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PLUTARCO E OS MISTÉRIOS DE ÍSIS E OSÍRIS (Rodrigo Peñaloza, 15-III-2016) _ by Rodrigo Peñaloza _ Medium

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04/11/2021 22:57 PLUTARCO E OS “MISTÉRIOS DE ÍSIS E OSÍRIS” (Rodrigo Peñaloza, 15-III-2016) | by Rodrigo Peñaloza | Medium
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Rodrigo Peñaloza
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Rodrigo Peñaloza Mar 15, 2016 · 11 min read
PLUTARCO E OS “MISTÉRIOS DE ÍSIS E OSÍRIS” 
(Rodrigo Peñaloza, 15-III-2016)
Escrevi há muito tempo um resumo sobre os mistérios de Ísis e Osíris conforme a
narração de Plutarco. Julgo conveniente começar com uma citação que extraí da parte 1
da obra De Iside et Osiride, de Plutarco: “Porquanto nada, para o homem, é mais grandioso
receber nem, para Deus, é mais augusto agraciar que a verdade”.
Sabe-se que o culto de Ísis foi introduzido na Grécia antes de 330 a.C, o que é
comprovado por inscrições em Peiraeus. Assim, é natural que, na própria cidade em que
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Plutarco (50–120 d.C.) nasceu houvesse cultos egípcios e inscrições referentes a Serápis,
Ísis e Anúbis. O conjunto das obras morais de Plutarco, conhecido por Moralia, é imenso
e, com certeza, a mais popular é a que ficou conhecida com a versão latina do título: De
Iside et Osiride. Apesar da presença marcante da religiosidade egípcia na Grécia, Plutarco
não era agudamente versado em cultura egípcia, mas certamente possuía um cabedal de
conhecimentos razoavelmente elevado quanto a esse tema, provavelmente em
decorrência das fontes a que teve acesso, principalmente Heródoto. Abstraindo-nos,
contudo, de pequenos erros constantes na obra, ela é, mesmo assim, reconhecidamente
majestosa. Fato interessante é que a obra De Iside et Osiride é dedicada a uma sacerdotisa
de Delfos chamada Cléa, a quem Plutarco também dedica uma outra obra de sua Moralia,
aquela que fala da bravura das mulheres. Só nos resta imaginar quão esplêndido há-de ter
sido o caráter dessa sacerdotisa.
Exporei aqui o mais sucintamente possível o conteúdo da obra de Plutarco sobre os
Mistérios de Ísis e Osíris. Os sinais “§” indicam a seção da obra a que se faz referência.
A. Mistérios de Ísis e Osíris
Ísis e a busca da Verdade (§§ 1–7)
A felicidade, que consiste no conhecimento da Verdade, é a mais augusta concessão
divina. Plutarco o diz — e assim o reproduzimos na citação que introduz este ensaio -,
logo no começo da obra, dirigindo-se a Cléa: “porquanto nada, para o homem, é mais
grandioso receber nem, para Deus, é mais augusto agraciar que a verdade”. Se o homem é
imortal, a imortalidade só se justifica pela possibilidade de se conhecer a Verdade. Assim,
aspirar à Verdade é aspirar, ao mesmo tempo, à Divindade. Conhecer a Verdade é ser
sábio: e Ísis é a deusa da Sabedoria. A sabedoria transcende a razão: ela requer o
pensamento filosófico mais profundo. Com efeito, conforme afirma Plutarco, o
verdadeiro isíaco recebe a tradição e submete-a à razão, aprofundando a Verdade pela
filosofia.
Deus fez o Homem imortal com o objetivo de que conhecesse a Verdade e usufruísse da
felicidade. Ísis é um símbolo dessa busca. Quando Plutarco diz que o iniciado nos
Mistérios de Ísis deve submeter a tradição à razão e aprofundar a Verdade pela filosofia,
quer dizer que os ensinamentos transmitidos aos iniciados isíacos devem ser objeto de
reflexão racional, ou seja, de interpretação. O aprofundamento da Verdade sugere uma
ampliação gradativa do conhecimento ou das possibilidades interpretativas. É uma
04/11/2021 22:57 PLUTARCO E OS “MISTÉRIOS DE ÍSIS E OSÍRIS” (Rodrigo Peñaloza, 15-III-2016) | by Rodrigo Peñaloza | Medium
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afirmação, portanto, de que o conhecimento da Verdade, nos Mistérios de Ísis, também
se dá através de graus nos quais o iniciado se aproxima cada vez mais da Verdade.
Os fundamentos dos mitos (§§ 8–11)
Os princípios que os egípcios introduziram em suas cerimônias não são fundamentados
em superstições. Têm, ao contrário, fundamento em princípios morais, razões de
utilidade, lembranças históricas ou explicações deduzidas dos fenômenos naturais. Tanto
é assim que Plutarco adverte que, ao ouvirmos o que a mitologia egípcia relata, não
devemos tomar tudo literalmente, mas interpretar.
Plutarco esclarece que, nos Mistérios de Ísis, os relatos mitológicos têm dois lados: o
exotérico e o esotérico. O exotérico decorre do relato tal como é; o esotérico decorre do
esforço interpretativo do iniciado.
Relato do mito de Ísis-Osíris-Tífon (§§ 12–19)
Aqui começa o relato do mito de Ísis, Osíris e Tífon, segundo a narrativa de Plutarco.
Dado que devo ser sucinto, omitirei muitos detalhes, mas, espero, sem afetar a coesão
lógica da história.
Réa, deusa do céu, teve uniões secretas com Cronos, deus da terra. O Sol — ou, ainda,
Rá, o olho diurno do rosto celeste -, tendo descoberto, amaldiçoou Réa desejando que ela
não pudesse dar à luz. Hermes, que dela era enamorado, jogou dados com a Lua,
arrebatando-lhe a septuagésima segunda parte de seus dias de luz, formando, assim,
cinco dias (com efeito, 360 ¸ 72 = 5, de modo que, adicionando-se esses 5 aos 360, temos
os 365 dias do ano religioso). Nesses cinco dias adicionais, os egípcios celebravam o
aniversário dos deuses. No primeiro dia nasceu Osíris; no segundo, Aruéris; no terceiro,
Tífon; no quarto, Ísis e, no quinto, Néftis, que uns chamavam Teleuté e Afrodite ou ainda
Vitória. Tífon, porém, nasceu de uma forma abrupta, fora de seu tempo e rasgando o
flanco materno de um só golpe. Por essa razão, o terceiro dia dos dias adicionais era
considerado nefasto. Ísis e Osíris, enamorados desde o ventre, uniram-se.
Osíris passou a reinar os egípcios, tirando-os das privações e da ignorância, percorrendo
toda a terra para civilizá-la. Na sua ausência, Ísis mantinha estreita vigilância contra as
investidas de Tífon, por natureza, malévolo. Regressando Osíris, Tífon planejou matá-lo.
Inteirou-se das medidas do corpo de Osíris e construiu um ataúde com as mesmas
medidas, decorando-o maravilhosamente e apresentando-o em um festim. Todos, no
festim, ficaram arrebatados e Tífon prometeu presenteá-lo àquele que nele coubesse
04/11/2021 22:57 PLUTARCO E OS “MISTÉRIOS DE ÍSIS E OSÍRIS” (Rodrigo Peñaloza, 15-III-2016) | by Rodrigo Peñaloza | Medium
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perfeitamente. Obviamente, apenas Osíris coube no esquife. No momento em Osíris lá
estava, todos os convidados correram para fechar o ataúde, aprisionando-o lá dentro. Em
seguida, o caixão foi jogado ao rio e deixado chegar até o mar pela boca Tanítica. Os Pãs e
os Sátiros, que habitavam os arredores de Chemnis, uma cidade do Alto Egito, mais
tarde chamada Panópolis, foram os primeiros a saber da tragédia, espalhando a notícia
com espanto, a população ficando subitamente atemorizada pelos fatos. Desde então esse
temor que tomou conta do povo passou a ser denominado pânico, em lembrança do dia
de terrores alardeados pelos Pãs.
Quando Ísis soube, cortou uma mecha de seus cabelos, vestiu-se de luto e saiu vagando
amargurada, perguntando a todos que encontrava sobre o paradeiro do esquife. Umas
crianças que encontrou finalmente lhe indicaram o paradeiro. Ela também descobriu que
Osíris uniu-se com sua irmã Néftis, pensando ser Ísis, e que dessa união nasceu uma
criança chamada Anúbis. Encontrou a criança e alimentou-a, convertendo Anúbis em
seu guardião e acompanhante.
Em seguida, avisaram-lhe que o esquife estacionara ao pé de uma tamareira, no território
de Biblos. O rei de lá mandara cortar o tronco em que estava o esquife invisível e fazer
com ele uma coluna para sustentar o teto de seu palácio. Ísis foi para lá, permanecendo
silente, pranteando somente. As damas da rainha acolheram-na, pois Ísis se oferecera
para entrançar-lhes os cabelos e impregná-las com o perfume que seu próprio corpo
exalava. A rainha, encantada com a estrangeira, mandou chamá-la, fez dela sua amiga
íntima e nomeou-a ama de leite de seu filho. Ísis, em vez de dar-lhe o seio, punha o dedo
na boca da criança, queimando o que havia de mortal em seu corpo. Esse procedimento
perdurou até que a rainha, tendo descoberto que Ísis queimava-lhe o filho, privando-o
do privilégio da imortalidade, lançou agudos gritos. Foi só então que Ísis descobriu sua
qualidade de deusa. Pediu, assim, a coluna, desprendeu-a, cobriu-a e ungiu-a, confiando-
a aos cuidados do rei e da rainha. Ao encontrar o caixão, prostrou-se sobre ele, soluçando
tão agudamente que o filho mais jovem do rei ficou como morto. Com a ajuda do filho
maior do rei, ela o pôs em um navio e zarpou.
Conta Heródoto que, antes de sair em busca do féretro, Ísis confiou seu filho Hórus, que
tivera com Osíris, a Outit, para protegê-lo das emboscadas de Tífon e guardá-lo até
terminar sua busca. Esse detalhe não aparece na obra de Plutarco, mas esclarece o trecho
seguinte da obra, §18, em que Plutarco diz que Ísis, antes de ir em busca de seu filho
Hórus, depositou o féretro de Osíris em um lugar afastado. Tífon, porém, descobriu o
esconderijo e cortou o corpo de Osíris em quatorze pedaços, lançando-os ao vento. Ísis
partiu novamente, agora em um barco de papiro e em busca dos pedaços do corpo de
04/11/2021 22:57 PLUTARCO E OS “MISTÉRIOS DE ÍSIS E OSÍRIS” (Rodrigo Peñaloza, 15-III-2016) | by Rodrigo Peñaloza | Medium
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Osíris. Encontrou-os todos, menos o falo, pois, quando Tífon o atirou ao rio, comeram-
no o lepidoto, o capatão e o oxirrinco. São peixes e crustáceos da região. Para repor o
membro, Ísis construiu uma imitação, daí a celebração do falo pelos egípcios.
Quando Osíris voltou dos infernos, treinou seu filho Hórus para o combate contra Tífon.
O combate terminou com a vitória de Hórus. Tífon, amarrado, foi entregue a Ísis, mas
esta o libertou. Hórus, indignado, arrancou-lhe da fronte o diadema real. Mas Hermes
substituiu o diadema por uma peça com a forma de cabeça de vaca e pôs sobre a cabeça de
Ísis.
Osíris, depois de morto, uniu-se novamente a Ísis e dessa união nasceu Harpocratas,
prematuro e de pernas débeis. Para uns, Harpocratas é Hórus criança, o Sol nascente.
Para outros, é o Sol no inverno.
As formas e o conteúdo dos mitos (§§ 20–31)
Plutarco rejeita a ideia de que os mitos relatem fatos tais como realmente ocorreram. O
mito é a imagem de certa verdade que reflete um mesmo pensamento em diferentes
ambientes, “como nos dão a entender esses ritos impregnados de luto e tristeza aparente,
essas disposições arquitetônicas dos templos”. Plutarco ilustra essa generalidade com
mitos do Egito e da Assíria.
Plutarco também rejeita a ideia de que os mitos apenas relembrem ações históricas de
grandes homens ou deuses. Considera mais razoável (junto com Platão, Pitágoras,
Xenócrates e Crisipo) a ideia de que os mitos relatem os reveses de “Gênios”. Gênios são
homens dotados de uma natureza espiritual superior. Ele diz que “Ísis e Osíris, que
foram bons Gênios, foram convertidos em deuses devido às suas virtudes, da mesma
maneira como o foram Hércules e Dioniso”. Plutarco aborda aqui, por conseguinte, os
fundamentos sócio-históricos dos mitos. Os mitos podem relatar os reveses de homens
espiritualmente superiores que viveram entre nós e cujas vidas (ou o significado delas
para os seus contemporâneos) foram retratadas, simbolicamente, nos mitos. Esses
homens espiritualmente superiores (os gênios) foram elevados à categoria de deuses
pelos próprios homens. Os ensinamentos desses gênios foram transmitidos a todos,
como se verifica pela diversidade dos mitos em diferentes ambientes, em diferentes
nações, mas refletem todos eles um mesmo pensamento. Essa unidade de pensamento se
manifesta na natureza lúgubre dos mitos, ou seja, nos aspectos da morte, do sofrimento e
do renascimento, e, também, na arquitetura dos templos.
Para ele, portanto, os diferentes mitos possuem um eixo comum.
04/11/2021 22:57 PLUTARCO E OS “MISTÉRIOS DE ÍSIS E OSÍRIS” (Rodrigo Peñaloza, 15-III-2016) | by Rodrigo Peñaloza | Medium
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A tríade Osíris-Ísis-Tífon (§§ 32–55)
Plutarco esboça interpretações mais filosóficas da tríade Osíris-Ísis-Tífon. Começa
mencionando os que fazem a associação: Osíris = Nilo; Ísis = Terra; Tífon = mar. Segue
apresentando outras interpretações baseadas nos fatos naturais (estações da seca, da
chuva, fenômenos astronômicos, como eclipses etc.) até concluir que Tífon simboliza
tudo que é nocivo na natureza (§45).
Com o intuito de interpretar a dualidade Osíris-Tífon, faz menção a uma doutrina muito
antiga, a de que dois princípios opostos (regularidade e irregularidade) estão mesclados
na Natureza. Faz, então, a associação (§52). Osíris é a Alma do mundo, inteligência e
razão. De Osíris emana toda regularidade, tudo que é constante e saudável com relação às
estações, temperatura, periodicidades etc. Tífon é tudo aquilo que, na alma do mundo,
há de apaixonado, subversivo, irracional e impulsivo, tudo de perecível e nocivo no corpo
do universo. Simboliza todas as desordens causadas pelas irregularidades e intempéries
das estações, eclipses do Sol, ocultações da Lua. É a força opressora e constringente, é o
transtorno, o salto para trás.
Após associar Osíris e Tífon ao princípio (hermético) da dualidade, interpreta Ísis como
(§§53–55) sendo a Natureza considerada como mulher apta para receber toda geração.
Em suma, Osíris simboliza o princípio universal que torna o universo ordenado e regular.
Ísis simboliza a Natureza, enquanto matéria-prima que potencialmente pode receber
qualquer forma impressa pelo princípio ordenador. Tífon simboliza os desvios da
regularidade, seja por deficiência, seja por excesso.
A tríade Osíris-Ísis-Hórus (§§ 56–66)
A natureza mais perfeita e divina compõe-se de três princípios: inteligência, matéria e
mundo organizado (cosmo, o produto da união dos dois primeiros princípios), tríade
essa simbolizada pelo triângulo retângulo de lados 3, 4 e 5, que Platão também ilustra na
República:
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Osíris concede os princípios. Ísis os recebe e distribui. Hórus é o mundo ordenado,
resultado, ou melhor, síntese do princípio ativo de Osíris e do passivio de Ísis. Tífon é a
perturbação pelo excesso ou pela deficiência.
Plutarco apenas reforça o que foi comentado quanto aos §§32–55, mas acrescenta a
interpretação de Hórus, o filho de Osíris e Ísis. Hórus é o cosmo, o mundo ordenado e
belo, fruto da inteligência organizadora que atua sobre a matéria-prima do universo.
Unicidade do conteúdo simbólico dos ritos (§§ 67–73)
Assim como o sol, a lua, o firmamento, a terra e o mar são conhecidos por todos os
povos, ainda que por nomes diferentes, assim também essa razão única que regula o
universo e as potências que a ajudam são objeto de homenagens e denominações que
variam com a diversidade dos costumes. Esses diversos nomes e ritos servem de símbolos
de uma verdade só: o princípio ternário do universo.
Plutarco afirma que a forma dos ritos varia, mas que seus significados simbólicos são
universais e apontam todos para a mesma verdade. Dentro do contexto cultural em que
se insere, o dos Mistérios de Ísis, Plutarco faz um belíssimo chamamento à tolerância
religiosa e cultural e à visão de que todos os homens compartilham do mesmo desejo pela
verdade.
Razões de utilidade (§§ 74–80)
Na parte final sua obra, Plutarco afirma que certos símbolos referem-se a fenômenos
úteis ao Homem, isto é, que certos símbolos foram criados devido ao seu caráter
educativo.
B. Conclusão
O que subjaz a obra de Plutarco não é propriamente o mito de Ísis e Osíris e suas diversas
interpretações, mas um profundo sentimento de tolerância religiosa e cultural. Ao
apresentar os diversos níveis interpretativos do mito, Plutarco deixa claro que, sob
diversas formas, o mito é comum a todos os povos, pelo menos os principais povos
conhecidos da época, embora a substância seja a mesma. E, principalmente, que em
todos os casos, o que move a celebração do mito em cada povo é a busca da Verdade. Ele
retoma, assim, a abertura da obra, quando diz que a busca da Verdade é o maior presente
dos deuses aos homens e o melhor presente que os homens podem receber. Dessa forma,
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Plutarco defende a ideia de que todos os homens, não importando a cultura nem a
religião, ainda que por caminhos aparentemente diferentes, são irmãos em busca de uma
mesma Verdade Universal.
Plutarco Isis And Osiris
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