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FONTES, MÉTODOS E INFLUÊNCIAS NA TRADUÇÃO DE JOÃO FERREIRA DE ALMEIDA - SÉRGIO MARTINS SILVA FILHO

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CURSO DE BACHARELADO EM TEOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTES, MÉTODOS E INFLUÊNCIAS NA TRADUÇÃO DE JOÃO 
FERREIRA DE ALMEIDA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Itapetininga, SP 
Janeiro / 2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTES, MÉTODOS E INFLUÊNCIAS NA TRADUÇÃO DE JOÃO 
FERREIRA DE ALMEIDA 
 
SÉRGIO MARTINS SILVA FILHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada PITT, como 
requisito parcial para licenciatura e 
ordenação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Itapetininga, SP 
Janeiro - 2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 7 
2 FONTES DA TRADUÇÃO DE ALMEIDA ............................................................ 10 
2.1 Da infância até adolescência .......................................................................... 10 
2.2 Em Lisboa ........................................................................................................ 11 
2.3 Período Holandês ............................................................................................ 12 
2.4 Quais línguas sabia João Ferreira de Almeida? ........................................... 14 
2.5 De quais Línguas Almeida traduziu a bíblia? ............................................... 15 
2.6 A língua holandesa.......................................................................................... 15 
2.7 A língua grega ................................................................................................. 16 
2.8 A língua hebraica ............................................................................................ 17 
3 MÉTODO DE TRADUÇÃO DE ALMEIDA ........................................................... 19 
3.1 Definição: Equivalência formal ...................................................................... 19 
3.2 Definição: Equivalência dinâmica ................................................................. 19 
3.3 As dificuldades enfrentadas por Almeida no processo de tradução .......... 20 
3.4 O método de tradução de Almeida ................................................................ 21 
3.5 A escritura para Almeida ................................................................................ 21 
3.6 O método usado por Almeida ........................................................................ 22 
4 AS INFLUÊNCIAS DOUTRINARIAS, HISTÓRICAS E SOCIOCULTURAIS NA 
TRADUÇÃO DE ALMEIDA ...................................................................................... 25 
4.1 O contexto histórico dos domínios portugueses no oriente ....................... 27 
4.2 O contexto histórico dos domínios holandeses no oriente ........................ 28 
4.3 Os conflitos entre portugueses e holandeses nas índias orientais............ 30 
4.4 Uma tradução com clara interpretação calvinista? ...................................... 30 
4.5 Conclusões sobre as influências históricas, culturais e teológicas na 
tradução de Almeida ............................................................................................... 31 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 34 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 37 
 
 
7 
 
1 - INTRODUÇÃO 
 
A tradução de um texto de um idioma para outro nunca foi tarefa fácil, mas 
o desafio se torna imensamente maior quando se fala sobre a bíblia, pois então a 
complexidade não está somente na verificação da fidelidade linguística ao autor 
humano, mas tomando como pressuposto ser ela mensagem de Deus inspirada 
dentro de complexa realidade cultural, histórica e literária, exige-se ainda do tradutor 
decisões cruciais a respeito do sentido do texto e a maneira de expressá-lo para que 
cause o mesmo efeito que produziu sobre seus leitores originais, também existe a 
dificuldade que tais textos, considerados sensíveis, trazem de impacto sobre grupos 
confessionais e as resistências que podem ser criadas por motivos dogmáticos. 
Em língua portuguesa o texto revisto e revisado em tantas versões, mais 
amado e utilizado ao longo dos séculos de protestantismo brasileiro é a tradução de 
João Ferreira de Almeida. 
Diante da grandiosidade expressiva e espaço ocupado dentro do 
protestantismo brasileiro pela tradução de Almeida, um estudo a respeito das línguas 
utilizadas pelo tradutor, as influências histórico-religiosas e os métodos empregados 
para confecção do texto final produzido, contribuem para um clareamento da 
importância da tradução bíblica em termos gerais, abre espaço para um análise em 
relação a tradução de Almeida, o que pode contribuir significativamente para teologia 
luso-brasileira impulsionando uma discussão crítica do texto e para sua compreensão, 
tendo para isso algumas importantes informações a respeito dos pressupostos que 
orientaram o tradutor, não esquecendo ainda que a reflexão levantada é de máxima 
importância não apenas dentro do cristianismo mas de toda literatura em língua 
portuguesa. 
A maior obra sobre o assunto e que contém a maior parte do arcabouço 
teórico que até então se tem estabelecido é de Alves (2006), Frei Capuchinho e 
Português que reuniu e publicou sua tese de doutoramento com quantidade 
inigualável de conteúdo sobre o tema, reproduzindo inclusive as fontes holandesas 
integralmente, que são de crucial importância para o tema da pesquisa por se tratarem 
exatamente do período em que Almeida trabalhava em seu texto, daí provém atas e 
documentações primárias sobre o tema pesquisado. 
8 
 
Sobre as discussões a respeito do preparo de Almeida, tem muito a dizer 
Hallock e Swellengrebel (2000, p.65) que em dado momento expressam de maneira 
nítida que Almeida tinha grande habilidade teológica e profundidade em seus estudos 
bíblicos, vencendo os debates em que se envolvia com os Católicos Romanos. 
Também afirma Alves (2006, p.452) a respeito do preparo e utilização de línguas de 
Almeida, “João Ferreira d’ Almeida dotado certamente de uma inteligência rara, 
cultivou não somente as línguas da bíblia, mas sobretudo as línguas necessárias para 
sua atividade pastoral, nos territórios onde cruzavam diferentes povos e culturas.” e 
recente contribuição oferece Tomé (2017) com um apanhado primoroso de dados 
historiográficos e uma sólida reconstituição formativa educacional de Almeida desde 
a infância até o preparo em vida adulta. 
Sobre o método de tradução nos diz Santos (1806, p.44), “Consultou as 
melhores traducções, que então corrião, como taes, e mui particularmente a nova 
versão hollandeza que se havia publicado em 1637”, também Cavalcante Filho (2013, 
p. 49-64) traz grande contribuição ao assunto quando trabalha os conceitos de 
equivalência formal e dinâmica em uma análise da tradução de Almeida, o que coloca 
em uma perspectiva crítica a metodologia empregada pelo tradutor, oferecendo-nos 
grande contribuição na discussão se Almeida teria usado e seguido traduções de 
línguas vernáculas e em qual medida se manteve rígido e guiando-se pelas línguas 
bíblicas originais. 
Quanto as influências que adentram a tradução no processo de 
transmissão de um idioma a outro, diz Raupp (2015 p.118): 
Em outras palavras, é razoável e prudente admitir que há vários 
motivos para crer que o tradutor é influenciado por uma série de 
Fatores que definem sua maneira de traduzir, já que não restam 
dúvidas de que transportar um texto de uma língua para outra é uma 
imbricada atividade que envolve interpretação, transmutação, 
preenchimento de lacunas, produção de significados e, 
principalmente, apropriação do original. 
O mesmo autor traz contribuição significativa para discussão da inserção 
depressupostos históricos, ideológicos e teológicos nas traduções bíblicas em geral. 
Focalizando-se na tradução de Almeida dentro do seu ambiente formativo Fernandes 
(2014) tem importante material de pesquisa histórico para compreensão dos conflitos 
católico-protestante nas índias orientais que auxiliam significativamente no 
entendimento do pensamento teológico e das relações humanas conflituosas no 
período e local onde foi produzido o texto. 
9 
 
 
 
A pesquisa analisa as estruturas bases da formação linguística de João 
Ferreira de Almeida, bem como se o texto de tradução final provém diretamente das 
línguas originais ou tem sua origem em línguas vulgares conhecidas pelo tradutor, ou 
ainda se ambas se mesclam como fontes das quais o tradutor se serviu para verter 
um texto em português, também será analisada a metodologia utilizada por Almeida 
em sua tradução adentrando na discussão e tensão entre equivalência dinâmica e 
equivalência formal e uma análise das influências históricas, sociais e dogmáticas no 
texto final da tradução. Com o objetivo de obter o resultado da presente pesquisa foi 
efetuada uma leitura analítica e crítica dos livros de referência com a intenção de 
trazer à tona uma compreensão coerente e mais explicativa possível para as hipóteses 
previamente levantadas. 
A pesquisa está exposta em três etapas no seu corpo de conteúdo principal 
baseando-se nas referências bibliográficas, cada parte é responsável por um assunto 
no tema delimitado e a partir disso foi apresentada uma conclusão do referido objeto 
de pesquisa. Em primeiro foram consultadas as fontes biográficas que tratem da 
preparação nos estudos de Almeida, para isso se utilizou informações de sua 
formação desde a mocidade até seu treinamento formal como ministro, a partir disso 
se estabeleceu o percurso educativo e os idiomas que Almeida teria então aprendido 
e se utilizado como fonte para seu texto, também se analisou a metodologia principal 
utilizada por Almeida, isso é, uma análise do texto no que refere a perceber sua 
inclinação para equivalência formal ou dinâmica e a partir disso explicitar em qual 
classificação geral podemos colocar sua tradução, para isso foi utilizada bibliografia 
já produzida sobre seu texto e fontes documentais que fazem referência a tradução. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
2 - FONTES DA TRADUÇÃO DE ALMEIDA 
 
A pergunta sobre o preparo de Almeida como um tradutor exige alguma 
compreensão a respeito de sua origem e fatos pontuais de sua trajetória que envolvam 
seus estudos e experiências, e ainda uma compreensão do seu contexto histórico-
cultural que ajudem a responder seu conhecimento linguístico e seu preparo como 
tradutor. 
João Ferreira de Almeida é um homem importante do século XVII, mas ao 
mesmo tempo como diz Alves (2006, p.75) “um grande desconhecido”, isso é, sua 
biografia é de difícil construção devido à falta de registros e de pesquisas a seu 
respeito nos períodos próximos de seu tempo, ou quando existentes, relata Alves 
(2006, p.77) “sofrem do mal da parcialidade” devido ao contexto de grande conflito no 
local em que Almeida se encontrava, onde existia um aberto combate entre 
holandeses, que abastecidos de ganhos econômicos recentes expandiam seus 
territórios tomando áreas já colonizadas por outros países, e portugueses, sendo 
esses seus maiores opositores, sempre lutando por manter suas posses e meios 
comerciais. Nesse contexto temos paradoxalmente o tradutor, português e católico de 
nascença, converso a fé calvinista e integrante da igreja holandesa, países em guerra 
e terra em conflito, isso sem esquecer do problema geral das inclinações apologéticas 
inflamadas entre católicos e protestantes do século XVII. 
 
2.1 - Da infância até adolescência 
 
Existe pouca informação precisa sobre Almeida e sua infância, nada muito 
concreto pode ser exposto antes que chegasse em Batávia em 1642 (um estranho 
caso de um celebre desconhecido), pode-se afirmar, porém, que seu nascimento se 
deu por volta de 1628 em Torre de Tavares no norte de Portugal, cidade pequena e 
com pouca expressão (HALLOCK; SWELLENGREBEL, 2000; SCHOLZ, 2006). 
Segundo Siqueira (1670, p. 148-149, apud ALVES, 2006, p. 77), João Ferreira 
“nasceo de pais católicos” sendo ele “nascido e baptizado na Igreja Romana” e ainda 
afirma BARATA (2001, p. 2) que “Sabe-se, no entanto, que ainda bebê perdeu os seus 
progenitores.” e por isso “Almeida foi entregue aos cuidados de um seu tio, sacerdote 
da Igreja Católica, que exercia o múnus espiritual em Lisboa” o que já nos dá indícios 
11 
 
 
 
de ter ele recebido treinamento em línguas e educação formal “com a esperança de 
ele ser padre algum dia” (HALLOCK; SWELLENGREBEL,2000, p. 36), aqui já é 
possível perceber e inferir algum contato de educação religiosa já em sua 
adolescência, ainda em seu período em Lisboa, um indicativo também da afirmação 
de uma esperança de que um dia viesse a ser padre nos dá fortes indícios de ter 
estudado alguns idiomas uteis e muito provavelmente o latim, o que acaba por ser 
corroborado por sua tradução do Novo testamento pouco tempo depois a partir do 
texto de Beza. 
 
2.2 - Em Lisboa 
 
Almeida permaneceu com seu tio em Lisboa até os 14 anos de idade, sendo 
provavelmente esse o início de seus estudos de maneira mais sistemática e séria, 
tendo em vista que em Torre de Tavares não haveria possiblidade de tais 
aprendizados pela precariedade do local e falta de desenvolvimento, isso porque o 
contexto da cidade era rural e sem um local próprio de capacitação educacional, um 
ambiente que teria pouca chance de levar Almeida a algum nível possível do que 
vemos posteriormente já em sua adolescência. (ALVES, 2006, p. 82). 
Hallock e Swellengrebel (2000, p. 36) escrevendo a respeito da tradição da 
história de Almeida dizem “O fato de que se tornou conhecedor de tantas línguas aos 
16 anos poderia indicar uma educação fora do comum”, o que remete a confirmação 
de seus estudos terem ocorrido durante o período em que estava sobre os cuidados 
de seu tio, a esse respeito diz Moreira (1928, apud BARATA, 2001, p. 3) “certamente, 
Almeida, em sua formação, passaria da Gramática ao Latim e porventura à Lógica, 
ajudaria à Missa, conheceria a Tábua de Pitágoras e o Lunário Perpétuo e terá 
folheado, com as mãos espertas, alguma HISTÓRIA SAGRADA, e, por certo, teria 
decorado JOÃO DE BARROS”. Todo esse tempo sob a tutela e cuidado de seu tio 
clérigo foram estruturais para formação educacional de Almeida, vindo de lugar sem 
capacidade para educa-lo, seu contato primário com um tipo de estudo mais elevado 
e sistematizado acontece apenas aqui e seria a base dos desdobramentos posteriores 
de sua capacitação, isso pode ser observado por seu bom domínio aos 16 anos de 
italiano, espanhol e latim, sua educação foi bem conduzida no seu tempo e Lisboa. 
 
12 
 
 
 
 2.3 - Período Holandês 
 
Aos 14 anos Almeida deixa Lisboa para Holanda, sobre o motivo de tal 
mudança é possível encontrar apenas conjecturas sendo o mais provável a 
instabilidade social que ocorria no período em Portugal e tendo em vista ser a Holanda 
no tempo do tradutor um local promissor e agitado para um jovem construir sua vida, 
por isso Alves (2006, p. 87) diz “para um jovem aventureiro como ele, a Holanda, com 
suas muitas colônias, apresentava-se como um mundo novo a descobrir”. A respeito 
de sua chegada a Holanda, Matos ( 2002, p. 13) escreve “talvez no primeiro semestre 
de 1641, ou mesmo em 1640, ano da tomada de Malaca pelos holandeses, Almeida 
tinha então 14 anos incompletos”, entrando em um efervescente contexto de 
expansão e domínio, já que os holandeses estavam a todo vapor no que diz respeito 
a domínio de territórios e expansão da sua fé para outros países que não tinham 
contato com as crenças reformadas, sendo nesse momento as índias orientais um 
local de nova conquista e com oportunidadespara os mais diversos tipos de setores 
e trabalho, inclusive para um jovem que se sentisse vocacionado ao ministério. 
Nessa mudança de Almeida para Holanda está o contato e conversão 
religiosa para o calvinismo, que se alastrava nos territórios de Carlos V em meio a 
controvérsias religiosas e políticas, que tiveram forte influência sobre o tradutor, tendo 
em vista o caráter polemista e apologético de seus escritos em períodos posteriores 
(ALVES, 2006, p. 133), também teve forte influência sobre sua conversão do 
catolicismo para o protestantismo o livreto em castelhano Differença d’a Christandade, 
que posteriormente foi traduzido pelo próprio Almeida, em sua leitura desse pequeno 
escrito apologético o ainda jovem Almeida encontrou sentido em sua defesa polemista 
de fé e nas críticas duríssimas que faz ao catolicismo romano, nas leituras e releituras 
desse texto acaba por abraçar a fé calvinista tornando-se um defensor ferrenho dá 
mesma, a respeito dessa história escreve Barata (2001, p. 3): 
Pelo que o próprio Ferreira de Almeida nos relata nas notas à edição 
da Diferença da Cristandade, o navio que o levou da Holanda para 
Malaca terá feito escala por Batávia, onde esteve algum tempo. 
Quando reiniciou a viagem de Batávia para Malaca, foi-lhe parar às 
mãos, o livro Diferença da Cristandade. Lendo, relendo e tornando a 
ler a referida obra, acabaria por abraçar a Fé nascida da leitura das 
Santas Escrituras, passando a frequentar a Igreja Reformada 
Holandesa, de língua portuguesa, desde o ano de 1642. 
 
13 
 
 
 
Almeida parte em determinado momento para índias orientais, que a pouco 
tempo haviam passado para o domínio holandês, a data mais provável é 1641 e 
possivelmente já se apresentando para o serviço do presbitério. (ALVES, 2006, p. 89). 
Já pouco após esse período, Almeida apresenta grande habilidade para tradução e 
para as línguas e uma consciência da necessidade de traduzir o texto em língua falada 
pelo povo, que no caso dos domínios recentes da Holanda nas índias orientais seguia 
sendo o português, e com apenas com 16 anos traduz parte do Novo Testamento a 
partir do latim, sobre isso diz Cavalcante Filho (2013, p.17): 
Com firme convicção de dar ao leitor lusitano a Bíblia em sua própria 
língua, já aos dezesseis anos de idade traduz para o português boa 
parte do Novo Testamento a partir da edição latina de Beza (uma 
versão reformada), auxiliado pelas traduções de Cassiodoro de Reyna 
(espanhol) e a de Giovanni Diodati (italiano). 
 
Passado algum tempo o tradutor se junta oficialmente ao serviço da igreja 
holandesa ocupando várias funções e cargos nos períodos que se seguem nas índias 
orientais, passando a estudar e ter algum treinamento formal para se tornar ministro, 
o que incluía algum conhecimento das línguas bíblicas. Alves (2006, p. 450) afirma 
“nessa altura não havia seminário propriamente dito em Batávia, pois todos os 
missionários vinham da Holanda com seus estudos já feitos e ordenados pastores” o 
que leva a entender que os estudos de Almeida foram particulares, orientados por um 
pastor segundo antiga fonte documental Archief I (1884, p. 48 apud ALVES, 2006, p. 
555) que diz “examinaram e fizeram candidato para o ministério um certo Joh. Ferreyra 
d’Almeyda de naturalidade portuguesa, que durante algum tempo estudou no meio 
deles em privado”, ainda assim é preciso perceber não ser esse um estudo 
sistematizado que permita elucidar qual o exato preparo de Almeida, já que 
claramente existe uma abismal diferença entre essa capacitação particular básica 
oferecida ao tradutor do extenso estudo feito na própria Holanda por aqueles que 
chegavam a missão nas índias orientais, mas ainda assim é possível afirmar que tinha 
grande capacidade como declara Hallock e Swellengrebel (2000, p. 65) “Almeida 
sempre estudou as escrituras em profundidade. Como dissemos acima, conhecia os 
escritos e as ideias dos grandes líderes da reforma. Mas era verdadeiro teólogo e 
autoridade em assuntos bíblicos.” 
 
 
14 
 
 
 
2.4 – Quais línguas sabia João Ferreira de Almeida? 
 
Essa pergunta é de máxima importância ao tema da pesquisa, 
principalmente no que se refere as línguas bíblicas (grego, hebraico). Alves (2006, p. 
452) diz “De facto se Almeida não sabia grego nem hebraico, as conclusões a tirar a 
propósito da sua tradução são muito diferentes das que tiramos, se partimos do 
pressuposto contrário”, o que confirma a importância de definir-se uma resposta à 
pergunta do preparo linguístico de Almeida. 
Já foi exposto, conforme declarado acima no seu período de baixo dos 
domínios holandeses, que Almeida aos dezesseis anos já havia traduzido o Novo 
testamento a partir do latim, auxiliado pelo espanhol e italiano, o que leva a concluir 
que aos 16 anos de idade já dominava ambos, sendo altamente compreensível devido 
à similaridade entre as línguas, principalmente no século XVII e dado o ano em que 
tal tradução acontece, o mais provável é que o domínios desse idioma tenham se 
dado ainda no seu tempo em Lisboa aos cuidados de seu tio clérigo. 
Sobre seu período nas índias orientais, diz Hallock e Swellengrebel (2000, 
p. 92-93) “durante o primeiro período, 1644-1645, Almeida não sabia usar as línguas 
originais, nem no segundo período 1651-1655” mas continuam afirmando “Em 1668, 
seu trabalho de tradução do Novo Testamento sai da escuridão onde havia 
desaparecido em 1655, e parece que, neste interim, ele havia estudado grego”, o que 
nos leva a concluir que houve durante esses anos um estudo preparatório do tradutor 
e uma evolução nos seus conhecimentos da língua grega, mas ainda permanece a 
pergunta sobre onde teria ele estudado as línguas bíblicas, sobre esse 
questionamento afirma Alves (2006, p. 452) “Isso pode levar-nos a pensar que os 
missionários calvinistas holandeses teriam em Batávia pelo menos uma incipiente 
“Escola Bíblica”, onde ministravam estudos das línguas da Bíblia e técnicas de 
tradução”, porém é preciso estar atento que tal preparo possível para se fazer uma 
efetiva tradução só se dá a partir do período de sua formação para ministro e conforme 
indicado por Alves essa escola ainda estaria no início de seus trabalhos e que 
provavelmente não contava com grandes mestres de línguas e tradução. (ALVES, 
2006, p.454). 
Sobre a conclusão a respeito das línguas que eram de conhecimento de 
Almeida, existem duas importantes afirmações que servem de resumo, a de Alves 
(2006, p.452) que diz “João Ferreira d’ Almeida dotado certamente de uma 
15 
 
 
 
inteligência rara, cultivou não somente as línguas da bíblia, mas sobretudo as línguas 
necessárias para sua atividade pastoral, nos territórios onde cruzavam diferentes 
povos e culturas.” e Barata (2001, p. 6) que conclui seu argumento dizendo "Há que 
saber que Almeida terminou a primeira tradução do espanhol, no ano de 1645. Este 
manuscrito teve que ser emendado por Almeida à mão. Mas a edição de 1681 já 
evidencia claramente os conhecimentos que Almeida tinha do grego, hebraico e 
holandês." 
Baseado portanto, nas obras traduzidas por Almeida e sua biografia 
conclui-se que o tradutor conhecia o Latim, tendo estudado o idioma com seu tio 
clérigo ainda na adolescência e aperfeiçoado em seus treinamentos como tradutor, 
também teria aprendido o holandês no seu período nas índias orientais sobre domínio 
da Holanda, ainda o espanhol e italiano conforme podem ser confirmados por seus 
trabalhos, e posteriormente após treinamento formal para ministro e tradutor aprendeu 
grego e talvez o hebraico em alguma medida, sendo esse o caso mais complexo a se 
afirmar. 
 
2.5 – De quais Línguas Almeida traduziu a bíblia? 
 
Já tendo estabelecido quais línguas sabia Almeida, uma outra pergunta se 
coloca com muita importância na construção de suas fontes, isso é, quais línguas o 
tradutor utilizou em sua tradução? Quando se trata das fontes de sua tradução o 
assunto acerca de quaislínguas e outras traduções Almeida teria usado, toma gigante 
proporção para se concluir se teria vertido o texto diretamente do grego e hebraico ou 
de outra tradução que conhecia, a verdade é que o tema é um pouco nublado por 
fontes de período posterior que fazem afirmações generalizadas e pouco prováveis. 
 
 
2.6 – A língua holandesa 
 
Não é possível desvencilhar a influência da língua holandesa sobre 
Almeida, tendo em vista ter ele passado a maior parte de sua vida debaixo dos 
domínios da Holanda. (Alves, 2006, p. 456). Hallock e Swellengrebel (2000, p. 94) 
afirmam “Antes de 1668 já havia dominado o idioma Holandês. Desde 1665 tinha 
pregado naquela língua”, o que leva a conclusão de que Almeida tinha domínio do 
16 
 
 
 
idioma e de seu uso a partir desse período, sendo imprescindível que o tradutor o 
aprendesse devido a suas atividades como ministro da igreja holandesa e contato 
frequente com professores e liderança a quem respondia e que se comunicavam pelo 
holandês. Um dos grandes empecilhos para impressão de sua tradução foi 
exatamente a versão oficial Holandesa da bíblia, quando o tradutor apresentou seu 
texto traduzido em português, os revisores do concílio declararam como irregular sua 
tradução por não seguir a versão oficial holandesa e que deveria ser corrigida onde 
divergisse da mesma. (HALLOCK E SWELLENGREBEL, 200, p. 103), Almeida, então 
foi obrigado a corrigir toda e qualquer divergência da bíblia holandesa em seu texto, 
assim diz Alves (2006, p. 459) “exigem que a tradução de Almeida seja comparada e 
corrigida pela versão holandesa, em todas as passagens em que seja necessário.” , 
com clareza também afirma o catálogo de Darlow e Moule (1911)1, que Almeida 
utilizou a bíblia holandesa na edição de 1681 de sua tradução, e soma-se a isso ainda 
que a edição de capa, sumários e frontispício são idênticos ao da versão holandesa. 
(ALVES, 2006, p. 458). 
A conclusão, portanto, é que Almeida foi grandemente influenciado e se 
utilizou da língua holandesa para sua tradução em português, e não teria como não 
fazê-lo tendo em vista que a impressão de sua tradução dependia correlativamente a 
comparação e igualdade possível entre a versão oficial holandesa e seu texto, pois, 
sempre que esses divergiam era negada a impressão e circulação de sua tradução. 
 
2.7 – A língua grega 
 
De todas as línguas do qual Almeida poderia ter se servido para sua 
tradução, as bíblicas, isso é, o grego e hebraico, são as que compõem maior 
importância devido a serem elas os idiomas em que os textos foram originalmente 
escritos e especificamente no caso do Novo Testamento o grego. 
Alves (2006, p. 460) afirma ser palavra do próprio Almeida a afirmação de 
que terminaria a tradução do Novo testamento o mais breve possível, porém antes a 
compararia a versão grega, o que inicialmente explicita um indicativo de que o tradutor 
conhecia o idioma nesse período e o utilizo ainda que como correção as diferenças 
 
1 Item Número 3307 do catalogo 
17 
 
 
 
que percebeu entre o grego e outras traduções, já Santos (1806, p.44) vai fazer 
afirmação mais enfática desse processo, assim ele diz: 
Almeida trabalhou esta versão sobre o próprio texto grego, seguindo-
o sempre em todos os lugares em que discordava da vulgata, não só 
na interpretação, mas também nos acréscimos, e diminuições e na 
mesma transposição de alguns versículos, já nos mesmos capítulos, 
já de huns para outros, como se acha no texto grego. 
 
Tal afirmação também corrige antiga tradição que diz ser a tradução de 
Almeida a partir da vulgata, teoria essa pouco provável diante da construção biográfica 
e afirmações a respeito de sua tradução que confirmam ter seu texto e posterior 
revisão sido feita do grego, não deixando é claro de pontuar que nesse processo é 
quase unanime a percepção de que outras traduções continuaram a ser utilizadas 
como guia e quando divergiam, conforme entendeu Almeida, da tradução fiel ao texto 
original grego, eram então corrigidas. 
 
2.8 – A língua hebraica 
 
A língua hebraica representa um grande desafio devido a sua 
complexidade de aprendizado e tempo que exigia para que alguém pudesse ser 
considerado qualificado para, por exemplo, traduzir o antigo testamento com 
qualidade. Nessa pesquisa o desafio também está na falta de conclusão precisa a 
respeito da capacitação de Almeida em relação ao hebraico, e as vezes nas 
afirmações contraditórias a respeito de seu preparo e uso da língua na sua tradução, 
contudo, as informações possíveis de serem coletadas serão aqui expostas com suas 
probabilidades.(ALVES, 2006, p. 461-463) 
Alves (2006, p. 461) escreve a respeito da informação contida no prefácio 
do Antigo Testamento na tradução de Batávia (vol.1), onde existe a afirmação de que 
Almeida sabia hebraico, mas também vai relatar a dificuldade de achar a certeza disso 
em documentos do tempo do tradutor. Uma afirmação contrária a edição de Batávia 
que afirma ter Almeida domínio do hebraico pode ser encontrada em David Lopes 
(1936, p. 117 apud Alves, 2006, p. 462) que diz “Almeida não fez sua tradução dos 
livros sagrados dos textos originais”, argumento corroborado por Alves em relação ao 
hebraico, o autor diz dentre vários pontos argumentativos que existe a impossibilidade 
de tempo entre as traduções e o período de preparação de Almeida, o que o leva 
concluir que o tradutor não sabia hebraico, ou se o sabia era muito pouco para o 
18 
 
 
 
capacitar para tradução. (ALVES, 2006, p. 462). Em discordância ao discurso de 
Alves, Cavalcante Filho (2013, p. 62) vai afirmar: 
Almeida traduzia mesmo do hebraico o Antigo Testamento, e não de 
uma língua intermediária (quer espanhol, francês, holandês ou latim), 
sem negar, evidentemente, a ajuda que cada uma delas poderia dar, 
o que foi fato em todas as traduções da Reforma 
 
Conclui-se então a respeito das fontes utilizadas por Almeida em sua 
tradução, que se valeu de traduções consagradas da língua espanhola, italiana, latina 
e holandesa (da qual foi orientado a seguir para adaptar sua tradução a pedido 
expresso do concilio e seus revisores), e que utilizou a língua grega para comparar 
sua tradução com o texto bíblico em língua original. Quanto ao Antigo Testamento e 
o hebraico é mais provável afirmar diante da construção biográfica dos períodos do 
tradutor que ele teria seguido como pode o texto original hebraico, porém, sempre 
mantendo as traduções já estabelecidas como método de comparação e auxilio, ou 
se sabia muito bem o hebraico isso poderia ter vindo de uma hipótese que diz ser ele 
de origem Judaica, assim conheceria o idioma desde a infância (CAVALCANTE 
FILHO, 2013, p. 23), também como hipótese pode ter sido orientado por revisores 
holandeses capacitados (que de fato afirmam terem corrigido seu texto a partir do 
hebraico em edições posteriores) em hebraico e que Almeida poderia ter 
conhecimento mínimo do idioma. Fato é que definir esse ponto se torna um tanto 
quanto dificultoso, mas apesar de ser impossível afirmar o nível de conhecimento e 
uso de Almeida em relação a língua hebraica, é evidente declarar que ele a utilizou 
em alguma medida como fonte em sua tradução. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
 
3 – MÉTODO DE TRADUÇÃO DE ALMEIDA 
 
Estabelecidas as fontes, o preparo como tradutor e as línguas utilizadas, a 
atenção se volta agora para a metodologia empregada a respeito da equivalência 
formal ou dinâmica pelo tradutor. Se faz primordial estabelecer o que se entende por 
equivalência formal ou dinâmica e sua classificação, também observarmos o contexto 
em que se insere Almeida dentro dos possíveis parâmetros que norteiam sua 
metodologia, bem como, as dificuldades que enfrenta para concluir seu trabalho. 
 
3.1 – Definição: Equivalência formal 
 
Entende-se por equivalência formal em metodologia de tradução a 
abordagem que se prende de maneira mais rígida a gramáticado texto de origem, 
inclusive preservando ao máximo sua estrutura, assim nos resume Zimmer (2014, p. 
89): 
A tradução por equivalência formal orienta-se principalmente pela 
língua fonte, ou seja, guia-se pela mensagem na sua forma original. 
Por dar mais importância ao texto fonte, o tradutor que segue o 
princípio de equivalência formal em seu trabalho procura conservar, o 
máximo possível, as características gramaticais, a estrutura de 
cláusulas e frases e a consistência na tradução dos termos da língua 
original. 
 
Assim o tradutor que se utiliza da equivalência formal tende a produzir um 
texto menos fluido de leitura para língua receptora por tentar ao máximo reproduzir a 
estrutura, inclusive com a ordem de palavras e o menor número possível delas na 
língua receptora, mantendo-se no que compreende ser fidelidade a língua de origem, 
ainda que tal percepção de fidelidade seja motivo de crítica, principalmente quando 
torna o sentido do texto dificultoso para o leitor. 
 
3.2 - Definição: Equivalência dinâmica 
 
A equivalência dinâmica, ou também chamada, equivalência funcional, tem 
como objetivo central a transmissão de uma língua para outra o significado do texto e 
manter-se fiel a ele comunicando-o em linguagem que cause o mesmo impacto na 
língua receptora que causou aos seus primeiros leitores nas línguas originais. Zimmer 
(2014, p. 94) resume dizendo: 
20 
 
 
 
A tradução por equivalência funcional, também chamada de 
comunicacional, busca manter-se fiel ao texto original e também 
orientar-se pelo impacto dessa mensagem sobre o receptor. Nesse 
sentido, uma tradução por equivalência funcional trata de comunicar, 
da maneira mais natural e adequada possível, a mesma ideia em 
linguagem contemporânea, usando as características gramaticais e a 
estrutura da língua receptora. 
 
No geral os tradutores que estão empenhados na equivalência dinâmica 
como método de tradução utilizam de maneira muito apurada estudos de linguística, 
sociologia e antropologia na busca de atingir uma comunicação efetiva para as 
pessoas da língua receptora, por compreenderem que é preciso usar e ou explicar 
elementos de construção de mundo e significados presentes no texto, para que 
cheguem de maneira mais perceptiva aos leitores (ZIMMER, 2014, p.94) 
É valido ressaltar que ainda que a grande prevalência hoje seja inclinada a 
equivalência dinâmica, existe um consenso geralmente equilibrado de que nenhuma 
das metodologias seja completa em si mesma para obter um resultado adequado da 
árdua tarefa que se põe sobre as traduções bíblicas, por isso é possível afirmar que 
ambos os métodos são utilizados e que cada texto particular deve ser considerado no 
momento de sua aplicação, por isso nos diz Zimmer (2014, p.98) “Não é possível 
radicalizar na aplicação rígida de nenhum dos princípios aqui estudados” e “Em geral, 
especialmente nos dias de hoje, as traduções bíblicas mesclam o principio formal com 
o funcional”. 
 
3.3 – As dificuldades enfrentadas por Almeida no processo de tradução 
 
Entender algumas das dificuldades que cercam o processo de tradução de 
Almeida ajuda a lançar luz sobre seu texto e da trabalhosa missão de se traduzir as 
escrituras, bem como os cuidados e sensibilidades a serem observados nesse 
processo, afinal como devemos observar quanto a traduções de textos bíblicos o que 
diz Gohn (2001, p. 149) “são sensíveis porque são passíveis de suscitar objeções por 
motivos ligados à religião. Há de se reconhecer, assim, que alguma coisa de peculiar 
existe em relação à sua tradução.” 
Assim o caso de Almeida também apresentou empecilhos, quando seus 
revisores exigiam uma servidão a tradução Statatenvertaling holandesa com muito 
mais ênfase do que o tradutor estava pré-disposto e por isso uma de suas dificuldades 
no processo de tradução foram os revisores e suas perspectivas já engessadas em 
21 
 
 
 
relação ao que significava uma boa tradução, tendo como régua a versão holandesa. 
(ALVES, 2006, p. 471) 
Um dos pontos já antes levantados nessa pesquisa, quando se procurava 
pelas línguas que Almeida utilizou em sua tradução, foi a respeito de sua formação. 
Ficou evidenciado o processo muitas vezes tortuoso dos estudos do tradutor, uma 
falta de formação sistemática e de uma capacitação formal para tradução se 
estabelece também como uma das barreiras que enfrentou e que em geral, seja por 
ausência ou por má preparação por parte dos que ensinam, se caracteriza como um 
empecilho a expansão de traduções bíblicas até os dias de hoje, há ainda de se citar 
os conflitos políticos e preconceitos para com um tradutor de origem portuguesa em 
domínios holandeses, tudo isso foram obstáculos para o processo de tradução de 
Almeida. 
 
3.4 – O método de tradução de Almeida 
 
Tendo-se estabelecido resumidamente o conceito de equivalência formal e 
dinâmica dentro de como cada método enxerga a melhor maneira de se verter um 
texto para outra língua, se partirá agora para uma elucidação a respeito da 
metodologia de Almeida. Inicialmente é importante ressaltar que as categorias acima 
discutidas sobre metodologia são posteriores ao tempo do tradutor, o que portanto 
nos leva entender que ele não as tinha sistematizadas em mente durante seu labor 
de tradução, mas os pressupostos que as compõem podem ser observados ao longo 
de toda história da tradução. 
 
3.5 – A escritura para Almeida 
 
Parte importante para compreensão da metodologia de tradução de 
Almeida, está em sua concepção a respeito da escritura, isso é, como o tradutor se 
relaciona e pensa o texto bíblico. Primeiro precisa-se notar o fato de Almeida 
intencionar traduzir a bíblia em língua lusófona mesmo em meio a gigantescas 
barreiras e insistir em sua conclusão, o que vai acabar por revelar a grande 
importância que o tradutor dava a escritura, sobre isso diz Cavalcante Filho (2013, p. 
28): 
22 
 
 
 
Devido à sua experiência religiosa, Almeida sentiu o impulso de tornar 
conhecidas as Escrituras Sagradas a todo o leitor que se servisse da 
língua portuguesa, numa tradução honesta, que não omitisse e não 
acrescentasse palavras ou distorcesse o sentido original. Deste seu 
desejo, fica claro como o religioso Almeida encarava a Bíblia: Eram as 
Santas Escrituras, um livro sagrado, que, ao lê-lo, o leitor entraria em 
contato com as palavras inspiradas pelo próprio Deus 
 
A tradução para Almeida era de grande importância por ser a escritura na 
visão protestante calvinista o meio pelo qual se transmitiria a palavra de Deus e isso 
necessitava de acesso por meio de idioma do povo, por isso é possível observar o 
cuidado e atenção do tradutor para com o texto que trabalhava. De um modo geral 
essa era a concepção de linha protestante a respeito da escritura, e não havia 
portanto, possibilidade de Almeida encarar o texto bíblico como folclore judaico, fabula 
ou apenas narrativas, ou de ver sua tarefa com leviandade e pouca importância para 
as palavras ali contidas, pelo contrário, era para ele a divina e inspirada palavra de 
Deus, o que guiou seu cuidado e tradução durante todo seu trabalho. (CAVALCANTE 
FILHO, 2013. p.30) 
 
3.6 – O método usado por Almeida 
 
Hoje o método de tradução mais utilizado é o proposto por Eugene Nida e 
é conhecido, conforme acima já definido, por equivalência dinâmica, que entre a 
escolha de sacrificar parte da estrutura e forma ou o sentido de um texto, sempre 
escolhe preservar o sentido para língua receptora. Almeida está distante de tal 
abordagem, na verdade o pressuposto do tradutor é muito mais simples, dentro dos 
cânones de Nida a classificação da tradução de Almeida seria literal, ou como 
abordado e classificado nessa pesquisa, equivalência formal. (RAUPP, 2015, p.50) 
É preciso se notar que em geral as traduções do período da reforma e pós 
reforma, para os protestantes, tem uma marca de literalidade, umas mais elevadas e 
outras com menos rigidez, assimdeclara Cavalcante Filho (2013, p.51): 
De um modo geral, todas as traduções originadas depois da Reforma 
(e sob a sua influência) seguiram, umas mais outras menos, o modelo 
literal. A tradução de Almeida, estaria no extremo mais elevado da 
escala da literalidade, enquanto que a tradução de Lutero estaria no 
extremo oposto. 
 
Também afirma Alves (2006, p. 473) “Para ser fiel ao texto, Almeida utilizou 
o primeiro método – o da equivalência formal – princípio que seguiam todos os 
23 
 
 
 
Reformadores do seu tempo”. Almeida era homem de seu tempo e por conseguinte 
utilizava os métodos que tinha disponível e que compreendia serem a melhor maneira 
de se verter o texto bíblico para determinado idioma, também é importante pontuar a 
influência sobre sua metodologia por conta das resoluções do sínodo de Dordrecht 
que deram origem a bíblia holandesa, e que consequentemente estavam como regra 
estabelecida para a metodologia da tradução que Almeida, sendo possivelmente 
considerados por diversas vezes como um aspecto comparativo ao trabalho que 
exercia e os consagrados meios aplicados a tanto tempo em domínios holandeses. 
Tratando dos graus da formalidade da tradução por equivalência formal, 
encontramos na metodologia de Almeida o maior possível em literalidade ao ponto de 
Carvalho (1993, p.11) classificar sua metodologia como “método de transferência 
direta” isso por que transparece em sua tradução uma perceptível busca por encontrar 
em português um correspondente possível para as línguas de origem com o menor 
uso de palavras que o pudesse fazer, tudo para que mantivesse o texto mais enxuto 
possível no que estivesse ao seu alcance, podemos então afirmar sua rigidez em 
guiar-se pela gramática como regra de tradução e isso fica ainda mais evidenciado 
em sua tradução do Antigo Testamento, ali transparece sua metodologia, sobre isso 
nos diz Cavalcante Filho (2013 p.51): 
Tendo muito mais texto, e sendo comparativamente ao Novo 
Testamento, menos utilizado nas leituras litúrgicas, é a porção do 
Antigo Testamento, a parte da tradução de Almeida que esteve, 
portanto, menos sujeita ao zelo dos revisores reformados holandeses, 
e dela advêm as melhores passagens-chave. 
 
Por ser a parte traduzida por Almeida do Antigo Testamento menos sujeita 
ao zelo dos revisores holandeses e suas intervenções sobre o texto, encontramos 
nela de maneira mais clara a literalidade do método do tradutor e o produto de seu 
esforço. 
No caso da tradução de Almeida, pelos mesmos motivos existem aqueles 
que fazem de sua tradução um alvo de críticas e de elogios, uns por acreditarem ser 
a literalidade de seu texto aquilo que a torna a tradução mais fiel a “verdadeira palavra 
de Deus”, ou como nos diz Raupp (2015, p. 70) que em terras brasileiras ela teria “um 
certo status canônico” advindo principalmente de pensamentos mais fundamentalistas 
e por ser o texto culturalmente enraizado nas igrejas de origem protestante em pátria 
brasileira, em contra partida, existem os grupos que compreendem a importância e 
serviço prestados ao longo dos séculos pela tradução de Almeida e sua revisões, mas 
24 
 
 
 
que acreditam ser a rigidez de sua tradução um problema, ou como diz Alves (2006, 
p.473) “trata-se de uma fidelidade que pode tornar-se, por vezes, infiel ao leitor do seu 
texto, tornando-o menos claro”, em geral essa constatação parte daqueles que 
acreditam ser a equivalência dinâmica mais produtiva e útil, isso porquanto, tenta 
ainda que usando mais palavras na língua receptora transmitir o sentido do texto e 
torna-lo mais acessível ao leitor. É preciso também se considerar que esse problema 
não é exclusivo do texto de Almeida, mas que traduções de textos bíblicos causam 
sempre um impacto profundo e acabam mexendo em lugares sensíveis, ou como 
afirma Gohn (2001, p. 149); 
O que se observa com esse tipo de texto é que, diferentemente do que 
pode ocorrer com a maioria de outros tipos de texto, há um grande 
envolvimento emocional por parte dos usuários e reações extremadas 
por parte dos ouvintes/leitores podem ser esperadas e têm acontecido 
na história da tradução, se pensarmos, por exemplo, nos tradutores da 
Bíblia que perderam a vida por terem vertido dessa ou daquela forma 
o texto Sagrado. 
 
O texto de Almeida não tem sido diferente em relação ao seu impacto e 
controvérsia, seja como for, é inegável as discussões e manifestações críticas a 
respeito de sua tradução, principalmente em terras brasileiras que tanto usufruem de 
seu texto. 
Concluindo o assunto de sua metodologia, Cavalcante Filho (2013, p. 32) 
faz o seguinte resumo: 
Concluindo, o método de tradução empregado por Almeida está 
cristalinamente bem determinado. Está além do método de 
equivalência formal, pois procura preservar o sentido e a construção 
da língua original, mesmo quando esta estrutura soa estranha a um 
ouvido lusófono. 
 
Conclui-se portanto que a metodologia de Almeida acompanha em grande 
medida as traduções do período da reforma e que portanto se utilizou principalmente 
da metodologia que hoje classificamos como equivalência formal e que mesmo dentro 
do espectro de seu tempo, sua tradução ainda pode ser classificada como literal na 
sua mais extrema aplicação, por muitas vezes soando estranha a um leitor de língua 
portuguesa por manter-se presa a estrutura das línguas originais tornando em 
diversas partes a leitura menos fluída e a compreensão mais dificultosa. 
 
 
25 
 
 
 
4 - AS INFLUÊNCIAS DOUTRINARIAS, HISTÓRICAS E SOCIOCULTURAIS NA 
TRADUÇÃO DE ALMEIDA 
 
Uma pergunta essencial para estabelecer-se uma análise crítica a respeito 
de determinada tradução, principalmente dos textos que são comumente tomados 
como construtores de significação de mundo como o caso dos religiosos, dentre os 
quais a bíblia, é sobre as influências que teria determinado tradutor e como seus 
pressupostos norteiam ou afetam o resultado final de seu labor na tradução. 
Não se pode ignorar que a tradução bíblica seja alvo das influências do 
tradutor, inclusive em suas tomadas de decisões a respeito do significado e melhor 
maneira de traduzir determinada parte de um texto bíblico. Raupp (2015, p. 25) a esse 
respeito declara: 
Mas um aspecto que não pode ser ignorado no que concerne à Bíblia 
é que os seus diversos projetos de tradução, não só no Brasil, mas no 
mundo inteiro, são executados por indivíduos via de regra ligados a 
entidades religiosas que professam credos específicos, as quais 
certamente já possuem uma postura consolidada no que diz respeito 
à maneira de enxergar e interpretar o seu texto fundador. 
Consequentemente, fica difícil negar que cada tradução possui as 
suas especificidades, que variam conforme as premissas que 
nortearam os seus idealizadores 
 
Assim é preciso observação crítica e cuidadosa em relação a toda 
tradução, já que é produto de esforço humano e influenciável pelos pressupostos 
daquele que a traduziu, portanto é razoável a crítica e análise de possíveis 
influências, assim Raupp (2015, p. 27) afirma: 
Parece sensato reconhecer que toda tradução da Bíblia vai refletir, em 
alguma medida, as posições ideológico-doutrinárias dos seus 
patrocinadores, pois acreditamos que tudo que expomos até aqui 
serve para revelar que o processo tradutório da Bíblia não ocorre no 
vazio, uma vez que está inevitavelmente sujeito a influências 
dogmáticas, teológicas e hermenêuticas, típicas em contextos 
religiosos, as quais podem aparecer sob múltiplas e variadas formas 
no texto alvo 
 
Tal reconhecimento ajuda a compreender e valorizar o aspecto laborativo 
daqueles que tem doado seu tempo, vida e missão para traduzir as escrituras para os 
mais diferentes idiomas, mas sem ter nisso uma infantilidade a respeito das inevitáveis 
influências que serão depositadas sobre o texto alvo, ainda se pode levantar as 
26 
 
 
 
marcas deixadas na tradução por direcionamentos pré estabelecidos, ouconforme diz 
Pegano (2003, p.15): 
Os objetivos pretendidos, o público-alvo, a função que se busca 
atribuir ao texto traduzido e outros fatores, mercadológicos ou não, [...] 
participam das decisões a serem tomadas na criação de um texto 
numa nova língua e cultura. 
 
É importante ressaltar o aspecto não consciente de tais influências e que 
nem toda modificação ou alteração de sentido recai sobre o texto alvo por interesses 
de grupos ou de indivíduos, mas que muito do que vemos sendo projetado no trabalho 
final de tradução acontece pela influência do meio, isso é, os aspectos econômicos, 
culturais, históricos, formativos e religiosos que compõem a experiência de vida 
daquele que traduz e inconscientemente acabam chegando ao seu texto. (RAUPP, 
2015, p. 117). 
Ou se desejamos observar isso em aspecto prático não podemos negar as 
diferenças encontradas nas traduções e interpretações das escrituras, isso é, como 
mesmo em meio protestante e de confissão muito próxima em relação a ser a bíblia, 
não apenas um livro e uma narrativa, mas a própria palavra de Deus inspirada e sua 
regra de fé e prática, nos deparamos com diferenças teológicas evidentes dentro das 
leituras interpretativas e traduções disponíveis, sobre isso diz Carson (2008, p. 16): 
é muito angustiante perceber quantas diferenças existem entre nós 
com relação ao que a Bíblia realmente diz. [...] O fato é que, em meio 
aos que creem que os [...] livros canônicos são nada menos que a 
Palavra de Deus escrita, há uma incômoda lista de opiniões teológicas 
mutuamente incompatíveis. 
 
Diante da clara identificação das influências possíveis em uma tradução se 
partirá para uma análise do caso de Almeida, isso é, que aspectos doutrinários, 
históricos e socioculturais podem ter motivado e de alguma forma influenciado no texto 
de sua tradução, é valido notar que o trabalho de sua tradução envolve um período 
especifico e com seus próprios acontecimentos que constroem o pensamento de 
Almeida, dentre eles podemos pontuar a expansão europeia e consequentemente o 
desejo de propagar seus valores e dentre eles estava a tradução bíblica, que cumpria 
um importante papel e foi estimulada na missão reformada em diversas partes do 
mundo por meio dos domínios dos países que aderiram a reforma. A importância de 
analisar tais aspectos para uma aproximação, naquilo é possível, da compreensão 
das influências da tradução de Almeida é descrita por Alves (2006, p. 171) da seguinte 
27 
 
 
 
forma “Para um melhor conhecimento da bíblia de João Ferreira de Almeida, teremos 
que a situar no ambiente histórico, cultural e religioso em que ela apareceu”. 
 
4.1 – O contexto histórico dos domínios portugueses no oriente 
 
Os descobrimentos portugueses e o constante desejo de Portugal por 
expansão fizeram com que atingissem os mais remotos lugares do mundo se tornando 
um dos maiores feitos da história universal, em um século Portugal consegue se tornar 
potência mundial e assumir grande protagonismo no comércio, evangelização e 
domínio territorial. (ALVES, 2006, p. 174) 
Parte do domínio português está localizado no oriente, a respeito dessa 
chegada e expansão Alves (2006, p. 178) vai dizer: 
Depois da viagem de Vasco da Gama (1498), que desembarcou na 
povoação de Kappad, a norte de Calecute, os portugueses foram se 
instalando um pouco por todo oriente, umas vezes pela força, outras, 
por tratado de paz. 
 
Desde o final do século XV Portugal havia se instaurado passo a passo por 
diversas partes do oriente e nesse ínterim passou a estabelecer na maioria das vezes 
acordos com fins de domínio e comércio, optando apenas algumas vezes pela força 
para tomar territórios, sobre isso diz Maciel (2013, p. 22): 
os monarcas portugueses iam cada vez mais, à medida que a 
exploração marítima ia avançando para oriente, tomando consciência 
de que um passo acertado seria o de encetar relações diplomáticas 
com alguns destes povos, dando maior importância ao 
estabelecimento de acordos de amizade, em detrimento das ações 
bélicas. 
 
Nesse caminho de acordos e em alguns casos conquistas a força, Portugal 
foi estabelecendo sua base no oriente, e expandindo seus valores, inclusive religiosos, 
pelas regiões aonde se estabelecia. Um dos mais profundos motivadores de Portugal 
para expandir-se em território e domínio estava na religião, um aspecto que sempre 
transparece nos escritos do tempo de suas conquistas e em períodos brevemente 
posteriores, era o desejo de expandir os territórios da igreja e a conversão dos povos 
que mantinham outra fé, a exemplo dos mouros. (ALVES, 2006, p. 172-173) 
Nessa missão de acordos comerciais, expansão marítima e territorial e 
motivações religiosas, Portugal consegue profundo impacto em todo oriente, tendo 
28 
 
 
 
desdobramentos culturais profundos em hábitos alimentares, comportamentais, nas 
artes, tecnologia e principalmente na língua. (RICARDO, 2016, p. 3-4) 
É inegável o profundo impacto que Portugal exerceu nas regiões em que 
teve domínio, e também que as marcas culturais mais variadas e seu idioma 
permanecem muito presentes em diversas partes desses territórios, não sendo 
exceção, as índias orientais, sobre isso vai relatar Ricardo (2016, p. 5): 
No entanto, a verdade é que a ação civilizadora de Portugal nas suas 
antigas colónias e nos seus povos foi muito mais profunda e duradoura 
em vários sentidos, tanto que ainda se podem encontrar vestígios 
desse mesmo facto. 
 
Esse domínio e posterior influência fica muito evidente na língua 
portuguesa e sua permanência em diversas partes de seu domínio, isso é, como ainda 
após seu período de relações com esses países o idioma permanece vivo, assim 
pouco tempo após a chegada dos holandeses o idioma das índias orientais era 
oficialmente o português, ainda que por diversas vezes os holandeses tivessem 
tentado resistir e suprimir a língua, contudo sem sucesso verdadeiro e nunca 
conseguindo implantar o holandês como língua falada pelo povo. 
Almeida, portanto, apesar de estar correlacionado a crença e motivações 
holandesas teve que conviver com a cultura e língua de seus patrícios, isso por que 
em relação ao contexto cultural, Ricardo (2016, p. 12) traz luz ao afirmar “os territórios 
dominados pelos portugueses tornaram-se importantes centros religiosos e culturais” 
que expressavam a cultura portuguesa, não atoa o empreendimento de Almeida em 
traduzir a bíblia para o português foi tão importante e impactante, sendo essa a língua 
falada nos territórios, agora, ocupados pela Holanda. 
Ali estava Almeida, nascido em Portugal e educado por um tio português, 
possivelmente católico romano, mas na sua adolescência havia se convertido a fé 
protestante, especificamente a fé calvinista e se integrado a igreja da Holanda, e agora 
estava em domínio holandês em franca guerra entre ambos, sua terra de nascença e 
sua terra de escolha, cercado pelas influências de ambas as nações. 
 
4.2 – O contexto histórico dos domínios holandeses no oriente 
 
Almeida chega a uma Holanda em guerra, especificamente a guerra dos 
30 anos, que conforme nos diz Moita (2012, p.1) pode ser resumida da seguinte forma: 
29 
 
 
 
A Guerra dos 30 anos que devastou a Europa entre 1618 e 1648 foi 
um conflito complexo onde se misturaram dimensões religiosas, 
interesses das potências da época, rivalidades dinásticas e rebeliões 
dos príncipes contra Imperador do Sacro Império Romano-Germânico. 
 
Teve grande impacto mundial o conflito no qual a Holanda esteve envolvida 
entre 1642-1648, apesar disso os domínios holandeses e a expansão marítima 
prosperam ao ponto de Alves (2006, p.214) destacar que “Talvez fosse o país mais 
rico da Europa”, sendo Amsterdã o centro financeiro de todo continente, a 
prosperidade estava em alta na Holanda e seu potencial em sua mais alta ascensão, 
assim Pissurno (2016) vai dizer “Também conhecida como “idade de ouro holandesa” 
ou “era de ouroholandesa”, o termo "século de ouro holandês" designa um período 
de autonomia e importância”. 
As investidas holandesas para ganhar território e poder se basearam na 
tomada de territórios já colonizados, assim Santiago (2018) diz: 
A estratégia da nova potência, recém-independente da Espanha, em 
1581, foi a de se estabelecer em entrepostos já consolidados pelas 
duas únicas forças ultramarinas à época, ou seja, a sua antiga 
metrópole, a Espanha, e Portugal. É assim, que quase ao mesmo 
tempo os holandeses irão ocupar os entrepostos lusos no Brasil, São 
Tomé & Príncipe, Angola, Índia Portuguesa, Sri Lanka, Formosa 
(Taiwan), Japão e Indonésia. 
 
Desde o inicio de sua liberação de possessão espanhola e então expansão 
territorial independente, a Holanda, teve conflitos e esteve em guerra com os 
portugueses tomando boa parte de seu território que a duras perdas Portugal 
conseguiu reaver em partes. O estabelecimento da companhia das índias orientais 
holandesas leva o país a Ásia, local onde desembarca Almeida e vive a maior parte 
de seu labor como ministro da igreja da Holanda. 
Junto com seu comércio os holandeses trazem sua fé reformada calvinista 
que impulsionou a sua expansão por seu próprio propósito e percepção do evangelho 
desde a sua gênesis, assim Alves (2006, p. 505) diz que “O cristianismo só pode tomar 
duas atitudes em relação ao mundo: renunciar a ele ou domina-lo” e segundo o autor 
“O calvinismo optou por essa segunda atitude” e assim entendeu ser parte da sua 
responsabilidade a evangelização dos cidadãos dos territórios em que ocupam, e no 
caso da Holanda, o discurso anticatólico apologético estava presente de maneira 
muito viva nos dias de Almeida. 
 
30 
 
 
 
4.3 – Os conflitos entre portugueses e holandeses nas índias orientais 
 
Com a tomada dos territórios nas índias orientais anteriormente dominadas 
pelos portugueses, o contexto local se tornou de franca rivalidade e agressividade, os 
holandeses se demonstraram por diversas vezes agressivos e sempre ríspidos ao 
inimigo Portugal e muito combativos sobre seus domínios comerciais e religiosos. 
(ALVES, 2006, p.117-121). 
Quanto ao contexto que mais nos interessa para essa pesquisa, isso é, o 
religioso, podemos pontuar que em nada perdia para o conflito existente no âmbito do 
comércio entre ambas as nações, sendo os ataques e as apologias as mais frontais e 
condenatórias possíveis de ambos os lados, e por diversas vezes caluniosas e 
apelativas, como no relato dado por Fernandes (2013, p. 9) onde um Padre 
denominado Siqueira diz sobre Almeida, “Jerônimo da Siqueira, em sua Carta 
Apologética contra João Ferreira de Almeida, fazia referências ignominiosas ao Islã, 
comparando repetidas vezes o tradutor calvinista ao seu profeta Maomé.”, assim 
também Almeida faz ataques ferrenhos aos católicos presentes nas índias orientais, 
por vezes debatendo com vários deles.(Fernandes, 2013, p.1-5) 
Em resumo a respeito da reconstrução do contexto histórico cultural fica 
evidenciado diante do então acima exposto, um ambiente de extremo conflito entre as 
nações da Holanda e Portugal sobre domínio territorial e comercial, além de um claro 
conflito religioso entre ambos os lados com apologias polemicas e ataques escritos 
aqueles que propagavam as ideias de ambos os lados. Percebemos também que 
apesar do momento de domínio estar ligado a Holanda, a cultura ainda permanecia 
em grande parte sobre as influências portuguesas, e o esforço missionário de Almeida 
se fez muito importante nesse processo, já que o povo não recebia o holandês como 
seu idioma oficial e de uso diário, mas permaneciam na língua portuguesa, sendo 
assim, uma tradução bíblica nesse idioma partindo da missão holandesa era 
imprescindível para a propagação de suas crenças e ensino ao povo, já que para os 
calvinistas não poderia existir outra regra de fé e ensino senão as escrituras. 
 
4.4 – Uma tradução com clara interpretação calvinista? 
 
Muitos autores no passado afirmaram que a tradução de Almeida tinha 
“erros calvinistas”, mas diante do tumultuado material presente no período polemista 
apologético, fica difícil uma confiança nesses ataques frontais (ALVES, 2006, p. 513). 
31 
 
 
 
Podemos elencar aqui um desses acusadores de ter a tradução de Almeida 
um viés calvinista, assim declarou Almeida (1912, p. 439) que a tradução de João 
Ferreira de Almeida continha manipulações nos seguintes textos, Mt 16.26-28; Mc 
14.22-29; Lc 22; 17; 19; 20; 1Co 11,24; Ef 5,32; 2Tm 4.5. Alves (2006, p. 515) apesar 
de português e católico vai dizer “não nos parece que sejam reais esses erros” e ainda 
vai salientar que a apologética era ferrenha e sempre pronta ao ataque, mas que 
possivelmente “Trata-se mais de um problema de interpretação e não de tradução”, 
falando diretamente da Ceia como um exemplo de tal problema, sobre como o 
pronome demonstrativo “isto”, “este” ou as vezes substituído por “contém” dava uma 
interpretação teológica a crença dogmática a respeito da ceia dependendo do viés 
confessional em que determinada tradução tivesse nascido. Assim sendo havia com 
frequência interpretações teológicas postas sobre a tradução das palavras, o que não 
poderia acontecer de outra forma já que as traduções partiam de indivíduos ou grupos 
com suas crenças e dogmas. 
Não é possível negar que a tradução de Almeida possivelmente tenha, 
assim como todas as outras, suas decisões interpretativas baseadas por vezes em 
sua experiência ideológica, conforme afirma Lefevere (1992, p. 39, tradução nossa) 
“em cada nível do processo de tradução, pode ser demonstrado que, quando questões 
linguísticas entram em conflito com questões de natureza ideológica e ou poética, 
essa última tende a prevalecer.” 2 
Portanto é esperado que a tradução de Almeida em algumas de suas 
decisões que dependam de interpretação dogmática não solucionável pelas questões 
linguísticas, tenham recebido influência da confissão do tradutor. 
 
4.5 – Conclusões sobre as influências históricas, culturais e teológicas na 
tradução de Almeida 
 
Diante do já exposto, percebe-se ser quase impossível a quem quer que 
seja não ter sobre seu trabalho de tradução a influência do meio e dos pressupostos 
com que se põe a traduzir, assim, Almeida não constitui exceção, ainda que difícil de 
provar devido a complexidade de tais percepções e do ponto de quem as julga, tendo 
 
2 “on every level of the translation process, it can be shown that, if linguistic considerations enter into conflict 
with considerations of an ideological and or poetological nature, the latter tend to win out” 
 
32 
 
 
 
também em vista que a área de um estudo sistematizado a respeito de traduções em 
caráter crítico ainda é algo muito recente, ou como aponta Raupp (2013, p. 115): 
Apesar de a atividade tradutória ser bastante antiga, a elaboração de 
teorias e reflexões sistematizadas e, principalmente, a consolidação 
dos Estudos da Tradução como área da Academia são fenômenos 
bem recentes. 
 
É preciso, porém perceber que a influência que tratamos aqui se estende 
muito além de gramática e sentido primário das palavras, mas podemos falar em algo 
mais abrangente conforme postula Tymoczko (2013, p. 118): a ideologia de uma 
tradução não reside simplesmente no texto traduzido, mas no modo de expressão e 
na postura do(a) tradutor(a), bem como na relevância dessa tradução para o seu 
público. 
 
E sobre a abrangência das influências esclarece Mojola e Wendland 
(2003, p. 8, tradução nossa3) quando declara: 
os teóricos da tradução, em geral, têm reconhecido que a leitura, a 
interpretação e a tradução de textos são influenciadas por 
pressupostos, suposições, preconceitos, tendências, sistemas de 
valores e de crenças, tradições, visões de mundo, ideologias e 
interesses. Os leitores não têm acesso ao original puro, ou ao 
pensamento puro do autor do original. Eles interpretam o texto através 
daslentes da linguagem, valendo-se da sua experiência, idioma, 
sistema de crenças, circunstâncias e interesses. 
 
Isso demonstra que a ideia de influência está constituída sobre uma 
diversidade enorme de circunstâncias e causas, o que por consequência torna 
impossível ao ser humano escapar límpido em sua função como tradutor de tamanho 
campo de significação e criação de pressuposto que orienta a maneira e as decisões 
a respeito do texto, e ainda é valido ressaltar que esse processo nem sempre é uma 
percepção consciente daquele traduz, ou como diz Raupp (2013, p. 119): 
No entanto, convém mencionar que existe a dúvida de se a 
manipulação ideológica que aparece em determinados textos 
traduzidos é consciente ou é uma reprodução bastante inconsciente 
do meio do qual o tradutor é parte integrante. Ou seja, não há como 
saber ao certo se o tradutor que insere aspectos ideológicos estranhos 
ao original em determinados pontos do texto de chegada está agindo 
por si só ou reproduzindo, consciente ou inconscientemente, um 
sistema que recebeu do meio em que está inserido. 
 
3 No original: “translation theorists generally have come to recognize that the reading, interpretation and 
translation of texts are influenced by presuppositions and assumptions, prejudices and biases, value systems and 
belief systems, textual traditions and practices, world views, ideology and interests. 
33 
 
 
 
 
Assim se conclui que Almeida tem em sua tradução a influência apologética 
característica de seu tempo e que possivelmente o tradutor em suas decisões a 
respeito de significados do texto, contrapôs teologicamente muitos termos em uso 
frequente nas traduções católicas que entendia levarem ao erro, conforme 
entendimento da visão calvinista, também é valido notar que a tradução contém o seu 
viés dogmático em alguma medida, sendo que possivelmente em diversos textos 
basilares a fé reformada, Almeida abastecido de suas crenças e percepções 
teológicas decidiu pelo viés em conformidade a sua confissão, é valido notar que não 
atribui-se a isso maldade e intensão manipuladora, mas como já por tantas vezes aqui 
foi exposto, é algo que é propriamente humano a respeito da sua imersão na cultura 
e contexto histórico em que vive, bem como, pelas crenças que possui e isso por 
diversas vezes nem mesmo está no processo consciente daquele que traduz. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Partindo para as considerações finais e as conclusões a que se chegou, 
inicia-se pontuando os principais resultados obtidos a partir de dessa pesquisa 
bibliográfica. Em primeiro a respeito das fontes utilizadas por Almeida, isso é, as 
línguas que teria usado para traduzir seu texto e de quais outras traduções se serviu, 
chegamos à conclusão de ter o tradutor inúmeros textos que serviram de base e 
auxiliadores em sua tradução, assim podemos citar Reina-Valera, Theodoro Beza, 
Diodati como traduções de línguas vulgares das quais se serviu Almeida, sendo na 
ordem, espanhol, latim, italiano e ainda como grande orientadora, ainda que imposta 
pelos revisores, a tradução oficial holandesa Statatenvertaling. A respeito das línguas 
originais temos a informação de que seu texto foi corrigido no grego e portanto 
acompanhou provavelmente a compilação do Textus Receptus, sendo esse o mais 
difundido e conceituado no tempo em que Almeida fazia sua tradução, como corretor 
para as diferenças que encontrava entre as outras bíblias, já em relação ao hebraico, 
não temos certezas sobre o nível de uso e de conhecimento que o tradutor tinha, as 
hipóteses levantadas são, em primeiro, de que Almeida conhecia bem a língua e isso 
seria possível por uma suposta origem judaica do tradutor, e portanto, sua tradução 
do Antigo Testamento foi feita por ele sem muito uso de outras traduções, a segunda 
hipótese, que parece mais provável, é de Almeida saber o hebraico razoavelmente, 
mais ter constantemente se servido das traduções disponíveis e ter sido orientado por 
revisores holandeses mais experientes e com domínio do hebraico. 
Sobre seus métodos ficou evidente ter ele utilizado a equivalência formal 
em sua forma mais extrema, ou seja, dentre o que era comum em seu tempo a respeito 
de tradução, Almeida ainda ocupa um alto grau de rigidez em relação a metodologia. 
Se o comparamos a Lutero, por exemplo, veremos que ambos estão bem distantes 
em metodologia, assim também é preciso dizer que por diversas vezes a tradução de 
Almeida pareceu estranha ao ouvido lusófono e com uma leitura pouco fluída devida 
a sua percepção do que seria a metodologia adequada para traduzir, isso é, presa a 
estrutura original do texto, isso mesmo quando na língua receptora se tornava 
estranho e diferindo do uso normal do idioma. 
Em um panorama histórico, cultural e da confissão dogmática do tradutor 
foi exposto a respeito das influências que possam ter sobrevindo sobre suas escolhas 
35 
 
 
 
em relação a tradução, ficou evidenciado que ninguém traduz no vazio, mas que existe 
inerentemente sobre o ser humano os pressupostos de suas experiências, as 
orientações de suas crenças, em linguagem menos acadêmica poderíamos dizer 
“aquilo que ele leva no coração” acabam por afetar sua tradução, ainda que isso 
aconteça inconscientemente. Assim se deduz que Almeida tem sobre suas escolhas 
de tradução características anticatólicas, podendo ser vistas em alguns textos onde a 
simples gramática não pode resolver a questão, mas acaba ser dependente de 
interpretação, o que no caso de Almeida significa uma interpretação calvinista e de 
caráter apologético contra o catolicismo romano provenientes do seu período, do 
ambiente de confronto direto com os portugueses em que vivia e do caráter 
apologético polemista que tomava toda a região, quanto a sua confissão calvinista, 
entendemos ser extremamente improvável provar tais influencias de maneira clara, 
mas que como já antes levantado sobre como tudo que é vivido e crido influência na 
tradução, podemos inferir que naquilo que o texto dependia de escolhas teológicas, 
onde a simples significação de um termo não resolvia, sua tradução escolhe o 
caminho de sua confissão. 
Acredito que esse estudo tenha contribuído para uma desmitificação a 
respeito da tradução de Almeida, uma valorização geral a respeito da tradução e uma 
percepção crítica sobre as influências que sobrevém em cada projeto de traduzir o 
texto bíblico para outro idioma. A exemplo da vida de Almeida e do grande percurso 
que viveu para produzir um texto em língua do povo, muitos outros tradutores se 
esforçam diariamente para pensar o texto bíblico e seu sentido para hoje e por 
diversas vezes são ignorados na pesquisa acadêmica, espero que esse trabalho 
possa contribuir para a valorização aos olhos da teologia dos tradutores e do árduo 
trabalho que envolve seus projetos, também acredito que se faz necessário para 
grupos fundamentalistas a desmistificação das traduções de Almeida e de seu caráter 
canônico, assim aprendemos a ver um homem, dedicado, disciplinado e capaz, mas 
um homem dado as influências do meio e com seus próprios limites intelectuais, é 
desejo desse trabalho alargar a compreensão desses grupos sobre o que significa 
uma tradução, sem contudo, que percam a valorização do trabalho dos tradutores. 
Houve durante o processo dessa pesquisa diversas limitações que antes 
de seu início não eram tão perceptíveis, dentre elas eu destaco a falta de material 
biográfico mais diverso sobre Almeida para construção de seu percurso educativo, 
36 
 
 
 
material biográfico que se desdobrasse especificamente sobre o texto de Almeida com 
olhar crítico de análise e discussões de metodologias. A história do império holandês 
é um tanto escassa em livros em português o que dificultou a reconstrução do contexto 
histórico de Almeida. É preciso admitir que essa pesquisa não parecedefinitiva nos 
pontos em que levantou, mas que oferece um passo inicial em direção aos temas 
abordados e com humildade é posta diante dos leitores, ainda que com suas 
limitações e diversos pontos que poderiam se estender diante de maior material 
bibliográfico. 
Em todas as limitações acima expostas permanece o desejo de continuar 
a pesquisa a respeito do já assim chamado “ilustre desconhecido” João Ferreira de 
Almeida, tendo em vista a importância que ele representa para língua portuguesa, 
assim como, os tradutores ao longo da história e suas traduções se tornaram um tema 
recorrente para se continuar compreendendo e pesquisando, esperando que no 
contato com esse trabalho outros se sintam estimulados a alargar a pesquisa sobre 
as traduções e sobre o preparo, história e dedicação desses grandes homens que 
deram sua vida para nos legar a bíblia em idioma compreensível. 
Preciso confessar a extrema alegria que tal trabalho me trouxe e como esse 
primeiro processo de pesquisa acadêmica com fonte bibliográfica mais vasta foi um 
grande incentivo para continuar, o tema representou um grande desafio por sua 
escassez, mas também um grande salto de conhecimento a respeito de tradução de 
um modo geral. Finalizando esse processo e essa pesquisa acredito e me sinto grato 
pelo tema, pelo resultado (ainda que limitado) e pelas escolhas que me levaram a 
encontrar em Almeida grande inspiração, exemplo de fé, de não desistência ainda que 
em momentos de rejeição e conflito e principalmente de amor as pessoas 
exemplificado em seu máximo esforço para levar a elas as escrituras e 
consequentemente o conhecimento a respeito de Jesus. 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
 
 
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