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Introdução ao Processo Penal

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Introdução ao Processo Penal 
Princípio da necessidade 
O processo penal é um caminho necessário para 
alcançar a pena. 
❖ Caráter instrumental do processo 
penal: o processo penal é o caminho 
para a pena. 
❖ Nulla poena et nulla culpa sine 
iudicio: monopólio da jurisdição penal 
Estatal (não existe delito sem pena, nem 
pena sem delito e processo, nem 
processo senão para) determinar o 
delito e o autuar da pena. 
O direito processual penal deve 
observância aos direitos e garantias 
fundamentais, que estão 
constitucionalmente assegurados. 
 
Mitigação do princípio da necessidade: 
1. Lei 9.099/95 
2. Delação Premiada (L. 12.850/2013) 
3. Projeto do CPP (aplicação imediata da 
sanção cuja pena seja de até 8 anos) 
 
Natureza Jurídica do Processo 
Penal 
Processo como Relação Jurídica (Bulow) 
❖ Processo penal como uma relação 
jurídica de direito público; 
❖ Vinculação entre as partes e o Estado; 
❖ Autonomia e independência da relação 
jurídica de direito material; 
❖ Relação jurídica triangular; 
 
 
❖ O acusado não é um mero objeto do 
processo, mas um integrante deste; 
❖ Pressupostos processuais: existência ou 
de validade 
 
Processo como Situação Jurídica (James 
Goldschmidt) 
❖ Contrária/crítica ao pensamento de 
Bulow; 
❖ Processo como conjunto de situações 
processuais que terminam em uma 
sentença definitiva e favorável; 
❖ Processo dinâmico: risco e incerteza 
(proveniente do aproveitamento das 
chances e liberação da carga); 
❖ Partes: possuem cargas processuais, a 
qual é atribuída; 
❖ Dinâmica, fluidez e movimento do 
processo; 
❖ Provar o alegado é responsabilidade da 
acusação. 
 
Processo como Procedimento em 
Contraditório – Elio Fazzalari 
❖ Continuidade do pensamento de 
Goldschmidt; 
❖ Resgata a importância do contraditório; 
❖ Contraditório como direito a informação 
e reação; 
❖ Essência do processo: simétrica 
paridade da participação dos 
interessados; 
❖ Unidade do processo; 
❖ contraditório (recusa ao ativismo 
judicial); 
❖ Processo Penal democrático e 
constitucional/devido processo. 
 
 
 
Resumo por @camillabeatrizvf 
 
 
 
Sistemas Processuais Penais 
Sistema Processual Inquisitório 
O juiz busca a prova (acusa) e julga; não há 
imparcialidade; o juiz acumula as funções de 
investigar, acusar, defender e julgar. 
➔ Predominou até o final do Séc. XVIII e 
início do Séc. XIX; 
➔ Começou a perder força com a 
Revolução Francesa, a valorização do 
homem e com os movimentos filosóficos; 
➔ Características: 
❖ Iniciativa probatória do juiz (juiz-
ator/ativismo judicial = princípio 
inquisitivo); 
❖ Juiz acusa e julga; 
❖ Juiz pode atuar de ofício; 
❖ Juiz parcial; 
❖ Ausência de contraditório; 
❖ Desigualdade de armas/oportunidades. 
Sistema Processual Acusatório 
O juiz fica afastado da iniciativa probatória, o 
que assegura a imparcialidade do julgador. Há a 
separação entre juiz e partes. 
➔ O acusado deixa de ser um mero objeto 
do processo e passa a ser parte 
autêntica no processo penal; 
➔ Contraditório; 
➔ Processo acusatório-democrático; 
➔ Cabe às partes a iniciativa da produção 
de provas. 
 
O artigo 3º-A do CPP estabeleceu com a 
entrada em vigor da Lei 13.964/2019 que: 
 
Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura 
acusatória, vedadas a 
iniciativa do juiz na fase de investigação e a 
substituição da 
atuação probatória do órgão de acusação. 
(Eficácia suspensa liminarmente pelas ADIn's n. 
6.298, 6.299, 6.300 e 6.305 pelo Min. FUX) 
 
 
A Constituição Federal de 1988 também 
estabelece o modelo acusatório, pois, em seu 
artigo 129, estabelece que cabe ao Ministério 
Público acusar. Além disso, estabelece regras 
acerca do devido processo legal, faz garantia 
acerca do juiz natural e ao contraditório (artigo 
5º). 
 
➔ Características: 
❖ Distinção entre acusador e julgador; 
Iniciativa probatória das partes; 
❖ Juiz como terceiro imparcial; 
❖ Paridade de armas; 
❖ Procedimento predominantemente oral; 
❖ Publicidade; 
❖ Contraditório e ampla defesa; 
❖ Livre convencimento motivado; 
❖ Ausência de prova tarifada; 
❖ Segurança jurídica; Contraditório 
(recusa ao ativismo judicial); 
❖ Processo Penal democrático e 
constitucional/devido processo; 
❖ Duplo grau de jurisdição. 
 
 
 
Resumo por @camillabeatrizvf 
 
 
Sistema Processual Misto 
O processo penal é dividido em duas fases: uma 
pré-processual (caráter inquisitório) e outra 
processual (caráter acusatório). 
 
Sistema Processual Penal Brasileiro 
A CF/88 define um processo penal acusatório, 
bem como o Código de Processo Penal. 
 
Objeto do Processo Penal 
O Ministério Público, em regra, exerce a 
função acusatória no processo penal, ou seja, 
o poder de proceder contra alguém (ius ut 
procedatur). 
O Juiz exerce o poder de punir no caso de 
acolher a acusação. Assim, a punição está 
vinculada ao acolhimento da acusação, mais 
especificamente ao êxito da prova efetuada pela 
acusação. 
Logo, entende-se que no processo penal não 
há lide, pois diferencia-se do processo civil. 
Ao acusador (Ministério Público ou particular) 
não compete o poder de castigar, visto que este 
apenas promove o castigo (Carnelutti). 
Nesse entendimento, é possível concluir que o 
Ministério Público é detentor da pretensão 
acusatória, cabendo ao juiz a função de 
exercício do poder punitivo, à luz do princípio da 
necessidade. 
 
Para que o juiz exerça o poder punitivo é 
necessário, portanto, que acusação exerça o ius 
ut procedatur. 
 
 
 
Feitas essas considerações, conclui-se que o 
objeto do processo penal é a pretensão 
acusatória. 
 
 
Obs.: a pretensão acusatória também será 
exercida por particulares, nos casos em que a 
ação penal for privada ou subsidiária da pública. 
 
 
Resumo por @camillabeatrizvf

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