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DINÂMICA DOS FLUIDOS – PARTE II FACULDADE ESTÁCIO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL DISCIPLINA MECÂNICA DOS FLUIDOS MSc. Paulo José Simão Gonçalves Manaus 2021 1. TIPOS DE ENERGIA Com base na equação da continuidade e no comportamento de um fluido em tubos de corrente, pode- se concluir que nenhuma energia é adicionada ou retirada durante o seu escoamento. Contudo, uma determinada energia pode ser transformada em outro tipo durante esta movimentação. Por isso, o balanço das energias deve ser identificado por meio de uma equação. Todavia, antes é preciso conhecer os tipos de energias existentes, que são: a) Energia potencial (Ep): representa a energia calculada a partir do posicionamento de uma partícula no campo gravitacional em relação a um plano referencial e sendo medida pelo potencial trabalho realizado nela. Para os fluidos, o que interessa é a diferença (entre dois pontos 1. TIPOS DE ENERGIA distintos) das energias potenciais entre dois ou mais pontos. b) Energia cinética (Ec): é a energia obtida pelo movimento de uma partícula (ou do fluido por completo), sendo calculada por: c) Energia de pressão (Epr): é a energia correspondente ao trabalho potencial das forças de pressão que atuam no escoamento do fluido. Onde: m – massa do sistema; g – aceleração da gravidade; z – profundidade em relação ao plano referencial (PHR). Onde: v – velocidade da partícula (ou do fluido). Fonte: BRUNETTI (2008). 1. TIPOS DE ENERGIA Considerando que em um tubo de corrente a pressão é uniforme em uma de suas seções, a força resultante aplicada na interface desta seção será igual F = p. A. Para o intervalo de tempo “dt”, o fluido deslocará “ds” sob ação desta força, produzindo um trabalho igual a: Como dW = dEpr = p.dV Fonte: BRUNETTI (2008). 2. CONSERVAÇÃO DE ENERGIA O princípio da conservação de energia surge da 1ª Lei da Termodinâmica que, para um determinado volume, afirma que: “A diferença entre o calor e o trabalho gerados pelo sistema (ou máquina) e o seu entorno é equivalente a variação de energia pelo tempo”. Sendo representado por: 2. CONSERVAÇÃO DE ENERGIA A energia total gerada pode ser representada por: Onde: eint – energia interna específica e relacionada a temperatura; v – velocidade de movimentação de uma partícula; g – aceleração da gravidade (= 9,81 m/s2); ρ – massa específica; z – profundidade (ou altura) da partícula em relação a um nível de referência. Assim, a expressão do princípio da conservação de energia (válida para os fluidos) pode ser reescrita como: 2. CONSERVAÇÃO DE ENERGIA Onde: QC – representa a taxa de calor adicionada (ou retirada) pelo meio em relação a um determinado volume; W – representa a taxa de trabalho realizada (considerando essa variação positiva) deste volume no meio onde se encontra; – vazão de energia para dentro (ou para fora) do volume (que pode ser referente a de um fluido); – taxa de energia de acumulação no interior do volume (que pode ser referente a de um fluido). 3. EQUAÇÃO DE BERNOULLI Uma aplicação prática na mecânica dos fluidos referente a equação de energia considera a análise sob um escoamento permanente e sua integração com a linha de corrente. Considerando que as propriedades do fluido na entrada e saída serão preservadas, chega-se a: Sendo que: 3. EQUAÇÃO DE BERNOULLI E: - a energia interna é constante: eint1 = eint2 = eint A equação da conservação de energia pode ser reescrita como: Aplicando o princípio da conservação de massa, em que: 3. EQUAÇÃO DE BERNOULLI A equação passa a ficar restrita a: Que reorganizada, produz a equação de Bernoulli: Onde: 3. EQUAÇÃO DE BERNOULLI Fonte: BRUNETTI (2008). Assim, pode-se concluir o que foi dito anteriormente sobre o fato de que nenhuma energia é perdida ou criada, mas que: e que 4. PRESSÃO DE ESTAGNAÇÃO A equação de Bernoulli pode ser aplicada em algumas situações específicas referente ao escoamento dos fluidos. Considere o estudo das linhas de corrente de um jato de água entre os pontos 1 e 2 da figura abaixo: Fonte: COIMBRA (2015). 4. PRESSÃO DE ESTAGNAÇÃO Se for considerado que: - Os dois pontos estão sob o mesmo eixo, logo para qualquer plano referencial, z1 = z2; - Por não existir nenhuma linha de corrente no ponto 2, pode-se admitir que v2 = 0. Assim, a equação de Bernoulli aplicada a este exemplo poderá ser reescrita em termos de pressão por: v1 2 + p1 = p2 2g ρ.g ρ.g p2 - p1 = v1 2 ρ ρ 2 ∆p = v1 2. ρ 2 4. PRESSÃO DE ESTAGNAÇÃO O termo ∆p está relacionado a variação de pressão (devido ao aumento da carga volumétrica) nos dois pontos e é denominado de pressão dinâmica. A pressão P1 medida no ponto 1 é denominada de pressão estática, podendo ser medida pelo manômetro durante o escoamento do fluido. A pressão P2, referente ao ponto 2, seria a pressão total ou de estagnação, sendo obtida pela soma das pressões estáticas e dinâmicas. Com isso, pode-se afirmar que o peso dos volumes de controle (e reduzidos a um ponto em 1 e 2) é equilibrado pela força hidrostática de flutuação. 5. VELOCIDADE DE ESCOAMENTO Por meio da equação de Bernoulli, também é possível calcular a variação das velocidades no escoamento quando nenhuma delas é nula. Considere que a figura abaixo representa uma linha de corrente de um escoamento incompressível, permanente e homogêneo. Fonte: COIMBRA (2015). 5. VELOCIDADE DE ESCOAMENTO Caso no ponto A1 seja introduzido um tubo piezométrico com seção transversal paralela a linha de corrente, o líquido o adentrará até a altura l1 para equilibrar a pressão neste ponto (pressão estática). Colocando no ponto A2 um outro tubo será verificado uma nova altura l2. Como foi visto anteriormente que: PA2 – PA1 = ∆v Considerando que h1 ≠ h2, v1 ≠ v2 ≠ 0, além de que a fórmula da carga de pressão afirma que : l = P = P ρ.g γ Constata-se que ∆P = ∆l.γ. 5. VELOCIDADE DE ESCOAMENTO Assim, a diferença de carga de pressão entre os pontos A1 e A2 será igual a: Mas se um tubo (denominado de Pitot) for instalado com a seção transversal na posição normal a linha de ação (ponto A da figura ao lado), haverá neste ponto uma pres- -são de estagnação (Pt), que extrapola a pressão estática (P) que seria obtida pelo uso do tubo piezométrico, calculando a velo- -cidade de escoamento do fluido por: v2 = 2. (Pt – P) ρ Fonte: COIMBRA (2015). 5. VELOCIDADE DE ESCOAMENTO Onde: P – pressão estática em A (com v ≠ 0); Pt – pressão de estagnação em A (com v = 0). ρ – massa específica do fluido incompressível e homogêneo em regime permanente. O tubo de Pitot (juntamente com tubos piezômetricos) é adotado em aviões para deter- -minação da velocidade de voo a partir de sua ligação a um manômetro diferencial. Fonte: VILLANOVA (2011). 6. TEOREMA DE TORRICELLI Considerando o escoamento permanente e unidimensional, pode-se considerar que a equação de Bernoulli pode ser escrita como: Onde: H (t) – carga total obtida em função do tempo. Incluindo as restrições do escoamento irrotacional (velocidade angular nula) para um tubo de corrente com seções variáveis distintas e com velocidades uniformes, a equação novamente é modificada para: 6. TEOREMA DE TORRICELLI Ilustrada conforme a figura abaixo: Para duas superfícies livres de um líquido, em que as pressões atuantes são iguais a atmosférica, sendo uma delas situada na parte superior do reservatório (com velocidade u1 nula) e outra em um jato em uma saída inferior (com velocidade u2), a equa- -ção anterior pode ser adaptada para: Fonte: BRUNETTI (2008). 6. TEOREMA DE TORRICELLI Sendo: Assim, considerando o desnível h = h1 – h2, pode-se obter a velocidade finita do jato por: Que é ilustra o Teorema de Torricelli. Fonte: COIMBRA (2015). 7. EQUAÇÃO DE EULER Para o estudo de uma linha de corrente instantânea L, pode-se considerar um conjunto de eixos distintos aos cartesianos (x, y e z), denominados de naturais (e identificadospelas letras n, s e m), conforme ilustrado abaixo. Fonte: COIMBRA (2015). 7. EQUAÇÃO DE EULER Da aplicação da 2ª Lei de Newton para o escoamento ideal, pode-se adotar a equação de Euler, que relaciona as forças de pressão com as de inércia. Nesse escoamento, atuam as mesmas forças presentes no fluido em repouso. Através destas equações, deve-se calcular todas as componentes da velocidade em torno dos eixos naturais, a pressão e a massa específica em todos os pontos do fluido. Utilizando as expressões das acelerações obtidas em função da força gravitacional atuante em fluido, 7. EQUAÇÃO DE EULER Para as coordenadas cartesianas, as equações de Euler serão iguais a: Enquanto para as coordenadas naturais (com uma associação feita em relação as coordenadas cartesianas), ao igualar os componentes da aceleração aos da força resultante, chega-se a: 7. EQUAÇÃO DE EULER Sendo r uma coordenada esférica. Logo, para o escoamento incompressível e homogêneo, adota-se: Para o escoamento bidimensional (em relação aos eixos s e n, por exemplo), as expressões adotadas serão: 7. EQUAÇÃO DE EULER Enquanto que para o escoamento unidimensional (em relação ao eixo s, por exemplo), emprega-se a seguinte expressão: Equivalente a: Ou seja, a equação de Bernoulli é empregada para este caso de escoamento com velocidade em um único eixo. REFERÊNCIAS BRUNETTI, F. Mecânica dos fluidos. 2a Ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall. 2008. COIMBRA, A. L. Mecânica dos fluidos. 1ª Ed. Rio de Janeiro: E-papers, 2015. GOMES, M. H. R. Apostila de mecânica dos fluidos. Faculdade de Engenharia da Universidade de Juiz de Fora. Juiz de Fora. VILLANOVA, L. C. Manual dos fluidos. 3a Ed. Santa Maria: E-tec Brasil. 2011.
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