Buscar

Biotecnologia_Caracterização do sector 2013

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 181 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 181 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 181 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Y 
 
 
 
 P
o
rt
u
g
a
l 
2
0
1
3
 
B
IO
T
E
C
N
O
L
O
G
IA
 
C
A
R
A
C
T
E
R
IZ
A
Ç
Ã
O
 D
O
 S
E
T
O
R
 
ESTUDO DESENVOLVIDO NO ÂMBITO DO 
PROJETO “PROMOÇÃO E DINAMIZAÇÃO DE 
CLUSTERS TECNOLÓGICOS EMERGENTES” 
 
 
 
 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Março 2013 
Imagem da capa: http://2.bp.blogspot.com/-
3afTbgeyni0/TcHlAREnOdI/AAAAAAAAAAk/YHRl5zg4F2U/s1600/Bio.jpg 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
3 
 
Índice 
1. Sumário Executivo ............................................................................................... 6 
1.1. Definição ........................................................................................................ 6 
1.2. Nanotecnologia em Portugal .......................................................................... 6 
1.3. Futuro ............................................................................................................. 6 
2. Enquadramento do Estudo ................................................................................... 8 
3. Biotecnologia: Introdução ao setor ....................................................................... 9 
3.1. O caminho desde a biotecnologia tradicional à moderna ............................... 9 
3.2. Biotecnologia: O conceito ............................................................................. 15 
3.3. As aplicações da biotecnologia .................................................................... 19 
4. O setor da biotecnologia a nível mundial ........................................................... 31 
4.1. O mercado biotecnológico a nível mundial ................................................... 32 
4.2. Número de empresas biotecnológicas por países, ano 2011 ou último ano 
disponível ............................................................................................................... 43 
4.3. Registo de patentes internacionais PCT em matéria de biotecnologia ........ 45 
5. Diagnóstico do setor biotecnológico em Portugal. Análise dos principais 
indicadores ................................................................................................................ 47 
5.1. Considerações metodológicas ..................................................................... 47 
5 ......................................................................................................................... 48 
5.2. Classificação das empresas biotecnológicas de Portugal segundo as suas 
áreas de atividade ................................................................................................. 51 
5.3. Tipo de empresas biotecnológicas portuguesas segundo a sua dimensão . 52 
5.4. Distribuição geográfica das empresas biotecnológicas em Portugal ........... 55 
5.5. Volume de exploração das empresas biotecnológicas em Portugal ............ 56 
5.6. Número de empregos gerados pelas empresas biotecnológicas em Portugal . 
 ..................................................................................................................... 61 
6. Os instrumentos de financiamento da I&D&I ...................................................... 64 
6.1. Projetos do 7.º PROGRAMA-Quadro ........................................................... 64 
6.2. Projetos EUREKA ........................................................................................ 67 
6.3. Projetos IBEROEKA ...................................................................................... 75 
6.4. Projetos QREN ............................................................................................. 83 
6.5. Convocatória NEOTEC ................................................................................ 89 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
4 
 
7. Instrumentos de apoio no âmbito da biotecnologia ............................................ 93 
7.1. Programa estratégico para o empreendedorismo e inovação (+E+I) ........... 94 
7.2. Sistemas de incentivos do QREN ................................................................ 95 
7.3. Sistemas de apoio a parques de ciência e tecnologia e incubadoras de 
empresas de base tecnológica ............................................................................ 101 
7.4. Sistemas de incentivos a acções colectivas (SIAC) ................................... 103 
7.5. Capital de risco .......................................................................................... 104 
7.6. Sistema de Apoio a Entidades do Sistema Científico e Tecnológico Nacional 
 ................................................................................................................... 106 
8. Agentes envolvidos no setor da Biotecnologia em portugal ............................. 109 
8.1. Associações biotecnológicas ..................................................................... 109 
8.2. Institutos tecnológicos ................................................................................ 112 
8.3. Parques tecnológicos ................................................................................. 117 
8.4. Agências de inovação ................................................................................ 122 
8.5. Portal de notícias ....................................................................................... 123 
8.6. Fundações ................................................................................................. 123 
8.7. Centros tecnológicos .................................................................................. 124 
8.8. Agentes na Europa..................................................................................... 129 
9. Fatores de sucesso do setor da biotecnologia em Portugal e oportunidades do 
meio ........................................................................................................................ 135 
10. Aspetos críticos do setor biotecnológico em Portugal e ameaças do meio ...... 142 
11. Tendências no setor biotecnológico ................................................................. 151 
11.1. À espera do Horizonte 2020 ................................................................... 151 
11.2. Tendências do setor biotecnológico ........................................................ 152 
11.3. Tendências nos principais setores que aplicam a biotecnologia ............. 155 
11.4. A inovação aberta e a difusão das capacidades ..................................... 165 
11.5. A internacionalização como saída da crise nas empresas biotecnológicas .. 
 ................................................................................................................ 167 
12. Proposta estratégica para o setor biotecnológico em Portugal ........................ 169 
12.1. A abordagem da política estratégica. A figura do cluster ........................ 169 
12.2. Atuações estratégicas ............................................................................. 171 
13. Reflexões finais ................................................................................................ 175 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
5 
 
Bibliografia ....................................................................................................... 179 
 
 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
6 
 
1. SUMÁRIO EXECUTIVO 
1.1. Definição 
 
A biotecnologia é a ciência que faz uso de organismos vivos ou parte deles para a produção 
de bens e serviços. Nesta definição enquadra-se um conjunto de atividades que o homem 
vem desenvolvendo há milhares de anos, como a produção de alimentos fermentados (pão, 
vinho, iogurte, cerveja, entre outros). Por outro lado, a biotecnologia moderna é a que utiliza 
a informação genética, integrando técnicas de ADN recombinante. 
 
A biotecnologia combina disciplinas tais como a genética, a biologia molecular, a bioquímica,a embriologia e a biologia celular, com a engenharia química, as tecnologias de informação, 
a robótica, a bioética e o biodireito, entre outras. 
 
1.2. Nanotecnologia em Portugal 
 
A investigação em biotecnologia desenvolve-se um pouco por todo o país e Regiões 
Autónomas, tendo sido já constituídos diversos grupos de unidades científicas de 
investigação aplicada e empresas especializadas, entre os quais se encontra um Parque 
Tecnológico dedicado à biotecnologia e institutos integrados de investigação multidisciplinar 
reconhecidos a nível europeu. 
 
O processo de desenvolvimento da biotecnologia em Portugal teve o seu início formal em 
1989 com a criação da primeira organização de investigação especializada em 
biotecnologia. 
 
As áreas tecnológicas com desenvolvimento mais significativo incluem as ciências da vida, 
(designadamente doenças genéticas, doenças infeciosas e imunologia, neurociências, 
stress e biologia estrutural), os biomateriais, os materiais biodegradáveis e biomiméticos. 
 
1.3. Futuro 
 
Em termos industriais, tem-se assistido à criação de diversas empresas, resultantes, na sua 
maior parte, de processos de empresarialização de resultados académicos e científicos. Em 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
7 
 
1998, foi criada a APbio (Associação Portuguesa de Bioindústrias) que atualmente conta, 
entre os seus associados, com mais de 30 empresas e diversos centros de investigação e 
incubação. 
 
Um dos problemas desta área empresarial é o tempo até ao mercado, que varia 
normalmente entre 8 e 15 anos, exigindo grandes investimentos até os produtos chegarem 
aos consumidores. A falta de empresas de capital de risco especializadas e com recursos 
suficientes para suportar o esforço necessário ao processo de desenvolvimento, 
certificação, testes e aprovação é a principal ameaça ao sucesso desta área tecnológica em 
Portugal. 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
8 
 
2. ENQUADRAMENTO DO ESTUDO 
 
Perante a conjuntura atual e a necessidade de uma rápida reconversão da estrutura 
económica, a BICS, Associação dos Centros de Empresa e Inovação Portugueses, com 
o projeto de “Dinamização de Clusters Tecnológicos Emergentes” pretende envolver os 
principais agentes de 4 áreas estratégicas emergentes: Nanotecnologia, Digital Media, 
Clean Tech e Biotecnologia, para o impulsionamento de uma clusterização dinâmica. 
 
Deste projeto deve resultar uma distinção pela positiva de clusters mais dinâmicos e 
com maior potencial, fomentando debates de índole regional, recorrendo à promoção do 
networking e a sistemas de open innovation e oriented innovation, além de criar condições 
para a geração de externalidades indutoras de efeitos de arrastamento na economia, 
sendo sensibilizador e incitador do Empreendedorismo, da Inovação e da Cooperação 
Institucional em Portugal. 
 
O projeto decorre paralelamente aos objetivos gerais dos BIC de fortalecer a 
comunicação e cooperação com as Universidades, Institutos Politécnicos, Centros de 
Transferência de Tecnologia e Entidades de Apoio às Empresas e aos 
Empreendedores no sentido de fortalecer as redes regionais de desenvolvimento 
económico e social, numa perspetiva de sustentabilidade e melhoria da qualidade de vida e 
competitividade das regiões. 
 
No quadro deste projeto, o estudo de diagnóstico do setor biotecnológico em Portugal 
pretende analisar a atual situação do setor e demonstrar a biotecnologia como um setor 
horizontal que conta com grandes ferramentas para o desenvolvimento sustentável da 
indústria nacional. 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
9 
 
3. BIOTECNOLOGIA: INTRODUÇÃO AO SETOR 
 
3.1. O caminho desde a biotecnologia tradicional à moderna 
 
A biotecnologia tradicional baseia-se na obtenção e utilização dos produtos do 
metabolismo de certos micro-organismos. Pode ser definida como “a utilização de 
organismos vivos para a obtenção de um bem ou serviço útil para o homem”. 
 
Embora biotecnologia seja um termo que ao público em geral possa soar como inovador, 
esta faz parte da vida humana há mais tempo do que as pessoas possam imaginar. A 
aplicação da biologia na transformação da natureza é uma tecnologia muito antiga, isto é, 
desde há séculos passados que o homem tem aplicado o uso de processos 
biológicos como ferramentas de transformação de matérias-primas em produtos 
finais. 
 
Um claro exemplo da utilização da biotecnologia por parte do homem observa-se há 
séculos na descoberta da fermentação. Ao fermentar as uvas obtinha-se um produto final, 
o vinho, o mesmo acontecia com a fermentação dos cereais (a cerveja) ou das maçãs (a 
sidra). Nestes processos intervêm micro-organismos que transformam componentes do 
suco de frutas ou de cereais em álcool. A biotecnologia também faz parte da fabricação de 
pão mediante a utilização de leveduras, conseguir produzir queijos através da adição de 
bactérias, iogurte, entre outros. Embora, naquela altura, os homens não entendessem como 
ocorriam estes processos, nem conhecessem a existência de micro-organismos, podiam 
utilizá-los para seu benefício. 
 
Todos estes processos foram desenvolvidos a partir de mecanismos de tentativa e 
erro e “afinados” desde o século XIX com diversas técnicas (em consonância com o 
desenvolvimento da química). Algo semelhante ocorreu com o desenvolvimento das 
vacinas e de outros medicamentos de origem biológica: identificado o agente, a sua 
atenuação permitia a cultura reprodutiva controlada e com isso a geração de vacinas. 
 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
10 
 
O documento intitulado "Biotecnologia" e desenvolvido por ArgenBio1 faz referência a que a 
biotecnologia começa a ser estudada nos inícios do século XIX, quando a procura de 
mão-de-obra para a indústria incipiente estimulou o êxodo da população do campo para a 
cidade. Como consequência, as condições sanitárias, doenças e fome eram cada vez 
piores. Ao mesmo tempo, o progresso exigia processos industriais mais eficientes. Portanto, 
o entendimento dos fenómenos naturais tornou-se indispensável para responder às 
necessidades da sociedade. 
 
A partir de 1850 surgem novas áreas do conhecimento; nascem a microbiologia, a 
imunologia, a bioquímica e a genética. A química industrial evolui aceleradamente e, 
também, aumenta a intervenção da engenharia agrícola e da pecuária na administração do 
campo. 
 
Em 1914, Karl Ereky, um engenheiro agrónomo húngaro, desenvolve um plano de criação 
de porcos para substituir as práticas tradicionais por uma indústria agrícola capitalista, 
baseada no conhecimento científico. Deve-se a Ereky (1919) a primeira definição de 
biotecnologia, “a ciência dos métodos que permitem a obtenção de produtos a partir de 
matéria-prima, mediante a intervenção de organismos vivos”. Para ele, a era bioquímica 
substituiria a Idade da Pedra e do Ferro. 
 
O século XX assiste a um desenvolvimento extraordinário da ciência e da tecnologia 
(eletrónica e informática). Da convergência de ambas resultam êxitos extraordinários em 
vários setores produtivos, onde os seres vivos constituem a base de aplicações tão diversas 
como a geração de variedades vegetais mais produtivas, a fabricação de novos alimentos, o 
tratamento dos resíduos e a produção de enzimas e antibióticos. 
 
Sob esta premissa, definir-se-ia a biotecnologia moderna como a aplicação científica e 
tecnológica a organismos vivos, as suas partes, produtos e modelos destinados a modificar 
organismos vivos e/ou materiais aplicados à produção de conhecimentos, bens e serviços 
(OCDE, 2006). 
 
 
1 Estudo intitulado: BIOTECNOLOGIA. Elaborado para o ArgenBio e a Universidade de Quilmes Editorial. Autora: 
María Antonia Muñoz de Malajovich.
 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
11 
 
Pier Paolo Saviotti2 introduz-nos no início da biotecnologia moderna através do Relatóriode 
Vigilância Tecnológica, Comissão Europeia. Neste estudo indica que a biotecnologia 
moderna deriva do aparecimento da biologia molecular, uma nova disciplina fundada nos 
anos 1930 com o objetivo de aplicar os métodos da física à biologia. A descoberta da 
estrutura do ADN por Watson e Crick demonstrou que os genes contêm a informação para 
a produção de proteínas. Apesar de que foi imediatamente evidente que esta descoberta 
poderia ter aplicações potenciais enormes para a medicina bem como para muitas outras 
áreas de atividade, a aplicação prática deste potencial não começou a ser usada até a 
descoberta do ADN recombinante e dos anticorpos monoclonais nos inícios dos anos 
1970 (McKelvey, 1997; Goujon, 2001; Eliasson, 2000). 
 
Estas duas descobertas abriram o caminho às aplicações industriais, das quais eram 
esperados resultados económicos em períodos de tempo relativamente curtos. A isto 
seguiu-se uma onda de investimentos que conduziram à criação de muitas empresas e a 
uma nova forma de organização industrial. Assim, desde o seu começo, a biotecnologia 
foi uma tecnologia muito intensa a nível científico. Os desenvolvimentos posteriores 
dependeram fortemente do progresso técnico, por exemplo, da reação em cadeia da 
polimerase (PCR), que permite a amplificação de quantidades de ADN e de material 
genético para que esteja disponível para os investigadores, da emergência da 
bioinformática (Saviotti et al, 2000), uma nova disciplina na interface entre a biologia e as 
Tecnologias da Informação (TI), que provocou a automatização do sequenciamento de 
ADN e acelerou, em grande parte, o Projeto Genoma Humano. Este projeto abriu a porta a 
uma ampla gama de novas aplicações potenciais. 
 
Como consequência, o desenvolvimento posterior da biotecnologia pode ser 
caracterizado como um processo crescente de especialização no qual certas doenças se 
converteram no centro das atenções e alguns desenvolvimentos técnicos emergentes foram 
reconhecidos como subdisciplinas da biotecnologia. 
 
A biotecnologia abrange hoje uma ampla área do conhecimento que surge da ciência 
básica (biologia molecular, microbiologia, biologia celular, genética, etc.), da ciência 
aplicada (técnicas imunológicas e bioquímicas, bem como técnicas baseadas na física e na 
 
2 Pier Paolo Saviotti (UMR-GAEL, Grenoble e GREDEC, Sophia Antipolis). Informe de Vigilancia Tecnológica, Serie de 
informes de tecnologías clave de la Comisión Europea, Biotecnología. Mi+d. www.madrimasd.org 
http://www.madrimasd.org/informacionidi/biblioteca/publicacion/doc/VT_ce6_biotecnologia.pdf
http://www.madrimasd.org/informacionidi/biblioteca/publicacion/doc/VT_ce6_biotecnologia.pdf
http://www.madrimasd.org/
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
12 
 
eletrónica) e de outras tecnologias (fermentações, separações, purificações, informáticas, 
robótica e controle de processos) 3. Trata-se de uma rede complexa de conhecimentos onde 
a ciência e a tecnologia se entrelaçam e se complementam. 
 
O processo da biotecnologia como ciência à tecnologia aplicada 
 
O documento Biotecnologia e desenvolvimento gerado por CEPAL (Nações Unidas) 4 serve 
como base para analisar o processo de um desenvolvimento científico a uma técnica e 
o desta a uma tecnologia com validade comercial. 
 
No caso da biotecnologia, este processo implica uma vasta quantidade de procedimentos 
interrelacionados - com as suas respetivas buscas para atividades terciárias - que podem 
ser efetuadas por um único agente ou por vários (sendo requeridos, neste caso, 
mecanismos de direitos de propriedade que facilitem os intercâmbios). Ou seja, trata-se de 
uma atividade que apresenta uma vasta quantidade de “pontos de fuga” ou de “pontos de 
rendimento” o que facilita ou requer a possibilidade de interligações. 
 
É comum a todas as aplicações posteriores um primeiro conjunto de técnicas. Casos como 
a identificação de espécies utilizando marcadores moleculares ou as técnicas básicas de 
clonagem não diferem substantivamente segundo a sua aplicação posterior. 
 
Este conjunto de desenvolvimentos é conhecido como tecnologias horizontais e estas são 
relativamente padronizadas e passíveis de ser integradas como parte de processos formais 
de formação de recursos humanos (cursos universitários e similares). Têm como elementos 
críticos elevados níveis de conhecimentos em biologia, química fina, e inclusive 
bioinformática. 
 
Por outro lado, um segundo conjunto de tecnologias é de uso específico em aplicações e 
casos concretos, daí o seu maior grau de especificidade. Geralmente, o seu 
desenvolvimento e circulação é limitado a empresas ou instituições, ou faz parte de acordos 
 
3 Fonte: BIOTECNOLOGIA. Elaborado para o ArgenBio e a Universidade de Quilmes Editorial. Autora: María Antonia 
Muñoz de Malajovich. 
4 Documento Biotecnologia e desenvolvimento. Este documento foi preparado por Roberto Bisang e Verónica Cessa, 
consultores, e Mercedes Campi, assistente de investigação do gabinete da Comissão Económica para a América Latina 
e Caribe (CEPAL) em Buenos Aires a pedido do gabinete da Secretaria Executiva da CEPAL. 
http://www.eclac.org/publicaciones/xml/9/35729/DocW35.pdf
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
13 
 
entre ambos. Os seus elementos críticos estão associados a atividades específicas tanto em 
termos de conhecimentos (fisiologia vegetal e bovina; patologias humanas, etc.), como 
operacionais (variedades vegetais e animais, equipamentos, etc.). 
Somado a isso e incrementando a complexidade analítica, cabe acrescentar outros 
elementos desde a perspetiva da posterior aplicação territorial destas técnicas, ao campo 
específico. Se se referirem à sua utilização em agricultura e/ou gado, a sua aplicação deve 
contemplar as especificidades dos solos e dos climas regionais (por outras palavras, a 
inexistência de solos e climas homogéneos no mundo limita a possibilidade de uma 
aplicação biotecnológica universal e uniforme); se a aplicação de técnicas gerais e/ou 
específicas recai sobre o campo da saúde humana, também não é comum encontrar 
patologias universais únicas, mas sim múltiplas doenças regionais, etc. 
 
O processo que vai de uma ideia a um produto, no caso da biotecnologia, tem algumas 
características específicas: 
 Geralmente, as “buscas científicas” (isolamento de um gene, relação entre um 
gene e o traço que determina, mapas genéticos, etc.) estão orientadas desde o início 
pelo desafio de resolver um problema (que gene determina a insuficiência 
suprarrenal?; qual é o desequilíbrio que altera o comportamento de algumas células 
e as torna cancerígenas?). O próprio desafio requer uma pré-orientação dos 
desenvolvimentos científicos; trata-se de usos genéricos. 
 
 Próximo de realizar a pergunta de investigação, surge a eventual aplicação à 
solução técnica de um problema. Estamos a um passo do pré-competitivo, no 
entanto, o caminho técnico selecionado pode não ser o adequado, o qual reformula 
as ações iniciais do biólogo ou de outro cientista. Trata-se de usos específicos. 
 
 Obtida a solução técnica, o passo seguinte é a viabilidade produtiva. Dado que o 
processo é geralmente maleável, isso obriga a reformular todo o esquema de 
desenvolvimento prévio. Desta maneira, os próprios desafios da biotecnologia 
implicam uma maior relação entre “o científico”, “o tecnológico” e “os negócios”. 
 
 A complexidade dos desenvolvimentos científicos recomenda a “desmontagem” 
das atividades até o ponto de que se geram múltiplas oportunidades/necessidades 
(novas) de intercâmbio, que sob determinadas circunstâncias, se convertem em 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
14 
 
mercados (reais ou potenciais). Isso leva a revalorizar conhecimentos desenvolvidos 
previamente e a propor novos mercados. 
 
 Existe um conjuntode tecnologias comuns a todos os desenvolvimentos, 
tecnologias horizontais, e outras tecnologias específicas para o desenvolvimento 
de aplicações concretas em setores novos ou em processos novos de atividades 
pré-existentes. Geralmente, as especificidades locais (climas e solos, patologias, 
perfis alimentares, etc.) limitam a “universalidade” destas tecnologias, obrigando a 
processos adaptativos locais. 
 
O caminho de um desenvolvimento em laboratório a um produto provado (funcionalmente) e 
aprovado (a nível regulamentar), que seja economicamente rentável e que com isso permita 
um processo de acumulação que estabeleça as bases para o desenvolvimento, implica 
outra longa série de etapas: 
 Desenvolvido o produto/processo é necessário o escalamento industrial, etapa 
menos simples que em outras atividades, dado que se trata de produtos biológicos. 
 Esta etapa é concomitante com outro aspeto relevante como é o enquadramento 
regulamentar. Isto refere-se não só aos direitos de propriedade, mas também às 
condições de segurança, inocuidade e eficiência dos desenvolvimentos. 
 A etapa produtiva (incluindo fornecedores de um fator de produção, equipas, 
capacidade laboral, balanço entre a produção interna e a subcontratação, etc.). 
 A distribuição e outros procedimentos até chegar ao consumidor. Dadas as 
áreas de aplicação final da biotecnologia (medicamentos, vacinas, terapias 
genéticas, produtos industriais, alimentos, etc.), alguns ativos complementares 
reclamam importância, como as marcas, as relações contratuais prévias, o 
armazenamento, as cadeias de frio e, em geral, a logística de distribuição. 
 
Em síntese, a total captação do rendimento tecnológico e produtivo, requer não só domínio 
tecnológico, mas também e fundamentalmente, controlo produtivo, capacidades para dar 
resposta às regulações e utilização dos canais comerciais do produto até chegar ao 
consumidor. Em perspetiva, o controlo tecnológico nos desenvolvimentos iniciais funciona 
só como modo de condição necessária para captação de rendimentos. As condições 
suficientes associam-se ao controlo das restantes etapas. 
 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
15 
 
Obviamente, isto implica dois modelos polares de organização, formados, o primeiro por 
grandes empresas com uma alta integração técnica e produtiva (especialmente nas 
atividades estratégicas) e, o segundo, pela segmentação de atividades em cadeias 
produtivas mais desconcentradas. 
 
3.2. Biotecnologia: O conceito 
 
A biotecnologia é um campo fortemente transversal e heterogéneo, que implica a utilização 
de diferentes técnicas provenientes de diferentes ramos da ciência e com campos de 
aplicação muitos variados. Assim, a definição de biotecnologia é um desafio importante que 
tem sido abordado a partir de diferentes perspetivas nos últimos anos. 
A palavra biotecnologia 5 é o resultado da união de outras duas: biologia e tecnologia. E a 
biotecnologia é exatamente isso: tecnologia biológica. Os seres vivos podem ser 
considerados máquinas biológicas. Utilizamos maquinaria biológica em forma de moléculas 
para nos movermos, obtermos energia a partir do que comemos, respirarmos, pensarmos, 
etc. 
 
A biotecnologia consiste precisamente na utilização da maquinaria biológica de outros 
seres vivos para que resulte num benefício para o ser humano, seja porque se obtém um 
produto valioso ou porque se melhora um procedimento industrial. Através da biotecnologia, 
os cientistas procuram formas de aproveitar a "tecnologia biológica" dos seres vivos para 
gerar alimentos mais saudáveis, medicamentos melhores, materiais mais resistentes ou 
menos poluentes, culturas mais produtivas, fontes de energia renováveis e inclusive 
sistemas para eliminar a contaminação. 
 
O Inventário diagnóstico das biotecnologias no MERCOSUL e a comparação com a União 
Europeia apresenta os conceitos biotecnológicos existentes6. 
 
Neste relatório, estabelece-se que na literatura existem duas opções principais quando se 
trata de estabelecer uma definição de biotecnologia: por um lado, estabelecer um 
enunciado único que englobe as possíveis atividades do campo ou utilizar uma lista de 
 
5 Extrato de texto proveniente do portal www.biopositivizate.com 
6 O relatório “Inventario diagnóstico de las biotecnologías en MERCOSUR y comparación con la Unión Europea” 
(BIOTECH ASA-2005-017-350-C2), foi realizado pelo Centro Redes para o Programa Biotech. Direção: Mario Albornoz 
(albornoz@ricyt.org) 
http://www.biopositivizate.com/
mailto:albornoz@ricyt.org
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
16 
 
definições de diferentes tipos de biotecnologias. Nos Estados Unidos, durante a primeira 
metade dos anos oitenta, foram utilizados os dois tipos de definição. A primeira considera a 
biotecnologia como uma técnica, ou um conjunto de técnicas, que utiliza organismos 
vivos - ou partes deles - para obter ou modificar produtos, melhorar plantas ou animais, ou 
para desenvolver micro-organismos com usos determinados. Esta definição contém os 
novos instrumentos biológicos e os métodos tradicionais de seleção genética. A segunda 
definição define a biotecnologia em função da utilização das técnicas modernas do 
ADNr, a fusão celular e os procedimentos de bioengenharia. 
 
A definição da Enciclopédia Britânica destaca a importância da investigação, sem fazer 
referência a uma área de conhecimento específica: “a aplicação dos avanços nas técnicas e 
instrumentos de investigação das ciências biológicas à indústria”. No dicionário europeu 
EURODICAUTOM, define-se a biotecnologia como toda a aplicação tecnológica que utilize 
sistemas biológicos e organismos vivos ou seus derivados para criar ou modificar produtos 
ou processos para usos específicos. 
 
Num sentido estrito, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico 
(OCDE) 7 define a biotecnologia como um conjunto de técnicas que modificam organismos 
vivos (ou parte dos mesmos), transformam substâncias de origem orgânica ou utilizam 
processos biológicos para produzir um novo conhecimento, ou desenvolver produtos e 
serviços. Esta definição abrange tanto a biotecnologia tradicional como a moderna, surgida 
nos anos 1980, já que inclui técnicas de produção utilizadas há milhares de anos, como são 
o uso de leveduras para a fermentação do pão ou produtos lácteos e técnicas de engenharia 
genética, utilizadas para modificar e transferir genes de um organismo a outro. 
 
Dada a marcada transversalidade da biotecnologia, esta classificação conceitual baseia-se 
em métodos e técnicas da biotecnologia moderna, que dão como resultado aplicações 
biotecnológicas. Por sua vez, o controlo da aplicação destas técnicas abrange um amplo 
leque de situações que incluem: 
 Investigação e desenvolvimento experimental 
 Comercialização 
 Utilização para o desenvolvimento de novos produtos 
 
7 Definição desenvolvida pela OCDE, atualizada em 2005. www.oecd.org 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
17 
 
 Utilização para a produção de bens e serviços biotecnológicos 
 
 
Atividades chave 
em biotecnologia 
 I+D 
biotecnológi
ca 
 Investigação 
de técnicas 
biotecnológi
cas e 
desenvolvim
ento de 
produtos ou 
processos 
 Produtos de 
conheciment
Produtos finais 
destas técnicas, 
utilizações finais de 
produtos 
biotecnológicos, 
 Técnicas 
baseadas em 
ADN/ARN, 
por 
genómica 
 Proteínas e 
outras 
moléculas 
 Cultura e 
engenharia 
celular e de 
tecidos 
 Técnicas 
Técnicas que 
definem a 
biotecnología 
Aspetos que 
podem ser 
medidos no 
 Produtos e 
processos 
biotecnológi
cos 
 I+D 
biotecnológi
ca 
 Empresas 
biotecnológi
cas 
 Vendas e 
rendimentos 
biotecnológi
 
Modelo conceptual para as estatísticas em biotecnologia da OCDE 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA18 
 
Num sentido ainda mais extenso, a biotecnologia pode também ser definida como o 
conjunto de técnicas que utiliza organismos vivos ou parte deles, para fabricar ou modificar 
produtos, melhorar plantas ou animais, ou desenvolver micro-organismos para usos 
específicos (Office of Technology Assessment - OTA, 1990). Esta definição englobaria a 
biotecnologia tradicional. 
 
Uma definição aceite internacionalmente é a proposta pela Nações Unidas8, segundo a 
qual a biotecnologia se refere a toda aplicação tecnológica que utilize sistemas biológicos e 
organismos vivos ou os seus derivados para a criação ou modificação de produtos ou 
processos para usos específicos. 
 
Na prática, a eleição de uma só definição de biotecnologia é complicada, pelos diferentes 
significados atribuídos ao conceito em diferentes setores de aplicação. 
 
A biotecnologia na agricultura costuma referir-se aos OGM (Organismos Geneticamente 
Modificados) e às tecnologias associadas como os marcadores de ADN; costuma incluir a 
cultura de tecidos, mas não as tecnologias tradicionais. A biotecnologia para as aplicações 
meio-ambientais e industriais inclui tecnologias que não usam OGM, como a biorremediação 
de terras contaminadas ou o branqueamento da polpa da madeira. No setor da saúde, a 
biotecnologia refere-se a várias tecnologias avançadas, como a engenharia genética, 
genómica e proteómica, mas inclui disciplinas, como a química combinatória, que se aplicam 
em síntese de química tradicional. 
 
Utilizar uma lista básica de definições pode ajudar a reduzir algumas das confusões que 
rodeiam uma só definição e é útil quando as políticas públicas estão orientadas às 
aplicações e benefícios da biotecnologia, as que variarão com o tipo de biotecnologia em 
tilização. Também se torna útil quando empresas grandes e diversificadas utilizam a 
biotecnologia em muitos setores diferentes, dado que possibilitam identificar as mesmas e 
avaliar o grau de intensidade dos seus respetivos usos. 
 
8 Definição desenvolvida pela Nações Unidas, Convention on Biological Diversity, Article 2. Use of Terms, United 
Nations. 1992 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
19 
 
3.3. As aplicações da biotecnologia 
 
A solução de problemas por métodos biotecnológicos implica abordá-los de maneira 
multidisciplinar, com ferramentas de uso comum em diferentes disciplinas científicas 
(biologia, bioquímica, genética, virologia, agronomia, engenharia, química e medicina, entre 
outras). Na atualidade, o uso destes métodos está a ter um grande impacto nos diferentes 
setores industriais. Por isso, surgiram várias classificações do conceito de biotecnologia 
e as suas diferentes aplicações. Uma das mais simplificadas, embora não totalmente 
aceite, foi desenvolvida durante o Congresso Europeu de Biotecnologia em 2005 e 
engloba a biotecnologia em quatro áreas principais, dependendo do seu setor de aplicação: 
vermelha, verde, branca e azul. 
 Biotecnologia 
Vermelha 
É a biotecnologia que abrange as aplicações e 
investigações relativas à saúde 
 
Biotecnologia Verde 
É a biotecnologia que inclui as aplicações e 
investigações agrícolas, pecuárias e florestais 
 
Biotecnologia Branca 
É a biotecnologia que se dedica às aplicações e 
investigações industriais e ambientais 
 
Biotecnologia Azul 
É a biotecnologia que se dedica às aplicações com 
origem em organismos aquáticos. 
 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
20 
 
Com o objetivo de aprofundar esta classificação, o observatório Bioemprende9 descreve 
cada uma das biotecnologias e as áreas onde se podem aplicar: 
 
9 O Observatório BIOEMPRENDE é um observatório transfronteiriço de inovação em biotecnologia. 
observatorio.bioemprende.eu 
 Biotecnologia Vermelha ou Sanitária 
Esta área inclui a utilização de processos relacionados com a medicina e a 
farmacologia e baseados na manipulação genética de organismos. Compreende as 
aplicações terapêuticas, diagnósticas, de saúde animal e de investigação 
biomédica. 
 
Em referência ao anterior, é importante mencionar as seguintes áreas de 
aplicação: 
 
Diagnóstico molecular e biossensores: Baseia-se na deteção de marcadores 
moleculares, sensíveis e específicos, presentes nos seres vivos que sejam 
indicadores de alguma característica do estado fisiológico do corpo (patologias e 
doenças, estados de stress celular...). Isto permite um diagnóstico precoce, 
comprovar o estado da doença e inclusive a seleção do melhor tratamento. Entre 
os marcadores presentes encontram-se marcadores genéticos (variedades 
genéticas que predispõem a certas doenças, como o cancro), proteicos (enzimas 
que silenciam genes ou têm defeitos...) ou moleculares (produtos secundários do 
metabolismo...). Para isto, utilizam-se microarrays (arrays ou biochips), tanto de 
genes como de proteínas, técnicas imunohistoquímicas, etc. Desta forma implanta-
se a chamada medicina personalizada, onde se administra o medicamento 
adequado, com a concentração e local exatos graças ao estudo genético, proteico 
e histológico do paciente. 
 
Engenharia celular e de tecidos: Baseia-se na produção de células e tecidos que 
substituam aqueles que estão danificados, que tenham sido extirpados ou que 
perderam a sua função, pelo que se considera também medicina regenerativa. 
Para isso, utilizam o conhecimento da engenharia, culturas celulares, células-
http://observatorio.bioemprende.eu/
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
21 
 
tronco, entre outros. 
 
Proteínas recombinantes e anticorpos monoclonais: Baseia-se na utilização 
das células como ferramentas para produzir fármacos de forma barata e eficiente. 
Com base nestas tecnologias foi possível descobrir e produzir muitas substâncias 
com capacidade terapêutica. 
 
Terapia genética: Baseia-se na modificação do material genético das células (só 
na linha somática e não na germinativa, totalmente proibida na legislação), para 
aumentar, substituir, diminuir ou silenciar a expressão de certos genes e as suas 
respetivas proteínas decorrentes, com o objetivo de curar alguma doença ou 
característica fisiológica não desejada. 
 
Novos alvos terapêuticos, novos fármacos e novas vacinas: Em conjunto com 
outras áreas da biotecnologia foi possível descobrir novos fármacos (a partir de 
dados naturais do mundo marinho, de plantas ou animais) que têm capacidade 
terapêutica em alvos de doenças já conhecidos ou novos (recetores de membrana, 
enzimas ou os próprios genes). Da mesma forma, estão a descobrir-se novas 
vacinas mais eficazes para todo o tipo de doenças, como as chamadas vacinas 
recombinantes, que utilizam só as partes que conferem imunidade ao corpo sem 
ter que utilizar o patogénico na sua totalidade. 
 
Novos sistemas de administração de fármacos e vacinas: Graças à 
implantação da nanotecnologia e ao avanço da química, existem novas e 
promissoras formas de administrar fármacos e vacinas. Por exemplo, a 
administração controlada de fármacos, que só são libertados perante 
circunstâncias muito determinadas, à concentração adequada e só na zona 
afetada. 
 
Genética de populações e farmacogenética: Consiste no estudo da distribuição 
e evolução da variabilidade genética entre os indivíduos de uma ou várias 
populações, o que faz com que respondam, junto com as variáveis ambientais, de 
forma diferente às doenças e às diferentes terapias. Desta forma pode obter-se 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
22 
 
 
informação valiosa sobre as diferentes variáveis genéticas e a sua relação com as 
doenças e com a resposta às suas diferentes terapias (para assim conseguir uma 
“medicina personalizada”). 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
23 
 
 Biotecnologia Verde 
A biotecnologia verde é a que se dedica a dar produtos e serviços à área 
agroalimentar,mais concretamente trata-se de biotecnologia aplicada a processos 
agrícolas. 
 
Em referência ao anterior, é importante mencionar as seguintes áreas de 
aplicação: 
 
Organismos Geneticamente Modificados e plantas transgénicas: Graças aos 
avanços em engenharia genética é possível criar plantas transgénicas, a partir da 
variedade de espécies de plantas agrícolas, com uma variedade de novas 
capacidades: resistência a pragas e pesticidas, resistências a fatores ambientais 
(secas, salinidade, falta de luz, etc.), aumento da produtividade ou aceleração do 
crescimento, conteúdo nutricional melhorado (com maior quantidade de certas 
substâncias ou presença das mesmas quando antes essa planta não as tinha), 
plantas como biofarmácias (com presença de substâncias terapêuticas), etc. As 
possibilidades comerciais e de desenvolvimento são muito amplas, com um 
importante objetivo de aliviar os problemas dos países em desenvolvimento (como 
o chamado “arroz dourado”). 
 
Bactérias e leveduras transgénicas: Consiste na mesma ideia, aplicada aos 
elementos encarregados de modificar alimentos (produção de vinho, cerveja, 
queijo...), para que se produzam alimentos com características especiais (melhores 
características organoléticas, novas substâncias, maior capacidade de tolerância 
ambiental…) ou melhorar a produção (crescimento mais rápido, melhor eficácia 
enzimática...). 
 
Alimentos funcionais: São aqueles que, sem ter capacidade terapêutica, 
melhoram o estado de saúde ou previnem em relação a certas doenças (vitaminas, 
fibra, antioxidantes, probióticos...). Estão cada vez mais presentes numa variedade 
de alimentos quotidianos. Por exemplo, as sementes de soja com níveis superiores 
de ácidos gordos monoinsaturados, que conseguem um azeite mais saudável, que 
resiste mais a altas temperaturas e, portanto, permite um maior usam nas frituras. 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
24 
 
Produtos vegetais enriquecidos em macronutrientes e em micronutrientes 
(vitaminas, minerais), que poderiam melhorar as deficiências nutritivas, 
especialmente em países pobres cujas populações têm pouca variedade dietética. 
Inclusive, se se avançar na tecnologia de transferência de múltiplos genes de uma 
só vez, seria possível, por exemplo, enriquecer o conteúdo de aminoácidos 
essenciais nas sementes (que os nossos corpos não podem fabricar por si 
mesmos). 
 
Não esqueçamos que muitos países africanos também estão a beneficiar de uma 
biotecnologia não genética, limpa, barata e real: as culturas in vitro de tecidos e a 
micropropagação (prática que consiste em multiplicar rapidamente e/ou regenerar 
matéria vegetal para produzir uma grande quantidade de novas plantas 
geneticamente idênticas, com métodos laboratoriais modernos) estão a permitir a 
distribuição material de sementeira livre de vírus e dotada de resistência a fatores 
adversos. 
 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
25 
 
 Biotecnologia Branca 
Conhecida como biotecnologia industrial, é a que se aplica à indústria e a 
processos industriais. Esta categoria é muito ampla e engloba muitos setores 
industriais, incluindo o setor químico, alimentar, meio ambiente, energia, etc. Inclui 
também a biotecnologia ambiental: aplicação da biotecnologia na conservação do 
meio ambiente. 
 
Este tipo de atividade está a procurar substituir as tecnologias poluentes por outras 
mais limpas ou amigas do ambiente. Basicamente, emprega organismos vivos e 
enzimas para obter produtos mais fáceis de degradar, e que requeiram menos 
energia e gerem menos resíduos durante a sua produção. 
 
O uso de enzimas ou biocatalizadores é um dos avanços mais significativos na 
área da biotecnologia branca. As vantagens da sua utilização residem na alta 
seletividade e eficiência das enzimas em comparação com os processos químicos. 
Enquanto os processos químicos convencionais requerem alta pressão e alta 
temperatura, os micro-organismos e as suas enzimas trabalham a pressão e 
temperaturas normais. Além disso, as enzimas são biodegradáveis e muitas delas 
podem funcionar em solventes orgânicos, alta concentração de sais e outras 
condições extremas. As enzimas são aplicadas hoje a praticamente todas as 
indústrias, incluindo a farmacêutica, alimentar, química, têxtil, de detergentes, do 
papel, etc. 
 
Neste sentido, a biotecnologia branca pode ajudar em diferentes áreas: 
 
Novas fontes de energia e novas tecnologias: Produção de tecnologias limpas 
ou verdes, como podem ser os processos de biotransformação ou biomateriais que 
geram resíduos biodegradáveis reduzindo os efeitos tóxicos sobre o meio ambiente 
(bioplásticos, novos tecidos, materiais para a construção como teias de aranha, 
etc.). Novas fontes de energia como são os biocombustíveis obtidos a partir de 
recursos renováveis e menos poluentes que os combustíveis fósseis utilizados 
atualmente (bioetanol e o biodiesel, ou a biomassa). A substituição destes por 
biocarburantes supõe uma diminuição das emissões gasosas poluentes. Além 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
26 
 
 Biotecnologia Branca 
disso, por serem biodegradáveis, diminuem o nível do impacto ambiental de 
derramamentos acidentais. Um dos benefícios mais importantes dos 
biocombustíveis é a sua contribuição praticamente nula ao aumento de gases com 
efeito de estufa na atmosfera. 
 
Química e Nanobiotecnologia: Os avanços nos conhecimentos biotecnológicos 
estão a permitir realizar transformações químicas de uma forma mais eficiente e 
eficaz, utilizando enzimas ou células inteiras desenhadas para otimizar 
transformações conhecidas e outras ainda por conhecer, que dão lugar a produtos 
de química básica (como o hidrogénio), biomateriais (como o propanodiol) e de 
química fina ou bioquímicos (como as vitaminas). Assim, e graças ao 
desenvolvimento da nanotecnologia, está a começar-se a controlar e a utilizar as 
moléculas provenientes dos seres vivos como base para produzir novos produtos e 
serviços (como novos sequenciadores de ácidos nucleicos e proteínas, células 
artificiais, biossensores...). 
 
Fábricas celulares e bioprocessos: Utilizando as células como fábricas e o 
estudo dos diferentes bioprocessos, estão a ser produzidos todo o tipo de produtos 
de uma forma mais eficiente ou inovadora. Como novas enzimas para detergentes, 
degradação ou conservação de materiais, vitaminas, proteínas recombinantes 
aplicados à saúde ou à alimentação. 
 
Limpeza de poluentes: Utilizando plantas e micro-organismos conseguem-se 
descontaminar águas (lodos ativos e digestões anaeróbias), solos (fitorremediação) 
e a atmosfera (biofiltros). 
 
Melhoria dos processos industriais: Graças à eficiência dos processos 
biológicos, a biotecnologia ambiental consegue otimizar processos industriais 
tradicionais ou o desenvolvimento e a geração de outros novos (por exemplo, o uso 
da bactéria Thiobacillus ferrooxidans nos processos de extração do cobre e ouro). 
 
Conservação da biodiversidade: Proporciona ferramentas muito valiosas quanto 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
27 
 
 Biotecnologia Branca 
à identificação, classificação e preservação da biodiversidade. Descoberta e 
caracterização de novas espécies, especialmente de micro-organismos e fungos; 
desenvolver e otimizar métodos para a marcação e o controlo de exemplares; 
conservação da biodiversidade, especialmente no que se refere a diagnósticos 
veterinários e forenses aplicados à fauna silvestre; análise das vantagens e dos 
riscos para o meio ambiente dos organismos geneticamente modificados (OGM); 
utilização respeitável e sustentável da biodiversidade. 
 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
28 
 
 Biotecnologia Azul ou Marinha 
A biotecnologia azul ocupa-se da aplicação de métodos moleculares e biológicos 
aos organismos marinhos e de água doce. Isto implica o uso destes organismos, e 
seus derivados, para fins como aumentara oferta de produtos do mar e a 
segurança, o controlo da proliferação de micro-organismos nocivos transmitidos 
pela água e o desenvolvimento de novos medicamentos. 
 
Aquicultura: Consiste na criação ou cultivo de organismos aquáticos tendo em 
vista a sua maior produção. Para isso é necessário um estudo minucioso da forma 
de cultivo e crescimento, criação, dietas e padrões alimentares, patologias, 
consequências no meio, etc. Por exemplo, as microalgas podem proporcionar uma 
fonte de alimento fresco para as espécies cultivadas. Deste modo, será possível 
obter dietas mais adaptadas para as espécies cultivadas que permitam melhorar a 
produtividade e a qualidade das mesmas. 
 
Novas fontes: O mar, uma das zonas menos conhecidas do planeta, é uma fonte 
potencial de novas espécies e moléculas com capacidade terapêuticas, 
cosméticas, etc.; novas fontes de energia; novos alimentos e modelos para a 
descontaminação do meio ambiente ou a biorremediação; biomateriais e estruturas 
biodegradáveis. 
 
Na medicina, por exemplo, espera-se que a biotecnologia azul e a investigação em 
biologia marinha contribuam para o avanço mediante o desenvolvimento de novas 
substâncias de origem marinha como compostos bioativos, adesivos, antiadesivos, 
coloides biocompatíveis, nanoestruturas e materiais porosos. Da mesma forma, 
existe o potencial de descobrir novas moléculas que alteram a capacidade das 
células tumorais de se unirem e se multiplicarem ou originarem metástases. Além 
disso, um grande desafio com o qual os cientistas se deparam atualmente é que se 
pode isolar uma grande quantidade de compostos inovadores provenientes de 
invertebrados marinhos. Estudar todas estas moléculas e as suas atividades é 
muito complicado e requer novas tecnologias em isolamento, identificação, 
caracterização e técnicas de screening. 
 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
29 
 
 Biotecnologia Azul ou Marinha 
Algologia ou ficologia: O seu estudo e cultura estão a ter como resultado muitas 
aplicações práticas como biossensores, novos alimentos, biorremediação, 
cosméticos, produção de novos fármacos, etc. Um dos campos de interesse tem 
relação com os derramamentos de hidrocarburantes, já que é uma das fontes de 
contaminação mais importante dos oceanos. Estão a ser desenvolvidos novos 
dispersores, micro-organismos e enzimas de origem marinha que permitam 
controlar os derramamentos e favoreçam a sua eliminação. Outro dos campos que 
está na ordem do dia é o de desenvolver novas fontes de energia não poluentes 
que ajudem a reduzir as emissões de CO2 e contribuam para o controlo da 
mudança climática. Neste sentido, as microalgas e as bactérias fotossintéticas 
constituem uma aposta promissora como fonte para a obtenção de hidrogénio de 
origem biotecnológica e para a obtenção de biodiesel. 
 
Como foi comentado no princípio desta secção, existem várias classificações do conceito de 
biotecnologia e das suas diferentes aplicações. Uma delas, a cada vez mais utilizada, 
amplia a classificação anterior (biotecnologia vermelha, biotecnologia verde, biotecnologia 
branca e biotecnologia azul) em mais duas áreas com os seus respetivos setores de 
aplicação: 
 
Biotecnologia 
Preta 
É a biotecnologia que abrange as aplicações e 
investigações relativas com o bioterrorismo. 
Trata-se da investigação sobre todos os aspetos 
relacionados com o bioterrorismo: áreas militares, policiais, 
de vigilância, luta contra o terrorismo, guerra biológica, 
entre outros. 
 
Biotecnologia 
Cinza 
É a biotecnologia relacionada diretamente com o meio 
ambiente. 
Divide-se em duas áreas: manutenção da biodiversidade e 
a eliminação de resíduos poluentes. 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
30 
 
Por último, Edgar J. DaSilva difunde a Divisão de Ciências da Vida da UNESCO (2005). 
Nesta divisão propõe-se uma nova classificação que integra as classificações vistas até 
agora com quatro áreas novas: biotecnologia dourada, biotecnologia castanha, 
biotecnologia rosa e biotecnologia amarela: 
 
Biotecnologia 
Dourada 
Bioinformática e bionanotecnologia. 
Uso das ferramentas informáticas e modelos 
computacionais disponíveis na Internet para a conceção 
de genes, enzimas, vias metabólicas (in silico); bem como 
também nanoestruturas inovadoras dentro de contextos 
biológicos. 
 
Biotecnologia 
Castanha 
É a biotecnologia conhecida como biotecnologia de 
desertos e zonas áridas, que procura aplicar a 
biotecnologia neste tipo de terrenos. 
 
Biotecnologia 
Rosa 
Relativa ao âmbito de patentes, publicações e invenções. 
Os processos nos que intervém algum organismo vivo ou 
alguma biomolécula obtida a partir destes são protegidos 
por patentes. No entanto, ainda é um tema bastante 
complexo. 
 
Biotecnologia 
Amarela 
Biotecnologia de alimentos, Ciências da Nutrição. 
Refere-se ao uso dos organismos vivos e/ou biomoléculas 
na indústria alimentar. Baseia-se principalmente no uso 
de enzimas para a produção e processamento dos 
alimentos. 
 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
31 
 
4. O SETOR DA BIOTECNOLOGIA A NÍVEL MUNDIAL 
 
A biotecnologia é uma indústria relativamente nova com um grande potencial de 
crescimento. O desenvolvimento de novos produtos, um enquadramento regulamentar 
favorável, o envelhecimento da população e um relativo bom acesso ao capital são fatores 
que estão a contribuir de forma muito positiva para a sua expansão. 
 
Apesar da crise económico-financeira que assola as indústrias a nível mundial desde 2008, 
o setor da biotecnologia mostra sinais de crescimento desde 2010, após um 2009 que 
demonstrou sintomas de estagnação e inclusive de leve retrocesso. Em 2012, a 
biotecnologia atingiu um volume de negócio de 83,4 mil milhões de dólares (Ernst & 
Young 2012), número semelhante ao registado no ano 2000, quando o negócio 
biotecnológico estava no seu auge. 
 
Parte do sucesso reside em ser uma indústria nascente, que há apenas uma década atrás 
não existia, pelo que se deram até a data grandes crescimentos. Dado o potencial das 
aplicações da biotecnologia moderna numa ampla variedade de setores, tais como 
produtos biofarmacêuticos, plant breeding e a produção biotecnológica dos produtos 
químicos, a biotecnologia é vista como uma das tecnologias essenciais deste século. 
Ao mesmo tempo, contribuiu para importantes avanços na ciência básica e é objeto de 
grandes programas nacionais de incentivo e financiamento. 
 
Além disso, a biotecnologia apresenta-se como uma indústria facilitadora de novas 
oportunidades para fazer frente a muitas necessidades e, portanto, é considerada como 
um fator importante para o sucesso dos objetivos políticos no crescimento económico e na 
criação de emprego, na saúde pública, na proteção do meio ambiente e no 
desenvolvimento sustentável. 
 
É um setor com grandes necessidades de investimento, tanto público como privado. A sua 
capitalização na bolsa a nível mundial já supera os 376 mil milhões de dólares e 
espera-se que chegue ao bilião de dólares em 2020. 
 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
32 
 
No entanto, apesar do potencial da biotecnologia, os dados sobre o consumo real da 
mesma nos diferentes setores da indústria mundial são ainda escassos, mas é certo 
que nos Estados Unidos da América (doravante EUA) a situação é melhor que no resto do 
mundo, já que foram pioneiros neste setor. 
Na atualidade, existe uma crescente preocupação a nível mundial sobre como afetará o 
setor o agravamento da crise nos últimos anos, não só nos cortes de ajudas públicas, das 
quais são tão dependentes as empresas baseadas na I&D, sobretudo na União Europeia, 
mas também em outras indústrias de aplicação ou consumo de biotecnologia. 
 
4.1. O mercado biotecnológico a nível mundial 
 
Nesta secção, é realizado um diagnóstico do mercado biotecnológico a nível mundial, 
prestando especial atenção ao mercado dos EUAe da União Europeia, líderes do setor 
biotecnológico à escala internacional. 
 
Diagnóstico do setor biotecnológico mundial 
 
Diagnóstico global de empresas de biotecnologia, 2010-11 (em mil milhões de 
dólares) 
 2011 2010 % variação 
% variação 
(base normalizada)
10
 
Dados públicos de empresas 
Rendimentos 83,4 84,1 -1% 10% 
Despesas em I&D 23,1 22,6 2% 9% 
Rendimentos 
líquidos 
3,8 5,0 -24% -5% 
Capitalização na 
bolsa 
376 401,1 -6% 0,20% 
Número de 
trabalhadores 
163.630 177.100 -8% 4% 
Número de empresas 
 
10 
As empresasempresas Genzyme, Cephalon e Talecris foram adquiridas por empresasempresas não biotecnológicas, visto 
que os seus resultados não são considerados para o setor em 2011, realiza-se uma base normalizada para obter uma 
percentagem de variação ajustada à saída das ditas empresas. 
2 
Ernst & Young Beyond Borders: Global Biotechnology Report, 2012. Este estudo está focado na análise da situação atual e 
das tendências da indústria biotecnológica a nível mundial. 
 
 
http://www.ey.com/GL/en/Industries/Life-Sciences/Beyond-borders---global-biotechnology-report-2012
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
33 
 
Empresas públicas 
(Public companies) 
617 629 -2% -1% 
Fonte: Ernst &Young e dados das demonstrações financeiras de empresas. 
 
Segundo se conclui do estudo realizado por Ernst & Young Beyond Borders: Global 
Biotechnology Report 201211, os resultados atingidos pelo setor biotecnológico em 2011 
são animadores. Consolida-se a recuperação da indústria biotecnológica que começou 
em 2010, ano em que o comportamento mostrado pelas empresas biotecnológicas foi muito 
positivo, iniciando uma drástica recuperação em relação à situação vivida durante 2009, 
momento em que o setor se viu fortemente afetado pela crise financeira, refletida nos 
inúmeros cortes sofridos e nas quedas na bolsa das empresas biotecnológicas cotadas no 
mercado de valores. 
 
Com o objetivo de obter uma visão mais realista do comportamento mundial demonstrado 
pelo setor em 2011, a Ernst & Young constata a saída de três das grandes empresas 
biotecnológicas americanas, que foram adquiridas por holdings não biotecnológicas. Não 
representar estas três empresas, Genzyme Corp., Cephalon e Talecris Biotherapeutics, que 
no seu conjunto contabilizavam rendimentos de 8,5 mil milhões de dólares, afeta negativa e 
significativamente o comportamento global da indústria biotecnológica neste ano a que se 
refere o estudo. 
 
Portanto, a recuperação em 2011 da indústria da biotecnologia para níveis anteriores à 
crise de 2008, reflete-se no crescimento dos rendimentos das empresas cotadas na 
bolsa de valores, rendimentos que regressaram aos dois dígitos pela primeira vez desde 
que estalou a crise, mostrando uma variação positiva nos rendimentos de 10% entre os 
anos 2011 e 2010, quando a comparação com os dois anos anteriores se situava num 
crescimento de 8%, 2010-2009. É certo que estes resultados ainda estão longe das altas 
taxas de crescimento atingidas pela indústria na década anterior, certamente porque a crise 
provocou mudanças em aspetos como a prudência dos investidores e a pressão exercida 
sobre compradores/pagadores, sobretudo em ajustes de preço e pagamento, que é maior. 
 
Outro dado que reflete a boa saúde do setor biotecnológico é o referente às despesas em 
I&D. O investimento em I&D aumentou 9% em 2011, continuando com o crescimento 
 
 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
34 
 
mostrado em 2010, somente 2%, e superando completamente o retrocesso vivido em 2009, 
onde pela primeira vez o orçamento das despesas em I&D diminuiu 21%. 
 
Este aumento das despesas em I&D estende-se a todas as categorias da indústria, não se 
concentrando simplesmente nas grandes empresas do setor. Nos EUA, 62% das empresas 
aumentaram a despesa em I&D em 2011, em consonância com as tendências históricas, 
face aos 51% das empresas que aumentaram o orçamento das despesas em I&D em 2010. 
A situação na Europa é semelhante, 58% das empresas aumentam o I&D em 2011 
(face aos 55% em 2010). 
 
Por outro lado, os rendimentos líquidos da indústria biotecnológica registaram um 
ligeiro retrocesso em 2011, consequência das profundas políticas de redução de 
custos das empresas do setor, iniciadas em 2009 e 2010, que fizeram com que as 
empresas vissem reduzidos os seus investimentos e, portanto, os seus rendimentos. Além 
disso, as grandes empresas líderes do setor viram os seus rendimentos líquidos reduzidos 
por motivos alheios à crise como, por exemplo, a Amgen (780 milhões de dólares por 
assuntos legais), a Amylin Pharmaceuticals (431 milhões de dólares relacionados com uma 
aliança estratégica) e a Actelion (407 milhões de dólares fruto de litígios legais). 
 
Apesar de os enormes lucros acumulados nos últimos dois anos serem um acontecimento 
digno de menção, trata-se de uma indústria que tem estado em números negativos ao longo 
da sua curta história. Uma diminuição dos seus rendimentos líquidos pode ser simplesmente 
um sinal de que as coisas estão realmente a começar a voltar à normalidade. 
 
O mercado biotecnológico nos Estados Unidos (EUA) 
 
Diagnóstico do setor biotecnológico nos EUA, 2010-11 (em mil milhões de dólares) 
 2011 2010 % variação 
% variação (base 
normalizada)
12
 
Dados públicos de empresas 
Rendimentos 58,8 61,1 -4% 12% 
 
3
 As empresas Genzyme, Cephalon e Talecris foram adquiridas por empresas não biotecnológicas, visto que os seus 
resultados não são considerados para o setor em 2011, se realiza uma base normalizada para obter uma porcentagem de 
variação ajustado à saída de ditas empresasempresasempresas. 
 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
35 
 
Despesas em I&D 17,2 17,2 0% 9% 
Rendimentos 
líquidos (perdas) 
3,3 5,2 -36% -21% 
Capitalização na 
bolsa 
278,0 292,1 -5% 4% 
Número de 
trabalhadores 
98.560 113.010 -13% 5% 
Financiamento 
Capital obtido por 
empresas públicas 
(Public 
companies) 
25,4 17,1 49% 49% 
Número de IPOs 10 15 -33% -33% 
Capital obtido 
pelas restantes 
empresas 
4,4 4,4 -1% -1% 
Número de empresas 
Número de 
empresas 
1.870 1.914 -2% -2% 
Fonte: Ernst &Young e dados das demonstrações financeiras de empresas. 
 
O estudo Ernst & Young Beyond Borders: Global Biotechnology Report 2012, situa os 
EUA como o país que lidera a indústria biotecnológica mundialmente, a nível de 
rendimentos, despesas em I&D, rentabilidade, patentes registadas e emprego gerado. 
 
A indústria da biotecnologia nos EUA, com rendimentos em 2011 de 58,8 mil milhões de 
dólares, só tem explorada uma pequena parte das suas numerosas aplicações potenciais. 
Durante os últimos cinco anos, o seu crescimento anual foi de 2,0% em média. 
 
Em 2009, a indústria registou pela primeira vez um saldo líquido positivo nos EUA 
enquanto os resultados no resto do mundo ainda não superaram a etapa inicial de perdas. 
 
Os seus números em 2011 assemelham-se aos resultados globais do setor. As vendas 
das empresas biotecnológicas americanas cotadas na bolsa de valores contraíram-se 
principalmente devido à aquisição de empresas como a Genzyme, Cephalon e Talecris por 
empresas não biotecnológicas e, portanto, os seus resultados não foram considerados para 
o setor. No entanto, após a normalização destas grandes aquisições, os rendimentos da 
indústria dos EUA aumentaram 12%, superando a taxa de crescimento de 10% 
registada em 2010 e 2009. Em termos de rendimentos líquidos, o setor vê um retrocesso 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
36 
 
em cerca de 35% passando de rendimentos líquidos de 5,2 mil milhões de dólares a 
rendimentos de 3,3 mil milhões de dólares em 2011. 
 
Se nos centrarmos no número de empresas ativas em 2011 nos EUA, os valores não são 
tãonegativos num ambiente de crise mundial como aos que estão submetidas as restantes 
indústrias. As empresas diminuíram cerca de 2%, número que mostra que a drástica 
queda produzida em anos anteriores se vê contida e estabilizada, mantendo-se pela 
primeira vez em níveis estáveis que refletem que o setor sai da crise e volta a ser altamente 
competitivo. Este crescimento da indústria biotecnológica traduz-se no emprego 
gerado, que cresce 5% em 2011 (sobre a base normalizada depois das aquisições de 
grandes empresas biotecnológicas dos EUA) e idêntico ao aumento do quadro em 2010. 
 
A biotecnologia nos EUA: Líderes comerciais e outras empresas, 2010-11 (em mil 
milhões de dólares) 
 2011 2010 Saldo (US$) % variação 
Líderes comerciais 
Rendimentos 48,0 50,3 (2,3) -5% 
Despesa em I&D 9,2 9,4 (0,2) -2% 
Rendimentos 
líquidos (perdas) 
10,0 11,5 (1,5) -13% 
Capitalização na 
bolsa 
190,6 193,4 (2,7) -1% 
Número de 
trabalhadores 
64.050 79.000 (14,950) -19% 
Outras empresas 
Faturação 10,8 10,8 (0,0) 0% 
Despesas em I&D 7,9 7,7 0,1 2% 
Rendimentos 
líquidos (perdas) 
(6,6) (6,2) (0,4) 6% 
Capitalização na 
bolsa 
87,0 97,1 (10,1) -10% 
Número de 
trabalhadores 
34.510 34.010 500 1% 
Fonte: Ernst &Young e dados das demonstrações financeiras de empresas. 
 
Com o objetivo de fazer uma análise global sobre a situação das empresas 
biotecnológicas nos EUA, Ernst & Young elabora uma lista em função das seguintes 
medidas: rendimentos, despesas em I&D, rendimentos líquidos, capitalização na bolsa e 
número de empregados. A partir destas medidas a Ernst & Young realiza a classificação de 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
37 
 
dois grandes grupos: por um lado as empresas representativas ou líderes do setor, e por 
outro, um grupo que contém as restantes empresas. 
 
Apesar de o número de líderes comerciais se manter sem mudanças nos últimos 16 anos, 
as grandes empresas que foram adquiridas por empresas não biotecnológicas (Genzyme, 
Cephalon e Talecris) eram bem maiores que as três empresas que as substituíram. Como 
resultado, estas aquisições tiveram um impacto significativo no rendimento generalizado dos 
líderes comerciais da indústria. Sobre a base normalizada (isto é, a eliminação das três 
empresas adquiridas e a substituição destas por três líderes comerciais novos a partir dos 
números obtidos em 2010 e 2011), os rendimentos dos líderes comerciais cresceram 
9% e as despesas de I&D aumentaram 4%. No entanto, a rentabilidade líquida 
diminuiu 7%. 
 
As grandes empresas concentram 64.050 trabalhadores, 19% menos que os 
trabalhadores registados em 2010, resultado menor devido à substituição das três empresas 
adquiridas por empresas não biotecnológicas, citadas anteriormente, por outras empresas 
de menor dimensão. 
 
No que se refere à capitalização na bolsa de valores, o valor das empresas líderes 
supera os 190 mil milhões de dólares, enquanto o resto das empresas biotecnológicas 
incluídas no restante grupo rondam os 90 mil millhões de dólares. 
 
O desempenho das outras sociedades - a grande maioria de pequenas e médias 
empresas cotadas na bolsa de valores - foi relativamente plano, sem mudanças 
substanciais nas medidas estabelecidas, sobretudo no que se refere aos 
rendimentos, às despesas de I&D e à perda líquida. 
 
Os rendimentos destas empresas situaram-se em 10,8 mil millhões de dólares, com uma 
despesa em I&D de 7,9 mil millhões de dólares. A perda líquida aumenta 0,4% com 
respeito a 2010, justificado pelos fortes investimentos que realizam estas empresas para 
incrementar futuras potencialidades. 
 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
38 
 
Um ponto a destacar é o número de trabalhadores. Enquanto nas empresas líderes 
diminui, o número de empregados no grupo de empresas de menor dimensão aumenta até 
situar-se em 24.510 empregos. 
 
O mercado biotecnológico na União Europeia (UE) 
 
Diagnóstico do setor biotecnológico na UE, 2010-11 (em milhões de dólares) 
 2011 2010 % variação 
Dados públicos de empresas 
Rendimentos 18.911 17.233 10% 
Despesas em I&D 4.921 4.513 9% 
Rendimentos líquidos 
(perdas) 
(0,3) (568) -100% 
Capitalização na bolsa 71.519 78.639 -9% 
Número de 
trabalhadores 
48.330 46.450 4% 
Financiamento 
Capital obtido pelas 
empresas públicas 
(Public companies) 
1.570 2.407 -35% 
Número de IPOs 6 10 -40% 
Capital obtido pelas 
restantes empresas 
1.321 1.371 -4% 
Número de empresas 
Número de empresas 1.883 1.928 -2% 
Fonte: Ernst &Young e dados das demonstrações financeiras de empresas. 
 
A Europa conta atualmente com uma forte e crescente indústria biotecnológica. A União 
Europeia (UE) considera a biotecnologia como uma das indústrias chave para o crescimento 
da sua economia e de potencial para o desenvolvimento de emprego. É por isso que 
procura incentivar esta indústria através de políticas específicas para o setor e programas 
nacionais de financiamento de investigação. 
 
Segundo se conclui do estudo realizado por Ernst & Young, Ernst & Young Beyond 
Borders: Global Biotechnology Report 2012, na Europa, como nos EUA, o setor 
biotecnológico continua com a tendência positiva iniciada em 2010, quando voltou ao 
caminho do crescimento depois de uns anos, 2008 e 2009, de desaceleração fruto da crise 
económico-financeira mundial. 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
39 
 
 
Este crescimento reflete-se nos rendimentos da indústria biotecnológica que atingiram 
os 18.911 milhões de dólares, 10% mais que em 2010 e 19% mais que em 2009. Por sua 
vez, as despesas em I&D, que tinham diminuído 2% em 2009 e aumentado ligeiramente 
5% em 2010, aumentou de forma drástica em 2011, 9% mais que no ano anterior. 
 
A diferença mais significativa sobre a boa saúde do setor refere-se às perdas líquidas. 
As empresas biotecnológicas europeias refletiram uma perda líquida de 0,3 milhões de 
dólares, quando em 2010 este número atingia os 568 milhões de dólares, uma 
percentagem que se reduziu em mais de 100%, situando o setor à beira da rentabilidade 
agregada pela primeira vez na sua história. 
 
Apesar de o número de empresas se ter reduzido sensivelmente, somente 2%, o número 
de empregados aumentou 4%, situando-se em 48.330 empregados, face a 1% em 2010 e 
2009, outro índice realmente positivo. 
A biotecnologia na UE: Líderes comerciais e outras empresas, 2010-11 (em milhões de 
dólares) 
 2011 2010 Saldo (US$) % variação 
Líderes comerciais 
Rendimentos 15.522 13.042 2.480 19% 
Despesas em I&D 2.641 2.100 541 26% 
Rendimentos 
líquidos (perdas) 
2.024 1.429 595 42% 
Capitalização na 
bolsa 
51.667 48.697 2.970 6% 
Número de 
trabalhadores 
33.570 30.970 2.600 8% 
Outras empresas 
Faturação 3.389 4.191 (802) -19% 
Despesas em I&D 2.280 2.413 (133) -6% 
Rendimentos 
líquidos (perdas) 
(2.024) (1.997) (27) 1% 
Capitalização na 
bolsa 
19.852 29.942 (10.090) -34% 
Número de 
trabalhadores 
14.760 15.480 (720) -5% 
Fonte: Ernst &Young e dados das demonstrações financeiras de empresas. 
 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
40 
 
Como na mesma secção desenvolvida para os EUA, com o objetivo de fazer uma análise 
global sobre a situação das empresas biotecnológicas nos EUA, a Ernst & Young 
elabora uma lista em função das seguintes medidas: rendimentos, despesas em I&D, 
rendimentos líquidos, capitalização na bolsa de valores e número de empregados. A partir 
destas medidas, a Ernst & Young realiza a classificação de dois grandes grupos: por um 
lado as empresas representativas ou líderes do setor, e por outro, um grupo que contém as 
restantes empresas. 
 
Nos EUA, a lista de líderes comerciais sofreu mudanças significativas devido a algumas 
sociedades terem sido absorvidas e outras superaram o limite fixado para estabelecer a 
diferença entre empresas líderes e convencionais. Na Europa, no entanto, a lista dos 
líderes comerciais - Actelion, Elan Corporation, Eurofins Scientific,Ipsen, Meda, 
Novozymes, Qiagen e Shire, entre outros - não mudou desde 2007. 
 
Em 2011, o rendimento destes líderes comerciais contrastava fortemente com o do resto da 
indústria. Os rendimentos dos líderes comerciais aumentaram 19%, enquanto as das 
outras empresas diminuíram numa percentagem idêntica, -19%. 
 
O mesmo padrão repete-se em todos os indicadores principais, mostrando a boa situação 
dos líderes comerciais e o ligeiro retrocesso das restantes empresas: 
 As despesas em I&D das grandes empresas aumentam 26%, no resto da indústria 
diminui 6% 
 Os rendimentos líquidos são positivos nos líderes do setor, aumentando em 42% 
em relação ao ano anterior, enquanto as restantes empresas registam perdas 
líquidas no valor de 2.024 milhões de dólares. 
 A capitalização na bolsa de valores é de 51.667 milhões de dólares, enquanto no 
resto da indústria é de 19.852 milhões de dólares. 
 Ambos os grupos geram cerca de 50.000 postos de trabalhos. 
 
Resumo comparativo em função dos principais indicadores biotecnológicos 
analisados 
 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
41 
 
 
Os rendimentos das empresas 
biotecnológicas a nível mundial em 
2011 foram cifrados em 83,4 mil 
milhões de dólares, dos quais 57% 
(48 mil milhões de dólares) provêm 
dos rendimentos obtidos por 
empresas dos EUA, e 22% (18,9 mil 
milhões de dólares) por empresas 
provenientes da UE. 
 
Estes rendimentos supõem 1% 
menos em relação a 2010. 
 
Fonte: Elaboração própria com 
dados Ernst &Young e dados das 
demonstrações financeiras de 
empresas. 
 
 
As despesas destinadas a I&D a 
nível mundial em 2011 ascenderam 
a 23,1 mil milhões de dólares, 2% 
mais que em 2010. 
 
O orçamento de despesas em I&D 
das empresas dos EUA ascende a 
17,2 mil milhões de dólares, 
representando 74% sobre a 
despesa mundial em I&D. 
O orçamento de despesas em I&D 
das empresas da UE ascende a 4,9 
mil milhões de dólares, 
representando 21% sobre a 
despesa mundial em I&D. 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
42 
 
 
Fonte: Elaboração própria com 
dados Ernst &Young e dados das 
demonstrações financeiras de 
empresas. 
 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
43 
 
Resumo comparativo em função dos principais indicadores biotecnológicos 
analisados 
 
 
A capitalização mundial, na bolsa 
de valores, das empresas 
biotecnológicas já supera os 376 mil 
milhões de dólares, dos quais 278 
mil milhões de dólares é o valor de 
capitalização das empresas dos 
EUA, e 71,5 mil milhões de dólares 
correspondem ao valor de 
capitalização das empresas da UE. 
Fonte: Elaboração própria com dados Ernst 
&Young e dados das demonstrações 
financeiras de empresas. 
 
 
O número de emprego gerado pelas 
empresas biotecnológicas a nível 
mundial ascende a 163.630 
trabalhadores.Nos EUA, o valor está 
fixado em 98.560 postos de trabalho 
gerados, enquanto na UE o número 
de trabalhadores é de 48.330. 
Estes números são ligeiramente 
inferiores aos obtidos em 2010. 
Fonte: Elaboração própria com dados Ernst 
&Young e dados das demonstrações 
financeiras de empresas. 
4.2. Número de empresas biotecnológicas por países, ano 2011 ou 
último ano disponível 
 
Para entender os dados apresentados na seguinte tabela informativa desenvolvida pela 
OCDE, é necessário ter em conta a seguinte informação: 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
44 
 
Empresas biotecnológicas (biotech firms): Empresas que utilizam/consomem 
biotecnologia para produzir bens ou serviços e/ou para realizar I&D biotecnológica. 
Empresas cuja atividade principal é a biotecnologia (Dedicated biotech firms): 
Empresas cuja atividade principal consiste na aplicação de técnicas de biotecnologia 
para produzir bens ou serviços e/ou para realizar I&D biotecnológica. 
Biotech R&D firms: Uma empresa que realiza a biotecnologia de I&D. 
 
Países 
Número de 
empresas 
biotecnológicas 
Empresas 
cuja atividade 
principal é a 
biotecnologia 
Ano 
Tipo de empresas 
biotecnológicas 
predominantes 
% Dedicado 
à 
biotecnologia 
EUA 6.213 2.370 2009 Biotech R&D firms 38% 
Espanha 1.715 617 2010 Biotech firms 36% 
França 1.481 941 2010 Biotech R&D firms 64% 
Coreia 885 325 2010 
Biotech 
firms/Dedicated biotech 
R&D firms 
37% 
Alemanha 678 552 2011 Biotech firms 81% 
Austrália 527 384 2006 Biotech firms 73% 
Japão 523 .. 2010 Biotech firms .. 
Reino Unido13 488 .. 2011 Biotech firms .. 
Nova Zelândia 369 135 2011 Biotech firms 37% 
Suíça 288 156 2008 Biotech R&D firms 54% 
Itália 265 146 2010 
Biotech 
firms/Dedicated biotech 
R&D firms 
55% 
Países Baixos 
14 
262 65 2010 Biotech R&D firms 25% 
Irlanda 237 193 2011 Biotech R&D firms 81% 
Israel 233 216 2010 Biotech R&D firms 93% 
Bélgica 224 .. 2010 Biotech firms .. 
Noruega 192 .. 2010 Biotech R&D firms .. 
Dinamarca 157 66 2009 Biotech R&D firms 42% 
Finlândia 157 70 2011 Biotech R&D firms 45% 
Suécia 
5
 
129 65 2011 Biotech R&D firms 50% 
Portugal 121 51 2010 Biotech R&D firms 42% 
Áustria 113 77 2010 Biotech firms 68% 
República 
Checa 
112 77 2011 Biotech R&D firms 69% 
Polónia 91 31 2011 Biotech firms 34% 
 
13 Para o Reino Unido, estima-se que 66% das empresas de biotecnologia realizam atividades de I&D. 
14 Para os Países Baixos e Suécia, somente estão relacionadas na tabela aquelas que contam com 10 ou mais 
empregados. 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
45 
 
África do Sul 78 38 2006 Biotech firms 49% 
Estónia 45 34 2011 Biotech R&D firms 76% 
Eslovénia 15 33 14 2011 Biotech R&D firms 42% 
República 
Eslovaca 
15 13 2011 Biotech R&D firms 87% 
Fonte: OCDE, Biotechnology Statistics Database, dezembro de 2012 
 
4.3. Registo de patentes internacionais PCT em matéria de 
biotecnologia 
 
Dos últimos dados apresentados pela OCDE em dezembro de 2012 relativos a patentes 
internacionais PCT, conclui-se que os EUA ocupam a primeira posição como o país que 
mais registou patentes entre os anos 2008-2010, com 41% de patentes apresentadas em 
virtude do PCT sobre o total. Em seguida, encontra-se a União Europeia (UE) com 28% 
das patentes registadas: Alemanha (6,8%), França (4,80%) e Espanha (1,79%) lideram na 
UE neste aspeto. 
 
O Japão, com 11,5% de patentes registadas, e a BRICS, sigla utilizada para referir-se 
conjuntamente aos países representados pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, 
com 5,3%, seriam os países mais representativos em patentes biotecnológicas depois dos 
EUA e da UE. 
 
Participação dos países em patentes internacionais biotecnológicas em virtude do 
PCT, 2008-10 
Classificação dos 26 primeiros países com maiores percentagens de patentes 
internacionais biotecnológicas 
% 
EUA 40,96 
UE 27 27,95 
Japão 11,49 
Alemanha 6,77 
BRICS 5,30 
França 4,80 
Reino Unido 3,92 
Coreia 3,74 
China 3,12 
Canadá 2,64 
Países Baixos 2,44 
 
15 Para a Eslovénia os dados são provisórios. 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
46 
 
Espanha 1,79 
Itália 1,68 
Austrália 1,68 
Dinamarca 1,60 
Suíça 1,50 
Israel 1,49 
Bélgica 1,29 
Suécia 1,21 
Índia 1,11 
Áustria 0,76 
Singapura 0,70 
Finlândia 0,57 
Rússia 0,48 
Brasil 0,41 
Nova Zelândia 0,38 
Noruega 0,35 
Irlanda 0,32 
Taipé Chinês 0,28 
Fonte: OCDE, Patent Database, dezembro de 2012 
 
Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA 
 
47 
 
5. DIAGNÓSTICO DO SETOR BIOTECNOLÓGICO EM PORTUGAL. ANÁLISE DOS 
PRINCIPAIS INDICADORES 
 
Neste capítulo, pretende-se medir a situação da indústria biotecnológica através da 
análise de uma série de indicadores que nos aproximem da realidade da mesma. 
 
O objetivo é examinar o número de empresas que fazem parte da cadeia de valor da 
indústria biotecnológica classificando-as pelas áreas dependentes do seu setor de 
aplicação, biotecnologia vermelha, biotecnologia

Continue navegando