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Exerćıcios de Cálculo Diferencial e Integral I, Amélia Bastos, António Bravo, Paulo Lopes 2011 1 Introdução Neste texto apresentam-se os enunciados de conjuntos de exerćıcios para as aulas de problemas do curso de Cálculo Diferencial e Integral I do Mestrado em Engenharia Aeroespacial e do Mestrado em Engenharia Mrcância. Complementam-se esses enunciados com conjuntos de exerćıcios resolvidos ver- sando a matéria associada a cada um dos referidos conjuntos de exerćıcios. 2 1a Ficha de problemas Prinćıpio de indução matemática. O axioma do supremo e suas consequências 1. Usando o prinćıpio de indução matemática, demonstre as seguintes afirmações: a) 52n − 1 é divisivel por 8, qualquer que seja n ∈ N b) n < 2n, n ∈ N c) n∑ k=1 (2k − 1) = n2, n ∈ N d) 1 1.2 + 1 2.3 + ...+ 1 n(n+ 1) = n n+ 1 , n ∈ N 2. Mostre que o conjunto {x ∈ R : |x− 2|+ |x+ 1| < 5} é limitado. 3. Considere os seguintes conjuntos: A = {x ∈ R : |x|+1 > 2x} B = {x ∈ R : x4+3x3+2x2 ≤ 0} C = R\Q (a) Mostre que A =] −∞, 1[ e B = [−2,−1] ∪ {0}. Verifique se os conjuntos A, B, C, A∩B ∩C, são majorados ou minorados e caso sejam, indique em R o conjunto dos majorantes e dos minorantes dos mesmos. (b) Caso existam, determine em R o supremo, infimo, máximo e minimo de cada um dos conjuntos A, B, C, A ∩B ∩ C. 4. Mostre que, se X e Y são subconjuntos de R, tais que, supX > inf Y , existem x ∈ X e y ∈ Y , tais que, y < x 3 Exerćıcios resolvidos Recorrendo ao método de indução matemática, mostre que, para todo o n ∈ N, o natural n3 + 2n é diviśıvel por 3. Resolução. Pretende-se provar que n3 + 2n = 3k para algum k ∈ Z, qualquer que seja n ∈ N. Para base da indução tem-se, com n = 1, 13 + 2.1 = 3⇒ k = 1 ∈ Z logo a base da indução é uma proposição verdadeira. Para o passo indutivo, n3+2n = 3k ⇒ (n+ 1)3 + 2(n+ 1) = 3k′ (k, k′ ∈ Z), tem-se (n+1)3+2(n+1) = (n3+2n)+(3n2+3n+3) = 3(k+n2+n+1)⇒ k′ = k+n2+n+1 ∈ Z Logo o passo indutivo é verdadeiro e proposição é verdadeira para todo o n ∈ N. 4 2a Ficha de problemas Sucessões de números reais 1. Considere a sucessão xn x1 = 3 2 xn+1 = 1 3 (x2n + 2) a) Recorrendo ao prinćıpio de indução matemática, verifique que 1 < xn < 2, n ∈ N. b) Mostre que a sucessão é decrescente. c) A sucessão xn é convergente em R? Justifique. 2. Seja un o termo geral de uma sucessão tal que, para qualquer n ∈ N, un > 0 e un+1 un < 1 a) Justifique que a sucessão un é convergente. Mostre ainda, recorrendo à definição de limite, que o limite de un não pode ser um número negativo. b) Indique o supremo e o ı́nfimo do conjuntos dos termos da sucessão e conclua se este conjunto tem máximo ou mı́nimo? Justifique abreviadamente as respostas. 3. Determine, se existirem, os limites das sucessões que têm por termo de ordem n: a) n2 − 1 n4 + 3 , b) 2n + 1 2n+1 − 1 , c) n 1 2 + n n 1 3 + (n2 + 1) 5 2 , d)(1 + 1 n3 ) n2 , e) (1 4 ) −n 9 n 2 (1 4 ) −n + 9 n 2 . 4. Considere as sucessões xn e yn, tais que xn é uma sucessão monótona, yn é uma sucessão limitada |xn − yn| < 1 n n ∈ N. a) Mostre que a sucessão xn é limitada. b) Mostre que as sucessões xn e yn são convergentes e que lim n→+∞ xn = lim n→+∞ yn = a ∈ R 5 3a Ficha de problemas Sucessões de números reais 1. Determine, se existirem em R, os limites das sucessões que têm por termo de ordem n: a) nn 3nn! , b) 3n n2 , c) n80 + n! nn + 50n! , d) n √ (n+ 1)!− n! 2. Analise as sucessões un, vn e wn do ponto de vista da convergência e determine, caso existam, os seus sublimites a)un = cos(n!π), b)vn = n cos(nπ) 2n+ 1 , c)wn = sen( nπ 2 ) + cos( nπ 2 ) 3. a) Mostre que se u2n converge para a ∈ R e u2n+1 converge para b ∈ R, então a e b são os únicos sublimites de un. b) Mostre que se u2n, u2n+1, u3n são convergentes então un é convergente. 4. Considere a sucessão de termos positivos, xn, definida por x1 = 3 xn+1 = 3(1 + xn) xn + 3 a) Mostre que |xn+2 − xn+1| = 6|xn+1 − xn| (xn + 3)(xn+1 + 3) . b) Mostre que a sucessão xn é contrativa ou seja que existe 0 < c < 1 tal que |xn+2 − xn+1| ≤ c|xn+1 − xn| c) Sendo xn convergente, determine o valor de limxn. 6 Exerćıcios resolvidos Considere a sucessão majorada un, definida por u1 = √ 2, un+1 = √ 3un + 2 n ∈ N i) Mostre por indução matemática que a sucessão un é estritamente crescente. ii) A sucessão un é convergente? Justifique. iii) Determine o limite da sucessão vn = 32n+2 + 32n−1 9 + 9n+1 , n ∈ N. Resolução. i) Pretende-se provar que un+1 − un > 0 qualquer que seja n ∈ N. Para n = 1, u2 − u1 = √ 3 √ 2 + 2 − √ 2 > 0. A base da indução é, portanto, verdadeira. Para m ∈ N mostre-se que se um+1 − um > 0 então um+2 − um+1 > 0. Da definição da sucessão, tem-se um+2 − um+1 = √ 3um+1 + 2− √ 3um + 2 = (da hipótese de indução) >0︷ ︸︸ ︷ um+1 − um√ 3um+1 + 2 + √ 3um + 2 > 0 Pelo prinćıpio de indução matemática un+1− un > 0, ∀ n∈N , isto é, a sucessão un é estritamente crescente. ii) Da aĺınea anterior, como un é estritamente crescente é limitada inferiormente, sendo o seu primeiro termo, u1, um dos minorantes do conjunto dos seus ter- mos. Sendo un também majorada conclui-se que a sucessão un é uma sucessão limitada. A sucessão un é assim convergente pois é uma sucessão monótona e limitada. iii) vn = 32n+2 + 32n−1 9 + 9n+1 = 329n + 3−19n 9 + 9.9n Dividindo ambos os membros da fracção pela exponencial dominante (de maior base), 9n, vem 9 + 3−1 91−n + 9 −→ n→+∞ 9 + 3−1 0 + 9 = 28 27 7 Considere a sucessão un = (−1)n sen(nπ/2) n , n ∈ N i) Indique, caso existam em R, o supremo, ı́nfimo, máximo e mı́nimo do conjunto dos termos da sucessão un. ii) A sucessão é convergente? Justifique. iii) A subsucessão u3n é convergente? Justifique e em caso afirmativo determine o sublimite. Resolução. i) Tem-se u4n = u4n+2 = u2n = 0 , u4n+1 = −1 4n+ 1 e u4n+3 = 1 4n+ 3 Como as subsucessões indicadas contêm todos os termos da sucessão un, u4n+1 é crescente e u4n+3 é decrescente resulta que, qualquer que seja n ∈ N, u1 = −1 ≤ un ≤ 1/3 = u3 Então, sendo U = {un : n ∈ N}, supU = maxU = 1/3 e inf U = minU = −1 ii) Como un é o produto de uma sucessão limitada, an = (−1)n sen(nπ/2), por um infinitésimo, bn = 1/n, un → 0 logo trata-se de uma sucessão convergente. iii) Dado que, pela aĺınea anterior, un é uma sucessão convergente, qualquer sub- sucessão de un é convergente para o limite de un. Logo u3n é convergente e o seu limite é 0. Considere a sucessão convergente vn = xn + yn, n ∈ N em que xn = 2n+5 − 3n 3n+1 + 22n + n √ (n+ 2)! n! + 1 e yn+1 = 1 2 ( yn + 5 yn ) , y1 = 1 Determine o limite da sucessão vn 8 Resolução. Tem-se 2n+5 − 3n 3n+1 + 22n = 2−n+5 − (3/4)n 3(3/4)n + 1 → 0− 0 3− 0 + 1 = 0 e (n+ 3)! (n+ 1)! + 1 (n+ 2)! n! + 1 = (n+ 3)! (n+ 2)! n! + 1 (n+ 1)! + 1 = 1 + 3n−1 1 + n−1 1 + 1 n! 1 + 1 (n+1)! → 1 + 0 1 + 0 1 + 0 1 + 0 = 1⇒ n √ (n+ 2)! n! + 1 → 1 Logo xn → 0 + 1 = 1. Então, como yn = vn − xn, yn é uma sucessão convergente. Sendo a ∈ R o seu limite, yn+1 → a pois é uma subsucessão de yn. Aplicando limites a ambos os termos da igualdade que define, por recorrência, yn, tem-se, visto que todas as sucessões envolvidas são convergentes, a = 1 2 ( a+ 5 a ) ⇔ a2 = 5⇔ a = ± √ 5 Como y1 > 0 e yn > 0 ⇒ yn+1 > 0, yn é, por indução, uma sucessão de termos positivos. Assim, o seu limite não pode ser negativo e a = √ 5. Conclui-se, assim, que vn → 1 + √ 5 9 4a Ficha de problemas Funções reais de variável real. Continuidade e limites. 1. Considere a função f :]− 1, 1[→ R f(x) = x− 2 x+ 1 a) Calcule lim x→−1 f(x) e lim x→1 f(x) b) Mostre que f é estritamente crescente e indique, justificando, se é majorada ou mı́norada e se tem máximo ou mı́nimo em ]− 1, 1[. c) Se xn for uma sucessão com termos em ] − 1, 1[, convergente para 1, qual será o limite de f(xn)? Justifique. d)Dê um exemplo de uma sucessão yn, de termos em ]−1, 1[, tal que a sucessão f(yn) não seja limitada. 2. Mostre, usando a definição de limite, que limx→0(1− x sen( 1x)) = 1 3. Seja a função f : R→ R, cont́ınua no ponto 1, f(x) = a sen(π 2 x) se x ≥ 1 arcsen(x) se − 1 < x < 1 0 se x ≤ −1. a) Determine a. b) Determine f( 4 π arccos(−4 5 )) e f(cos(5π 12 )). c) Estude a função f do ponto de vista da continuidade, em cada ponto x ∈ R. Indique o contradomı́nio da função f . Indique ainda se a função tem no domı́nio máximo, mı́nimo, supremo ou ı́nfimo e, no caso de existência, indique o valor. d) Diga se existem e, no caso de existência, calcule os limites lim x→−∞ f(x) e lim x→+∞ f(x) 4. Sendo g : [0, 1]→ R, uma função cont́ınua, justifique que: 10 a) Não existe qualquer sucessão xn de termos em [0, 1] tal que qualquer que seja n ∈ N, g(xn) = n. b) Se existe uma sucessão xn de termos em [0, 1] tal que qualquer que seja n ∈ N, g(xn) = 1n , então existe c ∈ [0, 1] tal que g(c) = 0. 5. Seja f : [−1, 1]→ [−π 4 , π 4 ], uma função cont́ınua, verificando a condição f(−1) = f(1) = π 4 . a) A equação f(x)− x = 1 tem solução em [−1, 1]? Justifique. b) Determine, justificando, o limite da sucessão vn = tg(f(un)), em que un = 1−n n . 11 5a Ficha de problemas Funções reais. Diferenciabilidade. 1. Defina a derivada das seguintes funções, definidas em R: a) f(x) = x− 1 x2 + 3 , b) g(x) = x 3 √ x2 + 1, c) h(x) = x sen(x2). 2. Determine, conhecendo as derivadas das funções tangente e seno, as derivadas das funções: a) h1(x) = arctg x, ∀x ∈ R b) h2(x) = arcsen x, ∀x ∈ [−1, 1] 3. Determine a derivada para cada uma das seguintes funções: a) earctg x, x ∈ R b) (lnx)x, x ∈]1,+∞[ c) xxx−1 , x ∈ R+ 4. Seja a função f : R→ R f(x) = x 1−x se x < 0 arctg(x) se x ≥ 0 a) Sendo a < 0 e b > 0, calcule f ′(a) e f ′(b) e escreva equações das tangentes ao gráfico de f nos pontos de abcissa a e b. b) Justifique que f ′(0) = 1. c) Utilize os resultados de a) e b) para justificar que f não tem extremos locais. 5. Considere a função f definida em R, cont́ınua no ponto 0 e tal que f(x) = x 2 + e 1 x , ∀x 6= 0 Determine as derivadas laterais de f no ponto 0. 6. Seja a função definida por y = √ chx− 1. Indique para a função referida o domı́nio, o domı́nio de diferenciabilidade e a função derivada. Determine as derivadas laterais em 0. 7. Determine o domı́nio, o domı́nio de diferenciabilidade e a função derivada das funções: a) ln (x shx); b) arcsen(arctg x); c) ex 1 + x ; d) ln(arcsen( x+ 1 x− 1 )) 8. Sejam a, b reais e f uma função cont́ınua em [a, b] duas vezes diferenciável em ]a, b[. Suponha que o gráfico de f e o segmento de recta de extremos (a, f(a)) e (b, f(b)) se intersectam um ponto (x0, f(x0)) com x0 pertencente a ]a, b[. Mostre que existe c pertencente a ]a, b[ tal que f ′′(c) = 0. 12 6a Ficha de problemas Funções reais. Diferenciabilidade 1. Determine os seguintes limites: a) lim x→0 10x − 5x x b) lim x→0+ x2 sen ( 1 x ) senx c) lim x→0+ e− 1 x x d) lim x→+∞ x 1 x−1 2. Calcule a) lim x→+∞ (lnx) 1 x b) lim x→0+ (senx)senx c) lim x→0+ lnx x2eln 2 x d) lim x→0 (chx)cothx 3. Seja f : [−1 2 , 1 2 ]→ R tal que f(x) = arctg(x2) + 1 a) Determine o polinómio de Taylor de 2o grau em potências de x. b) Determine um majorante para o erro que se comete em [−1/2, 1/2] ao apro- ximar f pelo polinómio indicado em a). 4. Prove que se g : R→ R é três vezes diferenciável e se g′′′(x) > 0, ∀x ∈ R, então g não pode ter mais do que dois pontos de extremo local. Admitindo agora que g tem de facto extremos locais em α e β, com α < β, indique se g(α) e g(β) são máximos ou mı́nimos da função. Justifique. Escreva a fórmula de Taylor para g e com resto de Lagrange de segunda ordem e aproveite-a para mostrar que g(x) > g(β) para x > β. 5. Seja f : R→ R, f(x) = |x|e1−x2 a) Estude a função f do ponto de vista da continuidade e da diferenciabilidade. Em cada ponto em que f não seja diferenciável, calcule as derivadas laterais. b) Complete o estudo da função f , considerando em particular os aspectos se- guintes: crescimento, extremos, concavidade, inflexões e asśıntotas. Esboce o gráfico da função f . 13 Exerćıcios resolvidos Seja f : R→ R a função definida por f(x) = { α arctg x se x ≥ 1 e x−1 se x < 1 i) Determine para que valores de α ∈ R a função é cont́ınua no ponto 1. ii) Sendo α = 4 π , determine a função derivada de f . iii) Verifique que f é uma função crescente. Determine, justificando, o seu contra- domı́nio. Resolução. i) Como f está definida à esquerda e à direita do ponto 1 por expressões diferentes, f é cont́ınua nesse ponto sse existirem e forem iguais os limites laterais f(1−) e f(1+). Tem-se f(1+) = lim x→1+ α arctg x = α arctg 1 = α π 4 f(1−) = lim x→1− e x−1 = e 0 = 1 Logo f é cont́ınua em 1 sse απ 4 = 1 isto é sse α = 4 π . ii) Comece-se por notar que f é diferenciável em todos os pontos x 6= 1 pois coin- cide numa vizinhança de qualquer desses pontos com o produto ou a composta de funções diferenciáveis em todo o seu domı́nio (neste caso a exponencial, o arco-tangente e funções polinomiais). Assim sendo, podem aplicar-se as regras de derivaáão e obtém-se (sempre para x 6= 1 e α = 4 π ): f ′(x) = 4 π (x)′ 1 + x2 se x > 1 (x− 1)′ex−1 se x < 1 = 4 π 1 1 + x2 se x > 1 ex−1 se x < 1 Falta verificar se existe derivada em 1. Como, novamente, a função é definida por expressões diferentes à esquerda e à direita do ponto, f é diferenciável em 14 1 sse f ′e(1) = f ′ d(1). Tem-se (note-se que f(1) = 1) f ′e(1) = lim x→1− f(x)− f(1) x− 1 = lim x→1− e x−1 − 1 x− 1 = 1 f ′d(1) = lim x→1+ f(x)− f(1) x− 1 = lim x→1+ 4 π arctg x− 1 x− 1 = lim y→π 4 + 4 π y − 1 tg y − 1 = 4 π lim y→π 4 + y − π 4 tg y − 1 = = 4 π 1 (tg y)′y=π 4 = 4 π cos−2(π 4 ) = 2 π em que o primeiro limite é um limite notável e no segundo limite se fez a mudança de variável y = arctg x e se reconheceu o inverso do limite que dá a derivada da função tg y no ponto π 4 . Então f não é diferenciável no ponto 1 e a derivada de f é definida por f ′ : R \ {1} → R f ′(x) = 4 π 1 1 + x2 se x > 1 ex−1 se x < 1 iii) Como 4 π 1 1+x2 > 0 para todo o x ∈ R, f ′ é positiva em ]1,+∞[ e, como f é cont́ınua em 1, f é crescente em [1,+∞[. Por outro lado, como ex−1 > 0 para todo o x ∈ R, f ′ é positiva em ]−∞, 1[ e, como f é cont́ınua em 1, f é crescente em ] −∞, 1]. Então, f é crescente em R. Assim sendo, tendo em conta que as desigualdades anteriores são estritas e, portanto f é estritamente crescente, f(R) =]f [−∞), f [+∞)[. Tem-se, ainda, f(+∞) = limx→+∞ 4π arctg x = 4 π π 2 = 2 f(−∞) = limx→−∞ e x−1 = 0 e, portanto, o contradomı́nio de f é f(R) =]0, 2[. Sendo f : R \ {0} −→ R a função definida por: f(x) = arctg ( 1 x ) i) Escreva o polinómio de Taylor de 2o grau em potências de x + 1 associado à funáão f . ii) Determine ∫ √3 1 f(x)dx Resolução. 15 i) Dado que é a composta de um arctg com uma função racional, a função f é pelo menos 2 vezes diferenciável numa vizinhança do ponto −1. O polinómio de Taylor de 2o grau, p2(x), em potências de x + 1 associado à função f , define-se a partir do teorema de Taylor por: P2(x) = f(−1) + f ′(−1)(x+ 1) + f ′′(−1) 2! (x+ 1)2 com f(−1) = π 4 , f ′(−1) = ( arctg 1 x )′ x=−1 = ( − 1 x2 1 + 1 x2 ) x=−1 = ( −1 x2 + 1 ) x=−1 − 1 2 , f ′′(−1) = ( − 1 1 + x2 )′ x=−1 = ( 2x (1 + x2)2 ) x=−1 = −1 2 i.e. P2(x) = π 4 − (x+1) 2 − (x+1) 2 4 . ii) Usando o método de integração por partes e fazendo u′ = 1 e v = arctg 1 x vem u = x, v′ = −1 x2+1 e ∫ √3 1 f(x)dx = [ x arctg 1 x ]√3 1 − ∫ √3 1 −x 1 + x2 dx = ( √ 3 arctg 1√ 3 − arctg 1) + 1 2 ∫ √3 1 2x 1 + x2 dx = = (√ 3 π 6 − π 4 ) + [ ln(1 + x2) 2 ]√3 1 = = (√ 3 π 6 − π 4 ) + 1 2 (ln 4−ln 2) = π 12 ( 2 √ 3 + 3 ) + ln √ 2 16 Considere a função definida em R pela expressão F (x) = (x− 1) ln |x− 1| se x ≤ 0 arctg √ 1 x − π 2 se x > 0 i) Determine o domı́nio de diferenciabilidade de F e calcule F ′. ii) Determine os intervalos de monotonia, os extremos e o contradomı́nio da fun- ção F . iii) Considere a sucessão wn = 1 + 2 −n. Determine o limite da sucessão F (wn). iv) A função F restrita a ]0,+∞[ é invert́ıvel? Justifique e, em caso afirmativo, determine a derivada da função inversa em F (1). v) Justifique que existe c ∈]1, 3[ tal que F ′(c) = −π/24. Resolução. i) F é diferenciável em R− ∪ R+ pois coincide numa vizinhança de qualquer desses pontos com a composta e o produto de funções diferenciáveis nos pontos correspondentes (neste caso, funções racionais cujos denominadores não se anulam, função logaritmo, função módulo cujo argumento não se anula, função arco-tangente e função ráız quadrada cujo argumento não se anula). 1a Resolução Para saber se F é diferenciável na origem calculam-se as deriva- das laterais usando a definição: F ′e(0) = lim x→0− F (x)− F (0) x− 0 = lim x→0− (x− 1) ln |x− 1| x = lim x→0− (1−x) ln(1− x) −x = (1−0).1 = 1 usando o limite notável limx→0 ln(x+1) x = 1 e F ′d(0) = lim x→0+ F (x)− F (0) x− 0 = lim x→0+ arctg √ 1 x − π 2 x lim y→π/2− y − π/2 cotg2 y = 1 −2 cotg y sen−2 y ∣∣∣∣ y=π/2 = −∞ fazendo a mudança de variável y = arctg √ 1 x e reconhecendo o limite assim obtido como o inverso do limite que define a derivada da função cotg2 y no ponto y = π/2. Como F tem uma derivada lateral infinita na origem não é diferenciável na origem e o seu domı́nio de diferenciabilidade é R \ {0}, sendo 17 a sua derivada definida, nesse conjunto, através das regras de derivação: F ′(x) = ln(1− x) + 1 se x < 0 −1 2 x−3/2 1 + (x−1/2)2 se x > 0 = ln(1− x) + 1 se x < 0 −1 2x1/2(x+ 1) se x > 0 2a Resolução Em R \ {0} podem-se usar as regras de derivação, obtendo: F ′(x) = ln(1− x) + 1 se x < 0 −1 2 x−3/2 1 + (x−1/2)2 se x > 0 = ln(1− x) + 1 se x < 0 −1 2x1/2(x+ 1) se x > 0 Como F (0−) = limx→0−(x−1) ln |x−1| = 0 = F (0) e F (0+) = limx→0+ arctg √ 1 x − π 2 = π/2− π/2 = 0, F é cont́ınua na origem. Tem-se, ainda F ′(0+) = lim x→0+ −1 2x1/2(x+ 1) = −∞ e F ′(0−) = lim x→0− ln(1− x) + 1 = 1 Assim, pelo Teorema de Lagrange, como F é cont́ınua em [−�, �] e diferenciável em ]−�, �[, para algum � > 0, e existem os limites laterais F ′(0+) e F ′(0−), tem- se que F ′d(0) = F ′(0+) = −∞ e F ′e(0) = F ′(0−) = 1 logo F não é diferenciável na origem. Então o domı́nio de diferenciabilidade é R \ {0} e F ′ está definida, nesse conjunto, pela expressão obtida pelas regras de derivação. ii) Pela aĺınea anterior, F ′(x) < 0 para x ∈ R+ e F ′(x) > 0 para x ∈ R−. Logo, dado que F é cont́ınua na origem, F é estritamente decrescente em [0,+∞[ e estritamente crescente em ]−∞, 0] e tem um máximo na origem com F (0) = 0 que é o único extremo da função. Como F (+∞) = lim x→+∞ arctg √ 1 x − π 2 = 0− π 2 = −π 2 e F (−∞) = lim x→−∞ (x− 1) ln |x− 1| = −∞(+∞) = −∞ tem-se que, pelo estudo da monotonia apresentado, o contradomı́nio de F é F (R) = F (R−0 ) ∪ F (R+) =]−∞, 0]∪]− π2 , 0[=]−∞, 0]. iii) Como wn = 1 + 2 −n → 1 + 0 = 1 e F é cont́ınua em 1, visto que é diferenciável nesse ponto (aĺınea (i)), o limite da sucessão F (wn) é limF (wn) = F (1) = arctg(1)− π 2 = π 4 − π 2 = −π 4 18 iv) Pela aĺınea (ii), F é estritamente decrescente em ]0,+∞[ logo é injectiva nesse intervalo e, portanto, F restrita a esse intervalo é invert́ıvel. Pelo teorema da derivada da função inversa tem-se, sendo G a inversa dessa restrição, G′(F (1)) = 1 F ′(G(F (1))) = 1 F ′(1) = 1 −1 4 = −4 v) Pela aĺınea (i), F é cont́ınua em [1, 3] e diferenciável em ]1, 3[ pois é diferen- ciável em R+. Então pelo teorema de Lagrange existe um c ∈]1, 3[ tal que F ′(c) = F (3)− F (1) 3− 1 = arctg √ 1 3 − arctg √ 1 1 2 = π/6− π/4 2 = − π 24 Seja f : R→ R uma função diferenciável em R. Suponha que f é par e que existe, emR, o limite limx→+∞ f(x) = L. i) Mostre que f é limitada em R. ii) Supondo adicionalmente que a função satisfaz f(n+ 1) = f(n) 2n , ∀n∈N mostre que, necessariamente, se tem que verificar L = 0. Resolução. i) Como f é diferenciável em R é cont́ınua em R e, portanto, limitada em qualquer intervalo limitado. Por outro lado, como f(+∞) = L, qualquer que seja δ > 0 existe � > 0 tal que f(x) ∈]L− δ, L+ δ[ para x > 1 � . Por simetria, visto que f é par, f(x) ∈]L− δ, L+ δ[ para x < −1 � . Então f é limitada em R. ii) Como existe f(+∞) = L, pela definição de limite segundo Heine, existem e têm o mesmo valor os limites das sucessões f(n+1) e f(n). Aplicando limites a ambos os membros da igualdade, visto que tratarem de sucessões convergentes e 1 2n → 0, tem-se lim f(n+ 1) = lim f(n) 2n ⇔ L = 0 19 7a Ficha de problemas Primitivação 1. Determine uma primitiva de cada uma das seguintes funções, indicando os do- mı́nios correspondentes: a) 2√ x , b) x √ x 2 , c) 1√ 4− x2 , d) 2 1− 2x e) 1 4 + x2 , f) cos3 x sen2 x , g) 1 sen2 2x , h) ( 1 2x− 1 ) 2 i) cotg x , j) tg5 x , k) x+ 1 x2 + 1 , l) sen x √ 1− cosx m) (arctg x)4 x2 + 1 , n) x2 x2 + 2 , o) 2x4 − 3x2 + 1 3x2 , q) 2x+ 3 2x+ 1 , r) e 1 x x2 , s) 4x x4 + 1 , t) 1 x lnx2 , u)x √ 1 + x2 v) ex 1 + ex , x) ecos 2 x sen 2x , y) ex 4 + e2x , z) x√ 1− 2x4 2. Determine a função f que verifica as seguintes condições: f : R\{1} −→ R, f ′′ (x) = 1 (1− x)2 , f(0) = 0, limx→+∞ f ′ (x) = 1, f(e+ 1) = 0 e f ′ (0) = 0 3. Usando o método de primitivação por partes, determine uma primitiva de cada uma das seguintes funções, indicando os domı́nios correspondentes: a)x cos 2x , b) ln 2x , c) arctg x , d)x3 chx e) arcsen2 x , f)x cosx senx , g) ( 1 x2 + 1 ) 2 , h) cos(lnx) i)x2 lnx , j)x2e2x , k) ln 2x√ x , l) 2x arctg x 20 8a Ficha de problemas Integral de Riemann 1. Calcule os seguintes integrais: a) ∫ π2 16 π2 36 cos( √ x)√ x dx , b) ∫ ee e1 ln(lnx) x lnx dx , c) ∫ √π 4 √ π 6 x cotg(x2)dx , 2. Calcule os seguintes integrais: a) ∫ 1 0 xe2xdx , b) ∫ 1 0 arctg(x)dx , c) ∫ e 1 ln2(x)dx , 3. Calcule os seguintes integrais: a) ∫ 1 2 0 x4 x2 − 1 dx , b) ∫ 2 1 x+ 1 x3 + 2x2 dx , c) ∫ 1 2 0 2 x3 − 1 dx , d) ∫ 1 0 1 (x2 + 1)2 dx , 4. Justifique a diferenciabilidade de cada uma das seguintes funções e calcule as respectivas derivadas. a) ∫ 0 x e4t 2 dt , b) ∫ cosx 0 et 2+2xdt , c) ∫ x2 x 1 ln(1 + t2) dt 5. Considere a função ϕ : ]0,+∞[ −→ R, definida por ϕ(x) = ∫ x 1 t (1 + t2)2 ln(t)dt. a) Calcule ϕ(2). b) Justifique que ϕ é diferenciável em R+ e calcule ϕ′(x), para x > 0. c) Estude ϕ quanto à monotonia e verifique que existe um e um só ponto c > 0 tal que ϕ(c) = 0. 21 10a Ficha de problemas Integral de Riemann e aplicações 1. Calcule os seguintes integrais: a) ∫ 3 0 √ x+ 1 + 2 8 + √ (x+ 1)3 dx , b) ∫ 2 1 1 e2x − 1 dx , c) ∫ e 1 lnx x(ln2 x+ 3 lnx+ 2) dx , 2. Calcule os seguintes integrais: a) ∫ 1 0 √ 4− x2dx , b) ∫ 1 2 0 √ 1 + 4x2dx , c) ∫ π 2 0 1 senx+ cosx+ 1 dx , 3. Determine as áreas das regiões planas de R2 limitadas pelas curvas i) y = lnx, y = 1− x, y = 1. ii) y = x2 − π2/4, y = cosx. 4. Determine a área dos subconjuntos de R2 i) {(x, y) ∈ R2 : 0 ≤ x ≤ π/2 ∧ 0 ≤ y ≤ x cosx}. ii) {(x, y) ∈ R2 : −1 ≤ x ≤ 1 ∧ 0 ≤ y ≤ [(x+ 3) √ x+ 2]−1}. 22 Exerćıcios resolvidos Determine o valor dos integrais i) ∫ e 1 ln2 x x dx ii) ∫ 1/√2 0 x√ 1− x4 dx iii) ∫ e 1 x ln ( 1 + 1 x ) dx iv) ∫ 1 0 2x arctg x dx Resolução. i) Dado que (lnx)′ = 1 x , a função integranda é imediatamente primitivável e, usando a fórmula de Barrow, tem-se∫ e 1 ln2 x x dx = ∫ e 1 1 x (lnx)2 dx = [ ln3 x 3 ]e 1 = ln3 e 3 − ln 3 1 3 = 1 3 . ii) Através da fórmula de Barrow tem-se∫1/√2 0 x√ 1− x4 dx = 1 2 ∫ 1/√2 0 2x√ 1− (x2)2 dx = [ arcsen(x2) 2 ]1/√2 0 = π 12 iii) Usando o método da integração por partes e fazendo u′ = x e v = ln ( 1 + 1 x ) vem u = x 2 2 , v′ = − 1 x2 1+ 1 x = −1 x(x+1) e∫ e 1 x ln ( 1 + 1 x ) dx = [ x2 2 ln ( 1 + 1 x )]e 1 − ∫ e 1 x2 2 −1 x(x+ 1) dx = = e2 2 ln e+ 1 e − 1 2 ln 2 + 1 2 ∫ e 1 x x+ 1 dx 23 Efectuando a divisão inteira entre os polinómios da última fracção vem x x+1 = 1− 1 x+1 logo∫ e 1 x ln ( 1 + 1 x ) dx = e2 2 ln(e+ 1)− e 2 2 − ln 2 2 + 1 2 ∫ e 1 1− 1 x+ 1 dx = e2 2 ln(e+ 1)− e 2 2 − ln 2 2 + [ x 2 − 1 2 ln |x+ 1| ]e 1 = e2 2 ln(e+ 1)− e 2 2 − ln 2 2 + [ e 2 − ln(e+ 1) 2 ] − [ 1 2 − ln 2 2 ] = 1 2 ( (e2 − 1) ln(e+ 1)− e2 + e− 1 ) . iv) Usando o método de integração por partes e fazendo u′ = 2x e v = arctg x vem u = x2, v′ = 1 1+x2 e∫ 1 0 2x arctg x dx = [ x2 arctg x ]1 0 − ∫ 1 0 x2 1 + x2 dx = π 4 − ∫ 1 0 x2 + 1 1 + x2 dx+ ∫ 1 0 1 1 + x2 dx = π 4 + [−x+ arctg x]10 = π 4 + (−1 + arctg 1)− (arctg 0) = π 2 − 1 . Determine a área da região limitada pelas linhas, definidas por: y = −x2 − 4x− 3 , y + 1 = |x+ 2| Resolução. -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0.5 1 1.5 2 Para x > −2, |x + 2| = x + 2 e −x2 − 4x − 3 = (x + 2) − 1 ⇔ x = −1, logo as linhas intersetam-se em (−1, 0). Sendo a região acima representada simétrica relativamente a x = −2, a sua área é obtida por: 24 2 ∫ −1 −2 ( −x2 − 4x− 3 ) − [(x+ 2)− 1] dx = 2 ∫ −1 −2 −x2 − 5x+ 2 dx = = 2 [ −x 3 3 − 5x 2 2 + 2x ]−1 −2 = 43 3 Determine o valor dos integrais: (i) ∫ 1 0 x3 √ 1 + x2 dx (ii) ∫ 2 1 x2 − x x3 + 3x2 + 2x dx Resolução. (i) Determine-se uma primitiva, usando o método de primitivação por partes e a primitivação por decomposição∫ x3 √ 1 + x2 dx = x2 3 ( √ 1 + x2) 3 2− ∫ 2x 3 ( √ 1 + x2) 3 2dx = x2 3 ( √ 1 + x2) 3 2− 2 15 ( √ 1 + x2) 5 2 pela fórmula de Barrow tem-se∫ 1 0 x3 √ 1 + x2 dx = [ x2 √ 1 + x2 − 2 3 √ 1 + x2 ]1 0 = 2− √ 2 3 (ii) A função integranda é uma função racional que se decompõe em fracções simples∫ 2 1 x2 − x x3 + 3x2 + 2x dx = ∫ 2 1 x− 1 (x+ 1)(x+ 2) dx = A ∫ 2 1 1 x+ 1 dx+B ∫ 2 1 1 (x+ 2) dx = = A[ln(x+ 1)]10 +B[ln(x+ 2)] 2 1. A determinação das constantes A,B é feita pelo método dos coeficientes indetermi- nados já que x− 1 = (A+B)x+ (2A+B) Tem-se A = −2, B = 3 concluindo-se que:∫ 2 1 x− 1 (x+ 1)(x+ 2) dx = ln( 25 24 ). 25 Determine a área da região plana D ⊂ R2 limitada pelas curvas y = shx, y = 0 e x = e− e−1 2 . -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0.5 1 1.5 2 Resolução. As linhas y = 0, y = shx intersetam-se em (0, 0). Sendo a área da região obtida por: ∫ e−e−1 2 0 shx dx = [chx]sh 10 = ch(sh 1)− 1 . Seja φ : [1,+∞[→ R a função definida por φ(x) = ∫ lnx 1 xet 2 dt . i) Defina, se existirem, as funções φ′ e φ′′. ii) Determine lim x→0+ (1− cosx)1/ lnx + lim x→e φ(x) x− e Resolução. i) A função F (x) := ∫ x 1 et 2 dt é um integral indefinido de uma função cont́ınua em R e portanto diferenciável em R, pelo Teorema Fundamental do Cálculo. Como φ(x) = x ∫ lnx 1 et 2 dt = xF (lnx) é resulta da composição e produto de funções diferenciáveis em [1,+∞[ será também diferenciável em [1,+∞[. A sua derivada é dada por: φ′(x) = x(lnx)′e(ln 2 x) + ∫ lnx 1 et 2 dt = e(ln 2 x) + ∫ lnx 1 et 2 dt, 26 pela regra da derivada do produto e pelo Teorema Fundamental do Cálculo. Por sua vez, φ′ é a soma de duas funções diferenciáveis em [1,+∞[ e portanto diferenciável em [1,+∞[ tendo-se: φ′′(x) = 2 lnx e(ln 2 x) x + e(ln 2 x) x = e(ln 2 x) x (2 lnx+ 1). ii) lim x→0+ (1− cosx)1/ lnx = 00 (indeterminação) lim x→0+ (1− cosx)1/ lnx = elimx→0+ ln (1−cos x) ln x e lim x→0+ ln (1− cosx) lnx = ∞ ∞ (ind.) lim x→0+ (ln (1− cosx))′ (lnx)′ = lim x→0+ senx 1−cosx 1 x = lim x→+∞ x senx 1− cosx = lim x→+∞ (1+cosx) x senx = 2.1 = lim x→+∞ (1 + cos x) x senx 1− cos2 x = lim x→+∞ (1 + cos x) x senx = 2.1 Tem-se, finalmente, que limx→0+ (1− cosx)1/ lnx = e2. lim x→e φ(x) x− e = ∫ 1 1 e cos(t2) dt 0 = 0 0 (ind.) Da regra de Cauchy lim x→e φ(x) x− e = lim x→e φ′(x) (x− e)′ = lim e(ln 2 x)+ ∫ ln x 1 e t2 dt 1 = e Assim limx→e φ(x) x− e + limx→+∞ x 2/ √ x = cos 1 + 1. i) Determine, utilizando a mudança de variável √ x = t, o integral∫ π2/4 0 sen( √ x) dx . ii) Indique uma solução da equação (h(x))2 = 2 ∫ x 0 h(t) dt + ∫ π2/4 0 sen( √ x) dx . em que h : [0, 1]→ R é uma função diferenciável que não se anula em ]0, 1[. Resolução. 27 i) Aplicando o método de integração por substituição,√ x = t⇒ x = ϕ(t) = t2∫ π2/4 0 sen( √ x) dx = ∫ π/2 0 sen t.2t dt = integrando por partes, = 2 ( [−t. cos t]π/20 − ∫ π/2 0 cos t dt ) = 2 [sen t]π/20 = 2 ii) Tem-se 2h(x)h′(x) = 2h(x) ⇔ 2h(x) (h′(x)− 1) = 0 Como de h′(x)− 1 = 0, deduz-se que h(x) = x+ C, (x+ C)2 = 2 ∫ x 0 (t+ C)dt+ 2 ⇔ x2 + 2Cx+ C2 = [ t2/2 + Ct ]x 0 + 2 donde C = √ 2. 28 11a Ficha de problemas Séries numéricas 1. Estude a natureza das seguintes séries numéricas: a) +∞∑ n=1 1 (n+ 1)(n+ 2) , b) +∞∑ n=1 1 2 + cos(nπ) , c) +∞∑ n=1 √ n+ 1√ n3 + 1 , 2. Estude a natureza das seguintes séries numéricas e determine o valor da soma de uma das séries: a) +∞∑ n=1 1− e en , b) +∞∑ n=1 nn 3nn! , c) +∞∑ n=1 arctg( 1 n2 ) , 3. Estude a natureza das seguintes séries numéricas e determine o valor da soma de uma das séries: a) +∞∑ n=2 2(n−1) 5n , b) +∞∑ n=1 √ n+ 1 n2 + n , c) +∞∑ n=1 n sen( 1 n ) , 4. Sendo an > 0 e an → +∞, estude a natureza das seguintes séries numéricas: a) +∞∑ n=1 an 1 + an , b) +∞∑ n=1 1 3n + an 5. Sendo an > 0 e ∑+∞ n=1 a 2 n convergente, mostre que a série +∞∑ n=1 an n é também convergente. 29 12a Ficha de problemas Séries numéricas e séries de potências 1. Considere a série +∞∑ n=1 n (n+ 1)! . Determine a sua soma. 2. Estude a natureza de cada uma das séries seguintes. Verifique se a convergência é absoluta. +∞∑ n=1 ( 1 + 1 n3 )n3 +∞∑ n=1 (−1)n n2 + 1 +∞∑ n=1 2n + n4 en + n3 3. Determine o maior intervalo aberto onde são convergentes as séries i) +∞∑ n=1 (−1)n√ n2 + 1 xn , ii) +∞∑ n=1 (1− 3x)2n 5n(n+ 1) 4. Considere a série +∞∑ n=1 2(1−n)(x+ 1)n+2, x ∈ R a) Determine o intervalo de R, onde a convergência da série é absoluta b) Determine a soma da série quando x = 0. 30 Exerćıcios resolvidos Analise a natureza das séries numéricas e em caso de convergência determine a soma de uma delas. i) +∞∑ n=1 3 √ n+ 1√ n+ n2 ii) +∞∑ n=1 22n 6n+1 iii) +∞∑ n=1 (2n)! (n!)2 . Resolução. i) As sucessões an = 3√n+1√ n+n2 e bn = 3√n√ n2 = 1 n 2 3 têm o mesmo comportamento quando n→ +∞. Uma vez que lim 3√n+1√ n+n2 3√n√ n2 = lim 3 √ 1 + 1 n√ 1 n + 1 = 1 ∈ R+, a série +∞∑ n=1 3 √ n+ 1√ n+ n2 é uma série divergente pelo critério de comparação, já que a série ∑+∞ n=1 bn é uma série divergente, pois é uma série de Dirichlet, ∑∞ n=1 1 np , com p ≤ 1. ii) A série +∞∑ n=1 22n 6n+1 = 1/6 +∞∑ n=1 ( 2 3 ) n é uma série geométrica de termos positivos convergente uma vez que tem razão, 2/3, de módulo inferior a um. O valor da sua soma é : 1/6 +∞∑ n=1 ( 2 3 ) n = 1/6 2/3 1− 2/3 = 1 3 iii) Do critério de D’Alembert, uma vez que lim an+1 an = lim (2n+ 2)! ((n+ 1)!)2 . (n!)2 (2n)! = lim (2n+ 2)(2n+ 1) (n+ 1)2 = lim (2 + 2 n )(2 + 1 n ) (1 + 1 n )2 = 4 > 1 , a série ∑∞ n=1 (2n)! (n!)2 é divergente. 31 Determine a ∈ N, tal que +∞∑ n=a 3n−1 22n−2 = 3. Resolução. A série é uma série geométrica convergente de razão 3 4 , +∞∑ n=a 3n−1 22n−2 = 4 3 +∞∑ n=a ( 3 4 )n = 4 3 ( 3 4 )a 1− 3 4 . donde 16 3 ( 3 4 )a = 3 ⇔ ( 3 4 )a = ( 3 4 )2 resultando a = 2. (i) Analise a natureza das séries +∞∑ n=1 2n− 1 n3/2 + 1 +∞∑ n=0sen(nπ + π/2)3n+1 πn (ii) Determine um número real que seja majorante do módulo da soma de uma das séries anteriores. Resolução. i) Considerem-se as sucessões an = 3+ √ n n+1 e bn = √ n n = 1 n 1 2 . Tem-se lim an bn = lim 3√ n + 1 1 + 1 n = 1 ∈ R+, Do critério de comparação as séries ∑∞ n=1 an e ∑∞ n=1 bn têm a mesma natu- reza. Como a série ∑∞ n=1 bn é uma série de Dirichlet divergente, ∑∞ n=1 1 np com p = 1/2 < 1, a série ∞∑ n=1 3 + √ n n+ 1 é também divergente. A série +∞∑ n=0 ∣∣∣∣cos(nπ)2n+1en ∣∣∣∣ = 2 +∞∑ n=0 ( 2 e )n é uma série geométrica convergente de razão 2 e < 1, sendo a série ∑+∞ n=0 cos(nπ)2n+1 en consequentemente absolutamente convergente. 32 ii) ∣∣∣∣∣ +∞∑ n=0 cos(nπ)2n+1 en ∣∣∣∣∣ ≤ 2 +∞∑ n=0 ( 2 e )n = 2e e− 2 (i) Determine o intervalo de R onde a série de potências: +∞∑ n=1 (−1)n(x− 2)n (n+ 1)(n+ 2) é absolutamente convergente. (ii) Indique a soma da série em x = 1. Resolução. i) Tem-se para o raio de convergência r = lim | an an+1 | = lim n+1 n+2 n+2 n+3 = lim n+ 3 n+ 1 = 1 Assim série converge absolutamente se |x− 2| < 1 i.e 1 < x < 3. Para x = −3, +∞∑ n=1 1 (n+ 1)(n+ 2) = +∞∑ n=1 ( 1 n+ 1 − 1 n+ 2 ) é uma série de Mengoli convergente, pois a sucessão un = 1 n+ 1 é convergente. Para x = −1 +∞∑ n=1 ∣∣∣∣ (−1)n(n+ 1)(n+ 2) ∣∣∣∣ é uma série absolutamente convergente. ii) Sendo uma série de Mengoli convergente a sua soma é 1/2, uma vez que, considerando a sucessão das somas parciais Sm, tem-se Sm = m∑ n=1 ( 1 n+ 1 − 1 n+ 2 ) = ( 1/2− 1 m+ 2 ) −→ m→+∞ 1/2 33 Seja ∑+∞ n=1 bn uma série de termos positivos divergente e sn = b1 + . . . + bn a sua sucessão das somas parciais. Conclua, justificando, qual a natureza da série +∞∑ n=1 bn s2n Sugestão: Mostre que bn s2n ≤ 1 sn−1 − 1 sn Resolução. Tem-se 1 sn−1 − 1 sn = bn snsn−1 Como snsn−1 ≤ s2n já que bn > 0. Assim bn s2n ≤ 1 sn−1 − 1 sn e ∑+∞ n=1 bn s2n é uma série de Mengoli convergente, pois tem-se vn = 1 sn → 0. Consequentemente pelo critério geral de comparação, conclui-se que a série dada é convergente. 34