Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Estudo - Política Contemporânea - SENADO EMOÇÃO É O COMBUSTÍVEL DA AÇÃO. O AMADOR REAGE E O MESTRE AGE. PENSAR ANTES DE REAGIR. Não trazer apenas emoção para o debate político mas trazer suas Razões. Se preparar para debater. Módulo I - Representação Política Os bens são escassos; Acordos Sociais: Fáticos, fundados na Emoção, (não se sabe o porque dos acordos e suas consequências), imprescindíveis; Racionais (explicitar o fato, mostrar o que está dentro, e as suas consequências) o que estava oculto pela tradição passa a ser refletido. Quem ganha e quem perde aparece claramente. Adultos estão acostumados com aquelas Emoções; Substituição de acordos fáticos por acordos racionais é muito difícil, não basta evidenciar um argumento melhor, A Emoção é que governa a vida das Pessoas. Resumo_PolíticaContemporânea.pdf 61 kB Política Contemporânea - Módulo I.p… 39 kB Plano de Aula-Módulo I.pdf 120 kB Substituir padrões culturais(viável) com apoio dos setores da sociedade; Quarto princípio: as decisões são submetidas a debate público. Em algum momento do processo, as decisões passam por um debate aberto e transparente( Bernard Manin) . Meios de comunicação de massa tem um desenvolvimento enorme, aproxima os candidatos dos eleitores. Na época da Internet está cada vez mais forte. Mudança da democracia de partido para democracia de audiência(de auditório). Democracia de Audiência: importância da mídia nesse processo, aproxima o representante dos representados; a internet pode fazer a ponte com os representantes e enfraquecer os partidos. Caráter de pessoalidade, nas propostas de campanha, ouvindo os eleitores; mídia partidária entra crise no declínio dos partidos políticos, mídia comercial ganha espaço; debate na própria mídia(suprapartidário), espaço de livre discussão que informa a deliberação dos assuntos políticos; última faze, comunicadores como figuras mais importantes, pessoas da mídia, especialistas em opinião pública, estar muito bem relacionado com as pessoas da pesquisa e as pessoas do marketing Na democracia de audiência retorna, portanto, o elemento da confiança pessoal como decisivo da escolha do eleitor. Ao invés de uma escolha partidária previamente determinada, de motivação classista, o eleitor sente-se livre para responder a um leque de ofertas que as diferentes campanhas apresentam. Seu voto passa a ser flutuante e a figura central da política passa a ser a do perito de mídia nas suas várias formas: o marqueteiro, o especialista em pesquisas de opinião, o candidato com talento midiático. partidarização da imprensa Módulo II - Modelos de Democracia Robert Dahl publicou, na década de 1950, suas reflexões sobre democracia populista, democracia hamiltoniana e poliarquia. Nesse rumo, uma das tentativas recentes mais interessantes, que demonstrou capacidade de reunir de forma coerente dados de vários países, a respeito dos aspectos mais diversos de seus sistemas políticos, é a obra de Arend Lijphart, que desenvolve, a partir de 1984, a comparação entre dois modelos diferentes de democracia: a democracia majoritária e a democracia consensual. Constituição rígida x constituição flexível(flexível, pode mudar a qualquer momento, Reino Unido, não tem constituição escrito, tem princípios mais gerais, e a Camâra pode alterar esses princípios a qualquer momento; maioria simples: córum de 50% mais um.) Banco central autônomo, independente, modelo consensual de democracia. Tem sua própria missão, não ao sabor do presidente daquele momento. Presidente tem um mandato. Reino unido, modelo majoritário O Reino Unido e muitas de suas antigas colônias são exemplos de países que adotam o sistema majoritário. A Suíça e a Bélgica, assim como a experiência em progresso da União Europeia, praticam o modelo consensual. Democracia Majoritária e Democracia Consensual Política Contemporânea - Módulo II.… 67 kB Plano de Aula-Módulo II.pdf 40 kB Não existe no Reino Unido uma constituição escrita. Direitos dos cidadãos e competências de cada instituição governamental estão definidos em algumas leis fundamentais, na legislação ordinária, nos costumes e convenções. Em decorrência disso, essa constituição não escrita é absolutamente flexível, pois pode ser alterada por maioria simples na Câmara. Sem constituição escrita, o Reino Unido não tem mecanismo de revisão judicial. Não há uma corte encarregada de aferir, quando provocada, a constitucionalidade de uma lei aprovada pela Câmara. A própria Câmara, isto é, a maioria, decide não só a constitucionalidade de alguma lei, mas o próprio significado do que seja constitucional. No mundo globalizado, as diferenças extrapolam o campo econômico e se expandem pelas dimensões étnicas, linguísticas, religiosas e de estilo de vida. Garantir a voz e a participação das minorias torna-se, cada vez mais, exigência para a vida política comum. Não por acaso, as reformas políticas realizadas nos últimos vinte anos apontam para a desconcentração do poder e o aumento do poder de veto de grupos minoritários, a expansão do bicameralismo e o fortalecimento da tendência no rumo da autonomia dos Bancos Centrais. a democracia majoritária está preocupada com a definição de alguma maioria, por reduzida que seja, que viabilize um governo majoritário. Por sua vez, o foco da democracia consensual é a partilha cada vez maior do poder, com a ampliação permanente do número daqueles que o exercem. Módulo III - Democracia e Autoritarismo ...democracia representativa baseia-se no fato de que o povo exerce o poder, indiretamente, através da escolha dos seus representantes, que por sua vez exercem o poder, em seu nome. Política Contemporânea - Módulo II… 113 kB Plano de Aula-Módulo III.pdf 145 kB Hoje, a efetivação dos direitos civis e políticos, que identificam os governos democráticos em todos os países do mundo, é avaliada partindo-se de características, tais como: liberdade de formar e aderir a organizações; liberdade de expressão; direito de voto; elegibilidade para cargos públicos; direito de líderes políticos disputarem apoio e conquistarem votos; garantia de acesso a fontes alternativas de informação; eleições livres, frequentes e idôneas; e instituições para fazer com que as políticas governamentais dependam de eleições e de outras manifestações de preferência do eleitorado. O que é Democracia? Quando pensamos em democracia, pensamos em participação política, representação, legitimidade. Na definição clássica, aristotélica, a democracia significava o governo soberano do povo – e, para Aristóteles, isso não necessariamente era bom. Ao contrário, o governo do povo podia ser a degeneração do bom exercício do poder, uma vez que o exercício direto da vontade popular, sem limites ou regras, levaria a uma tirania. O conceito sofreu muitas mudanças nos séculos XVII, XVIII e XIX, aproximando-o do que hoje conhecemos como democracia representativa. A democracia representativa se estabelece como alternativa à forma direta do poder popular, dadas as dificuldades práticas de se exercer o poder diretamente. A ideia central da democracia representativa é que o povo escolhe seus representantes, que por sua vez exercem o poder, em seu nome. A escolha direta legitima o exercício do poder pelos representantes – e não mais a tradição, a herança, o direito de sangue, o exercício da força ou outras possíveis formas de se estabelecer um núcleo governante. De certa forma, a democracia representativa é elitista: poucos governam, muitos são os governados. Mas é o processo de escolha – eleições -, e não quem o exerce diretamente, que é reconhecido como desejável e legítimo. Ao longo do século XIX, muitas barreiras para a participação civil foram abolidas: exigência mínima de propriedade e/ou renda, idade, sexo. Muitas somente o foram no século XX. De fato, foi somente no século XX que as democracias representativas se tornam de massa – de poucos milhares, passam a milhões os participantesdo processo eleitoral; de cerca de 1% no século XIX, passam a praticamente 100% no século XX. É uma revolução sem precedentes. E a democracia é, portanto, bastante “jovem”, se pensarmos toda a história política da humanidade. Democracia é definida pelo formato/processo. Se criar soluções antenadas com a opinião pública, onde todos tem o direito de ser quem são. O que é a poliarquia? É a existência de muitas condições que irão assegurar que o processo de escolhas (o método) será realizado de maneira livre, competitiva e que refletirá ao máximo a vontade dos indivíduos. Não só isso: a poliarquia diz respeito ao jogo eleitoral, mas também ao como a sociedade pode expressar suas preferências, e como o sistema governamental tratará essas preferências. Na poliarquia, entende-se que existem muitos interesses na sociedade, nem sempre convergentes: ao contrário, há conflitos e assimetrias (com a predominância, muitas vezes, de grupos mais poderosos).] Entretanto, na sua definição, a poliarquia antevê formas legítimas de constituição do poder democrático e também de sua destituição. Antevê, também, formas de ampla participação que resultem em políticas “antenadas” com o que quer a população. Segundo Dahl, para que o sistema de fato funcione, é preciso que os requisitos abaixo sejam atendidos: Liberdade de formar e aderir a organizações; Liberdade de expressão; Direito de voto; Elegibilidade para cargos públicos; Direito de líderes políticos disputarem apoio e, Existem muitos sistemas hoje que monitoram o que chamamos de “qualidade da democracia”, onde muitos quesitos são avaliados. Democracy Index e Freedom House são alguns desses organismos que monitoram direitos políticos e civis no mundo, e divulgam escalas de democracia conforme o respeito a direitos humanos, direito de associação, proteção a minorias, liberdade na internet e de imprensa, eleições etc. ...como os países se tornam democráticos – um dos primeiros argumentos vem da teoria da modernização, segundo a qual mudanças sócio-econômicas (urbanização, maiores taxas de alfabetismo e da educação, industrialização e expansão da mídia) levariam naturalmente ao surgimento de sólidas democracias. A democracia seria apenas o corolário do desenvolvimento econômico. Lipset, autor de trabalho pioneiro, é um dos principais expositores dessa vertente teórica, e a partir daí gerou-se a maior produção acadêmica na área de política comparada já realizada. consequentement e, consquistarem votos; Garantia de acesso a fontes alternativas de informação; Eleições livres, frequentes e idôneas; e Instituições para fazer com que as políticas governamentais dependam de eleições e de outras manifestações de preferência do eleitorado. Em contraposição, Samuel Huntington argumentou que mudanças sócio- econômicas levam a maior consciência, maior participação e mais demandas; portanto, não necessariamente levam a democracias. São, na verdade, a razão mesma para um grande número de conflitos, golpes e instabilidade política. Ou seja, se a sociedade muda num ritmo muito rápido, novos grupos sociais surgem e se mobilizam politicamente, mas as instituições políticas(não são capazes de processar) muitas vezes não se desenvolvem com a mesma velocidade – portanto, não necessariamente o desenvolvimento econômico gera democracia. Uma visão defende que crenças e atitudes dos indivíduos são fundamentais para que a transição para a democracia ocorra, ou seja, é preciso haver uma cultura cívica favorável à democracia. ...países ricos em recursos naturais são(tendem a serem) autoritários ou semiautoritários. Houve momentos (ondas) de expansão da democracia no mundo. Vivemos hoje o período de maior democratização da história da humanidade. Hoje, a Primavera Árabe é vista, por alguns, ao lado de outras mudanças de regime na Ásia e África, como a Quarta Onda(Expansão democrática da Ásia). Módulo IV - Partidos Políticos Foi publicada em 1951, há mais de sessenta anos, portanto, a obra clássica de Maurice Duverger, “Os partidos políticos”. O livro é considerado, com justiça, um clássico da ciência política por várias razões. Além de, evento raro nesse campo, estabelecer “leis”, no sentido de conjecturas fortes, que postulam uma relação causal entre sistemas eleitorais e sistemas partidários, Duverger construiu uma metodologia de investigação que separa dimensões consideradas relevantes na análise dos partidos políticos; e elaborou uma tipologia dos partidos que relaciona suas origens históricas e características estruturais. Em todas essas direções, formulou um programa de pesquisa que continua a ser seguido, em graus diversos, pela literatura contemporânea especializada. O livro tem, portanto, importância histórica e propostas de pesquisa ainda atuais. Política Contemporânea - Módulo I… 152 kB Plano de Aula-Módulo IV.pdf 91 kB A relação entre grupos de parlamentares eleitos e seus respectivos comitês eleitorais constituiu o embrião do primeiro tipo de partido político a surgir: o partido de quadros. (política conservadora, de personalidades isoladas) o partido de massas . Partidos de massa resultam, portanto, da combinação de grupos sociais, comitês eleitorais e grupos parlamentares. Para Duverger, as diferenças de origem refletem-se em diferenças de estrutura, ou seja, a lógica que leva à formação de cada tipo de partido estimula o surgimento de características estruturais distintas. De forma resumida, podemos constatar que partidos de quadros são, geralmente, partidos burgueses, liberais ou conservadores, que: Em contraste, os partidos de massa, tipo construído a partir da observação dos partidos socialistas e comunistas: dedicam pouco esforço ao recrutamento, concentram suas atividades nos períodos eleitorais, dependem para seu financiamento do aporte das próprias elites partidárias, contentam-se com uma organização interna relativamente simples, funcionam com direções concentradas e personalizadas, exibem um alto grau de disputa interna entre grupos pequenos de suas direções, trabalham com escassa consistência programática, dão pouca importância a fatores ideológicos, e operam com uma estrutura decisória descentralizada e pouco hierárquica. têm no recrutamento, assim como na propaganda e doutrinação, atividades permanentes, dependem para seu financiamento das contribuições de seus filiados, Sistemas de muitos partidos dependem de coalizões para formar maiorias e as coalizões tendem a ser mais instáveis que as maiorias formadas por um só partido. Partidos refletem diferenças políticas relevantes em cada sociedade, diferenças que não dependem do sistema eleitoral vigente. A lei da circulação das elites , de Pareto e Mosca, assim como a lei de ferro das oligarquias , de Michels, expressavam esse ceticismo e a crença no retorno à constante histórica profunda das relações de poder: poucos mandam, muitos obedecem. Duverger desenvolve uma relação ambígua com essa vertente. De um lado, aceita o pressuposto fundamental de seus predecessores: o poder está, em todos os casos, nas mãos de poucos e a regra democrática nada mais é que um mecanismo de seleção e renovação das elites. No entanto, o surgimento e proliferação dos partidos de massa representam, para o autor, uma ampliação significativa dos espaços de seleção das elites dirigentes. adotam formas complexas de organização, com redes de unidades políticas e uma burocracia permanente, suas lideranças demonstram pouco personalismo na sua atividade, a motivação principal da disputa interna é ideológica, mostram alta consistência programática, e tendem a criar estruturas decisórias hierárquicas e centralizadas. Antes, na época dos partidos de quadros, dos notáveis, a elite originava-se de um pequeno grupo do universo das classes proprietárias. Com os partidos de massa, representantes autênticos das classes trabalhadorasganham acesso a posições de mando e passam a constituir uma nova elite, representativa da maioria dos cidadãos de seus países. Segundo Duverger, se abandonarmos a definição ilusória de democracia, governo do povo para o povo, e aderirmos à definição realista, governo para o povo, veremos que, no regime representativo, a democracia não é ameaçada pelos partidos de massa e suas burocracias especializadas em propaganda, doutrinação e campanhas eleitorais. Pelo contrário, esse tipo de partido é condição para que dirigentes saídos das classes majoritárias e a elas ainda vinculados assumam o governo e tomem as decisões para o povo. Vimos neste Módulo que, conforme Maurice Duverger, a eleição dos representantes do povo no parlamento e a ampliação do direito de voto são os fatos históricos que estão na origem dos partidos de quadros e dos partidos de massa, respectivamente. Vimos também que o autor propõe uma agenda de pesquisa dos partidos políticos que engloba algumas dimensões. Na dimensão da estrutura partidária é relevante identificar as unidades mínimas que compõem o partido, sua relação com grupos sociais organizados e as relações que se estabelecem entre essas unidades e as diversas instâncias dirigentes. Na dimensão dos filiados importa perguntar as condições da adesão, os deveres do filiado e a forma como os filiados percebem sua pertença ao partido. Finalmente, na dimensão da direção, há que verificar o processo de seleção, a propensão à oligarquização e as relações da direção com a bancada parlamentar do partido, um foco de poder autônomo. Vimos, ainda, as relações que o autor estabelece entre os sistemas eleitorais e o número de partidos: as relações entre o voto distrital majoritário em turno único e bipartidarismo, entre voto distrital majoritário em dois turnos e um sistema com mais de dois partidos e entre voto proporcional e um número ainda maior de partidos. O sistema eleitoral não cria as divisões da sociedade, mas pode acelerar ou retardar sua cristalização em partidos políticos diferentes. Módulo V - Poder Legislativo Quais razões levam alguns países, nos dias de hoje, a optar por um legislativo bicameral? Se o que se espera do Legislativo é a representação da diversidade de posições presente no conjunto dos cidadãos e, principalmente, a representação clara da vontade da maioria, uma só Câmara não seria suficiente para essa função? Por que optar pela alternativa mais complexa e menos econômica? Será verdade que, conforme o argumento de Sieyès, quando a primeira Câmara representa de modo fidedigno a vontade da maioria, a segunda câmara só pode ser supérflua, quando com ela concorda, ou perniciosa, quando a ela se opõe? Vamos tentar responder a essas questões a partir do exame de três tipos de dados: 1) As características comuns dos países que adotam o unicameralismo de um lado e o bicameralismo de outro; 2) as razões históricas e doutrinárias que justificam a existência de uma segunda Câmara; 3) as características que diferenciam, normalmente, primeiras e segundas Câmaras no mundo. Política Contemporânea - Módulo V… 126 kB Plano de Aula-Módulo V.pdf 37 kB http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=550&eid=3913&displayformat=dictionary Comum em países extensos, populosos, maior heterogeneidade e maior solidez democrática. Há hoje, no mundo, aproximadamente 170 legislativos nacionais. Aproximadamente um terço adota o formato bicameral e dois terços, portanto, são unicamerais. Historicamente, poucas foram as experiências de funcionamento de mais de duas Câmaras. Houve os casos da Quarta República francesa, que dispunha de uma terceira Câmara, com o formato e as funções de um conselho econômico; da extinta República da Yugoslávia, com cinco Câmaras em funcionamento simultâneo; e da África do Sul, entre 1984 e 1992, também com três câmaras. Por outro lado, o Legislativo da Noruega é normalmente considerado como de “uma Câmara e meia”, uma vez que a primeira Câmara, eleita pelo voto popular, escolhe, entre seus membros, a segunda Câmara. Mas esses são os casos atípicos. Os casos normais são os de uma única Câmara, 2/3 do total de legislativos, como vimos, e os de duas Câmaras, que representam 1/3 dos cento e setenta legislativos nacionais que existem pelo mundo. A distribuição dos dois sistemas, de uma e de duas câmaras, entre os países não é aleatória, ou seja, há determinadas características, territoriais, demográficas e políticas associadas a cada uma dessas opções. De modo geral, o unicameralismo é mais comum em países de área menor, menos populosos, de população mais homogênea, organizados de maneira unitária, nos quais a democracia encontra-se menos consolidada. A adoção de duas Câmaras, por sua vez, está associada, comumente, a países com territórios mais extensos, mais populosos, de população mais heterogênea, organizados de forma federativa, com tradições democráticas mais sólidas e estabelecidas. A tabela seguinte resume as características que distinguem o Unicameralismo do Bicameralismo. UNICAMERALISMO BICAMERALISMO Para exemplificar: no que se refere ao tamanho da população, duas das maiores democracias unicameralistas são Portugal e Grécia, ambos com aproximadamente 10 milhões de habitantes. Sobre a influência da heterogeneidade da população, há o caso esclarecedor da Bélgica: sua população, embora reduzida, encontra-se profundamente dividida em duas comunidades linguísticas e culturais e uma segunda Câmara legislativa tornou-se importante para a representação adequada dessa diferença. Em primeiro lugar, é preciso examinar uma importante razão histórica associada à existência de uma segunda Câmara, uma razão que podemos chamar estamental. Segundas Câmaras sugiram normalmente como espaço de representação de estamentos privilegiados da população, considerados de especial relevância para o país, como a nobreza e o clero, merecedores, por essa razão, de um espaço de representação próprio. Hoje, o único caso que remanesce é o da Câmara dos Lordes, no Reino Unido. Ao longo do século XX, diversas segundas câmaras com essas características foram extintas, como ocorreu, por exemplo, em Portugal, Suécia, Hungria e Japão. Evidentemente, a razão de se manter uma câmara de tipo estamental deve ser procurada na lógica das sociedades aristocráticas tradicionais e resulta pouco compatível com a vigência quase universal do ordenamento democrático no mundo atual. Mas mesmo na modernidade democrática, existem outras razões que levam diversos países a optar por um modelo com duas câmaras e não com uma única câmara. Países de área menor Menos populosos População mais homogênea Organizados de maneira unitária Democracia menos consolidada Países com território mais extenso Mais populosos População mais heterogênea Organizados de forma federativa Tradições democráticas mais sólidas e estabelecidas Para saber mais sobre o bicameralismo, leia o artigo “Razões do Bicameralismo”, de Caetano Ernesto Pereira de Araujo, Doutor em Sociologia Política pela Universidade de Brasília e Consultor Legislativo do Senado Federal. Examinemos as diversas razões apresentadas para a justificação do bicameralismo: a) Em primeiro lugar, uma segunda Câmara é importante para todos os arranjos institucionais que contemplam o princípio da divisão de poderes. É clássica a teorização da democracia como um sistema de divisão e controle recíproco de poderes. O desenho institucional norte-americano, de enorme influência sobre as repúblicas posteriores, tem como um de seus fundamentos o sistema de pesos e contrapesos, expressão prática e institucional desse princípio. Nessa linha, a segunda Câmara é um instrumento normalmente utilizado nos arranjos institucionais para os quais é importante que o poder seja dividido em várias partes e que exista um controle recíproco por parte de todaselas. E diversos países optaram por uma segunda Câmara na procura de um arranjo institucional desse tipo. Entretanto, essa não é a única razão compatível com a democracia moderna para se optar por uma segunda câmara. b) Pesa também a questão da representação eficiente dos grupos minoritários no interior de cada sociedade, o que implica considerar a vigência de mecanismos de proteção ou salvaguarda desses grupos das decisões majoritárias. De certa forma, isso significa que, se desejamos uma segunda câmara que cumpra essa função a contento, devemos construí-la de maneira diferente da que construímos a primeira Câmara. A primeira câmara, em todo o mundo, costuma ser vinculada de maneira mais estreita à vontade popular, ou seja, responde com maior frequência ao voto do eleitor. A segunda câmara, por sua vez, é, normalmente, mais isolada ou distante dessa vontade, mediante vários mecanismos que observaremos em seguida. Em outras palavras, O BICAMERALISMO NA CONSTITUIÇ… 46 kB CaetanoErnesto_razoesdoBicamerali… 137 kB a segunda Câmara em geral é preservada da vontade popular, fato com consequências muito evidentes, para o bem ou para o mal. Enfim, a segunda câmara é constituída de uma forma segundo a qual a vontade de quem vota não incide com tanta força sobre ela como incide sobre a primeira câmara. Esses mecanismos de “isolamento” permitem à segunda câmara ser um espaço para a proteção e a representação de grupos minoritários. c) Quanto ao seu papel no desenho de uma federação, uma segunda câmara tem sido utilizada desde a experiência norte-americana como instrumento para construir um Estado federado, ou seja, como instrumento para dar aos Estados integrantes da federação, principalmente aos Estados menos populosos, a garantia de que seus interesses não serão violentados pela vontade da maioria. Quer dizer, é um sistema que dá proteção aos Estados que têm menos eleitores frente à vontade da maioria, normalmente refletida numa Câmara de deputados. No desenho norte-americano, a experiência que inaugura esse modelo, cada Estado, não importa seu tamanho, tem direito ao mesmo número de cadeiras no Senado. Essa regra de representação igual teve ampla aceitação na América Latina e em outras partes do mundo. Vale no Brasil, onde cada Estado elege três senadores, e, para citar outros exemplos, na Argentina, Austrália, África do Sul, México e Suíça. No entanto, esse não é o único papel que o Senado pode desempenhar no desenho de uma federação. Há federações nas quais, mais importante do que dar aos Estados menores poderes de veto, efeito direto do voto paritário, é conceder a esses Estados um segundo espaço de representação onde possam manifestar sua voz. Nessa perspectiva, há países que mantêm uma segunda câmara onde as várias regiões ou Estados estão representados, mas essa representação não é isonômica, é uma representação diferenciada que segue mais ou menos a proporcionalidade com a população de cada uma dessas regiões. Poderíamos aqui citar a Índia, mas não é o único caso. Na Europa, há vários países – Espanha, Áustria, Bélgica e Alemanha, por exemplo – em que isso acontece. d) Quanto à função revisora sobre a produção legislativa, argumenta-se que a legislação tende a tornar-se, com o tempo, cada vez mais complexa, cada vez mais técnica. Faz-se necessário, portanto, que o processo legislativo abra espaço para um segundo olhar sobre a produção das leis. Nessa perspectiva, a Câmara dos Deputados, a primeira câmara, seria o espaço da primeira abordagem do legislador no processo de produção das leis; e uma segunda câmara, seja qual for o seu nome, constituiria o espaço de um segundo olhar revisor, que a complexidade crescente das sociedades modernas torna cada vez mais necessário. Indicamos a seguinte leitura: LEMOS, Leany Barreiro de Souza. Controle legislativo em democracias presidencialistas: Brasil e EUA em perspectiva comparada. Brasília: Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Sociais, 2005. A autora analisa de forma comparativa o controle horizontal exercido no Brasil (1988- 2004) e nos Estados Unidos da América (1973-2000). A diferença pode ser pequena, como na Espanha, com 257 e 350 representantes em cada uma, ou significativa, como na Alemanha, que elegeu, em 1994, 672 deputados e apenas 69 senadores. As duas Câmaras variam muito também em relação aos seus poderes constitucionais. Há, nesse aspecto, uma variedade muito grande – e não entraremos em pormenores nesse ponto; vamos discutir apenas algumas tendências gerais. Normalmente, a primeira Câmara tem influência maior sobre qualquer tipo de matéria que diga respeito a impostos ou gastos públicos, e a segunda tem influência maior em matéria constitucional, especialmente naqueles Estados federados nos quais a segunda câmara é uma representação desses Estados. É mais comum que a primeira câmara exerça certa preponderância de poderes, ou seja, que, em caso de impasse, suas decisões possam prevalecer sobre as decisões que são tomadas na segunda câmara. Mas existem vários casos em que se verifica a equipotência formal entre as duas casas. No Brasil, formalmente, as duas casas são equipotentes. Finalmente, é comum uma distinção grande entre segundas e primeiras câmaras no que diz respeito ao processo de seleção dos seus membros. Normalmente, as duas casas são constituídas de forma bem diferenciada. Enquanto a primeira câmara é constituída normalmente pelo voto direto e frequente do povo, as segundas câmaras podem adotar vários mecanismos de seleção de seus integrantes, introduzindo diversos elementos que afastam os seus membros da influência do voto direto. Processos de seleção bicameral no mundo Diante do exposto até agora, indaga-se: como a Constituição de 1988 idealizou a representação política no Brasil? Para um embasamento dessa questão, sugerimos a leitura do texto O PODER LEGISLATIVO NA CONSTITUIÇÃO DE 1988, de Jarbas de Andrade Vasconcelos. Módulo VI - Evolução dos Partidos Políticos Brasileiros O Papel e a Evolução dos Partidos Políticos no Brasil Partidos atuam em duas arenas: eleitoral e decisória. Na eleitoral, são responsáveis por agregar interesses, congregar candidatos, torná-los conhecidos dos cidadãos, desenvolver plataformas que serão avaliadas pelos eleitores durante períodos eleitorais e buscar votos. Na arena decisória, são responsáveis por decisões de políticas públicas - sua formulação, planejamento, implementação e avaliação. Pertencimento de direito; indicação; eleição indireta; eleição direta. PODER LEGISLATIVO NA CONSTITUI… 19 kB Política Contemporânea - Módulo V… 110 kB Plano de Aula-Módulo VI.pdf 135 kB ... instinto personalista e clientelístico das elites políticas brasileiras. Depois de 1988, Na Constituição de 88 o País retorna ao sistema multipartidário. Há duas correntes avaliativas divergem sobre o sistema brasileiro: A pessimista aponta a fraqueza do sistema partidário(excesso de partidos) e quer reformas, a Otimista acredita que o sistema é estável e está em evolução. (excesso de partidos no Governo) O eleitor ficar pedido com o grande número de partidos; fraqueza ideológica, não são consistentes, geram um ambiente de crises políticas constantes. Baixa qualidade da democracia brasileira. Dança das cadeiras, constante troca(mudanças se avizinham, dentro do mesmo espectro ideológico); Manter esse sistema tem um alto custo. Mais importante como os partidos se organizam no governo. Estar ou não participando da base do Governo. Necessário fazer uma reforma política, criar instituições que sejam mais previsíveis, que haja mais controle do eleitor, que seja menos fragmentada, menos partidos políticos; Os Partidos Políticos na democracia de 1946 A partir de 1946, novos partidos surgem induzidos pelo Estado, o que lhes confere um caráter "gelatinoso", no sentido dado pelo cientista Scott Mainwaring. O partido se acoplaa estruturas anteriores de sindicatos, interventorias, uma burocracia empoderada, sem falar da ideologia autoritária que antecede o período. Na nova democracia, é criado, a partir do braço estatal, o Partido Social Democrático (PSD), com bases municipais e com quadros do alto escalão da burocracia; o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), com raízes sindicais e urbanas, ambos getulistas; e a União Democrática Nacional (UDN), anti- getulista. Com a industrialização/ urbanização e consequentes mudanças na estrutura social, os partidos conservadores perdem espaço, e os demais tornam-se mais progressistas. De fato, houve um declínio da votação da direita e do centro e o crescimento da esquerda, gerando conflitos entre um Congresso mais conservador e um Executivo reformista. Os partidos se dispersaram e se diluíram internamente, houve aumento de votos brancos e nulos, aumentou a adesão clientelística aos partidos nas regiões menos desenvolvidas, ao mesmo tempo em que, nas regiões mais desenvolvidas, ganhou corpo a política personalista. Entre 1946-1964 há um esforço dos partidos de se organizarem nacionalmente (embora haja divergências na literatura sobre o tema), mas criou-se uma tensão no sistema político que contribuiu para a configuração do golpe de 1964, que durou até 1985. Os Partidos Políticos durante o Período Militar (1964-1985) Durante o regime militar, os partidos não foram abolidos, e nem as eleições, mas houve fortes restrições à participação política. A existência apenas de partidos e eleições não garantem uma democracia (ver a unidade sobre Democracia e Autoritarismo, especialmente o conceito de Poliarquia). O Ato Institucional nº 2, de 27 de outubro de 1965, manteve a Lei nº 4.740, de 15 de julho de 1965 (Lei Orgânica dos Partidos Políticos) que extinguiu o pluripartidarismo no Brasil, e o Ato Institucional nº 4, de 20 de novembro de 1965 criou, na prática, o bipartidarismo: Aliança Renovadora Nacional (ARENA), partido alinhado com o governo, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), como oposição consentida, mas que abrigava setores que permaneciam na clandestinidade (como o PCB). A seguir, apresentamos o link que remete à Lei nº 4.740, de 15 de julho de 1965. LEI ORDINÁRIA - 4740 de 15_07_196… 199 kB Entre 1964-1985, o mandatário que trocasse de partido perdia seu mandato, medida revogada com a Emenda Constitucional nº 25, de 1985, ano em que também voltou à legalidade o PCB (clandestino desde 1947). Entre 1945 e 1979, foram registrados no TSE 27 partidos políticos. O regime militar cassou mandatos, em todos os níveis, e cerceou direitos de participação e organização. Depois das eleições de 1974 e 1978, com a perda flagrante de espaço político para o MDB, os militares resolveram promover o multipartidarismo, a partir de 1980, como forma de diluir o poder crescente da oposição, bem como uma abertura “lenta, gradual e segura”. Abaixo, apresentamos o link que remete às informações sobre a representação político-partidária no Brasil entre 1945 e 1979. http://www.tse.jus.br/partidos/partidos-politicos/registros-de-partidos-politicos- 1945-a-1979 Sobre o aperfeiçoamento dos direitos políticos na atual conjuntura democrática brasileira, sugerimos a leitura do texto DIREITOS POLÍTICOS – O LONGO E (AINDA) INACABADO PROCESSO DE APERFEIÇOAMENTO DA DEMOCRACIA BRASILEIRA , de Pedro Simon. DIREITOS POLÍTICOS – O LONGO E (AINDA) INACABADO PROCESSO DE APERFEIÇOAMENTO DA DEMOCRACIA BRASILEIRA - Pedro Simon Os Partidos Políticos na Nova Ordem Constitucional (pós-1988) Hoje, existem mais de trinta partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Abaixo, apresentamos o link que remete ao site do TSE, onde estão disponíveis os dados dos diretórios nacionais das agremiações, bem como os estatutos dos partidos políticos. http://www.tse.jus.br/partidos/partidos-politicos PROCESSO DE APERFEIÇOAMENTO … 44 kB Partidos políticos registrados no TS… 130 kB TSE_historico_partidos_politicos.pdf 180 kB http://www.tse.jus.br/partidos/partidos-politicos/registros-de-partidos-politicos-1945-a-1979 http://www12.senado.gov.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/outras-publicacoes/volume-ii-constituicao-de-1988-o-brasil-20-anos-depois.-o-exercicio-da-politica/direitos-politicos-o-longo-e-ainda-inacabado-processo-de-aperfeicoamento-da-democracia-brasileira http://www.tse.jus.br/partidos/partidos-politicos No novo período democrático, há duas correntes que debatem o papel e a qualidade dos partidos políticos no Brasil. Corrente pessimista A primeira corrente, que chamaremos pessimista, afirma ser o sistema ingovernável e passível de rupturas. Ingovernável pelo excesso de partidos, pela excessiva fragmentação partidária, o que leva a governos minoritários (nenhum governo desde 1988 teve mais do que 20% das cadeiras no Congresso); governos minoritários levam à necessidade de um governo de coalizão; governos de coalizão são heterogêneos e enfrentam muitas disputas internas. A existência de conflitos iminentes exige uma enorme capacidade de coordenação, que nem sempre está presente nos governos. Daí ser um cenário perfeito para crises constantes. Além disso, o excessivo número de partidos levaria uma certa "confusão" aos eleitores – afinal, o que significaria cada legenda? Como se diferenciam? No nosso contexto, é ainda pior, por causa das coligações que se constroem, obscuras para os eleitores. É difícil para o eleitor distinguir quem está na disputa, o que leva ao problema da volatilidade eleitoral (eleitores mudam seu voto de um partido para outro, em eleições subsequentes, na média de 40%). Mas não somente o número de partidos é um problema, segundo essa visão. Talvez mais importante ainda seja a falta de consistência programática dos partidos, ou uma linha mestra que guie o comportamento de seus membros. Os críticos apontam para a fraqueza dos partidos: na verdade, o que vale nas eleições é o indivíduo, não a organização partidária. Os candidatos – e mandatários – não seguem diretrizes partidárias, e nem mesmo há divisão de partidos segundo uma ideologia identificável. São partidos catch-all – expressão inglesa que significa partidos sem identidade, que “carregam tudo”. Esse problema tem várias consequências: a) falta de disciplina partidária, uma vez que o partido não consegue impor aos seus membros decisões do grupo, reforçando o problema da falta de identidade (o indivíduo se sobrepõe ao coletivo). Além disso, há enormes incentivos para a b) competição intrapartidária – os candidatos, por causa das regras eleitorais, acabam competindo também entre si -, o que favorece campanhas caras e corrupção eleitoral; c) a “dança das cadeiras”, ou troca constante de partidos, já que não existe uma identidade entre o membro e a organização, não havendo grandes penalidades para o indivíduo que o faça; d) a falta de controle do eleitor sobre os eleitos, uma vez que alguém eleito pelo partido x pode sair dele e ingressar no y, o que seria uma “traição” do eleitor, caso ele votasse no partido x por preferência programática (existe hoje a possibilidade do político perder o mandato, mas não é automático - o partido tem de ingressar com uma ação para reavê-lo). Como isso também é incerto – como vota o eleitor, se no partido ou no indivíduo, porque há reforço para que ele prefira a última opção à primeira – o resultado é bastante esperado: políticos que não respondem ao partido e, muitas vezes, nem mesmo ao eleitor. Manter esse sistema tem um custo alto: segundo esses estudiosos, é difícil para os governos eleitos formar maioria no Congresso e governar com partidos pouco coesos e sem densidade programática. A solução para o problema seria uma reforma política que contemplasse: a) o fim do sistema proporcional, que leva ao multipartidarismo; b) a adoção do sistema distrital, que leva ao bipartidarismo; c) a manutenção do sistemaproporcional, mas com lista fechada (quem ordena a lista é o partido, não o eleitor), o que daria mais força aos partidos; Corrente otimista A segunda corrente, que chamaremos otimista, acha desnecessária a reforma política nesses termos – para reduzir o número de partidos e dar mais poderes à direção partidária -, porque o sistema atual não gera ingovernabilidade ou imprevisibilidade. Segundo essa vertente, os partidos políticos, no pós-1988, não constituem elemento de instabilidade do regime democrático. O que os estudos empíricos do grupo informam é que, de fato, os partidos organizam a vida dentro do parlamento e existe disciplina partidária no voto. Ou seja, quando o líder de um determinado partido orienta sua bancada em uma votação, ele é, em geral, seguido. Alguns partidos chegam a ter 100% de fidelidade partidária no Congresso, e o partido cujos membros são menos fiéis têm uma média de adesão de 85%. http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=550&eid=4251&displayformat=dictionary Além disso, o princípio da proporcionalidade partidária reina na distribuição de cargos – portanto, de poder – dentro do parlamento. Em outras palavras, os partidos contam: tanto para dar um rumo às votações (que nada mais são do que o espelho de preferências políticas) quanto para organizar a estrutura interna do Legislativo. Mesmo havendo um grande número de partidos, eles estão organizados em blocos, e cerca de 5 ou 6 detêm maioria. Portanto, excesso de partidos, para esses estudiosos, não é exatamente o problema. Ao contrário, a diversidade é importante do ponto de vista da legitimidade do Congresso: a representação é plural e reflete a diversidade cultural e social do país, dando especial voz às minorias. Outro argumento é que, embora a mudança constante de legendas dentro do Congresso seja uma realidade, as trocas partidárias se dão dentro de um espectro ideológico (centro-esquerda, centro-direita), e raramente se observam mudanças de um político que vá da direita para a esquerda ou vice-versa. A dança das cadeiras, nesse sentido, não trai o eleitor, porque as mudanças não são radicais. Por último, alguns autores assinalam que, como o sistema é centrado no Presidente da República, a clivagem mais importante não é entre partidos, ou entre executivo e legislativo, mas entre base de governo versus oposição. Essa clivagem é a que define o comportamento parlamentar. Em suma, o custo de se manter o sistema é o mesmo de um sistema parlamentarista multipartidário (governos minoritários têm de negociar posições e dividir poder, o que não é algo exclusivo do sistema brasileiro). Reformas que deem poder demasiado às direções partidárias, ao contrário do efeito pretendido, concentrariam o poder nas mãos de poucos e levariam à burocratização da vida político-partidária, prejudicando ainda mais os eleitores. Vimos neste Módulo que: Os partidos políticos se diferenciavam pouco no século XIX e mesmo no início do século XX. Na década de 30, havia uma concentração em Minas Gerais e São Paulo; mas, de fato, estiveram organizados nacionalmente somente no pós-46; no período democrático de 1946-64, os partidos continuaram a existir a partir da ação do Estado - ou seja, não se organizaram autonomamente a partir da sociedade civil. Isso deu a eles contornos pouco definidos; entretanto, à medida que foram se diferenciando e polarizando, criou-se uma situação propícia ao golpe militar de 64; http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=550&eid=4251&displayformat=dictionary http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=550&eid=4251&displayformat=dictionary Para se aprofundar no entendimento sobre as particularidades da representação partidária no Brasil, sugerimos a leitura do texto PARTIDOS, REPRESENTAÇÃO E REFORMA POLÍTICA, de Felipe Basile. Necessário formação Política dos cidadãos. Instituição política é toda forma de agir consolidada, que leva as pessoas a repetir as coisas, condutor das intenções. Redes de interesse que geram riquezas já estão habituadas/estruturadas em tornos de acordos fáticos; Mudança extremamente difícil, mas possível. Renovabilidade desses acordos sociais. (Vídeo Educação Política) Módulo VII - O Bicameralismo no Brasil durante o regime militar, o sistema partidário foi reduzido - do multipartidarismo para o bipartidarismo (ARENA e MDB). As eleições e a participação política não foram eliminadas totalmente, mas houve forte cerceamento das atividades político- partidárias, com cassações e limitações à liberdade de associação e de expressão; na nova ordem pós-1988, o país retorna ao sistema multipartidário. São hoje mais de 30 partidos políticos registrados, diversos com assentos no Congresso Nacional. A fragmentação excessiva, segundo alguns estudiosos, é um impedimento à governabilidade (dificulta a ação do poder executivo); entretanto, os defensores do sistema acreditam que a diversidade partidária garante maior participação da minoria, sem impedir que decisões de governo sejam tomadas. PARTIDOS REPRESENTAÇÃO E REFO… 73 kB Política Contemporânea - Módulo V… 159 kB Plano de Aula-Módulo VII.pdf 94 kB Neste Módulo, vamos estudar os efeitos que as competências privativas e comuns, constitucionalmente atribuídas à Câmara dos Deputados e ao Senado, surtem no processo governamental do país. Além do Senado e da Câmara, há o Congresso Nacional (quando as duas Casas deliberam conjuntamente). Enquanto o Senado representa a federação e os senadores são eleitos pelo voto majoritário, a Câmara representa o povo e os deputados são eleitos pelo sistema proporcional. A proporcionalidade fomenta a diversidade e protege os direitos das minorias. No bicameralismo brasileiro, tanto deputados quanto senadores têm poderes e prerrogativas muito semelhantes. O trabalho das Comissões é de fundamental importância para a eficiência do Legislativo, ao aprofundar os temas de relevância para a população. ...é importante entender como se dá a organização e a estrutura do Poder Legislativo e como é a divisão de trabalho entre os políticos eleitos nas duas Casas, Senado e Câmara dos Deputados; ou seja, os poderes que os parlamentares, os partidos e as estruturas institucionais detêm. Essas regras não são aleatórias: elas são construídas historicamente com vistas a garantir determinados resultados. Por exemplo, um parlamentar pretende emendar uma proposta, isoladamente. Em alguns países (o Brasil é um deles) o parlamentar pode fazê-lo. Em outros, somente se pode fazer via partido ou com um mínimo de assinaturas. O que isso significa? Que algo que parece simples e formal - apresentar uma proposta - na verdade representa quanto de poder o parlamentar tem nessa questão. Se ele pode simplesmente apresentar a proposta isoladamente, é mais provável que o faça. Mas se tiver que negociar com outros parlamentares e com lideranças, pode ser que não o apresente, dado o custo elevado de fazê-lo e à urgência de outras demandas. Ou seja, a formatação institucional condiciona as oportunidades e os custos inerentes ao exercício do mandato parlamentar. São muitas as regras e aspectos da organização do Congresso. Algumas são detalhes que fazem a diferença, outras são regras gerais de organização. Nesta O BICAMERALISMO NA CONSTITUIÇ… 46 kB unidade, chamaremos atenção para três aspectos fundamentais da organização e estrutura legislativa: o bicameralismo, a organização do eixo de comissões e o princípio da proporcionalidade partidária na distribuição de poder. Cada estado de 8 a 70 deputados e 3 senadores. Uma característica central do legislativo brasileiro é seu bicameralismo. A câmara baixa (no nosso caso, a Câmara dos Deputados) representa o povo, e a câmara alta (no nosso caso, o Senado Federal), representa os estados da federação. Na literatura, uma segunda casa surge para representar interesses que de outra forma nãoteriam voz. Mas não necessariamente surgirá para representar uma federação, como no Brasil. Em muitos casos, a segunda câmara é instituída para que sejam representadas clivagens étnicas, religiosas ou de classe social. Em geral, as regras de composição do Senado (idade, exigência de renda mínima etc) o tornam um pouco mais conservador do que a Câmara e seu papel, em geral (mas nem sempre), é o de revisor. No bicameralismo brasileiro, as propostas legislativas apresentadas por um parlamentar de uma casa, depois de aprovada nesta casa, seguem para a seguinte e é debatida, emendada, votada. Se não for alterada, vai para sanção presidencial. Se for alterada, retorna para a casa original, que pode ser tanto a Câmara quanto o Senado, e em seguida vai para sanção presidencial ou é promulgada (no caso das emendas constitucionais). Esse sistema se chama navette: uma proposta de lei navega de uma casa a outra, mas não indefinidamente. Uma particularidade do nosso sistema é que tanto a Câmara dos Deputados quanto o Senado podem servir de casa revisora, dependendo de onde se iniciou a proposta (ou seja, uma proposta de autoria de uma senadora será revisada pela Câmara, uma proposta de autoria de deputada será revisada pelo Senado). Um exemplo diferente de resolução de divergências entre casas é o norte- americano. Ali, as propostas tramitam em cada casa, separadamente, e nunca vão para a outra. Ao final, cria-se uma comissão mista que vai negociar as diferenças (conference committee). A proposta final dessa comissão segue para voto em cada uma das Casas, separadamente. Aprofundando mais esse tema, há que se ressaltar que o bicameralismo brasileiro é conhecido pela forma como distribui de uma maneira muito parecida os direitos dos parlamentares. Em alguns senados pelo mundo, os parlamentares têm um papel honorífico, mas não têm muito poder para legislar ou controlar o poder executivo. Não é assim no Brasil, que tem um dos senados mais poderosos do mundo, em termos de prerrogativas. Dizemos que, quanto aos poderes, o bicameralismo brasileiro é simétrico: tanto deputados quanto senadores têm poderes muito parecidos. Ambos podem apresentar proposições, podem emendar projetos, votam todas as matérias. É verdade que algumas regras favorecem a Câmara. Por exemplo, os projetos de autoria do executivo sempre se iniciam pela Câmara dos Deputados, o que lhe garante a palavra final em muitas matérias (lembre-se: no sistema navette, a proposta que se iniciou na Câmara e não é alterada no Senado segue para sanção presidencial. Caso seja alterada, ela retorna para a primeira casa). Mas algumas regras também favorecem o Senado. O Senado brasileiro é responsável exclusivo pela aprovação de autoridades do Poder Executivo – diretores do Banco Central, de agências reguladoras – e também do Judiciário, inclusive ministros do Supremo Tribunal Federal. Ele também é responsável por autorizar empréstimos de municípios, estados e união. No que diz respeito a sua formação (regras eleitorais que determinam como serão eleitos os parlamentares), o bicameralismo brasileiro é incongruente: ele é formado a partir de regras eleitorais distintas. De um lado, os 513 deputados são eleitos em um sistema proporcional de lista aberta (lista aberta é um sistema de votação de representação proporcional onde os eleitores votam em partidos e na ordem dos candidatos na lista desse partido), e têm mandato de quatro anos, cada estado podendo ter de 8 a 70 representantes, a depender da sua população; e os 81 senadores são eleitos pelo sistema majoritário (ganha a vaga quem tiver maior número de votos), com mandato de oito anos, eleitos a cada quatro anos, 1/3 e 2/3, respectivamente, e cada estado tem o número fixo de 3 representantes. Essa regra de eleição parcial foi introduzida para que não houvesse uma renovação brusca da instituição, mas ao contrário, que fosse garantida a continuidade dos trabalhos. Muitas críticas são feitas por políticos e acadêmicos ao Senado brasileiro. A maior delas é que a representação igual de cada estado (3 senadores) reforçaria a desproporcionalidade que existe na Câmara dos Deputados – ou seja, colocaria abaixo a ideia de igualdade do voto, já que parlamentares de estados pouco populosos se elegem com um número de votos bem inferior a parlamentares de estados mais populosos. Haveria uma desproporcionalidade entre o peso dos parlamentares e de seus estados e regiões. O Senado, ao garantir 3 representantes para cada estado, reforçaria essa desproporção em favor de estados menos populosos – que são também os menos desenvolvidos. De outro lado, os defensores do sistema afirmam que os estados mais populosos (São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro), que em tese estariam sub-representados, conseguem, por força de suas economias e de uma sociedade civil organizada mais atuante, equilibrar a desproporção da representação política no Congresso. Outra grande crítica é ao bicameralismo em si, que retardaria o processo legislativo, tornando-o mais moroso e conservador. Em defesa do Senado, alguns autores pontuam que o processo mais lento faz com que as decisões sejam mais bem pensadas e que ouvir , tanto a Câmara dos Deputados quanto o Senado Federal, aumenta as informações trazidas por cada um deles, sendo a melhor forma de se lidar com as divergências e conflitos de interesses que existem na sociedade. Além do Senado e da Câmara, na prática há uma terceira “Casa”, o Congresso Nacional,quando as duas Casas deliberam conjuntamente. Nas reuniões do Congresso votam-se o orçamento e os vetos presidenciais, por exemplo. As contagens de votações ocorrem separadamente, Câmara e Senado, e é preciso obter-se a maioria em cada uma delas. Cada Casa – Câmara, Senado e Congresso – têm poderes e regimentos próprios. As medidas provisórias também têm de ser analisadas pelo Congresso, mas têm um rito próprio que não exige a reunião conjunta. Forma-se uma comissão mista no início dos trabalhos e seu parecer é votado primeiramente na Câmara, e depois no Senado. Vimos que o sistema bicameral afeta o processo legislativo: torna o sistema mais moroso, mas, como defendem alguns, também permite que haja mais debates sobre as escolhas, além de maior autonomia das decisões contra pressões imediatas da opinião pública, por exemplo. Ao contrário de outros parlamentos, o Senado brasileiro tem muitos poderes legislativos e de controle (como as nomeações de autoridades e autorizações de empréstimo), o que afeta a maneira como as decisões são tomadas. Como funcionam as comissões na Câmara dos Deputados e no Senado Federal? Como a sua organização afeta as decisões políticas? Tanto a Câmara quanto o Senado estruturam seu trabalho por meio do eixo de comissões. É uma forma de divisão do trabalho: os parlamentares se dividem em grupos menores, especializados tematicamente, e cada grupo irá recomendar qual o melhor formato para aquele projeto: a forma original, um formato com alterações pontuais, ou se deve ser um projeto totalmente reformulado. Esse "parecer" será depois avaliado no plenário pela totalidade dos parlamentares. Assim, as matérias apresentadas são avaliadas por uma ou mais comissões para que se possa identificar se seu teor está de acordo com a Constituição e normas existentes no País, bem como para que se possa analisar seu mérito. A ideia é que nos “pequenos grupos” , formados por especialistas, a discussão possa ser mais profunda e proveitosa. Depois de votados e aprovados no plenário, as matérias seguirão para a outra Casa. Como são os eixos nas duas Casas? Na Câmara dos Deputados, existem hoje vinte comissões temáticas. No Senado, são doze. Na Europa, o número de comissões vai de dez a vinte. Essas são somente as comissões permanentes. Também podem ser criadas comissões especiais e temporárias, para debater temas específicos. Existem igualmente as comissões parlamentares de inquérito, criadas com o intuito de averiguardenúncias específicas e que têm tempo e objeto delimitados na sua criação. Na Câmara dos Deputados, qualquer proposta passa pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, para depois seguir seu caminho por outras Comissões. Se mais de quatro forem designadas, cria-se uma comissão especial para se analisar a matéria. Disso decorrem duas consequências políticas: a) a CCJC adquire enorme peso em "barrar" propostas, e por isso é considerada a mais importante da Casa; Você sabia? Também existe a figura processual da tramitação terminativa ou conclusiva nas comissões – nesse caso, o projeto não necessita ser votado no plenário. Entretanto, os regimentos regulamentam bem essas votações, e sempre é possível levar a matéria ao plenário, com um número mínimo de assinaturas. b) a criação de uma comissão especial permite aos líderes partidários e à base do governo criar uma comissão com membros de sua preferência, que não necessariamente espelham a média do plenário. No Senado, nenhuma das duas regras se aplica. Primeiro, porque todas as comissões de mérito também podem dar um parecer de constitucionalidade e legalidade, dispensando o filtro da CCJC; e as matérias podem seguir para quantas comissões sejam necessárias, sem que seja criada comissão especial. Na Câmara, cada deputado faz parte de somente uma Comissão. No Senado, cada senador pode fazer parte de três comissões como titular, e outras três como suplente. Segundo a literatura, um maior número de comissões pode indicar uma maior institucionalização do Parlamento – especialmente sua capacidade de processar temas e demandas. Entretanto, o excessivo fracionamento pode ser visto como um empecilho à boa atuação parlamentar, já que o tempo é escasso e, ao ter de se dividir entre várias tarefas e temas, o parlamentar terá mais dificuldade em especializar-se. Existe uma discussão entre especialistas sobre qual instituição é mais importante: a Comissão, que se debruça e debate a miúdo os projetos, ou o Plenário, que tem a palavra final? Nos Estados Unidos, o papel decisório preponderante é claramente das Comissões. Muitos estudos indicam que, no legislativo brasileiro, existem muitos instrumentos que esvaziam o trabalho das Comissões e centralizam as atividades no Plenário, especialmente a apresentação de medidas provisórias e os pedidos de urgência solicitados pelo/a presidente ou pelos líderes. Com isso, o centro deixa de ser as Comissões e passa a ser o Plenário. De outro lado, alguns estudos demonstram que as Comissões têm um forte papel informacional, ou seja, são importantes para se levar O que é mais importante? As Comissões ou o Plenário? subsídios qualificados aos debates e argumentos favoráveis e contrários a cada matéria, de forma a que os membros do Congresso possam tomar decisões mais fundamentadas. As Comissões também têm um outro papel fundamental: o de serem "gatekeepers", ou seja, filtros para o grande número de propostas que circulam no Congresso. Assim, exercem importante papel em identificar matérias prioritárias. Há ainda algumas comissões mistas: a do Orçamento, a de Mudanças Climáticas e as Comissões que analisam as medidas provisórias. Nelas, cada Casa tem sua representação proporcional. Podemos concluir que há uma divisão de trabalho no Congresso, via comissões temáticas, com o intuito de se aperfeiçoar o processo decisório - melhores decisões, baseadas em mais informações, debatidas com mais detalhes. De fato, todos os parlamentos modernos assim se estruturam, e isso em geral leva à especialização dos parlamentares em áreas - infraestrutura, saúde, educação, meio ambiente etc. Entretanto, a existência de outras regras pode afetar essa estrutura, fazendo com que muitas decisões sejam levadas não para as Comissões, mas diretamente ao Plenário. Embora tal arranjo retire delas alguns poderes, ainda assim elas exercem o papel fundamental de filtrar o que será debatido: a pauta política prioritária daquele setor/segmento. Para se aprofundar na questão das medidas provisórias no Brasil, sugerimos a leitura do texto MEDIDAS PROVISÓRIAS: GÊNESE, CAUSAS E EFEITOS , de Luís Fernando Pires Machado. O princípio da proporcionalidade partidária: como afeta a organização dos trabalhos na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Os trabalhos do Senado e da Câmara baseiam-se no princípio da proporcionalidade partidária. Para ocupar um cargo na Mesa, presidir uma Comissão, e mesmo para dela fazer parte, é importante o peso do partido político do parlamentar. Isso quer dizer que os maiores partidos ocupam mais espaços de poder (presidência da Casa e de Comissões), e os menores vão-se organizando conforme seu tamanho. Para obter maior influência no processo decisório, muitos MEDIDAS PROVISÓRIAS.pdf 127 kB http://www12.senado.gov.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/outras-publicacoes/volume-ii-constituicao-de-1988-o-brasil-20-anos-depois.-o-exercicio-da-politica/medidas-provisorias-genese-causas-e-efeitos partidos se juntam em blocos. Assim, conseguem disputar com os maiores partidos melhores “posições” dentro de cada Casa. De fato, embora não haja hierarquia formal, as Comissões não têm todas o mesmo peso. Na Câmara, a de Constituição, Justiça e Cidadania é bastante poderosa, assim como no Senado, onde a Comissão de Assuntos Econômicos é também muito importante porque tem impacto direto no pacto federativo - por exemplo, questões tributárias. Esse sistema de proporcionalidade partidária é bastante distinto do sistema norte- americano, onde a regra é “the winner takes it all”- o ganhador leva tudo. Ou seja, se um partido consegue formar maioria em uma determinada Casa, esse partido ocupa a presidência da Casa e todas as presidências de comissões. Portanto, o sistema norte- americano é um que favorece a governabilidade e o funcionamento da instituição, mas não a diversidade e os direitos de minorias. No Brasil, ao contrário, partidos que não são os maiores podem presidir Comissões. Assim, no nosso país, permite-se maior diversidade - o que também implica em um maior grau de conflito, já que uma decisão de uma comissão A pode ser contraditada por uma da comissão B, controlada por partido distinto, até mesmo de oposição. A presidência de uma comissão é importante pelo poder de agenda que ela possui – o presidente distribui matérias para serem relatadas (nas relatorias também se aplica, em tese, o princípio da proporcionalidade partidária); convoca as reuniões; estabelece o que entrará em pauta e, portanto, o que será votado, dentre outras funções. Nas últimas décadas, as relatorias de matérias importantes foram quase sempre distribuídas para parlamentares do mesmo partido ou da mesma base do presidente de Comissão. Assim, o fator "proporcionalidade partidária" é fundamental para se exercer cargos com mais poderes dentro da estrutura interna. E isso significa poder ter mais influência sobre o destino dos projetos - tanto a velocidade com que navega, quanto o seu conteúdo. Se o parlamentar é de um grande partido, tende a ter mais espaço interno; se é de um partido menor, tende a ter menos espaço, o que o fará, estrategicamente, estabelecer blocos com outros partidos também menores para que possa participar dos trabalhos com mais afinco. Vimos neste Módulo que: Tanto a estrutura quanto a organização da Câmara dos Deputados e do Senado brasileiro são importantes, e têm um impacto direto nas decisões políticas; O bicameralismo brasileiro é simétrico e incongruente: é simétrico porque os poderes do Senado e da Câmara são parecidos; e incongruente porque as regras de preenchimento dos cargos (regras eleitorais) são diferentes; O Senado brasileiro é bastante poderoso: os senadores podem apresentar propostas, emendar aquelas que vêm da Câmara e ainda têm funções próprias legislativas e de controle. Há muitas críticas sobreseu funcionamento: torna o processo mais lento e avesso a mudanças radicais. Seus defensores, entretanto, acreditam que é a melhor forma de "blindar" o sistema político contra ímpetos momentâneos ou radicais de mudança; Os legislativos se organizam em comissões, que são temáticas e favorecem o aprofundamento do debate. Nos EUA, o centro do processo legislativo são as comissões; no Brasil, é o plenário, porque muitas vezes as matérias mais controversas são debatidas mais profundamente ali. Ainda assim, as comissões são importantes por filtrarem a atividade legislativa; O princípio da proporcionalidade partidária é fundamental no sistema brasileiro para dividir poderes. Não é assim em todos os países: nos EUA, por exemplo, quem faz a maioria domina todos os cargos importantes. No Brasil, as minorias têm mais direitos. Módulo VIII - Relações Executivo-Legislativo no Brasil ...o modelo político brasileiro é o presidencialista, baseado na existência dos poderes executivo, legislativo e judiciário, autônomos e independentes entre si. No Brasil, o presidente tem muitos poderes. Entretanto, ele não governa sem o Congresso, não governa isoladamente. As relações executivo-legislativo no Brasil são determinadas por um tipo de arranjo institucional em que o presidente é a figura Política Contemporânea - Módulo V… 159 kB Plano de Aula-Módulo VIII.pdf 247 kB http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?eid=5282&displayformat=dictionary central. A maioria das leis são de origem do executivo e são aplicadas através de medidas provisórias. Para uns, trata-se de uma usurpação dos poderes do legislativo pelo executivo. Para outros, constata-se uma delegação de poderes capaz de dotar o sistema de maior eficiência e governabilidade. Além da prerrogativa de legislar, também é prerrogativa do Congresso Nacional fiscalizar e controlar as ações do poder executivo. Vive-se hoje no Brasil um presidencialismo de coalizão cujas decisões são tomadas conjuntamente por ambos os poderes, executivo e legislativo. Para compreender melhor as coalizões governativas, sugerimos o texto 'Notas sobre coalizões políticas e democracia: diz-me com quem andas...', de Fátima Anastasia e Magna Inácio Considerações Acerca das Relações Executivo- Legislativo no Brasil O modelo político brasileiro é o presidencialista, baseado na existência de poderes autônomos (Executivo, Legislativo e Judiciário) e independentes entre si. Entretanto, muitas de suas prerrogativas não são exclusivas, e a competição entre os poderes é um elemento-chave para que cada um possa controlar excessos possíveis dos demais poderes. Tal sistema favorece a ideia de controle (checks and balances), mas ao mesmo tempo cria mais barreiras, ou pontos de veto. Ou seja, a governabilidade é mais difícil em tal sistema. Essa ideia foi bem desenvolvida por Montesquieu, na França, e pelos “pais fundadores” (líderes políticos que participaram a Declaração de Independência ou da redação da Constituição dos Estados Unidos onze anos mais tarde), no qual o nosso sistema também se baseou. As relações executivo-legislativo no Brasil são determinadas por um tipo de arranjo institucional em que o presidente é a figura central. De fato, segundo a literatura, o presidente brasileiro é considerado um dos mais poderosos do mundo. Ele tem o poder de legislar (cerca de 85% das leis são de origem do Poder Executivo) e o faz, frequentemente por meio de medidas provisórias. Além disso, o presidente tem iniciativa exclusiva em diversas matérias – como o Orçamento Público, o qual pode, também, contingenciar (ou seja, suspender os gastos) Notas sobre Coalizões Políticas e De… 1 MB unilateralmente. No Brasil, o presidente também tem poderes para influenciar a agenda legislativa. Essa capacidade do presidente de legislar e de alterar a pauta do Congresso leva a uma primeira discussão, sobre a produção legal no Brasil. Sistema baseado na concorrência entre os Poderes. Para se aprofundar no entendimento sobre as particularidades da relação entre os poderes Executivo e Legislativo no Brasil, sugerimos a leitura do texto INTEGRAÇÃO DOS PODERES NO PRESIDENCIALISMO BRASILEIRO, de Gustavo Henrique Fideles Taglialegna. Por que o presidente legisla mais? As teorias da ação unilateral x delegação parlamentar INTEGRAÇÃO DOS PODERES.pdf 86 kB Como acontece essa influência? Por exemplo, ao solicitar urgência constitucional, que suspende os prazos do processo legislativo (embora todas as etapas sejam mantidas). Com isso, constata-se que os projetos de interesse do presidente “andam” com mais velocidade do que os projetos de iniciativa dos próprios parlamentares. http://www12.senado.gov.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/outras-publicacoes/volume-ii-constituicao-de-1988-o-brasil-20-anos-depois.-o-exercicio-da-politica/integracao-dos-poderes-no-presidencialismo-brasileiro Quem legisla? Os dados mostram que o Congresso tem muitas iniciativas, mas poucos projetos viram lei. Por outro lado, o Executivo edita medidas provisórias, que têm força de lei no nascimento e, consoante às regras constitucionais e regimentais, acabam tendo prioridade sobre os demais projetos. Os estudiosos se dividem: Uma corrente afirma que sim, o presidente está usurpando uma prerrogativa que seria essencialmente do Poder Legislativo – é a corrente da ação unilateral do presidente. Outra corrente diz que o que parece ser a “supremacia do poder executivo sobre o poder legislativo” não passa de delegação dos próprios parlamentares. Esses delegam ao presidente a iniciativa das leis, abrindo mão do seu “direito” elementar, por cálculo estratégico: ao abrir mão de buscar informações, formatar leis e negociá-las entre os pares e com setores da sociedade, ganham tempo precioso para levar adiante projetos e ações mais próximos de suas bases eleitorais – e ainda evitam ser, futuramente, culpados por uma política considerada ruim. Além disso, o parlamento é naturalmente fragmentado – sua formação visa a representar a pluralidade social e política – e detém poucas informações sobre todos os temas. Esse debate, cabe dizer, sobre a preponderância do presidente não se dá somente no Brasil. Ele é também bastante forte dos EUA e em outros países presidencialistas, a maioria deles localizada na América Latina. Para se aprofundar no entendimento sobre as particularidades do sistema democrático no mundo contemporâneo, sugerimos a leitura do texto GLOBALIZAÇÃO, SEPARAÇÃO DE PODERES E TEMPO LEGIFERANTE, de Renato Casagrande e Roberto Freitas Filho. Como o presidente negocia com o legislativo? É fato que o presidente, no Brasil, formalmente – e, muitas vezes, na prática - prepondera. Mas ele não pode governar isoladamente. Daí surge uma segunda discussão GLOBALIZAÇÃO SEPARAÇÃO DE PO… 88 kB http://www12.senado.gov.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/outras-publicacoes/volume-ii-constituicao-de-1988-o-brasil-20-anos-depois.-o-exercicio-da-politica/globalizacao-separacao-de-poderes-e-tempo-legiferante oriunda da assimetria entre poderes no Brasil - como o presidente irá negociar com o Poder Legislativo. Ou seja, embora a Constituição e outras normas o dotem de poderes formais, ele precisa aprovar matérias no Congresso – as medidas provisórias, o orçamento, as reformas constitucionais etc. Como isso é feito? Para se compreender como o sistema funciona, é fundamental entender o formato do nosso sistema partidário. Existe uma alta taxa de fragmentação no sistema partidário brasileiro. De fato, desde 1988 o Brasil tem sido governado por presidentes minoritários, pois seus partidos não obtêm sequer 20% das cadeiras de cada Casa do Congresso Nacional. Nenhum presidente obteve acima deste percentual, desde 1988. Nos projetos ordinários, o presidente necessita da maioria de votos, que pode ou não ser absoluta. Maioria simplesé a maioria dos presentes. Maioria absoluta é a maioria da Casa (41 no Senado, 257 na Câmara dos Deputados). Nas reformas constitucionais, a situação é ainda mais crítica. No Brasil, a Constituição não trata somente de regras gerais ou de um arcabouço filosófico-moral para a sociedade, mas também trata, às vezes minuciosamente, de políticas públicas, que mudam a cada governo. Assim, em tese, todos os governos, se pretenderem reformas mais profundas no País, necessitarão alterar a Constituição. E para se aprovar uma emenda constitucional é preciso ter 60% dos votos de cada Casa do Parlamento em dois turnos de votação em cada uma delas. Portanto, com uma minoria e com uma ampla fragmentação do Congresso (muitos partidos ali representados), como faz o Executivo? Ele constrói uma coalizão com outros partidos – o famoso presidencialismo de coalizão, expressão cunhada por Sergio Abranches no fim dos anos 80, com forte tom crítico, mas que hoje está assimilado no vocabulário e no comportamento político do país. Ela significa que o presidente é minoritário (seu partido não tem maioria), mas ele atrai para sua base, para apoiá-lo, outros partidos. Desde o governo Fernando Henrique Cardoso (1995), as coalizões têm sido relativamente estáveis. A coalizão no governo Fernando Henrique Cardoso teve quatro grandes partidos no espectro de centro-direita; a coalizão no governo Lula teve nove partidos, com o maior grau de heterogeneidade das alianças, já verificado desde 1988 (direita-esquerda), e o governo Dilma manteve as mesmas características. A construção da base de apoio ao presidente no Brasil Como é construída a coalizão? Diz a literatura que, basicamente, com o compartilhamento do gabinete ministerial e a liberação de emendas orçamentárias para a base parlamentar. Segundo Amorim Neto (2007), existe uma certa proporcionalidade entre o número de cadeiras de um determinado partido e sua alocação em pastas ministeriais. Ou seja, há uma redistribuição de poder na coalizão – não somente o partido do presidente que governa, mas também aqueles que se juntam para fazer maioria. Esse é um resultado da elevada fragmentação partidária. É muito semelhante ao que ocorre em sistemas parlamentaristas multipartidários (Itália, Espanha, Alemanha, Inglaterra, Israel). Entretanto, ele favorece o surgimento de crises políticas – e, de fato, elas já surgiram na nossa História – quando a proporcionalidade não foi respeitada. Também gera o problema de crises internas, já que as coalizões podem ser mais ou menos homogêneas. Se as plataformas partidárias são semelhantes, tende-se a ter menos conflito dentro do governo. Se forem distintas – e mesmo opostas – a tendência é haver mais conflito dentro do governo. Na mesma linha, a liberação de verbas pelo Poder Executivo – que detém a chave do cofre – está, de certa forma, atrelada aos apoios que recebe no Congresso, embora não seja exclusivamente ligada ao fator lealdade dos votos. Muitos estudos têm demonstrado a relação liberação de recursos – manutenção da base de governo. Esses dois mecanismos – formação do ministério e alocação de recursos – pode ser considerada uma forma de redução da assimetria de poderes entre Legislativo e Executivo, já que, formalmente, o executivo concentra poderes exacerbados no que tange ao gerenciamento de recursos políticos. Ou seja, partilhar o poder executivo com partidos que detêm bancadas no Congresso, e desembolsar verbas orçamentárias em projetos priorizados pelos parlamentares é uma forma de se reduzir o poder do Presidente. Críticas ao presidencialismo de coalizão Os críticos do sistema elencam uma série de problemas. Alguns exemplos seriam: brigas de jurisdição entre pastas ministeriais (uma defenderia a política X, enquanto outra a Y, até mesmo contraditória); Ou seja, o Legislativo, fragmentado partidariamente, com partidos de baixa densidade ideológica e altamente fluídos (por causa da constante troca de partidos, a famosa “dança das cadeiras”), colocaria um alto preço ao sistema. A solução viria com uma reforma política, especialmente do sistema eleitoral e partidário, que reduzisse o número de partidos e concedesse a eles mais poder, em detrimento de um sistema hoje considerado altamente individualista. Tal reforma daria também mais controle dos eleitores sobre os eleitos, por meio do voto. Essa reforma do sistema eleitoral implicaria no fim do sistema proporcional – ou, no mínimo, o uso de listas fechadas no mesmo sistema de voto proporcional –, e a sua substituição pelo sistema de voto distrital, que facilitaria a identificação do candidato eleito. Já os defensores do nosso sistema apontam para a governabilidade e estabilidade que ele representa – ao contrário do que haviam apontado Linz e Valenzuela, em estudo que afirmava ser o sistema presidencialista, com sua dupla legitimidade (eleições isoladas para Congresso e Presidência, mais as prerrogativas concorrentes), fadado à ingovernabilidade – e, portanto, suscetível a rupturas e golpes. Para alguns autores, apesar dos grandes poderes formais do Presidente, o que importa é que existe uma agenda subjacente no Congresso que coincide com a do executivo. Assim, a clivagem importante seria a de governo-oposição, mais uma vez similar a um sistema parlamentarista, com ênfase nos interesses da maioria versus da minoria, não sendo tão relevante a questão partidária. Isso porque os grupos se reúnem em blocos, as mudanças de partido ocorrem dentro do mesmo espectro ideológico e os partidos, embora muitos, seguem suas lideranças no voto. Com isso, não há ameaças e o Brasil vem sendo administrado, ao menos nos últimos 18 anos, com bastante estabilidade, permitindo mudanças estruturais e a consolidação democrática. O trabalho do consultor legislativo do Senado Federal, Fernando Bittencourt, aborda aspectos relevantes do processo de negociação de decisões entre o Executivo e paralisia decisória, causada pela heterogeneidade das alianças – partidos distintos da coalizão “brigando” para que o governotome caminhos diferentes; necessidade de negociações constantes, ponto por ponto, de políticas, acima de identidades ideológicas ou programáticas já existentes; custo moral que representaria um sistema baseado na barganha constante, sem âncora em projetos de longo prazo - isso geraria irracionalidade da produção normativa e, consequentemente, de políticas públicas. http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=550&eid=4251&displayformat=dictionary Legislativo, no texto RELAÇÕES EXECUTIVO-LEGISLATIVO NO PRESIDENCIALISMO DE COALIZÃO. O papel do controle dentro do presidencialismo de coalizão Além da prerrogativa de legislar, também é prerrogativa do Congresso Nacional fiscalizar e controlar as ações do poder executivo. Para tanto, ele (o Congresso) tem diversos instrumentos: a) as Comissões Parlamentares de Inquérito, b) os Requerimentos de Informação, c) o poder de convocar autoridades para prestar informações, d) as propostas de fiscalização e controle, e) as audiências públicas (ocasiões em que se "cobra” do poder executivo o cumprimento de metas, os eventuais desvios), dentre muitos outros. O Senado, além desses instrumentos, é ainda responsável por autorizar o endividamento de Municípios, Estados, Distrito Federal e União – ou seja, pedidos de empréstimos internacionais devem ser aprovados pelos senadores -, e também é responsável por aprovar inúmeras autoridades indicadas pelo Executivo: diretores do Banco Central, embaixadores, ministros do Supremo Tribunal Federal, juízes de tribunais superiores, diretores de agências reguladoras etc. Essa atividade também é afetada pela dinâmica do presidencialismo de coalizão. Estudos têm apontado para achados contraditórios: de um lado, como seria de se esperar, a oposição sempre exerce mais atividades de controle (apresenta mais requerimentos de
Compartilhar