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RESUMO Curso - Mercosul - Universidade Curso SENADO FEDERAL

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Mercosul - Curso SENADO
http://www.mercosul.gov.br/ 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mercado_Comum_do_Sul 
http://blocos-economicos.info/mercosul.html
Fundamentos da Integração Regional: O Mercosul
Módulo I – Contextualizando a Integração:
Módulo II – O Mercosul:
Módulo III – A Dimensão Parlamentar do Mercosul:
Módulo IV - Análise da trajetória e perspectivas para o Mercosul:
Unidade 1 - Aspectos Introdutórios; Regionalismo e Multilateralismo; Os Blocos 
Econômicos;
Unidade 2 - Teoria de Referência; Teoria da Integração Regional; e Etapas da 
Integração.
Unidade 1 - Antecedentes; Cronologia da integração no Cone Sul; A ALALC e a 
ALADI;
Unidade 2 - Análise dos marcos jurídicos constitutivos do Mercosul;
Unidade 3 - Estrutura institucional do Mercosul; e Solução de Controvérsias.
Unidade 1 - A norma Mercosul; Procedimentos de produção da norma Mercosul;
Unidade 2 - O Parlamento do Mercosul; Definição.
Unidade 1 - Sucessos e Debilidades;
Unidade 2 - O Futuro do Mercosul.
http://www.mercosul.gov.br/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mercado_Comum_do_Sul
http://blocos-economicos.info/mercosul.html
Contextualizando a Integração
Módulo I - Contextualização a Integração
Neste módulo, estudaremos o contexto internacional que veio a dar origem aos 
fenômenos da conformação de blocos econômicos, 
como o Mercosul e a União Europeia, e do multilateralismo comercial, que se traduz na 
criação da Organização Mundial do Comércio. 
Identificar, com base na análise do contexto internacional, como se deu a formação 
dos Blocos Econômicos e a criação da Organização Mundial do Comércio;
Discutir a teoria da integração regional;
Distinguir os dois modelos de integração existentes no cenário internacional.
Examinaremos, ademais, a teoria da integração regional, tanto do ponto de vista 
econômico como político, e discorreremos, finalmente, sobre os dois modelos de 
integração existentes hoje no cenário internacional: o 
intergovernamental e o supranacional.
Unidade 1 - Aspectos introdutórios; 
Regionalismo e multilateralismo; Os 
blocos econômicos.
Regionalismo e multilateralismo
O cenário internacional contemporâneo, caracterizado pelo fenômeno da globalização, 
apresenta duas tendências paralelas no que tange às negociações comerciais: por um 
lado, a regionalista, que tende à formação de blocos econômicos, e por outro, a 
multilateralista, que prefere levar a cabo essas negociações em âmbito mais amplo e se 
expressa, sobretudo, no foro da Organização Mundial do Comércio 
(OMC). Ambas tendências despontam como resultado de certas condições que vieram a 
prevalecer no mundo a partir de meados do século XX. Algumas delas são condições de 
natureza política, outras referem-se a recentes avanços tecnológicos.
Entre as primeiras, o fim da Guerra Fria e a queda da chamada "Cortina de Ferro" 
constituem as principais. O mundo, antes dividido em blocos antagônicos, passa a ser 
percebido e a funcionar como um todo. Com o consenso prevalecendo entre as 
superpotências, as relações internacionais fazem das trocas e dos investimentos o seu 
grande objetivo. Consequentemente, intensificam-se de forma exponencial os fluxos do 
comércio no mundo.
Por outro lado, os recentes avanços no campo da tecnologia, com a descoberta de novos 
produtos e de novas técnicas de produção, a partir das vertiginosas transformações 
verificadas nos meios de comunicação, implicaram uma verdadeira 'reestruturação da 
economia mundial', com base nas duas tendências a que já nos referimos acima: 
a multilateralização das relações de comércio, que convive com a 
sua regionalização.
Em outros termos, notamos que todos esses fenômenos vêm ocorrendo em um cenário de 
crescente globalização, a qual, vista de um prisma puramente econômico, consiste na 
internacionalização da produção, sendo que tanto a regionalização quanto a 
multilateralização são respostas encontradas pelos países para fazerem face à nova 
realidade internacional.
O binômio 'pesquisa e desenvolvimento' (P&D) passou a constituir-se em 
fundamental componente nos custos de produção, superando mesmo, em 
importância, fatores mais tradicionais, como mão-de-obra e matéria-prima.
Assim, a regionalização, além de viabilizar investimentos cada vez maiores em 
P&D, para a obtenção de produtos mais baratos e de melhor qualidade, permite ganhos 
em escala, o que também barateia a produção, favorecendo a colocação dos produtos no 
mercado.
A integração econômica, portanto, não é um fim em si mesma, constituindo-se em 
instrumento para uma melhor inserção dos países do bloco no mercado internacional.
Os Blocos Econômicos
A formação dos blocos econômicos é tendência representativa de um modelo de 
integração regional próprio do mundo globalizado, apresentando-se sob a forma de 
agrupamento de vários países de uma região com vinculação econômica e 
entendimento-base orientados para o desenvolvimento, a integração econômica 
e a liberalização econômica.
Uma das principais características de um bloco econômico é a busca incessante de 
fórmulas ágeis de discussão e acordo entre seus parceiros, que lhes permitam 
negociar, entre si e com outros países, através de mecanismos multilaterais, a 
defesa de seus interesses econômicos, bem como a obtenção de vantagens 
comerciais que facilitem e fortaleçam a promoção integrada de seu 
desenvolvimento.
Abade de Saint Pierre.pdf 18 kB
Destacaremos, na linhas seguintes, alguns blocos econômicos do cenário globalizado. 
Cuidaremos apenas de poucos exemplos, com destaque para a formação da União 
Europeia, bloco em estágio mais avançado de integração. Ademais, por ora, nos 
absteremos de descrever sobre o Mercosul, tendo em vista que os módulos seguintes a ele 
se dedicarão de forma detalhada.
ACORDO DE LIVRE COMÉRCIO DA AMÉRICA DO NORTE (NAFTA)
O Acordo de Livre Comércio da América do Norte, o NAFTA (North America Free 
Trade Agreement), foi planejado para ser um instrumento de integração das 
economias dos EUA, do Canadá e do México.
Iniciou em 1988, entre norte-americanos e canadenses, e por meio do Acordo de 
Liberalização Econômica, assinado em 1991, formalizou-se o relacionamento 
comercial entre os Estados Unidos e o Canadá. Em 13 de agosto de 1992, o bloco 
recebeu a adesão dos mexicanos, tendo entrado em vigor em janeiro de 1994. 
 
O NAFTA consolidou o intenso comércio regional no hemisfério norte do continente 
americano, beneficiando grandemente a economia mexicana, ao mesmo tempo em que 
aparece como concorrente ao bloco econômico europeu, à ascendente economia chinesa e 
à fortíssima economia japonesa. 
 
Este bloco não constitui uma organização internacional de cooperação econômica nos 
moldes clássicos. A meta essencial de seu acordo constitutivo é construir, em prazo 
específico, uma zona de livre comércio com ampla abrangência, se possível, atraindo 
outros países das Américas, regulando os investimentos, a propriedade intelectual e o 
comércio de bens e serviços entre os Países Membros do bloco. Para maiores informações 
consulte o site do NAFTA.
COMUNIDADE ANDINA (CAN)
 
Em 26 de maio de 1969, pelo Acordo de Cartagena, foi criado o Pacto Andino, que 
recebeu depois o nome de Grupo Andino, mais tarde Comunidade Andina de Nações, e, 
enfim, Comunidade Andina. Era inicialmente formado pelos seguintes países: Colômbia, 
Peru, Venezuela, Equador, Bolívia e Chile. Criou-se, assim, uma União Aduaneira e 
http://www.nafta-sec-alena.org/
Econômica para fazer restrições à entrada de capital estrangeiro, com base em estudos 
da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), órgão da ONU. Com a subida 
ao poder do General Augusto Pinochet, em 1973, o Chile retirou-se do Pacto, abrindo 
sua economia ao mercado externo, principalmente ao norte-americano. 
A Venezuela desligou-se da Comunidade Andina para aderir ao Mercosul. Hoje, o 
grupo de países remanescentes objetiva criar um mercado comum em função do processo 
de globalização econômica,que exige sua formação em bloco para melhor defesa de seus 
interesses e promoção integrada do seu desenvolvimento. 
Com a Aliança do Pacífico, a Comunidade, abrangendo também o Chile e o México, e 
abrindo-se à adesão da Costa Rica e do Panamá, vem sendo concebida como instrumento 
voltado a promover uma maior inserção comercial de seus participantes em regiões 
consideradas estratégicas comercialmente, principalmente a Ásia. No momento, o 
Mercosul busca acelerar sua integração com a Aliança do Pacífico a partir da criação 
de uma zona de livre comércio. A atual onda de liberalização econômica reacende e 
atualiza no Continente, ainda que de forma incipiente e muitas vezes conflituosa, a 
realização do ideal panamericano.
São Países Membros da CAN:Bolívia, Colômbia, Equador e Peru. Site da 
Comunidade Andina
UNIÃO EUROPEIA (UE)
A União Europeia representa o estágio mais avançado do processo de formação de blocos 
econômicos no contexto da globalização.
Originada da Comunidade Econômica Europeia (CEE), fundada em 1957 pelo Tratado de 
Roma, até 2003 a União Europeia era formada por 15 países da Europa Ocidental, e sua 
população estimada em 374 milhões de habitantes. Hoje, após a incorporação de mais 13 
países do Leste Europeu, passou a contar com 28 Países Membros e uma população 
de aproximadamente 500 milhões de habitantes.
A União Europeia negociou a adesão dos seguintes países ao bloco, quais sejam: Chipre, 
Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Malta, Polônia e República 
Tcheca, já considerados aptos para adesão desde o início de 2003, com ingresso definitivo 
em 1º de maio de 2004. O décimo-primeiro país seria a Turquia, que, no entanto, ainda 
não preenche os critérios mínimos estabelecidos pela União Europeia para início das 
negociações com vistas à sua aceitação como país membro.
A Bulgária e a Romênia concretizaram sua entrada na União Européia a partir de 2007.
http://www.comunidadandina.org/
O órgão máximo da União Europeia é o Conselho Europeu. Agrupa os Chefes de 
Estado ou de Governo, além do Presidente da Comissão Europeia, sendo 
responsável pela definição das grandes orientações políticas e cabendo-lhe a 
responsabilidade de abordar os problemas da atualidade no âmbito internacional. O 
Conselho Europeu reúne-se, em princípio, quatro vezes por ano, ou seja, duas vezes 
por semestre. Em circunstâncias excepcionais, o Conselho Europeu pode reunir-se 
em sessão extraordinária.
Outras instituições existem para que a União Europeia possa cumprir seus objetivos de 
integração.
O Conselho de Ministros (Conselho da União Europeia, ou simplesmente Conselho) é o 
órgão que dispõe de poder de decisão, assumindo a coordenação geral das 
atividades da União. O Conselho, juntamente com o Parlamento Europeu, fixa a 
legislação da União Europeia, inicialmente proposta pela Comissão Europeia.
O Parlamento Europeu, atualmente composto por delegados eleitos, atendidos por um 
secretariado formado por mais de quatro mil funcionários, possuí três tipos de poder: o 
orçamentário, o de controle da Comissão Europeia, e o legislativo. Este último é 
exercido diferentemente segundo a natureza da matéria em questão, indo de instância de 
consulta à co-decisão, quando divide o poder decisório com o Conselho. Uma das mais 
importantes funções do Parlamento Europeu consiste em aprovar e autorizar a 
indicação de projetos que consomem cerca de 45% do orçamento oficial da 
União Europeia. A contribuição de cada cidadão da União Europeia corresponde a 1,5 
Euros por ano, significando apenas um por cento do montante total do orçamento 
comunitário.
O Parlamento Europeu, com sede em Estrasburgo, na França, para sessões 
plenárias, é formado por parlamentares eleitos pelas populações dos Países Membros da 
União Europeia. Em Luxemburgo, funciona a Secretaria Administrativa, e em 
Bruxelas, na Bélgica, realizam-se reuniões das Comissões Temáticas. Lá se 
reúnem também o Conselho de Ministros da União Europeia e seu braço executivo, a 
Comissão Europeia.
A Comissão Europeia é o órgão executivo e tem como função a iniciativa na elaboração da 
legislação em comum, controlando sua aplicação e coordenando a administração das 
políticas comuns. Além disso, conduz as negociações da União Europeia no plano das 
relações exteriores. 
Complementam as instituições da União Europeia: 
 1. Tribunal de Justiça; 
 2. Tribunal de Contas; 
 3. Comitê Econômico e Social; 
 4. Comitê das Regiões; 
 5. Provedor de Justiça Europeu;
 6. Banco Central Europeu (BCE); e
 7. Banco Europeu de Investimento (BEI).
Em 1992 é consolidado o Mercado Comum Europeu, com a eliminação das últimas 
barreiras alfandegárias entre os países-membros. Pelo Tratado de Maastricht (cidade 
da Holanda), a União Europeia entra em funcionamento a partir de 1º de 
novembro de 1993.
Três outros tratados complementam o Tratado de Maastricht: os Tratados de 
Amsterdam(1996), Nice(2001) e Lisboa(2007).
O Euro é a moeda única criada pela União Europeia, sendo utilizada, desde 1º de 
janeiro de 2002, em substituição às demais moedas da maioria dos Países Membros, 
circulando em cédulas e moedas na comunidade financeira internacional. Já se consolidou 
e se afirma, a cada dia, como alternativa ao dólar norte-americano nas transações 
comerciais.
Por temer as consequências da perda da sua soberania, três países ainda resistem ao fim 
da emissão de sua própria moeda: Reino Unido, Suécia e Dinamarca.
Embora a crise econômica mundial, deflagrada no ano de 2009, tenha causado sérios 
impactos à estabilidade da Zona do Euro, não podemos negar a força desta 
moeda, lastreada em economias poderosas, que passa a competir com o dólar 
norte-americano em condições de igual aceitação no mercado internacional.
Para admissão à União Econômica e Monetária, o país membro da União Europeia deve 
atender aos seguintes pré-requisitos: 
 a. déficit público máximo de 3% do PIB; 
 b. inflação baixa e controlada; 
 c. dívida pública de no máximo 60% do PIB;
 d. moeda estável, dentro da banda de flutuação do Mecanismo Europeu de Câmbio; e, 
por último, 
 e. taxa de juros de longo prazo controlada.
ACONTECIMENTOS MARCANTES
1. Em 1º de julho de 2001, a União Europeia deu início as negociações sobre livre 
comércio com o Mercosul, estando previstos inúmeros acordos de intercâmbio comercial 
entre a UE e o Bloco Econômico do Mercado Comum do Sul, embora se tenha presente as 
dificuldades nas negociações que envolvam o setor agrícola, pois a União Europeia não 
admite abrir mão dos muitos instrumentos criados para proteger o agricultor 
europeu.
2. A Comissão Europeia adotou o RIP, programa que conta com significativos recursos 
provenientes da União e que se destina a ajudar na conclusão do Mercado Interno do 
Mercosul, a seu fortalecimento institucional e à efetiva participação da sociedade 
civil no processo de integração interna do Mercosul e birregional com a União 
Europeia. 
São Países Membros da UE: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Dinamarca, 
Espanha, Finlândia, França, Grécia, Holanda (Países Baixos), Irlanda, Itália, 
Luxemburgo, Portugal, Reino Unido, Suécia, Chipre, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, 
Hungria, Letônia, Lituânia, Malta, Polônia, Romênia e República Tcheca e Croácia. - Site 
da União Europeia
  
Não é intenção deste trabalho – e nem poderia ser – esgotar o estudo sobre os 
blocos econômicos existentes. Assim, apenas a título de curiosidade, citamos outros 
blocos, tais como Mercado Comum Centro-Americano (MCCA), Mercado Comum 
e Comunidade do Caribe (CARICOM), Comunidade dos Estados Independentes 
http://www.europa.eu/
(CEI), Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), Fórum Econômico da Ásia e 
do Pacífico (APEC), Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), Acordo 
Comercial sobre Relações Econômicas entre Austrália e Nova Zelândia (ANZCERTA), 
Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).A Organização Mundial do Comércio (OMC): a participação do 
Brasil no contencioso comercial da OMC
Criada em 1º de janeiro de 1995, a Organização Mundial do Comércio tem por objetivo 
geral formular as regras de comércio no mundo globalizado. A Organização foi 
criada para cumprir as seguintes metas:
A OMC é sucessora do GATT - o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio -, criado em 
1948, logo após a Segunda Grande Guerra. Ao longo do período entre 1948 e 1994, 
foram as regras do comércio multilateral estabelecidas no âmbito do Acordo, uma 
vez que a Carta de Havana, que criava uma Organização Internacional do Comércio, 
jamais logrou ser ratificada pelos Estados Partes.
 Nos primeiros anos de existência do GATT, suas rodadas de negociações buscaram 
basicamente a redução de tarifas comerciais. A Rodada Kennedy, realizada de 1964 a 1967, 
produziu um Acordo Anti-Dumping e a Rodada Tóquio, que se estendeu de 1973 a 1979, 
constituiu-se na mais importante tentativa já encetada para lograr a eliminação das 
barreiras não-tarifárias. Da Rodada Uruguai, iniciada em 1986, e que alcançou o seu final 
em 1994, nasceria a Organização Mundial do Comércio.
 Sua especificidade em relação ao GATT reside no fato de que, enquanto o GATT 
debruçava-se apenas sobre o comércio de bens, a OMC inclui em sua agenda, 
entre outros temas, serviços, compras governamentais, propriedade intelectual 
e meio ambiente. Também não se pode deixar de lembrar que um diferencial 
relevante entre o antigo GATT e a OMC se refere ao fato de esta última contar com 
Contribuir para a liberalização gradual do comércio multilateral, mediante 
rodadas de negociações;
Desencorajar a discriminação no comércio, evitando cláusulas como a da 
"nação mais favorecida"; 
Estabelecer um órgão para a solução de conflitos comerciais.
um mecanismo de solução de controvérsias sensivelmente mais efetivo que 
aquele com que contava o antigo GATT.
A OMC realizou duas grandes reuniões ministeriais: em Cingapura, em 1996, e em Genebra, em 
1998. A terceira, que marcou o início da "Rodada do Milênio", foi realizada em Seattle, nos 
Estados Unidos, entre os dias 30 de novembro e 3 de dezembro de 1999. Posteriormente, em 
2001, foi lançada a “Agenda de Doha para o Desenvolvimento”, conhecida como Rodada 
de Doha, cujas negociações ainda estão em curso.
Para os 159 países membros da OMC, as tarifas que aplicarão às suas importações, 
registradas no âmbito da Organização, revestem-se de efeito vinculante e não podem ser 
desrespeitadas. Caso um dos membros se sinta prejudicado em virtude de iniciativa 
tomada por outro Estado Parte no Acordo, a ele caberá acionar o sistema de solução de 
controvérsias da OMC.
Países membros da OMC
O Brasil, ativo cliente do sistema de solução de controvérsias da organização, 
tende a ampliar sua litigiosidade, seja pelo que tem a defender, seja pelo que tem a conquistar. 
Embora não cheguemos a participar em 1% do comércio mundial, já somos autores ou réus 
em cerca de 8% dos famosos "panels" genebrinos, atualmente tão citados quanto 
desconhecidos.
Nas vitais relações comerciais entre Estados, a consolidação da OMC representa 
importante momento de sobreposição do poder jurídico sobre o poder político. 
Adotando um inusitado aparato jurídico, já testado e comprovado em sua efetividade, o 
organismo internacional aplica um modelo racional de solução de controvérsias, mediante 
sugestão de sanções - ou seja, sem ser impositivo - sob medida para as peculiaridades de 
conflitos entre Estados soberanos. Fomenta, ademais, um pluralismo jurídico ordenado, 
com os Estados comprometendo-se a abster-se de medidas unilaterais de 
retaliações e medidas abruptas indesejáveis ao equilíbrio e harmonia internacionais.
Fruto da experiência obtida no direito do comércio internacional, somada aos melindres e 
limites do direito internacional público, o "panel" propõe uma original forma de decisão 
vinculante, em que inexistindo a pacificação do conflito pelos meios político-diplomáticos, 
profere-se, ao fim de um sumário processo de conhecimento, relatório com prescrições 
elaboradas por juristas a serviço da OMC. O relatório final do "panel" comina sanções 
compensatórias a quem violou as regras do comércio internacional, causando prejuízo a 
outrem, expressas em valores monetários. De natureza impositiva sob condição, já que 
podem ser negociadas interpartes, em busca da construção do consenso, sempre 
declaratórias e eventualmente constitutivas, tais decisões conformam algo inusitado no 
direito tanto interno como internacional, não se tratando de laudo arbitral e tampouco de 
simulacro de sentença judicial.
Sujeitos ainda a uma cautela política francamente assumida pela OMC, os relatórios finais 
dos "panels" não serão implementados se vetados pelo querer de todos os Estados Partes, 
na dialética forma do consenso invertido, o que não constitui novidade no direito 
internacional, haja vista, por exemplo, o poder de veto do Conselho de Segurança das 
Nações Unidas. Na prática, contudo, o consenso invertido é extremamente difícil de ser 
alcançado, o que facilita a aprovação dos relatórios finais.
Há que se ter presente que a âncora contratualista da relação entre Estados - pacta 
sunt servanda - permanece incólume, com o consentimento sendo determinante para 
que se integre e permaneça na OMC, submetendo-se ao seu sistema de solução de 
controvérsias. E mais: só os Estados, blocos econômicos (atualmente apenas a 
Comunidade Europeia) e territórios aduaneiros com autonomia para conduzir relações 
comerciais externas têm legitimidade ad causam, embora saibamos que no mais das 
vezes são as empresas que conflitam (Bombardier x Embraer, Kodak x Fuji), 
sendo representadas pelos Estados, blocos econômicos ou os citados territórios 
aduaneiros, através das fórmulas ordinárias do direito internacional público.
Com uma legislação específica - o "Dispute Settlement Understanding", DSU, aprovado no 
bojo da Rodada Uruguai, em sua manifestação jurídica por excelência, o Encontro de 
Marraquesh, no primeiro semestre de 1994 -, a OMC tende a transformar-se no grande 
fórum mundial, onde se estima serem pacificados os macroconflitos comerciais 
internacionais, agravados pelas duras contendas de manutenção e acesso a mercados.
O Órgão de Solução de Controvérsias, sempre que provocado, passará a buscar 
solução consensual, observando um calendário rígido, sem procrastinações 
unilaterais. Passando pela fase de conhecimento e do contraditório, em que os Estados 
expressam livremente suas razões, formando a prova na forma ordinária do due process 
of law, chega-se ao relatório final, que indica condutas e comina sanções comerciais na 
forma de direitos a serem ou não exercidos pela parte vencedora, aqui bem ao sabor das 
relações flexíveis do direito internacional.
Unidade 2 - teoria de referência; teoria da 
integração regional; etapas da integração..
Teoria da Integração Regional
Além das considerações de ordem econômica, faz-se necessária também uma discussão 
do papel dos fatores políticos, não apenas no que concerne aos processos decisórios que 
levam certos países a optar por um processo integracionista, como também no que diz 
respeito à continuidade e aprofundamento dessa integração. O caso da Europa é 
paradigmático para a ilustração de processos de integração determinados por motivos de 
caráter político. Entre estes, cabe lembrar a necessidade de se evitar futuras guerras 
no continente europeu e a criação de uma terceira força na política mundial 
mediante o fortalecimento da Europa Ocidental, em um quadro, então, de 
polarização entre a União Soviética e os Estados Unidos.
Nesse cenário, ressurge o Movimento Federalista Europeu após o final da I Guerra 
Mundial, que se baseava nas ideias de precursores como o abade de Saint-Pierre (1658-
1743), Immanuel Kant (1724-1804) e Victor Hugo (1802-1885), entre outros. Porém, 
os federalistas do século XX sãoimpulsionados pelos horrores sofridos pelo continente 
europeu por força das duas guerras mundiais que o assolaram no intervalo de apenas 25 
anos. Vários políticos posicionam-se a favor da criação dos "Estados Unidos da Europa", 
postura fortalecida pelo apoio dos Estados Unidos e pela pressão das crescentes ameaças 
de Moscou. Foi o temor de uma terceira guerra mundial, decorrente do expansionismo 
soviético, que levou Winston Churchill a proferir memorável discurso em Zurique, 
em 1946, quando apresenta o projeto de "Recriar a família europeia em uma 
estrutura regional tal que venha a chamar-se Estados Unidos da Europa". Sem 
dúvida alguma, as ideias federalistas permearam toda a trajetória da integração europeia, 
muitas vezes por meio de figuras políticas presentes no Parlamento Europeu, como 
Altiero Spinelli, autor do famoso Manifesto de Ventotene (1941), que defendia a 
união dos países da Europa em uma Federação Europeia.
Discurso de Winston Churchill Zuriq… 109 kB
Outra vertente da teoria da integração deve-se ao cientista político David Mitrany, 
formulador da teoria funcionalista. Embora Mitrany tenha formulado a sua teoria com 
vistas à unidade mundial, e não apenas europeia, suas ideias influenciaram fortemente os 
primeiros militantes pela união da Europa e teóricos da integração, dando origem, mais 
tarde, à teoria neofuncionalista. A "alternativa funcional" de Mitrany vislumbra uma ampla 
teia de agências internacionais, onde tecnocratas de países diversos se dedicariam, 
em conjunto, de maneira racional, pragmática e flexível, ao desenvolvimento de 
atividades vinculadas a vários setores voltados ao bem-estar público. 
A soberania dos Países Membros de tais agências seria, gradualmente, transferida para 
tais reuniões intergovernamentais. Exemplo paradigmático desse sistema é o Tratado 
de Paris (1951), que cria a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) e uma Alta 
Autoridade destinada a administrar a sua produção e comercialização nos Estados Partes. 
A soberania passa a ser então compartilhada para determinadas decisões, por um ato de 
vontade dos próprios Estados envolvidos.
Mais tarde, Ernst Haas elabora a teoria neofuncionalista, que enfatiza o 
aprendizado, pelas elites de um país, dos benefícios da integração. Esta se 
estenderia a outros setores, em consequência de uma percepção favorável dos seus 
resultados. É o célebre efeito spill over, identificado por Haas como o principal propulsor 
de um projeto integracionista. O Mercosul oferece interessantes exemplos de spill over, na 
medida em que foi incorporando novos setores ao processo de integração que antes se 
encontravam alijados do mesmo, como relações trabalhistas, turismo e meio ambiente.
Em sua análise da integração do ponto de vista político, afirma Karl Deutsch, por sua vez, 
que a integração é um processo pelo qual se obtém determinado tipo de 
relacionamento entre as partes componentes, capaz de alterar o comportamento 
destas relativamente ao que este seria, se essas partes componentes não estivessem 
integradas.
Etapas da integração
Resumo Integração neofuncionalism… 39 kB
Antes de mais nada, caberia definirmos alguns termos relacionados à formação de blocos 
econômicos. Segundo Bela Balassa, a integração econômica é um processo que implica 
medidas destinadas à abolição de discriminações em uma determinada área.
Assim, de início, um processo de integração econômica caracteriza-se por um conjunto 
de medidas que têm por objetivo promover a aproximação e a união entre as 
economias de dois ou mais países. 
O grau de profundidade dos vínculos que se criam entre as economias dos países 
envolvidos em um processo de integração econômica permite que se visualize, ou 
determine, as fases ou etapas do seu desenvolvimento.
A teoria do comércio internacional registra a classificação de cinco tipos de associação 
entre países que decidem integrar suas economias:
1) A Zona de Preferência Tarifária é o mais elementar dos processos de integração, 
apenas assegurando níveis tarifários preferenciais para o grupo de países que conformam 
a Zona. Assim, uma ZPT estabelece que as tarifas incidentes sobre o comércio entre os 
Países Membros do grupo são inferiores às tarifas cobradas de países não membros.
A ALALC, por exemplo, procurou estabelecer preferências tarifárias entre seus onze 
membros, ou seja, entre todos os Estados da América do Sul que aderiram à tentativa de 
integração comercial, excluídos apenas a Guiana e o Suriname, e incluindo-se ainda o 
México.
2) A Zona de Livre Comércio (ZLC), uma segunda modalidade, consiste na eliminação 
das barreiras tarifárias e não-tarifárias que incidem sobre o comércio entre os 
países que constituem a ZLC.
O NAFTA (North America Free Trade Area), ou Acordo de Livre Comércio da América do 
Norte, firmado entre os Estados Unidos, o México e o Canadá, é um exemplo de ZLC.
3) A União Aduaneira é uma Zona de Livre Comércio que adota também uma Tarifa 
Externa Comum (TEC). Nessa fase do processo de integração, um conjunto de países 
aplica uma tarifa para suas importações provenientes de países não pertencentes ao 
grupo, qualquer que seja o produto, e, por fim, prevê a livre circulação de bens entre 
si com tarifa zero.
O exemplo mais conhecido desse tipo de integração foi a Zollverein(União Aduaneira, em 
alemão), idealizada e impulsionada por Otto von Bismarck, o grande líder responsável pela 
unificação política da Alemanha, em 1850. A Zollverein foi criada em 1835 e dissolvida em 
1866.
4) O Mercado Comum, quarto estágio de integração econômica, difere 
fundamentalmente da União Aduaneira porque, além da livre circulação de mercadorias, 
requer a circulação de serviços e fatores de produção, ou seja, de capitais e pessoas.
Porém, deve-se ressaltar que, além da livre circulação de bens, serviços e fatores de 
produção, todos os Países Membros de umMercado Comum devem seguir os mesmos 
parâmetros para fixar a política monetária (fixação de taxas de juros), a política 
cambial(taxa de câmbio da moeda nacional) e a política fiscal (tributação e controle de 
gastos pelo Estado), ou seja, os Países Membros devem concordar com o avanço 
integrado da coordenação das suas políticas macroeconômicas.
A União Europeia, até 1992, foi um exemplo acabado de integração pela via do Mercado 
Comum, quando, então, prosseguiu para o estágio mais avançado, passando a se 
constituir em uma União Econômica e Monetária.
5) A União Econômica Monetária é a etapa mais avançada dos processos de integração 
econômica, até agora alcançada apenas pela União Europeia.
A União Econômica e Monetária ocorre quando existe uma moeda comum e uma política 
monetária com metas unificadas e reguladas por um Banco Central comunitário. Desde 
2002, a União Europeia tem como moeda corrente o Euro, cuja emissão, controle e 
fiscalização dependem do Banco Central Europeu.
De acordo com a classificação exposta nos parágrafos anteriores, o Mercosul é, desde 
1º de janeiro de 1995, uma União Aduaneira, mas o objetivo dos países que o 
integram, e que está consubstanciado no primeiro artigo do Tratado de 
Assunção, é a construção de um Mercado Comum. 
Assim, de modo resumido, pode-se afirmar que o Mercosul é um projeto de construção de 
um Mercado Comum, cuja execução encontra-se na fase de União Aduaneira imperfeita.
Além das cinco etapas de integração, entendemos que uma sexta fase deve ser 
acrescentada à teoria sobre a qual nos apoiamos, que será a União Política.
A União Política poderá ser a etapa conclusiva de um processo de integração regional. 
Ao alcançá-la, o modelo intergovernamental, típico instrumento de cooperação 
internacional sempre liderado pelo Executivo, terá sido substituído pelo chamado modelo 
supranacional, que implica a existência de órgãos, no seio da estrutura institucional da 
integração, independentes dos Estados Membros e encarregados de zelar pelos interesses 
da região em suatotalidade. A união política poderá tomar a feição de uma federação, 
assentada sobre um pacto federativo, isto é, sobre uma constituição.
A União Europeia assinou, em 29 de outubro de 2004, o Tratado da Constituição Europeia, 
que, no entanto, ainda não logrou a sua aprovação em todos os Estados Membros, tendo 
sido rejeitado pelo voto popular por ocasião de referendos realizados na França (29 de 
maio de 2005) e na Holanda (1º de junho de 2005). Ressalte-se, entretanto, que até o 
presente momento 15 Países Membros já ratificaram o Tratado: Áustria, Bélgica, Chipre, 
Estônia, Alemanha, Grécia, Hungria, Itália, Letônia, 
Lituânia, Luxemburgo, Malta, Eslováquia, Eslovênia e Espanha.
Após a tentativa fracassada do Tratado da Constituição Europeia, foi assinado, em 2007, 
o Tratado de Lisboa, que pretendia, com algumas alterações, reviver o primeiro tratado. 
A população irlandesa, no entanto, rejeitou o Tratado de Lisboa e pôs em dúvida o modelo 
de expansão institucional e normativa da União Europeia. Parece certo que novas formas 
precisam surgir para que o projeto integracionista europeu não se estagne.
Modelo supranacional x intergovernamental
Segundo a visão intergovernamentalista, os Estados soberanos, principais atores no 
cenário internacional, lançam-se à integração a partir do reconhecimento de que as 
vantagens da cooperação e da identificação de interesses comuns superam os 
custos da situação de conflito. Mas, em linhas gerais, na perspectiva 
intergovernamental os Estados devem esforçar-se por fazer valer, acima da visão 
regional, o interesse nacional. Desta noção decorre, naturalmente, o raciocínio 
segundo o qual a preservação da soberania nacional constitui um princípio essencial a ser 
observado ao longo das negociações da integração. 
O modelo intergovernamental constitui, portanto, típico instrumento de cooperação 
internacional, pautando-se pelos princípios do direito internacional clássico, tais 
como a igualdade dos Estados e o direito de veto.
Cabe assinalar a pronunciada importância conferida pelos países da América Latina ao 
conceito da soberania nacional absoluta, que emerge indissoluvelmente ligado às 
suas raízes históricas e que até hoje permanece como princípio basilar de sua cultura 
política.
O modelo supranacional implica a inclusão de um ou mais órgãos, no seio da 
estrutura institucional da integração, independentes dos Estados Partes e 
encarregados de zelar pelos interesses da região em seu conjunto. No caso da 
União Europeia, o órgão supranacional por excelência é a Comissão Europeia (chamada 
pelo Tratado de Paris, que criou a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, de "Alta 
Autoridade"), apresentando também o Parlamento e o Tribunal de Justiça (bem como o 
Tribunal de Primeira Instância) aspectos de supranacionalidade. A Comissão tem o poder 
de emitir "Diretivas" e "Resoluções", sendo que estas últimas se sobrepõem 
ao ordenamento jurídico interno dos Estados Partes, nos quais têm aplicação direta e 
imediata.
Contudo, é inegável a centralidade dos Estados nacionais nas formulações que 
determinam os destinos da integração. As negociações que conduzem às revisões 
dos tratados ocorrem em âmbito intergovernamental, e as entidades supranacionais 
são criadas pelos próprios governos, que lhes delimitam as competências. 
Paulo Roberto de Almeida, em artigo escrito em 1994, aponta os seguintes aspectos de 
supranacionalidade no modelo comunitário europeu: 
presença de instituições independentes dos Estados Membros (Comissão, 
Parlamento, Tribunal de Justiça);
métodos decisórios supranacionais (possibilidade de votação no Conselho segundo o 
princípio majoritário, superando eventuais oposições de Estados individuais);
Como mencionamos, o referido artigo data de 1994, momento em que o Mercosul 
preparava a arquitetura institucional que figuraria no Protocolo de Ouro Preto, firmado 
em 17 de dezembro de 1994, e que acompanharia a implantação da união 
aduaneira. 
Segundo o autor, não se poderia impulsionar no Mercosul, sem consideráveis riscos 
políticos, inclusive e principalmente de perda de credibilidade internacional, um processo 
de definição supranacional de instituições e métodos como os anteriormente enumerados.
Assim, o Protocolo de Ouro Preto veio a reiterar a natureza intergovernamental 
do Mercosul e a metodologia do consenso para os seus processos decisórios. 
Neste Módulo, estudamos os movimentos paralelos em curso no cenário mundial, de 
multilateralização do comércio e de formação de blocos econômicos. 
No que se refere ao multilateralismo, examinamos a Organização Mundial do Comércio e 
seu inédito mecanismo de solução de controvérsias, com destaque para a 
participação do Brasil nos contenciosos.
Estudaremos, em seguida, a teoria da integração e suas diversas correntes, as 
etapas da integração e os modelos de que se podem revestir os blocos 
econômicos. 
Módulo II - O Mercosul
Ao término do módulo você estará apto a:
sistema próprio de recursos e transferência de certas competências à 
Comunidade;
normas que vinculam diretamente os indivíduos, agentes econômicos e 
empresas. 
Unidade 1 - Antecedentes; Cronologia da 
integração no Cone Sul; A ALALC e a ALADI.
Unidade 1 - Antecedentes
A Operação Pan-Americana (OPA), a Aliança para o Progresso, a ALALC e a ALADI
As raízes do pan-americanismo podem ser identificadas na pré-história política do 
continente, com mais precisão no Tratado de Madri de 1750, firmado entre Portugal e 
Espanha, por força da comum origem ibérica dos colonizadores de quase todo o seu 
território. A concretização dos vagos ideais, apenas esboçados nos três primeiros séculos 
de vassalagem às potências europeias, começa com as guerras da independência que o 
sacudiram de um extremo a outro, durante cerca de vinte anos, a partir de 1810.
Assim, no primeiro quartel do século XIX a América Latina se tornou 
independente das metrópoles europeias. Toussaint L`Ouverture no Haiti, Francisco de 
Identificar os antecedentes históricos e os tratados fundadores do Mercado Comum 
do Sul;
Analisar o processo de integração do Mercosul.
Neste módulo, estudaremos o Mercosul 
(Mercado Comum do Sul) detendo-nos 
em seus antecedentes históricos 
e tratados fundadores. 
Em seguida, analisaremos a estrutura 
institucional adotada pelos 
negociadores do bloco para 
impulsionar o processo de 
integração. Também será objeto de 
nosso estudo o sistema de solução de 
controvérsias adotado pelo Mercosul.
http://saberes.senado.leg.br/mod/glossary/showentry.php?courseid=430&eid=464&displayformat=dictionary
Miranda na Venezuela, Joaquim José da Silva Xavier (o Tiradentes) no Brasil, foram os 
iniciadores do movimento de emancipação, logo seguidos por Bolívar, Sucre, 
O'Higgins, Rivadavia, San Martín, Artigas, Delgado, Francia, Hidalgo, Morelos, e vários 
outros líderes.
Sem dúvida foi Simón Bolívar o mais representativo deles, não só pela ação guerreira 
como pelas suas singulares virtudes de estadista, expressando, admiravelmente, 
sentimentos existentes de longa data e que eram patrimônio comum de grande número 
de americanos, como Thomas Jefferson, representante da América do Norte.
Com o decorrer do tempo, a doutrina defendida por Bolívar, que contou entre seus 
auxiliares diretos com o general brasileiro, José Ignácio de Abreu e Lima, filho do 
revolucionário Padre Roma, ficou consagrada sob a designação de "ideais 
bolivarianos".
Vale destacar que Simón Bolívar é a grande figura do pan-americanismo. Não foi 
apenas um fundador de nações, um Libertador, pois defendeu o ideal de formar, 
reunindo os países sul-americanos, uma só nação, um Novo Mundo.
A primeira reunião pan-americanista, convocada por Bolívar, foi realizada em dezembro de 
1826, no Congresso de Panamá, que reuniu apenas representantes do México, América 
Central, Colômbia e Peru.
Daí em diante, apesar de tantos esforços e inúmeras retomadas, o projeto do pan-americanismo ficou apenas no plano dos ideais de alguns líderes, sem nunca avançar para 
uma consolidação, chegando-se, assim, à IX Conferência Pan-americana, em Bogotá, 
Colômbia, em 1948.
A X Conferência Pan-Americana aconteceu em 1954, em Caracas, na Venezuela, e além 
desta, outras conferências econômicas se sucederam sem alcançar resultados concretos.
Até o instante em que a roda da história no espaço geográfico sul-americano aproximou 
dois acontecimentos que permitiram o surgimento de iniciativa política destinada 
a acelerar o projeto pan-americanista pela via do desenvolvimento econômico: o 
primeiro deles, a eleição do presidente brasileiro Juscelino Kubitschek de Oliveira, 
que tomou posse em 1956; o outro, a visita do vice-presidente norte-americano 
Richard Nixon, em maio de 1958, a países sul-americanos, após 21 dias de visitas no 
Continente Africano.
O presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira envia carta, em 28 de maio de 1958, ao 
presidente Dwight D. Einsenhower, expressando solidariedade ao vice-presidente Richard 
Nixon, mas aproveitando para vincular as referidas manifestações a prejuízos causados 
perante a opinião pública mundial, à ideia da unidade pan-americana, que, segundo sua 
interpretação, somente podia ser resgatada se algo de relevância fosse feito para 
recompor a face da unidade continental.
Em Lima, no Peru, e em Caracas, na Venezuela, o vice-presidente norte-americano foi 
agredido, e, contra sua pessoa, os manifestantes repudiaram a omissão do governo dos 
EUA em relação a investimentos para o desenvolvimento no território sul-
americano, ao mesmo tempo em que aquele país declarava prioridade para a 
África, após implantar o Plano Marshall de recuperação da Europa devastada pela 
Segunda Grande Guerra.
Nessa carta, o presidente Juscelino Kubitschek revelou não ter "plano detalhado para esse 
objetivo" de recomposição da unidade continental, de criação de "algo mais profundo e 
duradouro em prol de nosso destino comum".
O presidente Einsenhower respondeu ao presidente brasileiro, em 6 de julho de 1958, 
entendendo ser de fundamental importância a "adoção imediata de medidas que 
determinem, através de todo o continente, uma reafirmação do devotamento ao Pan-
Americanismo e um melhor planejamento na promoção dos interesses comuns e do bem-
estar de nossos diferentes países".
O presidente brasileiro aproveitou então a oportunidade da declaração norte-americana 
para, em missivas a chefes de Estado, conferências, discursos e declaração à imprensa, a 
partir da carta de 28 de maio de 1958, provocar um movimento continental 
denominado, por ele mesmo, de "Operação Pan-Americana" (OPA), que, 
rapidamente, alcançou ressonância mundial porque "seus objetivos correspondem às 
aspirações e às necessidades de todos os povos" (Embaixador Negrão de Lima, perante a 
Assembléia das Nações Unidas, em 18/09/1958).
Os resultados da Doutrina Kubitschek começaram a surgir quando, em 1959, o Banco 
Mundial e o Fundo Monetário Internacional, com a aprovação do governo de Einsenhower, 
criaram em 1° de novembro do ano em referência a Associação Internacional de 
Desenvolvimento (AIF), com o endosso de 63 Países Membros daquelas entidades, com 
um capital de US$ 1 bilhão, com a finalidade de auxiliar as nações subdesenvolvidas no 
mundo inteiro.
Em grande parte a reboque do movimento iniciado pelo presidente brasileiro, mais 
resultados se apresentaram, tais como a oficialização do Banco Interamericano de 
Desenvolvimento e a criação da Associação Latino-Americana de Livre Comércio, 
a ALALC, surgida graças ao Tratado de Montevidéu, de 18 de fevereiro de 1960, seguindo 
a orientação da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), que, desde 1955, 
elaborou trabalhos técnicos e manteve reuniões com os governos dos principais países da 
região, com o objetivo de adotar mecanismos de planejamento para vencer o processo de 
subdesenvolvimento que caracterizava o espaço geográfico latino-americano.
Para a CEPAL, os projetos de integração regional deviam enfatizar duas questões 
relevantes que, segundo ela, qualquer iniciativa desenvolvimentista na região seria 
obrigada a observar:
- a industrialização, como condição indispensável para o desenvolvimento dos países 
latino-americanos, teria que dispor de mercados mais amplos que os nacionais, uma 
exigência básica para uma maior eficiência do processo de industrialização, desde que se 
lograsse, inicialmente, incrementar o comércio intrazona mediante acordos 
preferenciais; e
- solução para a situação geral de intransferibilidade das moedas destes países, por causa 
das dificuldades para efetivar os pagamentos intrarregionais que incidiam negativamente 
sobre as iniciativas de comércio recíproco.
No entanto, a Operação Pan-Americana não se consolidou, e, em seu lugar, surgiu 
um programa de cooperação multilateral, criado em agosto de 1961 pelos signatários da 
Carta de Punta del Este, com o objetivo de incrementar o desenvolvimento econômico-
social da América Latina. A ideia da Aliança para o Progresso foi lançada pelo sucessor de 
Einsenhover, o presidente John Kennedy, em março de 1961, já como uma resposta aos 
acontecimentos revolucionários em Cuba, com a tomada do poder pelo grupo liderado por 
Fidel Castro, e também pelas pressões de setores políticos e governamentais latino-
americanos preocupados com a situação econômica e social da região.
Como veremos, pode-se afirmar que o Mercosul é o resultado de pelo menos três 
décadas de tentativas de integração regional sob a forma de associações de livre 
comércio congregando todos os países da América do Sul, tais como a ALALC 
(Associação Latino-Americana de Livre Comércio) e a ALADI (Associação Latino-Americana 
de Integração), tendo a segunda destas organizações surgido da transformação ou 
refundação da primeira delas. Aliás, o Mercosul tem vínculos com a ALADI na forma 
de um Acordo de Complementação Econômica (ACE n° 18) entre Brasil, Argentina, 
Paraguai e Uruguai, datado de 29 de novembro de 1991.
Em 18 de fevereiro de 1960, na cidade de Montevidéu, foi firmado o ato 
constitutivo de criação da Associação Latino-Americana de Livre Comércio, a 
ALALC, uma organização para a cooperação econômica inspirada nas sugestões 
oriundas da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), que tinha a liderança 
do grande economista argentino Raul Prebisch, assessorado diretamente por outro 
reconhecido economista sul-americano, o brasileiro Celso Furtado.
A ALALC perseguia um objetivo muito claro, pelo menos na sua definição: diminuir as 
tarifas alfandegárias entre os parceiros e criar uma área de livre 
comércio. Contudo, dois fatores obstaculizaram o progresso da ALALC, uma associação 
que durou de 1960 a 1980: 
    1. A rigidez dos mecanismos estabelecidos para a liberalização comercial; e 
 2. a instabilidade política vivida pela região sul-americana, sempre alimentada pelos 
ventos da Guerra Fria entre os blocos políticos liderados pelos Estados Unidos e pela ex-
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a URSS.
Em resumo, para além da questão da instabilidade política alimentada pela bipolaridade 
ideológica e militar EUA versus URSS, no período de vigência da ALALC os Países Membros 
só estavam dispostos a engajar-se na proposta de abertura comercial até um certo ponto: 
todos os associados queriam abrir o mercado dos demais países para os seus produtos, 
mas nenhum queria abrir o seu próprio mercado.
Assim, impossibilitados de cumprir com o acordado em 1960, os Países Membros 
decidiram, vinte anos depois, extinguir a organização e substituí-la pela Associação Latino-
Americana de Integração, a ALADI.
Nesse contexto, cumpre lembrar que, antes da decisão de substituição da ALALC pela 
ALADI, frente às dificuldades encontradas pela ALALC para consolidar seus objetivos 
fundamentais, no final da década de 60 alguns Países Membros se convenceram da 
necessidadede constituir blocos sub-regionais de integração. Assim, em 20 de maio 
de 1969 cinco países andinos firmaram o Acordo de Cartagena, que ficou conhecido como 
"Pacto Andino", com o objetivo de "promover o desenvolvimento equilibrado e harmônico 
dos Países Membros, acelerar seu crescimento mediante a integração econômica, 
facilitar sua participação no processo de integração previsto no Tratado de Montevidéu, e 
estabelecer condições favoráveis para conversão da ALALC em um mercado comum" (art. 
10 do Acordo de Cartagena). 
Os países signatários do ato constitutivo do Acordo de Cartagena, ou Pacto 
Andino, são, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru. Em 1973, a 
Venezuela aderiu ao acordo, retirando-se em 2006 para ingressar no 
Mercosul. O Chile, em 1976, retirou-se do grupo.
Cartagena (Venezuela)
A nova organização, a ALADI, aproveitou os ensinamentos da anterior, a ALALC, e 
propôs uma pauta modesta, porém objetiva e pragmática.
A ALADI tinha a intenção de ser tão somente uma associação entre Estados soberanos, e 
de transformar-se em zona de livre comércio, já que os signatários tinham "como objetivo 
de longo prazo o estabelecimento, em forma gradual e progressiva, de um mercado 
comum latino-americano" (art. 10 do ato de criação da ALADI).
A ALADI, inaugurada em 12 de agosto de 1980, tinha por objetivo a total 
liberalização do comércio entre os onze Países Membros. Para tanto, adotou um 
mecanismo geral flexível: os acordos sub-regionais, isto é, acordos de liberalização 
comercial firmados apenas entre um grupo de Países Membros, e não entre os 
onze, embora respeitando-se princípios e conceitos comuns. 
Além da flexibilidade proporcionada pelo mecanismo dos acordos sub-regionais, 
que gerou, por exemplo, o Protocolo de Expansão do Comércio (PEC) entre o Brasil e o 
Uruguai, e o Convênio Argentino-Uruguaio de Complementação Econômica (CAUCE), dois 
fatores novos contribuíram, na década dos anos 80, para criar um ambiente mais propício 
a propostas de integração regional: 
 1. O processo de redemocratização, que arrebatou o continente num curto espaço de 
tempo; e 
 2. a crescente diversificação da produção industrial daqueles países que, na região, 
souberam aproveitar o modelo da substituição de importações, com destaque para 
Brasil, Argentina e México.
Assim, a redemocratização regional, ao gerar ambiente propício para a 
estabilidade com legitimidade, levou os governos locais à busca de melhor 
relacionamento, como vizinhos, e não mais como peças secundárias no tabuleiro 
internacional do xadrez geopolítico engendrado pelo confronto EUA versus URSS. As 
nações sul-americanas passaram a enxergar que têm problemas e objetivos de 
desenvolvimento que se assemelham.
A diversificação industrial, por sua vez, significava que era possível, sim, propor-se uma 
maior complementaridade das economias entre os países sul-americanos, visando o 
desenvolvimento regional integrado, e, para tanto, a ideia da redução de barreiras 
tarifárias poderia produzir aumento efetivo de comércio, como ensinavam os resultados 
dos acordos sub-regionais propostos no âmbito da ALADI. 
Brasil e Argentina iniciaram, nessa década de 80, a negociação de preferências comerciais, 
ou seja, de reduções tarifárias recíprocas. Deve-se destacar que, em 1986, os governos 
Raúl Alfonsín e José Sarney decidiram que a aproximação das economias 
brasileira e argentina devia constituir um dos pilares de suas políticas externas e 
firmaram o Tratado de Cooperação Econômica, que se mostrou muito eficiente no 
incremento e diversificação do comércio bilateral entre os dois países, em especial nos 
setores-chave de bens de capital, trigo e automóveis. 
O êxito alcançado por esse acordo sub-regional, sob o amparo do sistema jurídico da 
ALADI, proporcionou os fundamentos para a ampliação do Tratado de Integração brasileiro-
argentino, projetando-se, assim, a formação de um Mercado Comum entre os dois 
países, o Mercosul, sobre o qual nos deteremos mais adiante. 
Por fim, para concluir o elenco de informações sobre a ALALC e a ALADI, listaremos os 
instrumentos construídos para liberalizar o comércio na região sob o amparo 
dos tratados constitutivos das referidas associações
Segundo o Tratado de Montevidéu de 1960 (ALALC):
Conforme o Tratado de Montevidéu de 1980 (ALADI):
 
Acordos de Preferência Aduaneira Regional, assim denominados por estabelecerem 
as preferências outorgadas reciprocamente por todos os Países Membros, ainda que em 
porcentagens diferentes, para atender a três categorias classificatórias de graus de 
desenvolvimento: Países de Menor Desenvolvimento Relativo (PMDR), o que incluía 
Bolívia, Equador e Paraguai; Países de Desenvolvimento Médio (PDM5), que 
englobava Colômbia, Chile, Peru, Uruguai e Venezuela; e Países em 
Desenvolvimento (PDs), categoria formada por Argentina, Brasil e México;
 Listas nacionais de produtos, com alcance multilateral, o que significava 
estabelecer um sistema de preferência regional;
Lista comum, formada com produtos comuns resultantes das listas nacionais;
Listas de vantagens não extensivas, que deveriam beneficiar os chamados 
países de menor desenvolvimento relativo (PMDR), incluindo a Bolívia, o Equador, o 
Paraguai e o Uruguai;
Acordos de complementação, que podiam ser firmados por pares de países, cujas 
preferências se agregavam às listas nacionais dos Países Membros participantes, 
buscando-se assim a multilateralização.
Acordos de Alcance Regional, que, de acordo com o Tratado, são aqueles em que 
participam todos os Estados Membros, como no acordo de alcance parcial, e podem 
ser comerciais, de complementação econômica, agropecuários, de 
promoção do comércio, de cooperação científica e tecnológica, de promoção 
do turismo e de preservação do meio ambiente, entre outros.
Acordos de Alcance Parcial, que deram inicio à obrigação de se prever meios para 
agilizar a multilateralização destes acordos e buscar sua convergência para alcançar 
a finalidade de integrar as economias de todos os participantes da ALADI. 
Deve ser ressaltado que os Acordos de Complementação Econômica se 
transformaram no instrumento mais utilizado na ALADI, e a partir da década 
de 90 produziu-se uma mudança substantiva, com o início da assinatura de 
convênios que têm por objetivo a constituição de zonas de livre comércio 
(ZLCS). Exemplo desses "acordos de nova geração" é o ACE 18 (Argentina, Brasil, 
Paraguai e Uruguai, que conformaram o Mercosul em seu início);
A ALADI congrega os Países Membros da antiga ALALC, ou seja, Argentina, 
Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e 
Venezuela.
A integração bilateral Brasil-Argentina
Superada em 1979 a questão Itaipu-Corpus, que mantivera em campos opostos o 
Brasil e a Argentina, desenhou-se gradualmente a parceria entre esses dois países, com 
base em crescente convergência das suas políticas interna e externa.
No campo interno, tratava-se de restaurar plenamente a vigência da democracia e dos 
direitos humanos fundamentais.
Assim, os Acordos de Alcance Parcial podem ser: de renegociacão do patrimônio 
histórico, que abarcam os preferências já outorgadas na ALALC e que são 
renegociados na ALADI; comerciais, cujo único objetivo é aumentar o comércio e o 
âmbito de aplicação de cada acordo, se limita a um setor produtivo, a respeito de 
cujos produtos se concedem as preferências; de complementacão econômica, 
para aumentar o comércio, mas também promover a complementação das 
economias; de preferências para países não membros, previstos no art. 25 do 
Tratado de Montevidéu de 1980, para conceder tratamento preferencial a países 
latino-americanos; agropecuários, para regular o comércio desse setor, mas sem 
incluir preferências, podendo referir-se a produtos específicos ou a setores 
agropecuários; de promoção do comércio, voltados para temas não alfandegários, 
podem compreender cooperação aduaneira, facilitação dotransporte de 
mercadorias, conduta comercial, normas sanitárias e fitosanitárias, e outras; sobre 
outras matérias, previstos no art. 14 do TM 1980, podem referir-se a cooperação 
científica e tecnológica, promoção do turismo, preservação do meio 
ambiente e demais assuntos não abrangidos pelos acordos citados anteriormente.
No plano externo, buscava-se superar as desconfianças geradas pela orientação 
autárquica imprimida aos dois países pelos governos militares, recuperar 
credibilidade nos foros multilaterais e agilizar a interlocução com os países industrializados.
Para colocar em prática esse novo modelo de inserção internacional, privilegiou-se uma 
parceria brasileiro-argentina construída, inicialmente, mediante propostas e ações no 
plano da segurança, notadamente na área da energia nuclear, "fomentando um clima de 
confiança mútua crescente e que ensejou, em seguida, o desmantelamento das hipóteses 
de conflito entre os dois países". Nesse sentido, houve nítido esforço da parte dos 
governos de José Sarney (1985-1990) e Raúl Alfonsín (1983-1989) no sentido de 
conferir prioridade à América Latina em sua atuação político-diplomática.
Impulsionada primeiramente pela Ata de Iguaçu, firmada em 30 de novembro de 
1985, a integração bilateral traduziu-se, primeiramente, em protocolos bilaterais 
de natureza setorial (trigo, bens de capital, segurança alimentar e outros), 
desembocando posteriormente, em 1988, no Tratado de Integração, Cooperação e 
Desenvolvimento. Refletindo o objetivo da promoção do desenvolvimento conjunto, esse 
instrumento internacional lançava as bases de uma integração a ser construída por meio 
do enlace dos setores produtivos dos dois países e de iniciativas conjuntas - por exemplo, 
no plano da energia, do transporte e das telecomunicações. O grande desafio com que se 
confrontavam Brasil e Argentina à época era representado pela alta inflação e pelo 
endividamento externo. 
 Leia mais sobre a  questão Itaipu-Corpus
Com a chegada ao poder de Carlos Menem na Argentina (1989) e de Fernando 
Collor de Mello (1990) no Brasil, introduziram-se novos paradigmas no processo de 
integração, obedecendo à orientação neoliberal dos novos mandatários. Assim, 
privilegiou-se a orientação adotada pelo chamado "Consenso de Washington", no sentido 
da abertura comercial, desregulamentação econômica e privatização.
O objetivo de estabelecer um mercado comum entre o Brasil e a Argentina surge na 
Ata de Buenos Aires, firmada em 6 de julho de 1990, por ocasião da visita do 
Presidente Fernando Collor à capital da Argentina. Nessa ocasião, a abertura econômica e 
a desregulamentação dos mercados já balizavam a nova orientação imprimida à 
integração.
asaguasdasdiscordia.pdf 157 kB
https://saberes.senado.leg.br/pluginfile.php/1566863/mod_book/chapter/82099/asaguasdasdiscordia.pdf
Um ano mais tarde, os instrumentos consagrados pelo Tratado de Assunção, que criou 
o Mercosul, já com a participação do Uruguai e do Paraguai, refletiriam esse 
redirecionamento do processo de integração.
Deve-se, ainda, ressaltar que esse bloco ergue-se sobre três bases:
Cronologia da integração no Cone Sul
Em três anos e nove meses de existência, ou seja, de 26 de março de 1991 a 31 de 
dezembro de 1994, o Mercosul saiu da projeção em papel - o Tratado de 
Assunção - para se transformar, na prática do cotidiano das relações entre os Estados 
Partes, em um complexo e dinâmico processo de integração regional.
 
Assim, do final do governo José Sarney (1985-1989), passando pelo de Fernando 
Collor de Mello (1990-1992), atravessando os dois períodos do governo Fernando 
Henrique Cardoso (1994-2002) e de Luis Inácio Lula da Silva (2003-2010), o 
Mercosul pode ser visualizado em seis fases distintas, cujas principais características 
detalham-se a seguir. 
Primeira fase (do Tratado de Assunção ao Cronograma de Las Leñas - março de 1991 a 
julho de 1992)
Na sua primeira fase de vigência, o Tratado de Assunção expôs uma demanda 
histórica das sociedades que compõem o conjunto dos Estados Partes do 
a base jurídica está vinculada à ALADI, sob a forma de um Acordo de 
Complementação Econômica entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, 
obedecendo a todos os princípios e normas daquela Associação;
a base política sustenta-se na cláusula democrática, acordada pelos seus altos 
mandatários desde o Tratado de Assunção e consolidada pelo Protocolo de 
Ushuaia, de 24 de julho de 1998, sobre compromisso 
democrático no Mercosul - com a qual também concordaram Bolívia e 
Chile, países que detêm a condição de associados ao bloco, e no compromisso de 
criar e estimular um processo de integração regional sul-americana;
a base econômica configura-se na crescente diversidade e capacidade produtiva 
das quatro economias e no grande incremento das trocas comerciais entre seus 
Países Membros nos quatorze anos de sua vigência.
Mercosul: a imperiosa necessidade de integração regional dos países sul-americanos, 
ideia lançada pelos pais fundadores das Repúblicas no continente sul-americano.
Na galeria seguinte, você pode visualizar esses pioneiros, cuja biografia e importância no 
processo de integração você poderá conhecer clicando sobre o respectivo nome.
GALERIA DOS PRECURSORES DA INTEGRAÇÃO SUL-AMERICANA (clique nos 
nomes para saber mais)
Simón Bolívar(Venezuela) 
Simón Bolívar nasceu a 24 de julho de 1783, em Caracas, na Venezuela, filho de Juan Vicente de 
Bolívar y Ponte e de María Concepción Palacios y Blanco, representantes da abastada sociedade 
criolla de seu país. Essa sociedade era defensora do domínio colonial espanhol sobre os territórios 
sul-americanos. 
Bolívar é considerado o profeta da integração latino-americana, por ter conduzido exércitos que 
libertaram do domínio espanhol cinco países da região: Colômbia, Venezuela, Equador, Peru e 
Bolívia. 
Simón Bolivar, o Libertador, faleceu no dia 17 de dezembro de 1830, sempre defendendo a adoção 
dos ideais democráticos e republicanos pelas nações sulamericanas.
San Martin (Argentina)
José Francisco de San Martin nasceu na província de Yapeyu, na Argentina, mas foi educado no 
Seminário dos Nobres, na Espanha, após o retorno da família à terra natal do pai, em 1784, 
quando tinha apenas seis anos de idade. 
Foi educado para ser um soldado espanhol, tendo chegado ao posto de oficial do exército 
espanhol na luta contra os franceses de Napoleão Bonaparte. 
Em 1812 retorna à Argentina, e recebe a missão de organizar tropas armadas para libertar o país 
do jugo espanhol, e para tanto teve que atacar o domínio monarquista europeu no Chile e no 
Peru, países que libertou. 
San Martin, que defendia ideais de soberania nacional, embora fosse monarquista, entregou o 
Chile ao líder Bernardo O`Higgins, militar chileno que é considerado herói nacional. 
https://saberes.senado.leg.br/pluginfile.php/1566863/mod_book/chapter/82101/Simon%20Bolivar.pdf
https://saberes.senado.leg.br/pluginfile.php/1566863/mod_book/chapter/82101/San%20Martin.pdf
Já no Peru, para não enfrentar o mais numeroso exército de libertação de Simón Bolívar, passou-
lhe o poder naquele país, para em seguida retirar-se e viver na Europa, onde morreu, na França, 
em 1850. 
José Marti (Cuba)
Cuba era, com Porto Rico, a última colônia espanhola da América, quando José Julián Martí Pérez 
veio ao mundo, no dia 28 de janeiro de 1853, em Havana, filho de espanhóis emigrados que se 
conheceram na ilha - Dom Mariano e Dona Leonor. 
Quando estoura a Primeira Guerra da Independência, em 1868, que se estenderia por dez anos, 
Martí, com quinze anos de idade, apóia a luta pela soberania. No ano seguinte edita o jornal "La 
Patria Libre". 
Martí viveu também nos Estados Unidos, onde percebe que a unidade do continente é uma ilusão 
que esconde a submissão aos interesses do grande país do Norte. Passa a falar então de "Nossa 
América". 
Escreve em vinte e oito jornais de todo o continente, inclusive dos EUA, sobre política,literatura e 
arte; aborda San Martín e Simón Bolívar; redige vários artigos e ensaios sobre os Estados Unidos. 
Herói latino-americano, Martí não só ampliou a consciência política da América, propugnando 
pela união de todos os países egressos do domínio colonial ao sul do Rio Bravo, como influenciou 
com sua obra os poetas hispano-americanos e toda a nova e moderna poesia espanhola. A 
presença de "Guantanamera", cuja letra foi retirada de "Versos Sencillos", no repertório musical 
que identifica os latino-americanos perante o mundo, é apenas um exemplo. Martí é exemplo de 
personalidade que buscou unir e dignificar a América Latina. 
José Gervasio Artigas (Uruguai)
Artigas nasceu em Montevidéu, em 19 de junho de 1764. Foi um político e militar uruguaio que se 
tornou o herói nacional do Uruguai, pela sua luta implacável, por toda a vida, pela independência 
do seu país do domínio colonial monarquista espanhol e das intrigas políticas e intervenções 
agressoras dos vizinhos argentinos, brasileiros e, ainda, dos ingleses. 
José Gervasio Artigas tornou-se, sem sombra de dúvida, um dos principais defensores dos ideais 
democráticos e republicanos na América do Sul, ganhando, merecidamente, o epíteto de Protetor 
dos Povos Livres. Artigas morreu no exílio, no Paraguai, em 1850, e seus restos mortais somente 
foram trasladados ao Uruguai cinco anos depois, em 1855, para serem depositados no Panteón 
Nacional.
https://saberes.senado.leg.br/pluginfile.php/1566863/mod_book/chapter/82101/Jose%20Marti.pdf
https://saberes.senado.leg.br/pluginfile.php/1566863/mod_book/chapter/82101/Jose%20Gervasio%20Artigas.pdf
 
Francisco Miranda (Venezuela)
Francisco Miranda (1750-1816) Nasceu em Caracas, Venezuela, em 1750, e faleceu em 1816. 
Estudou Filosofia, Direito, História e Arte. Aos 21 anos, iniciou carreira militar no Exército da 
Espanha. Deixou o Exército Espanhol com a patente de Tenente-Coronel e foi para os Estados 
Unidos. 
Na Revolução Francesa alistou-se no exército francês, chegando ao posto de Marechal-de-Campo. 
Foi preso sob a acusação de pertencer ao Partido dos Girondinos. Após a saída da prisão deixou a 
França e circulou pela Inglaterra e Estados Unidos tentando conseguir recursos para invadir e 
libertar a Venezuela, então colônia espanhola. 
Efetuou dois desembarques na Venezuela, mas foi repelido pelas forças espanholas. Retornou 
então a Londres, onde, anos mais tarde, encontrou-se com Simón Bolívar, que o convenceu de 
que sua experiência era necessária para a independência da América. 
Regressou então a Caracas, porém foi derrotado pelo general espanhol Monteverde. Considerado 
traidor, foi levado para a prisão em Cádiz na Espanha. Francisco de Miranda sonhava com uma 
América hispânica independente e unida, que teria o nome de Colômbia.
 
Bernardo O'Higgins (Chile)
Filho ilegítimo de uma aristocrata chilena, Isabel Riquelme, e de um engenheiro irlandês, Ambrose 
O'Higgins, nasceu em 20 de agosto de 1778. Foi educado no Chile, no Peru e na Inglaterra, país 
onde encontrou Sebastián Francisco de Miranda y Rodríguez, jovem venezuelano que seria seu 
mentor em matéria de pensamento revolucionário, libertador e integracionista. Mais tarde, na 
Espanha, viria a conhecer José de San Martín, o libertador da Argentina. 
Retornou ao Chile em 1802, tendo herdado terras de seu pai. Eleito para o "Cabildo" em Chillan, 
aí iniciou a sua vida pública. Nesse período, Napoleão invadiu a Espanha e conduziu ao trono seu 
irmão José, considerado, nas colônias espanholas, como usurpador. Em 18 de setembro de 1810, 
moradores das colônias reuniram-se em Santiago e adotaram a autodeterminação, em forma 
limitada, até que o trono espanhol fosse restaurado. Essa data é celebrada no Chile como o Dia da 
Independência. Havia, no entanto, uma corrente que defendia a completa independência do trono 
espanhol, na qual incluía-se Bernardo O`Higgins, agora membro eleito do primeiro Congresso 
Nacional chileno. 
Os realistas, entretanto, leais à Coroa espanhola, fomentavam a oposição ao Congresso. Bernardo 
formou uma milícia, utilizando para tanto a herança que havia recebido, distinguindo-se por sua 
https://saberes.senado.leg.br/pluginfile.php/1566863/mod_book/chapter/82101/Francisco%20Miranda.pdf
https://saberes.senado.leg.br/pluginfile.php/1566863/mod_book/chapter/82101/Bernardo.pdf
bravura nas batalhas contra as facções monarquistas. Sua exortação "¡O vivir con honor o 
morir con gloria!, ¡El que sea valiente que me siga!" permanece viva na história chilena. A 
milícia de O`Higgins foi derrotada na Batalha de Rancagua, em outubro de 1814.
 
José Ignácio de Abreu e Lima  (Brasil)
José Ignácio de Abreu e Lima nasceu no Recife, Pernambuco, a 6 de abril de 1794, filho do 
célebre Padre Roma, um advogado que ordenou-se frade carmelita depois de enviuvar, e 
que liderou a Revolução Pernambucana de 1817, que aconteceu naquele estado nordestino. 
Depois de obrigado a presenciar o fuzilamento do próprio pai, que fora aprisionado pelas tropas 
imperiais na Bahia, por ser um dos líderes da Revolução de 1817, José Ignácio de Abreu e Lima 
teve que deixar o Brasil, ajudado pela maçonaria, e seguiu para os Estados Unidos da 
América, de onde, finalmente, deslocou-se para a Venezuela para incorporar-se, como capitão de 
artilharia que era, ao movimento conduzido por Simón Bolívar, que liderava a luta regional contra 
o domínio colonial espanhol. 
Destacando-se nos campos de batalhas vencidas pelas tropas de Simón Bolivar, José Ignácio de 
Abreu e Lima tornou-se general, e foi o grande representante militar e político do povo brasileiro 
na luta pela independência da América espanhola, selando com o seu próprio sangue essa 
generosa expressão de solidariedade internacional. 
Após a morte de Simón Bolívar, expulso da Colômbia pelos inimigos de ambos que assumiram o 
poder, retorna ao Brasil e assume a luta política, mas envolve-se com o movimento que fez eclodir 
a Revolução Praieira, em Pernambuco, em 1848, pelo que foi condenado à prisão perpétua na ilha 
de Fernando de Noronha. 
Um tribunal anulou essa condenação de Abreu e Lima, que não mais se envolveu em lutas 
armadas, passando a defender, pela palavra e pelas letras, os ideais liberais e 
democráticos. José Ignácio de Abreu e Lima faleceu em 8 de março de 1869, aos 76 anos de 
idade, conhecido como o "General de Bolívar", um general brasileiro de dois mundos e herói 
nacional da Colômbia e da Venezuela.
 
Hipólito José da Costa (Brasil)
O jornalista Hipólito da Costa (Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça) 
nasceu na Colônia do Sacramento, atual República do Uruguai, em 13 de agosto de 
1774, e faleceu em Londres, Inglaterra, em 11 de setembro de 1823. 
https://saberes.senado.leg.br/pluginfile.php/1566863/mod_book/chapter/82101/Jose%20Ignacio.pdf
https://saberes.senado.leg.br/pluginfile.php/1566863/mod_book/chapter/82101/Jose%20Ignacio.pdf
https://saberes.senado.leg.br/pluginfile.php/1566863/mod_book/chapter/82101/Hip%C3%B3lito%20Jos%C3%A9.pdf
É o patrono da Cadeira nº 17 da Academia Brasileira de Letras, por escolha do 
fundador Sílvio Romero. Era filho de Félix da Costa Furtado de Mendonça, um 
fazendeiro da Capitania do Rio de Janeiro, lá destacado como Alferes de 
Ordenanças, e de Ana Josefa Pereira, natural daquela Colônia. Fez os estudos 
preparatórios em Porto Alegre e formou-se em Direito e Filosofia na Universidade 
de Coimbra, em 1798. 
No mesmo ano foi encarregado pelo ministro português, D. Rodrigo de Sousa 
Coutinho, de estudar questões econômicas nos Estados Unidos, onde ficou até 
1800. Nomeado para a Imprensa Real em 1801, fez nova viagem oficial, à Inglaterra 
e à França, sendo preso na volta, em 1802, passando então cerca de três anos nos 
cárceres da Inquisição, acusado de disseminação da maçonaria em Portugal.
Fugiu em 1805, disfarçado em criado de serviços, tomando o rumo de Espanha, 
Gibraltar e finalmente Londres, onde se estabeleceu definitivamente.Ali, pondo-se 
sob a proteção do Duque de Sussex, filho do rei e maçom ele próprio, funda o 
Correio Braziliense em 1808, o mesmo ano da criação da imprensa no Brasil. 
Tem-se dito que é o primeiro jornal brasileiro, antecedendo mesmo ao primeiro 
jornal que se imprimiu em território nacional, a Gazeta do Rio de Janeiro (10 de 
setembro de 1808). Foi a mais completa tribuna de análise e crítica da situação 
portuguesa e brasileira, formando uma estante do 29 grossos tomos, os quais se 
estendem desde 1802 a 1822, ano em que, verificando que o seu apostolado em 
favor da independência do Brasil estava transformado numa radiosa vitória, o 
jornalista julgou cumprido o seu dever, e encerrou a publicação do jornal. 
Faleceu pouco depois, em 1823, sem chegar a saber que fora nomeado cônsul do 
Império do Brasil em Londres. É o patrono da imprensa e dos estudiosos da 
realidade brasileira.
Assim, a partir de julho de 1992, o programa automático de liberalização comercial ou 
desgravação tarifária progressiva, isto é, as reduções de tarifas sobre produtos negociados 
entre as economias dos países do bloco, ocorria inapelavelmente sem que fosse 
necessário qualquer tipo de renegociação entre os Estados Partes, respeitando-se apenas 
as exceções listadas de produtos/mercadorias inscritos pelos países. 
Vale ressaltar que, mesmo com a vigência desse Programa de Liberalização 
Comercial, Anexo I do Tratado de Assunção (março de 1991), pelo ACE nº18, de 
29 de novembro de 1991, os países fundadores do Mercosul obedeceriam a um 
programa de desgravação progressivo, linear e automático, que se estenderia de 30 de 
junho de 1991 a 31 de dezembro de 1994, e que seria iniciado com uma redução mínima 
de 47%, sobre as tarifas já existentes, por mercadoria, até alcançar o limite máximo de 
100%, ou seja, tarifa zero.
Foram excluídos do cronograma de desgravação os produtos compreendidos nas 
chamadas Listas de Exceções apresentadas individualmente pelos países signatários, 
segundo suas apreciações nacionais de bens ou produtos que necessitam de um 
tratamento diferenciado. De acordo com a NALADI (Nomenclatura ALADI, lista de 
produtos que cobre todo o universo de bens que podem ser comercializados e 
torna possível a cobrança de direitos de importação), os países apresentaram os 
seguintes quantitativos em suas Listas de Exceções:
Os produtos que forem sendo retirados das Listas de Exceções se beneficiam 
automaticamente das preferências que resultam do Programa de Desgravação com, pelo 
menos, o percentual de desgravação mínimo previsto para a data em que se operar sua 
retirada das mencionadas listas.
A partir da adoção da Tarifa Externa Comum (TEC), a lista de exceções à área de 
livre comércio passou a chamar-se "lista de adequação".
Segunda fase (do Cronograma de Las Leñas à Reunião de Colônia - julho de 1992 a 
janeiro de 1994)
Na segunda fase do processo de construção do Mercosul começaram a surgir as primeiras 
dificuldades para o avanço da integração econômica, pois os setores produtivos que 
se sentiam ameaçados no curto prazo puseram-se a pressionar seus governos 
por uma desaceleração das negociações e do programa de desgravação tarifária 
ou liberalização comercial, meta fundamental do projeto de integração regional.
República Argentina, 394 itens;
República Federativa do Brasil, 324 itens;
República do Paraguai, 439 itens; e
República Oriental do Uruguai, 960 itens.
Assim, tanto o setor industrial brasileiro quanto o argentino ofereceram 
resistências ao processo de integração: os argentinos por se sentirem ameaçados 
pela concorrência da indústria brasileira, porque vinham sofrendo um processo de 
desindustrialização desde a gestão de Martínez de Hoz durante o período militar; os 
brasileiros, não por se sentirem ameaçados pela concorrência dos outros três parceiros, 
mas porque lhes preocupava o limite que seria negociado como nível máximo para 
a Tarifa Externa Comum, a TEC, que viria a substituir as tarifas nacionais cobradas 
sobre as importações provenientes de países não-membros.        
Ressalte-se que o setor agrícola brasileiro apresentou resistência ao ver-se exposto à 
concorrência de produtos agropecuários mais competitivos, sobretudo de produtos 
argentinos, porém o Mercosul foi um estímulo para a reconversão desse setor.
A tendência de cada país membro do Mercosul nas negociações para a fixação do nível 
máximo da Tarifa Externa Comum era, naturalmente, a de defender uma TEC o mais 
próxima possível de sua tarifa nacional, pois quanto menores as diferenças entre ambas, 
menores seriam os custos do ajuste quando da entrada em vigor dessa tarifa comum.
As negociações para a fixação de uma Tarifa Externa Comum levaram à compreensão de 
que a TEC deveria ser pensada para atender a uma nova estrutura tarifária, ou seja, uma 
estrutura de proteção dotada de coerência interna e adaptada às condições da economia 
dos quatro países considerados como um todo.
Desse modo, substitui-se a lógica individual, defensora dos interesses tarifários de cada 
parceiro, em favor de uma lógica coletiva da construção fundada no princípio da 
racionalidade econômica.
Enfim, quando os Países Membros fundadores do Mercosul entenderam ser possível criar 
uma TEC com racionalidade econômica, em fins de 1993, tornou-se possível defini-la para 
a maioria dos produtos que conformavam as matrizes econômicas de cada parceiro, ainda 
que os estudos para fixá-la só se completassem no final de 1994.
Nas negociações para criar uma TEC, o Governo brasileiro sempre sustentou que 
a adoção desse tipo de tarifa era imprescindível e necessária à continuidade do 
projeto do Mercosul, pois seus representantes técnicos argumentavam que somente 
uma TEC garantiria:
a) a equidade de condições de concorrência no espaço geográfico do Mercosul;
b) a existência de uma margem de preferência regional;
c) o impulso político necessário para a preservação das conquistas alcançadas e para 
a continuação do processo de integração;
d) unidade dos Países Membros em suas relações comerciais com outros países e grupos 
de países.
Assim, apesar da grande complexidade do processo de criação da Tarifa Externa Comum, 
as negociações nessa segunda fase do período de transição para a construção do Mercosul 
permitiram, entre julho de 1992 e janeiro de 1994, que se mantivesse o programa de 
liberalização comercial, que superasse o problema de desequilíbrios da balança comercial 
e o das discrepâncias macroeconômicas, e que lançasse, por fim, as bases de uma TEC, 
obedecendo a uma lógica de integração e superando a lógica de confrontação, 
preservando-se, desta forma, os objetivos centrais do Tratado de Assunção.
Terceira fase (da Reunião de Colônia à entrada em vigor da União 
Aduaneira - janeiro de 1994 a janeiro de 1995)
Na terceira fase, os negociadores buscaram detalhar os temas centrais que deveriam ser 
solucionados até dezembro de 2004, o que permitiria fazer funcionar o Mercosul já 
como União Aduaneira e dentro dos prazos previstos.
Assim, resolvidas as questões de base pertinentes à eliminação de barreiras tarifárias 
e não-tarifárias e à adoção de uma Tarifa Externa Comum, passou-se, nessa nova 
etapa, à concentração das discussões específicas sobre o nível tarifário dos bens de 
capital, sobre o número de exceções permitido na Tarifa Externa Comum, sobre a 
questão das Zonas Francas e seus impactos sobre o mercado ampliado, e, 
finalmente, sobre quais critérios balizariam o Regime de Origem, além de se definir 
e aprovar a nova estrutura institucional do Mercosul, que passaria a vigorar a partir de 1º 
de janeiro de 1995, conforme fora estabelecido pelo Protocolo de Ouro Preto, de 17 
dezembro de 1994.
Em respeito ao consenso internacional sobre comércio, o Regime de Origem do 
Mercosul obedece à seguinte regra básica: é considerado originário da região, 
portanto com direito à tarifa zero, qualquer produto que tenha pelo menos 
60% de valor

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