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RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NOS CURSOS DE LICENCIATURA DO IFG

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RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NOS CURSOS DE LICENCIATURA DO IFG
Marcella Suarez Di Santo[footnoteRef:1]; [1: Mestra em Educação pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO e Professora do Curso de Licenciatura em Matemática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás - IFG, msdisanto@gmail.com;] 
Marcos Rodrigues da Paixão Silva [footnoteRef:2]: [2: Graduando do Curso de Licenciatura em Matemática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás - IFG, marcosrps28@gmail.com.
] 
Desenvolvido no âmbito do Diversas – Núcleo de Estudos e Pesquisas Transdisciplinares em Diversidade, esse trabalho é resultado de um estudo sobre os cursos de licenciatura no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás – IFG em todos os campi que possuem licenciatura. Aqui tratamos da ementa, bibliografia e nomenclaturas utilizadas na formação de professores em alinhamento com as políticas públicas de educação e ações afirmativas, bem como um entendimento de que, após 12 anos da Lei nº 11.645 de 2008, ainda não podemos assegurar que os professores em formação estejam concluindo seus cursos com a certeza de seu papel no combate ao racismo nas escolas.
Os conteúdos apresentados em disciplinas voltadas para as ciências humanas, sociais e linguagens se tornaram os principais responsáveis pelo desenvolvimento uma identidade nacional, haja vista o currículo da Lei primeiras letras, em que história era ensinada como conteúdo para o desenvolvimento da cidadania e identidade da população. 
Art. 6º Os professores ensinarão a ler, escrever, as quatro operações de aritmética, prática de quebrados, decimais e proporções, as noções mais gerais de geometria prática, a gramática de língua nacional, e os princípios de moral cristã e da doutrina da religião católica e apostólica romana, proporcionados à compreensão dos meninos; preferindo para as leituras a Constituição do Império e a História do Brasil. (BRASIL, 1827)
Dessa forma, podemos afirmar que as ciências humanas sempre serviram aos interesses da formação social dos sujeitos em sua implementação de currículos. No entanto, esses currículos pouco tratam das especificidades culturais, menos ainda da história e cultura afro-brasileira (MOREIRA, 2001; MOREIRA e CANDAU, 2008). Assim como os materiais didáticos ainda retratam famílias brancas e heteronormativas e reforçam estereótipos (SILVA, 2003; PACHECO, 2005) da população indígena e negra e não representam os outros grupos étnicos que também contribuíram para a formação do país, ficando resumos à “selvageria e escravidão”, descredenciando a história e gerando um desconhecimento identitário nos 57,3% da população brasileira que segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2019) não brancos.
A Lei nº 11.645/08 trata da obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira e africana dentro das disciplinas que fazem parte das grades curriculares do ensino fundamental e médio, precisando estar presente em todos os segmentos da educação, percorrendo todos os níveis de ensino da educação básica em escolas públicas e privadas. É importante frisar que essa lei ela não é direcionada para alunos negros e nem a disciplinas ou conteúdos exclusivos, mas trata-se de temáticas importantes para toda a sociedade brasileira que já conhece sua história pelo ponto de vista “branco” e precisa tomar consciência das contribuições de outros grupos éticos. 
Por se tratar de uma inserção da temática racial no currículo da escola, não basta aos professores a criação de projetos de ensino, pesquisa e extensão, mas sim que trabalhem de fato com a temática no cotidiano do calendário escolar, sem dias, conteúdos, disciplinas e professores exclusivos para tratarem das temáticas. O racismo deve fazer parte do dia a dia da escola, no sentido de evidenciar os absurdos e violências bem como a negação de direitos e culturas.
Para que essas transformações ocorram no ambiente escolar, as universidades precisam formar professores conscientes dessas questões raciais, o objetivo deste estudo é analisar a oferta da disciplina Educação para as relações étnico raciais nos cursos de licenciatura do IFG.
Nas primeiras análises realizadas nos currículos dos cursos de licenciatura do IFG, em 2019, observou-se a presença da disciplina em todos os cursos de formação de professores, nas licenciaturas de Ciências biológicas, Química, Ciências Sociais, Dança, Pedagogia bilíngue, Artes visuais, Física, História, Letras - Língua Portuguesa, Matemática e Música, distribuídos nos campi de Águas Lindas, Anápolis, Aparecida de Goiânia, Cidade de Goiás, Formosa, Goiânia, Goiânia Oeste, Inhumas, Itumbiara, Jataí, Luziânia, Senador Canedo, Uruaçu e Valparaíso.
Os primeiros resultados já apontam um alinhamento institucional quanto à inclusão dessas disciplinas, bem como de suas ementas e bibliografias em direção ao combate ao racismo e à reflexão acerca da história e cultura africana e afro-brasileira. Ainda que tenham suas especificidades, os PPCs representam o debate sobre racismo contemporâneo em alinhamento com as políticas afirmativas e legislação. Em um momento futuro, tem-se por objetivo aprofundar esses estudos por meio da investigação com estudantes egressos do curso no sentido de identificar as diferentes percepções acerca da inclusão dessa disciplina em sua formação e de sua contribuição para suas práticas docentes.
Palavras-chave: Relações Étnico-raciais, Currículo de Formação de Professores, IFG.
Referências bibliográficas
BRASIL. Lei de 15 de outubro de 1827. Manda crear escolas de primeiras letras em todas as cidades, villas e logares mais populosos do Imperio. Rio de Janeiro, 1827 disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei_sn/1824-1899/lei-38398-15-outubro-1827-566692-publicacaooriginal-90222-pl.html. Acesso em: 06 out. 2020.
______. Lei no 10.639/2003. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências. Brasília, 9 de janeiro de 2003.
______. Parecer CNE/CP nº 003/2004, de 10 de março de 2004. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Despacho do Ministro. Diário Oficial da União, Brasília, de 19 de maio de 2004.
______. Resolução CNE/CP nº 1/2004, de 17 de junho de 2004. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Diário Oficial da União, Brasília, 22 de junho de 2004, Seção 1, p. 11.
______. Lei nº 11.645/2008. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Brasília, 10 de março de 2008.
IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2019. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101707_informativo.pdf>. Acesso em: 20 de setembro de 2020.
MOREIRA, Antônio Flavio B. Currículo: questões atuais. 6ª ed. São Paulo: Papirus, 2001. 
MOREIRA, Antônio Flávio; CANDAU, Vera. Indagações sobre currículo: currículo, conhecimento e cultura. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/indag3.pdf. Acesso em: 20 jun. 2018.
PACHECO, J, A. Escritos curriculares. São Paulo: Cortez, 2005. 
SILVA, Tomaz T. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. 2ª ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
VI Seminário de Educação para as Relações Étnico-Raciais
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás
Pró Reitora de Extensão – contato: eventos.reitoria@ifg.edu.br

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