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APS - Princípios ativos que alteram o metabolismo bioquímico

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UNIVERSIDADE PAULISTA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA
MIRELLA DIAS DA SILVA
PRINCÍPIOS ATIVOS QUE ALTERAM O METABOLISMO
BIOQUÍMICO
ARAÇATUBA
2021
2
3
MIRELLA DIAS DA SILVA
PRINCÍPIOS ATIVOS QUE ALTERAM O METABOLISMO BIOQUÍMICO
Atividades Práticas Supervisionadas –
trabalho apresentado como exigência para
avaliação do terceiro semestre do curso
Farmácia apresentado a Universidade
Paulista, sob orientação dos professores do
semestre.
ARAÇATUBA
2021
4
5
RESUMO
Este trabalho foi produzido com o intuito de estudar a respeito dos princípios
ativos que alteram o metabolismo e de que forma isso ocorre, a partir dos conceitos
bioquímicos. Através das informações adquiridas com a bibliografia utilizada, fica
clara a importância das reações bioquímicas no organismo e como as suas
alterações podem acarretar diversos problemas e complicações ao indivíduo.
Conforme afirmado nas bibliografias estudadas, existem diversos elementos
químicos e alguns deles têm extrema importância pois são a base das composições
orgânicas e base da vida. Dessa forma, diversos desses elementos estão inseridos
em nossas células, ligados entre si, formando vários compostos orgânicos que são
importantes para a bioquímica celular. As células são compostas de micromoléculas
e macromoléculas, que são necessárias para que as células se mantenham vivas
pois são essas moléculas que são utilizadas no metabolismo do organismo.
Para que o metabolismo ocorra é utilizada energia, adquirida do meio através
da absorção de combustíveis químicos (ex. glicose). A glicose é uma das fontes de
energia principais do organismo, e a mesma precisa ser absorvida a fim de gerar
energia para o organismo, dessa forma, alguns tecidos-alvo possuem uma grande
concentração de transportadores de glicose, que tem a função de se concentrar na
superfície da célula para captar a glicose.
A glicose, quando se encontra em alto nível na corrente sanguínea estimula a
produção e liberação de insulina pelas células β, e a insulina por sua vez estimula os
transportadores a se deslocar do interior da célula para sua membrana, a fim de
captar a glicose. Porém, no organismo dos portadores do diabetes melito tipo 1,
esse processo não ocorre pois o indivíduo possui uma quantidade extremamente
baixa de células β. Com poucas células β, o organismo produz uma quantidade
insuficiente de insulina, e devido a isso, a captação da glicose não ocorre.
Como a glicose não é captada para o interior da célula, a mesma permanece
concentrada em altos níveis na corrente sanguínea, o que pode acarretar
complicações para o paciente, algumas se não tratadas imediatamente, podendo até
ser letais.
6
Sendo assim, para os pacientes portadores dessa doença, é necessária a
aplicação de insulina exógena, para que o organismo volte a exercer suas funções
normais, assim garantindo a saúde e o bem estar do paciente, porém o tratamento
deve ser realizado com muito cuidado pois existem diversas concentrações de
insulina exógena, e se aplicadas em grandes quantidades sem que tenha sido
realizada uma refeição rica em carboidratos, o paciente pode apresentar
hipoglicemia (baixo índice de glicose no sangue), condição que também acarreta
danos ao paciente.
7
SUMÁRIO
1. Introdução .............................................................................................................. 8
2. Desenvolvimento .................................................................................................... 9
3. Considerações Finais ........................................................................................... 22
4. Referências .......................................................................................................... 23
8
1. Introdução
Este estudo integra as Atividades Práticas Supervisionadas (APS), que se
configura como um trabalho semestral e interdisciplinar, do curso de Farmácia da
Universidade Paulista de Araçatuba – SP.
Segundo Nelson e Cox (2014, p. 532) “O metabolismo, a soma de todas as
transformações químicas que ocorrem em uma célula ou em um organismo, ocorre
por meio de uma série de reações catalisadas por enzimas que constituem as vias
metabólicas.” porém, essas transformações químicas podem ser modificadas e
sofrer alterações.
Este trabalho foi desenvolvido tendo como principal objetivo abordar a
importância do metabolismo bioquímico e como ele pode sofrer alterações causadas
por princípios ativos (tendo como foco a insulina utilizada pelos pacientes portadores
do diabetes melito tipo 1) e de que maneira essas alterações ocorrem. Este trabalho
foi desenvolvido com o intuito de adquirir conhecimento em relação aos meios
metabólicos e bioquímicos utilizados pela insulina exógena para regular os altos
níveis de glicose na corrente sanguínea de pacientes diabéticos.
9
2. Desenvolvimento
Segundo Nelson e Cox (2014), a bioquímica tenta explicar as formas e as
funções biológicas em termos químicos, e, para os químicos XVIII, ficou evidente
que a matéria viva é surpreendentemente diferente do mundo inanimado. O químico
Antoine Lavoisier (1743-1794) notou a simplicidade do mundo mineral e comparou
com a complexidade do mundo das plantas e dos animais. Dos 90 elementos
químicos de ocorrência natural, menos de 30 são essenciais para os organismos.
Em termos de porcentagem do total de número de átomos, os quatro
elementos mais abundantes nos seres vivos são o hidrogênio, o oxigênio, o
nitrogênio e carbono, que juntos constituem mais de 99% da massa das células. Os
quatro elementos citados são elementos mais leves capazes de formar de maneira
eficiente de uma a quatro ligações. Normalmente, os elementos químicos mais leves
formam ligações mais fortes. (NELSON e COX, 2014).
Figura 1. Elementos essenciais para a vida e a saúde dos animais.
FONTE: Nelson e Cox (2014, p. 12)
A bioquímica está organizada em torno do elemento químico carbono que tem
a capacidade de fazer quatro ligações, portanto, tanto pode formar ligações simples
com átomos de hidrogênio, quanto ligações simples e duplas com átomos de
oxigênio e nitrogênio. O carbono tem a capacidade de formar ligações simples e
10
estáveis com quatro outros átomos de carbono, dessa forma, podendo formar
cadeias lineares, ramificadas e de estruturas cíclicas.
Figura 2. A versatilidade do carbono em formar ligações
FONTE: Nelson e Cox (2014, p. 12)
Sobre o átomo de carbono, podemos afirmar que:
Aparentemente, a versatilidade de ligação do carbono com outro carbono e
com outros elementos foi o principal fator na seleção dos compostos de
carbono para a maquinaria molecular das células durante a origem e a
evolução dos organismos vivos. Nenhum outro elemento químico consegue
formar moléculas com tanta diversidade de tamanhos, formas e
composição. (NELSON e COX, 2014, p. 12).
Devido a essas propriedades do carbono, a maioria de biomoléculas são
derivadas dos hidrocarbonetos (composto de carbono de hidrogênio), tendo alguns
hidrogênios substituídos por uma vasta variedade de grupos funcionais, que
possuem propriedades químicas específicas à moléculas, como por exemplo os
álcoois, as hidroxilas, as aminas e amidas, aldeídos e cetonas, entre outros.
As células contêm uma coleção de aproximadamente mil moléculas pequenas
diferentes dissolvidas na fase aquosa (citosol) das células. Conforme Nelson e Cox
(2014, p. 13) “Esses são os metabólitos centrais das principais rotas metabólicas
que ocorrem em quase todas as células. [...] Essa coleção de moléculas inclui os
aminoácidos comuns, nucleotídeos, açúcares e seus derivados fosforilados e ácidos
11
mono, di e tricarboxílicos.”. Essas moléculas pequenas estão presas no interior das
células por serem impermeáveis à membrana plasmática, entretanto, alguns
transportadores podem catalisar o deslocamento de algumas moléculas para dentro
e fora da célula. O conjuntos dessas moléculas pequenas em uma célula sob um
conjuntos específico de condições tem sido chamado de metaboloma.É chamada
de metabolômica a caracterização do metaboloma sob condições muito específicas,
como por exemplo após a administração de um fármaco ou um sinal biológico como
a insulina. (NELSON e COX, 2014).
Além das pequenas moléculas, as células possuem em sua composição as
macromoléculas, que são os seus principais constituintes. As macromoléculas são
as proteínas, ácidos nucléicos, e polissacarídeos e a síntese das mesmas é uma
atividade que requer uma quantidade grande de energia das células. As proteínas
são longos polímeros de aminoácidos, que formam a maior parte da célula além da
água. Algumas delas funcionam como enzimas, outras como elementos estruturais,
podem também ser receptoras de sinais ou transportadoras que carregam
substâncias para dentro e fora da célula. São umas das macromoléculas mais
versáteis. Já os ácidos nucleicos (DNA e RNA) são polímeros de nucleotídeos, que
guardam e transmitem a informação genética da célula. Algumas moléculas de RNA
possuem a função estrutural e catalítica em complexos supramoleculares. Os
polissacarídeos são polímeros de açúcares simples, como por exemplo a glicose, e
possuem três funções: depósito de combustível de alto índice energético, serve
como componentes estruturais rígidos para a parede celular de plantas e bactérias e
são elementos no reconhecimento extracelular, que ligam-se a proteínas de outras
células. Os polímeros curtos de açúcares ligados lipídeos ou proteínas na superfície
das células servem como sinais celulares específicos. Os lipídeos, derivados de
hidrocarbonetos e solúveis em água, são componentes estruturais das membranas e
depósito de combustível de alto índice energético, além de sinais intracelulares.
Moléculas de lipídeos individuais são menores que as macromoléculas citadas, por
isso, não são classificadas como macromoléculas, mas associam-se de forma não
covalente, assim formando grandes estruturas. (NELSON e COX, 2014).
Segundo Nelson e Cox (2014, p. 20) “Células e organismos vivos precisam
realizar trabalho para se manterem vivos e se reproduzir. As reações de síntese que
ocorrem dentro das células, [...] exigem o consumo de energia [...].”. Armazenar e
12
fornecer informação demanda energia, e sem a mesma, estruturas ricas em
informação tornam-se sem sentido. Portanto, as células possuem mecanismos de
alta eficácia para aproveitar a energia adquirida de combustíveis químicos, nos
variados processos que exigem energia para serem realizados. A bioquímica tem
como objetivo compreender (em termos químicos) os meios pelos quais a energia é
extraída, canalizada e armazenada nas células vivas. (NELSON e COX, 2014).
Os organismos transformam energia e matéria de seu meio, os não
fotossintéticos (quimiotróficos), são organismos que obtêm energia do meio através
da absorção de combustíveis químicos (ex. glicose) e extraindo energia pela
oxidação desses combustíveis. As enzimas (biocatalizadores que aumentam a
velocidade de reações químicas específicas sem serem consumidas no processo)
promovem uma sequência de reações químicas consecutivas, denominada de rotas,
onde o produto de uma reação se torna o reagente da seguinte. Uma dessas rotas,
dão origem ao catabolismo, que degrada nutrientes orgânicos, transformando os
nutrientes energéticos (carboidratos, gorduras e proteínas) em produtos finais sem
energia (ácido láctico, H2O, CO2 e NH3) e liberando energia. Parte dessa energia é
conservada na forma de ATP (adenosina trifosfato) e de transportadores de elétrons
reduzidos (NADH, NADPH e FADH2) para que seja utilizada na manutenção da
célula, e o restante é perdido na forma de calor. A outra rota é chamada de
anabolismo, e para que ela ocorra, é necessária a soma da energia da célula (ATP,
NADH, NADPH e FADH2) com as moléculas precursoras (aminoácidos, glicose,
bases nitrogenadas e ácidos graxos), para que ocorra a transformação, e, as
moléculas precursoras tornem-se macromoléculas celulares (lipídeos,
polissacarídeos, proteínas e ácidos nucleicos). (NELSON e COX, 2014).
Todos esses processos citados caracterizam o metabolismo, que segundo
Nelson e Cox (2014, p. 502), é “ a soma de todas as transformações químicas que
ocorrem em uma célula ou em um organismo, ocorre por meio de uma série de
reações catalisadas por enzimas que constituem as vias metabólicas.”.
13
Figura 3. A relação energética entre as vias catabólicas e anabólicas.
FONTE: Nelson e Cox (2014, p. 12)
De acordo com Nelson e Cox (2014, p. 532) “As vias catabólicas liberam
energia química na forma de ATP, NADH, NADPH e FADH2. Esses transportadores
de energia são usados em vias anabólicas” ou seja, ao tempo que as vias
catabólicas liberam ATP, NADH, NADPH e FADH2, as vias anabólicas utilizam dessa
14
energia para realizar suas reações, mantendo os princípios citados acima sobre
como as enzimas promovem uma sequência de reações químicas consecutivas
onde o produto de uma reação se torna o reagente da seguinte.
A glicose possui uma posição central no metabolismo da maioria dos
organismos por ser rica em energia potencial e por isso, ser um ótimo combustível.
A célula pode armazenar grandes quantidades de unidades de hexose, por meio do
estoque de glicose na forma de polímero de alta massa molecular, como o
glicogênio e o amido. Quando a demanda da energia aumenta, a glicose pode ser
liberada desses polímeros intracelulares e ser utilizada para produzir ATP de
maneira aeróbica ou anaeróbica. (NELSON e COX, 2014).
Segundo Nelson e Cox (2014, p. 543) “A glicose, além de excelente
combustível, também é um precursor admiravelmente versátil, capaz de suprir uma
enorme variedade de intermediários metabólicos em reações biossintéticas.”. Ela
tem quatro destinos principais no organismo, como ser utilizada na síntese de
polissacarídeos complexos direcionados ou espaço extracelular; ser armazenada no
interior da célula (polissacarídeo ou como sacarose); ser oxidada pela via das
pentoses-fosfato (fosfogliconato) produzindo ribose-5-fosfato para a síntese de
ácidos nucleicos e NADPH para processos biossintéticos redutores; ou ser oxidada
a compostos de três átomos de carbonos (piruvato) por meio da glicólise, para
fornecer ATP e intermediários metabólicos. As células não fotossintéticas produzem
a glicose a partir de precursores simples de átomos de carbono, pelo processo de
gliconeogênese, que reverte a glicólise em uma via que utiliza muitas enzimas
glicolíticas. No processo da glicólise, a glicose é degradada por uma série de
reações catalisadas por enzimas, dessa forma transformando seis átomos de
carbono em duas moléculas de piruvato. Durante as reações sequenciais da
glicólise, parte da energia livre da glicose é conservada na forma de ATP e NADH. A
glicólise é dividida em dez etapas, sendo cinco delas a fase preparatória, e as outras
cinco a fase de pagamento. É um processo rigidamente regulado de forma
coordenada com outras vias geradoras de energia para manter um suprimento
constante de ATP. (NELSON e COX, 2014).
15
Figura 4. As duas fases da glicólise.
FONTE: Nelson e Cox (2014, p. 545)
16
No entanto, de acordo com Golan et al. (2010, p. 494) “Do ponto de vista
fisiológico, a insulina e o glucagon constituem os dois hormônios mais importantes
que controlam a homeostasia da glicose.", esses hormônios são secretados pelo
pâncreas, que é um órgão glandular que possui tanto a porção exócrina, quanto
endócrina. Espalhadas no meio do tecido exócrino (99% da massa pancreática),
existem as ilhas de tecido endócrino que secretam hormônios diretamente no
sangue, chamadas de ilhotas de Langerhans. As ilhotas de Langerhans possuem
vários tipos de células, responsáveis por secretar hormônios diferentes. Entre as
várias células existentes, as ilhotas de Langerhans possuem as células 𝛼 que
secretam o hormônio glucagon (também chamado de contra-regulador), e as células
𝛽, que secretam o hormônio insulina.
O glucagon é responsável por promover a glicogenólise (degradaçãodo
polissacarídeo glicogênio realizada através da retirada sucessiva de moléculas de
glicose) e a gliconeogênese (produção de glicose a partir de moléculas que não são
glicídios) no fígado, e tem como seu tecido-alvo além dele, o tecido adiposo e
músculo esquelético. Quando os níveis de glicose estão baixos, o glucagon mobiliza
a gordura, a proteína e a glicose dos locais onde estão armazenadas para uso como
fonte de energia. O baixo nível de glicose e o alto nível de insulina é um estímulo
para que as células 𝛼 produzam o hormônio contra-regulador glucagon. A insulina é
responsável por promover a captação da glicose, de ácidos graxos e aminoácidos
do sangue para o interior das células, onde ficam armazenados na forma de
proteínas, triglicerídeos e glicogênio e tem como seu tecido alvo o fígado, o tecido
adiposo e o músculo esquelético. O alto nível de glicose no sangue é um estímulo
para que as células 𝛽 produzam insulina.(GOLAN et al. 2010).
A captação da glicose depende diretamente de seus transportadores e da
liberação de insulina pelo pâncreas como afirmado em:
Os transportadores nos hepatócitos (GLUT1, GLUT2) e nos neurônios
cerebrais (GLUT3) estão sempre presentes nas membranas plasmáticas.
Por outro lado, o principal transportador de glicose nas células do músculo
esquelético, músculo cardíaco e tecido adiposo (GLUT4) está armazenado
em pequenas vesículas intracelulares e se desloca para a membrana
plasmática apenas em resposta a um sinal de insulina. (NELSON e COX,
2014, p. 558)
17
Quando o organismo está saudável, após a ingestão de uma refeição rica em
carboidratos gera uma concentração de glicose na corrente sanguínea, maior que
aquela comum entre uma refeição e outra, o excesso de glicose deve ser captado
pelos miócitos dos músculos cardíaco e esquelético (que a armazenam como
glicogênio) e pelos adipócitos (que a convertem em triacilgliceróis), essa captação é
medida pelo transportador GLUT4. Entre uma refeição e outra, a maioria dos
transportadores GLUT4 estão dentro de pequenas vesículas intracelulares. O alto
índice de glicose no sangue induz o pâncreas a liberar insulina, pois ela
desencadeia o movimento das vesículas intracelulares à membrana plasmática,
levando as moléculas de GLUT4 para a membrana plasmática. Com mais
transportadores GLUT4 captando a glicose, a taxa de captação aumenta
significativamente, e quando os níveis de glicose retornam a normalidade, a
liberação de insulina é diminuída, torna-se lenta, e a maioria dos transportadores
GLUT4 retornam da membrana plasmática para as vesículas intracelulares.
(NELSON e COX, 2014).
Figura 5. As duas fases da glicólise.
FONTE: Nelson e Cox (2014, p. 408)
18
Portanto, no tecido adiposo, músculos esqueléticos e coração, a captação e o
metabolismo da glicose depende da liberação normal de insulina produzida pelas
células 𝛽, em resposta à altos índices de glicose no sangue. (NELSON e COX,
2014).
Porém, em determinadas patologias, todas ou algumas das vias podem ser
afetadas, causando diversas alterações que podem ser graves para a homeostase
do organismo. (FERNANDES, 2013). O diabetes melito tipo 1, é acometido devido a
destruição autoimune das células 𝛽 no pâncreas. Devido a baixa quantidade de
células 𝛽, elas são incapazes de produzir e liberar insulina o suficiente para que os
tecidos-alvo consigam captar e armazenar a glicose, lipídeos e aminoácidos. A ação
dos hormônios contra-reguladores (ex. glucagon), sem precisar se opor à insulina,
induz a resposta de que o organismo carece de um elemento indispensável para
vida. Dessa forma, a glicogenólise e a gliconeogênese continuam sem que haja
regulação do fígado, portanto continua liberando glicose na corrente sanguínea
mesmo que os níveis já estejam elevados. O tecido muscular, na falta da glicose
degrada as proteínas e libera aminoácidos, que são transportados para o fígado
como substâncias energéticas para realizar a gliconeogênese. O mesmo ocorre no
tecido adiposo que degrada e libera o triglicerídios na circulação. O fígado degrada
os ácidos graxos para utilizá-los como substâncias gliconeogênicas e para
exportação na forma de corpos cetônicos, para serem utilizados pelo cérebro como
combustível. A presença de concentração excessivas de corpos cetônicos
(𝛽-hidroxibutirato e acetoacetato) pode causar a perda do bicarbonato sérico, o que
acaba resultando em um estado de acidose metabólica (cetoacidose diabética)
devido a diminuição do pH. Condição essa que pode ser fatal se não houver um
tratamento agressivo e imediato. (GOLAN et al. 2010).
Diante dos fatores apresentados, para os pacientes portadores da diabetes
melito tipo 1, é necessária a intervenção medicamentosa por meio da administração
da insulina exógena, uma vez que o organismo do paciente é incapaz de produzir
insulina o suficiente.
O objetivo principal da terapia farmacológica no diabetes melito tipo 1 consiste
em normalizar o índice glicêmico, para reduzir o risco de complicações a longo
prazo. A estratégia farmacológica consiste na administração de uma quantidade de
insulina exógena necessária para obter a normoglicemia sem acabar induzindo a
19
hipoglicemia. O tratamento do paciente portador do diabetes melito tipo 1, não só é
utilizado para normalizar o índice de glicose no sangue, como para evitar a resposta
de que o organismo carece de um elemento indispensável para vida, devido a ação
dos hormônios contra-reguladores sem qualquer oposição, dessa forma, revertendo
a degradação dos aminoácidos no músculo e a cetogênese no fígado.(GOLAN et al.
2010).
Existem vários tipos de reposição de insulina, pois as preparações são
classificadas de acordo com o início de ação, duração de ação e origem da insulina
(humana, suína ou bovina). Foram utilizadas técnicas de DNA recombinante para
realizar a produção de insulina humana in vitro, tornando essa forma do fármaco a
mais escolhida e utilizada, pois as outras preparações podem provocar resposta
imune. A insulina tem rápida degradação no trato gastrointestinal, por isso, não é
efetiva como agente oral. Portanto, é administrada por via parenteral, com uma
injeção subcutânea com uma agulha de calibre fino, criando assim, um pequeno
depósito do hormônio no local da injeção. A velocidade de absorção desse depósito
de insulina depende da solubilidade da preparação e a circulação local, quanto mais
rápida a absorção, mais rápido é seu início de ação e mais curta a duração de ação.
Existem vários perfis de ação de insulina, devido a variabilidade entre a necessidade
dos pacientes.(GOLAN et al. 2010).
A insulina regular é uma preparação de ação curta, é estruturalmente idêntica
à insulina endógena, mas contém íons de zinco para obter a estabilidade do
fármaco. A insulina regular tende a agregar-se em hexâmeros, e a dissociação
desses hexâmeros em monômeros constitui uma etapa que limita a velocidade no
processo de absorção. A insulina lispro, é uma preparação de ação ultra-rápida, foi
desenvolvida para que suas moléculas continuem monoméricas, desta forma
acelerando o processo de absorção. A insulina lispro se assemelha estruturalmente
à insulina regular, porém, dois aminoácidos (lisina e prolina) estão em posições
invertidas. Essa insulina pode ser injetada poucos minutos antes de uma refeição,
diferente das insulinas de longa ação pois elas exigem um intervalo de tempo entre
a injeção da insulina e a ingestão da refeição, sendo assim mais flexível e
conveniente para o paciente. A insulina NPH (protamina neutra Hagedorn), é uma
insulina de ação intermediária e é combinada com a protrombina em uma suspensão
de zinco. A protamina prolonga o tempo necessário para a absorção da insulina,
20
pois ela permanece com a insulina até que ela seja clivada da insulina por enzimas
proteolíticas. A insulina ultralenta é uma preparação de ação longa e é uma
suspensão cristalina de insulina e zinco em tampão de acetato, devido a essa
formulação, o início de ação da insulinaé retardado. A insulina semilenta é
semicristalina ou não tem forma determinada, é uma preparação de ação curta. A
insulina lenta é uma combinação de insulina ultralenta com a insulina semilenta e
zinco em suspensão em tampão de acetato. Essa é uma formulação de ação mais
lenta do que a insulina semilenta, porém de ação mais rápida do que a insulina
ultralenta, por conta disso, é classificada dentro da categoria de ação intermediária.
E por fim, a insulina glargina é uma insulina regular em que uma glicina substitui
uma asparagina na cadeia A, com adição de duas argininas na extremidade
carboxi-terminal da cadeia B. Essas modificações diminuem a velocidade de
absorção no ambiente neutro do sangue. Essa formulação tem a vantagem de uma
longa duração de ação e liberação uniforme sem produzir um pico (imitando a
denominada secreção “basal” de insulina). (GOLAN et al. 2010).
A preparação, a dose e a frequência da administração, são individualizados
para cada paciente, e podem ser ajustados a cada dia, de acordo com a atividade do
paciente, de acordo com a composição das refeições e os níveis de glicemia, como
por exemplo, alguns pacientes injetam insulina de ação curta antes das refeições, e
insulina de ação longa para proporcionar níveis basais de insulina durante a noite. O
único perigo da insulinoterapia é administração de uma grande dose de insulina,
sem que haja a ingestão adequada de carboidratos, pois isso pode ocasionar a
hipoglicemia (baixa concentração de glicose no sangue). Devido a isso, os pacientes
devem ser orientados e alertados para a quantidade de insulina que aplicam em si
mesmo. (GOLAN et al. 2010).
21
FIGURA 6. Preparações de Insulina Comumente Utilizadas
FONTE: Golan et al (2010, p. 503)
Diante do exposto, podemos observar que o princípio ativo, insulina exógena,
quando injetado em pacientes portadores do diabetes melito tipo 1, altera o
metabolismo bioquímico do organismo. Ao decorrer deste trabalho, com o apoio da
bibliografia utilizada, pude observar e compreender a extrema importância da
bioquímica no processo metabólico em nosso organismo, e como as alterações
bioquímicas pode causar diversos efeitos positivos e negativos para a nossa saúde,
além de compreender a importância dos princípios ativos para o auxílio da regulação
da homeostase do organismo.
22
3. Considerações Finais
Segundo Nelson e Cox (2014) o metabolismo bioquímico é de extrema
importância em todos os processos presentes no organismo, e, ao decorrer deste
trabalho, pude notar o quanto a alteração de algum fator bioquímico relacionado ao
metabolismo pode causar diversas outras alterações, causando o comprometimento
da saúde do indivíduo.
Com base também em Golan et al. (2010), pude compreender como os
princípios ativos podem contribuir para a regulação da homeostase do organismo.
Como demonstrado no trabalho, a aplicação de insulina exógena em pacientes
portadores do diabetes melito tipo 1 (pacientes que possuem baixa produção das
células 𝛽, sendo incapazes de fornecer a quantidade de insulina necessária para
ativar os transportadores da glicose) é o meio que além de garantir a normalidade
dos níveis de glicose, inibe a cetogênese no fígado, que como citado anteriormente,
é prejudicial ao organismo.
Dessa forma, constatei que o princípio ativo estudado, se utilizado
corretamente, altera o metabolismo bioquímico do organismo do paciente, de modo
a garantir a saúde e o bem estar do mesmo, evitando danos letais e garantindo o
equilíbrio metabólico.
23
7. Referências
FERNANDES, Nelma Sofia M. Alterações metabólicas no diabético. Universidade
Fernando Pessoa, 2013. Disponível em:
https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/4476/1/PPG_22125.pdf Acesso em: 26 de abril
de 2021.
BARNI, Graziela dos S., Bioquímica Básica e Metabolismo. 1º Edição. Centro
Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI, 2019. Disponível em:
https://www.uniasselvi.com.br/extranet/layout/request/trilha/materiais/livro/livro.php?c
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