conta do sobrepeso e 
das alterações hormonais, e que permita a ela manter-se ativa mesmo após o parto. 
9 
 
Nesse sentido Campos e Popov (1998), Chistófalo e cols (2003) afirmam que 
as atividades aquáticas também são direcionadas para grávidas, pois devido a sua 
propriedade de flutuabilidade, estes exercícios, permitem a ausência de choque 
articular, boas condições para a estimulação do sistema cardiovascular e 
respiratório, pequenas perdas de calor, e promoção do relaxamento corporal, 
reduzindo desconfortos musculoesqueléticos. 
Santos (2015) salienta que um programa de exercício físico de moderada 
intensidade, iniciado no começo da gravidez, durante a fase de crescimento da 
placenta, permite uma melhor distribuição de nutrientes e crescimento fetal. 
Alguns estudos ratificam os benefícios da atividade física para uma gravidez 
não complicada desde que se respeite a intensidade adequada. Exercícios físicos de 
intensidade moderada ou leve podem promover melhoria na resistência aeróbica, 
sem aumento no risco de lesões e prevenir complicações na gestação ou 
implicações relativas ao peso do feto ao nascer. Além disso, exercícios de 
alongamento para um aprimoramento do equilíbrio da musculatura abdominal, 
dorso-lombar e do assoalho pélvico, assim como exercícios de respiração e 
relaxamento corporal, são o ponto chave na prevenção de varizes, otimização do 
retorno venoso, e no trabalho de parto, de acordo com Giacopini e cols (2015), 
Trindade (2007), Botelho e Miranda (2011). 
Contudo, desportos que aumentem o risco de trauma abdominal, queda ou 
lesões articulares, manobras de valsalva, bem como atividades que impõem risco à 
saúde da mãe e do bebê, devem ser evitados. (FONSECA E ROCHA, 2012, ACOG, 
2007). 
Para Velloso e cols (2014), Batista (2003), além de um programa de 
exercícios direcionado a este grupo promover substanciais mudanças na capacidade 
física da mãe, prevenir a trombose, melhorar o retorno venoso e diminuir os riscos 
de diabetes gestacional, ele tem efetiva contribuição para facilitar o mecanismo do 
trabalho de parto normal e diminuir a complexidades obstetrícias, além de favorecer 
nascimentos a termo. 
Sendo assim os programas de atividades para gestantes promovem além do 
bem-estar social, condições para um melhoramento da complexidade orgânica da 
mulher. No entanto, estes programas devem ser individualizados, ou separados por 
grupos de mulheres que se aproximem nas condições fisiopatológicas, 
10 
 
proporcionando-lhes segurança e que sejam agradáveis. Deve-se levar em 
consideração o tempo de gestação preocupando-se em manter a saúde da mãe e 
do bebê e a preparação para o parto. É preciso ainda tomar cuidado nos três 
primeiros meses de gestação, quando a placenta está em processo de fixação no 
endométrio uterino, como preconiza Bagnara (2010), Santos (2015), ACOG (2007). 
Para que os efeitos de uma vida ativa e do treinamento tragam benefícios é 
fundamental que seja realizado de forma contínua ao longo dos anos, incluindo a 
fase fértil, a gravidez e após o parto, como dizem Fonseca e Rocha (2012). 
Entretanto ao mesmo tempo em que existe uma preocupação com uma gravidez 
saudável e ativa ainda restam muitas dúvidas a respeito de quais atividades são 
seguras para a mulher nesse período, qual a frequência e a intensidade adequadas, 
e quais cuidados tomar, como questiona Popov (1998). 
Apesar dos questionamentos quanto ao tipo, frequência e intensidade das 
atividades físicas para grávidas, é possível a prática de atividade física no período 
da gestação, sem complicações, com segurança, valendo-se de um profissional de 
educação física que compreenda as adaptações musculoesqueléticas, entenda os 
benefícios e riscos proporcionados por estes exercícios e atente para as 
recomendações de exercícios físicos, para este grupo especial. 
Neste sentido o presente trabalho tem por finalidade realizar um levantamento 
da produção científica sobre a temática Atividade física e gravidez publicada em 
periódicos científicos da área da saúde na forma de revisão de literatura. 
 
2 METODOLOGIA DE REVISÃO DE LITERATURA 
 
Este trabalho se caracteriza como uma revisão de literatura de artigos 
científicos sobre o tema Atividade Física e Gestação. Para o levantamento da 
produção científica realizamos a busca dos artigos nas bases de dados do Google 
Acadêmico, Pubmed, Scielo e Medline, revistas de saúde e livros didáticos da 
biblioteca setorial da Universidade Federal do Espírito Santo. Os termos utilizados 
para a busca dos artigos foram: Gestação e exercícios físicos, atividades físicas 
para gestantes, exercícios e gravidez, pregnancy and physical activity, exercise and 
pregnacy. 
11 
 
Inicialmente foram encontrados 146 artigos relacionados ao tema, entretanto, 
por exclusão, foram utilizados 67 artigos. Definimos como critério para a escolha dos 
artigos analisados, os mais recentes, publicados após o ano de 2010, tendo sido 
também consultadas fontes bibliográficas de datas anteriores. Também foram 
excluídos os artigos que abordassem drogas, gravidez na adolescência, doenças 
não relacionadas à gestação, gestação animal e anomalias. 
 
3 ALTERAÇÕES ORGÂNICAS DECORRENTES DA GRAVIDEZ 
 
Nas mulheres as principais diferenças comportamentais, de composição, 
tamanho corporal e aptidão física, em relação aos homens, começam a emergir na 
puberdade. Sob a influência de vários hormônios, principalmente o estrogênio, 
ocorrem o alargamento da área pélvica, o desenvolvimento de mamas e o aumento 
da deposição de gordura nas coxas e na região dos quadris. Além disso, na idade 
adulta, apresentam um volume sistólico menor e uma frequência cardíaca maior que 
os homens. Fato este, aparentemente decorrente do menor tamanho corporal, 
enunciado por Nieman (1999). 
Nas gestantes ocorrem mais processos de mudança corporal e adaptações 
fisiológicas, biomecânicas, metabólicas e comportamentais. Compreendida como 
uma fase que se inicia a partir da fertilização e fixação do óvulo fecundado, seguido 
da cessação da menstruação, com duração aproximada de 40 semanas, a gravidez 
promove alterações nos sistemas cardiorrespiratórios,musculoesqueléticos e no 
metabolismo em geral, que não se restringem apenas aos órgãos. Essas mudanças 
estão intimamente ligadas a uma “explosão” de hormônios que começam a atuar de 
forma significativa, tais como a progesterona e o estrógeno, modificando o humor e 
até a libido. (GIACOPINI E COLS, 2015, SILVA E COLS, 2010). 
Alguns sinais e sintomas da gravidez são reconhecidos e sentidos pelas 
mulheres como amenorreia, fadiga, náusea e vômito e mudanças nas mamas. 
(BARROS, 2006). 
Mudanças significativas no perfil endócrino ocorrem durante a gestação e 
quatro hormônios são destacados, desempenhando papel fundamental para a mãe e 
o bebê. Dois hormônios são sexuais femininos, estrogênio e progesterona, os quais 
são secretados pelo ovário durante o ciclo menstrual normal, passando a ser 
12 
 
secretados em grandes quantidades pela placenta durante a gestação. Os outros 
dois hormônios são: a gonadotrofina coriônica e a somatomamotropina coriônica 
humana, como salienta Silva (2010). 
Ainda para Silva (2010), “o estrogênio leva ao aumento no crescimento do 
útero e ductos mamários, da retenção de água, dilatação dos órgãos sexuais 
externos e do orifício vaginal, aumenta nível de prolactina e ajuda no metabolismo 
do cálcio.” Fischer (2004) define ainda o estrogênio como o responsável por 
desenvolver as características sexuais femininas, e discorre que os principais efeitos 
da progesterona estão na redução do tônus do músculo liso, no efeito inibidor da 
musculatura uterina, no aumento da temperatura, na redução na tensão alveolar e 
arterial, no estímulo do centro respiratório com aumento da frequência e amplitude 
respiratória e disponibilização para o uso do feto, de nutrientes que ficam 
armazenados no endométrio. As mamas também sofrem atuação da progesterona, 
fazendo com que os elementos glandulares fiquem ainda maiores e formem um 
epitélio secretor, promovendo a deposição de nutrientes. 
Para Guyton (1998) a gonadotrofina coriônica tem como função manter ativo 
o corpo lúteo nos três primeiros meses. Sem o corpo lúteo ativo a secreção de 
progesterona e estrogênio seria afetada e assim o feto poderia parar de desenvolver 
e ser eliminado em poucos dias. Para Fischer (2004) O hormônio 
somatomamotropina coriônica humana é responsável principalmente pela nutrição 
correta do feto, pois diminui a utilização da glicose pela mãe e torna-a disponível em 
maior quantidade para o feto; e conjuntamente aumenta a oxidação de ácidos 
graxos do tecido adiposo materno, substituindo-os no lugar da glicose. 
Quase todos os sistemas sofrem alterações anatômicas e fisiológicas, como o 
sistema cardiovascular, o hematopoiético, o digestivo, o urinário, o tegumentar, o 
endócrino e o reprodutor. De acordo com Barros (2006), as modificações iniciais 
acontecem no aparelho genital, principalmente no útero e nas mamas. Isso porque o 
útero dá início às suas modificações juntamente com a concepção, estas 
relacionadas à consistência, volume, peso, forma, posição e coloração, atuada pelos 
altos níveis de progesterona e estrógeno, no primeiro trimestre. As mamas 
aumentam e tornam-se dolorosas. As veias nas mamas tornam-se cada vez mais 
visíveis, os mamilos ficam maiores e mais pigmentados, pode haver formigamentos 
13 
 
nos mamilos, e pequenas secreções de colostro, um líquido leitoso ralo, quando as 
mamas atingem seu tamanho máximo, no segundo trimestre. 
De acordo com Rezende (2005) a vulva e vagina alteram a sua coloração e 
amolecem. A vulva pigmenta-se, e a área em volta a extremidade inferior da vagina 
perde o róseo característico, tomando a cor vermelho escuro. 
A consistência uterina altera-se tornando amolecida especialmente no local 
da implantação ovular. Há o aumento do tamanho dos ovários e das trompas por 
conta da embebição gravídica e do aumento da vascularização. 
Giacopini e cols (2015) afirmam que: 
 
Na gestação, o útero atinge sua função plena, modificando-se de 
estado expectante para cumprir as tarefas de propiciar o crescimento e a 
expulsão do produto conceptual. Ocorre grande aumento do volume do 
útero, passando de um órgão compacto, de 60 a 70g, com capacidade de 
10ml, medindo em média, 5x7 cm, com 3 cm de espessura, para no final da 
gestação pesar 700 a 1200g, com capacidade de 5L e medindo 30x24cm e 
com 22mm de espessura. Sua forma e dimensões se alteram de acordo 
como a gestação progride, modificando sua localização, passando, após a 
12ª semana de gestação, de órgão intrapélvico para abdominal e tornando-
se globoso. São observadas hiperplasia, hipertrofia e alongamento das 
fibras musculares do miométrio, sendo a hipertrofia a modificação mais 
pronunciada, elevando a fibra miometrial de 50 pra 500 micrometros de 
diâmetro. Esse crescimento uniforme do útero pode ocorrer pelo arranjo 
complexo das fibras musculares em espira. Aumenta-se muito a 
vascularização e ocorre vasodilatação venosa assim como retenção hídrica 
e o afastamento das fibras musculares tornando o útero com aspecto 
amolecido. 
 
Fonseca e Rocha (2012) salientam que a progesterona também é 
responsável por adaptações respiratórias na gravidez como o aumento do volume 
minuto e do volume corrente, e consequentemente na frequência respiratória. Eles 
afirmam que a princípio o resultado disso é uma elevação da pressão arterial de 
oxigênio, e depois uma queda provocada pela progressiva elevação do consumo. 
Gomes e Costa (2013), afirmam que ocorre também a expansão torácica em função 
do relaxamento dos ligamentos intercostais e a movimentação ascendente do 
diafragma pelo crescimento do útero, fazendo com que a capacidade inspiratória 
seja aumentada no decorrer da gravidez. Esse aumento de volume pode chegar a 
300 ml. 
Silva (2010) acrescenta ainda que a cintura costal inferior materna é 
aumentada de 10 a 15 centímetros, assim como o ângulo subcostal. Por isso, a 
excursão respiratória está limitada nas bases do pulmão, onde há um batimento das 
14 
 
costelas. Ou seja, a respiração é mais diafragmática que costal. No entanto para 
Gomes e Costa (2013) a compressão do diafragma pelo útero, durante a gestação, 
resulta em uma restrição ventilatório mecânica, perfazendo uma menor 
disponibilidade de oxigênio para consumo durante o exercício aeróbico e um 
decréscimo da capacidade residual funcional. O espaço morto, curiosamente, 
mesmo com o evoluir da gestação, permanece imutável. 
Fonseca e Rocha (2012) discorrem ainda sobre um processo de diminuição 
da diferença arteriovenosa de oxigênio e um incremento de CO2 cedido pelo feto 
através da Placenta, e um aumento ventilatório da gestante, durante o exercício, 
provocando a. hipocapnia (diminuição de dióxido de carbono no sangue, onde ele se 
apresenta especialmente na forma de ácido carbônico, consecutivo a um 
hiperventilação) e alcalose respiratória, que é compensada por maior excreção de 
bicarbonato. Há ainda a mudança de pH para o limite superior normal e a elevação 
dos ácidos metabólicos (REZENDE, 2005). Para Barros (2006) a gestante respira 
mais profundamente, e sua frequência respiratória aumenta em duas respirações 
por minuto, causando um aumento de 40% no volume respiratório por minuto. 
Profundas mudanças Hemodinâmicas maternas são observadas, tais como 
aumento do volume sistólico e do Débito Cardíaco (DC), aumento da frequência 
Cardíaca (FC), aumento do volume sanguíneo, diminuição da resistência vascular 
sistêmica e alterações na pressão arterial. (FONSECA E ROCHA, 2012). O coração 
aumenta de tamanho, o volume sanguíneo aumenta em 40%, mas há um aumento 
maior no plasma do que nas células vermelhas, e o débito cardíaco também 
aumenta em torno de 30 a 50%. (SILVA, 2010), iniciado após a 16ª semana de 
gestação e com o pico em torno da 24ª semana de gestação. (FISCHER, 2004). A 
Explicação para o aumento da FC tem relação com a diminuição do tônus vagal, 
aumento do estímulo simpático, acompanhada de um aumento proporcionalno 
volume de ejeção. A elevação FC é em torno de 15bpm (VELLOSO E COLS, 2014), 
entretanto Neto e Gama (2014) salientam que em gestantes treinadas há um menor 
ajuste da FC e consequente economia de energia. Rezende (2006) citado por Souza 
e cols. (2009) elucida que: 
 
Uma das principais alterações é o aumento da frequência cardíaca materna; 
ocorre já a partir de 4 semanas de gravidez e no final ela se situa cerca de 
20% acima dos valores pré-gravídicos. O volume sanguíneo começa a 
aumentar a partir de 6 semanas e atinge um pico (45-50% acima dos 
15 
 
valores não-gravídicos) no início do 3° trimestre, período em que há maior 
risco de descompensação cardíaca, que decorre de acréscimo do volume 
globular (cerca de 25%) e elevação desproporcionalmente maior do volume 
plasmático (30-50%) dando guarida à expressão "anemia fisiológica da 
gravidez". O hematócrito cai em concordância com a hemoglobina, 
alcançando nível mínimo normal de 30% (valor-gravídico: 37-47%), com 
elevação discreta no termo. 
 
Souza e cols (2009) acrescentam ainda o fato de a mulher no primeiro 
trimestre de gravidez apresentar queda importante na concentração de 
hemoglobina, atingindo níveis mais baixos até a 25ª semana. Esses autores 
salientam ainda outra alteração ocorrida no sistema cardiovascular. O coração se 
desloca para a esquerda e para cima sendo o ápice movido lateralmente, ocorre um 
desdobramento exagerado dos batimentos cardíacos possibilitando a existência de 
sopros sistólicos que desaparecem após o parto. 
A diminuição da resistência periférica devido à ação dos hormônios repercute 
na diminuição da pressão arterial diastólica em valores aproximados de 5 a 
10mmHg, já a partir do 4º mês (FONSECA E ROCHA, 2012), mas o mesmo não 
ocorre com a pressão sistólica. (SILVA, 2010). Esta mudança nos valores 
pressóricos é efeito do aumento dos vasos sanguíneos uterinos, da circulação 
uteroplacentária e da diminuição da resistência vascular de pele e rins, como explica 
Fischer (2004). 
Devido às alterações hemodinâmicas ocorridas durante a gestação as 
mulheres sadias toleram com facilidade as adaptações, porém, aquelas que já 
sofrem com complicações cardíacas podem ter um agravo à saúde e vir a óbito. 
(REZENDE, 2005). 
Um estudo longitudinal realizado por Melo e cols (2007) com 117 grávidas 
analisou: o estado nutricional materno, o ganho de peso gestacional e o peso ao 
nascer dos bebes. Concluiu-se que a mulher grávida ganha em média 10,3 kg (com 
variação de 3,6kg para mais e menos) durante a gestação. Esse ganho não está 
relacionado só ao peso do feto, sendo, em geral, explicado do seguinte modo por 
Silva (2010): “feto 3,3kg; volume sanguíneo aumentado 1,2kg; mamas 0,5kg; 
placenta 0,6kg; líquido amniótico 0,8 kg; útero dilatado 0,9kg; depósitos de gordura 
4,0kg e fluido extracelular 1,2kg.” O teor de aumento de gordura e dos líquidos 
corporais variam e o mesmo estudo aplicado por Melo e cols (2007), considerando o 
estado nutricional, concluiu que mais de 27% das gestantes decaíram para a 
16 
 
classificação de sobrepeso e obesidade, na dependência de seus hábitos 
alimentares. 
Principalmente o hormônio relaxina, associado ao sobrepeso, e aos efeitos do 
estrogênio provocam uma série de algias em gestantes. A relaxina é um hormônio 
peptídico produzido pelo corpo lúteo gravídico, que está relacionada diretamente 
com a substituição de colágeno em células-alvo e permitir a flexibilidade e 
modelamento da distensão do útero como afirma Silva, (2010). Entretanto Giacopini 
e cols (2015) explicam ainda que este hormônio atua também sobre os grandes 
ligamentos e tendões, provocando o relaxamento articular e ligamentar, levando à 
instabilidade e maior extensibilidade das estruturas articulares, principalmente à 
região sacroilíaca e a sínfise púbica. Deste modo, há um favorecimento a 
anteversão pélvica, ao surgimento de reajustes posturais que geram uma 
acentuação na curvatura lombar e consequente tensão da musculatura 
paravertebral, e a dores nas articulações do joelho associadas à frouxidão dos 
ligamentos. Velloso e cols (2014) destacam também que em decorrência da 
embebição gravídica, (aumento na retenção aquosa dos tecidos, principalmente na 
pelve e articulações, como resultado da elevação da concentração de sódio) há um 
aumento da vascularização e redução do tônus dos músculos responsáveis pela 
estabilização das articulações também pela ação da progesterona. Essas 
alterações, portanto, envolvendo vários sistemas e aparelhos visam atender à 
crescente demanda metabólica do feto. 
Estas modificações na estrutura osteoarticular e musculoesquelética, 
associadas ao aumento do volume das mamas e volume abdominal causado pelo 
útero, leva a um deslocamento do centro de gravidade da gestante para frente. 
Também é verificada a diminuição do arco plantar, podendo chegar a pronar, e 
hiperextensão dos joelhos, lembrado por Giacopini e cols (2015). 
A alteração do centro de gravidade força as grávidas a se adaptarem para 
compensar esta mudança. Essas alterações são individuais e dependem de muitos 
fatores, como força muscular, extensão articular, fadiga e modelos de posição. Há 
uma tendência para o deslocamento para frente, devido ao crescimento uterino-
abdominal e ao aumento das mamas, supracitado. Como balanço postural, o corpo 
projeta-se para trás, amplia-se o polígono de sustentação, os pés se afastam e a 
parte cervical da coluna alinha-se para frente. O andando da gestante é comparada 
17 
 
à dos gansos, sendo chamada marcha anserina, caracterizada por passos curtos e 
base de sustentação alargada mais à direita, como salienta Silva (2010). Com mais 
de um feto essas alterações anatômicas são mais intensificadas. (LEVENO E COLS, 
2010). 
Souza e cols (2009) citam que a partir do sexto mês há uma maior retenção 
hídrica e de sódio, mediado pela diminuição da osmolaridade plasmática, aumento 
no ritmo de filtração glomerular e da ação hormonal, que segundo Velloso e cols 
(2014), podem resultar em edema dos tornozelos e pés, reduzindo a extensão da 
articulação. O edema também pode pressionar as terminações nervosas, 
provocando fraqueza e parestesias (sensações cutâneas como formigamento, 
pressão, frio ou queimação nas mãos, braços, ou pés, mas que também pode 
ocorrer em outras partes do corpo.). A síndrome do túnel do carpo pode acontecer 
caso os nervos sejam comprimidos pelo edema. Ela ocorre quando o nervo 
mediano, que proporciona sensibilidade ao polegar, indicador, dedo médio e metade 
radial do anular, é comprimido. Geralmente ela atinge as gestantes que executam 
trabalhos manuais e repetitivos. As sensações mais comuns são: formigamento, 
adormecimento e queimação do polegar, dedo indicador, médio e metade do anular. 
Ocorrem mais no período noturno e nas primeiras horas da manhã. A dor pode 
irradiar para cotovelo, ombro e região cervical. 
Rezende (2005) acrescenta que no último trimestre a gestante sente, 
eventualmente, dores, dormências, fraqueza e acroparestesias (parestesias das 
extremidades, ou ainda, sensação anormal das extremidades) principalmente as 
superiores, possivelmente, pelo movimento de hiperlordose e flexão concomitante 
do pescoço, com distensão da cintura escapular, o que, por sua vez, produz tração 
no nervo cubital e no mediano. 
O organismo materno também sofre diversos ajustes metabólicos durante o 
período gestacional. O gasto energético é proporcional às necessidades do 
crescimento do complexo feto-placentário e das demandas de energia da mulher. 
Para suportar o aporte necessário energético durante o primeiro trimestre de 
gravidez, o organismo materno prioriza a lipogênese e o estoque de energia. (NETO 
E GAMA, 2014). As necessidades de proteínas, carboidratos e lipídios aumentam 
aproximadamente 30%, para atender o feto em desenvolvimento e a formação das 
reservas nos tecidos maternos. Os rins aumentam a reabsorção de ferro,ácido fólico 
18 
 
e cálcio para compensar as demandas destes nutrientes, bem como a taxa de 
filtração glomerular e o fluxo plasmático são aumentadas para compensar o 
incremento do Débito Cardíaco. (VELLOSO E COLS, 2015). 
Leveno e cols (2010) destacam que em torno do terceiro trimestre a taxa de 
metabolismo basal aumenta de 10 a 20% em comparação a não grávidas, e caso 
seja multípara há um incremento em torno de 10%. Fonseca e Rocha (2012) 
destacam que este incremento seja de aproximadamente 90kcal/dia, 300kcal/dia e 
475kcal/dia respectivamente no primeiro, segundo e terceiro trimestre de gestação. 
A energia requerida eleva-se proporcionalmente ao ganho de peso, devendo-se usar 
carboidratos como substratos, pois as gestantes utilizam-se mais desta fonte 
calórica, tanto no repouso quanto no exercício. 
As concentrações de aminoácidos são maiores no feto do que na mãe. Isso 
porque a regulação, em grande parte é feita pela placenta, a qual não concentra 
aminoácidos apenas para a circulação fetal, mas também na síntese proteica e na 
oxidação e transmissão de alguns aminoácidos não essenciais. As proteínas são 
acrescidas ao útero, sob a forma de proteínas contráteis, as mamas e ao sangue 
materno sob a forma de hemoglobina e proteínas plasmáticas. (LEVENO E COLS, 
2010). 
Estes mesmos autores também explicam que, com o decorrer da gestação a 
placenta e o feto consomem mais glicose que a mãe. Sendo assim, no segundo 
trimestre, ocorre predominância do metabolismo oxidativo e da lipólise, com 
diminuição do uso de glicose pela genitora. No entanto a homeostase glicêmica 
apresenta comportamento diferente em todo o período da gestação variando 
rapidamente de um estado pós prandial, de elevados níveis de glicose, para um 
estado de jejum, com níveis plasmáticos reduzidos de glicose e aminoácidos. 
Mesmo com o aumento do nível de triglicerídeos plasmáticos, pós-exercício, os 
níveis de glicose plasmáticos caem, e em repouso após consumo de glicose 
percebe-se uma hiperglicemia e hiperinsulinemia prolongadas e maior supressão do 
glucagon. Esse mecanismo não pode ser explicado pela redução da resistência à 
insulina, pois não há alteração em sua meia vida, mas pode ter relação com a 
progesterona e estrogênio e com o hormônio do crescimento (GH), pois aumentam a 
lipólise e a liberação de ácidos graxos livres. A essa rápida alteração de estado 
alimentado para jejum é atribuído o nome de Inanição acelerada. 
19 
 
O aumento da resistência à insulina e a estimulação de estrógenos durante 
este período são responsáveis pela hiperlipidemia materna. Este aumento na 
síntese de lipídeos e na ingestão alimentar contribui para o acúmulo de gordura nos 
primeiros três meses. Já no final da gravidez, o declínio da atividade da lipase 
lipoproteica e um aumento da atividade lipolítica, preconiza o uso de lipídeos como 
fonte de energia para a mãe e preserva glicose e aminoácidos para o feto. (LEVENO 
E COLS, 2010). 
Os hormônios responsáveis por inibir ou diminuir a ação da insulina, podem 
provocar um maior aporte de glicose no plasma. Esse processo aliado a mudanças 
fisiológicas exageradas no metabolismo podem ocasionar na gestante a diabetes 
mellitus gestacional (DMG). Assim como hipertensão e a obesidade, a DMG 
Também é reconhecida como fator de risco para a prematuridade, aborto e 
complicações na saúde do bebê e da mãe. (MATIJASEVICH E DOMINGUES, 2010). 
A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) adotando a definição da 
Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma à diabetes gestacional como sendo 
qualquer intolerância a glicose, de magnitude variável, diagnosticada ou reconhecida 
pela primeira vez durante a gravidez. (COSTA E COLS, 2014) Os valores de 
Glicemia em jejum para classificação de DMG devem ser > 110mg/dl, ou ainda > 
140mg/dl após 2 horas do teste oral de tolerância a glicose (TOTG) com 75g de 
dextrosol (glicose), ou acima de 200mg/dl casualmente com sintomas de 
descompensação. No Brasil, cerca de 7% das gestações são complicadas pela 
hiperglicemia gestacional. (MIRANDA E REIS, 2008, GROSS E COLS, 2002). 
O DMG costuma apresentar entre a 24ª e 28ª semana de gestação, período 
em que a placenta produz grandes quantidades de hormônios. Além disso, o 
diabetes gestacional tem entre 10 a 63% de chance de provocar na mulher ,entre 5 
a 16 anos após o parto, juntamente com outros fatores de risco, o surgimento de 
diabetes mellitus tipo 2, principalmente se a mulher for obesa e sedentária. (SBD, 
2013-2014) 
Segundo a Diretriz da SBD (2014), alguns fatores de risco podem provocar a 
DMG, tais como Idade materna mais avançada; Ganho de peso excessivo durante a 
gestação; Sobrepeso ou obesidade; Síndrome dos ovários policísticos; Histórico 
prévio de bebês grandes (mais de 4 kg) ou de diabetes gestacional; Histórico familiar 
de diabetes em parentes de 1º grau (pais e irmãos); Histórico de diabetes 
20 
 
gestacional na mãe da gestante; Hipertensão arterial na gestação, Gestação múltipla 
(gravidez gemelar). Após seis semanas do parto a mulher deve ser reavaliada e 
reclassificada. 
Giacopini e cols (2015) acrescentam a que DMG, para a mãe, está associada 
ao risco de pré-eclâmpsia, aumento dos níveis sanguíneos de lipídeos, parto 
prematuro e infecção urinária. E para o feto o risco de mortalidade perinatal, 
macrossomia, hipoglicemia neonatal, icterícia, excesso de células vermelhas e baixo 
índice de cálcio no sangue. 
Freire e Tedoldi, (2009) afirmam que além das alterações nos níveis 
glicêmicos podemos citar ainda as modificações nos níveis pressóricos como um 
fator de risco, para a gestante, nesse período. A hipertensão Arterial (HA) é uma 
doença considerada como problema de saúde pública pelo seu alto custo médico 
social. Esses autores salientam ainda que no Brasil, a HA é responsável por 37% 
das mortes maternas na gestação, e a classificação adotada pela Sociedade 
Brasileira de Cardiologia (SBC) é de Hipertensão crônica (HC), Pré-eclâmpsia (PE)/ 
Eclâmpsia (E), Pré-eclâmpsia superposta à hipertensão crônica, e Hipertensão 
gestacional (HG). 
Estes autores ainda esclarecem que: 1) a HC é aquela identificada antes da 
gestação ou da 20ª semana de gravidez e seus valores de referência de pressão 
arterial sistólica (PAS) ≥140mmHg, e/ou pressão arterial diastólica (PAD) ≥90mmHg, 
medidas 2 vezes num intervalo de 4 horas. 2) A pré-eclâmpsia, que ocorre entre 5 a 
8% das gestações, sendo a principal responsável por mortes em gestantes, 
caracterizada tanto por uma síndrome materna, com hipertensão e presença de 
proteinúria após a 20ª semana de gestação, quanto por uma síndrome fetal ou os 
dois juntos. Pode classificada ainda em leve ou grave. 3) A eclampsia que é definida 
como o aparecimento de convulsões tanto na portadora de HG ou de PE. 4) A 
hipertensão gestacional como sendo um aumento da pressão arterial, no segundo 
trimestre, sem presença de proteinúria. Giacopini e cols (2015) ainda acrescentam 
que a PE pode ocorrer antes da 20ª semana de gestação quando associada à 
Neoplasia Trofoblástica Gestacional. E a PE pode se manifestar com presença de 
edema na face, generalizado ou nos membros. 
Oliveira e cols (2006) citam ainda a pré-eclâmpsia “sobreposta” que é o 
surgimento de proteinúria ≥ 300mg/24, ou aumento das plaquetas < 100.000/mm3, 
21 
 
antes da 20ª semana de gestação, sem que apresentasse antes este quadro. Eles 
trazem alguns dados ainda relativos a estas síndromes hipertensivas, tais como a 
relação de acometimento de 6 a 17% de hipertensão em nulíparas (nenhum filho) e 
2 a 4% em multíparas (um a quatro filhos), em gestação gemelar a prevalência de 
PE é de 14% podendo chegar a 40% em casos de PE prévios, 20 a 50% das 
pacientes hipertensas evoluem para o quadro de PE, e a taxa de PE sobreposta é 
de 25%. 
Algumas complicações podem surgir em decorrência das síndromes 
hipertensivas, tais como descolamento prematuro da placenta,coagulação 
intravascular disseminada, hemorragia cerebral, falência hepática e renal, rotura 
hepática, e entre as complicações fetais a redução do suprimento de oxigênio e 
nutrientes, baixo peso ao nascer e risco aumentado de desenvolver doenças 
pulmonares agudas ou crônicas, além de riscos tardios como hipertensão arterial e 
dislipidemias. (SANTOS E SILVA, 2009). 
Souza e cols (2009) elencam também distúrbios do sistema gastrointestinal, 
constituindo problemas mais frequentes, porém menos graves. A gravidez tem 
influência pequena sobre a secreção e absorção gastrintestinal, exercendo maior 
efeito na motilidade, sendo que esta possui relacionamento direto com os teores 
crescentes de hormônios sexuais femininos. Muitas gravidas relatam oscilação no 
apetite e na sede, fatores explicados pela variação de glicose e aminoácidos, até o 
termo. A constipação, uma das maiores queixas, está relacionada à obstrução 
mecânica, devido a menor absorção de água pelo cólon e o crescente peso do útero 
que comprime os intestinos. 
Ainda segundo estes autores, a boca e as gengivas podem sofrer processos 
inflamatórios e edemas decorrentes, também, do aumento da ação nas mucosas 
dos hormônios sexuais estrogênio, progesterona e gonadotrofina coriônica, a partir 
do primeiro trimestre. O fígado sofre pequeno aumento da bilirrubina, o pâncreas 
hiperplasia as Ilhotas de Langherans, e promovem um aumento da secreção de 
insulina, alterando consequentemente a relação de fome. 
Além das alterações já citadas, Leveno e cols (2010), afirmam que a futura 
mãe pode apresentar na pele áreas de hiperpigmentação, (incidência de 90%), 
chamadas cloasmas (melasma gravídico) ou máscara da gravidez, principalmente 
naquelas com compleição morena, e estrias (na pele do abdome, nos seios e na 
22 
 
coxa, devendo-se a distensão acentuada da pele). A linha média da pele do abdome 
(linha alba) fica especialmente pigmentada, tomando uma coloração negro-
amarronzada, formando a linha nigra (negra). A pigmentação das genitálias e das 
aréolas pode ocorrer também de forma acentuada, desaparecendo após o parto. Há 
um aumento da atividade das glândulas sebáceas e sudoríparas, sentida pela 
mulher. As unhas se tornam quebradiças e há maior crescimento de pelos. Junto ao 
couro cabeludo, surge uma lanugem - o sinal de Halban -, que se intensifica durante 
a gestação e cai após o parto. 
As estrias e manchas no rosto, por exemplo, que cessam ao fim do período, 
podem se tornar motivo para uma baixa alto-estima. Além disso, o corpo em 
perceptível transformação, estresse e instabilidade emocional, ansiedade pelo parto 
e a assunção do papel de mãe, influenciam a saúde psicológica da gestante. Barros 
(2006) destaca ainda que as interpretações das ações neurológicas na gravidez são 
complexas, pois não se distinguem das alterações glandulares, metabólicas e 
hormonais. 
Giacopini e cols (2015) salientam que as incertezas causam medo, somados 
às alterações bioquímicas, familiares, sociais e hormonais, gerando um estado de 
vulnerabilidade e multiplicidade de sentimentos. Eles estimam que os episódios de 
ansiedade são muito frequentes e deletérios, compondo um quadro patológico, na 
ordem de 20%. Almeida e Schneider (2012), num estudo sobre sexualidade na 
gravidez, informam que as mudanças são significativas, pois há uma necessidade 
de novos arranjos familiares, dúvidas a serem sanadas, redirecionamento do desejo 
sexual, preconceito e receio. 
Para estes autores as mudanças no campo gravídico podem turvar a 
autoimagem da mulher: gerando insegurança pelo fato do aumento da cintura 
abdominal, do peso, e de fatores hormonais que promovem a queda da libido no 
primeiro trimestre. Além disso, para Souza e cols (2016) o sistema nervoso da 
gestante mostra instabilidade de humor, falta de sono, pesadelos, manias, aversões 
à comida, reduções na habilidade cognitiva e amnésia. 
Para estes últimos autores citados, a gestante apresenta muitas 
manifestações susceptíveis de serem atribuídas ao sistema central ou 
neurovegetativo: como distúrbios passageiros nas funções motoras, sensitivas ou 
mentais, como tremores, contraturas, convulsões, hiperêmese, parestesias, 
23 
 
hipotonia gastrintestinal e vesical, alterações vasomotoras. Em geral não ocorrem 
alterações representativas no sistema neurológico, porém, a variação da 
estabilidade vasomotora, a hipotensão postural ou hipoglicemia (depois de longos 
períodos em pé ou sentada) e as sensações de formigamento nas mãos, são 
geradas pela hiperventilação excessiva que diminuem os níveis da pressão de CO2 
circulante. A cefaleia frontal é o relato mais comum durante a gestação. 
Desta forma ficam evidenciados, em virtude das alterações provocadas 
durante a gravidez, o acompanhamento de um profissional de educação física na 
gestação, para que se atenuem os danos e o sofrimento, por meio da execução de 
atividades físicas controladas e pertinentes a este grupo. 
 
4 BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA 
 
Atividade física é qualquer movimento corporal produzido pelos músculos 
esqueléticos que gera um gasto energético maior do que o gasto em repouso como 
caminhar, trabalhar, atividades de lazer, varrer a casa, entre outros afazeres. Já o 
exercício físico é uma subcategoria da atividade física, realizado de forma 
estruturada, planejada e com repetições, que tem por objetivo melhorar a saúde e 
manter um ou mais componentes da aptidão física. (NASCIMENTO E COLS, 2014, 
ESPÍRITO SANTO E COLS, 2014, ACSM 7ª EDIÇÃO; MATIJASEVICH E 
DOMINGUES, 2010, BATISTA E COLS, 2003, TRINDADE, 2007). 
O sedentarismo é um problema de saúde pública (MATIJASEVICH E 
DOMINGUES 2010). De acordo com Nascimento e cols (2014), 31% da população 
mundial maior de 15 anos é insuficientemente ativa, principalmente mulheres, e 
estas, apresentam um considerável declínio do condicionamento físico durante a 
gravidez. A falta de exercício físico regular é um dos fatores associados a uma maior 
propensão a doenças durante e após a gestação. (MANN E COLS, 2009, 
GIACOPINI E COLS, 2015, GOMES E COSTA, 2013). 
Pigatto e cols acrescentam que o estilo de vida sedentário na gestação 
contribui para diminuição da massa muscular e aptidão cardíaca, ganho excessivo 
de peso, risco de desenvolver o diabetes gestacional e pré-eclâmpsia, veias 
varicosas, dispneia e lombalgia, além de um pobre ajuste psicológico das 
modificações corporais inerentes a este período. 
24 
 
Carvalhaes e cols (2013) acrescentam que a inatividade física na gestação é 
um fator de risco modificável. Mann e cols (2009), Matijasevich e Domingues (2010), 
Gomes e Costa (2013) afirmam que mulheres sedentárias podem começar um 
programa de exercício leve a moderado durante a gravidez com o devido 
acompanhamento e prescrição. 
Santos (2015) afirma que as mulheres grávidas não devem entrar num estado 
de confinamento, mas ser incentivadas a continuar suas atividades, sendo 
examinadas e avaliadas com frequência. 
De acordo com Velloso e cols (2014) e Gomes e Costa (2013), a prática de 
atividade física regular não é mais questão de estética e implica em inúmeros 
benefícios na promoção da saúde, qualidade de vida e prevenção e controle de 
doenças crônico-degenerativas não transmissíveis, como o diabetes mellitus tipo 2, 
a hipertensão arterial e a obesidade. 
De acordo com a American College of Sports Medicine (ACMS) os benefícios 
da atividade física são inúmeros e não se restringem aos praticantes assíduos, 
englobando também aqueles indivíduos inativos que iniciam algum programa de 
exercícios em qualquer tempo, recomendando, de acordo com o Surgeon General, 
Physical Activity and Health, atividades moderadas, sendo 30 minutos de caminhada 
rápida ou 15 minutos de corrida diários. Acrescenta que, apesar de haver poucos 
estudos comprovando uma dose-resposta ótima, é melhor fazer pouca atividade 
física que nenhuma e que os profissionaisdevem estimular as pessoas a se 
exercitarem de forma moderada a intensa. A ACMS lista alguns benefícios da 
atividade física, como a prevenção das ocorrências de eventos cardíacos, melhora 
na função respiratória e cardiovascular- reduzindo os fatores de risco para doenças 
coronarianas-, prevenção e redução da morbimortalidade (diabetes tipo 2, câncer de 
mama e cólon, AVE, fraturas osteoporóticas, doença vesicular, pós infarto), redução 
da ansiedade e depressão, aumento do bem estar, melhoria na execução de 
atividades de lazer e da função física e independência em idosos. Também enfatiza 
os riscos da atividade física vigorosa, que pode causar morte súbita em indivíduos 
com doença cardíaca preexistente, seja ela diagnosticada ou não. Nos indivíduos 
sem estas doenças, o risco de eventos cardíacos com a atividade física é menor. 
Santos (2015), apoiado no entendimento da Sociedade Internacional de 
Psicologia do Desporto cita os potenciais benefícios psicológicos da prática da 
25 
 
atividade física regular para a gestante que são uma melhor adaptação psicológica 
as alterações da gravidez, maior autoconfiança, promoção do bem-estar, diminuição 
do estresse emocional, da ansiedade e depressão, sensação de gravidez feliz, maior 
interação social e adoção de hábitos de vida saudáveis permanentes e 
desmistificação do parto. 
Vários autores (FERREIRA E COLS, 2014, SANTOS, 2015, ESPÍRITO 
SANTO E COLS, 2014, COUTINHO E COLS, 2011, GOUVEIA E COLS, 2007, 
MONTENEGRO, 2014, NASCIMENTO E COLS, 2014, MANN E COLS, 2009, 
SANTOS 2012, GOMES E COSTA, 2013, RODRIGUES E COLS 2008) têm 
demonstrado que apesar de a gravidez estar associada a profundas alterações 
anatómicas e fisiológicas, são inúmeros os benefícios do exercício físico quando 
iniciado numa fase precoce da gravidez, como o aumento da capacidade funcional 
da placenta e aumento da distribuição de nutrientes, alívio nos desconfortos 
intestinais, maior facilidade e menor tempo no trabalho de parto, com redução das 
complicações obstétricas, efeito protetor contra parto prematuro, redução do edema, 
câimbras e fadiga, melhor adaptação cardiovascular, aumento do nível de liquido 
amniótico, menor risco de desenvolver o diabetes gestacional e a pré-eclâmpsia, 
prevenção do excesso de peso, da intolerância à glicose, das dores lombossacrais e 
hérnias de disco, manutenção da forma física e postura, melhor adaptação 
psicológica as mudanças corporais, melhoria do sono (BENEVIDES, 2012), aumento 
do peso fetal, melhor retorno venoso prevenindo a trombose, menor incidência de 
parto cesáreo, depressão pós-parto e tempo de hospitalização, menor risco de 
sofrimento fetal e melhor recuperação no pós-parto, além de favorecer as interações 
psicossociais (COUTINHO E COLS, 2011). 
 
4.1 Atividade Física e Gestação 
 
A atividade física tem papel fundamental na manutenção da saúde física e 
mental dos indivíduos. De acordo com Fonseca e Rocha (2012), Giacopini e cols 
(2015), atualmente as mulheres estão cada vez mais conscientes da necessidade de 
praticar atividade física de forma contínua, ao longo dos anos, devido aos inúmeros 
benefícios que acarretam como boa aptidão musculoesquelética e 
cardiorrespiratória, menor risco de obesidade e doenças cardíacas, retardo do 
26 
 
envelhecimento, bem-estar físico, emocional e mental, melhor autoestima, 
prevenção de câncer de cólon e de mama, além de auxiliar no tratamento da 
osteopenia e osteoporose. Com todas estas informações sobre os benefícios da 
atividade física espera-se que as mulheres em sua fase fértil mantenham seu 
programa de exercícios físicos. 
Por volta do ano 300 a.C. surge a ideia de atividade física para as gestantes 
quando Aristóteles afirmou que, as mulheres, devido ao seu estilo de vida sedentário 
tinham muitas dificuldades durante o parto (SANTOS, 2015). Durante muito tempo, 
em décadas passadas, o exercício foi visto como fator negativo tanto para a mãe, 
quanto para o desenvolvimento do feto, sendo as grávidas aconselhadas a reduzir 
ou cessar suas atividades físicas e profissionais, principalmente durante as ultimas 
etapas da gestação, pois se acreditava que poderia causar parto prematuro de 
acordo com Santos (2015), Sebastião, (2013), Espírito Santo e cols (2014), 
Benevides e cols (2012), Rodrigues e cols., Velloso e cols (2014), Carvalhaes e cols 
(2013), Santos (2012). 
Segundo Valim (2005), citado por Giacopini e cols (2015): “Essa ideia ainda é 
defendida em vários contextos, tradições e colocações médicas em relação ao 
exercício físico durante a gravidez”. 
Pelo fato de alguns autores demonstrarem que pode haver alterações 
hemodinâmicas prejudiciais ao feto, alguns obstetras, por segurança, não 
recomendam a prática de exercícios para gestantes e acrescentam que mulheres 
sedentárias devem evitar iniciar um programa de exercícios depois de engravidar 
como citado por Pigatto e cols (2014) e Carvalhaes e cols (2013). 
 
4.2 Contraindicações e Sinais de Alerta 
 
Apesar das inúmeras vantagens que a prática de exercícios traz para as 
mulheres gestantes, a ACSM, também citado por Lima e Oliveira (2005), Fonseca e 
Rocha (2012), Gomes e Costa (2013) e Sebastião (2013) listam as contra indicações 
relativas (devem ser avaliadas por um médico para a liberação, com restrições, para 
a prática de atividade física) e absolutas (sob nenhuma hipótese devem ser 
liberadas para a prática de atividades físicas) que devem ser observadas. 
27 
 
Relativas: anemia severa, disritmia cardíaca materna não avaliada, bronquite 
crônica, obesidade mórbida extrema, peso corporal extremamente baixo (IMC<12), 
estilo de vida extremamente sedentário, restrição do crescimento intrauterino, 
hipertensão, distúrbio convulsivo, diabetes tipo I e hipertireoidismo precariamente 
controlados, limitações ortopédicas, fumante crônica. 
Absolutas: doença cardíaca hemodinamicamente significativa, doença 
pulmonar restritiva, colo uterino/cerclagem incompetente, gestação múltipla com 
risco de trabalho de parto prematuro, sangramento persistente no segundo ou 
terceiro trimestre, placenta previa após a 26ª semana, trabalho de parto prematuro, 
ruptura das membranas, hipertensão induzida por pré-eclâmpsia/gravidez. 
Espirito santo e cols (2014), acrescentam como contraindicações absolutas à 
prática de exercício físico: antecedentes de miocardiopatia, insuficiência cardíaca 
congestiva, cardiopatia reumática, tromboflebite, embolia pulmonar recente, doença 
infecciosa aguda, incompetência cervical, gestações múltiplas, macrossomia e 
suspeita de sofrimento fetal. 
Existem alguns sintomas que são sinal de alerta para a prática segura de 
atividade física. Se durante ou após o exercício, alguns desses sintomas ocorrerem 
é necessário interrupção imediata e encaminhamento para avaliação médica. De 
acordo com a ACSM, e também citado por Batista e cols (2003), Fonseca e Rocha 
(2012), as condições para o encerramento do exercício são sangramento vaginal, 
dispneia pré-esforço, vertigem, cefaleia, dor torácica, miastenia (doença que impede 
a comunicação natural entre nervos e músculos, causando fraqueza muscular e 
fadiga incomum), dor ou edema de panturrilhas (possibilidade de tromboflebite), 
diminuição do movimento fetal, perda de líquido amniótico, trabalho de parto pré-
termo. 
 
5 RECOMENDAÇÕES DE ATIVIDADES FÍSICAS NA GESTAÇÃO 
 
Na prescrição de exercícios físicos para gestante, existem várias 
recomendações de diferentes práticas corporais. Diversos são os benefícios, 
compreendendo diferentes áreas do organismo materno. O exercício está indicado 
na redução e prevenção de algias, no fortalecimento muscular, na otimização dos 
28 
 
aspectos psicológicos e sociais, na diminuição dos efeitos de doenças gestacionais, 
entre outros. (SANTOS, 2010, TRINDADE, 2007, MATSUO, 2007). 
Para Trindade (2007), as mulheres grávidas devem concentrar em pelo 
menos 30 minutos de atividade físicas,com no máximo 60 minutos. Essas 
atividades devem ser consideradas como todas que envolvem algum tipo de 
movimento não programado, quer seja ir ao banco a pé, limpar a casa, subir 
escadas ou dançar, excetuando-se o esporte. A intensidade deve ser entre 4 a 7 
METs. Este autor define ainda que as gestantes que não dispuserem de tempo 
hábil, ou por algum motivo tiverem situações impeditivas, devam “acumular” saúde 
com sessões de 10 minutos três vezes ao dia. 
 
5.1 Exercícios Aeróbicos 
 
Os exercícios aeróbicos são citados como os grandes aliados no controle de 
peso e na manutenção do condicionamento físico pré-gravídico, além da redução 
dos riscos de Diabetes Gestacional, hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia, e 
diminuição de fadigas, câimbras e edemas. A ativação dos grandes grupos 
musculares propicia uma melhor circulação sanguínea, melhor utilização da glicose, 
aumento da sensibilidade à insulina e melhora no perfil pressórico. (GIACOPINI E 
COLS, 2015, NETO E GAMA, 2014, VELLOSO E COLS, 2014, SANTOS E SILVA, 
2009) 
Trindade (2007) salienta que os parâmetros geralmente utilizados, por 
calorimetria indireta, para mensuração das atividades físicas são a Frequência 
Cardíaca Máxima (FCM, onde FCM = 220-Idade) ou a faixa de trabalho da FCM, 
e/ou o Equivalente Metabólico do VO2 (MET, considerando-se que 1 MET, ou 
equivalente metabólico, corresponda ao consumo de 3,5 mL de oxigênio para cada 
kg de massa corporal a cada minuto), e poderá ser incluída a escala de percepção 
de esforço de BORG (de 6 a 20, onde 6 é considerado muito fácil, ou sem esforço e 
20 é considerado muito exaustivo ou com pleno esforço.), como forma de auxílio da 
resposta da praticante da atividade física. Nascimento e cols (2014) contribuem 
ainda com uma tabela da Sociedade Canadense de Ginecologistas e Obstetras 
(SCGO) que preconiza as seguintes faixas de treinamentos para gestantes: 
idade<20 anos: 140 a 155 batimentos cardíacos por minuto (bpm); 20–29 anos: 135 
29 
 
a 150 bpm; 30–39 anos: 130 a 145 bpm; >40 anos: 125 a 140 bpm. Além disso, os 
autores citam como outra opção em resposta ao exercício o Talk-test, em que a 
gestante é orientada a manter uma conversa durante o exercício físico, o que 
assegura que este está sendo realizado em intensidade leve a moderada, 
prevenindo-se o esforço físico excessivo. Santos (2015) contribui elencando as 
intensidades de acordo com o IMC da gestante, onde recomenda exercícios de 
intensidade moderada para mulheres que na pré gravidez tenham valores de 
IMC<25 kg/m² e para mulheres que tenham valores de IMC >25 kg/m², recomenda-
se exercícios de intensidade baixa. 
A American College of Obstetrician and Ginecology (2002) define algumas 
recomendações de interesse na prescrição de exercícios aeróbicos durante a 
gravidez. Devem ser priorizados exercícios leves ou moderados, que envolvam 
grandes grupos musculares, em ritmo contínuo, realizados pelo menos três vezes 
por semana, de 30 a 60 minutos, em horários de menor temperatura do dia, 
ingerindo quantidade necessária de líquidos, com vestimenta confortável, 
respeitando os 140 bpm para a frequência cardíaca materna e 38ºC para a 
temperatura ambiente. Giacopini e cols, (2015) complementa ainda que a faixa 
segura da capacidade cardíaca máxima deve estar entre 50 a 70%, tanto para 
proteção fetal, quanto no que diz respeito ao aumento da temperatura corporal 
materna em exercício físico no solo. Fonseca e Rocha (2012) reitera que as 
intensidades dos exercícios, para as grávidas sem complicações obstetrícias, sejam 
moderadas entre 55 a 85% da FCM ou 40 a 75% do VO2 máx. para a manutenção 
da saúde. Para a manutenção da aptidão física, as recomendações são com 
intensidades um pouco maiores, para grávidas que eram atletas ou praticavam 
exercícios físicos de forma continuada antes da gestação. Os valores estão entre 60 
a 90% da FCM ou 50 a 85% do VO2 máx., com a utilização da escala de percepção 
de esforço para monitorização, e atentando especialmente para o balanço 
energético, termorregulação e hidratação adequada. 
No entanto Velloso e cols (2014), Giacopini e cols (2015), Batista (2003), 
Gomes e Costa (2013), explicam que exercícios de moderada a alta intensidade, ou 
seja, acima de 80% FCM, podem acarretar aumento da Frequência cardíaca 
materna resultando em hipóxia fetal, e incrementar em 20 a 30% no risco de parto 
prematuro, diminuição do crescimento e baixo peso do feto. 
30 
 
Neto e Gama (2014) citam um estudo no qual 20 minutos de atividade 
aeróbica praticados com intensidade moderada (55 a 60% do VO2 máx.) foram 
suficientes para promover benefícios fetais de morfometria e volume placentário. 
Ferreira e cols (2014) demonstraram num estudo comparativo entre gestantes 
fisicamente ativas, que acumulavam pelo menos 30 min de atividade física, 
predominantemente aeróbica, com gestantes inativas fisicamente, que as mulheres 
grávidas inativas engordaram 4,7kg em média a mais que as ativas, e esse 
sobrepeso pode estar relacionados ao acréscimo de riscos para a mãe e para o 
bebê. Além disso, puderam observar que mulheres grávidas ativas fisicamente 
conseguiram manter a rotina do dia-a-dia, a percepção da recuperação pós-parto, 
nas mães que se mantiveram ativas foi excelente, e o fato de terem se mantido 
ativas resultou em benefícios psicológicos e biológicos, tais como melhora no 
comportamento e nas sensações, e a ajuda no parto normal. 
Nascimento e cols (2014) relatam também ensaio clínico com gestantes com 
sobrepeso, na qual foram submetidas a um programa de exercício físico composto 
por uma sessão semanal de um protocolo de exercício em intensidade leve (10 
minutos de alongamento, 20 minutos de treino de resistência muscular e 10 minutos 
de relaxamento), somado a orientação de caminhada e orientações nutricionais, 
enquanto um grupo controle recebeu apenas a rotina padrão de pré-natal e as 
orientações nutricionais. As mulheres iniciaram a prática de exercício em média com 
17 semanas e foram seguidas até o parto. As gestantes com sobrepeso no grupo 
intervenção tiveram menor ganho de peso total e no programa do que as com 
sobrepeso do grupo controle. 
Além destas recomendações para as grávidas manterem-se ativas, as 
gestantes sedentárias também devem ser encorajadas a praticarem exercícios 
físicos para uma gestação mais saudável. Autores como Giacopini e cols, 2015, 
Nascimento, (2014), Velloso e cols (2014), Botelho e Miranda (2012), Santos (2015), 
indicam que gestantes sedentárias, ao iniciar um programa de exercícios físicos, 
devem respeitar suas individualidades, escolhendo atividades mais aprazíveis e de 
maior permanência, começando com sessões de curta duração, em torno de 15 a 20 
minutos, três vezes na semana com intensidades leves (40 a 60%FCM) e ir 
aumentando gradativamente o tempo das sessões e a frequência semanal, até 
atingirem o nível recomendado para as grávidas ativas. Em relação à escala de 
31 
 
BORG, esta deve ficar entre 12 a 14 (relativamente fácil- relativamente cansativo) e 
o gasto calórico de ser de 16 METs/semana, o que corresponde à caminhada de 
3,2km/h em 6,5 horas por semana, ou de preferência exercícios na bicicleta 
estacionária 4,7h por semana. 
Botelho e Miranda, (2012), Santos (2015) afirmam que a caminhada é o 
exercício físico mais recomendado para as gestantes sedentárias, além disso, pode 
ser mantida durante os nove meses de gestação, com intensidade baixa, tendo 
como principais benefícios a manutenção do condicionamento físico e a redução no 
ganho de peso, uma vez que as grávidas reduzem voluntariamente a frequência e a 
intensidade dos exercícios, conforme aumenta o número de semanas gravídicas, 
devido às dificuldades motoras, mudanças comportamentais e algias da gestação. 
Para Chistófalo e cols (2003) as prescrições iniciais de exercício aeróbio 
deveriam ser incluídas, no mínimo, três sessões semanais, com dias intercaladosde 
exercício, cada uma com duração de 30 a 45 minutos. A frequência cardíaca deve 
manter-se numa faixa de 130 a 150 bpm. A quantidade mínima é de três vezes na 
semana e programados em diferentes atividades, duração e intensidade. Ou seja, 
uma variação de atividades que possam regular a adesão à prática de exercícios 
físicos das grávidas inativas. 
De acordo com os estudos Fonseca e Rocha, (2012), Batista, (2003), Velloso 
e cols (2014), ACOG (2002), Santos (2015) a caminhada é o exercício aeróbico mais 
escolhido e de fácil iniciação e execução, porém outros exercícios que incluem 
grandes grupos musculares devem ser incluídos, tais como corrida leve (trote), 
bicicleta estacionária, hidroginástica, natação (onde o peso do corpo está 
suportado), dança ou ginástica aeróbica de baixo impacto, considerando a relação 
exercício/peso. Com isso a gestante deve escolher uma atividade que melhor se 
adapte às suas características e interesses para, com isso, aumentar a aderência ao 
exercício escolhido em longo prazo. 
Nascimento e cols (2014) afirmam que: 
 
Gestantes sem complicações clínicas ou obstétricas submetidas a exercício 
físico aeróbico em esteira até a fadiga não apresentaram alterações das 
repercussões fetais ao estudo da dopplervelocimetria após o exercício. 
Esses resultados indicam que em gestantes sem complicações clínicas ou 
obstétricas, o feto saudável é capaz de desenvolver mecanismos 
compensatórios e não entrar em sofrimento após o exercício, o que permite 
a homeostase das trocas gasosas e impede efeitos deletérios da hipóxia 
32 
 
fetal, mesmo durante a atividade física moderada a intensa em gestantes 
previamente sedentárias. 
 
Quadro resumo da intensidade, frequência, tempo de exercício físico aeróbico 
(caminhada) para gestante. 
 
Autor 
Frequência 
semanal 
Intensidade Tempo 
Frequência 
cardíaca 
Objetivo Classificação 
ACOG 
(2002) 
3x/sem 
Leve a 
moderada 
30 - 60 
min 
50 – 70% 
FCM 
Manutenção 
da saúde 
Grávidas ativas 
Neto e 
Gama 
- Moderada 
20 a 50 
min 
55 a 60% 
VO2 máx. 
Benefícios 
gerais 
Qualquer grupo 
Chistófalo e 
cols (2003) 
3x/sem 
intercalado 
com outros 
exercícios 
Alternar entre 
leve e 
moderada 
30 a 45 
min 
130 – 150 
bpm 
Adaptação e 
permanência 
Grávidas 
inativas 
Nascimento 
(2014) 
- Leve 
15 a 20 
min 
40 a 60% 
FCM 
Adaptação e 
permanência 
Grávidas 
inativas 
Fonseca e 
Rocha 
(2012) 
- 
Moderada a 
alta 
- 
60 a 90% 
FCM 
Manutenção 
da aptidão 
Física 
Grávidas ativas 
ou atletas 
 
5.2 Exercícios Aquáticos 
 
Para Trindade (2007), Nascimento e cols (2014), Botelho e Miranda (2012), 
Giacopini e cols (2015), a natação é a prática de atividade física mais indicada para 
a gestante, devido à propriedade de flutuabilidade do corpo na água. Os joelhos são 
beneficiados por não sofrerem impactos e o meio líquido ameniza os esforços sobre 
os ligamentos. O frequente aparecimento de edema é um efeito comum na 
gestação, porém ele pode ser diminuído com a natação e hidroginástica, por trazer 
melhorias na circulação sanguínea e no fortalecimento muscular. A implicação da 
água fria sobre o corpo serve também como termorreguladora, proporcionando ao 
feto a possibilidade de maior estabilidade frente à elevação de temperatura e a 
subsequente diminuição do fornecimento de sangue. A água deve ficar entre. 28ºC e 
33 
 
30ºC tida como a temperatura ideal durante a prática de atividades aquáticas para 
gestantes e esse tipo de atividade é mais relaxante que outros exercícios. 
Para Botelho e Miranda (2012) a hidroginástica, como a natação, é uma 
atividade aquática que está entre as mais praticadas pelas gestantes, por ser uma 
modalidade que inclui exercícios aeróbios e de alongamentos trabalhando com 
todos os grupos musculares, e por trabalhar também com exercícios de respiração, 
com intuito de proporcionar a diminuição da ansiedade. Além dos benefícios citados 
a natação, os exercícios de alongamento da hidroginástica diminuem o estresse 
articular e os desconfortos musculares. Recomenda-se que a hidroginástica seja 
praticadas de duas a três vezes por semana, com duração de 40 minutos à uma 
hora; com intensidade leve a moderada, proporcionando relaxamento. Somado a 
isso, por ser realizada em grupo, a atividade pode ser divertida e socializar a mulher 
com outras gestantes, diminuindo os riscos de depressão gestacional. 
Giacopini e cols (2015) citam o fato de que exercícios em imersão diminuem 
as contrações uterinas, uma vez que a expansão do volume plasmático faria 
possivelmente diminuir os níveis de ocitocina circulantes, por diluição. Além disso, os 
autores citam outro estudo em que ficou demonstrada a diminuição da frequência 
cardíaca e da pressão arterial em imersão na água quando comparada ao ambiente 
terrestre, da mesma forma a diminuição do peso hidrostático, proporcionais à 
profundidade realizada por imersão. Com essa diminuição do peso hidrostático, há 
uma redução da carga mecânica imposta as articulações dos membros inferiores. 
Graef e Kruel, (2006), elucidam alguns dos efeitos mecânicos das atividades 
aquáticas que são a diminuição na FC em imersão, tendo uma das principais 
explicações para isso o aumento no retorno venoso e a diminuição do peso 
hidrostático como fator igualmente responsável pelas modificações na FC durante a 
imersão, contribuindo para a bradicardia devido ao menor recrutamento muscular e 
consequente redução no aporte sanguíneo. 
 
5.3 Exercícios de Alongamento e Flexibilidade 
 
As alterações posturais decorrentes da gestação, associadas com alterações 
hormonais e relaxamento dos ligamentos costumam trazer algias na região lombar e 
dorsal, e de membros inferiores, cujas queixas tornam-se mais comuns e estão 
34 
 
relacionadas com prejuízos domésticos e profissionais, estados depressivos e 
insônia. Somado a isso músculos da região perineal passam a suportar mais peso e 
muitos deles são solicitados em movimentos dos quais não participavam. 
(GRUDTNER, 2010, GOMES E COSTA, 2013). Diversos estudos indicam o trabalho 
de alongamento e aumento da flexibilidade como diminuição das dores e auxílio 
numa gravidez saudável. (LIMA E OLVEIRA, 2005), 
Diversos autores, Santos (2009), Giacopini e cols (2015), Nascimento e cols 
(2014), Chistófalo e cols (2003), Mann e cols (2008), afirmam que exercícios que 
contribuem para o alongamento da região lombar, ajudam a prevenir o 
exacerbamento da condição lordótica, uma vez que a musculatura da região 
abdominal tende a se estirar, com o crescimento do feto, e a da região lombar tende 
a se encurtar. Além disso, deve ser dada ênfase a exercícios de fortalecimento e 
alongamento da musculatura dorsal, pois o crescimento natural dos seios, e 
consequente aumento de peso, pode provocar uma rotação interna dos ombros com 
projeção para frente, encurtando o peitoral e superextendendo romboides e trapézio, 
acentuando a cifose. Outras alterações gravídicas como aumento na tensão na 
musculatura paravertebral, hiperextensão de joelhos, anteversão pélvica e 
aplainamento do arco longitudinal medial dos pés também devem ser tratados com 
exercícios de alongamento. 
Giacopini e cols (2015) citam um estudo em que foi englobado técnicas de 
exercícios de alongamento e retificação lombar observando grande alívio da dor e 
desconfortos dos membros inferiores. O autor cita também que num outro ensaio 70 
gestantes foram submetidas também a estes exercícios e verificou uma melhora na 
qualidade de vida e disposição geral das gestantes. 
Santos e Silva (2009) mostram um estudo feito com grávidas sedentárias no 
qual foi observado que a caminhada aumenta a pressão diastólica e a frequência 
cardíaca de repouso (13,5 bpm), enquanto o alongamento diminui a pressão 
sistólica e em menor quantidade a frequência cardíaca de repouso (8 bpm). Além 
disso, por ser uma atividade menos exaustiva e de maioradesão, em gestantes 
sedentárias, os autores sugerem que o alongamento pode ser mais eficaz do que a 
caminhada no que se refere à prevenção da pré-eclâmpsia (pela diminuição do 
estresse oxidativo vascular se realizado regularmente, ou seja, mais do que três 
vezes por semana e com duração mínima de 40 minutos) em gestantes hipertensas. 
35 
 
Velloso e cols (2014) prescrevem que num trabalho com gestantes devem ser 
incluídos exercícios que promovam resistência e flexibilidade musculoesquelética, 
equilíbrio da musculatura dorso lombar abdominal e fortalecimento do assoalho 
pélvico, por pelo menos três vezes por semana, com 3 séries de 8 a 10 exercícios, 
com 10 a 12 repetições com resistência de até 3kg, intercalado com exercícios 
aeróbicos. 
Botelho e Miranda (2012) acrescentam ainda que os exercícios de 
alongamento devem ser de baixa intensidade e não devem provocar movimentos 
bruscos e desconfortáveis. É importante que os exercícios sejam realizados em 
posição de decúbito dorsal ou sentados, para não ocorrer riscos de queda e podem 
ser de forma dinâmica ou estática. Essa atividade pode ser praticada todos os dias 
da semana e deve utilizar a amplitude máxima do movimento, além de não utilizar 
sobrecarga, principalmente nas costas. 
Uma técnica bastante utilizada, que trabalha o alongamento aliado à força 
muscular e consciência corporal é o método Pilates. Segundo Kroetz e Santos 
(2015), este método ajuda a alongar e relaxar os músculos, preparando a 
musculatura perineal para o parto e o pós-parto, estimula a circulação, desenvolve 
técnicas de respiração e correção postural, por meio da reorganização do centro de 
força aumenta a força, o equilíbrio, a coordenação, além da sensação de bem-estar 
e autoestima. 
Para Martins e cols (2005), a dor pélvica, principalmente na região posterior, 
apresenta inter-relações biomecânicas que vão além do equilíbrio osteoarticular e 
muscular. Mann e Cols (2008) relatam que há relação significativa entre a 
elasticidade assimétrica da articulação sacroilíaca e a dor pélvica posterior. 
Sobretudo a redução da força ou da resistência não está ligada à fraqueza muscular, 
mas à dor e/ou ao medo de ter dor. Eles verificaram ainda que, a prática da yoga, 
com as suas devidas ressalvas (evitando exercícios em posições invertidas ou 
posturas pesadas), teve efeito positivo em avaliação realizada com 30 gestantes. 
Após a prática, houve relatos de melhora no fortalecimento muscular, na postura, no 
sono, maior resistência física, tranquilidade, e menor ganho de massa corporal. 
Oliveira e Tumelero (2003), também citam o yoga como método auxiliar de controle 
postural e de respiração, além disso, preconizam que a gestante é quem deve ditar 
36 
 
o ritmo da aula, de um modo lento que possa sanar as dúvidas e a permanência da 
gestante, principalmente após o sexto mês. 
 
5.4 Exercícios Resistidos 
 
Os exercícios físicos de força muscular, realizados em intensidade ajustada 
para o período gestacional promovem melhora na força, resistência e flexibilidades, 
sem aumentar o risco de lesões e sem interferir no crescimento fetal e na gestação, 
podendo ser executados de forma eficaz e seguros para a mãe e para o bebê. 
Alguns exemplos são musculação, treinamento funcional, treinamento com circuito e 
yoga (o nível mais avançado, para grávidas praticantes) como salientam Lima e 
Oliveira (2005), Neto e Gama (2014). 
Para Giacopini e cols (2015), Neto e Gama (2014), Chistófalo e cols (2003), 
Nascimento e cols (2014), Botelho e Miranda (2012) os exercícios resistidos podem 
assumir várias funções durante o período gestacional, com caráter terapêutico, 
profilático, recreativo, estético e de manutenção da aptidão física. Estes autores 
ainda salientam que a musculação permite ao organismo materno adaptar-se às 
alterações posturais e prevenir traumas, quedas e desconfortos 
musculoesqueléticos. O fortalecimento deve priorizar os músculos do “core” (Reto 
abdominal, oblíquo interno e externo, transverso abdominal, eretores da espinha e 
multífido, psoas Ilíaco, reto femoral, pectíneo e sartório, glúteos (médio, máximo e 
mínimo), piriforme, isquiotibiais e adutores), os paravertebrais e os da cintura 
escapular, priorizando os músculos grandes. Além disso, deve-se optar por utilizar 
faixas elásticas e o próprio peso corporal, no lugar de aparelhos ou pesos livres, em 
relação aos riscos de acidentes, bem como posturas que afetem o equilíbrio ou que 
tragam algum risco para a mãe ou feto. 
Estes mesmos autores preconizam que a musculação para gestantes pode 
ser realizada duas vezes por semana, estimulando de 10 a 15 grupamentos 
musculares, com séries de 3 a 5 repetições com intensidades em torno de 30-40% 
da carga máxima, com descanso em torno de 2 a 4 minutos entre os exercícios, 
permitindo a recuperação energética total. Somado a isso, preconizam que 
exercícios isométricos, de contração intra-abdominal, ou que provoquem apneia ou 
manobra de Valsava devem ser evitados, bem como praticar exercícios em decúbito 
37 
 
dorsal por mais de 3 minutos a partir do quarto mês de gestação. Algumas 
observações são necessárias para a interrupção das atividades como a perda de 
líquido amniótico, contrações uterinas, hemorragia vaginal, fraqueza muscular e 
redução dos movimentos do feto. (ACOG, 2002). 
 
5.5 Exercícios a Serem Evitados 
 
Trindade (2007), Gomes e Costa (2013), Batista e Cols (2003) indicam como 
atividades consideradas perigosas, avaliando a possibilidade de colocar a gestante 
ou o seu feto em risco, qualquer atividade competitiva, artes marciais ou 
levantamento de peso; exercícios com movimentos repentinos ou de saltos, que 
podem levar a lesão articular; flexão ou extensão profunda, pois os tecidos 
conjuntivos já apresentam frouxidão; exercícios exaustivos e/ou que necessitam de 
equilíbrio principalmente no terceiro trimestre; qualquer tipo de jogo com bolas que 
possam causar trauma abdominal; pratica de mergulho (condições hiperbáricas 
levam a risco de embolia fetal quando ocorre a descompressão); qualquer tipo de 
ginástica aeróbica, corrida ou atividades em elevada altitude são contraindicadas ou, 
excepcionalmente aceitas com limitações, dependendo das condições físicas da 
gestante; e exercícios na posição supina após o terceiro trimestre, que podem 
resultar em obstrução do retorno venoso. 
 
5.6 Exercícios no Pós-Parto 
 
A ACOG (2003), Santos (2015) e Sociedade Brasileira de medicina do 
Esporte (2000) afirmam que os exercícios no período pós-parto, não existindo 
complicações, iniciam-se 30 dias após o parto normal e 45 dias após a cesariana, 
aplicando-se os mesmos princípios utilizados para a prescrição de exercícios na 
população em geral. O retorno às condições pré-gestacionais, especialmente em 
atletas, dependerá do grau de aptidão que a mulher mantiver durante a gestação. 
Estudos não citam nenhuma complicação maternal associada ao reinício do 
treinamento e não compromete o ganho de peso neonatal. Pode haver falha em 
ganhar peso associada com a produção de leite diminuída, derivado do consumo de 
38 
 
alimento ou líquido inadequado para equilibrar o débito induzido pelo treinamento. 
As mulheres que estão amamentando deveriam considerar a alimentação dos seus 
bebês antes de se exercitar para evitar o desconforto das mamas inchadas. Além 
disso, a amamentação antes do exercício evita problemas associados com o 
aumento da acidez do leite secundário a qualquer elevação do ácido lático. Um 
retorno a atividade física após a gravidez pode ser também objeto de tratamento da 
depressão pós-parto, se o exercício causar alívio ao invés de causar estresse. 
(MARTINS E COLS, 2011). 
 
6 INFLUÊNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA E EXERCÍCIO NO TIPO DE PARTO 
 
De acordo com os dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) mais da 
metade (53,5%) dos partos realizados no Brasil são cesarianas, sendo que o índice 
recomendado

Outros materiais