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Laila - A Rainha dos Licantropos - Livro 01

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Sinopse
Aarya é uma loba de 19 anos que nunca se considerou uma romântica
incurável até que o menino que ela amava a deixou pela companheira
dele. Com o coração partido, ela relutantemente vai ao Baile Lycan, onde
conhece o Rei Lycan Dimitri Adonis — e a conexão entre eles é
instantânea. Agora o ardente casal deve navegar pelo perigoso mundo da
intriga imperial enquanto enfrenta ex-amantes rejeitados, subordinados
ciumentos e muito mais.
Classificação etária: 18+
 
E-book Produzido por: Galatea Livros e SBD
https://t.me/GalateaLivros
https://t.me/GalateaLivros
https://t.me/GalateaLivros
Sumário dos Livros
Livro 1
Livro 2 – Ainda não Lançado
Livro 1
Capítulo 1
— Ele me beijou profundamente e eu sabia, naquele momento, que
estaríamos bem. — Fechando o livro agora acabado, suspirei.
Normalmente eu não era o tipo de garota obcecada por histórias
românticas, mas na semana passada isso mudou.
Tudo o que tenho feito é ler estas histórias românticas irrealistas e
obviamente me imaginar como a protagonista feminina. Quem é o
protagonista masculino, você pode estar se perguntando?
O mesmo cara que roubou meu coração quatro anos atrás, Hunter
Hall.
— Aarya, você quer ir fazer compras comigo? — Gritou minha mãe
escada a cima com sua voz inconfundível.
— Não, mãe. — Eu respondi.
Aarya Bedi, esse é o meu nome. Tenho dezenove anos, e se você não
notou pelo meu nome, eu sou indiana, e sim, sou uma lobisomem.
Atualmente, vivo com meus pais, Sid e Tara; eles são
acasalados/casados há vinte e sete anos. Meu irmão mais velho, Sai, tem
vinte e quatro anos e sua companheira, Zoya, também tem vinte e quatro
anos.
Nossa alcateia se chama Lua Negra; eu amo nossa comunidade. Todos
se conhecem e crescer aqui foi incrível. No momento, estou treinando
para ser uma médica da alcateia; sempre foi algo que eu quis fazer.
Lembro-me quando eu costumava ser provocada quando dizia que
queria me tornar uma médica da alcateia. A cor da minha pele e os
estereótipos eram o motivo, é claro.
Todos pensavam que essa era a carreira perfeita para mim, já que sou
indiana, e todos nós aparentemente somos médicos, advogados ou
contadores. Costumava me incomodar, mas agora eu não ligo.
Minha mente estava a mil com pensamentos sobre Hunter Hall; ele
era nosso Beta. Ele e nosso alfa, Carter Ward, foram enviados para
treinamento há quatro anos, e voltariam hoje.
Ainda me lembro do dia antes deles partirem. Hunter veio até mim
com seus lindos olhos azuis e me disse para esperar por ele. Eu tinha
apenas quinze anos na época, mas eu sabia que esperaria por ele.
Afinal de contas, eu estava totalmente apaixonada pelo Hunter. Foi
nele que dei meu primeiro beijo; ainda me lembro da sensação de seus
lábios contra os meus.
A maioria dos lobos encontra seus companheiros aos dezoito anos, e
como Hunter não estava aqui quando eu fiz dezoito anos e não encontrei
meu companheiro, eu estava convencida de que Hunter era meu
companheiro.
Suspirando, saí da cama e caminhei até a minha estante. Tive que
pensar em outra coisa, senão eu ficaria louca. Minha estante estava
repleta de livros. Pode-se dizer que eu era uma bibliófila.
Meus dedos passaram pelas capas de muitos livros antes de parar em
um. Peguei ele e suspirei. Era a história dos humanos, lobisomens e
Lycans. Não história de ficção, mas de fatos.
Eu sabia que se lesse outra história romântica, meus pensamentos
irracionais nunca me deixariam descansar.
Me acomodei na cama e comecei a ler. Humanos, lobisomens e
Lycans viviam todos em paz, e vivemos assim há milhares de anos.
Não era segredo que os Lycans governavam a nós todos; eles eram
muito mais fortes e poderosos do que nós, lobisomens.
Nossa família real era composta inteiramente de Lycans. Sempre os
achei extremamente intimidadores; eles tinham essa aura sobre eles.
Passando pela história de como nós nos reunimos para uma
importante batalha, cheguei ao capítulo que sempre me intrigou.
Companheiros dos Lycans. Eles eram considerados tão preciosos para
os Lycans. Dizia-se que se um Lycan perde o seu companheiro, eles
entram em erupção e podem matar milhares e destruir cidades.
Existe um exército especial que é treinado para lidar com tais
situações. Os Lycans só podem ter um companheiro. Eles são incapazes
de selecionar e acasalar com outro alguém se seu parceiro morrer, como
nós, lobisomens, fazemos.
Eu sempre achei isso tão fascinante. Se um lobisomem perde o
companheiro, podemos encontrar a felicidade escolhendo e acasalando
com outra pessoa, mas os Lycans não eram capazes de fazer isso.
É por isso que o companheiro de uma Lycan era tão precioso, e
também tornava os Lycans extremamente leais. Ao continuar lendo, me
deparei com a parte do envelhecimento. Os Lycans param de envelhecer
aos vinte anos.
Muitos continuam celebrando seus aniversários, apesar de
continuarem tecnicamente com vinte anos; podem viver centenas de
anos.
Antes do nosso rei atual, o rei anterior governou por quinhentos anos
antes de passar o comando ao seu filho. Conta-se que ele foi viajar com
sua companheira, e ninguém mais ouviu falar deles desde então.
Nós, lobisomens, também vivemos por muito tempo, mas não tanto
quanto os Lycans; envelhecemos lentamente.
A história também dizia que se o parceiro de uma Lycan é um
humano ou um lobisomem, seu corpo se ajusta para se tornar uma
Lycan. Eles se tornam mais fortes e mais poderosos e são considerados
como um Lycan.
Essa parte sempre me assustou, mas eu sabia que era verdade. Afinal,
minha melhor amiga era agora uma Lycan.
Apesar de nunca ter admitido isso a ela, sempre me senti intimidada
por ela. Ela mudou, e isso me assustou.
Como o livro não era novo, ele não mencionava nosso novo rei,
Adonis Dimitri Grey. Aparentemente, todos o chamavam de Dimitri, e
somente aqueles que eram suficientemente próximos a ele podiam
chamá-lo de Adonis.
Nosso rei era estranho; ele assumiu o trono sem nenhuma
companheira ao seu lado, o que era inédito. Todos os reis Lycan antes
dele haviam encontrado suas companheiras antes de se tornarem reis.
Ele também odiava fotos, aparentemente; havia apenas três. Uma
quando ele nasceu, outra quando seus irmãos nasceram, e a última
quando ele assumiu o trono.
Eu era apenas uma criança quando ele assumiu o trono; já se
passaram dez anos. Ninguém sabe realmente a verdadeira idade do rei, e
suspeito que ele provavelmente também não conta a ninguém.
Um som familiar começou a tocar, e eu rolei para pegar meu telefone,
que estava carregando. Ao ver o nome piscar na tela, sorri e respondi
rapidamente.
— Sophia Butler, há quanto tempo, — provoquei.
— Aarya Bedi, não me provoque. Você sabe que tenho estado
ocupada, — lamentou minha melhor amiga Sophia.
— Você tem estado realmente ocupada? Ou o Luke tem mantido você
presa? — continuei provocando.
Sophia riu:
— Você é horrível. Você sabe que eu tenho estado ocupada. Aliás, o
Baile Lycan está chegando! Você não está animada?
Ah sim, o Baile Lycan. A maneira do reino de garantir que todos da
alcateia possam ver o palácio e conhecer o rei. Eu odiava isso.
Esta foi a segunda vez que nossa alcateia foi escolhida para ir, mas
seria a minha primeira vez. Sempre detestei bailes, formaturas escolares,
recepções de casamento. Não sei o porquê, já que adoro me vestir.
Tenho a sensação de que a razão pela qual eu odiava o Baile Lycan,
mesmo nunca tendo ido, era porque eu estava intimidada pelos Lycans.
Na primeira vez que fomos escolhidos, eu estava com uma gripe
terrível. Meus avós voaram do Canadá, onde moram, para vir cuidar de
mim enquanto o resto da minha família ia ao Baile.
Foi assim que minha melhor amiga conheceu seu companheiro
Lycan, Luke.
Ela é aquela que eu mencionei antes. Sophia conheceu Luke no baile
há quatro anos, e desde então, ela mudou muito.
Não me entenda mal, fiquei muito feliz quando ela me ligou e me
disse, mesmo que ela estivesse vomitando. Mas uma parte de mim sabia
que eu iria perder minha melhor amiga.
Afinal, ela era uma Lycan agora, e eles tinham papéis e
responsabilidades muito importantes.Seu companheiro, Luke Martin,
era o chefe dos guerreiros, então Sophia permanecia ocupada o tempo
todo.
Como ela adorava organizar, ela ficou encarregada de organizar
eventos importantes, e o Baile Lycan era o mais importante que Sophia
organizaria.
— Oh sim. Estou tão ansiosa por isso, — respondi sarcasticamente.
— Bem, o bom é que você vai poder me ver. — Sophia tentou me
animar.
— Isso é verdade. Não nos vemos há um ano. Não desde que você
voltou para casa para ver seu sobrinhozinho. — Suspirei.
— Eu também sinto sua falta. Gostaria de poder voltar mais vezes. —
Sophia também suspirou.
— Você está ocupada, eu entendo. Mas ainda bem que temos a
tecnologia. Podemos conversar sempre mesmo que não estejamos juntas,
— disse eu.
— Isso é tão verdade. Oh, Aarya! Mal posso esperar para ver você!
Você vem amanhã, né? — perguntou Sophia.
— Sim, amanhã. Bem cedo. — Suspirei: — Pare de suspirar! Pelo
menos tenta ficar um pouco animada, — reclamou Sophia.
— Está bem, me desculpe. Vou tentar. — Ri.
— Bem, tenho que ir agora. O dever me chama, mas mal posso
esperar para vê-la amanhã, — respondeu Sophia.
— Vejo você amanhã, — disse eu, desligando.
Não demorou muito para minha mãe entrar no meu quarto com
Zoya, carregando uma bolsa. Eu sabia o que tinha dentro: meu vestido
para o baile.
— Aarya, você precisa fazer as malas. Você sabe que amanhã partimos
cedo, — disse mamãe, abanando a cabeça para mim.
Gemendo, Zoya riu e disse:
— Vou ajudá-la a fazer as malas.
Mamãe acenou com a cabeça e saiu. Zoya me arrastou para fora da
cama e me ajudou a fazer as malas. Foi uma distração para não pensar em
Hunter.
Assim que terminamos, perguntei a Zoya:
— Então, alguma notícia de quando Hunter e Carter voltarão?
— Por quê? Impaciente, né? — Zoya riu.
— Não, só estou curiosa, só isso. — Eu virei meus olhos.
Zoya era a única da minha alcateia que sabia que Hunter me beijou e
que eu o amava. Todos os outros pensavam que eu tinha apenas uma
queda por ele.
Eu não queria que meus pais soubessem, e especialmente meu irmão.
Ele não aceitaria muito bem a notícia, mas eu sabia que podia confiar em
Zoya.
— Bem, eles devem estar aqui muito em breve. Você está nervosa? —
Zoya perguntou.
— Um pouco. Mal posso esperar para vê-lo, — admiti.
Zoya e eu sentamos na minha cama e conversamos por um tempo.
Adorei o fato de poder me abrir com Zoya; ela era basicamente minha
irmã.
Sai disse que adorava ver que sua irmã e sua companheira tinham um
relacionamento incrível. Tive muita sorte de Zoya ser tão legal! Depois
que Sophia partiu, eu me senti só, mas Zoya estava sempre lá para me
apoiar.
Pouco tempo depois, minha audição de lobisomem captou o som dos
carros a caminho. Eu pulei, meu coração batia tão rápido quanto os meus
nervos que começavam aflorar.
Finalmente chegou a hora. Eu iria ver o Hunter depois de quatro
anos.
Zoya segurou minha mão enquanto descíamos juntas. Eu parecia
bem? Passei minhas mãos pelo cabelo e Zoya balançou a cabeça.
Respire fundo, Aarya, você conseguiu. Está tudo bem. Felizmente,
nossa casa era perto da casa da alcateia, onde o alfa e o beta viviam com
suas famílias.
Sai estava esperando por nós lá embaixo e segurou a mão de Zoya.
— Vamos ver nosso alfa e beta.
Zoya não largou minha mão enquanto andávamos a curta distância
até os carros que já estavam estacionados. Meu coração batia tão rápido,
que eu só queria ver Hunter.
Caminhamos até os carros, e minha loba estava inquieta. Era esse o
sinal que eu estava procurando? Meu companheiro estava aqui?
Meus sonhos estavam se tornando realidade. O Hunter sairia daquele
carro e saberia que somos companheiros. Ao ouvir a porta do carro abrir,
minha cabeça se girou ao som.
Primeiro, nosso alfa, Carter Ward, saiu. Ele não havia mudado nem
um pouco. Bem, exceto que ele ficou musculoso. Seus olhos verdes
brilharam com malícia e felicidade. Sim, o mesmo Carter de sempre.
Ele tirou um pouco dos seus cabelos loiros do rosto antes de abraçar
seus pais e seu irmão mais novo. Observei ele cumprimentar a todos
antes de parar em mim.
Tive sorte de o futuro alfa querer ser meu amigo. Durante toda a
escola, Carter sempre esteve presente ao meu lado e eu não conseguia lhe
agradecer o suficiente.
Eu o considerava um dos meus melhores amigos, junto com Sophia.
Um sorriso contagiante tomou conta de seu rosto, e eu me vi
sorrindo também. Quando dei por mim, Carter me pegou e me girou,
fazendo os adultos rirem.
— Aarya! Oh, como eu senti sua falta! Você mudou um pouco.
Puberdade, hein? — Carter provocou.
Revirei os olhos e o abracei.
— É bom ver você também, Carter. Você não mudou nada. Não se
preocupe, às vezes as pessoas demoram a amadurecer, — brinquei,
ganhando risadas dos pais de Carter.
Carter sorriu e me abraçou novamente.
— Eu realmente senti sua falta, Risonha.
— Eu também senti sua falta, — rindo do apelido de Carter para mim,
que ele não havia esquecido.
Ao ouvir a porta do carro ser aberta, olhei sobre os ombros de Carter
para ver um corpo familiar saindo do carro. Suas costas estavam voltadas
para mim, então ele não sabia que eu estava atrás dele.
Eu queria ver seus olhos azuis cheios de amor e adoração por mim.
Carter saiu do caminho e ficou ao meu lado, o que eu achei um pouco
estranho. Ele não deveria ter continuado a cumprimentar a todos?
Talvez ele quisesse ver o momento em que eu e Hunter nos
reconheceríamos como companheiros. Sim, deve ser isso.
Minha loba continuava lá, alimentando meus pensamentos de que
Hunter era de fato meu companheiro. Eu observava como seu cabelo
castanho claro soprava ao vento. Suas costas ainda estavam voltadas para
mim; eu só queria que ele se virasse.
O que ele estava esperando?
Bem quando eu pensava que ele estava prestes a se virar, e aquele
momento mágico com o qual eu sonhava iria acontecer, Hunter voltou
para o carro e estendeu sua mão.
Meu coração parou quando vi uma mão bem cuidada pegar a de
Hunter. O sorriso sumiu do meu rosto e foi substituído por um olhar de
traição.
Capítulo 2
Carter segurou minha mão, e agora percebi porque ele estava ao meu
lado. Ele sabia sobre o beijo entre mim e Hunter, ele sabia sobre minha
paixão por Hunter, e ele sabia que eu ficaria arrasada quando o visse.
Meus olhos não saíram das costas de Hunter enquanto ele ajudava
uma garota deslumbrante a sair do carro. Bastava um olhar para os dois
para saber que eles eram companheiros. Meu coração parecia partido em
milhões de pedaços.
Meu ritmo de lobo não batia porque Hunter era meu companheiro,
mas porque Hunter tinha uma companheira. Era uma grande diferença.
As lágrimas ameaçavam cair, mas eu me recusei a deixá-las. Hunter
não podia ver o quanto isso me afetava; eu precisava ser forte.
Virei-me para olhar para Carter, que tinha um olhar de culpado no
rosto. Eu sorri tristemente para ele e balancei minha cabeça. A culpa não
foi dele, e não foi de Hunter, realmente; você não pode escolher seu
companheiro.
Embora esta seja a única vez que eu desejei que você pudesse. Ver a
pessoa que você esperou ser sua companheira aparecer com outra, foi
como receber uma facada no estômago.
Quatro anos desperdiçados, sentada e esperando por ele como uma
completa idiota.
Hunter estava a caminho com a sua companheira. O sorriso em seu
rosto foi outro golpe para mim.
Eu gostaria que ele tivesse aquele sorriso quando olhou para mim,
mas aquele sorriso estava reservado para sua companheira, e não era eu.
Soltei a mão de Carter e limpei minhas palmas suadas no meu jeans.
Hunter estava apresentando sua companheira a Sai e Zoya; eu era a
próxima. Eu não podia deixá-lo ver o quanto eu estava chateada.
Em vez disso, eu deveria ficar feliz por ele, como todos os outros.
Esperava passar pela apresentação sem chorar.
Eu respirei fundo enquanto Hunter veio até mim. De repente, as
lembranças de nós, há quatro anos, passaram diante dos meus olhos. Seu
sorriso lindo, aquele beijo incrível, suas promessas.
Fechando os olhos, mergulhei no meu devaneio. Quando eu os abri,
Hunter estava sorrindo para mim, não como costumavafazer. Apenas
um sorriso amigável, como ele tinha sorrido para todos os outros.
— Aarya, gostaria que conhecesse minha companheira, Lana Reed. —
E fez um gesto em direção à sua companheira.
— É um prazer conhecê-la, Lana. Boa sorte em domar este aqui, —
brinquei.
Lana riu e disse:
— Eu gosto de você! Você é engraçada. Espero que possamos sair
mais. Eu preciso de mais amigas.
Meu intestino se contorceu com as suas palavras; ela era tão
simpática. Isso tornou mais difícil odiá-la.
— É claro. Adoraria sair com você. — Sorri. Maldito seja eu por ser
muito educada. Por que eu não poderia dizer que não queria sair com
ela?
Lana sorriu de volta, e o casal avançou a fila. Carter tinha ido embora,
e eu fiquei parada ali apenas com meus pensamentos.
Zoya tocou gentilmente meu ombro, me fazendo pular. Olhei para ela
e vi a tristeza em seus olhos. Suspirei e balancei a cabeça.
Eu não queria falar, e não queria compaixão. Eu só queria sentar no
meu quarto e chorar, mas não podia sair ainda.
Ao invés de meus olhos seguirem Hunter e Lana, me concentrei em
Carter, que estava conversando com os membros do conselho.
Quando ele terminou de falar com os membros do conselho, voltou o
olhar para mim, provavelmente sentindo meu olhar, que estava
firmemente preso a ele.
Ele veio até mim e sussurrou:
— Vá para casa, Aarya. Eu lhe dou permissão. Não fique aqui
enquanto você está se despedaçando. Você precisa ir para casa.
Olhei para ele com lágrimas nos olhos e sussurrei:
— Por que não me contou?
Carter parecia chateado. Ele limpou uma lágrima perdida que havia
escapado.
— Oh, Risonha. Eu não sabia como fazer. Eu não queria lhe dizer por
telefone ou por carta. Queria lhe dizer pessoalmente, mas não tive a
oportunidade. Lamento muito.
Fungando, suspirei:
— A culpa não foi sua. Tenho que seguir em frente, mas também
preciso de algum tempo para chegar a um acordo quanto a isto.
Carter acenou com a cabeça, entendendo o que eu estava dizendo.
Beijou minha testa e eu me virei, voltando para minha casa.
Ouvi Carter dizer à minha família e a todos que ele me deixou ir para
casa porque eu estava cansada. Assim que cheguei em minha casa, corri
para cima e me transportei para roupas confortáveis.
Eu costumava usar a camiseta de Hunter todas as noites para dormir,
mas a tirei do meu armário e a joguei direto no lixo. Não deveria mais
usá-la; perdi todo o direito sobre Hunter quando ele encontrou sua
companheira.
Sua companheira. Meu coração se partiu ainda mais, se é que isso era
mesmo possível.
Desabando na minha cama, deixei as lágrimas caírem. Deixei que elas
ensopassem o meu travesseiro e me deixei chorar. Todo este desgosto foi
demais para mim.
Depois de todo esse tempo de querer um companheiro, de querer o
que meus pais tinham, eu me vi sem querer um companheiro. Eu não
queria que alguém me amasse; eu estava quebrada. Eu não queria a dor
de ter um companheiro.
Os companheiros foram feitos para serem algo mágico, e eu
costumava acreditar nisso de todo coração, mas agora não acreditava
mais. Companheiros causam dor e tristeza. Quem quer isso?
As lágrimas não cessaram quando minha família chegou em casa.
Ouvi minha mãe parar do lado de fora da minha porta esperando que ela
não entrasse.
Prendi a respiração para parar meus soluços. Se mamãe me ouvisse
chorar, ela não hesitaria em entrar no meu quarto.
— Tara, deixe-a dormir. Temos que acordar cedo amanhã, — disse
silenciosamente a voz de meu pai. Ouvi os passos se afastarem e olhei
para o teto. Papai tinha razão, amanhã levantaremos cedo. Precisava
dormir um pouco.
Fechando meus olhos, me deixei perder no meu mundo de sonhos....
Um zumbido alto me fez gemer quando rolei e desliguei o alarme
telefônico. Hoje era o dia do Baile Lycan.
Eu estava com medo porque sabia que estaria cansada. Com sorte, eu
conseguiria dormir no carro.
Me forcei a sair da cama, me vesti e me encolhi quando vi as olheiras.
Claramente, a noite não foi uma boa noite de sono.
Suspirando, me arrumei e coloquei maquiagem para parecer um
pouco mais viva.
Quando desci as escadas, meus pais estavam bebendo suas xícaras de
chá, e Sai e Zoya estavam tomando o café da manhã.
De repente, quatro pares de olhos se viraram para me olhar e vi a
mesma coisa neles. Simpatia.
Eu não queria a simpatia deles. Tudo o que eu realmente queria era
deitar na cama e chorar o dia inteiro, mas eu sabia que isso não iria
acontecer. Eu precisava provar para Hunter e para mim mesma que era
forte.
Meu pai me deu uma xícara de café e eu sorri.
Mamãe e Zoya falaram sobre como o baile seria incrível para mim, já
que seria a minha primeira vez. Fiquei grata pela distração.
Após comermos, era hora de pegar a estrada. Entrei no carro e
imediatamente saquei meus fones de ouvido, dei play na música e
coloquei minha cabeça contra o vidro frio.
Papai e Mamãe me deixaram em paz enquanto eu deixava a música
me levar para o meu próprio particular. Em pouco tempo, o sono tomou
conta de mim, dando ao meu corpo a tão necessária pausa.
— Aarya, acorda. — Minha mãe gentilmente me sacudiu.
Esfreguei o sono dos meus olhos e percebi que estávamos em um
posto de gasolina. Estiquei meus braços e saí do carro. Zoya e Sai saíram
de seu carro e acenaram para mim.
— Vá e pegue algo para comer e certifique-se de ir ao banheiro. Ainda
nos restam duas horas, — disse a mamãe, entregando-me algum
dinheiro.
Suspirando, entrei na loja para comprar algo para comer. Acho que
tinha uma cara feia permanente gravada em meu rosto porque todos
olharam para mim, mas depois rapidamente desviaram o olhar.
— Risonha. Ou devo dizer cara feia? Por que esse cara? — Carter
bagunçou meu cabelo.
— Urgh, sério? Porque o cabelo? — Reclamei, empurrando Carter
para longe e arrumando meus cabelos.
— Porque não posso fazer isso há quatro anos e sua reação não tem
preço, como sempre. — Carter riu.
Revirando os olhos, eu rastejei pela loja, mas parei quando ouvi o riso
doentiamente doce de Lana. Oh ótimo, a última coisa que eu precisava
era ver Lana e Hunter.
— Vamos lá, Risonha. Vamos pegar um pouco de comida, rápido, —
disse Carter suavemente, me levando a outra direção da loja.
Peguei um embrulho junto com uma barra de chocolate e uma
garrafa de água. Enquanto estava na fila, ouvi novamente aquela risada.
Eles estavam atrás de mim.
Respire fundo, Aarya, respire fundo. Tudo que você precisa fazer é
pagar e partir. Não dê atenção a ele, eu disse a mim mesma.
Coloquei meus artigos no balcão e revirei os olhos enquanto ouvia
Lana rir mais uma vez. O que diabos Hunter estava dizendo para ela? Na
verdade, esqueça isso, eu não queria saber.
Depois de pagar, saí correndo da loja, precisando desesperadamente
de ar fresco. Eu queria esperar por Carter, mas também não queria correr
o risco de encontrar Hunter e Lana.
Decisões, decisões. Obviamente escolhi a melhor opção, que era ir até
o carro e evitar ver Hunter e Lana.
Por sorte, papai já estava no carro. Ele sorriu quando me viu subir
para o banco de trás. Eu me peguei olhando para fora da janela quando vi
Hunter e Lana.
Mesmo com apenas um olhar, eles pareciam aquele casal amoroso
que todos odeiam. Os que estão sempre dando demonstrações públicas
de afeto, e irritando todos em volta.
Hunter tinha seu braço sobre o ombro de Lana e a beijava no pescoço,
em público! Se eu pudesse ver, então todos os outros também poderiam.
Lana parecia estar gostando, no entanto.
Fiz uma careta e, ao mesmo tempo, fiz contato visual com Carter, que
estava engasgando atrás deles. Isso me causou gargalhadas. Ele sorriu
para mim, quando me viu rindo, e fingiu cortar a garganta dele.
Pelo menos eu sabia que não era a única que odiava ver isto.
Assim que mamãe voltou ao carro, papai nos disse que ainda restavam
pouco menos de duas horas. Já eram 11 da manhã, então estaríamos lá
por volta de uma hora.
Quando papai começou a dirigir, passei a primeira hora comendo
minha comida e lendo meu livro que eu havia empacotado. Chega de
romances para mim, esse era um livro de mistério, emocionante.
Definitivamente,mais o meu estilo. Na segunda hora, adormeci
novamente. Provavelmente foi uma boa ideia; eu precisava dormir antes
do Baile Lycan, esta noite.
Mamãe me acordou quando chegamos ao hotel. Carter veio até nosso
carro e sorriu quando me viu esfregando o sono dos meus olhos.
— A Bela Adormecida finalmente desperta, — diz ele, estendendo a
mão.
Peguei sua mão e disse:
— Tanto faz. Eu precisava dormir, caso contrário, não conseguiria
sobreviver esta noite.
— Eu também precisava dormir, mas não, eu tive que dirigir essa
maldita viagem até aqui, — reclamou ele enquanto entrávamos na
recepção do hotel.
Eu ri da cara de Carter e disse:
— Bem, durma um pouco quando fizermos o check-in.
— Então, Risonha. Hoje à noite, seja minha acompanhante no Baile
Lycan. Não consigo me imaginar indo com mais ninguém. Você é o
oxigênio que eu respiro, o..., — disse Carter dramaticamente.
Eu bati nele de brincadeira:
— Está bem, Sr. Dramático. Diminua o tom. Acho que vou com você.
— Bom. Se você tivesse dito não, eu a teria forçado de qualquer
forma. — Carter piscou o olho para mim e foi para onde seus pais
estavam se registrando.
Eu ri de como ele era bobo. Carter estava fazendo um bom trabalho
para me distrair, e eu sabia que era por isso que ele estava agindo mais
bobo do que de costume.
Enquanto caminhava até meus pais, meus ouvidos zonearam
involuntariamente a conversa de Hunter e Lana.
— Mal posso esperar até chegarmos ao nosso quarto. Só quero
arrancar essas roupas de você, — disse Hunter.
— Você não pode dizer isso! Todos podem ouvir você, — exclamou
Lana.
— Deixe que ouçam. Não me importo. Só quero mostrar você esta
noite no baile, — respondeu Hunter.
Agitando minha cabeça, me concentrei em qualquer outra coisa.
Senti que me intrometi na conversa particular deles, mas ainda doeu.
Hunter claramente não se lembrava do que aconteceu quatro anos
atrás, ou ele não se importava. Ele está feliz, e seguiu em frente.
Meu plano era ir com o Hunter esta noite porque, em meu mundo de
sonho, eu pensava que seríamos companheiros. Eu estaria na posição em
que Lana estava, mas eu não estava.
Quanto mais cedo eu percebesse isso, melhor seria para mim.
Suspirando, fui até meus pais, que me entregaram a chave do meu
quarto. Graças a Deus, eu tinha meu próprio quarto porque eu me
esforçava para não deixar caírem as lágrimas.
Papai e a mamãe estavam em um andar diferente do meu, então fui
para o meu quarto. Mamãe disse para eu começar a me preparar às 16h
porque os carros estariam aqui às 19h para nos buscar.
Zoya e Sai estavam no mesmo andar que meus pais, então eu estava
sozinha neste andar.
A sorte estava finalmente do meu lado, pois Hunter e Lana não
estavam no meu andar. Zoya me enviou uma mensagem quando entrei
no meu quarto e disse que estavam no andar dela.
Carter me mandou uma mensagem perguntando em que andar eu
estava, e é claro que ele estava no meu andar.
Desembrulhei as roupas rapidamente e coloquei meu telefone para
carregar. As imagens de Hunter e Lana me assombravam.
Eram 14 horas da tarde, eu tinha que fazer algo antes que meus
pensamentos me consumissem. Entrei no banheiro e tirei a roupa,
ligando o chuveiro.
Quando entrei no chuveiro quente, as lágrimas começaram a cair.
Elas não paravam e eu decidi simplesmente deixá-las cair. Eu precisava
tirar isso do meu sistema. Deixei que afogasse minhas lágrimas e minha
tristeza.
Capítulo 3
Quando finalmente terminei o banho, meu telefone estava tocando,
mas decidi não atender. Em vez disso, me vesti com minhas roupas
confortáveis e escovei meu cabelo recém-lavado.
Uma batida na minha porta me fez pular. Quem será? Suspirando, me
aproximei e olhei pelo olho mágico. Era só a Zoya. Abri a porta e fui
esmagada em um abraço.
O abraço de Zoya me fez relaxar e a abracei de volta. Eu não percebi o
quanto eu precisava desse abraço.
— Eu sinto muito, Aarya. Queria falar com você ontem, mas não
queria te machucar ainda mais. Só quero que você saiba que você é tão
forte, e que estou muito orgulhosa de você não fazer uma cena, mas
apenas aceitar. Deve ser difícil para você, — disse Zoya, ainda me
abraçando.
— Obrigado por estar lá para mim, Zoya, e me dar o tempo e espaço
que eu precisava. Então, o que te traz aqui? Meu irmão está
incomodando você? — provoquei.
Zoya riu e respondeu:
— Não, hoje não. Ele recebeu instruções estritas para não me irritar
hoje. Não pretendo ir ao baile Lycan com um companheiro que está me
chateando. Na verdade, há outra razão pela qual estou aqui.
Levantei minhas sobrancelhas em dúvida, e Zoya sentou-se na minha
cama e deu um tapinha no espaço ao lado dela. Sentei e olhei confusa
para ela.
— Não é nada ruim. Mamãe só queria que eu te lembrasse de algo
importante. Eu sabia que você provavelmente esqueceu depois de tudo.
Lembre-se, esta noite não somos o único bando no baile. Há outro bando
importante chegando. A matilha das suas primas! — Suspirei. Como eu
me esqueci disso? Meu pai tinha uma irmã mais nova que encontrou um
companheiro em outra matilha, então ela se mudou para lá. Eles têm
filhas gêmeas, minhas primas.
Sou muito próxima de ambas e elas são apenas um ano mais novas do
que eu. A última vez que as vi foi no Natal do ano passado. Eu mal podia
esperar pelo baile.
Todos os pensamentos sobre Hunter voaram para fora da minha
cabeça. Agora eu estava super animada para ver minhas primas
novamente. Niya e Diya Chopra, gêmeas idênticas que foram minhas
melhores amigas durante minha infância.
Oh, como eu senti falta delas. Ao ver o sorriso no meu rosto, Zoya
disse:
— Adoro esse sorriso! Sabia que você ficaria feliz quando eu te
contasse isso. Agora descanse um pouco antes de se arrumar.
Depois de me despedir de Zoya, deitei-me na cama e decidi terminar
o livro que estava lendo no carro.
Eu tinha uns quarenta minutos antes de ter que começar a me
arrumar, tempo suficiente para terminar meu livro. Então, fui puxada
para dentro do mundo do meu livro de mistério.
Quando finalmente terminei de ler, me estiquei e estendi a mão para
pegar o meu telefone, que ainda estava carregado.
Recebi algumas mensagens de Sophia dizendo estar animada para me
ver, e de Niya e Diya também dizendo que mal podiam esperar para me
ver.
Após responder às mensagens, como tinha tempo entrei no
Instagram.. Logo depois, tive que deixar a cama quente e confortável e
começar o processo tedioso de me arrumar.
Meu cabelo foi a primeira coisa que peguei, já que ele ainda estava
molhado. Depois de secá-lo, resolvi enrolá-lo. Mas antes disso, coloquei
meu vestido. Era um vestido marrom que ia até em cima dos meus
joelhos.
Era um daqueles vestidos mais curtos na frente e mais compridos nas
costas. Meu vestido também deixava os ombros de fora. Adorei porque
era simples, e também combinava comigo.
Comecei a mexer no meu cabelo, que era relativamente longo e fácil
de ondular. Após enrolado, decidi fazer um penteado meio para cima e
meio para baixo.
Olhando no espelho, fiquei satisfeita com o meu penteado.
Agora era a hora da parte mais longa: maquiagem. Sentando na mesa
do hotel, tirei toda a maquiagem que trouxera e meu espelho de
confiança, que uso sempre.
Trinta minutos depois, minha maquiagem estava pronta e fiquei
satisfeita com ela. Decidi usar apenas o básico e não dar o melhor de
mim na maquiagem, embora tivesse colocado cílios postiços, algo que
raramente faço.
O próximo estágio eram as jóias. Coloquei brincos simples em todos
os meus furos. Sim, eu uso alguns piercings.
Escolhi um colar que era uma corrente de ouro simples com um
pendente em forma de coração. Meus avós compraram para mim quando
fiz dezesseis anos. Botei uma pulseira que ganhei dos meus pais quando
tinha dezoito anos.
Estava pronta para ir. Claro que, antes de sair, tirei algumas fotos, até
perceber que estava atrasada.
Calçando os meus saltos rapidamente e colocando em uma pequena
bolsa tudo o que eu precisava, saí do meu quarto. Mamãe mandou uma
mensagem e me disse para ir ao quarto dela, então foi para lá que eu fui.
Assim que a minha mãe abriu a porta,ela se espantou.
— Oh, minha bebê está tão linda.
Ri e agradeci enquanto entrava no quarto dos meus pais. Papai sorriu
e disse que eu parecia uma princesa, e Zoya o corrigiu, dizendo que eu
parecia uma rainha. Revirei os olhos com esse comentário.
Sai anunciou que iria ficar de olho em mim porque, aparentemente,
toda a população masculina tentaria me pegar. Zoya bateu nele e disse
para relaxar.
Depois que Zoya repreendeu Sai por ser superprotetor, tiramos
algumas fotos juntos e descemos as escadas.
Carter estava parado no saguão e sorriu quando me viu.
— Uau, Risonha. Quem diria que você poderia ficar bem?
— Uau, quem diria que você era um idiota? Oh! Isso mesmo, pessoal.
— Provoquei.
Carter revirou os olhos, me fazendo rir. Por insistência de todos os
pais, tiramos fotos. Carter me fez tirar fotos bobas, dizendo que ficaria
perfeito em seu Instagram.
Disse que seus três seguidores realmente apreciam as fotos. Carter era
o melhor em me fazer voltar ao normal. Brincadeiras e provocações
faziam parte da nossa amizade.
A melhor coisa é que eu estava tão ocupada me divertindo que nem
notei Hunter e Lana parados ali.
Só quando os carros chegaram e tivemos que sair é que percebi que
eles estavam parados ali o tempo todo. Olhei para Hunter, que olhava
fixamente para mim.
Antes, eu teria me derretido só dele olhar para mim, mas eu apenas
sorri e me virei. Carter segurou minha mão quando entramos no carro. Já
que Carter era o alfa, o carro em que estávamos era apenas para ele e seu
beta. Felizmente, sentei-me na frente com Carter, enquanto Hunter e
Lana estavam atrás.
O palácio ficava a apenas quinze minutos de distância; eu poderia
aguentar uma viagem de carro com Hunter.
Assim que o carro começou a se mover, Hunter e Lana começaram a
chupar a boca um do outro. Os barulhos que eles faziam eram terríveis.
Eu olhei para Carter, que tinha uma expressão zangada no rosto.
— Hunter. Não estou confortável com os sons que você e sua
companheira estão fazendo. Estou tentando ter uma conversa aqui, para
com isso. — Carter disse duramente.
Eles pararam de se beijar imediatamente. Nunca havia visto Carter
tão sério, mas fiquei feliz por ele agir dessa forma. Esses barulhos iam me
deixar doente.
— De qualquer forma, Risonha. Esta noite é melhor você não sair do
meu lado... Os machos sem companheiras adorariam ficar com você —
disse Carter.
— Uau. Sai disse algo assim. Mas não estou indo para ficar com
nenhum macho solteiro. Quero passar um tempo com Sophia e minhas
primas. Prioridades, — respondi.
— Essa é a minha Risonha. Sempre quer estar com amigos e família.
— disse Carter com orgulho.
— Ei, e se você encontrar sua parceira? Quer dizer, vão ter muitas
pessoas lá. Sua parceira pode estar entre elas. — Disse, notando como os
olhos de Carter se iluminaram quando mencionei a palavra — parceira.
— Sim, talvez. Isso não seria incrível? — Carter respondeu.
— Hmmm... nesse caso eu teria que avisá-la, que você é louco e não
tem amigos. — Brinquei.
— Diga o que você disser, Risonha. Sei que você me ama. — Disse
Carter piscando para mim.
Não conseguimos conversar mais depois que chegamos ao palácio.
Carter me ajudou a sair e esperamos nossas famílias.
Quando todos chegaram, passamos pela revista pessoal.. Depois que a
revista acabou, entramos no palácio e me espantei.
Sophia me soltou rapidamente e se desculpou. Eu a provoquei
dizendo:
— Alguém não tem noção da própria força.
Foi quando Luke apareceu como sempre faz.
— Isso porque ela treina comigo todos os dias. Ela é uma lutadora
incrível. — Gabou-se.
Revirei os olhos quando Luke me deu um abraço amigável.
— Claro que você diria que ela é uma lutadora incrível. Ela é sua
companheira. — Eu ri.
Luke também riu e apertou a mão de Carter ao se apresentar. Ao
perceber que Hunter e Lana passaram por nós, os olhos de Sophia de
repente encontraram os meus. Balancei minha cabeça e seus olhos
ficaram frios.
— Não importa. Minha melhor amiga está absolutamente
deslumbrante, ela é definitivamente a mais bonita aqui. — irrompeu
Sophia. Notei que ela havia dito aquilo mais alto do que o necessário.
Um, pois conheço minha melhor amiga, e dois, porque Hunter se
virou e Sophia tinha um sorriso satisfeito no rosto. Eu balancei minha
cabeça para ela; ela nunca mudaria, Lycan ou não.
— Bem, não tão bonita quanto você. Alguém está com muita
dificuldade em manter os olhos longe de você. — Provoquei.
Sophia não teve a chance de reagir quando Carter nos entregou duas
bebidas, e começamos uma conversa fiada.
Passaram-se cerca de dez minutos depois, quando duas vozes muito
familiares gritaram meu nome, e Carter virou a cabeça muito rápido,
dizendo a palavra que eu detestava, — parceira.
Capítulo 4
Niya e Diya estavam paradas com olhares de espanto em seus rostos.
Niya se virou para sua irmã gêmea com um sorriso malicioso. Olhei para
Carter e então para Diya e sorri.
Agradeci silenciosamente ao responsável pela formação dos pares de
companheiros. Meu melhor amigo merecia uma companheira incrível e
ele conseguiu uma. E minha prima teve sorte de ser o Carter.
Quando olhei para os dois, eles ainda estavam apenas se encarando.
Suspirando, empurrei Carter na direção de Diya. Ele nitidamente
precisava de um empurrão.
Carter olhou para mim e eu ri e apontei para minha prima. Niya
também deu um pequeno empurrão em Diya antes de vir até mim. Os
novos companheiros precisavam de um pouco de privacidade, ao que
parecia.
Niya me abraçou e eu disse que ela estava linda.
Nosso momento foi interrompido por Sophia e Luke.
— Bem. Isso é uma surpresa boa, — disse Sophia.
Balancei a cabeça e sorri. Fiquei muito feliz por Carter e Diya serem
companheiros. Quando me virei, eles conversavam e sorriam.
Carter segurava a mão de Diya, e eles formavam um casal muito fofo.
Talvez eu esteja sendo tendenciosa.
— Bem, Senhoritas, tenho que deixar vocês. Preciso falar com alguns
dos outros convidados. — Luke disse, beijando Sophia na testa.
Acenamos em adeus para Luke, e Sophia arrastou Niya e eu para uma
mesa. Ficamos confortáveis e Niya começou a conversar sobre a vida na
matilha.
Ela nos contou como desde que ela e Diya completaram dezoito anos,
os machos da sua matilha que não tinham parceiras as seguiam por toda
parte.
Eles queriam ser parceiros de uma das gêmeas porque o pai delas é o
Beta do bando.
Niya nos disse como era irritante e tinha um membro da matilha que
não aceitava não como resposta.
Disse a Niya que eles não chegariam perto dela hoje porque ela estava
com os Lycans. Olhei para Sophia para ver sua reação, mas vi a tensão em
seu rosto.
Olhando em volta, vi muitos Lycans tensos.
Tentavam parecer felizes, mas não estava funcionando. Eu via que
eles estavam tensos e queria saber o porquê.
Voltei-me para Sophia, e estava prestes a perguntar-lhe, mas a tensão
que vi antes não estava mais lá. Ela conversava feliz com Niya.
Éramos amigas há dois anos, e eu sabia que algo estava errado.
Sophia evitou olhar para mim então tomei a iniciativa.
— Ok, qual é o problema? Não diga que não é nada, Sophia, porque
eu te conheço muito bem. — eu disse, cruzando os braços.
— É que não sei se isso é uma bênção ou uma maldição, —
murmurou Sophia.
Levantei minhas sobrancelhas, sabendo que ela tentava mudar de
assunto.
— Tudo bem, vou te dizer, — Sophia cedeu.
— Bem, há um grande problema em relação ao rei. Os conselhos de
alfas expressaram seu descontentamento sobre nosso rei governar sem
uma parceira.
— Isso foi há apenas dois dias, mas era claro que eles queriam dizer
isso há muito tempo. Eles reclamaram que o rei não está estável porque
ele não tem uma parceira e parceiros mantêm um ao outro em equilíbrio.
— Ninguém está lá para apoiar o rei da maneira que ele precisa. Ele
está ficando tão instável que quando fica com raiva, precisa ser preso.
— Há uma sala especial onde ele é acorrentado para impedir que seu
lado Lycan surja, caso contrário, ele destruiria tudo.
— O conselho alegou que isso era um perigo e que o reino não estava
seguro, então eles propuseramum acordo. Há uma fêmea Lycan cujo
companheiro é um lobisomem, mas ele está morrendo.
— Já que eles nunca escolheram um ao outro, o conselho pensa ser
possível que o rei e essa fêmea acasalem. Acredito que eles não sabem o
que estão falando. Afinal, eles são lobisomens.
— Nosso rei estaria em um relacionamento forçado. Seu Lycan nunca
aceitará ninguém além da sua verdadeira parceira e forçá-los a acasalar
pode ser mais perigoso do que o conselho pensa.
Sophia fez uma pausa para respirar.
Sentei chocada; pobre rei. Ele está sendo forçado a acasalar com
outra. Porque ele não se recusa?
— Mas ele não poderia simplesmente dizer não? Afinal, ele é o rei. —
disse Niya, lendo meus pensamentos.
— Não, ele não pode. Se fizer isso, estaria ignorando a maioria dos
alfas, e não é assim que um rei deveria agir. — Sophia suspirou.
— Só não entendo como os alfas podem fazer isso com ele. — Niya
balançou a cabeça.
— O que me irrita é que a parceira do rei está lá fora, e ela nasceu
para ser rainha. Essa fêmea Lycan não. Todos nós, Lycans, estamos
resistentes à decisão do conselho. Você sabe que somos muito leais, não
podemos aceitar que nosso rei seja forçado a acasalar com outra fêmea
que não a sua parceira real. É uma loucura. — Sophia balançou a cabeça.
— Eu me sinto tão mal pelo rei. Ele está fazendo tudo isso apenas
para acalmar os alfas. — Suspirei. Por algum motivo, senti um aperto no
peito.
Sophia concordou com a cabeça. Ela então contou que o rei não saiu
de seu quarto desde que o acordo foi discutido.
Sophia ainda disse que ele tem todo o andar só para ele, mas que
mesmo assim não saiu do quarto nenhuma vez.
Ela suspeitava que ele se sentia culpado pelo acasalamento arranjado
porque ele provavelmente acreditava estar traindo sua parceira.
Niya disse que gostaria que ele encontrasse sua parceira logo. Sophia
emendou dizendo que essa é uma das razões dos bailes, para que o rei
encontre sua companheira.
Até agora, ele não teve sorte, o que significa que sua parceira é muito
jovem, é humana ou não está viva.
Eu esperava que o destino não fosse tão cruel com nosso pobre rei a
ponto de levar a parceira do rei antes mesmo deles se conhecerem.
Mudamos de assunto rapidamente e começamos a conversar sobre
outras coisas.
Niya mencionou como ela desejava encontrar seu companheiro o
mais rápido possível e impedir que os membros da matilha a desejassem.
Desde que Diya encontrou seu companheiro, ela agora se mudaria e
viria para a minha matilha. Isso significava que Niya ficaria sozinha com
os machos de sua matilha.
Eu sabia que as meninas queriam perguntar sobre Hunter, então disse
logo que não queria falar sobre isso. Hunter encontrara sua companheira
e eu estava seguindo com minha vida.
Sophia perguntou se eu queria que ela assustasse Hunter e eu ri, mas
recusei. De repente, a atmosfera mudou; a tensão era evidente.
Minha loba começou a se mexer, então olhei ao redor. Todos os
Lycans estavam focados em alguém que subia as escadas.
Minha loba começou a ficar com raiva e eu não tinha ideia do porquê.
Me agarrei à mesa tentando impedir que eu me transformasse.
Nunca na minha vida eu senti tanta raiva antes, e nunca me
transformei porque minha loba não conseguisse se controlar e eu não
consigo controlá-la.
— É ela. Essa é a fêmea Lycan, Savanah. — sussurrou Sophia.
Fiquei olhando enquanto Savanah subia as escadas com
tranquilidade, como se ela estivesse alheia a todos os olhares sujos e frios
que recebia Ela era linda, no entanto. Seu longo cabelo loiro caía em
ondas por suas costas, e ela usava um incrível vestido preto que ficava
muito bem nela. Senti minha loba se mexer novamente e respirei fundo
para acalmá-la. Lycans olhavam para Savanah com nojo, mas ela manteve
a cabeça erguida enquanto desaparecia.
— Ela provavelmente foi ver o rei, — disse Sophia, suspirando.
Assim que ela disse isso, minha loba rosnou. Senti sua raiva tomar
conta de mim. Eu precisava sair dali o mais rápido possível.
Levantei-me rapidamente e, sem dizer nada, corri para fora do palácio
em busca de ar fresco. Acabei sentada em um banco perto dos jardins.
Fechando os olhos, me concentrei em acalmar minha loba. Não era a
hora nem o lugar para me transformar; eu precisava controlá-la.
Após ficar um tempo sentada, minha loba se acalmou. Ela não estava
feliz comigo. Eu sabia disso, só não sabia o motivo dela estar agindo
assim.
Tinha um relacionamento muito bom com a minha loba. Sentia que
nos entendíamos e que tínhamos uma boa conexão. Algo estava errado
com ela.
Talvez ela se sentisse chateada e com raiva por conta da situação do
rei; ela pode ter percebido a irritação da Lycan de Sophia.
As duas eram próximas antes dela se tornar uma Lycan, então talvez
fosse por isso que ela reagiu dessa forma.
Decidi que seria melhor ficar do lado de fora, no ar fresco. Eu não
queria correr o risco de deixar minha loba com raiva novamente. Não
tinha certeza se seria capaz de controlar minha transformação se ela
ficasse com raiva de novo.
Porém, algo não parecia certo. A reação da minha loba não se
encaixava comigo. O que tinha de errado comigo?
Capítulo 5
— Aarya, o que aconteceu? — gritou minha melhor amiga com uma
voz de pânico.
Virei-me e vi Sophia correndo em minha direção com um olhar
assustado no rosto. Ela se sentou ao meu lado, e eu a observei enquanto
seus olhos me percorriam, como se ela estivesse verificando se não
faltava nada.
— Eu não tenho ideia do que há de errado com a minha loba. Ela
estava com tanta raiva que quase me transformei. Por isso sai correndo
de lá. — Suspirei.
— O quê? Sua loba nunca foi assim. — Sophia exclamou.
— É eu sei. Por isso que estou tão confusa. Ela parece estar mais
calma agora, enfim. — respondi.
Sophia olhou para mim com cautela.
— Tem certeza que quer voltar para dentro? Se a sua loba está agindo
de forma estranha, talvez você deva voltar para o quarto.
Balancei minha cabeça.
— Não, não posso fazer isso. Vim com Carter, e pegaria mal na
matilha se eu fosse embora. Agora estou me sentindo bem.
Levantando, sorri para provar. Sophia ainda estava cansada enquanto
caminhávamos em direção ao palácio. Com toda a franqueza, eu
também, mas não queria preocupar ninguém.
Assim que entramos no palácio, Carter correu olhando para mim para
ver se eu estava ferida.
— Você está bem? Você não está ferida? — Carter parecia preocupado.
Eu sorri e balancei a cabeça.
— Estou bem, Carter, honestamente. Eu só precisava de um pouco de
ar fresco. Eu me sinto muito melhor agora.
Carter olhou para mim sem estar convencido, mas acenou com a
cabeça mesmo assim. Sophia tossiu.
— Eu preciso ir encontrar Luke. O rei chegará em breve. Carter, cuide
de Aarya.
Ela se afastou e eu me virei para Carter, que estava de mãos dadas
com Diya. Eu sorri.
— Uau, parceiro da minha prima, hein?
— Ela é minha companheira, sua Luna agora, — Carter disse
presunçosamente.
— Antes de ser minha Luna, ela é minha prima, idiota, — respondi.
— É verdade, eu sou, — respondeu Diya, sorrindo para mim.
— Ei, você deveria estar do meu lado. — Carter protestou.
— Primas antes de Alfas. — Coloquei minha língua para fora.
— Vocês dois estão discutindo como crianças, — Niya riu.
— É a sua prima. Ela que começou. — Carter revirou os olhos.
— E isso é algo que uma criança diria. Assuma suas ações. — Levantei
minhas sobrancelhas.
— Tanto faz, — Carter murmurou, fazendo nós três rirmos.
Fiquei com Carter e minhas primas. Não ficamos muito tempo
conversando enquanto a multidão se acalmava. Olhei para cima e vi um
Lycan parado, aguardando que todos ficassem quietos.
Acima de nós havia uma varanda com dois tronos; era o lugar onde o
rei e Savanah sentariam.
Por alguma razão, minha loba não aceitou muito bem isso. Como eu
não queria correr o risco dela enlouquecer novamente, pensei em outra
coisa rapidamente.
— Senhoras e senhores, obrigado a todos por virem aqui hoje. Em
nome do rei, sejam bem-vindos ao Baile Lycan. Espero que esta seja uma
noite agradável para todos vocês. Muito em breve, o rei se juntaráa nós, e
ele será acompanhado esta noite por Savanah Willows.
Observei enquanto o homem tentava não sentir vergonha depois de
dizer o nome de Savanah.
Meus olhos encontraram Sophia e Luke, que também pareciam super
desconfortáveis. Minha loba de repente se mexeu novamente, a raiva
crescendo.
Oh não, de novo não. O rei estava chegando; eu não podia perder o
controle. Para me distrair, encontrei Hunter e Lana, que estavam de
mãos dadas, e observei Hunter beijar Lana na bochecha. Mesmo que eu
odiasse ver isso, foi o único pensamento que distraiu minha loba, então
ela se acalmou.
— Mal posso esperar para ver o rei, — Diya jorrou.
— O rei tem uma certa aura sobre ele que faz todo mundo querer
olhá-lo. — disse Carter.
Uma certa aura? Talvez minha loba quisesse desesperadamente ver o
rei então? Não, isso não fazia sentido. Eu tinha certeza de que ficaria
louca antes que esta noite acabasse.
Não havia tempo para pensar nisso, pois todos de repente ficaram
quietos novamente. Os guardas vieram e se postaram nas laterais.
O rei estava chegando.
Apertei a mão de Niya assim que o locutor gritou:
— Apresentando sua Alteza Real, o Rei Adonis Dimitri Grey,
acompanhado por Savanah Willows.
Observei com admiração enquanto o rei passava confiantemente pelo
locutor. Todos se curvaram, e eu segui o exemplo, meus olhos olhando
para cima para ver seu cabelo castanho escuro penteado com perfeição.
Ele acenou com a cabeça para a multidão e sentou-se em seu trono,
sua capa envolvendo-o.
Meu olhar se voltou para Savanah, que estava atrás do rei. Ela estava
prestes a se sentar no segundo trono, quando foi impedida pelo rei.
Observei o rosto de Savanah cair ligeiramente quando o rei fez sinal
para um guarda. O guarda a orientou a ficar ao lado do rei.
Meus olhos reencontraram o caminho para o cabelo do rei, e me
peguei pensando como seria passar minhas mãos por ele.
Arregalei os olhos e desviei meu olhar. Caramba, Aarya, controle esses
pensamentos perigosos; isso não vai acabar bem.
Em vez disso, olhei para meus sapatos. Era uma aposta segura, assim
não poderia fazer nada para me envergonhar olhando para os meus
sapatos.
— Meu Deus, olha o que o rei está fazendo? — Niya sussurrou para
mim.
Não, Aarya, não olhe, disse a mim mesma. Não faça isso, você vai se
arrepender.
Urgh, droga, não pude evitar. Olhei para cima e vi o rei farejando o ar.
Bem, não era isso que eu esperava ver. O que diabos ele estava
fazendo? Savanah estava olhando para ele de forma estranha, mas o rei
não se importou.
Em uma fração de segundo, seus olhos castanhos se conectaram aos
meus e eu engasguei. Puta merda, eu nunca vira olhos tão bonitos antes.
Eu estava completamente perdida neles.
O rei levantou-se rapidamente, me acordando do meu transe. Oh
não, por favor me diga que isso não estava acontecendo.
Minha loba pulava para cima e para baixo, e eu sabia exatamente o
que isso significava, mas não significava que eu queria.
Quando o rei se levantou, a multidão começou a passar por mim
enquanto iam em sua direção. Claramente eles pensaram que ele iria
cumprimentá-los. Seus olhos castanhos nunca perderam os meus, seu
olhar estava firmemente preso em mim.
O ar estava pesado enquanto nos encarávamos; parecia que não havia
ninguém além de nós no salão.
Por alguns segundos esqueci de todos os meus problemas, meu
coração partiu quando me vi perdida nos cativantes olhos cor de avelã.
A conexão foi interrompida conforme mais e mais pessoas se
moviam, fazendo-me tropeçar para trás e perder o contato visual. Niya
também havia partido; o mesmo aconteceu com Carter e Diya.
Eu estava sozinha nos fundos. Apenas alguns lobos estavam ali. Todos
queriam ver o rei. Todos menos eu.
Eu respirava com dificuldade e torturava meu cérebro. Devo correr?
Este é o momento perfeito para fazer isso. Não terei outra oportunidade.
Minha loba protestou, mas eu não dei ouvidos. Corri para fora. Desta
vez, passei correndo pelo banco e entrei no jardim.
Calafrios percorreram minha espinha quando ouvi um rugido
poderoso. Merda! Esse era definitivamente o rei.
Gemendo, corri em direção a uma fileira de arbustos e me sentei,
recuperando o fôlego.
Esses filmes em que as personagens femininas correm de salto são
falsos. Você não pode correr de salto sem perder os pés; é simplesmente
impossível Enquanto recuperava o fôlego, ouvi a porta do palácio se
abrir. Meus olhos se arregalaram e engoli o nó na minha garganta.
Eu estava com problemas e sabia disso. Minha loba estava orgulhosa,
como se ela soubesse que isso aconteceria. Era bem provável que ela
estava gostando de me ver daquele jeito... Que irritante.
— Você pode correr, pequena parceira, mas eu sempre vou te
encontrar, — uma voz profunda disse, colocando minha loba em um
frenesi.
Ele disse aquela palavra que eu temia.
— Parceira. — Meu parceiro era o rei. Ou seja, de todas as pessoas, eu
tinha que ser a parceira do rei.
O mesmo rei que estava procurando por uma parceira há dez anos.
Por quê? Eu não queria um parceiro. Eu não preciso de um parceiro.
Estou feliz sozinha, mas por alguma razão uma vozinha dentro da
minha cabeça me disse que eu nunca seria completamente feliz.
Prendendo a respiração, rezei para que ele não me encontrasse. Eu
não era realmente religiosa, mas estava orando.
Tudo que eu queria era que ele não me encontrasse para eu ir embora
do baile. De jeito nenhum eu voltaria para dentro.
Iria para o hotel e diria aos meus pais que me sentia mal e queria ir
embora. Sim, esse era um bom plano.
Meus pensamentos foram interrompidos quando fui levantada de trás
dos arbustos.
Engolindo o nó na minha garganta, me vi cara a cara com o rei, seus
olhos castanhos penetrando nos meus.
Meu coração disparou quando ele se abaixou e sussurrou em meu
ouvido:
— Porque agora que a encontrei, não tenho planos de deixá-la ir.
Nunca.
Bem, ferrou.
Capítulo 6
Eu ainda olhava para o rei, que era meu parceiro. Minha loba estava
em êxtase, mas eu não tinha certeza do que estava sentindo. Não tinha
como negar que o vínculo entre a gente era forte, mais forte do que eu
pensava.
O silêncio foi interrompido quando o rei afastou uma mecha de
cabelo do meu rosto.
— Nunca na minha vida eu vi uma garota tão bonita quanto você, —
o rei sussurrou em meu ouvido.
Faíscas desceram pelo meu corpo e eu engasguei. Porque suas
palavras tinham efeito tão grande em mim? Isso não era normal, mas
nada naquela situação era normal.
O rei segurava minhas mãos atrás das costas como se tivesse medo de
que eu fugisse.
— Você poderia... você poderia liberar minhas mãos, por favor? —
Consegui dizer.
O rei ergueu as sobrancelhas e respondeu:
— Como posso ter certeza de que você não fugirá? Por mais que eu
ame perseguir, eu realmente não quero ter que ir atrás de você
novamente.
Eu estremeci com o desejo em seus olhos. Por mais que eu tentasse
me convencer de que o rei não era lindo de morrer, meu corpo dizia o
contrário.
Eu me vi querendo ser pega pelo rei novamente. Minha mente estava
confusa, essa foi a única conclusão a que pude chegar.
— Posso saber o nome da bela senhorita que será minha rainha? —
perguntou o rei.
— Esses elogios seus funcionam com todas as mulheres? — Eu
respondi, meu atrevimento sempre me surpreendia.
— Eu não sei, você é a primeira dama com quem tento. — o rei
respondeu, sorrindo para mim.
Tentei desviar o olhar de seus olhos; que eram perigosos. O rei, com a
mão livre, moveu meu rosto me colocando de volta na direção dos seus
olhos castanhos.
Ele olhou para mim como se dissesse: Diga-me seu nome, e eu
suspirei.
— Aarya. Aarya Bedi. — Eu cedi e disse meu nome.
— Aarya, — o rei disse lentamente.
Caramba! Ele teve que dizer meu nome desse jeito? Meu corpo
estremeceu, e eu senti faíscas descerem pela minha espinha. Ele dizia o
meu nome de uma maneira.
Não, Aarya. Para de pensar assim. Sai dessa, me repreendi.
— Nome bonito. Você já sabe meu nome, não é, amor? — ele
perguntou.
Eu não confiava na minha voz, então apenas balancei a cabeça. O jeito
como ele me chamou me pegou de surpresa.Tudo isso estava
acontecendo rápido, rápido demais.
Eu não sabia o que fazer, mas algo me disse que não havia nada que
eu pudesse fazer de qualquer maneira. Afinal, eu não tinha um
lobisomem normal como parceiro nem mesmo um Lycan normal.
Meu parceiro era o rei Lycan. Ele era o mais forte de todos. O que
quer que eu fizesse, ele me pegaria.
Foi então que caiu a minha ficha. Eu não tinha como escapar do rei;
eu estava presa a ele para sempre.
O som de passos se aproximando me fez girar a cabeça e o rei soltar
minhas mãos.
Eram minha família e meus amigos. Fiquei aliviada ao ver os rostos
familiares deles. Luke e Sophia pareciam aliviados, e eu sabia por quê.
Dei alguns passos em direção a eles, mas saltei para trás em choque
quando vi todos se curvaram para mim. O quê? Eu não queria que as
pessoas que eu mais amava se curvassem diante de mim. Eu não era da
realeza.
Carter piscou para mim, fazendo-me revirar os olhos. Obviamente,
ele estava se divertindo com aquilo. Mas eu não tive tempo para pensar
em nada.
O rei agarrou minha mão, fazendo voar faíscas, e eu engasguei com
aquele contato repentino.
Ele não me deixou conversar com a minha família. Em vez disso, ele
passou por eles e me levou para dentro. Olhei para trás e vi todos virem
atrás da gente...
O rei me levou direto aos tronos.
Meu coração disparou. O que ele estava fazendo? Eu não seria
coroada, certo? Eu mal conhecia o rei.
Meu cérebro lento percebeu que Savanah não estava mais no topo e,
quando chegamos lá, eu a vi na multidão abaixo. Ela não parecia nem um
pouco feliz.
— Meus súditos leais. Hoje é uma ocasião monumental. Hoje
encontrei minha companheira, sua rainha, e não poderia estar mais feliz.
— o rei anunciou, puxando-me para seu lado.
O anúncio foi seguido por fortes aplausos. Meu olhar encontrou
meus pais, que estavam derramando lágrimas de felicidade. Carter
gritava e Diya o repreendia. Isso me fez sorrir.
Eu olhei para todos os Lycans, que antes estavam estavam tensos.
Agora eles pareciam muito mais felizes e aliviados.
Tudo isso parecia tão errado, mas também tão certo. Por que eu
estava em conflito?
Olhei em volta, mas não consegui ver Niya em lugar nenhum. Onde
ela estava? A preocupação tomou conta de mim enquanto olhava para a
multidão. Ela realmente não estava lá.
— O que há de errado? — o rei sussurrou em meu ouvido.
Eu olhei para ele, que deve ter visto a preocupação em meu rosto. Ele
olhou para a multidão e sorriu antes de me levar embora.
Assim ficamos sozinhos, eu deixei escapar:
— Niya. Minha prima Niya está desaparecida. Não consigo encontrá-
la em lugar nenhum.
O rei olhou para mim e respondeu:
— Tudo bem, acalme-se. Será que ela não foi tomar um ar?
— Ela não iria, ainda mais agora que eu encontrei meu parceiro. Algo
está errado. Eu posso sentir isso. — Eu olhei para o rei com lágrimas nos
olhos.
Ele chamou alguns nomes e os guardas surgiram correndo.
— Diga a eles como é a sua prima e o que ela está vestindo. Eles vão
procurar por ela. — ele me disse.
Depois de explicar como era a aparência de Niya e o que ela estava
vestindo, eles saíram para procurá-la. Olhei para o rei e disse: —
Obrigada, hum...
Eu parei, sem saber como chamá-lo de verdade. Ele sorriu para mim e
respondeu:
— Eu faria qualquer coisa por você. E só você pode me chamar de
Adonis. Só você tem esse direito. — Engoli em seco quando o ar tornou-
se sufocante. Eu queria correr minhas mãos naqueles cabelos e provar
aqueles lábios maravilhosos.
— Venha, deixe-me apresentá-la a algumas pessoas muito
importantes para mim. — disse Adonis, pegando minha mão.
Descemos as escadas e todos conversavam. Minha mente estava
focada em Niya tentando encontrá-la. Eu só esperava que aqueles
guardas encontrassem Niya logo.
— Bem, bem, bem, o que temos aqui? — uma voz desconhecida
interrompeu meus pensamentos.
Eu nem percebi que Adonis tinha nos levado a um grupo de pessoas.
Dois homens olharam para nós dois com sorrisos enormes em seus
rostos.
Um deles deu um passo à frente e sorriu. Ele tinha cabelo castanho
escuro; quase preto. Seus olhos castanhos escuros brilharam de
felicidade.
— Sou Evan Clark. Não posso te dizer o quão feliz estou que esse
idiota finalmente te conheceu. — Evan apertou minha mão.
Sorri educadamente e Adonis balançou a cabeça.
— Estes são os meus melhores amigos. Evan já se apresentou, e
aquele ali é Gabe Davis.
— Prazer em conhecê-la. — Gabe apertou minha mão. Seu cabelo
loiro era comprido para um menino; realmente combinava com ele.
Uma mulher veio à nossa frente. Ela tinha cabelos ruivos na altura
dos ombros e seus olhos azuis se destacavam. Ela era linda.
— Eu sou Lexi Robinson, a companheira de Gabe. Tenho que dizer
que você está tão linda. — Lexi sorriu.
— Obrigada, adorei sua roupa, — respondi.
— Você sabia que nós três somos amigos de longa data? Às vezes me
pergunto como aguentei esses dois. — Evan suspirou dramaticamente.
Adonis revirou os olhos e Gabe olhou para Evan.
— É o contrário, idiota. Não sei como Gabe e eu aguentamos você. A
quantidade de vezes que tivemos problemas por sua causa. — Adonis
balançou a cabeça.
— Eu concordo. Evan, você dá muito trabalho. Sinto muito por ela. —
Gabe balançou a cabeça.
Eu olhei para Adonis, que tinha um grande sorriso no rosto. Mesmo
tendo acabado de conhecer ele, por algum motivo, vê-lo sorrir assim me
deixou muito feliz.
Este encontro repentino estava fazendo coisas malucas com meus
sentimentos, eu juro.
— Até hoje eu não acredito como esses dois suportaram você por
tanto tempo. Quero dizer, Gabe e eu somos companheiros há apenas sete
anos, mas isso é o suficiente para saber como você é difícil. — Lexi
balançou a cabeça.
Evan engasgou dramaticamente.
— O que é isso? Agrupar a hora do Evan? Você está me
envergonhando na frente da rainha.
A menção da palavra rainha me fez endurecer. Eu não queria ser
rainha. Isso era muita responsabilidade, e como eu poderia me
comprometer com alguém depois do desgosto que experimentei?
— Tá bom. Você é quem está se envergonhando. Vá e certifique-se de
que todos estejam felizes. Vou conhecer a família da minha parceira. —
disse Adonis. Seu rosto sério estava de volta.
Evan e Gabe concordaram e partiram para cumprir as ordens do rei.
Adonis gentilmente pegou minha mão; aquelas malditas faíscas me
fizeram engasgar. Seria assim sempre?
Não sei como ele sabia, mas Adonis foi até meus pais. Assim que
minha mãe me viu, ela me envolveu em um grande abraço. O abraço de
uma mãe deixa tudo melhor.
— Porque você está chorando? — Eu perguntei, enxugando as
lágrimas do rosto da minha mãe.
— Porque estou muito feliz. Minha filhinha encontrou seu
companheiro. Alguém que cuidará muito bem dela. O que mais uma mãe
poderia querer? — Minha mãe fungou.
Ela se virou para Adonis e sorriu.
— Tudo que eu quero é que você cuide da minha filha. Trate-a como
uma rainha.
Adonis acenou com a cabeça e respondeu:
— Não se preocupe. Sua filha será sempre feliz.
— Uau, minha princesa não é mais uma princesa, mas uma rainha. Eu
não posso acreditar. — Meu pai piscou.
— Pai. — Revirei meus olhos.
Ele riu e me abraçou antes de dizer:
— Aarya, quero que saiba que sua mãe e eu temos muito orgulho da
mulher que você se tornou. Você agora está entrando no próximo estágio
de sua vida. Aproveite.
As palavras de papai me fizeram querer chorar quando percebi que
era um adeus. Eu não queria deixar meus pais e ficar aqui. Eu queria
voltar para o meu quarto confortável.
— Vou sentir sua falta, minha irmãzinha. — Sai foi o próximo a me
abraçar.
— Você acha? Ou você só vai sentir falta de me provocar? — Eu
levantei minhas sobrancelhas.
Sai riu.
— Você me pegou. Vou sentir falta de te provocar e te deixar animada.
Zoya me puxou para um abraço.
— Eu disse que ela parecia uma rainha. Aarya, você é uma mulher
incrível, nunca se esqueça disso.
— Isso não é justo. Acabei de voltar e agora você está me deixando,
Risonha. — A voz de Carter veio de trás.
— Agora você tem uma companheira para cuidar de você. — Eu sorri.
Carter suspiroue me puxou para um abraço. Eu tentei o meu melhor
para não chorar.
Não foi assim que planejei minha noite. Nunca, em meus sonhos
mais loucos, pensei que encontraria meu companheiro no baile e teria
que dizer adeus a todos os meus entes queridos.
— Você sabe que vou cuidar dele. — Diya sorriu.
— Eu sei. É melhor ele cuidar bem de você também. — Olhei para
Carter.
Ele ergueu as mãos em sinal de reverência.
— Sim, sua Majestade.
— Mesmo? — Eu balancei minha cabeça.
— Eu não disse nada errado; você vai ser uma rainha incrível. —
Carter beijou minha testa.
Meus olhos encontraram os de Hunter; ele estava atrás de Carter. Ele
estava olhando para mim com uma expressão ilegível no rosto. Lana
estava falando com outra pessoa, mas a atenção de Hunter estava em
mim.
Isso me deixou desconfortável, então desviei o olhar. Em transe, não
percebi que os guardas foram até Adonis.
— Ei, você viu a Niya? — Diya me perguntou.
Eu balancei minha cabeça.
— Não, ela está por aqui em algum lugar.
Diya acenou com a cabeça.
— Vou procurá-la.
— Foi um prazer conhecer todos vocês. Aarya e eu precisamos ir a um
lugar. Logo estaremos de volta., — disse Adonis.
Todos concordaram educadamente e Adonis me levou embora.
Subimos as escadas e meu coração disparou.
— Os guardas? Eles encontraram Niya? — Eu perguntei.
Adonis não disse nada. Paramos do lado de fora de uma porta e
Adonis olhou para mim.
— Pode entrar.
Respirei fundo e abri a porta. Nada poderia ter me preparado para o
que vi ao entrar...
Capítulo 7
Meus olhos lutavam para compreender o que estava diante deles.
Niya estava sentada no chão da sala, nua e machucada.
As lágrimas escorriam por seu rosto, mas ela não se movia nem emitia
nenhum som. Ela ficou sentada. Notei a mancha de sangue na cama e vi
o vestido de Niya rasgado junto com suas roupas íntimas.
Meu sangue gelou quando percebi a tortura que minha pobre prima
havia sofrido.
Imediatamente peguei um cobertor de uma cadeira e cobri Niya com
ele, mas minha atitude fez Niya pular.
Ela olhou para mim com muito medo em seus olhos e meu coração se
partiu ainda mais. Vê-la assim deixou minha loba com raiva.
Nós duas queríamos saber quem causou tanta dor a Niya, mas agora
minha prioridade era ter certeza de que Niya estava bem.
— Niya, quem fez isso com você? — Perguntei suavemente.
Niya apenas olhou para mim com lágrimas nos olhos. Meus olhos
lacrimejaram quando vi o estado em que minha prima estava.
— Niya, por favor. Diga-me quem fez isso com você. — Implorei.
Novamente, nenhuma resposta. Niya estava muito traumatizada.
Então, me sentei ao lado dela e enxuguei suas lágrimas. Esse simples ato
fez Niya pular de choque.
Observei minha prima, que antes era tão feliz e radiante, agora
parecia apavorada e destruída.
Minha raiva estava aumentando e eu lutava para mantê-la sob
controle, eu tinha que controlá-la. Niya não precisava de mim com raiva;
agora ela precisava do meu conforto e do meu amor.
Quando eu estava prestes a dizer algo para Niya, algo chamou minha
atenção. Peguei um anel, que não me parecia familiar. Definitivamente
não era de Niya.
Percebi de quem era; isso pertencia ao estuprador de Niya. Meu dedo
sentiu as iniciais gravadas no anel. Este bastardo doente não iria se safar.
Eu iria matá-lo pelo que ele fez com a minha prima. Ele teria uma
morte lenta e dolorosa.
Meus pensamentos foram interrompidos pela voz de Niya.
— Sou impura agora. Meu companheiro não vai me querer mais
porque aquele monstro tirou minha virgindade.
Desta vez, não pude evitar que as lágrimas caíssem. Ouvir a tristeza
na voz da minha prima foi de partir o coração.
Levantei-me e fui até Niya, que olhou para mim. Lentamente, eu a fiz
se levantar e a enrolei um cobertor em volta dela. Eu a fiz sentar em uma
cadeira e a cobri com outro cobertor.
— Niya, o que esse monstro fez com você não define quem você é.
Isso não a torna impura e não significa que seu parceiro não a queira.
Niya, você é uma das pessoas mais fortes que conheço e vai superar isso.
Você vai provar para aquele bastardo que ele não pode te destruir.
Lutei para conter minhas emoções enquanto enxugava as lágrimas
que caíam dos meus olhos.
Niya olhou para mim e depois olhou para o cobertor.
— Não me deixe afogar. — ela sussurrou.
— Nunca. Vou ajudá-la a nadar. — respondi.
Niya apenas balançou a cabeça e eu apertei meus punhos. Seus olhos
que antes viviam cheios de malícia e alegria agora estavam cheios de
incerteza e medo.
Peguei o anel e saí correndo. Era hora de encontrar esse cara. As
chances de ele ainda estar no baile eram bastante altas, e eu iria mostrar
a ele que mexeu com a família errada.
Com raiva, nem notei Adonis do lado de fora da porta quando passei
por ele. Só quando ele agarrou minha mão e me puxou para ele é que
percebi.
Adonis provavelmente poderia ver e sentir minha raiva. Ele olhou
para mim com a mesma raiva em seus olhos.
— Vamos encontrar o culpado. Não vou deixar esse bastardo doente
fugir. — ele rosnou.
Ouvi-lo dizer isso me fez sentir segura. Era como se meu corpo
soubesse que o que Adonis estava dizendo era verdade.
Minha loba ficava mais irritada conforme minha sede de encontrar
esse cara aumentava. Não respondi a Adonis quando me virei, queria
encontrar o estuprador de Niya.
Mais uma vez, fui puxada de volta para o corpo de Adonis. Desta vez,
ele balançou a cabeça para mim.
— Você precisa se acalmar. Essa raiva não vai ajudar você a encontrá-
lo. — disse ele.
Meus olhos se fecharam quando senti sua mão acariciar minha
bochecha. Faíscas dispararam pelo meu corpo e me senti inclinando em
direção ao seu toque.
O que estava acontecendo comigo? Porque seus toques eram tão
viciantes? Eu queria ser tocada por ele. Não queria que esse momento
acabasse. Quando ele afastou a mão, senti frio e vazio, o que me fez abrir
os olhos. Adonis estava olhando para mim, seus olhos perfurando os
meus.
— Aarya, o estuprador provavelmente ainda está aqui e muito
provavelmente está cansado. Para pegá-lo, precisamos fingir que nada
aconteceu. Se sairmos gritando atrás dele, ele entrará em pânico e fugirá.
Droga, Adonis estava certo. Por mais que eu quisesse entrar lá
gritando e berrando, era melhor não, eu não podia arriscar que ele
fugisse.
— Encontrei algo no quarto de Niya. Deve pertencer ao estuprador,
— eu disse, mostrando o anel.
Adonis tirou o anel da palma da minha mão. Mesmo algo tão simples
me causou faíscas.
Ele observou as iniciais e olhou para mim.
— Você não reconhece essas iniciais?
Balancei minha cabeça.
— Nem eu. Talvez eu possa ver se temos uma lista de convidados, e
podemos combinar as iniciais, — Adonis sugeriu.
— Não vai demorar muito? Você não deve sumir do baile por tanto
tempo; as pessoas podem ficar desconfiadas — eu o lembrei.
Adonis rosnou de frustração antes de ligar para alguém.
Dois guardas apareceram e Adonis pediu que eles examinassem a lista
de convidados em busca de alguém com as mesmas iniciais que
encontramos no anel. Os guardas acenaram com a cabeça e saíram.
Adonis me devolveu o anel e parecia estar prestes a dizer algo, mas foi
interrompido por uma voz feminina.
— Como você pôde fazer isto comigo?
Virei-me e vi Savanah caminhando em nossa direção com lágrimas
escorrendo pelo rosto.
— Você me envergonhou na frente de todos, Dimitri. — Savanah
disse, enxugando as lágrimas.
Uau, eu devo ser um robô ou algo do tipo. Nem mesmo uma pequena
parte de mim teve pena dela. Digo, ela estava envergonhada, mas eu não
senti nada; talvez um pouco de raiva, mas era só. Esqueci que Adonis era
muito meticuloso sobre como as pessoas o chamavam. Ficou claro que
Savanah não tinha permissão para chamá-lo de Adonis. Por alguma razão
estranha, me senti orgulhosa.
Eu devo estar ficando louca. Essa foi a única explicação que eu
encontrei.
Revirando os olhos, me virei para Adonis e Savanah.
— Eu tenho que ir. Não tenho tempo para ouvir o choro das suas
amantes, infelizmente. — No entanto, não consegui sair porque Adonis
me prendeu em seus braços. A sensação dele me segurando era diferentede tudo que eu já senti. Eu nunca queria ir embora.
— Savanah, por favor, vá embora. Aarya, nem pense em ir a lugar
nenhum. — Adonis ergueu as sobrancelhas para mim.
— Adonis, tenho coisas a fazer, — retruquei enquanto tentava escapar
de seus braços, embora sem querer.
— Adonis? Por que você o está chamando assim? — Savanah parecia
chocada.
— Ela pode. Savanah, se você não sair, vou chamar os guardas para
escoltá-la para fora. — Adonis agora tinha um tom sério novamente.
Savanah olhou para nós dois e balançou a cabeça antes de finalmente
sair.
— Agora você pode me soltar? — Eu perguntei.
— Pensei que nunca iria te encontrar; já tinha desistido. — Adonis
disse suavemente.
Olhei para a sinceridade estampada em seus olhos e quase me derreti.
Era o momento perfeito para eu dizer algo romântico, mas é de mim
que estamos falando, então, em vez disso, deixei escapar: — Bem, após
ter meu coração partido eu não queria mais um parceiro.
O comportamento de Adonis mudou e ele me segurava com mais
força. Sua fisionomia mudou; ele estava definitivamente com raiva.
— Quem diabos teve seu coração antes de mim? — ele rosnou.
Bem, não seria fácil sair dessa.
Capítulo 8
— Não me diga que ninguém nunca partiu seu coração antes? —
Perguntei, chocada.
— Isto não é sobre mim; é sobre você. Você é quem disse isso. —
Adonis me apertou ainda mais.
Droga, ia ser mais difícil do que eu pensava. Mais uma vez, tentei
escapar de seus abraços, mas não consegui.
— Não podemos falar sobre isso mais tarde? — Tentei negociar.
Adonis me olhou como se eu fosse louca.
— Eu quero saber agora. Quem foi que teve seu coração antes de
mim?
Engolindo em seco, tentei uma tática diferente.
— Adonis, por favor. Eu imploro, me deixe ir. Tenho que encontrar o
estuprador de Niya. Ele está andando por aí como se nada tivesse
acontecido. Por favor. — supliquei.
Finalmente consegui. Os olhos de Adonis arrefeceram e ele me
soltou.
— Você tem razão. Vamos encontrar o filho da puta que fez isso com
sua prima.
Suspirei em alívio por sair daquela situação.
Adonis olhou para mim com as sobrancelhas levantadas.
— Não pense que vou esquecer isso. Assim que resolver esse
problema, vou descobrir quem partiu seu coração.
A sinceridade em sua voz fez com que faíscas disparassem pela minha
espinha e me fizessem estremecer. Adonis pegou minha mão e estávamos
prestes a descer as escadas.
Puxei a mão de Adonis e apontei para Diya que olhava freneticamente
ao redor. Eu sabia que ela estava procurando por sua irmã.
Adonis suspirou e gesticulou para que os guardas a trouxessem. Diya
ficou confusa quando dois guardas apontaram para nós, mas ela veio
correndo.
— Você viu Niya? — Diya me perguntou. — Não sei por que, mas
estou com um pressentimento tão ruim. — Diya parecia assustada.
— Niya... Niya está naquela sala ali. — apontei para Diya.
— Oh! Graças a deus. Por que ela está aqui? — Diya perguntou
enquanto caminhava em direção à sala.
Eu a puxei de volta e a olhei nos olhos.
— Niya foi machucada esta noite.
O rosto de Diya se contorceu em perplexidade, que depois se
transformou em compreensão. Ela olhou para mim com lágrimas nos
olhos.
— Não me diga que ela foi estuprada?
Balancei a cabeça lentamente, e Diya quase sucumbiu em lágrimas.
— Você tem de ser forte por ela. Faça companhia a ela enquanto nós
dois descemos e tentamos encontrar o filho da puta. — eu disse a ela.
Diya acenou com a cabeça e olhou para Adonis.
— Por favor, quando você encontrar o homem que fez isso com
minha irmã, não tenha piedade dele.
Adonis respondeu solenemente.
— Criaturas desprezíveis como ele não merecem misericórdia. —
Diya acenou com a cabeça e correu para o quarto encontrar Niya. Niya
precisava do apoio da irmã agora mais do que nunca. Era importante
para Niya estar perto da família.
Adonis olhou para mim novamente e eu balancei a cabeça. Ele
segurou minha mão enquanto descíamos as escadas. Meu corpo reagiu a
um simples toque de mão. Este homem estava fazendo coisas malucas
com meu corpo.
Quando descemos, Carter se aproximou e perguntou:
— Você viu Diya? Ela acabou de sair.
Adonis foi quem respondeu.
— Sim, ela está lá em cima. Em breve ela estará de volta.
Carter assentiu antes de se virar para mim com um brilho malicioso
nos olhos.
— Contanto que ela não me tenha deixado por outro homem.
Revirei os olhos e dei um tapa no ombro de Carter.
— Não diga isso sobre minha prima.
Percebi como Adonis ficou tenso quando toquei em Carter. Droga,
talvez ele pensasse que Carter foi quem partiu meu coração.
— Você pode ser como meu irmão, mas mesmo assim... — Eu olhei
para Carter.
Adonis relaxou e Carter apenas riu. Ele nos deixou sozinhos e Adonis
me levou para dar uma volta.
Passamos muito tempo conversando com pessoas diferentes. Todos
eles dizendo parabéns e Estou tão feliz que nosso rei encontrou sua
companheira.
O sorriso falso que coloquei estava cansando minha mandíbula.
Mesmo que não houvesse nada de errado com essas pessoas. Eles eram
doces, mas não era por isso que eu estava aqui. Eu precisava encontrar o
estuprador de Niya antes que ele fosse embora.
Senti o anel na minha mão. Droga, esqueci de perguntar a Diya se ela
o reconhecia. Era tarde demais para voltar e subir. Eu não queria chamar
atenção para mim.
Como Adonis continuava sendo educado e falando, olhei ao redor do
corredor. Engasguei quando meus olhos encontraram os de Hunter.
Seu olhar estava firmemente conectado ao meu, o que me deixou
muito desconfortável. Por que ele me olhava assim?
Desviei meu olhar para Adonis. Talvez ele tenha percebido que algo
estava errado porque assim que eu olhei para ele, seu olhar estava no
meu.
Eu sorri, mas não o convenci. Ele segurou minha mão mais uma vez e
nos afastamos.
Enquanto caminhávamos em direção a outras pessoas, meu olhar se
concentrou em um homem brincando com o dedo indicador. Ele estava
esfregando o local onde podia estar um anel.
Imediatamente meu olhar aguçado notou a marca de um anel.
Ele parecia calmo e controlado, mas o anel que faltava era um sinal.
Puxei a manga de Adonis e ele me questionou com o olhar. Notei que
ele estava tão entediado de falar com todas aquelas pessoas que ficou
grato por tê-lo interrompido.
Mas assim que apontei para o cara, seus olhos escureceram de
repente.
Antes que eu percebesse, os guardas cercaram o cara e a multidão
silenciou. Adonis parecia ameaçador enquanto caminhava em direção ao
cara, que estava agora muito nervoso.
Adonis pegou o anel da minha mão e estendeu-o para o sujeito. O que
ele estava fazendo? Eu observei quando Adonis olhou para o cara cujos
olhos se arregalaram em estado de choque.
Finalmente eu compreendi. Adonis não queria perguntar nada ao
cara, apenas queria ver a reação dele.
— Sua reação me diz tudo que eu preciso saber, — Adonis rosnou.
O cara baixou os olhos para seus sapatos. Minha loba estava com
raiva e queria o sangue dele por te machucado Niya. Um toque familiar
fez com que meus pensamentos acalmassem.
Adonis balançou a cabeça para mim, mas em vez de ficar com raiva
como pensei que eu ficaria, fiquei grata por ele ter me impedido.
— Leve-o para as celas. — Adonis cuspiu.
O cara tremia de medo e parecia querer dizer algo, mas não teve a
menor chance. Ele foi arrastado pelos guardas e a multidão ficou em
silêncio. As pessoas pareciam confusas e apavoradas.
Adonis emitia uma vibração perigosa, mas não me assustava.
Estranhamente, eu me sentia segura.
Gabe veio até nós, com o rosto sério.
— Você quer que eu lide com esse canalha? Posso extrair dele as
informações que você precisa.
Adonis balançou a cabeça.
— Eu quero lidar com isso.
Olhando para ele, forcei uma tosse alta e Adonis suspirou:
— Queremos lidar com isso.
Gabe olhou para mim entretido enquanto eu balançava a cabeça,
satisfeita. Como se Adonis fosse o único a ter assuntos a resolver com
esse idiota.
Eu tinha todo o direito de fazer o que quisesse com ele; afinal, ele
machucou minha prima.
— Onde está Evan? — Adonis perguntou ao Gabe.
Gabe respondeu:
— Oh, ele

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