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Aula 17
Direito Processual Civil p/ TJDFT (AJAJ e Oficial de Justiça) Com
Videoaulas - 2019
Ricardo Torques
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
1 - Considerações Iniciais ...................................................................................................................................... 2 
2 - Mandado de Segurança ................................................................................................................................... 2 
2.1 - Introdução .......................................................................................................................................................... 2 
2.2 - Noções Constitucionais ....................................................................................................................................... 3 
2.3 - Lei nº 12.016/2009 ............................................................................................................................................. 5 
3 - Estudo da Ação Civil Pública e da Ação Popular .............................................................................................. 28 
3.1 に Introdução........................................................................................................................................................ 28 
3.2 - Princípios .......................................................................................................................................................... 30 
4 - Ação Popular ................................................................................................................................................. 33 
4.1 - Natureza Jurídica .............................................................................................................................................. 34 
4.2 - Legitimidade ..................................................................................................................................................... 35 
4.3 - Objetivo ............................................................................................................................................................ 41 
4.4 - Competência ..................................................................................................................................................... 45 
4.5 - Processo ............................................................................................................................................................ 46 
4.6 - Disposições Gerais ............................................................................................................................................ 49 
5 - Ação Civil Pública .......................................................................................................................................... 50 
5.1 - Noções gerais e aspectos históricos .................................................................................................................. 50 
5.2 - Legitimidade ..................................................................................................................................................... 52 
5.3 - Objeto ............................................................................................................................................................... 55 
5.4 - Competência ..................................................................................................................................................... 57 
5.5 - Tutela provisória ............................................................................................................................................... 58 
5.6 - Procedimento ................................................................................................................................................... 58 
5.7 - Condenação em Dinheiro .................................................................................................................................. 60 
5.8 - Efeito suspensivo do recurso em ação civil pública ........................................................................................... 60 
5.9 - Execução de sentença ....................................................................................................................................... 60 
5.10 - Coisa Julgada Erga Omnes .............................................................................................................................. 61 
5.11 - Litigância de má-fé ......................................................................................................................................... 61 
5.12 - Dispositivos finais da LACP.............................................................................................................................. 62 
6 に Lista de Questões .......................................................................................................................................... 62 
6.1 に Lista de Questões sem Comentários................................................................................................................. 62 
6.2 に Gabarito ......................................................................................................................................................... 108 
6.3 に Lista de Questões com Comentários .............................................................................................................. 109 
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7 - Destaques da Legislação e Jurisprudência Correlata ...................................................................................... 210 
8 - Resumo ....................................................................................................................................................... 218 
9 - Considerações Finais.................................................................................................................................... 227 
 
 
MANDADO DE SEGURANÇA, AÇÃO POPULAR E AÇÃO 
CIVIL PÚBLICA 
1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
No encontro de hoje vamos tratar das seguintes leis específicas: 
 
Vamos lá!? 
2 - MANDADO DE SEGURANÇA 
2.1 - INTRODUÇÃO 
O mandado de segurança é uma ação constitucional que visa proteger direito líquido e certo do 
impetrante, contra ilegalidade ou abuso de poder causado pelo Poder Público. 
Atualmente, esse procedimento judicial é tido como garantia fundamental no rol do art. 5º, da CF に 
mais especificamente nos incs. LXIX e LXX に e melhor disciplinado na Lei nº 12.016/2009. 
 
Essas normas estabelecem modalidades de mandado de segurança: 
 QUANTO AO MOMENTO DE IMPETRAÇÃO 
Em relação ao momento de impetração, o mandado de segurança poderá ser ajuizado antes mesmo 
da violação ao direito líquido e certo, hipótese em que será denominado de mandado de segurança 
preventivo. 
Mandado de 
Segurança
Ação Popular Ação Civil Pública
BASE NORMATIVA
art. 5º, LXIX e LXX, da CF
Lei nº 12.016/2009
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Caso a violação ao direito líquido e certo já tenha ocorrido, o mandado de segurança terá a finalidade 
de reparar os direitos violados. Trata-se, nesse caso, de mandado de segurança reparatório. 
 QUANTO À LEGITIMIDADE PARA IMPETRAÇÃO 
Se a ação constitucional for ajuizada por única pessoa, denomina-se de mandado de segurança 
individual; ao passo que, se ajuizado por uma coletividade, será, naturalmente, denominado de 
mandado de segurança coletivo. 
Ao avançarmos com a análise da aula, você verá que a formação de cada uma dessas modalidades 
de mandado de segurança exige um conjunto de requisitos próprios. 
Antesde analisarmos a Lei do Mandado de Segurança, vamos, brevemente, tratar dos dispositivos 
constitucionais. 
2.2 - NOÇÕES CONSTITUCIONAIS 
No âmbito do Texto Constitucional temos dois incisos no art. 5º que trazem as balizas gerais dessa 
ação constitucional. 
De acordo com o inc. LXIX, do art. 5º: 
LXIX に conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, NÃO amparado por さエ;HW;ゲ-
Iラヴヮ┌ゲざ ラ┌ さエ;HW;ゲ-S;デ;ざ, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou 
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. 
Da rápida leitura desse dispositivo constitucional, você deve extrair duas informações: 
Primeira, o mandado de segurança é uma ação que visa proteger o cidadão contra arbitrariedades 
estatais. Ele tem por finalidade prestigiar o direito líquido e certo contra ilegalidade ou abuso de 
poder cometido por autoridade pública ou por agente de pessoa jurídica que esteja no exercício de 
atribuições do Poder Público. 
Segunda, o mandado de segurança é uma ação subsidiária. Essa modalidade de ação somente será 
proposta se não for cabível o habeas corpus ou o habeas data. Sem entrar em detalhes (pois não é 
objeto dessa aula), o habeas corpus tem por finalidade proteger o direito de ir e vir e o habeas data 
tem por finalidade assegurar o conhecimento de dados da pessoa impetrante e, também, quando 
necessário, propiciar a retificação ou a complementação dessas informações. 
O inc. LXX, por sua vez, prevê o mandado de segurança coletivo nos seguintes termos: 
LXX に o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: 
a) partido político com representação no Congresso Nacional; 
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo 
menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. 
Esse dispositivo, na realidade, não traz o conceito, as características ou os requisitos da forma 
coletiva da ação constitucional do mandado de segurança, ele apenas explicita os legitimados ativos 
da ação. 
Por ora, basta que saibamos quem são esses legitimados... 
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Não é qualquer partido político que poderá impetrar mandado de segurança coletivo, mas tão 
somente aqueles que tenham eleito, pelo menos, um Deputado Federal ou um Senador da 
República. Caso tenham algum parlamentar eleito no âmbito federal, preencherão o requisito da 
さヴWヮヴWゲWミデ;N?ラàミラàCラミェヴWゲゲラàN;Iキラミ;ノざく 
Além disso, as associações に conceituadas no Código Civil como união de pessoas organizadas por 
intermédio de um estatuto, com objetivo ideal, mas não econômico ou não lucrativo に para terem 
legitimidade ativa para o mandado de segurança coletivo deverão: 
 estar em funcionamento há, pelo menos, um ano; e 
 ajuizar ação para a defesa do interesse dos seus membros. 
Esses são os parâmetros constitucionais do mandado de segurança. Você vai perceber, na medida 
em que o estudo evoluir, que vamos retomar esses conceitos, porém, de forma aprofundada, mais 
detalhada. 
Neste momento... 
 
 
MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO に legitimidade ativa
partido político (com 
representação no CN)
organização sindical entidade de classe
associação (funcionamento 
há 1 ano e para a defesa dos 
membros)
ひFINALIDADE: proteger direito líquido e certo contra ilegalidade ou abuso de poder do Estado.
ひAÇÃO SUBSIDIÁRIA: ajuizável apenas se não couber habeas corpus ou habeas data.
ひLEGITIMADOS PARA O MS COLETIVO: a) partido político (com representação no CN); b)
organização sindical; c) entidade de classe; e d) associação (funcionamento há 1 ano e para a
defesa dos membros).
MANDADO DE SEGURANÇA (aspectos constitucionais)
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2.3 - LEI Nº 12.016/2009 
A Lei do Mandado de Segurança, que possui 29 artigos, será integralmente analisada por nós! 
Processualmente, essa lei é civil, ou seja, não trata de assuntos penais. Assim, tutela-se o direito 
líquido e certo pelo mandado de segurança ainda que o ato impugnado seja administrativo, 
tributário, civil, militar, policial, eleitoral etc. 
Além disso, a Lei do Mandado de Segurança estabelece um rito processual especial e sumário. 
O art. 1º, caput, repete, em parte, o inc. LXIX, do art. 5º, da CF: 
Art. 1º Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, NÃO amparado por habeas 
corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica 
sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais 
forem as funções que exerça. 
Vamos aprofundar um pouco?! 
2.3.1 - Direito Líquido e Certo 
O que devemos compreender como direito líquido e certo? 
De acordo com a doutrina1: 
O direito líquido e certo é aquele que pode ser demonstrado de plano mediante prova pré-constituída, sem a 
necessidade de dilação probatória. Trata-ゲW SW SキヴWキデラ さマ;ミキaWゲデラ ミ; ゲ┌; W┝キゲデZミIキ;が SWノキマキデ;Sラ ミ; ゲ┌; W┝デWミゲ?ラ 
e apto a ser exercキデ;Sラ ミラ マラマWミデラ S; キマヮWデヴ;N?ラざく 
Do conceito acima podemos extrair que o DIREITO LÍQUIDO E CERTO é aquele que pode ser 
demonstrado de plano, mediante provas pré-constituídas. Dito de outra forma, constitui o direito 
que não desperta dúvidas, que não depende de produção probatória para que seja demonstrado, 
ou seja, os documentos acostados aos autos são capazes de, por si só, deixar inconteste o direito 
pleiteado pela parte. 
Para a prova... 
 
Quando esse direito líquido e certo for prejudicado por ato ilegal ou abuso de poder praticado por 
autoridade, cabe o mandado de segurança. 
 
1 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 16ª edição, São Paulo: Editora Saraiva S/A, 2012, versão digital. 
DIREITO LÍQUIDO E 
CERTO
direito que não gera dúvidas, que pode ser demonstrado 
com os documentos constantes do processo, sem a 
necessidade de instrução probatória.
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2.3.2 - Legitimidade passiva 
Assim, os legitimados passivos に ou seja, quem pode ser impetrado (réu) na ação de mandado de 
segurança に são as autoridades públicas em razão dos atos que possam praticar. 
áàW┝ヮヴWゲゲ?ラàさ;┌デラヴキS;SWざàYàH;ゲデ;ミデWà;マヮノ;àWàWミェノラH;àデラS;ゲà;ゲàヮWゲゲラ;ゲàケ┌WàWゲデWテ;マàキミ┗WゲデキS;ゲàSWà
poder e, em razão disso, possam praticar atos ilegais ou abusivos. 
De acordo com o art. 6º, §3º, da Lei do Mandado de Segurança, a autoridade não será somente a 
pessoa que praticou o ato, mas também aquela que detém a competência para ordenar a sua 
prática. Confira: 
§ 3o Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem 
para a sua prática. 
Essa autoridade poderá praticar diretamente o ato ou, em razão do seu poder, poderá determinar 
que outro o faça. Em ambos os casos, a autoridade que possuir poder decisório é que responderá 
judicialmente ao mandado de segurança. 
Além disso, é importante esclarecer que, no ajuizamento da ação, deve ser indicada tanto a 
autoridade coatora como a pessoa jurídica a que pertence, conforme se extrai do art. 6º, caput. 
Há dúvidas se, efetivamente, há formação de litisconsórcio passivo entre a autoridade coatora e a 
entidade. 
Autoridade coatora e a entidade são citados como réus, ou apenas a entidade é ré na ação de 
mandado de segurança, muito embora seja necessário indicar a autoridade coatora na petição 
inicial? 
Veja o que nos ensina a doutrina2: 
Defendemos, assim, ao menos sob o ponto de vista da consequência prática, que, de certa forma, a questão foi 
sanada pelanova disciplina normativa, isso porque o art. 6º traz, em seu caput, a existência de que deverá 
constar, da petição inicial, tanto a autoridade coatora quanto a pessoa jurídica, o que não transforma a 
existência em hipótese de litisconsórcio. É relevante fundamentar, portanto, porque entendemos ser, a pessoa 
jurídica, a parte passiva. 
Portanto, para fins de prova, você irá assinalar, primeiramente, a literalidade do art. 6º, que fala 
;ヮWミ;ゲàWマàさキミSキI;ヴ=ざがàミ?ラàIラミIノ┌キミSラàデヴ;デ;ヴ-se de litisconsórcio. 
Art. 6o A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual, será apresentada 
em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da 
autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições. 
Assim... 
 
 
2 JR. GOMES, Luiz Manoel [et. al.]. comentários à Lei do Mandado de Segurança, 4ª edição, rev., atual. e ampl., São 
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 56. 
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Como regra, a autoridade coatora não é ré na ação. Há, entretanto, uma exceção. Se o ato abusivo 
ou ilegal emanar de um juiz, a própria autoridade coatora e ré na ação será o juiz. Isso ocorre porque 
o juiz é considerado um órgão jurisdicional. Além disso, entende a doutrina que o juiz detém 
independência funcional de forma que ele mesmo será o réu da ação em mandado de segurança. 
Essas autoridades coatoras podem ser as mais diversas possíveis. Elas podem ser integrantes de 
órgãos municipais, estaduais, federais. Podem integrar o Poder Executivo, Legislativo ou Judiciário. 
Com o intuito de oferecer um parâmetro para a definição das autoridades que podem praticar abuso 
de direito ou ilegalidade no âmbito federal, temos a previsão do art. 2º: 
Art. 2º Considerar-se-á federal a autoridade coatora se as consequências de ordem patrimonial do ato contra o 
qual se requer o mandado houverem de ser suportadas pela União ou entidade por ela controlada. 
Além disso, o §1º, do art. 1º, traz o conceito de autoridade equiparada: 
§ 1º Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos políticos 
e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas 
naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições. 
Assim, ainda que não sejam dotados na Constituição ou na legislação infraconstitucional de poderes, 
serão considerados como autoridades に para fins da ação de mandado de segurança にos 
representantes, ou órgãos de partidos políticos, os administradores de autarquias e os dirigentes de 
pessoas jurídicas, ou pessoas naturais, que estejam exercendo atividades de caráter público. 
São três as pessoas, portanto, equiparadas a autoridade: 
 representantes ou órgãos de partidos políticos; 
 administradores de entidades autárquicas; 
 dirigentes de pessoas jurídicas ou pessoas naturais que exerçam atribuições do Poder Público. 
Para encerrar a parte referente à legitimidade passiva, cumpre estudar o §2º, do art. 1º: 
§ 2º NÃO cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de 
empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público. 
Esse dispositivo exclui do cabimento do mandado de segurança aqueles que praticarem atos de 
gestão comercial. Esse entendimento é relevante no sentido de que atos comerciais praticados por 
pessoas jurídicas de direito público não fazem uso da supremacia sobre os administrados. Assim, por 
exemplo, obrigações de caráter contratual estão excluídas do âmbito de aplicação do mandado de 
segurança. 
Ainda no contexto desse dispositivo, cite-se a Súmula STJ 333: 
Súmula STJ 333 
NA PETIÇÃO INICIAL é obrigatório indicar
autoridade coatora
pessoa jurídica da qual faz parte
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Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação promovida por sociedade de economia mista ou 
empresa pública. 
Nesse caso, o ato licitatório não é tão somente de gestão, mas envolve o exercício da supremacia do 
poder público na realização de contratações. 
Em síntese... 
 
2.3.3 - Legitimidade ativa 
Pela legitimidade ativa procura-se saber quem pode ingressar com a ação de mandado de segurança. 
A princípio, toda pessoa に natural ou jurídica, de direito público ou privado に possui legitimidade 
para ingressar em juízo a fim de buscar a proteção de direitos líquidos e certos. 
Didaticamente に à luz do que vimos em relação à parte constitucional da matéria に você deve 
lembrar que o mandado de segurança pode ser individual ou coletivo. 
Será mandado de segurança individual quando uma pessoa natural ou jurídica, de direito público ou 
privado, ingressa isoladamente perante o Poder Judiciário com a intenção de tutelar direito líquido 
certo. Essa é a regra geral. 
Contudo, temos também o mandado de segurança coletivo, previsto constitucionalmente, e melhor 
explicitado no art. 21, da Lei do Mandado de Segurança, que passamos a analisar: 
Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no 
Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, 
ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, 
pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou 
associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, 
autorização especial. 
O caput acima pouco difere do entendimento da CF. Na realidade, ele traz mais algumas regras para 
que possamos complementar o rol de legitimados do mandado de segurança coletivo. São essas as 
regras: 
 o partido político, como vimos, precisa ter representação no Congresso Nacional para que possa ingressar 
com mandado de segurança. Contudo, essas pessoas jurídicas somente podem ingressar com mandado de 
segurança para tutelar interesses relativos aos seus integrantes ou à finalidade partidária. 
 em relação às associações, consta do Texto Constitucional, que elas devem estar constituídas há mais de 
um ano e devem buscar proteção na defesa dos interesses de seus membros. Além disso, o dispositivo acima 
citado explicita que as associações podem ingressar com mandado de segurança para tutelar o direito de 
todos ou apenas de parte dos associados e, além disso, não é necessária qualquer autorização especial para 
que os direitos dos associados sejam tutelados por intermédio do mandado de segurança. 
ひautoridade coatora federal: se a consequência do ato abusivo ou ilegal houver de ser suportado
pela União ou por entidade controlada pela União.
ひautoridade equiparada: a) representantes ou órgãos de partidos políticos; b) administradores de
entidades autárquicas; e c) dirigentes de pessoas jurídicas ou pessoas naturais que exerçam
atribuições do Poder Público.
LEGITIMIDADE PASSIVA (quem poderá ser réu em ação de mandado de
segurança)
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Vamos agregar todas essas informações em um quadro-resumo?! 
 
 
Por fim, o §3º, do art. 1º, prevê que, quando o direito violado ou ameaçado envolver várias pessoas, 
qualquer delas poderá requerer o mandado de segurança: 
§ 3º Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer delas poderá requerer omandado 
de segurança. 
Sintetizando... 
 
 
ひconstituição regular.
ひexistência há mais de 1 ano.
ひdefesa dos interesses dos seus membros.
ひpode-se ingressar com o mandado para defesa de parte ou de todos os membros.
ひnão é necessário obter autorização especial dos membros para tutela coletiva em mandado de
segurança.
LEGITIMIDADE ATIVA DAS ASSOCIAÇÕES
LEGITIMIDADE ATIVA
MS Individual: 
pessoa natural ou 
jurídica, de direito 
privado ou público
MS Coletivo:
partido político com representação no Congresso 
Nacional, para defesa dos interesses dos filiados ou em 
defesa da finalidade partidária
organização sindical
entidade de classe
associação, regulamente constituída há mais de 1 ano, 
para a defesa de parte ou de todos os seus membros, 
sem necessidade de concessão de autorização especial 
para agir
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2.3.4 - Legitimação extraordinária 
A regra nas ações judiciais é que o titular do direito ingresse em juízo para a defesa dos seus 
interesses. Essa regra também se aplica ao mandado de segurança. Assim, o próprio legitimado 
ordinário に titular do direito material に impetra mandado de segurança para a defesa do direito 
líquido e certo. 
Há, contudo, a possibilidade de que uma pessoa ingresse em juízo para a defesa de interesses de 
outra pessoa. Quando isso ocorrer, haverá substituição processual, hipótese em que a legitimação 
é extraordinária. 
De acordo com a doutrina3: 
Pode-se dizer que há legitimação extraordinária quando há uma dissociação entre a legitimação ad causam 
(titularidade de direito material) e legitimidade ad processum (titularidade do processo no que tange à prática 
dos atos). 
Assim, temos uma dissociação entre o titular do direito material e aquele que exerce o direito de 
ação. 
No mandado de segurança, a legitimação extraordinária é possível na hipótese do art. 3º: 
Art. 3º O titular de direito líquido e certo decorrente de direito, em condições idênticas, de terceiro poderá 
impetrar mandado de segurança a favor do direito originário, se o seu titular não o fizer, no prazo de 30 
(TRINTA) DIAS, quando notificado judicialmente. 
Parágrafo único. O exercício do direito previsto no caput deste artigo submete-se ao prazo fixado no art. 23 
desta Lei, contado da notificação. 
Em termos bem simples: Uma pessoa tem seu direito líquido e certo violado e, em face disso, surge 
a pretensão para que possa, judicialmente, buscar a reparação por intermédio do mandado de 
segurança. Além disso に e aqui está a chave central para que você compreenda o art. 3º - a violação 
desse direito traz consequências a um terceiro. Assim, a violação do direito líquido e certo de 
determinada pessoa afeta a esfera jurídica do terceiro. Dessa forma, se o titular do direito material 
não ingressar com a ação, o terceiro poderá notificá-lo para que entre com a ação. Se mesmo assim 
o titular do direito não o fizer em 30 dias, o terceiro, na qualidade de substitutivo processual, poderá 
entrar com mandado de segurança em nome do titular do direito líquido e certo violado. 
Observe-se, ainda, que o STJ publicou a Súmula 202 no mesmo sentido: 
Súmula 202 
A impetração de segurança por terceiro, contra ato judicial, não se condiciona a interposição de recurso. 
2.3.5 - Formas de impetrar o mandado de segurança em situações de urgência 
O art. 4º, da Lei do Mandado de Segurança, é muito simples, pois prevê meios facilitadores de envio 
e de notificação no mandado de segurança quando houver urgência. 
 
3 JR. GOMES, Luiz Manoel [et. al.]. Comentários à Lei do Mandado de Segurança, 4ª edição, rev., atual. e ampl., São 
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 68. 
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A tendência é que as formas de interposição previstas no caput, do art. 4º, percam espaço para o 
processo eletrônico. No processo eletrônico, o envio é praticamente imediato e muito mais ágil e 
prático, por exemplo, do que o fax. 
Não obstante, em situações urgentes, o impetrante (quem entra com a ação) poderá enviar a petição 
inicial por: 
 telegrama; 
 radiograma; 
 fax; ou 
 meio eletrônico. 
Nesses casos, a petição e os documentos originais devem ser juntados aos autos no prazo de 5 dias 
úteis, a contar do envio. 
Além disso, de acordo com o §1º, do art. 5º, a própria autoridade coatora poderá ser notificada a 
prestar informações por intermédio de telegrama, de radiograma ou de qualquer outro meio, desde 
que assegurada a autoridade do documento e a imediata ciência pela autoridade. 
Observa-se, ainda, que o art. 205, do CPC73, previa, entre as formas de comunicação urgente de 
atos processuais, a utilização do radiograma (espécie de telegrama enviado via rádio). Contudo, essa 
modalidade foi retirada e não consta no NCPC. Entre as possibilidades de comunicação do art. 264, 
do NCPC, está a utilização do meio eletrônico, do telefone ou, até mesmo, do telegrama. 
Desse modo, não obstante a previsão na Lei do Mandado de Segurança da utilização do radiograma, 
entendemos que ela não é mais aplicada. Todavia, em uma questão literal de prova, se prevista, 
você deve marcar como correta. 
Confira: 
Art. 4º Em caso de urgência, é permitido, observados os requisitos legais, impetrar mandado de segurança por 
telegrama, radiograma, fax ou outro meio eletrônico de autenticidade comprovada. 
§ 1º Poderá o juiz, em caso de urgência, notificar a autoridade por telegrama, radiograma ou outro meio que 
assegure a autenticidade do documento e a imediata ciência pela autoridade. 
§ 2º O texto original da petição deverá ser apresentado nos 5 (CINCO) DIAS ÚTEIS seguintes. 
§ 3º Para os fins deste artigo, em se tratando de documento eletrônico, serão observadas as regras da Infra-
Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. 
2.3.6 - Não cabimento do mandado de segurança 
Este art. 5º é fundamental para a prova! 
 
O dispositivo estabelece situações nas quais não cabe mandado de segurança. São elas: 
Art. 5º NÃO se concederá mandado de segurança quando se tratar: 
I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução; 
II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; 
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III - de decisão judicial transitada em julgado. 
Parágrafo único. Vetado 
Vamos analisar brevemente cada uma das hipóteses: 
 Não cabe mandado de segurança contra ato pendente de recurso administrativo com efeito 
suspensivo. 
Nessa hipótese, se para conceder efeito suspensivo ao ato impugnado for exigida caução, viabiliza-
se o exercício do mandado de segurança. A exigência de caução não poderá será utilizada como 
condicionante ao efeito suspensivo do recurso administrativo. 
Nesse contexto, cumpre esclarecer que a Súmula nº 373, do STJ, prevê que a caução não poderá ser 
usada como pré-requisito para ajuizamento de mandado de segurança. Veja: 
Súmula STF 373 
É ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso administrativo. 
Contudo, não se impede a exigência da caução como pré-requisito para concessão do efeito 
suspensivo. Nesse caso, entretanto, será passível o ato administrativo de mandado de segurança. 
Dito de outra forma, não entra na vedação do inc. I. 
Veja outro entendimento sumulado do STF que é relevante para esse conteúdo: 
Súmula STF 429 
A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede o uso do mandado de segurança contra 
omissão da autoridade. 
Por fim, sobre o cabimento de mandado de segurança dedecisões administrativas, cabe mencionar 
que o STF entende que, em caso de pedido de reconsideração de decisão na via administrativa, o 
prazo para interposição do mandado de segurança não é interrompido. 
Súmula STF 430 
Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para o mandado de segurança. 
 Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial da qual caiba recurso. 
Aqui a previsão é mais ampla. Se em um processo judicial houver uma decisão judicial que viole 
direito líquido e certo, somente será passível de impetração de mandado de segurança se não 
couber recurso. 
Caso caiba recurso, a parte, ao invés de impetrar mandado de segurança, deve ingressar com o 
recurso cabível. 
 Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial transitada em julgado. 
Quando uma decisão estiver com trânsito em julgado, não será mais admissível qualquer 
irresignação da parte, exceto nas hipóteses da ação rescisória. Dessa forma, não cabe mandado de 
segurança nesse caso. 
Vejamos, no mesmo sentido, a Súmula do STF: 
Súmula 268 - Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado. 
Para a prova... 
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Por fim, cumpre mencionar a Súmula nº 460, do STJ: 
Súmula 460 - É incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação tributária realizada pelo 
contribuinte. 
Assim, em caso de convalidação da compensação tributária feita pelo contribuinte, não cabe 
mandado de segurança. É a situação do contribuinte que faz a compensação tributária e, após, entra 
com mandado de segurança para que ela seja convalidada pelo poder público. 
2.3.7 - Procedimento 
Petição Inicial 
A partir do art. 6º vamos tratar do procedimento do mandado de segurança. Já estudamos parte do 
caput desse dispositivo, agora, vamos completar a análise. Veja: 
Art. 6o A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual, será apresentada 
em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da 
autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições. 
Primeiramente você deve saber que a petição inicial de mandado de segurança observa os requisitos 
estabelecidos no NCPC, mais especificamente no art. 319, do NCPC. 
Além disso, o impetrante deve acostar duas cópias, a primeira に que terá os documentos originais に 
irá compor os autos do processo; a segunda será enviada para notificação da autoridade coatora. 
Como estudado no início, o mandado de segurança depende de prova pré-constituída, de modo que 
não há espaço para produção probatória ao longo do procedimento. Nesse contexto, ao ajuizar a 
ação, o autor deve apresentar todos os documentos capazes de prova a lesão ou a ameaça de lesão 
a direito líquido e certo. Há, entretanto, situações nas quais esses documentos に embora o 
impetrante tenha ciência da existência deles に podem estar em poder do réu ou de terceiros. 
Quando isso ocorrer, devemos aplicar os §§ abaixo descritos: 
§ 1o No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em repartição ou estabelecimento 
público ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou de terceiro, o juiz ordenará, 
preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o 
NÃO CABE 
MANDADO DE 
SEGURANÇA 
CONTRA:
ato pendente de 
recurso 
administrativo com 
efeito suspensivo
decisão judicial da 
qual caiba recurso
decisão judicial 
transitada em 
julgado
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cumprimento da ordem, o PRAZO DE 10 (DEZ) DIAS. O escrivão extrairá cópias do documento para juntá-las à 
segunda via da petição. 
§ 2o Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria coatora, a ordem far-se-á no próprio 
instrumento da notificação. 
§ 3o Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem 
para a sua prática. 
§ 4o Vetado 
Se os documentos necessários para instruir o mandado de segurança estiverem em repartição, ou 
em estabelecimento público, ou, ainda, em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo, o juiz 
determinará que o documento seja apresentado no prazo de 10 dias. 
A previsão do dispositivo é muito singela, em razão disso, o entendimento da doutrina é no sentido 
SWà ケ┌Wà ;ゲà ヴWェヴ;ゲà ヮヴW┗キゲデ;ゲà ミラゲà ;ヴデゲくà ンΓヶà Wà ゲWェ┌キミデWゲがà Sラà NCPCがà ケ┌Wà SキゲIキヮノキミ;マà ;à さW┝キHキN?ラà SWà
SラI┌マWミデラ┌àラ┌àIラキゲ;ざがàデ;マHYマàゲWà;ヮノキケ┌Wマà;ケ┌キく 
Vejamos o § 5º, do art. 6º: 
§ 5o DENEGA-SE o mandado de segurança nos casos previstos pelo art. 267 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 
1973 - Código de Processo Civil. 
Além dessa questão dos documentos, o §5º, do art. 6º, trata das hipóteses em que o mandado de 
segurança será denegado, referindo-se ao art. 267, do CPC73. Aqui temos que fazer uma correção e 
uma adequação em face do NCPC. 
Primeiro, a denegação refere-se ao julgamento com análise do mérito e, portanto, deveria se referir 
ao art. 269, do CPC73. Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito, temos uma 
sentença terminativa sem análise da discussão do mérito propriamente. Nesse caso, não há 
denegação do pedido formulado pela parte impetrante. Apenas nas hipóteses de análise do mérito 
é que o pedido poderá ser negado. Essas situações de extinção do processo com a resolução do 
mérito に previstas no art. 269, do CPC73 に estão disciplinadas atualmente no art. 487, do NCPC. 
Por fim, vejamos o último parágrafo do dispositivo: 
§ 6o O pedido de mandado de segurança poderá ser renovado dentro do prazo decadencial, se a decisão 
denegatória não lhe houver apreciado o mérito. 
Além disso, o §6º, do art. 6º, fala da extinção sem julgamento do mérito, que está disciplinado no 
art. 485, do NCPC (art. 267, do CPC73). Nesses casos, pelo fato de que a decisão não analisa o pedido 
da parte, mas extingue o processo por questões processuais e impeditivas, nada impede que, 
superados os obstáculos que levaram à extinção, a ação seja novamente ajuizada. Evidentemente 
que esse novo ajuizamento deverá observar o prazo decadencial, que é de 120 dias. Assim, se ainda 
não decaído o direito de ajuizar o mandado de segurança em relação àqueles fatos, a parte poderá 
renovar o pedido. 
Providências iniciais 
Uma vez apresentada a petição e não sendo caso de extinção sem julgamento do mérito (art. 485, 
do NCPC) ou de indeferimento liminar, o juiz, a quem foi distribuído o mandado de segurança, 
deverá: 
 determinar a notificação da autoridade coatora para que preste informações no prazo de 10 dias; 
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 cientificar o órgão de representação judicial da pessoa jurídica vinculada para integrar no feito; e 
 determinar a suspensão liminar do ato que deu origem ao pedido. 
Em relação à suspensão do ato, o art. 7º estabelece que poderá ocorrer se: a) relevante o fundamento 
apresentado pelo impetrante; e b) do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, se for deferida 
apenas ao final do processo. 
Caso concedida a liminar, e a depender das circunstâncias do caso concreto, o magistrado poderá exigir da 
parte impetrante caução a fim de garantir eventual reparação à pessoa jurídica, se o mandado de segurança 
for julgado improcedente. 
Veja: 
Art. 7o Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: 
I - que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada com as 
cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 (DEZ)DIAS, preste as informações; 
II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe 
cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito; 
III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado 
puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante 
caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica. 
Agregando o art. 6º e o art. 7º, temos... 
 
 
Na hipótese do inc. III, do art. 7º, temos a decisão liminar que determina a suspensão do ato 
impugnado quando relevantes os fundamentos e houver receio de que o provimento final possa ser 
ineficaz. Assim, quando requerida a medida provisória antecipada, da decisão do juiz に seja pela 
concessão ou pela denegação do pedido liminar に, por se tratar de uma decisão interlocutória, 
caberá recurso de agravo de instrumento, que observará o regramento do NCPC, a partir dos arts. 
1.015. 
Caso seja deferida a medida liminar, o processo terá tramitação preferencial. 
Os §§ abaixo citados trazem informações importantes: 
§ 1o Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou denegar a liminar caberá agravo de instrumento, 
observado o disposto na Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. 
§ 2o NÃO será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega 
de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a 
concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza. 
§ 3o Os efeitos da medida liminar, SALVO se revogada ou cassada, persistirão até a prolação da sentença. 
§ 4o Deferida a medida liminar, o processo terá prioridade para julgamento. 
PRAZO DE 10 DIAS
para a autoridade/repartição apresentarem os 
documentos requisitados pelo juiz
para a autoridade coatora prestar informações
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O requerimento de tutela antecipada é admissível como regra nos pedidos de mandado de 
segurança. Contudo, a lei prevê algumas espécies de ações nas quais não são admitidos pedidos 
liminares. 
 
 
Por fim, cumpre registrar que, para além das hipóteses acima, que preveem situações nas quais são 
será concedida medida liminar, o §5º esclarece que devemos observar as regras do NCPC em relação 
às tutelas provisórias, atualmente disciplinadas da partir dos arts. 294, do NCPC. 
§ 5o As VEDAÇÕES relacionadas com a concessão de liminares previstas neste artigo se estendem à tutela 
antecipada a que se referem os arts. 273 e 461 da Lei no 5.869, de 11 janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. 
Em síntese, do que vimos em relação à concessão de liminares em mandado de segurança... 
 
Perempção ou caducidade da medida liminar 
A perempção é instituto de direito processual que, na disciplina do mandado de segurança, assume 
regramento específico. 
No Direito Processual Civil, a perempção é entendida como a perda do direito de ação por desídia 
do autor que deu causa à extinção do processo por três vezes. Aqui, a perempção configura-se mais 
facilmente. Leia: 
Art. 8o Será decretada a perempção ou caducidade da medida liminar ex officio ou a requerimento do 
Ministério Público quando, concedida a medida, o impetrante criar obstáculo ao normal andamento do processo 
ou deixar de promover, por mais de 3 (três) dias úteis, os atos e as diligências que lhe cumprirem. 
Primeira informação que você deve levar para a prova: essa perempção ou caducidade da qual 
falamos no art. 8º NÃO SE APLICA À AÇÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA, MAS APENAS À MEDIDA 
LIMINAR CONCEDIDA EM SEDE DE MANDADO DE SEGURANÇA. 
O dispositivo elenca duas hipóteses em que essa penalidade poderá ocorrer: 
ひcompensação de créditos tributários.
ひentrega de mercadorias e bens proveniente do exterior.
ひreclassificação ou equiparação de servidores públicos.
ひconcessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza.
NÃO SERÁ CONCEDIDA MEDIDA LIMINAR
ひRegra: admissível.
ひRequisitos: a) relevância do fundamento; e b) ineficácia da medida, se concedida apenas ao final.
ひDecisão interlocutória: da qual cabe agravo de instrumento, seja concessivo ou negativo.
ひTramitação preferencial: se concedida.
ひNão será concedida em: a) compensação de créditos tributários; b) entrega de mercadorias e
bens proveniente do exterior; c) reclassificação ou equiparação de servidores públicos; e d)
concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza
TUTELA PROVISÓRIA ANTECIPADA EM MANDADO DE SEGURANÇA
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HIPÓTESES DE PEREMPÇÃO/CADUCIDADE DA MEDIDA LIMINAR 
Parte criar obstáculo ao normal andamento do 
processo. 
Parte deixar de promover, por mais de 3 dias úteis, atos e 
diligências que lhe cumprirem. 
Por exemplo, uma vez obtida a liminar, a parte 
impetrante formula incidentes processuais, pede 
prorrogação de prazos, demora a atender as 
determinações judiciais mediante alegações 
diversas. Essa sucessão de atos protelatórios poderá 
configurar a perempção ou caducidade da medida 
liminar. 
Por exemplo, a parte é intimada a se manifestar, no prazo de 
10 dias, sobre determinado documento que foi juntado nos 
autos. Escoado o prazo e passados mais de três dias úteis e a 
parte não se manifestar, configura-se a perempção ou 
caducidade da medida liminar. 
Para arrematar essas hipóteses, veja o que nos ensina a doutrina4: 
Quanto à decretação da caducidade da medida liminar, esta só poderá ocorrer quando o impetrante atuar com 
evidente propósito protelatório ou deixar de cumprir por mais de três dias úteis os atos e as diligências. Assim, 
se regulamentar intimado para a prática de determinado ato, o impetrante deixar de fazê-lo, por mais de três 
dias úteis, após o prazo fixado pelo juiz, deverá ser decretada a caducidade da medida. 
Dever de comunicar ao órgão de representação da pessoa jurídica 
Ainda dentro das regras procedimentais, o art. 9º confere responsabilidade à autoridade coatora 
para comunicar o órgão de representação da pessoa jurídica para acionar os representantes judiciais 
da pessoa jurídica pública a que for subordinada sobre a concessão de medida liminar. 
Assim, recebida a intimação, a autoridade coatora deverá prestar informações ao juízo no prazo de 
10 dias e, no prazo de 48 horas, deve comunicar o órgão de representação processual da pessoa 
jurídica. 
É o que temos no art. 9º: 
Art. 9o As autoridades administrativas, no PRAZO DE 48 (QUARENTA E OITO) HORAS da notificação da medida 
liminar, remeterão ao Ministério ou órgão a que se acham subordinadas e ao Advogado-Geral da União ou a 
quem tiver a representação judicial da União, do Estado, do Município ou da entidade apontada como coatora 
cópia autenticada do mandado notificatório, assim como indicações e elementos outros necessários às 
providências a serem tomadas para a eventual suspensão da medida e defesa do ato apontado como ilegal ou 
abusivo de poder. 
A finalidade dessa comunicação é propiciar aos órgãos jurídicos responsáveis a defesa processual e 
a interposição de medidas e recursos cabíveis. 
Assim... 
 
 
4 JR. GOMES, Luiz Manoel [et. al.]. Comentários à Lei do Mandado de Segurança, 4ª edição, rev., atual. e ampl., São 
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 134. 
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Indeferimento liminar 
O art. 10, da Leido Mandado de Segurança, arrola três situações nas quais temos a possibilidade de 
indeferimento liminar da petição. Veja: 
Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, por decisão motivada, quando não for o caso de mandado de 
segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou quando decorrido o prazo legal para a impetração. 
§ 1o Do indeferimento da inicial pelo juiz de primeiro grau caberá apelação e, quando a competência para o 
julgamento do mandado de segurança couber originariamente a um dos tribunais, do ato do relator caberá 
agravo para o órgão competente do tribunal que integre. 
§ 2o O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido após o despacho da petição inicial. 
São três hipóteses: 
 Indefere-se liminarmente a petição de mandado de segurança quando não for hipótese de cabimento da 
ação. 
Por exemplo, inexistência de violação de direito líquido e certo ou necessidade de produção de provas para 
defesa do direito alegado. 
 Indefere-se liminarmente a petição de mandado de segurança quando faltar algum dos requisitos legais da 
ação. 
 Indefere-se liminarmente a petição de mandado de segurança quando já houver decaído o direito de 
impetrar o mandado (cujo prazo é de 120 dias). 
Dessa decisão podemos ter a interposição de apelação ou de agravo interno. 
Caso a decisão de indeferimento liminar seja proferida pelo juiz de primeiro grau, dessa sentença 
cabe apelação. 
Por outro lado, caso se trate de processo de competência originária dos tribunais (que se inicia 
diretamente no tribunal), contra a decisão monocrática do relator que inadmitiu a petição inicial, é 
possível interpor agravo interno para que a matéria seja reanalisada diretamente pelo tribunal. 
Sigamos! 
Juntada de documentos 
O art. 11 possui menor relevância. Ele prevê que o servidor terá a responsabilidade de juntar aos 
autos os documentos relativos ao mandado de segurança, certificando e informando os fatos 
ocorridos ao longo do trâmite processual. 
Art. 11. Feitas as notificações, o serventuário em cujo cartório corra o feito juntará aos autos cópia autêntica 
dos ofícios endereçados ao coator e ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, bem como 
a prova da entrega a estes ou da sua recusa em aceitá-los ou dar recibo e, no caso do art. 4o desta Lei, a 
comprovação da remessa. 
PRAZOS DA AUTORIDADE COATORA 
QUANDO NOTIFICADA DA 
IMPETRAÇÃO DO MANDADO DE 
SEGURANÇA
10 dias para prestar informações ao 
juiz
48 horas para comunicar o órgão de 
representação processual da pessoa 
jurídica
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Manifestação do MP e Sentença 
Como vimos no início da aula, no mandado de segurança as provas são pré-constituídas, não há 
instrução probatória em juízo, tal como a colheita de testemunhas. 
Nesse contexto, uma vez ultimada a juntada de todos os documentos necessários à análise da efetiva 
violação ou ameaça a direito líquido e certo, os autos serão encaminhados para julgamento. 
Antes disso, prevê o art. 12, da Lei nº 12.016/2009, que o Ministério Público será intimado para 
apresentar parecer com prazo de 10 dias. Apresentado o parecer ou decorrido o prazo, os autos 
serão encaminhados ao gabinete do juiz (conclusos) para julgamento no prazo de 30 dias. 
Art. 12. Findo o prazo a que se refere o inciso I do caput do art. 7o desta Lei, o juiz ouvirá o representante do 
Ministério Público, que opinará, dentro do prazo improrrogável de 10 (DEZ) DIAS. 
Parágrafo único. Com ou sem o parecer do Ministério Público, os autos serão conclusos ao juiz, para a decisão, 
a qual deverá ser necessariamente proferida em 30 (TRINTA) DIAS. 
Assim... 
 
 
Intimação da sentença 
Lavrada a sentença, em razão da urgência, admite-se a utilização de meios ágeis de comunicação de 
atos processuais, a fim de dar cumprimento à decisão. 
Art. 13. Concedido o mandado, o juiz transmitirá em ofício, por intermédio do oficial do juízo, ou pelo correio, 
mediante correspondência com aviso de recebimento, o inteiro teor da sentença à autoridade coatora e à pessoa 
jurídica interessada. 
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o juiz observar o disposto no art. 4o desta Lei. 
Importante registrar, ainda, o entendimento sumulado do STF no sentido de que, havendo d
 enegação do mandado de segurança pela sentença ou no julgamento do agravo de 
instrumento, a liminar, eventualmente concedida, ficará sem efeito. 
Veja: 
Súmula STF 405 
Denegado o mandado de segurança pela sentença, ou no julgamento do agravo dela interposto, fica sem efeito 
a liminar concedida, retroagindo os efeitos da decisão contrária. 
Recurso 
Como vimos, há a possibilidade de interposição de dois recursos: 
PRAZO PARA PARECER DO 
MP
10 dias
PRAZO PARA SENTENÇA
30 dias
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No art. 14 temos outra possibilidade de cabimento do recurso de apelação: 
Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação. 
§ 1o Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição. 
§ 2o Estende-se à autoridade coatora o direito de recorrer. 
§ 3o A sentença que conceder o mandado de segurança pode ser executada provisoriamente, SALVO nos casos 
em que for vedada a concessão da medida liminar. 
§ 4o O pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias assegurados em sentença concessiva de mandado 
de segurança a servidor público da administração direta ou autárquica federal, estadual e municipal somente 
será efetuado relativamente às prestações que se vencerem a contar da data do ajuizamento da inicial. 
Assim, da decisão final do mandado de segurança há a possibilidade de recurso de apelação pela 
parte vencida. 
Eà ケ┌;ミSラà ;à ゲWミデWミN;à SWà マ;ミS;Sラà SWà ゲWェ┌ヴ;ミN;à aラヴà ヮラゲキデキ┗;がà ラ┌à ゲWテ;がà ケ┌;ミSラà さIラミIWSキS;à ;à
ゲWェ┌ヴ;ミN;ざがà ラàヮヴラIWゲゲラà ゲWヴ=àミWIWゲゲ;ヴキ;マWミデWàWミI;マキミエ;Sラà;ラà tribunal para análise. Trata-se do 
duplo grau de jurisdição obrigatório (ou remessa necessária). 
Além disso, de acordo com o §2º acima, a autoridade coatora poderá recorrer da decisão. 
Ainda que interposto o recurso, admite-se a execução provisória, a não ser nos seguintes casos: 
• compensação de créditos tributários; 
• entrega de mercadorias e bens proveniente do exterior; 
• reclassificação ou equiparação de servidores públicos; 
• concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza. 
Os quatro casos acima foram estudados no §2º, do art. 7º, e constituem as 
hipóteses em que é admitida a concessão de medida liminar. Assim, nesses 
casos, o recurso terá efeito devolutivo e suspensivo. 
Vamos explicar melhor! 
Prolatada a sentença, a parte vencida poderá recorrer, apresentando o recurso de apelação. Esse 
recurso de apelação tem por finalidade enviar o processo para que seja novamente analisado pelo 
tribunal, devido à existência do princípio do duplo grau de jurisdição. Tecnicamente se fala que o 
recurso devolve a matéria para nova análise pelo tribunal. Trata-se, portanto, do efeito devolutivo, 
que é comum a todos os recursos de apelação, inclusive aqueles em face de sentença em mandado 
de segurança. 
recurso de agravo 
de instrumento
da decisão interlocutória que analisa o pedido 
liminar
recurso de apelação
da decisão que indefere liminarmente a petição de 
mandado de segurança
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Além desse efeito devolutivo, o recurso de apelação poderá ter efeito suspensivo. Significa dizer 
que, quando a parte ingressa com a apelação, não há o trânsito em julgado até o julgamento do 
recurso. Contudo, a sentença poderáser executada. 
Para fins da Lei do Mandado de Segurança, a apelação não terá, em regra, efeito suspensivo. Ou 
seja, ainda que tenhamos recurso, a parte que impetrou a ação e venceu poderá executar a 
sentença, não obstante haja recurso pendente de julgamento. Fala-se, nesse caso, que o 
cumprimento da sentença é provisório. 
Contudo, nas quatro hipóteses que citamos acima, o recurso terá に além do efeito devolutivo に o 
efeito suspensivo. Assim, a parte não poderá executar provisoriamente a sentença. 
Resumindo todas essas informações, para a prova... 
 
 
Vamos aprofundar um pouco mais... 
 
Esse efeito suspensivo do qual falamos acima é o efeito suspensivo ope legis. Ou seja, trata-se de 
hipótese legal que prevê o efeito suspensivo. Assim, se a matéria versar sobre compensação de 
créditos tributários, a lei prevê que o recurso terá efeito suspensivo. 
Há a possibilidade, contudo, de concessão de efeito suspensivo em relação aos demais processos, 
ou seja, em relação àqueles que a lei não prevê o efeito suspensivo. Trata-se, doutrinariamente, do 
denominado efeito suspensivo ope judicis. 
EFEITO DA APELAÇÃO EM 
MANDADO DE SEGURANÇA
Devolutivo: todos os recursos 
possuem.
Suspensivo: em regra, não existe, 
exceto:
compensação de 
créditos 
tributários
entrega de 
mercadorias e 
bens proveniente 
do exterior
reclassificação ou 
equiparação de 
servidores 
públicos
concessão de 
aumento ou a 
extensão de 
vantagens ou 
pagamento de 
qualquer natureza
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Como o termo em latim já pode nos indicar, nesses casos, o juízo é quem irá conceder efeito 
suspensivo ao recurso, a fim de evitar que a sentença seja cumprida provisoriamente. 
Nesse sentido, veja o que disciplina o art. 15: 
Art. 15. Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada ou do Ministério Público e 
para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o presidente do tribunal ao qual 
couber o conhecimento do respectivo recurso suspender, em decisão fundamentada, a execução da liminar e 
da sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de 5 (CINCO) DIAS, que será levado 
a julgamento na sessão seguinte à sua interposição. 
Portanto, ao recorrer, a pessoa jurídica, ou até mesmo o Ministério Público, pode requerer que o 
relator do recurso conceda efeito suspensivo para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança 
ou à economia pública. 
Nesses casos, teremos a concessão do efeito suspensivo ope judicis. 
Dessa decisão に que é uma decisão interlocutória, pois não põe fim ao processo - cabe recurso para 
o pleno do tribunal. Isso mesmo! Se concedido o efeito suspensivo, a parte recorrente poderá se 
sentir prejudicada (pois, agora, não mais poderá executar provisoriamente a sentença), em face 
disso, a parte poderá interpor agravo interno a fim de que os efeitos sejam analisados, na sessão 
seguinte, pelo órgão colegiado do tribunal. 
Na sequência, leia com atenção os demais §§, do art. 15: 
§ 1o Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agravo a que se refere o caput deste artigo, caberá novo 
pedido de suspensão ao presidente do tribunal competente para conhecer de eventual recurso especial ou 
extraordinário. 
§ 2o É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 1o deste artigo, quando negado provimento a 
agravo de instrumento interposto contra a liminar a que se refere este artigo. 
§ 3o A interposição de agravo de instrumento contra liminar concedida nas ações movidas contra o poder 
 público e seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do pedido de suspensão a que se refere 
este artigo. 
§ 4o O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo liminar se constatar, em juízo prévio, 
a plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão da medida. 
§ 5o As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma única decisão, podendo o presidente 
do tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares supervenientes, mediante simples aditamento do pedido 
original. 
Todo o procedimento que estudamos até o presente é voltado para o trâmite da ação de mandado 
de segurança na primeira instância. Contudo, temos a possibilidade de que o mandado de segurança 
seja ajuizado originariamente perante os tribunais. Nesse caso, competirá ao relator do processo no 
tribunal conduzi-lo até a sessão de julgamento. 
É o que estabelece o art. 16, abaixo citado: 
Art. 16. Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao RELATOR a instrução do processo, sendo 
assegurada a defesa oral na sessão do julgamento. 
Parágrafo único. Da decisão do relator que conceder ou denegar a medida liminar caberá agravo ao órgão 
competente do tribunal que integre. 
Caso haja liminar concedida pelo relator, caberá agravo interno para reanálise da matéria pelo órgão 
colegiado do tribunal. 
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Publicação da sentença ou acórdão 
O art. 17 traz uma regra simples. De acordo com o dispositivo, a secretaria do juízo ou do tribunal 
deve publicar a sentença logo que seja lavrada. Se decorrer mais de 30 dias para a publicação, será 
considerado como acórdão as denominadas notas taquigráficas, ou seja, o registro do julgamento 
feito na sessão. 
Art. 17. Nas decisões proferidas em mandado de segurança e nos respectivos recursos, quando não publicado, 
no prazo de 30 (TRINTA) DIAS, contado da data do julgamento, o acórdão será substituído pelas respectivas 
notas taquigráficas, independentemente de revisão. 
Recurso para os tribunais superiores 
Da sentença de primeiro grau, cabe recurso de apelação. 
Quando o processo se inicia perante o tribunal (hipóteses de competência originária), o exercício do 
duplo grau de jurisdição dependerá de recurso para os tribunais superiores. 
Por exemplo, de acórdão em mandado de segurança originariamente distribuído a um TRF ou TJ, 
caberá recurso para o STJ ou STF a depender do caso. Esse recurso poderá ser ordinário, especial ou 
extraordinário conforme as hipóteses de cabimento que estudamos na parte processual de recursos 
do NCPC ou em Direito Constitucional, uma vez que essas hipóteses estão disciplinadas na 
Constituição. 
Para nós interessa compreender que, quando o processo for de competência originária do tribunal, 
há a possibilidade de recurso para o STJ ou para o STF. 
Art. 18. Das decisões em mandado de segurança proferidas em única instância pelos tribunais cabe recurso 
especial e extraordinário, nos casos legalmente previstos, e recurso ordinário, quando a ordem for denegada. 
Regras procedimentais específicas 
Estamos nos encaminhando para a parte final do procedimento em mandado de segurança. Para 
encerrar, entretanto, devemos analisar os arts. 19 e 20. 
O primeiro deles disciplina que, se o mandado de segurança for denegado, a parte autora poderá 
ingressar com ação para discutir eventuais prejuízos patrimoniais em face da violação dos seus 
direitos. Isso ocorre porque o mandado de segurança possui um campo de aplicação limitado: trata-
se de ação que tem por finalidade proteger direitos líquidos e certos. Não tem, como característica 
principal, buscar a reparação ou o ressarcimento em face da prática de algum ato ilícito. 
Art. 19. A sentença ou o acórdão que denegar mandado de segurança, sem decidir o mérito, não impedirá que 
o requerente, por ação própria, pleiteie os seus direitos e os respectivos efeitos patrimoniais. 
O art. 20, por sua vez, prevê que os processos de mandado de segurança possuem prioridade 
processual, a não ser que se trate de habeas corpus, cujo trâmite prevalece, inclusive, sobre o 
mandado de segurança. 
Art. 20. Os processosde mandado de segurança e os respectivos recursos terão prioridade sobre todos os atos 
judiciais, salvo habeas corpus. 
§ 1o Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir à data em que 
forem conclusos ao relator. 
§ 2o O prazo para a conclusão dos autos não poderá exceder de 5 (cinco) dias. 
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Do dispositivo acima: 
 
2.3.8 - Mandado de segurança coletivo 
Ao lado do mandado de segurança individual, temos a possibilidade de impetração coletiva dessa 
ação constitucional. Vimos, anteriormente, que há um rol restrito de pessoas que podem ingressar 
com o mandado de segurança coletivo. 
Conforme vimos, são legitimados: 
 partido político com representação no Congresso Nacional, para defesa dos interesses dos filiados ou em defesa 
da finalidade partidária. 
 organização sindical. 
 entidade de classe. 
 associação, regulamente constituída há mais de 1 ano, para defesa de parte ou de todos os seus membros, sem 
necessidade de concessão de autorização especial para agir. 
Observe-se que o STF possui Súmula que reforça esse entendimento: 
Súmula 629 - A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados 
independe da autorização destes. 
Isso vem descrito no art. 21, caput, da Lei do Mandado de Segurança: 
Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no 
Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, 
ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, 
pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou 
associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, 
autorização especial. 
O parágrafo único trata dos direitos líquidos e certos que podem ser objeto de tutela no mandado 
de segurança coletivo: 
Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo podem ser: 
I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja 
titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica; 
II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da 
atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante. 
Aqui temos que ir com calma! 
São três dimensões dos direitos fundamentais. Nos interessa as 2ª e 3ª dimensões, pois se 
caracterizam por possuir uma dimensão coletiva de abrangência, que envolve direitos de grupos de 
pessoas ou determinadas categorias. 
ひprioridade processual (exceto em relação ao habeas corpus).
ひdevem ser levados a julgamento na instância superior na primeira sessão seguinte à data em que
forem conclusos.
ひo prazo para conclusão não pode exceder a 5 dias.
AÇÕES DE MANDADO DE SEGURANÇA
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Para a defesa desses direitos foi necessário adequar os sistemas jurídicos tradicionais, o que resultou 
no desenvolvimento dos direitos coletivos. Conclui-se que os conflitos envolvendo direitos 
econômicos, sociais e culturais (de 2ª dimensão) e direitos ao meio ambiente, à paz e ao 
desenvolvimento (de 3ª dimensão) não podem ser solucionados pelas regras jurídicas tradicionais, 
dada a natureza coletiva que lhes é imanente. 
Feito isso, a doutrina distingue espécies de direitos coletivos. 
Primeiramente, esses direitos (ou interesses), de dimensão coletiva, foram sendo consagrados, 
sobretudo na segunda (direitos sociais, trabalhistas, econômicos, culturais) e na terceira (direito 
ao meio ambiente ecologicamente equilibrado etc.) dimensões de direitos fundamentais, e podem 
ser denominados como transindividuais, supraindividuais, metaindividuais (ou, simplismente, 
coletivos em sentido amplo, coletivos lato sensu, coletivos em sentido lato), por pertencerem a 
grupos, classes ou categorias mais ou menos extensas de pessoas, por vezes indetermináveis (como 
a coletividade), e por não serem passíveis de apropriação e disposição individuais. 
Assim... 
 
Vamos analisar, brevemente, cada uma dessas espécies: 
 DIREITOS DIFUSOS 
Os direitos difusos pertencem, a um só tempo, a cada um e a todos que estão numa mesma 
situação de fato. 
O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é exemplo clássico de direito difuso. É um 
direito que assiste cada ser humano, sem que, porém, o indivíduo possa dele dispor como bem 
entenda, como se fosse um direito subjetivo individual. 
Para fins de prova... 
 
DIREITOS OU INTERESSES 
COLETIVOS LATU SENSU
Direitos ou Interesses 
Difusos
Direitos ou Interesses 
Coletivos strictu sensu
Direitos Individuais 
Homogêneos
Os interesses ou direitos difusos são os interesses ou direitos objetivamente 
indivisíveis, cujos titulares são pessoas indeterminadas e indetermináveis, ligadas 
entre si por circunstâncias de fato.
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 DIREITOS COLETIVOS EM SENTIDO ESTRITO 
Vamos direto ao conceito: 
 
 DIREITOS COLETIVOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS 
Os direitos individuais homogêneos são direitos subjetivos individuais com um traço de identidade, 
de homogeneidade, na sua origem. 
Para a prova... 
 
Isso tudo para concluir que essas três categorias de direitos coletivos podem ser defendidas por 
intermédio do mandado de segurança coletivo. 
Assim: 
 
A sentença ou acórdão em mandado de segurança coletivo terá validade circunscrita aos membros 
ou aos grupos de pessoas em favor de quem o legitimado ingressou com a ação. 
Não obstante atingir apenas os substituídos, a parte pode decidir por ingressar com o mandado de 
segurança individual. Contudo, para que a pessoa seja beneficiada pela ação coletiva, deverá 
requerer a desistência do seu mandado de segurança individual no prazo de 30 dias, a contar da 
ciência da impetração da ação coletiva. 
Veja: 
Art. 22. No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do 
grupo ou categoria substituídos pelo impetrante. 
§ 1o O mandado de segurança coletivo NÃO induz litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da 
coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a desistência de seu mandado 
Entende-se como interesses ou direitos coletivos stricto sensu os interesses ou direitos 
objetivamente indivisíveis, de que seja titular grupo, classe ou categoria de pessoas, 
ligadas entre si ou com a parte contrária por um vínculo jurídico base e, por tal razão, 
determináveis.
Podem ser entendidos como sendo direitos subjetivos individuais, 
objetivamente divisíveis, cuja defesa judicial é passível de ser feita 
coletivamente, cujos titulares são determináveis e têm em comum a origem 
desses direitos, e cuja defesa judicial convém que seja feita coletivamente.
HIPÓTESES DE CABIMENTO DO MANDADO DE 
SEGURANÇA COLETIVO
direitos difusos
direitos coletivos em sentido 
estrito
direitos individuais homogêneos
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de segurança no PRAZO DE 30 (TRINTA) DIAS a contar da ciência comprovada da impetração da segurança 
coletiva. 
Para encerrar o art. 22, destacamos o §2º, que trata da concessão de tutela antecipada em mandadode segurança coletivo. Prevê o dispositivo que essa liminar somente poderá ser concedida após 
manifestação da parte contrária no prazo de 72 horas. Dito de outro modo, no caso de mandado de 
segurança coletivo não há espaço para concessão da medida liminar inauditera altera pars (sem 
oitiva da parte contrária). 
§ 2o No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida após a audiência do representante 
judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas. 
2.3.9 - Prazo decadencial 
É fundamental que você saiba que o prazo para impetrar mandado de segurança é decadencial. 
Assim, de acordo com o art. 23, abaixo citado, a parte deverá impetrar o mandado de segurança no 
prazo de 120 dias, a contar da ciência do ato que gerou a violação ao direito líquido e certo: 
Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados 
da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. 
De acordo com a doutrina: 
A decadência, que é a perda de um direito pelo seu não exercício em um determinado prazo fixado, no caso, diz 
respeito ao direito de a parte valer-se da ação mandamental, ou seja, se transcorrido o prazo de 120 dias perderá 
a parte o direito de impetrar mandado de segurança, ficando, todavia, resguardado o direito material da parte, 
que poderá utilizar as vias ordinárias para perseguir o seu direito. 
HÁ, PORTANTO, PERDA DO DIREITO DE IMPETRAR O MANDADO DE SEGURANÇA, E NÃO PERDA 
DO DIREITO LÍQUIDO E CERTO QUE SE PRETENDE VER PROTEGIDO. 
Para a prova... 
 
 
2.3.10 - Dispositivos Finais 
Em relação aos dispositivos finais da Lei do Mandado de Segurança, façamos algumas rápidas 
observações: 
Prevê o art. 24 que se aplicam as regras relativas ao litisconsórcio à ação de mandado de segurança, 
atualmente disciplinadas nos arts. 113 e seguintes do NCPC: 
PRAZO PARA O MANDADO 
DE SEGURANÇA
é decadencial
de 120 dias, a contar da 
ciência do ato impugnado
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Art. 24. Aplicam-se ao mandado de segurança os arts. 46 a 49 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código 
de Processo Civil. 
Leia o art. 25: 
Art. 25. Não cabem, no processo de mandado de segurança, a interposição de embargos infringentes e a 
condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de 
litigância de má-fé. 
De acordo com o dispositivo acima: 
 
Observe-se que os embargos infringentes foram excluídos da sistemática processual pelo NCPC e 
não constam mais como um dos recursos do nosso ordenamento. 
O art. 26 tipifica o não cumprimento das ordens emanadas em sede de mandado de segurança como 
crime de desobediência: 
Art. 26. Constitui crime de desobediência, nos termos do art. 330 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 
1940, o não cumprimento das decisões proferidas em mandado de segurança, sem prejuízo das sanções 
administrativas e da aplicação da Lei no 1.079, de 10 de abril de 1950, quando cabíveis. 
Em relação ao restante dos dispositivos, a mera leitura é o suficiente para a prova: 
Art. 27. Os regimentos dos tribunais e, no que couber, as leis de organização judiciária deverão ser adaptados 
às disposições desta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contado da sua publicação. 
Art. 28. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
Art. 29. Revogam-se as Leis nos 1.533, de 31 de dezembro de 1951, 4.166, de 4 de dezembro de 1962, 4.348, de 
26 de junho de 1964, 5.021, de 9 de junho de 1966; o art. 3oda Lei no 6.014, de 27 de dezembro de 1973, o art. 
1o da Lei no 6.071, de 3 de julho de 1974, o art. 12 da Lei no 6.978, de 19 de janeiro de 1982, e o art. 2o da Lei 
no 9.259, de 9 de janeiro de 1996. 
Brasília, 7 de agosto de 2009; 188o da Independência e 121o da República. 
3 - ESTUDO DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA E DA AÇÃO POPULAR 
3.1 に INTRODUÇÃO 
Vamos iniciar o estudo desse conteúdo cotejando a Ação Popular com a Ação Civil Pública. A 
finalidade dessa análise é conhecer ambas as ações, deduzindo os aspectos nos quais elas se 
aproximam e se distanciam. 
Essa análise inicial será importante para que possamos compreender a previsão legal, o fundamento, 
a legitimidade e a natureza dessas ações. 
NO MANDADO DE SEGURANÇA NÃO CABE
embargos infringentes condenação em honorários
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Inicialmente é importante que você saiba que a ação civil pública está prevista constitucionalmente, 
ミ;àヮ;ヴデWàヴWノ;デキ┗;à<ゲàa┌ミNロWゲàWゲゲWミIキ;キゲà<àテ┌ゲデキN;がàSWミデヴラàSラà;ゲゲ┌ミデラàさMキミキゲデYヴキラàP┎HノキIラざくàVWテ;àラàケ┌Wà
disciplina o art. 129, III, da CF: 
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio 
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; 
Note que a CF atrela o exercício da ação civil pública (ACP) às funções institucionais do Ministério 
Público (MP), com a finalidade de proteger: 
• o patrimônio público e social; 
• o meio ambiente; e 
• os interesses difusos e coletivos. 
Já a ação popular (AP) é fundamentada como uma ação constitucional, denominada classicamente 
como um remédio constitucional. Trata-se, portanto, de uma garantia constitucional prevista 
expressamente no art. 5º, LXXIII: 
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio 
público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao 
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da 
sucumbência; 
A ação popular tem por finalidade anular atos lesivos: 
• à moralidade administrativa; 
• ao meio ambiente; e 
• ao patrimônio histórico e cultural. 
Desse modo, comparando ambos os dispositivos, é possível notar que a ACP e a AP podem ser 
utilizadas tanto para a proteção do patrimônio público como para a defesa do meio ambiente. 
Para a prova... 
 
 
FU
N
D
A
M
EN
TO
ACP
patrimônio público e social
meio ambiente
interesses difusos e coletivos
AP
moralidade administrativa
meio ambiente
patrimônio histórico e cultural
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Em relação à legitimidade para a propositura de tais ações, temos uma diferenciação relevante. Da 
leitura dos dispositivos acima, notamos que a ACP poderá ser proposta pelo MP, ao passo que a AP 
pode ser ajuizada por cidadãos. 
Essas são as regras introdutórias que extraímos da leitura dos dispositivos constitucionais, veremos, 
contudo, na sequência, vários outros aspectos, previstos na legislação específica de cada uma das 
leis que estamos estudando. 
Antes de estudar as regras específicas de cada uma dessas ações, vamos tratar, de modo conjunto, 
dos princípios aplicáveis a ambas as ações. 
3.2 - PRINCÍPIOS 
Como forma de um tópico prévio, vamos analisar os princípios de forma destacada, que podem ser 
aplicáveis tanto à AP como à ACP. 
Antes de iniciarmos a análise de cada um dos princípios, é importante registrar que os princípios 
processuais gerais são aplicáveis também a essas ações específicas. Assim, princípios como o do 
contraditório e da ampla defesa, por exemplo, também informam e disciplinam as leis que 
analisamos nessa aula. 
Na realidade, esse conjunto de princípios é aplicável às ações coletivas como um todo, entre os quais 
está a ação civil pública e a ação popular. 
Contudo, para fins do nosso estudo, interessa conceituar, de forma objetiva, os princípios específicos 
que

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