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PROPOSTA PLANO URBANÍSTICO CARANDIRU VILA -MARIA – VGLIECCA & ASSOCIADOS IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO SELECIONADO, A AUTORIA E DATA DE PROJETO E/OU OBRA: • Identificação: Carandiru-Vila Maria • Explicação: A área selecionada para a operação urbana era muito grande, atingindo quase 20.000 hectares, em uma região já suburbana da cidade. Devido à grandeza da área, a intervenção foi tratada a partir da sua geografia, que no começo, era imperceptível. Por isso, o projeto procurou redescobrir a geografia local, associando-a às infraestruturas urbanas – elementos fundamentais da cidade contemporânea, através dos quais se pode avaliar o grau de inclusão social que uma dada região oferece. • Autoria: VIGLIECCA&ASSOC - Héctor Vigliecca, Luciene Quel, Ruben Otero, Anne Marie Sumner, Ronald Werner Fiedler, Paulo Serra, Luci Maie • Data: 2004 A CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA, POLÍTICA, ECONÔMICA E SOCIAL DA OBRA • O bairro do Carandiru é um dos bairros que pertencem à prefeitura regional de Santana/Tucuruvi, na zona norte da cidade de São Paulo; essa região está situada ao norte do Rio Tietê. A ocupação desse bairro é considerada tardia ao se comparar com algumas outras regiões de metrópole paulistana. • Carandiru: O bairro do Carandiru recebeu o nome de um dos córregos que banhava a fazenda Sant’ Ana. O bairro se tornou conhecido por abrigar em seu território o antigo complexo da Penitenciária do Estado; e posteriormente foram construídos vários edifícios na intenção de abrigar a Casa de Detenção de São Paulo. • Em meados da década de 1940 o presídio atingiu sua lotação máxima, aliado com as crises financeiras e administrativas. Ocorreu o enfraquecimento no sistema carcerário, que passava na ocasião por um período de inúmeros suicídios, e a penitenciária já não era mais um modelo a ser seguido. Nesse momento ocorre a construção da Casa de detenção Flaminio Favero, dando início ao complexo penitenciário do Carandiru. • A desativação do complexo penitenciário foi proposta pelo governador Mario Covas em 1995, o qual propunha a demolição do complexo e a venda de seu terreno, gerando verba para a construção de novos presídios no interior. • Em 2002 o complexo foi desativado, e os detentos que ainda restavam foram remanejados. Foi proposto pelo governo do estado a construção de um complexo cultural no local do antigo complexo, visando transformar a memória ali presente. No processo de desativação do presídio foi realizado um concurso para a escolha do projeto arquitetônico para o futuro parque. O projeto vencedor foi realizado pelo escritório Aflalo e Gasperini, que visava transformar essa área marcada por tragédias em um espaço dedicado à cultura e ao lazer. • O parque foi construído em uma área de aproximadamente 35000m². O conjunto idealizado pelo escritório Aflalo e Gasperini, contou com o projeto paisagístico coordenado pelo escritório de Rosa Grena Kliass. • O projeto era constituído por três setores: A primeira fase foi entregue em 2003 e contava com as instalações do Parque Esportivo que possui pista de skate, pista para caminhada e dez quadras poliesportivas. A segunda fase foi entregue no segundo semestre de 2004 foi o Parque Central, composto por uma representativa área de cobertura vegetal. A terceira parte, que foi entregue no começo de 2005, foi o Parque Institucional que possui um caráter cultural. Nesse espaço estão localizados a Biblioteca São Paulo e as escolas destinadas a cursos profissionalizantes, e essa área do parque ainda faz a ligação com a estação Carandiru do metrô. A LOCALIZAÇÃO DO PROJETO E SUA INSERÇÃO NO MUNICÍPIO, SUA RELAÇÃO COM A CIDADE E ÁREA DO ENTORNO: • A região onde se instala esta Operação Urbana ocupa ao Norte parte da várzea do Rio Tiete, no trecho compreendido entre esse e o início das colinas do maciço da Cantareira. Ao Sul, ocupa ao longo do Rio Tietê, apenas pequena faixa de terreno que abrange parte do Bom Retiro, Ponte Pequena e trecho do Pari. Para o Oeste ocupa parte da Casa Verde, tendo a Avenida Brás Leme como divisa e a Leste, se estende até a Via Dutra, abarcando a Vila Guilherme e a Vila Maria. • Encontra-se em extensa e plana área onde ocorre também à desembocadura do Rio Tamanduateí, antes alagadiça e tomada pelos meandros do Rio Tiete, quando nela formava lagoas e a inundava, anteriormente à sua retificação. • A área que a Operação Urbana Carandiru – Vila Maria abrange é de 1752 ha. • A ocupação se deu de maneira desordenada sendo que em parte ocorreu como expansão, desde antigos caminhos, das vias que estruturaram o território e em parte resultou da implantação de loteamentos residenciais, como nos casos da Vila Guilherme e Vila Maria. Ocorreu, ainda, com a formação de terrenos de maiores proporções, resultantes das instalações industriais, comerciais ou de atividades prestadoras de serviços, no intervalo de tempo reduzido e relativamente recente dos últimos trinta anos. • Como resultado, formaram-se no local estrutura fundiária e morfologia, com tamanhas discrepâncias, nas quais estão justapostas quadras parceladas em diminutos lotes, ocupados com pequenas casas ou sobrados geminados, e extensos terrenos com garagens de ônibus ou transportadoras, ou mesmo algumas indústrias que ainda restam, responsáveis, em boa medida, pela degradação ambiental de parcela da região. • A partição do território ocorreu descontroladamente, à medida que se obtiveram terrenos disponíveis após a retificação do leito do Rio Tietê, construindo-se trama descontínua e traçado viário incapaz de articular com eficiência e clareza este espaço. • Posteriormente o terreno da várzea passou a ser recoberto com intermináveis superfícies de estacionamentos e outras formas de impermeabilização do solo, dos córregos ou canais, aberto para atingir o leito do Tietê, e quando não estão canalizados subterraneamente têm as margens comprimidas por vias ou outras formas de ocupação muito próximas do seu leito. O padrão de ocupação, usual em São Paulo em áreas com essas características, conduz às periódicas inundações e alagamentos que tornam ainda mais restrita a mobilidade, tornando comprometida à utilização do seu território. • A ocupação é de baixa densidade e amplos terrenos remanescem desocupados ou pouco utilizados. As favelas presentes na região da operação urbana, especialmente a favela da Zaki Narchi construída sobre antigo depósito de lixo, estão permanentemente expostas a risco e são frequentes os casos de incêndios. ELEMENTOS DE LEITURA URBANA E DIAGNÓSTICO URBANÍSTICO: • O plano estratégico que engendra essas relações, aqui chamado de Plano-Referência de Intervenção e Ordenação Urbanística (PRIOU), é o instrumento básico de formulação dessa equação. Nele é que se definem onde, quanto e em quais limites da lei vigente no local será possível ultrapassar suas restrições, para calcular, com base em estimativa de adesão aos dispositivos desta operação, os recursos a serem obtidos para as intervenções previstas. • O projeto urbanístico, nesse processo, é a ferramenta que configura espacialmente essa operação, antecipando os seus resultados físicos, quer sejam decorrentes das intervenções promovidas ou conduzidas pelo governo municipal, quer sejam aquelas realizadas com os investimentos privados. Este formula as hipóteses de aproveitamento do solo, de acordo com diferentes setores estabelecidos no projeto, e define a configuração volumétrica e espacial que deverá ser obedecida em determinados locais. É com base nesses elementos que a fórmula se estrutura no PRIOU. • Na realidade a Operação Urbana Carandiru – Vila Maria se origina do projeto urbanístico. Ele estabelece o desenho das transformações pelas quais a área deve passar, as reformulações pretendidas e a inserção de parte dos elementos dissolvidos na trama desse território, definindo os próprios limites da abrangênciaterritorial do projeto. • O Projeto Urbanístico Carandiru – Vila Maria, por sua vez, foi desenvolvido com enfoque em três principais temas, assim definidos: 1. Alcançar maior adensamento da ocupação territorial e promover a atração da mais ampla diversidade de usos: que proporcionem a utilização intensa da infraestrutura instalada e a obtenção das condições para o emprego pleno daquela que virá a ser instalada, sobretudo a Linha 8 do Metrô, cuja construção está prevista para o local. Também, com a ocupação diversificada e de elevada densidade, busca-se gerar condições para que a dinâmica econômica e a afluência de público, dos equipamentos de serviços e de comércio de grande porte da área, repercutam, em parte, nas suas proximidades, que estejam ou venham a se instalar na região; 2. Regenerar o ambiente e a paisagem: de modo a obter condições adequadas de habitabilidade, melhorando os padrões de moradia da população residente e dos usuários permanentes ou temporários e, ainda, de maneira a ampliar o universo da habitação no local. Nesse sentido, a oferta de áreas públicas na região é fator preponderante para atingir as condições estabelecidas no projeto; 3. Adquirir mobilidade no interior da região da Operação Urbana: em que é precário o deslocamento entre pontos próximos, enquanto são fartos os meios de acesso ao seu território. A articulação dos equipamentos mencionados mostra-se possível no Projeto Urbanístico Carandiru – Vila Maria, por meio do alinhamento dos maiores deles, com vias em parte existentes e algumas ligações a serem construídas entre essas. Da conquista por mover-se com facilidade e rapidez e ainda estimular a circulação, por vários meios, depende a intensificação do uso dos equipamentos instalados e a atração de novas atividades para a região, conforme acima se propõe. • Intervenções Estruturais: 1. Eixo estruturador leste oeste: A tarja que no desenho da Operação Urbana rasga a região, no seu sentido maior, é o Eixo Estruturador Leste Oeste. A proposta que ele traz supõe articular os grandes equipamentos hoje desconectados, pela interligação de vias existentes, mediante a abertura de trechos nos quais hoje em dia não existe continuidade. Baseia-se também no aproveitamento de áreas públicas dispostas ao longo dessas vias, de maneira a configurar faixa contínua estendida sobre este território e no interior do qual desenvolve-se a operação urbana, com parâmetros mais precisos de ocupação. O traçado da linha 8 do Metrô, ou Arco Norte, como também é chamada, que antes tinha seu percurso desenhado mais ao norte da região, passa agora a integrar esse eixo. A característica da sua ocupação, no projeto, é a de eixo de adensamento previsto para atrair investimentos do setor habitacional e criar estímulos aos empreendimentos dos setores do comércio, de serviços e de escritórios. Mas não apenas destes, se não ainda voltar-se para a atração de hotéis, equipamentos culturais e de entretenimento, entendendo que estas atividades têm afinidade com os eventos, feiras e exposições que são realizados nos grandes equipamentos e com outros, como universidades e equipamentos esportivos de grande porte, hoje instalados na região. Para esse eixo, que se prolonga do Campo de Marte até as proximidades do Parque da Vila Guilherme, junto ao antigo terreno da Sociedade Paulista de Trote, são estabelecidos coeficientes de permeabilidade do solo acima do usual, para configurá-la inclusive como extensa faixa verde. A ocupação do solo, sobretudo junto às vias que o conformam, deve ser marcada por atividades predominantemente de uso coletivo para tornar mais fácil e desimpedida a circulação de pedestres, intensificando sua utilização. 2. Eixo estruturador norte sul: Entre as avenidas Santos Dumont e Cruzeiro do Sul, forma-se área com formato de trapézio, apresentando em ambos os lados extensas áreas públicas como o Campo de Marte, o terreno do Anhembi, o do antigo Carandiru, além de outros. No seu interior ocorre ocupação de baixo aproveitamento e algumas quadras apresentam sinais de degradação, com edificações mal conservadas. A rua Voluntários da Pátria, que acompanha longitudinalmente essa área, no projeto prolonga-se até a margem oposta do rio pela Avenida Tiradentes, definindo uma espinha dorsal que o projeto trata como via de centralidade linear, a ser transformada em linha contínua, com a construção de transposição sobre o Rio Tietê. Recupera-se a ligação histórica existente até a demolição da Ponte Grande, substituída com a construção da Ponte das Bandeiras. Essa via central será reservada para o trânsito de acesso às edificações e para o transporte de passageiros, com calçadas largas e outras melhorias que a torne um amplo passeio. As avenidas laterais (Santos Dumont e Cruzeiro do Sul) continuam a servir como vias de apoio para o desenvolvimento da área interna, com sistema de transporte de passageiros de capacidade elevada, como é o caso do Metrô Norte-Sul, ali instalado. O quadrilátero assim formado é outro eixo de estruturação do espaço urbano, para o qual está prevista ocupação mais densa e utilização por moradia, serviços e comércio local. 3. Parque linear dos Carajás: O Parque Domingos Luiz, localizado ao norte da região, em pequeno vale do bairro Jardim São Paulo, é hoje dividido em três partes ocupadas com equipamentos públicos diferentes. A proposta de reuni-las em um único espaço, está no Plano Regional Estratégico da Subprefeitura de Santana – Tucuruvi. A esta proposta, o Projeto Urbanístico Carandiru acrescenta a intenção de prolongar sua faixa verde, de modo a conectá- la com as margens do Córrego dos Carajás, mais ao sul, passando-a pelo Parque da Juventude, no antigo terreno do Carandiru, formando assim um contínuo parque linear, desde o extremo superior da região até a margem do Rio Tietê. Apenas num pequeno trecho é necessário promover desapropriações para assegurar essa continuidade e garantir que o seu percurso não sofra interrupção. 4. Parque linear do Córrego da Divisa: O conjunto de terrenos que cercam o Trote, o histórico hipódromo da Vila Guilherme, converte-se, no projeto urbanístico, em uma única área destinada a parque público. Em parte, isso já ocorre no trecho do Parque Municipal da Vila Guilherme e na parcela até recentemente ocupada pela Sociedade Paulista de Trote, antes da sua desapropriação pela Prefeitura. A partir dessa ampla área verde prolonga-se o parque linear, margeando o Córrego da Divisa (resultante da transferência da pista para veículos da margem direita, para junto da outra via, à esquerda) seguindo até encontrar o Parque da Vila Maria, também proposto no projeto. 5. Via de Apoio Norte: Vias estruturais de porte estão previstas no Plano Diretor Estratégico de São Paulo, ao Norte e ao Sul das marginais do Rio Tietê, como vias que devem estabelecer a ligação entre regiões afastadas da cidade e reduzir a carga de veículos intensa dessas marginais. O projeto urbanístico incorpora ao seu desenho essa diretriz, dando traçado adequado a essas vias, de acordo com as intenções gerais do projeto. Ao Norte, essa via praticamente acompanha a linha limite da várzea aproveitando-se em certo trecho da largura e do desnível entre as pistas da Avenida Brás Leme. Em outro trecho a Rua Chico Pontes é que dá continuidade a essa função (6). 6. Via de Apoio Sul: Ao Sul, a via que cumpre papel correlato, na altura da região abrangida pela Operação Urbana, forma-se pelo prolongamento da Avenida Marquês de São Vicente, Norma Pieruccini Gianotti e Sérgio Tomas, quando esta alcança a via de ligação da Marginal Sul do Rio Tietê com a Avenida do Estado. No seu prolongamento segue traçado que acompanha a linha do Metrô, prevendo área de desapropriação que, alargando a faixa criada rente ao casario remanescente da construção da linha, afasta essas edificações que hoje estão sob a linhaNorte-Sul do Metrô. • Intervenções Locais: As intervenções diretamente conduzidas pela prefeitura, no âmbito da Operação Urbana Carandiru – Vila Maria, também são aquelas de interesse localizado ou de alcance mais restrito, do que as anteriores, sob o aspecto da repercussão que trazem para o conjunto da região. Algumas dessas são: 1. Parque da Vila Maria, em área desocupada, nas proximidades do Rio Tietê. 2. Parque da Casa Verde, com instalações destinadas à utilização pelas escolas de samba, na preparação dos desfiles no Sambódromo. 3. Praça linear ao longo da Avenida Santos Dumont, resultante da realocação da pista a oeste e canteiro central para junto da outra situada à leste. 4. Reconfiguração da Praça Santo Eduardo, no centro da Vila Maria, pela supressão de vias que a contornam. 5. Praça de eventos, junto à futura estação do Metrô, a ser localizada nas proximidades do Parque Linear dos Carajás. 6. Melhorias no sistema viário leste-oeste, em especial a ligação das vias Zaki Narchi com Cel. Marques Ribeiro e o seu prolongamento pela Rua João Veloso. 7. Construção das alças de acesso da avenida Brás Leme com a Avenida Olavo Fontoura, junto à Ponte das Bandeiras e junto à Ponte Cruzeiro do Sul. 8. Requalificação da Avenida Joaquina Ramalho. 9. Requalificação da Avenida Guilherme Cotching. 10. Novos Equipamentos, tais como Terminal de ônibus da Vila Maria e Ginásio Esportivo junto a marginal Sul do Rio Tietê, na altura da Ponte Cruzeiro do Sul. RELAÇÃO ENTRE O DIAGNÓSTICO URBANO E A PROPOSTA DE PROJETO – IDENTIFICAÇÃO DO PARTIDO: • A setorização estabelecida para a região da Operação Urbana procura se ajustar ao desenho do projeto urbanístico proposto e às suas intenções, quanto à forma da ocupação que ocorrerá nesses setores. • Para tanto, estabeleceu-se diferenciadamente os parâmetros dessa ocupação e estipularam-se os estoques adicionais de área construída, passíveis de concessão onerosa para cada um desses setores e o valor da conversão em metros quadrados de área construída de cada CEPAC, acima do básico estabelecido para o local. • No caso da Operação Urbana Carandiru – Vila Maria, o total de área construída adicional pode atingir 1.500.000 m², distribuídos diferentemente entre os usos residencial e outros, sendo que o estoque para uso residencial é quase o dobro dos demais. • Por sua vez a conversão de área adicional em CEPAC é tal que cada um desses certificados permite a construção de maior quantidade de área residencial excedente em relação à metragem adicional de construção de qualquer outro uso. • Ao final da atribuição de áreas adicionais do estoque por setor e do cálculo baseado na quantidade de área que se converterá em CEPAC, na Operação Urbana Carandiru – Vila Maria atinge-se a estimativa de 460.000 CEPAC’s que serão vendidos em leilão, por lotes, seguindo programação a ser elaborada. Afora esses parâmetros, nos eixos estruturadores, também são estabelecidos modelos volumétricos de ocupação, de modo a assegurar resultado urbanístico e paisagístico que correspondam ao padrão desejável, face ao aproveitamento mais elevado desses setores. • Os recursos originados da outorga onerosa se destinam às obras previstas no PRIOU e definidas no projeto urbanístico, mas também visam aos programas que induzam às transformações necessárias, motivo primeiro das Operações Urbanas Consorciadas. • Dentre essas transformações, a de maior interesse é aquela que se refere à erradicação da habitação subnormal na região desta operação, uma vez que essa se apresenta como o problema o mais grave existente no local. • Além da favela da Zaki Narchi, instalada nas proximidades da antiga Casa de Detenção, outros núcleos menores, ou ocupações com as características desse tipo de assentamento, localizadas ao longo de algumas vias, nas calçadas e em faixas das linhas de transmissão, expõem o quadro mais evidente da questão. Contudo, admite-se que são nos cortiços onde se abriga o maior contingente da população de baixa renda nessa região. Não existe levantamento que forneça com exatidão a quantidade de moradores nesta circunstância. • Por sua vez, o programa destinado a erradicar esse tipo de moradia poderá ir além da demanda exclusivamente originária da região, ou compor-se com programas em curso, como o que vem sendo desenvolvido na região do Bom Retiro e Pari pela Secretaria Municipal de Habitação, por meio da HABI, com a CDHU do Governo do Estado de São Paulo. Seja como for, no plano há o empenho no sentido de manter essa população residindo nas proximidades do seu atual local de moradia, para assim impedir a sua expulsão quando da efetiva deflagração desta operação. • Outros programas devem ser também pormenorizados com vistas a acelerar transformações que apressem o desencadeamento da Operação Urbana Carandiru – Vila Maria. Um desses, por certo, é o que trata do estabelecimento das empresas transportadoras na região. • Pelas características como a atividade se desenvolve, sua manutenção no local é fator de inibição das mudanças pretendidas, pois, além de degradarem o ambiente à sua volta, ocupam terrenos amplos que podem gerar áreas para ocupação com elevada concentração e, em vários casos, podem ainda possibilitar a ampliação da trama viária. • Quando da conversão do estudo da Operação Urbana em lei, é importante que nela estejam previstos os percentuais da arrecadação que devam ser destinados a cada um dos programas considerados estratégicos. Iniciativas assim devem ser conduzidas visando à implementação, mesmo que dela recebam aportes proporcionalmente menores, ou nem utilizem seus recursos, como nos casos de intervenções pertencentes a projetos em curso ou previstos em planos maiores, como o Plano Diretor Estratégico (Lei n° 13430/02). No detalhamento e acompanhamento da implantação do PRIOU Carandiru – Vila Maria, não obstante, darão origem a programas adequados às diretrizes contidas nesse plano. • Todo o arcabouço necessário para dar existência à Operação Urbana não terão sustentação se não estiver apoiado em aparato administrativo constituído de forma apropriada para conduzi-la e que a faça cumprir sua finalidade. • Não basta, conforme ficou evidenciado em vários dos exemplos anteriores das Operações Urbanas na Cidade de São Paulo, que a Prefeitura cuide da elaboração e promulgação da lei, que lhe dá existência formal, e permaneça imóvel aguardando que os interessados se apresentem para fazer uso dos seus dispositivos. • Tal organismo terá de, não apenas assegurar o funcionamento da mecânica e o monitoramento dos resultados da Operação Urbana. Deverá também ser constituído para atrair os investimentos, cuidar da exposição, difusão e discussão dos objetivos perseguidos no seu plano, além de analisar e conduzir os projetos e programas nela previstos. Nessa direção terá de incorporar na sua estrutura a participação dos vários setores da sociedade que estejam a ela ou por ela afetados, desde o seu início, caso queira de fato conquistar a adesão dos interessados durante todo o seu processo. • A opção por utilizar ou não algum dispositivo da operação urbana, é facultada ao empreendedor imobiliário, quando esse decide realizar seu investimento na região, segundo o modelo de lei das primeiras Operações Urbanas em São Paulo, algumas ainda em vigor. • O Projeto Urbanístico, com vista a ser implantado segundo a noção de Operação Urbana ora adotada, supõe parcelamento, ocupação e usos do solo previstos de acordo com concepção coesa e integrada. Sua implantação ocorrerá ao longo do período estimado de, pelo menos, vinte anos até que esteja completada. Ao longo desse período conviverão os aspectos remanescentes da situação original com aqueles introduzidos pelo projeto, como ocorre sempre, seja longo ou não esse período. • Todavia, se deixada em lei à opção quanto à adoção de parâmetros de ocupação, para osquais na Operação Urbana não exista margem para escolha ou, sobretudo, quanto à adoção de usos permitidos pela norma incidente, que contrariem a orientação adotada pelo projeto, a Operação Urbana poderá ter obstado sua implantação e ver descaracterizados seus objetivos, em decorrência de incongruências entre as formas de ocupação ou dos usos admitidos na legislação vigente e aqueles previstos na lei da Operação Urbana. • Também nesse aspecto, a lei da Operação Urbana Carandiru – Vila Maria, como as das demais Operações Urbanas, terá de ser inovadora tanto quanto a introdução do PRIOU e do projeto urbanístico abrangente são inovadores nas atuais Operações Urbanas Consorciadas da Cidade de São Paulo. REFERÊNCIAS: • https://pt.wikipedia.org/wiki/Carandiru • https://moovitapp.com/index/pt-br/transporte_p%C3%BAblico-Metro_Carandiru-Sao_Paulo- site_24128418-242 • https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.065/415 https://pt.wikipedia.org/wiki/Carandiru https://moovitapp.com/index/pt-br/transporte_p%C3%BAblico-Metro_Carandiru-Sao_Paulo-site_24128418-242 https://moovitapp.com/index/pt-br/transporte_p%C3%BAblico-Metro_Carandiru-Sao_Paulo-site_24128418-242 https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.065/415
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