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Resumo Curso - Política Contemporânea - Universidade Curso SENADO FEDERAL

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Estudo - Política Contemporânea -
SENADO
EMOÇÃO É O COMBUSTÍVEL DA AÇÃO.
O AMADOR REAGE E O MESTRE AGE.
PENSAR ANTES DE REAGIR. 
Não trazer apenas emoção para o debate político mas trazer suas Razões. Se 
preparar para debater. 
 
Módulo I - Representação Política
 
Os bens são escassos; 
Acordos Sociais: Fáticos, fundados na Emoção, (não se sabe o porque dos acordos e 
suas consequências), imprescindíveis; Racionais (explicitar o fato, mostrar o que está 
dentro, e as suas consequências)  o que estava oculto pela tradição passa a ser 
refletido. Quem ganha e quem perde aparece claramente. 
Adultos estão acostumados com aquelas Emoções;
Substituição de acordos fáticos por acordos racionais é muito difícil, não basta 
evidenciar um argumento melhor,
A Emoção é que governa a vida das Pessoas.
Resumo_PolíticaContemporânea.pdf 61 kB
Política Contemporânea - Módulo I.p… 39 kB
Plano de Aula-Módulo I.pdf 120 kB
Substituir padrões culturais(viável) com apoio dos setores da sociedade;
Quarto princípio: as decisões são submetidas a debate público.
Em algum momento do processo, as decisões passam por um debate aberto e 
transparente(
Bernard Manin)
.
Meios de comunicação de massa tem um desenvolvimento enorme, aproxima 
os candidatos dos eleitores. Na época da Internet está cada vez mais forte.
Mudança da democracia de partido para democracia de audiência(de auditório).
Democracia de Audiência: importância da mídia nesse processo, aproxima o 
representante dos representados; a internet pode fazer a ponte com os 
representantes e enfraquecer os partidos. Caráter de pessoalidade, nas propostas 
de campanha, ouvindo os eleitores; mídia partidária entra crise no declínio dos 
partidos políticos, mídia comercial ganha espaço; debate na própria 
mídia(suprapartidário), espaço de livre discussão que informa a deliberação dos 
assuntos políticos; última faze, comunicadores como figuras mais importantes, 
pessoas da mídia, especialistas em opinião pública, estar muito bem relacionado 
com as pessoas da pesquisa e as pessoas do marketing
Na democracia de audiência retorna, portanto, o elemento da confiança pessoal 
como decisivo da escolha do eleitor. Ao invés de uma escolha partidária 
previamente determinada, de motivação classista, o eleitor sente-se livre para 
responder a um leque de ofertas que as diferentes campanhas apresentam. Seu 
voto passa a ser flutuante e a figura central da política passa a ser a do perito de 
mídia nas suas várias formas: o marqueteiro, o especialista em pesquisas de 
opinião, o candidato com talento midiático.
partidarização da imprensa
Módulo II - Modelos de Democracia
Robert Dahl publicou, na década de 1950, suas reflexões sobre democracia populista, 
democracia hamiltoniana e poliarquia. Nesse rumo, uma das tentativas recentes mais 
interessantes, que demonstrou capacidade de reunir de forma coerente dados de vários 
países, a respeito dos aspectos mais diversos de seus sistemas políticos, é a obra de 
Arend Lijphart, que desenvolve, a partir de 1984, a comparação entre dois modelos 
diferentes de democracia: a 
democracia majoritária e a democracia consensual.
Constituição rígida x constituição flexível(flexível, pode mudar a qualquer 
momento, Reino Unido, não tem constituição escrito, tem princípios mais gerais, e a 
Camâra pode alterar esses princípios a qualquer momento; maioria simples: córum 
de 50% mais um.)
Banco central autônomo, independente, modelo consensual de democracia. Tem 
sua própria missão, não ao sabor do presidente daquele momento. Presidente tem 
um mandato. 
Reino unido, modelo majoritário
O Reino Unido e muitas de suas antigas colônias são exemplos de países que 
adotam o sistema majoritário. A Suíça e a Bélgica, assim como a experiência em 
progresso da União Europeia, praticam o modelo consensual.
Democracia Majoritária e Democracia Consensual
Política Contemporânea - Módulo II.… 67 kB
Plano de Aula-Módulo II.pdf 40 kB
   
Não existe no Reino Unido uma constituição escrita. Direitos dos cidadãos e 
competências de cada instituição governamental estão definidos em algumas 
leis fundamentais, na legislação ordinária, nos costumes e convenções. Em 
decorrência disso, essa constituição não escrita é absolutamente flexível, pois 
pode ser alterada por maioria simples na Câmara.
Sem constituição escrita, o Reino Unido não tem mecanismo de revisão judicial. 
Não há uma corte encarregada de aferir, quando provocada, a 
constitucionalidade de uma lei aprovada pela Câmara. A própria Câmara, isto é, a 
maioria, decide não só a constitucionalidade de alguma lei, mas o próprio 
significado do que seja constitucional.
No mundo globalizado, as diferenças extrapolam o campo econômico e se 
expandem pelas dimensões étnicas, linguísticas, religiosas e de estilo de vida. 
Garantir a voz e a participação das minorias torna-se, cada vez mais, exigência 
para a vida política comum. Não por acaso, as reformas políticas realizadas nos 
últimos vinte anos apontam para a desconcentração do poder e o aumento do 
poder de veto de grupos minoritários, a expansão do bicameralismo e o 
fortalecimento da tendência no rumo da autonomia dos Bancos Centrais.
a democracia majoritária está preocupada com a definição de alguma maioria, por 
reduzida que seja, que viabilize um governo majoritário. Por sua vez, o foco da 
democracia consensual é a partilha cada vez maior do poder, com a ampliação 
permanente do número daqueles que o exercem.
Módulo III - Democracia e Autoritarismo
...democracia representativa baseia-se no fato de que o povo exerce o poder, 
indiretamente, através da escolha dos seus representantes, que por sua vez exercem 
o poder, em seu nome.
Política Contemporânea - Módulo II… 113 kB
Plano de Aula-Módulo III.pdf 145 kB
Hoje, a efetivação dos direitos civis e políticos, que identificam os governos 
democráticos em todos os países do mundo, é avaliada partindo-se de 
características, tais como: liberdade de formar e aderir a organizações; liberdade de 
expressão; direito de voto; elegibilidade para cargos públicos; direito de líderes 
políticos disputarem apoio e conquistarem votos; garantia de acesso a fontes 
alternativas de informação; eleições livres, frequentes e idôneas; e instituições para 
fazer com que as políticas governamentais dependam de eleições e de outras 
manifestações de preferência do eleitorado.
O que é Democracia?
Quando pensamos em democracia, pensamos em participação política, 
representação, legitimidade. Na definição clássica, aristotélica, a democracia 
significava o governo soberano do povo – e, para Aristóteles, isso não 
necessariamente era bom. Ao contrário, o governo do povo podia ser a 
degeneração do bom exercício do poder, uma vez que o exercício direto da 
vontade popular, sem limites ou regras, levaria a uma tirania. O conceito sofreu 
muitas mudanças nos séculos XVII, XVIII e XIX, aproximando-o do que hoje 
conhecemos como democracia representativa.
A democracia representativa se estabelece como alternativa à forma direta do poder 
popular, dadas as dificuldades práticas de se exercer o poder diretamente. A ideia 
central da democracia representativa é que o povo escolhe seus representantes, 
que por sua vez exercem o poder, em seu nome. A escolha direta legitima o 
exercício do poder pelos representantes – e não mais a tradição, a herança, o direito 
de sangue, o exercício da força ou outras possíveis formas de se estabelecer um 
núcleo governante. De certa forma, a democracia representativa é elitista: poucos 
governam, muitos são os governados. Mas é o processo de escolha – eleições -, e 
não quem o exerce diretamente, que é reconhecido como desejável e legítimo.
Ao longo do século XIX, muitas barreiras para a participação civil foram 
abolidas: exigência mínima de propriedade e/ou renda, idade, sexo. Muitas somente 
o foram no século XX. De fato, foi somente no século XX que as democracias 
representativas se tornam de massa – de poucos milhares, passam a milhões os 
participantesdo processo eleitoral; de cerca de 1% no século XIX, passam a 
praticamente 100% no século XX. É uma revolução sem precedentes. E a 
democracia é, portanto, bastante “jovem”, se pensarmos toda a história política da 
humanidade.
Democracia é definida pelo formato/processo. Se criar soluções antenadas com a 
opinião pública, onde todos tem o direito de ser quem são. 
O que é a poliarquia? É a existência de muitas condições que irão assegurar que o 
processo de escolhas (o método) será realizado de maneira livre, competitiva e 
que refletirá ao máximo a vontade dos indivíduos. Não só isso: a poliarquia diz 
respeito ao jogo eleitoral, mas também ao como a sociedade pode expressar suas 
preferências, e como o sistema governamental tratará essas preferências. Na 
poliarquia, entende-se que existem muitos interesses na sociedade, nem 
sempre convergentes: ao contrário, há conflitos e assimetrias (com a 
predominância, muitas vezes, de grupos mais poderosos).]
Entretanto, na sua definição, a poliarquia antevê formas legítimas de constituição 
do poder democrático e também de sua destituição. Antevê, também, formas 
de ampla participação que resultem em políticas “antenadas” com o que quer a 
população. Segundo Dahl, para que o sistema de fato funcione, é preciso que os 
requisitos abaixo sejam atendidos:
Liberdade de 
formar e aderir 
a organizações;
Liberdade de 
expressão;
Direito de voto;
Elegibilidade 
para cargos 
públicos;
Direito de líderes 
políticos 
disputarem apoio 
e, 
Existem muitos sistemas hoje que monitoram o que chamamos de “qualidade 
da democracia”, onde muitos quesitos são avaliados. Democracy Index e Freedom 
House são alguns desses organismos que monitoram direitos políticos e civis 
no mundo, e divulgam escalas de democracia conforme o respeito a direitos 
humanos, direito de associação, proteção a minorias, liberdade na internet e de 
imprensa, eleições etc.
...como os países se tornam democráticos – um dos primeiros argumentos vem da 
teoria da modernização, segundo a qual mudanças sócio-econômicas 
(urbanização, maiores taxas de alfabetismo e da educação, industrialização e 
expansão da mídia) levariam naturalmente ao surgimento de sólidas democracias. 
A democracia seria apenas o corolário do desenvolvimento econômico. Lipset, autor 
de trabalho pioneiro, é um dos principais expositores dessa vertente teórica, e a 
partir daí gerou-se a maior produção acadêmica na área de política comparada já 
realizada.
consequentement
e, consquistarem 
votos;
Garantia de 
acesso a fontes 
alternativas de 
informação;
Eleições livres, 
frequentes e 
idôneas; e
Instituições para 
fazer com que as 
políticas 
governamentais 
dependam de 
eleições e de 
outras 
manifestações de 
preferência do 
eleitorado.
Em contraposição, Samuel Huntington argumentou que mudanças sócio-
econômicas levam a maior consciência, maior participação e mais demandas; 
portanto, não necessariamente levam a democracias. São, na verdade, a razão 
mesma para um grande número de conflitos, golpes e instabilidade política. Ou 
seja, se a sociedade muda num ritmo muito rápido, novos grupos sociais 
surgem e se mobilizam politicamente, mas as instituições políticas(não são 
capazes de processar) muitas vezes não se desenvolvem com a mesma 
velocidade – portanto, não necessariamente o desenvolvimento econômico gera 
democracia.
 Uma visão defende que crenças e atitudes dos indivíduos são fundamentais para 
que a transição para a democracia ocorra, ou seja, é preciso haver uma cultura 
cívica favorável à democracia.
...países ricos em recursos naturais são(tendem a serem) autoritários ou 
semiautoritários.
 
 
Houve momentos (ondas) de expansão da democracia no mundo. Vivemos hoje o 
período de maior democratização da história da humanidade.
Hoje, a Primavera Árabe é vista, por alguns, ao lado de outras mudanças de regime 
na Ásia e África, como a Quarta Onda(Expansão democrática da Ásia).
Módulo IV - Partidos Políticos
Foi publicada em 1951, há mais de sessenta anos, portanto, a obra clássica de 
Maurice Duverger, “Os partidos políticos”. O livro é considerado, com justiça, um 
clássico da ciência política por várias razões. Além de, evento raro nesse campo, 
estabelecer “leis”, no sentido de conjecturas fortes, que postulam uma relação 
causal entre sistemas eleitorais e sistemas partidários, Duverger construiu uma 
metodologia de investigação que separa dimensões consideradas relevantes na 
análise dos partidos políticos; e elaborou uma tipologia dos partidos que 
relaciona suas origens históricas e características estruturais. Em todas essas 
direções, formulou um programa de pesquisa que continua a ser seguido, em graus 
diversos, pela literatura contemporânea especializada. O livro tem, portanto, 
importância histórica e propostas de pesquisa ainda atuais.
Política Contemporânea - Módulo I… 152 kB
Plano de Aula-Módulo IV.pdf 91 kB
A relação entre grupos de parlamentares eleitos e seus respectivos comitês eleitorais 
constituiu o embrião do primeiro tipo de partido político a surgir: o partido de 
quadros. (política conservadora, de personalidades isoladas)
o partido de massas
. 
 
Partidos de massa resultam, portanto, da combinação de grupos sociais, comitês eleitorais 
e grupos parlamentares.
Para Duverger, as diferenças de origem refletem-se em diferenças de estrutura, 
ou seja, a lógica que leva à formação de cada tipo de partido estimula o surgimento de 
características estruturais distintas.
De forma resumida, podemos constatar que partidos de quadros são, geralmente, 
partidos burgueses, liberais ou conservadores, que:
Em contraste, os partidos de massa, tipo construído a partir da observação dos partidos 
socialistas e comunistas:
dedicam pouco esforço ao recrutamento,
concentram suas atividades nos períodos eleitorais,
dependem para seu financiamento do aporte das próprias elites partidárias,
contentam-se com uma organização interna relativamente simples,
funcionam com direções concentradas e personalizadas,
exibem um alto grau de disputa interna entre grupos pequenos de suas direções,
trabalham com escassa consistência programática,
dão pouca importância a fatores ideológicos, e
operam com uma estrutura decisória descentralizada e pouco hierárquica.
têm no recrutamento, assim como na propaganda e doutrinação, atividades 
permanentes,
dependem para seu financiamento das contribuições de seus filiados,
Sistemas de muitos partidos dependem de coalizões para formar maiorias e as 
coalizões tendem a ser mais instáveis que as maiorias formadas por um só partido.
Partidos refletem diferenças políticas relevantes em cada sociedade, diferenças que não 
dependem do sistema eleitoral vigente. 
  
A 
lei da circulação das elites
, de Pareto e Mosca, assim como a 
lei de ferro das oligarquias
, de Michels, expressavam esse ceticismo e a crença no retorno à constante histórica 
profunda das relações de poder: poucos mandam, muitos obedecem.
 Duverger desenvolve uma relação ambígua com essa vertente. De um lado, aceita o 
pressuposto fundamental de seus predecessores: o poder está, em todos os casos, nas 
mãos de poucos e a regra democrática nada mais é que um mecanismo de seleção e 
renovação das elites. No entanto, o surgimento e proliferação dos partidos de massa 
representam, para o autor, uma ampliação significativa dos espaços de seleção das elites 
dirigentes.
adotam formas complexas de organização, com redes de unidades políticas e uma 
burocracia permanente,
suas lideranças demonstram pouco personalismo na sua atividade,
a motivação principal da disputa interna é ideológica,
mostram alta consistência programática, e
tendem a criar estruturas decisórias hierárquicas e centralizadas.
 Antes, na época dos partidos de quadros, dos notáveis, a elite originava-se de um 
pequeno grupo do universo das classes proprietárias. Com os partidos de massa, 
representantes autênticos das classes trabalhadorasganham acesso a posições 
de mando e passam a constituir uma nova elite, representativa da maioria dos 
cidadãos de seus países.
 Segundo Duverger, se abandonarmos a definição ilusória de democracia, governo do 
povo para o povo, e aderirmos à definição realista, governo para o povo, veremos 
que, no regime representativo, a democracia não é ameaçada pelos partidos de 
massa e suas burocracias especializadas em propaganda, doutrinação e 
campanhas eleitorais. Pelo contrário, esse tipo de partido é condição para que 
dirigentes saídos das classes majoritárias e a elas ainda vinculados assumam o governo e 
tomem as decisões para o povo.
Vimos neste Módulo que, conforme Maurice Duverger, a eleição dos representantes do 
povo no parlamento e a ampliação do direito de voto são os fatos históricos que estão 
na origem dos partidos de quadros e dos partidos de massa, respectivamente.
Vimos também que o autor propõe uma agenda de pesquisa dos partidos políticos que 
engloba algumas dimensões. Na dimensão da estrutura partidária é relevante identificar 
as unidades mínimas que compõem o partido, sua relação com grupos sociais 
organizados e as relações que se estabelecem entre essas unidades e as diversas 
instâncias dirigentes.
Na dimensão dos filiados importa perguntar as condições da adesão, os deveres 
do filiado e a forma como os filiados percebem sua pertença ao partido. 
Finalmente, na dimensão da direção, há que verificar o processo de seleção, a 
propensão à oligarquização e as relações da direção com a bancada parlamentar 
do partido, um foco de poder autônomo.
Vimos, ainda, as relações que o autor estabelece entre os sistemas eleitorais e o número 
de partidos: as relações entre o voto distrital majoritário em turno único e 
bipartidarismo, entre voto distrital majoritário em dois turnos e um sistema com 
mais de dois partidos e entre voto proporcional e um número ainda maior de 
partidos.
O sistema eleitoral não cria as divisões da sociedade, mas pode acelerar ou retardar 
sua cristalização em partidos políticos diferentes.
Módulo V - Poder Legislativo
 
Quais razões levam alguns países, nos dias de hoje, a optar por um legislativo 
bicameral?
Se o que se espera do Legislativo é a representação da diversidade de posições presente 
no conjunto dos cidadãos e, principalmente, a representação clara da vontade da maioria, 
uma só Câmara não seria suficiente para essa função?
Por que optar pela alternativa mais complexa e menos econômica?
Será verdade que, conforme o argumento de Sieyès, quando a primeira Câmara 
representa de modo fidedigno a vontade da maioria, a segunda câmara só pode ser 
supérflua, quando com ela concorda, ou perniciosa, quando a ela se opõe?
Vamos tentar responder a essas questões a partir do exame de três tipos de 
dados:
1) As características comuns dos países que adotam o unicameralismo de um lado e 
o bicameralismo de outro;
2) as razões históricas e doutrinárias que justificam a existência de uma segunda Câmara;
3) as características que diferenciam, normalmente, primeiras e segundas Câmaras no 
mundo.
Política Contemporânea - Módulo V… 126 kB
Plano de Aula-Módulo V.pdf 37 kB
http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=550&eid=3913&displayformat=dictionary
 Comum em países extensos, populosos, maior heterogeneidade e maior solidez 
democrática.
Há hoje, no mundo, aproximadamente 170 legislativos nacionais. Aproximadamente 
um terço adota o formato bicameral e dois terços, portanto, são unicamerais. 
Historicamente, poucas foram as experiências de funcionamento de mais de duas 
Câmaras. Houve os casos da Quarta República francesa, que dispunha de uma 
terceira Câmara, com o formato e as funções de um conselho econômico; da 
extinta República da Yugoslávia, com cinco Câmaras em funcionamento simultâneo; 
e da África do Sul, entre 1984 e 1992, também com três câmaras. Por outro lado, o 
Legislativo da Noruega é normalmente considerado como de “uma Câmara e meia”, 
uma vez que a primeira Câmara, eleita pelo voto popular, escolhe, entre seus 
membros, a segunda Câmara. Mas esses são os casos atípicos. Os casos normais são 
os de uma única Câmara, 2/3 do total de legislativos, como vimos, e os de duas 
Câmaras, que representam 1/3 dos cento e setenta legislativos nacionais que 
existem pelo mundo.
A distribuição dos dois sistemas, de uma e de duas câmaras, entre os países não é 
aleatória, ou seja, há determinadas características, territoriais, demográficas e 
políticas associadas a cada uma dessas opções. De modo geral, o unicameralismo é 
mais comum em países de área menor, menos populosos, de população mais homogênea, 
organizados de maneira unitária, nos quais a democracia encontra-se menos consolidada. 
A adoção de duas Câmaras, por sua vez, está associada, comumente, a países com 
territórios mais extensos, mais populosos, de população mais heterogênea, organizados 
de forma federativa, com tradições democráticas mais sólidas e estabelecidas. A tabela 
seguinte resume as características que distinguem o Unicameralismo do Bicameralismo.
 UNICAMERALISMO BICAMERALISMO 
Para exemplificar: no que se refere ao tamanho da população, duas das maiores 
democracias unicameralistas são Portugal e Grécia, ambos com aproximadamente 10 
milhões de habitantes. Sobre a influência da heterogeneidade da população, há o caso 
esclarecedor da Bélgica: sua população, embora reduzida, encontra-se profundamente 
dividida em duas comunidades linguísticas e culturais e uma segunda Câmara legislativa 
tornou-se importante para a representação adequada dessa diferença.
Em primeiro lugar, é preciso examinar uma importante razão histórica associada à 
existência de uma segunda Câmara, uma razão que podemos chamar estamental. 
Segundas Câmaras sugiram normalmente como espaço de representação de estamentos 
privilegiados da população, considerados de especial relevância para o país, como a 
nobreza e o clero, merecedores, por essa razão, de um espaço de representação 
próprio. Hoje, o único caso que remanesce é o da Câmara dos Lordes, no Reino Unido. Ao 
longo do século XX, diversas segundas câmaras com essas características foram extintas, 
como ocorreu, por exemplo, em Portugal, Suécia, Hungria e Japão.
Evidentemente, a razão de se manter uma câmara de tipo estamental deve ser procurada 
na lógica das sociedades aristocráticas tradicionais e resulta pouco compatível com a 
vigência quase universal do ordenamento democrático no mundo atual. Mas 
mesmo na modernidade democrática, existem outras razões que levam diversos 
países a optar por um modelo com duas câmaras e não com uma única câmara.
 Países de área menor
 Menos populosos
 População mais 
homogênea
 Organizados de maneira 
unitária
 Democracia menos 
consolidada
 Países com território 
mais extenso
 Mais populosos
 População mais 
heterogênea
 Organizados de forma 
federativa
 Tradições democráticas 
mais sólidas e 
estabelecidas
Para saber mais sobre o bicameralismo, leia o artigo “Razões do Bicameralismo”, de 
Caetano Ernesto Pereira de Araujo, Doutor em Sociologia Política pela Universidade 
de Brasília e Consultor Legislativo do Senado Federal.
 
Examinemos as diversas razões apresentadas para a justificação do 
bicameralismo:
a) Em primeiro lugar, uma segunda Câmara é importante para todos os arranjos 
institucionais que contemplam o princípio da divisão de poderes. É clássica a 
teorização da democracia como um sistema de divisão e controle recíproco de 
poderes. O desenho institucional norte-americano, de enorme influência sobre as 
repúblicas posteriores, tem como um de seus fundamentos o sistema de pesos e 
contrapesos, expressão prática e institucional desse princípio. Nessa linha, a 
segunda Câmara é um instrumento normalmente utilizado nos arranjos institucionais para 
os quais é importante que o poder seja dividido em várias partes e que exista um 
controle recíproco por parte de todaselas. E diversos países optaram por uma 
segunda Câmara na procura de um arranjo institucional desse tipo. Entretanto, essa não 
é a única razão compatível com a democracia moderna para se optar por uma segunda 
câmara.
b) Pesa também a questão da representação eficiente dos grupos minoritários no 
interior de cada sociedade, o que implica considerar a vigência de mecanismos de 
proteção ou salvaguarda desses grupos das decisões majoritárias. De certa forma, 
isso significa que, se desejamos uma segunda câmara que cumpra essa função a 
contento, devemos construí-la de maneira diferente da que construímos a primeira 
Câmara.
A primeira câmara, em todo o mundo, costuma ser vinculada de maneira mais 
estreita à vontade popular, ou seja, responde com maior frequência ao voto do 
eleitor. A segunda câmara, por sua vez, é, normalmente, mais isolada ou distante dessa 
vontade, mediante vários mecanismos que observaremos em seguida. Em outras palavras, 
O BICAMERALISMO NA CONSTITUIÇ… 46 kB
CaetanoErnesto_razoesdoBicamerali… 137 kB
a segunda Câmara em geral é preservada da vontade popular, fato com 
consequências muito evidentes, para o bem ou para o mal. Enfim, a segunda câmara é 
constituída de uma forma segundo a qual a vontade de quem vota não incide com tanta 
força sobre ela como incide sobre a primeira câmara. Esses mecanismos de 
“isolamento” permitem à segunda câmara ser um espaço para a proteção e a 
representação de grupos minoritários.
c) Quanto ao seu papel no desenho de uma federação, uma segunda câmara tem sido 
utilizada desde a experiência norte-americana como instrumento para construir um Estado 
federado, ou seja, como instrumento para dar aos Estados integrantes da federação, 
principalmente aos Estados menos populosos, a garantia de que seus interesses não 
serão violentados pela vontade da maioria. Quer dizer, é um sistema que dá proteção 
aos Estados que têm menos eleitores frente à vontade da maioria, normalmente refletida 
numa Câmara de deputados.
No desenho norte-americano, a experiência que inaugura esse modelo, cada Estado, não 
importa seu tamanho, tem direito ao mesmo número de cadeiras no Senado. Essa regra 
de representação igual teve ampla aceitação na América Latina e em outras partes do 
mundo. Vale no Brasil, onde cada Estado elege três senadores, e, para citar outros 
exemplos, na Argentina, Austrália, África do Sul, México e Suíça. 
No entanto, esse não é o único papel que o Senado pode desempenhar no desenho de 
uma federação. Há federações nas quais, mais importante do que dar aos Estados 
menores poderes de veto, efeito direto do voto paritário, é conceder a esses 
Estados um segundo espaço de representação onde possam manifestar sua voz. 
Nessa perspectiva, há países que mantêm uma segunda câmara onde as várias regiões ou 
Estados estão representados, mas essa representação não é isonômica, é uma 
representação diferenciada que segue mais ou menos a proporcionalidade com a 
população de cada uma dessas regiões. Poderíamos aqui citar a Índia, mas não é o único 
caso. Na Europa, há vários países – Espanha, Áustria, Bélgica e Alemanha, por exemplo – 
em que isso acontece.
d) Quanto à função revisora sobre a produção legislativa, argumenta-se que a 
legislação tende a tornar-se, com o tempo, cada vez mais complexa, cada vez 
mais técnica. Faz-se necessário, portanto, que o processo legislativo abra espaço 
para um segundo olhar sobre a produção das leis. Nessa perspectiva, a Câmara dos 
Deputados, a primeira câmara, seria o espaço da primeira abordagem do legislador no 
processo de produção das leis; e uma segunda câmara, seja qual for o seu nome, 
constituiria o espaço de um segundo olhar revisor, que a complexidade crescente 
das sociedades modernas torna cada vez mais necessário.
Indicamos a seguinte leitura: LEMOS, Leany Barreiro de Souza. Controle legislativo em 
democracias presidencialistas: Brasil e EUA em perspectiva comparada. Brasília: 
Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Sociais, 2005.
A autora analisa de forma comparativa o controle horizontal exercido no Brasil (1988-
2004) e nos Estados Unidos da América (1973-2000).
A diferença pode ser pequena, como na Espanha, com 257 e 350 representantes em cada 
uma, ou significativa, como na Alemanha, que elegeu, em 1994, 672 deputados e 
apenas 69 senadores.
As duas Câmaras variam muito também em relação aos seus poderes constitucionais. Há, 
nesse aspecto, uma variedade muito grande – e não entraremos em pormenores nesse 
ponto; vamos discutir apenas algumas tendências gerais. Normalmente, a primeira 
Câmara tem influência maior sobre qualquer tipo de matéria que diga respeito a 
impostos ou gastos públicos, e a segunda tem influência maior em matéria 
constitucional, especialmente naqueles Estados federados nos quais a segunda câmara é 
uma representação desses Estados.
É mais comum que a primeira câmara exerça certa preponderância de poderes, ou seja, 
que, em caso de impasse, suas decisões possam prevalecer sobre as decisões que são 
tomadas na segunda câmara. Mas existem vários casos em que se verifica a equipotência 
formal entre as duas casas. No Brasil, formalmente, as duas casas são equipotentes.
Finalmente, é comum uma distinção grande entre segundas e primeiras câmaras 
no que diz respeito ao processo de seleção dos seus membros. Normalmente, as 
duas casas são constituídas de forma bem diferenciada. Enquanto a primeira câmara é
constituída normalmente pelo voto direto e frequente do povo, as segundas câmaras 
podem adotar vários mecanismos de seleção de seus integrantes, introduzindo 
diversos elementos que afastam os seus membros da influência do voto direto.
 Processos de seleção bicameral no mundo
Diante do exposto até agora, indaga-se: como a Constituição de 1988 idealizou a 
representação política no Brasil?
Para um embasamento dessa questão, sugerimos a leitura do texto O PODER 
LEGISLATIVO NA CONSTITUIÇÃO DE 1988, de Jarbas de Andrade Vasconcelos.
Módulo VI - Evolução dos Partidos Políticos Brasileiros
   
O Papel e a Evolução dos Partidos Políticos no Brasil
Partidos atuam em duas arenas: eleitoral e decisória. Na eleitoral, são 
responsáveis por agregar interesses, congregar candidatos, torná-los conhecidos 
dos cidadãos, desenvolver plataformas que serão avaliadas pelos eleitores durante 
períodos eleitorais e buscar votos. Na arena decisória, são responsáveis por decisões 
de políticas públicas - sua formulação, planejamento, implementação e avaliação.
Pertencimento de direito;
indicação;
eleição indireta;
eleição direta.
PODER LEGISLATIVO NA CONSTITUI… 19 kB
Política Contemporânea - Módulo V… 110 kB
Plano de Aula-Módulo VI.pdf 135 kB
... 
instinto personalista e clientelístico das elites políticas brasileiras. 
Depois de 1988, Na Constituição de 88 o País retorna ao sistema multipartidário. 
Há duas correntes avaliativas divergem sobre o sistema brasileiro: 
A pessimista aponta a fraqueza do sistema partidário(excesso de partidos) e 
quer reformas, a Otimista acredita que o sistema é estável e está em 
evolução. (excesso de partidos no Governo) O eleitor ficar pedido com o grande 
número de partidos; fraqueza ideológica, não são consistentes, geram um 
ambiente de crises políticas constantes. Baixa qualidade da democracia brasileira. 
Dança das cadeiras, constante troca(mudanças se avizinham, dentro do mesmo 
espectro ideológico); Manter esse sistema tem um alto custo.
   
Mais importante como os partidos se organizam no governo. Estar ou não 
participando da base do Governo. 
Necessário fazer uma reforma política, criar instituições que sejam mais 
previsíveis, que haja mais controle do eleitor, que seja menos fragmentada, 
menos partidos políticos; 
Os Partidos Políticos na democracia de 1946
A partir de 1946, novos partidos surgem induzidos pelo Estado, o que lhes confere um 
caráter "gelatinoso", no sentido dado pelo cientista Scott Mainwaring. O partido se acoplaa estruturas anteriores de sindicatos, interventorias, uma burocracia empoderada, sem 
falar da ideologia autoritária que antecede o período. Na nova democracia, é criado, a 
partir do braço estatal, o Partido Social Democrático (PSD), com bases municipais e com 
quadros do alto escalão da burocracia; o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), com raízes 
sindicais e urbanas, ambos getulistas; e a União Democrática Nacional (UDN), anti-
getulista. Com a industrialização/ urbanização e consequentes mudanças na estrutura 
social, os partidos conservadores perdem espaço, e os demais tornam-se mais 
progressistas.
De fato, houve um declínio da votação da direita e do centro e o crescimento da 
esquerda, gerando conflitos entre um Congresso mais conservador e um 
Executivo reformista. Os partidos se dispersaram e se diluíram internamente, houve 
aumento de votos brancos e nulos, aumentou a adesão clientelística aos partidos nas 
regiões menos desenvolvidas, ao mesmo tempo em que, nas regiões mais desenvolvidas, 
ganhou corpo a política personalista. Entre 1946-1964 há um esforço dos partidos de se 
organizarem nacionalmente (embora haja divergências na literatura sobre o tema), mas 
criou-se uma tensão no sistema político que contribuiu para a configuração do 
golpe de 1964, que durou até 1985.
Os Partidos Políticos durante o Período Militar (1964-1985)
Durante o regime militar, os partidos não foram abolidos, e nem as eleições, mas houve 
fortes restrições à participação política. A existência apenas de partidos e eleições não 
garantem uma democracia (ver a unidade sobre Democracia e Autoritarismo, 
especialmente o conceito de Poliarquia).
O Ato Institucional nº 2, de 27 de outubro de 1965, manteve a Lei nº 4.740, de 15 de 
julho de 1965 (Lei Orgânica dos Partidos Políticos) que extinguiu o pluripartidarismo 
no Brasil, e o Ato Institucional nº 4, de 20 de novembro de 1965 criou, na 
prática, o bipartidarismo: Aliança Renovadora Nacional (ARENA), partido alinhado 
com o governo, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), como oposição 
consentida, mas que abrigava setores que permaneciam na clandestinidade (como o 
PCB). A seguir, apresentamos o link que remete à Lei nº 4.740, de 15 de julho de 
1965.
LEI ORDINÁRIA - 4740 de 15_07_196… 199 kB
Entre 1964-1985, o mandatário que trocasse de partido perdia seu mandato, 
medida revogada com a Emenda Constitucional nº 25, de 1985, ano em que também 
voltou à legalidade o PCB (clandestino desde 1947). Entre 1945 e 1979, foram registrados 
no TSE 27 partidos políticos. O regime militar cassou mandatos, em todos os níveis, e 
cerceou direitos de participação e organização. Depois das eleições de 1974 e 1978, com a 
perda flagrante de espaço político para o MDB, os militares resolveram promover o 
multipartidarismo, a partir de 1980, como forma de diluir o poder crescente da oposição, 
bem como uma abertura “lenta, gradual e segura”. Abaixo, apresentamos o link que 
remete às informações sobre a representação político-partidária no Brasil entre 1945 e 
1979.
http://www.tse.jus.br/partidos/partidos-politicos/registros-de-partidos-politicos-
1945-a-1979    
Sobre o aperfeiçoamento dos direitos políticos na atual conjuntura democrática brasileira, 
sugerimos a leitura do texto 
DIREITOS POLÍTICOS – O LONGO E (AINDA) INACABADO PROCESSO DE 
APERFEIÇOAMENTO DA DEMOCRACIA BRASILEIRA
, de Pedro Simon.
DIREITOS POLÍTICOS – O LONGO E (AINDA) INACABADO PROCESSO DE 
APERFEIÇOAMENTO DA DEMOCRACIA BRASILEIRA - Pedro Simon
Os Partidos Políticos na Nova Ordem Constitucional (pós-1988)
Hoje, existem mais de trinta partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 
 Abaixo, apresentamos o link que remete ao site do TSE, onde estão disponíveis os dados 
dos diretórios nacionais das agremiações, bem como os estatutos dos partidos políticos.
 http://www.tse.jus.br/partidos/partidos-politicos  
PROCESSO DE APERFEIÇOAMENTO … 44 kB
Partidos políticos registrados no TS… 130 kB
TSE_historico_partidos_politicos.pdf 180 kB
http://www.tse.jus.br/partidos/partidos-politicos/registros-de-partidos-politicos-1945-a-1979
http://www12.senado.gov.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/outras-publicacoes/volume-ii-constituicao-de-1988-o-brasil-20-anos-depois.-o-exercicio-da-politica/direitos-politicos-o-longo-e-ainda-inacabado-processo-de-aperfeicoamento-da-democracia-brasileira
http://www.tse.jus.br/partidos/partidos-politicos
No novo período democrático, há duas correntes que debatem o papel e a qualidade dos 
partidos políticos no Brasil. 
Corrente pessimista
A primeira corrente, que chamaremos pessimista, afirma ser o sistema ingovernável e 
passível de rupturas. Ingovernável pelo excesso de partidos, pela excessiva 
fragmentação partidária, o que leva a governos minoritários (nenhum governo desde 
1988 teve mais do que 20% das cadeiras no Congresso); governos minoritários levam à 
necessidade de um governo de coalizão; governos de coalizão são heterogêneos e 
enfrentam muitas disputas internas. A existência de conflitos iminentes exige uma 
enorme capacidade de coordenação, que nem sempre está presente nos governos. Daí ser 
um cenário perfeito para crises constantes.
Além disso, o excessivo número de partidos levaria uma certa "confusão" aos 
eleitores – afinal, o que significaria cada legenda? Como se diferenciam? No nosso 
contexto, é ainda pior, por causa das coligações que se constroem, obscuras para 
os eleitores. É difícil para o eleitor distinguir quem está na disputa, o que leva ao 
problema da volatilidade eleitoral (eleitores mudam seu voto de um partido para outro, 
em eleições subsequentes, na média de 40%).
Mas não somente o número de partidos é um problema, segundo essa visão. Talvez mais 
importante ainda seja a falta de consistência programática dos partidos, ou uma 
linha mestra que guie o comportamento de seus membros. Os críticos apontam para a 
fraqueza dos partidos: na verdade, o que vale nas eleições é o indivíduo, não a 
organização partidária. Os candidatos – e mandatários – não seguem diretrizes 
partidárias, e nem mesmo há divisão de partidos segundo uma ideologia identificável. São 
partidos catch-all – expressão inglesa que significa partidos sem identidade, que 
“carregam tudo”. Esse problema tem várias consequências:
a) falta de disciplina partidária, uma vez que o partido não consegue impor aos seus 
membros decisões do grupo, reforçando o problema da falta de identidade (o indivíduo se 
sobrepõe ao coletivo). Além disso, há enormes incentivos para a
b) competição intrapartidária – os candidatos, por causa das regras eleitorais, acabam 
competindo também entre si -, o que favorece campanhas caras e corrupção eleitoral;
c) a “dança das cadeiras”, ou troca constante de partidos, já que não existe uma 
identidade entre o membro e a organização, não havendo grandes penalidades para o 
indivíduo que o faça;
d) a falta de controle do eleitor sobre os eleitos, uma vez que alguém eleito pelo 
partido x pode sair dele e ingressar no y, o que seria uma “traição” do eleitor, 
caso ele votasse no partido x por preferência programática (existe hoje a 
possibilidade do político perder o mandato, mas não é automático - o partido tem 
de ingressar com uma ação para reavê-lo). Como isso também é incerto – como 
vota o eleitor, se no partido ou no indivíduo, porque há reforço para que ele 
prefira a última opção à primeira – o resultado é bastante esperado: políticos que 
não respondem ao partido e, muitas vezes, nem mesmo ao eleitor.
Manter esse sistema tem um custo alto: segundo esses estudiosos, é difícil para 
os governos eleitos formar maioria no Congresso e governar com partidos pouco coesos e 
sem densidade programática. A solução para o problema seria uma reforma política que 
contemplasse:
a) o fim do sistema proporcional, que leva ao multipartidarismo;
 b) a adoção do sistema distrital, que leva ao bipartidarismo;
 c) a manutenção do sistemaproporcional, mas com lista fechada (quem ordena a 
lista é o partido, não o eleitor), o que daria mais força aos partidos;
Corrente otimista
A segunda corrente, que chamaremos otimista, acha desnecessária a reforma política 
nesses termos – para reduzir o número de partidos e dar mais poderes à direção 
partidária -, porque o sistema atual não gera ingovernabilidade ou imprevisibilidade. 
Segundo essa vertente, os partidos políticos, no pós-1988, não constituem elemento de 
instabilidade do regime democrático. O que os estudos empíricos do grupo informam é 
que, de fato, os partidos organizam a vida dentro do parlamento e existe 
disciplina partidária no voto. Ou seja, quando o líder de um determinado partido 
orienta sua bancada em uma votação, ele é, em geral, seguido. Alguns partidos chegam a 
ter 100% de fidelidade partidária no Congresso, e o partido cujos membros são menos 
fiéis têm uma média de adesão de 85%.
http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=550&eid=4251&displayformat=dictionary
Além disso, o princípio da proporcionalidade partidária reina na distribuição de cargos – 
portanto, de poder – dentro do parlamento. Em outras palavras, os partidos contam: tanto 
para dar um rumo às votações (que nada mais são do que o espelho de preferências 
políticas) quanto para organizar a estrutura interna do Legislativo. Mesmo havendo um 
grande número de partidos, eles estão organizados em blocos, e cerca de 5 ou 6 
detêm maioria. Portanto, excesso de partidos, para esses estudiosos, não é exatamente 
o problema. Ao contrário, a diversidade é importante do ponto de vista da legitimidade do 
Congresso: a representação é plural e reflete a diversidade cultural e social do país, dando 
especial voz às minorias.
Outro argumento é que, embora a mudança constante de legendas dentro do Congresso 
seja uma realidade, as trocas partidárias se dão dentro de um espectro 
ideológico (centro-esquerda, centro-direita), e raramente se observam mudanças de um 
político que vá da direita para a esquerda ou vice-versa. A dança das cadeiras, nesse 
sentido, não trai o eleitor, porque as mudanças não são radicais. Por último, alguns 
autores assinalam que, como o sistema é centrado no Presidente da República, a clivagem 
mais importante não é entre partidos, ou entre executivo e legislativo, mas entre base 
de governo versus oposição. Essa clivagem é a que define o comportamento parlamentar.
Em suma, o custo de se manter o sistema é o mesmo de um sistema parlamentarista 
multipartidário (governos minoritários têm de negociar posições e dividir poder, o que não 
é algo exclusivo do sistema brasileiro). Reformas que deem poder demasiado às 
direções partidárias, ao contrário do efeito pretendido, concentrariam o poder 
nas mãos de poucos e levariam à burocratização da vida político-partidária, 
prejudicando ainda mais os eleitores.
Vimos neste Módulo que:
Os partidos políticos se diferenciavam pouco no século XIX e mesmo no início do 
século XX. Na década de 30, havia uma concentração em Minas Gerais e São Paulo; 
mas, de fato, estiveram organizados nacionalmente somente no pós-46;
no período democrático de 1946-64, os partidos continuaram a existir a partir da 
ação do Estado - ou seja, não se organizaram autonomamente a partir da sociedade 
civil. Isso deu a eles contornos pouco definidos; entretanto, à medida que foram se 
diferenciando e polarizando, criou-se uma situação propícia ao golpe militar de 64;
http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=550&eid=4251&displayformat=dictionary
http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=550&eid=4251&displayformat=dictionary
Para se aprofundar no entendimento sobre as particularidades da representação 
partidária no Brasil, sugerimos a leitura do texto PARTIDOS, REPRESENTAÇÃO E 
REFORMA POLÍTICA, de Felipe Basile.
Necessário formação Política dos cidadãos. 
Instituição política é toda forma de agir consolidada, que leva as pessoas a 
repetir as coisas, condutor das intenções.  
Redes de interesse que geram riquezas já estão habituadas/estruturadas em 
tornos de acordos fáticos; Mudança extremamente difícil, mas possível. 
Renovabilidade desses acordos sociais.  (Vídeo Educação Política)
Módulo VII -  O Bicameralismo no Brasil
durante o regime militar, o sistema partidário foi reduzido - do multipartidarismo 
para o bipartidarismo (ARENA e MDB). As eleições e a participação política não 
foram eliminadas totalmente, mas houve forte cerceamento das atividades político-
partidárias, com cassações e limitações à liberdade de associação e de expressão;
na nova ordem pós-1988, o país retorna ao sistema multipartidário. São hoje mais 
de 30 partidos políticos registrados, diversos com assentos no Congresso 
Nacional. A fragmentação excessiva, segundo alguns estudiosos, é um 
impedimento à governabilidade (dificulta a ação do poder executivo); 
entretanto, os defensores do sistema acreditam que a diversidade partidária 
garante maior participação da minoria, sem impedir que decisões de 
governo sejam tomadas.
PARTIDOS REPRESENTAÇÃO E REFO… 73 kB
Política Contemporânea - Módulo V… 159 kB
Plano de Aula-Módulo VII.pdf 94 kB
Neste Módulo, vamos estudar os efeitos que as competências privativas e comuns, 
constitucionalmente atribuídas à Câmara dos Deputados e ao Senado, surtem no processo 
governamental do país. Além do Senado e da Câmara, há o Congresso Nacional 
(quando as duas Casas deliberam conjuntamente).
Enquanto o Senado representa a federação e os senadores são eleitos pelo voto 
majoritário, a Câmara representa o povo e os deputados são eleitos pelo sistema 
proporcional. A proporcionalidade fomenta a diversidade e protege os direitos 
das minorias.
No bicameralismo brasileiro, tanto deputados quanto senadores têm poderes e 
prerrogativas muito semelhantes. 
O trabalho das Comissões é de fundamental importância para a eficiência do Legislativo, 
ao aprofundar os temas de relevância para a população.
  
...é importante entender como se dá a organização e a estrutura do Poder 
Legislativo e como é a divisão de trabalho entre os políticos eleitos nas duas Casas, 
Senado e Câmara dos Deputados; ou seja, os poderes que os parlamentares, os 
partidos e as estruturas institucionais detêm. Essas regras não são aleatórias: elas 
são construídas historicamente com vistas a garantir determinados resultados.
Por exemplo, um parlamentar pretende emendar uma proposta, isoladamente. 
Em alguns países (o Brasil é um deles) o parlamentar pode fazê-lo. Em outros, 
somente se pode fazer via partido ou com um mínimo de assinaturas. O que isso 
significa? Que algo que parece simples e formal - apresentar uma proposta - na 
verdade representa quanto de poder o parlamentar tem nessa questão. Se ele pode 
simplesmente apresentar a proposta isoladamente, é mais provável que o faça. Mas 
se tiver que negociar com outros parlamentares e com lideranças, pode ser que não 
o apresente, dado o custo elevado de fazê-lo e à urgência de outras demandas. Ou 
seja, a formatação institucional condiciona as oportunidades e os custos 
inerentes ao exercício do mandato parlamentar.
São muitas as regras e aspectos da organização do Congresso. Algumas são 
detalhes que fazem a diferença, outras são regras gerais de organização. Nesta 
O BICAMERALISMO NA CONSTITUIÇ… 46 kB
unidade, chamaremos atenção para três aspectos fundamentais da organização e 
estrutura legislativa: o bicameralismo, a organização do eixo de comissões e o 
princípio da proporcionalidade partidária na distribuição de poder.
Cada estado de 8 a 70 deputados e 3 senadores.
Uma característica central do legislativo brasileiro é seu bicameralismo. A câmara 
baixa (no nosso caso, a Câmara dos Deputados) representa o povo, e a câmara 
alta (no nosso caso, o Senado Federal), representa os estados da federação. Na 
literatura, uma segunda casa surge para representar interesses que de outra forma 
nãoteriam voz. Mas não necessariamente surgirá para representar uma federação, 
como no Brasil. Em muitos casos, a segunda câmara é instituída para que sejam 
representadas clivagens étnicas, religiosas ou de classe social. Em geral, as regras de 
composição do Senado (idade, exigência de renda mínima etc) o tornam um pouco 
mais conservador do que a Câmara e seu papel, em geral (mas nem sempre), é o de 
revisor.
No bicameralismo brasileiro, as propostas legislativas apresentadas por um 
parlamentar de uma casa, depois de aprovada nesta casa, seguem para a 
seguinte e é debatida, emendada, votada. Se não for alterada, vai para sanção 
presidencial. Se for alterada, retorna para a casa original, que pode ser tanto a 
Câmara quanto o Senado, e em seguida vai para sanção presidencial ou é 
promulgada (no caso das emendas constitucionais). Esse sistema se chama 
navette: uma proposta de lei navega de uma casa a outra, mas não 
indefinidamente. Uma particularidade do nosso sistema é que tanto a Câmara dos 
Deputados quanto o Senado podem servir de casa revisora, dependendo de 
onde se iniciou a proposta (ou seja, uma proposta de autoria de uma senadora 
será revisada pela Câmara, uma proposta de autoria de deputada será revisada pelo 
Senado).
Um exemplo diferente de resolução de divergências entre casas é o norte-
americano. Ali, as propostas tramitam em cada casa, separadamente, e nunca vão 
para a outra. Ao final, cria-se uma comissão mista que vai negociar as diferenças 
(conference committee). A proposta final dessa comissão segue para voto em cada 
uma das Casas, separadamente.
Aprofundando mais esse tema, há que se ressaltar que o bicameralismo brasileiro é 
conhecido pela forma como distribui de uma maneira muito parecida os direitos dos 
parlamentares. Em alguns senados pelo mundo, os parlamentares têm um papel 
honorífico, mas não têm muito poder para legislar ou controlar o poder executivo. 
Não é assim no Brasil, que tem um dos senados mais poderosos do mundo, em 
termos de prerrogativas. Dizemos que, quanto aos poderes, o bicameralismo 
brasileiro é simétrico: tanto deputados quanto senadores têm poderes muito 
parecidos. Ambos podem apresentar proposições, podem emendar projetos, 
votam todas as matérias.
É verdade que algumas regras favorecem a Câmara. Por exemplo, os projetos de 
autoria do executivo sempre se iniciam pela Câmara dos Deputados, o que lhe 
garante a palavra final em muitas matérias (lembre-se: no sistema navette, a 
proposta que se iniciou na Câmara e não é alterada no Senado segue para 
sanção presidencial. Caso seja alterada, ela retorna para a primeira casa).
Mas algumas regras também favorecem o Senado. O Senado brasileiro é 
responsável exclusivo pela aprovação de autoridades do Poder Executivo – 
diretores do Banco Central, de agências reguladoras – e também do Judiciário, 
inclusive ministros do Supremo Tribunal Federal. Ele também é responsável por 
autorizar empréstimos de municípios, estados e união. No que diz respeito a sua 
formação (regras eleitorais que determinam como serão eleitos os parlamentares), o 
bicameralismo brasileiro é incongruente: ele é formado a partir de regras 
eleitorais distintas. De um lado, os 513 deputados são eleitos em um sistema 
proporcional de lista aberta (lista aberta é um sistema de votação de 
representação proporcional onde os eleitores votam em partidos e na ordem 
dos candidatos na lista desse partido), e têm mandato de quatro anos, cada 
estado podendo ter de 8 a 70 representantes, a depender da sua população; e 
os 81 senadores são eleitos pelo sistema majoritário (ganha a vaga quem tiver 
maior número de votos), com mandato de oito anos, eleitos a cada quatro 
anos, 1/3 e 2/3, respectivamente, e cada estado tem o número fixo de 3 
representantes. Essa regra de eleição parcial foi introduzida para que não houvesse 
uma renovação brusca da instituição, mas ao contrário, que fosse garantida a 
continuidade dos trabalhos.
Muitas críticas são feitas por políticos e acadêmicos ao Senado brasileiro. A maior 
delas é que a representação igual de cada estado (3 senadores) reforçaria a 
desproporcionalidade que existe na Câmara dos Deputados – ou seja, colocaria 
abaixo a ideia de igualdade do voto, já que parlamentares de estados pouco 
populosos se elegem com um número de votos bem inferior a parlamentares de 
estados mais populosos. Haveria uma desproporcionalidade entre o peso dos 
parlamentares e de seus estados e regiões. O Senado, ao garantir 3 representantes 
para cada estado, reforçaria essa desproporção em favor de estados menos 
populosos – que são também os menos desenvolvidos.
De outro lado, os defensores do sistema afirmam que os estados mais populosos 
(São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro), que em tese estariam sub-representados, 
conseguem, por força de suas economias e de uma sociedade civil organizada mais 
atuante, equilibrar a desproporção da representação política no Congresso.
Outra grande crítica é ao bicameralismo em si, que retardaria o processo 
legislativo, tornando-o mais moroso e conservador. Em defesa do Senado, 
alguns autores pontuam que o processo mais lento faz com que as decisões sejam 
mais bem pensadas e que ouvir , tanto a Câmara dos Deputados quanto o Senado 
Federal, aumenta as informações trazidas por cada um deles, sendo a melhor forma 
de se lidar com as divergências e conflitos de interesses que existem na sociedade.
Além do Senado e da Câmara, na prática há uma terceira “Casa”, o Congresso 
Nacional,quando as duas Casas deliberam conjuntamente. Nas reuniões do 
Congresso votam-se o orçamento e os vetos presidenciais, por exemplo. As 
contagens de votações ocorrem separadamente, Câmara e Senado, e é preciso 
obter-se a maioria em cada uma delas.
Cada Casa – Câmara, Senado e Congresso – têm poderes e regimentos próprios.
As medidas provisórias também têm de ser analisadas pelo Congresso, mas têm 
um rito próprio que não exige a reunião conjunta. Forma-se uma comissão mista 
no início dos trabalhos e seu parecer é votado primeiramente na Câmara, e depois 
no Senado. Vimos que o sistema bicameral afeta o processo legislativo: torna o 
sistema mais moroso, mas, como defendem alguns, também permite que haja mais 
debates sobre as escolhas, além de maior autonomia das decisões contra pressões 
imediatas da opinião pública, por exemplo. Ao contrário de outros parlamentos, o 
Senado brasileiro tem muitos poderes legislativos e de controle (como as 
nomeações de autoridades e autorizações de empréstimo), o que afeta a maneira 
como as decisões são tomadas.
Como funcionam as comissões na Câmara dos Deputados e no Senado Federal?
Como a sua organização afeta as decisões políticas?
Tanto a Câmara quanto o Senado estruturam seu trabalho por meio do eixo de 
comissões. É uma forma de divisão do trabalho: os parlamentares se dividem 
em grupos menores, especializados tematicamente, e cada grupo 
irá recomendar qual o melhor formato para aquele projeto: a 
forma original, um formato com alterações pontuais, ou se deve 
ser um projeto totalmente reformulado. Esse "parecer" será depois 
avaliado no plenário pela totalidade dos parlamentares. Assim, as matérias apresentadas 
são avaliadas por uma ou mais comissões para que se possa identificar se seu teor está de 
acordo com a Constituição e normas existentes no País, bem como para que se possa 
analisar seu mérito. A ideia é que nos “pequenos grupos” , formados por 
especialistas, a discussão possa ser mais profunda e proveitosa. Depois de votados 
e aprovados no plenário, as matérias seguirão para a outra Casa.
 
Como são os eixos nas duas Casas?
Na Câmara dos Deputados, existem hoje vinte comissões temáticas. No Senado, 
são doze. Na Europa, o número de comissões vai de dez a vinte. Essas são somente as 
comissões permanentes. Também podem ser criadas 
comissões especiais e temporárias, para debater temas específicos. Existem igualmente 
as comissões parlamentares de inquérito, criadas com o intuito de averiguardenúncias 
específicas e que têm tempo e objeto delimitados na sua criação.
Na Câmara dos Deputados, qualquer proposta passa pela Comissão de 
Constituição, Justiça e Cidadania, para depois seguir seu caminho por outras 
Comissões. Se mais de quatro forem designadas, cria-se uma comissão especial 
para se analisar a matéria. Disso decorrem duas consequências políticas:
a) a CCJC adquire enorme peso em "barrar" propostas, e por isso é considerada a 
mais importante da Casa;
Você sabia?
Também existe a figura
processual da 
tramitação terminativa 
ou conclusiva nas 
comissões – nesse 
caso, o projeto não 
necessita ser votado no 
plenário. Entretanto, os 
regimentos 
regulamentam bem 
essas votações, e 
sempre é possível 
levar a matéria ao 
plenário, com um 
número mínimo de 
assinaturas.
b) a criação de uma comissão especial permite aos líderes partidários e à base do governo 
criar uma comissão com membros de sua preferência, que não necessariamente espelham 
a média do plenário.
No Senado, nenhuma das duas regras se aplica. Primeiro, porque todas as comissões de 
mérito também podem dar um parecer de constitucionalidade e legalidade, dispensando o 
filtro da CCJC; e as matérias podem seguir para quantas comissões sejam necessárias, 
sem que seja criada comissão especial.
Na Câmara, cada deputado faz parte de somente uma Comissão. No Senado, cada 
senador pode fazer parte de três comissões como titular, e outras três como 
suplente. Segundo a literatura, um maior número de comissões pode indicar uma maior 
institucionalização do Parlamento – especialmente sua capacidade de processar temas e 
demandas. Entretanto, o excessivo fracionamento pode ser visto como um 
empecilho à boa atuação parlamentar, já que o tempo é escasso e, ao ter de se dividir 
entre várias tarefas e temas, o parlamentar terá mais dificuldade em especializar-se.
 
 
Existe uma discussão entre especialistas sobre qual instituição é mais importante: a 
Comissão, que se debruça e debate a miúdo os projetos, ou o Plenário, que tem a 
palavra final?
Nos Estados Unidos, o papel decisório preponderante é claramente das Comissões. Muitos 
estudos indicam que, no legislativo brasileiro, existem muitos instrumentos que 
esvaziam o trabalho das Comissões e centralizam as atividades no Plenário, 
especialmente a apresentação de medidas provisórias e os pedidos de urgência 
solicitados pelo/a presidente ou pelos líderes. Com isso, o centro deixa de ser as 
Comissões e passa a ser o Plenário. De outro lado, alguns estudos demonstram que as 
Comissões têm um forte papel informacional, ou seja, são importantes para se levar 
 O que é mais 
importante? As 
Comissões ou o 
Plenário?
subsídios qualificados aos debates e argumentos favoráveis e contrários a cada matéria, 
de forma a que os membros do Congresso possam tomar decisões mais fundamentadas.
As Comissões também têm um outro papel fundamental: o de serem 
"gatekeepers", ou seja, filtros para o grande número de propostas que circulam 
no Congresso. Assim, exercem importante papel em identificar matérias prioritárias. 
Há ainda algumas comissões mistas: a do Orçamento, a de Mudanças Climáticas e as 
Comissões que analisam as medidas provisórias. Nelas, cada Casa tem sua representação 
proporcional.
Podemos concluir que há uma divisão de trabalho no Congresso, via comissões 
temáticas, com o intuito de se aperfeiçoar o processo decisório - melhores 
decisões, baseadas em mais informações, debatidas com mais detalhes. De fato, 
todos os parlamentos modernos assim se estruturam, e isso em geral leva à 
especialização dos parlamentares em áreas - infraestrutura, 
saúde, educação, meio ambiente etc. Entretanto, a existência de outras 
regras pode afetar essa estrutura, fazendo com que muitas decisões sejam levadas não 
para as Comissões, mas diretamente ao Plenário. Embora tal arranjo retire delas alguns 
poderes, ainda assim elas exercem o papel fundamental de filtrar o que será debatido: a 
pauta política prioritária daquele setor/segmento.
Para se aprofundar na questão das medidas provisórias no Brasil, sugerimos a leitura do 
texto 
MEDIDAS PROVISÓRIAS: GÊNESE, CAUSAS E EFEITOS
, de Luís Fernando Pires Machado. 
O princípio da proporcionalidade partidária: como afeta a organização dos 
trabalhos na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
Os trabalhos do Senado e da Câmara baseiam-se no princípio da 
proporcionalidade partidária. Para ocupar um cargo na Mesa, presidir uma 
Comissão, e mesmo para dela fazer parte, é importante o peso do partido político do 
parlamentar. Isso quer dizer que os maiores partidos ocupam mais espaços de 
poder (presidência da Casa e de Comissões), e os menores vão-se organizando 
conforme seu tamanho. Para obter maior influência no processo decisório, muitos 
MEDIDAS PROVISÓRIAS.pdf 127 kB
http://www12.senado.gov.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/outras-publicacoes/volume-ii-constituicao-de-1988-o-brasil-20-anos-depois.-o-exercicio-da-politica/medidas-provisorias-genese-causas-e-efeitos
partidos se juntam em blocos. Assim, conseguem disputar com os maiores partidos 
melhores “posições” dentro de cada Casa. De fato, embora não haja hierarquia formal, as 
Comissões não têm todas o mesmo peso. Na Câmara, a de Constituição, Justiça e 
Cidadania é bastante poderosa, assim como no Senado, onde a Comissão de 
Assuntos Econômicos é também muito importante porque tem impacto direto no 
pacto federativo - por exemplo, questões tributárias.
Esse sistema de proporcionalidade partidária é bastante distinto do sistema norte-
americano, onde a regra é “the winner takes it all”- o ganhador leva tudo. Ou seja, se um 
partido consegue formar maioria em uma determinada Casa, esse partido ocupa a 
presidência da Casa e todas as presidências de comissões. Portanto, o sistema norte-
americano é um que favorece a governabilidade e o funcionamento da 
instituição, mas não a diversidade e os direitos de minorias.
No Brasil, ao contrário, partidos que não são os maiores podem presidir Comissões. Assim, 
no nosso país, permite-se maior diversidade - o que também implica em um 
maior grau de conflito, já que uma decisão de uma comissão A pode 
ser contraditada por uma da comissão B, controlada por partido 
distinto, até mesmo de oposição.
A presidência de uma comissão é importante pelo poder de agenda que ela possui
 – o presidente distribui matérias para serem relatadas (nas relatorias também se aplica, 
em tese, o princípio da proporcionalidade partidária); convoca as reuniões; 
estabelece o que entrará em pauta e, portanto, o que será votado, 
dentre outras funções. Nas últimas décadas, as relatorias de matérias 
importantes foram quase sempre distribuídas para parlamentares do mesmo partido ou da 
mesma base do presidente de Comissão.
Assim, o fator "proporcionalidade partidária" é fundamental para se exercer 
cargos com mais poderes dentro da estrutura interna. E isso significa poder ter 
mais influência sobre o destino dos projetos - tanto a velocidade 
com que navega, quanto o seu conteúdo. Se o parlamentar é de um grande 
partido, tende a ter mais espaço interno; se é de um partido menor, tende a ter menos 
espaço, o que o fará, estrategicamente, estabelecer blocos com outros partidos também 
menores para que possa participar dos trabalhos com mais afinco.
Vimos neste Módulo que:
Tanto a estrutura quanto a organização da Câmara dos Deputados e do Senado brasileiro 
são importantes, e têm um impacto direto nas decisões políticas;
O bicameralismo brasileiro é simétrico e incongruente: é simétrico porque os 
poderes do Senado e da Câmara são parecidos; e incongruente porque as regras 
de preenchimento dos cargos (regras eleitorais) são diferentes;
O Senado brasileiro é bastante poderoso: os senadores podem apresentar propostas, 
emendar aquelas que vêm da Câmara e ainda têm funções próprias legislativas e de 
controle. Há muitas críticas sobreseu funcionamento: torna o processo mais lento e 
avesso a mudanças radicais. Seus defensores, entretanto, acreditam que é a melhor 
forma de "blindar" o sistema político contra ímpetos momentâneos ou radicais 
de mudança;
Os legislativos se organizam em comissões, que são temáticas e favorecem o 
aprofundamento do debate. Nos EUA, o centro do processo legislativo são as 
comissões; no Brasil, é o plenário, porque muitas vezes as matérias mais 
controversas são debatidas mais profundamente ali. Ainda assim, as comissões 
são importantes por filtrarem a atividade legislativa;
O princípio da proporcionalidade partidária é fundamental no sistema brasileiro para dividir 
poderes. Não é assim em todos os países: nos EUA, por exemplo, quem faz a maioria 
domina todos os cargos importantes. No Brasil, as minorias têm mais direitos.
Módulo VIII - Relações Executivo-Legislativo no Brasil
...o modelo político brasileiro é o presidencialista, baseado na existência dos poderes 
executivo, legislativo e judiciário, autônomos e independentes entre si.
No Brasil, o presidente tem muitos poderes. Entretanto, ele não governa sem o 
Congresso, não governa isoladamente. As relações executivo-legislativo no Brasil são 
determinadas por um tipo de arranjo institucional em que o presidente é a figura 
Política Contemporânea - Módulo V… 159 kB
Plano de Aula-Módulo VIII.pdf 247 kB
http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?eid=5282&displayformat=dictionary
central. A maioria das leis são de origem do executivo e são aplicadas através de 
medidas provisórias. Para uns, trata-se de uma usurpação dos poderes do legislativo 
pelo executivo. Para outros, constata-se uma delegação de poderes capaz de dotar o 
sistema de maior eficiência e governabilidade.
Além da prerrogativa de legislar, também é prerrogativa do Congresso Nacional 
fiscalizar e controlar as ações do poder executivo.
Vive-se hoje no Brasil um presidencialismo de coalizão cujas decisões são tomadas 
conjuntamente por ambos os poderes, executivo e legislativo. 
Para compreender melhor as coalizões governativas, sugerimos o texto 'Notas sobre 
coalizões políticas e democracia: diz-me com quem andas...', de Fátima Anastasia e 
Magna Inácio
Considerações Acerca das Relações Executivo-
Legislativo no Brasil
O modelo político brasileiro é o presidencialista, baseado na existência de 
poderes autônomos (Executivo, Legislativo e Judiciário) e independentes entre 
si. Entretanto, muitas de suas prerrogativas não são exclusivas, e a competição entre 
os poderes é um elemento-chave para que cada um possa controlar excessos 
possíveis dos demais poderes. Tal sistema favorece a ideia de controle (checks and 
balances), mas ao mesmo tempo cria mais barreiras, ou pontos de veto. Ou seja, a 
governabilidade é mais difícil em tal sistema. Essa ideia foi bem desenvolvida por 
Montesquieu, na França, e pelos “pais fundadores” (líderes políticos que participaram a 
Declaração de Independência ou da redação da Constituição dos Estados Unidos onze anos 
mais tarde), no qual o nosso sistema também se baseou.
As relações executivo-legislativo no Brasil são determinadas por um tipo de arranjo 
institucional em que o presidente é a figura central. De fato, segundo a literatura, o 
presidente brasileiro é considerado um dos mais poderosos do mundo. Ele tem o
poder de legislar (cerca de 85% das leis são de origem do Poder Executivo) e o 
faz, frequentemente por meio de medidas provisórias. Além disso, o presidente 
tem iniciativa exclusiva em diversas matérias – como o Orçamento Público, o 
qual pode, também, contingenciar (ou seja, suspender os gastos) 
Notas sobre Coalizões Políticas e De… 1 MB
unilateralmente. No Brasil, o presidente também tem poderes para influenciar a 
agenda legislativa. 
Essa capacidade do presidente de legislar e de alterar a pauta do Congresso leva a uma 
primeira discussão, sobre a produção legal no Brasil. 
Sistema baseado na concorrência entre os Poderes. 
Para se aprofundar no entendimento sobre as particularidades da relação entre os poderes 
Executivo e Legislativo no Brasil, sugerimos a leitura do texto INTEGRAÇÃO DOS PODERES 
NO PRESIDENCIALISMO BRASILEIRO, de Gustavo Henrique Fideles Taglialegna. 
Por que o presidente legisla mais? As teorias da ação unilateral x delegação 
parlamentar 
INTEGRAÇÃO DOS PODERES.pdf 86 kB
 Como acontece essa 
influência?
 Por exemplo, ao 
solicitar urgência 
constitucional, que 
suspende os prazos do
processo legislativo 
(embora todas as etapas 
sejam mantidas). Com 
isso, constata-se que os 
projetos de interesse 
do presidente 
“andam” com mais 
velocidade do que os
projetos de iniciativa 
dos próprios 
parlamentares.
http://www12.senado.gov.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/outras-publicacoes/volume-ii-constituicao-de-1988-o-brasil-20-anos-depois.-o-exercicio-da-politica/integracao-dos-poderes-no-presidencialismo-brasileiro
Quem legisla?
Os dados mostram que o Congresso tem muitas iniciativas, mas poucos projetos 
viram lei. Por outro lado, o Executivo edita medidas provisórias, que têm força de 
lei no nascimento e, consoante às regras constitucionais e regimentais, acabam 
tendo prioridade sobre os demais projetos.
Os estudiosos se dividem:
Uma corrente afirma que sim, o presidente está usurpando uma prerrogativa que seria 
essencialmente do Poder Legislativo – é a corrente da ação unilateral do presidente.
Outra corrente diz que o que parece ser a “supremacia do poder executivo sobre o poder 
legislativo” não passa de delegação dos próprios parlamentares. Esses delegam ao 
presidente a iniciativa das leis, abrindo mão do seu “direito” elementar, por cálculo 
estratégico: ao abrir mão de buscar informações, formatar leis e negociá-las entre os 
pares e com setores da sociedade, ganham tempo precioso para levar adiante projetos e 
ações mais próximos de suas bases eleitorais – e ainda evitam ser, futuramente, culpados 
por uma política considerada ruim. Além disso, o parlamento é naturalmente 
fragmentado – sua formação visa a representar a pluralidade 
social e política – e detém poucas informações sobre todos os 
temas.
Esse debate, cabe dizer, sobre a preponderância do presidente não se dá somente no 
Brasil. Ele é também bastante forte dos EUA e em outros países presidencialistas, a 
maioria deles localizada na América Latina.
Para se aprofundar no entendimento sobre as particularidades do sistema democrático 
no mundo contemporâneo, sugerimos a leitura do texto GLOBALIZAÇÃO, SEPARAÇÃO 
DE PODERES E TEMPO LEGIFERANTE, de Renato Casagrande e Roberto Freitas Filho. 
Como o presidente negocia com o legislativo?
É fato que o presidente, no Brasil, formalmente – e, muitas vezes, na prática - 
prepondera. Mas ele não pode governar isoladamente. Daí surge uma segunda discussão 
GLOBALIZAÇÃO SEPARAÇÃO DE PO… 88 kB
http://www12.senado.gov.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/outras-publicacoes/volume-ii-constituicao-de-1988-o-brasil-20-anos-depois.-o-exercicio-da-politica/globalizacao-separacao-de-poderes-e-tempo-legiferante
oriunda da assimetria entre poderes no Brasil - como o presidente irá negociar com o 
Poder Legislativo. Ou seja, embora a Constituição e outras normas o dotem de poderes 
formais, ele precisa aprovar matérias no Congresso – as medidas provisórias, o 
orçamento, as reformas constitucionais etc.
Como isso é feito?
Para se compreender como o sistema funciona, é fundamental entender o formato do 
nosso sistema partidário. Existe uma alta taxa de fragmentação no sistema 
partidário brasileiro. De fato, desde 1988 o Brasil tem sido governado por presidentes 
minoritários, pois seus partidos não obtêm sequer 20% das cadeiras de cada Casa do 
Congresso Nacional. Nenhum presidente obteve acima deste percentual, desde 1988. Nos 
projetos ordinários, o presidente necessita da maioria de votos, que pode ou não ser 
absoluta. Maioria simplesé a maioria dos presentes. Maioria absoluta é a maioria 
da Casa (41 no Senado, 257 na Câmara dos Deputados). Nas reformas 
constitucionais, a situação é ainda mais crítica. No Brasil, a Constituição não trata 
somente de regras gerais ou de um arcabouço filosófico-moral para a sociedade, mas 
também trata, às vezes minuciosamente, de políticas públicas, que mudam a cada 
governo.
Assim, em tese, todos os governos, se pretenderem reformas mais profundas no País, 
necessitarão alterar a Constituição. E para se aprovar uma emenda constitucional é 
preciso ter 60% dos votos de cada Casa do Parlamento em dois turnos de 
votação em cada uma delas. Portanto, com uma minoria e com uma ampla 
fragmentação do Congresso (muitos partidos ali representados), como faz o Executivo? 
Ele constrói uma coalizão com outros partidos – o famoso presidencialismo de 
coalizão, expressão cunhada por Sergio Abranches no fim dos anos 80, com forte tom 
crítico, mas que hoje está assimilado no vocabulário e no comportamento político do país. 
Ela significa que o presidente é minoritário (seu partido não tem maioria), mas ele atrai 
para sua base, para apoiá-lo, outros partidos. Desde o governo Fernando Henrique 
Cardoso (1995), as coalizões têm sido relativamente estáveis.
A coalizão no governo Fernando Henrique Cardoso teve quatro grandes partidos 
no espectro de centro-direita; a coalizão no governo Lula teve nove partidos, 
com o maior grau de heterogeneidade das alianças, já verificado desde 1988 
(direita-esquerda), e o governo Dilma manteve as mesmas características.
A construção da base de apoio ao presidente no Brasil
Como é construída a coalizão?
Diz a literatura que, basicamente, com o compartilhamento do gabinete ministerial e 
a liberação de emendas orçamentárias para a base parlamentar. Segundo Amorim 
Neto (2007), existe uma certa proporcionalidade entre o número de cadeiras de um 
determinado partido e sua alocação em pastas ministeriais. Ou seja, há uma 
redistribuição de poder na coalizão – não somente o partido do presidente que 
governa, mas também aqueles que se juntam para fazer maioria. Esse é um 
resultado da elevada fragmentação partidária. É muito semelhante ao que ocorre em 
sistemas parlamentaristas multipartidários (Itália, Espanha, Alemanha, Inglaterra, Israel). 
Entretanto, ele favorece o surgimento de crises políticas – e, de fato, elas já surgiram na 
nossa História – quando a proporcionalidade não foi respeitada. Também gera o problema 
de crises internas, já que as coalizões podem ser mais ou menos homogêneas. Se as 
plataformas partidárias são semelhantes, tende-se a ter menos conflito dentro do 
governo. Se forem distintas – e mesmo opostas – a tendência é haver mais conflito dentro 
do governo.
Na mesma linha, a liberação de verbas pelo Poder Executivo – que detém a chave 
do cofre – está, de certa forma, atrelada aos apoios que recebe no Congresso, 
embora não seja exclusivamente ligada ao fator lealdade dos votos. Muitos estudos têm 
demonstrado a relação liberação de recursos – manutenção da base de governo.
Esses dois mecanismos – formação do ministério e alocação de recursos – pode ser 
considerada uma forma de redução da assimetria de poderes entre Legislativo e 
Executivo, já que, formalmente, o executivo concentra poderes exacerbados no 
que tange ao gerenciamento de recursos políticos. Ou seja, partilhar o poder 
executivo com partidos que detêm bancadas no Congresso, e desembolsar verbas 
orçamentárias em projetos priorizados pelos parlamentares é uma forma de se reduzir o 
poder do Presidente.
Críticas ao presidencialismo de coalizão
Os críticos do sistema elencam uma série de problemas. Alguns exemplos seriam:
brigas de jurisdição entre pastas ministeriais (uma defenderia a política X, 
enquanto outra a Y, até mesmo contraditória);
Ou seja, o Legislativo, fragmentado partidariamente, com partidos de baixa 
densidade ideológica e altamente fluídos (por causa da constante troca de 
partidos, a famosa “dança das cadeiras”), colocaria um alto preço ao sistema. A 
solução viria com uma reforma política, especialmente do sistema eleitoral e 
partidário, que reduzisse o número de partidos e concedesse a eles mais poder, 
em detrimento de um sistema hoje considerado altamente individualista. Tal 
reforma daria também mais controle dos eleitores sobre os eleitos, por meio do 
voto. Essa reforma do sistema eleitoral implicaria no fim do sistema proporcional – ou, no 
mínimo, o uso de listas fechadas no mesmo sistema de voto proporcional –, e a sua 
substituição pelo sistema de voto distrital, que facilitaria a identificação do 
candidato eleito.
Já os defensores do nosso sistema apontam para a governabilidade e estabilidade que ele 
representa – ao contrário do que haviam apontado Linz e Valenzuela, em estudo que 
afirmava ser o sistema presidencialista, com sua dupla legitimidade (eleições isoladas para 
Congresso e Presidência, mais as prerrogativas concorrentes), fadado à ingovernabilidade 
– e, portanto, suscetível a rupturas e golpes.
Para alguns autores, apesar dos grandes poderes formais do Presidente, o que importa é 
que existe uma agenda subjacente no Congresso que coincide com a do executivo. Assim, 
a clivagem importante seria a de governo-oposição, mais uma vez similar a um sistema 
parlamentarista, com ênfase nos interesses da maioria versus da minoria, não sendo tão 
relevante a questão partidária. Isso porque os grupos se reúnem em blocos, as 
mudanças de partido ocorrem dentro do mesmo espectro ideológico e os 
partidos, embora muitos, seguem suas lideranças no voto. Com isso, não há 
ameaças e o Brasil vem sendo administrado, ao menos nos últimos 18 anos, com 
bastante estabilidade, permitindo mudanças estruturais e a consolidação 
democrática.
O trabalho do consultor legislativo do Senado Federal, Fernando Bittencourt, 
aborda aspectos relevantes do processo de negociação de decisões entre o Executivo e 
paralisia decisória, causada pela heterogeneidade das alianças – partidos distintos 
da coalizão “brigando” para que o governotome caminhos diferentes;
necessidade de negociações constantes, ponto por ponto, de políticas, acima 
de identidades ideológicas ou programáticas já existentes;
custo moral que representaria um sistema baseado na barganha constante, 
sem âncora em projetos de longo prazo - isso geraria irracionalidade da 
produção normativa e, consequentemente, de políticas públicas.
http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=550&eid=4251&displayformat=dictionary
Legislativo, no texto RELAÇÕES EXECUTIVO-LEGISLATIVO NO PRESIDENCIALISMO DE 
COALIZÃO.
O papel do controle dentro do presidencialismo de coalizão
Além da prerrogativa de legislar, também é prerrogativa do Congresso 
Nacional fiscalizar e controlar as ações do poder executivo. Para tanto, ele (o 
Congresso) tem diversos instrumentos:
a) as Comissões Parlamentares de Inquérito,
b) os Requerimentos de Informação,
c) o poder de convocar autoridades para prestar informações, 
d) as propostas de fiscalização e controle,
e) as audiências públicas (ocasiões em que se "cobra” do poder executivo o 
cumprimento de metas, os eventuais desvios), dentre muitos outros.
O Senado, além desses instrumentos, é ainda responsável por autorizar o endividamento 
de Municípios, Estados, Distrito Federal e União – ou seja, pedidos de empréstimos 
internacionais devem ser aprovados pelos senadores -, e também é responsável por 
aprovar inúmeras autoridades indicadas pelo Executivo: diretores do Banco Central, 
embaixadores, ministros do Supremo Tribunal Federal, juízes de tribunais superiores, 
diretores de agências reguladoras etc.
Essa atividade também é afetada pela dinâmica do presidencialismo de coalizão. Estudos 
têm apontado para achados contraditórios: de um lado, como seria de se esperar, a 
oposição sempre exerce mais atividades de controle (apresenta mais requerimentos 
de

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