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Dois terços dos pacientes que apresentam essa patologia são mulheres. Além da febra reumática, outras possíveis causas são: hipoplasia mitra, alteração do anel valvar, valva mitral em paraquedas, lupos eritematoso sistêmico, artrite reumatoide, muscopolissacaridose do fenótipo Hunter-Hurler, doenças de Fabry e Wipple, síndrome carcionoide e terapia com metisergida. A sintomatologia inicia-se quando ocorre a redução de 50% da valva mitral, que possui um tamanho normal de 4 a 6 Cm. A diminuição desta área, eleva o gradiente diastólico entre o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo, pois, ocorre uma dificuldade para esvaziar o átrio, por causa do estreitamento da valvular. A intensidade e a frequência dos surtos acarretam no acometimento valvar, elevando a gravidade da estenose mitral. Fatores como, espessamento, fibrose, retração e fusão das cúspides, além de fusão e encurtamento das cordas tendineas, apresentam envolvimento direto com a função reumática. A EM, pode ter como resultado de modo isolado ou associada a insuficiência mitral. Além disso, podem estar associadas com á progressão da lesão valvar as próprias alterações hemodinâmicas locais que o tecido valvar estaria exposto ao longo do tempo, assim como uma discreta e continua atividade inflamatória local. Normalmente a pressão arterial esquerda de pacientes com EM, varia entre 15 e 20 mmHg no repouso, aumentando na realização de exercícios. Essa elevação crônica da pressão atrial, leva a hipertrofia do átrio direito com dilatação e fibrose atrial. Deste modo elas se relacionam com a gravidade da lesão, á duração da doença ao envolvimento inflamatório e a complacência do átrio. Já o ritmo sinusal, os pacientes apresentam uma pressão atrial media elevada e elevação da onda A. A presença de eventos como a fibrilação atrial, desencadeia alterações estruturais do átrio, o que aumenta as chances de formação de trombos, podendo levar a eventos embólicos sistêmicos. Mesmo em pacientes com ritmo sinusal, o aumento do volume atrial esquerdo, associado ao padrão de fluxo lento, contribui para a formação do trombo, particularmente na aurícula esquerda. Entretanto, após a instalação da fibrilação atrial, o fluxo sanguíneo no átrio esquerdo torna-se mais desorganizado, facilitando ainda mais a formação de trombo. Em cerca de 17% dos pacientes encaminhados para cirurgia é encontrado trombo na cavidade atrial ou no apêndice atrial esquerdo. A pressão pulmonar irá depender do grau de comprometimento da estenose, da vasoconstrição pulmonar reativa e das mudanças morfológicas da circulação pulmonar. Em casos de estenose mitral leve ou moderada, pode permanecer normal em repouso, podendo sofrer alterações durante os exercícios, ou com o aumento da FC. Já em casos graves, notasse uma PAP, alterada em repouso, execedendo 60 mmHg, levando a impedância para o esvaziamento do ventrículo direito, com consequente elevação da pressão no átrio direito. Inicialmente, as alterações do sistema arterial pulmonar são reversíveis, com vasoconstrição arteriolar seguida por hipertrofia da camada média. Nos estágios avançados, as alterações tornam -se irreversíveis, com dilatação da artéria pulmonar e grave hipertensão arterial pulmonar (HAP). A hipertensão atrial produz vasoconstrição e elevação da resistência pulmonar. Quando a PAE excede 30 mmHg acima da pressão oncótica, há transudação de líquido para o interstício pulmonar e redução da complacência pulmonar. A hipertensão pulmonar crônica causa hipertrofia, dilatação e, posteriormente, falência do ventrículo direito e insuficiência da valva tricúspide. O padrão de enchimento ventricular esquerdo em pacientes com EM é anormal e ocorre com dificuldade. Com isso, o diâmetro diastólico final do VE é normal ou diminuído e a pressão diastólica final é baixa. O débito cardíaco cai e 25% dos pacientes com EM importante têm função sistólica do VE comprometida.14 A disfunção sistólica do VE poderia ser, ainda, consequência da vasoconstrição reflexa que ocorre em associação com outras doenças cardíacas, como outras valvopatias, doença isquêmica, miocardite reumática ou fibrose ventricular, com consequente elevação da pós-carga. Nos países em desenvolvimento, o processo inflamatório decorrente da doença reumática pode ser bastante agressivo, levando ao comprometimento do miocárdio, com alterações de sua contratilidade. Essa patologia é de caráter progressivo e continuo, podendo surgir do 20 ate 40 anos, apresentando idade media inicial dos sintomas dd 27 anos. Apresentando marcadores de pior pronostico: FA, ou de HAP. O principal sintoma é a dispneia, podendo ter como efeito causal eventos que elevem a PAE, como: exercícios, fibrilação atrial, gestação, estresse). Indicadores de lesões importantes, são: A dispneia paroxística noturna, e a dispneia em repouso. Como sintomas iniciais, podemos encontrar: palpitações, eventos embólicos, causados pela instabilidade atrial e presença de FA. A compressão do esôfago enerco laríngeo, ocorrem pelo átrio esquerdo diltado, provocam a disfagia e rouquidão. O cansaço e a fadiga podem ocorrer pela queda do DC e pela hipertensão pulmonar, hemoptise causada por congestão e ruptura de veias brônquicas. Apenas 15% dos pacientes apresentam dor torácica, decorrente da hipertensão ventricular direita ou coronariopatia associada. No exame clínico do paciente com EM importante (baixo débito e vasoconstrição) pode ser observada fácies mitral. O pulso venoso jugular pode apresentar onda A proeminente (hipertensão pulmonar e sobrecarga de VD). A ausculta cardíaca clássica inclui B1 hiperfonética, estalido de abertura da valva mitral, sopro diastólico em rufiar localizado entre o ápice e o bordo esternal esquerdo, de baixa intensidade, mais audível em decúbito lateral e com a campânula e presença de reforço pré-sistólico (contração atrial). Pode haver B2 hiperfonética devido à HAP. Quanto maior a gravidade da EM, mais precoce é o estalido de abertura. Após exercício e durante manobras que aumentam o retorno venoso há aumento da duração do sopro e o estalido fica também mais próximo de B2. 19 Na presença de FA, não ocorre o reforço pré-sistólico. Eletrocardiograma No eletrocardiograma é observada principalmente sobrecarga atrial esquerda. Com o decorrer da doença e o aparecimento de hipertensão pulmonar, surgem sobrecarga de átrio e ventrículo direitos, e o eixo é desviado para a direita (Figura 2). Arritmias atriais, como extrassístoles e fibrilação atrial, também são comuns. A radiografia de tórax evidencia duplo contorno à direita, que corresponde à dilatação do átrio esquerdo. Outra evidência dessa dilatação é a presença do sinal da bailarina: o deslocamento superior do brônquio fonte esquerdo. Retificação ou abaulamento do tronco da artéria pulmonar e dilatação do átrio e ventrículo direitos in dicam hipertensão pulmonar. Também podem estar presentes congestão pulmonar, caracterizada pelo engurgitamento de hilos pulmonares, cefalização de trama vascular pulmonar e linhas B de Kerley O ecocardiograma, além de confirmar o diagnóstico, sugere a etiologia, avalia a gravidade anatômica e funcional da lesão, assim como suas repercussões.20 Por meio dele, é possível quantificar a área valvar mitral (pela planimetria ou pelo Pressure HalfTime - PHT) e o gradiente de pressão transmitral, e ainda estimar a pressão sistólica de artéria pulmonar. É de fundamental importância na seleção dos pacientes para VMCB, baseando-se no escore ecocardiográfico ou escore de Wilkins (EW).21 O achado característico ao ecocardiograma transtorácico (ETT) é a valva com abertura em domo (folhetos espessados com fusão das comissuras) (Figura 4). O ecocardiograma transesofágico (ETE) está recomendadoquando a avaliação pelo ETT é inadequada, na identificação de trombo atrial, nos pacientes com antecedentes embólicos, e na análise do grau de insuficiência mitral associada em pacientes candidatos à VMCB com suspeita de trombo atrial. A diretriz norte-americana traçou estágios para a classificação das valvopatias com base em sua história natural, por meio de dados da anatomia valvar, repercussão funcional e sintomas: • Estágio A - pacientes em risco: valva mitral espessada, com fluxo transmitral normal - sem repercussão hemodinâmica e sem sintomas; • Estágio B - estenose mitral em progressão: espessamento dos folhetos e fusão comissural, ainda com área valvar > 1,5 cm2 , mas já com velocidade de fluxo transmitral aumentada e com discreta a moderada dilatação do átrio esquerdo - sem HAP em repouso e sem sintomas; • Estágio C - estenose mitral importante assinto mática: espessamento dos folhetos e fusão comissural, com área valvar:::; 1,5 cm2 (ou:::; 1,0 cm2 - EM muito importante) e acentuada dilatação do átrio esquerdo - com HAP > 30 mmHg, e ainda sem sintomas; • Estágio D - estenose mitral importante sintomática: espessamento dos folhetos, fusão comissural com área valvar:::; 1,5 cm2 (ou:::; 1,0 cm2 - EM muito importante) e acentuada dilatação do átrio esquerdo - com HAP > 30 mmHg e dispneia aos esforços. O cateterismo cardíaco com medida de pressões em câmaras esquerdas e direitas deve ser realizado quando os testes não invasivos são inconclusivos ou quando há discrepância entre a clínica e os achados do ecocardiograma (Figura 5).23 Para melhor esclarecimento diagnóstico, este exame pode ser realizado mediante esforço físico ou prova de volume associada à administração de atropina, medidas capazes de aumentar a sensibilidade para a avaliação da repercussão funcional da EM.1 A cineangiocoronariografia fica reservada aos pacientes com suspeita de doença arterial coronariana (DAC) ou com programação cirúrgica e fatores de risco para coronariopatia (homens acima de 40 anos e mulheres após menopausa ou com mais de um fator de risco para DAC). 1 O tratamento através de recursos farmacológicos possui a intenção de adiar, a substituição da valva, pois não são capazes de atuar na obstrução. Quando há necessidade de controle sintomático, é importante que o paciente seja aderente à restrição hídrica e salina. Drogas cronotrópicas negativas e diuréticos são importantes pilares do tratamento clínico sintomático. Betabloqueadores e bloqueadores de canais de cálcio podem ser utilizados para diminuição da frequência cardíaca, contribuindo para aumento do tempo diastólico e, dessa forma, para o aumento do tempo de esvaziamento atrial, com consequente diminuição da PAE ao final da diástole.6 Os diuréticos, por sua vez, diminuem a congestão pulmonar ocasionada pelo aumento da PAE. Digitálicos podem ser usados como terapia adjuvante no controle da frequência cardíaca em pacientes com FA ou disfunção ventricular. A anticoagulação deve ser iniciada na presença de FA, evento tromboembólico prévio, trombo intracavitário ao ecocardiograma, AE >55 mm e evidências de contraste espontâneo, 27• 28 situações que aumentam o risco de embolia sistêmica nesses pacientes. Essa patologia pode ser secundaria á alteração de qualquer componente do aparelho mitral, folhetos, anel, aparato subvalvar ou disfunção do VE. Como causa primaria podemos encontrar novamente a febre reumática, que gera um espessamento e retração de estruturas como: folhetos e cordas tedineas. Seguida por degeneração mixomatosa, prolapso da valva mitral e endocardite infecciosa. Como causa secundaria, encontramos as cardiomiopatias dilatas ou isquêmicas. FISIOPATOLOGIA: IM, nada mais é do que um sobrecarga de volume imposta aos átrios e ventrículos esquerdos. Os mecanismos adaptativos são: hipertrofia excêntrica, dilatação do ventrículo e do átrio esquerdos, o debito cardíaco é mantido pelo regurgitamento de sangue acomodado nas câmaras cardíacas, normalmente os pacientes encontram- se assintomáticos por extensos anos. Quando o volume diastólico final é aumentado e o volume sistólico final é menor ou igual, dizemos que está na fase compensada, pois, a razão da facilidade de esvaziamento do VE , ocorrerá por duas vias: via de saída do ventrículo esquerdo e valva mitral incompetente. A definição do nível/ estágio que o paciente se encontra é dado através do diâmetro e a função do VE. Comumente os pacientes não apresentam sintomas por longos anos, o surgimento dos sintomas ocorre em influencia da doença de base, pelo tempo de instalação e gravidade da regurgitação, pela reserva do VE e pela complacência do átrio esquerdo. • Os sintomas mais comuns são: Dispneia, fraqueza, tosse e palpitação. • Em casos mais avançados, ocorrem relatos de: Fenômenos embólicos, hemopitise e insuficiência cardíaca direita. • E na IM aguda, ocorre um aumento de pressão no AE, podendo ocorrer edema agudo de pulmão. Fase compensada é na qual o paciente não apresenta sintomas e possui diâmetro diastólico final do VE inferior a 60mm, diâmetro sistólico final inferior a 40mm e fração de ejeção superior a 60%. Fases descompensadas: as medidas dos diâmetros diastólicos e sistólico do VE ultrapassa de 70mm e 45 mm, e a fração de ejeção cai abaixo de 55%. Fase intermediária: Fica entre esses dois estágios descritos acima. • Pulso arterial cheio e amplo. • O ictus apical é amplo e hiperdinâmico, pouco desviado para a esquerda, pelo aumento do VE. • Apresenta abafamento da primeira bulha, e a segunda hiperfonetica. • Sopro pode ser holossistolico ou mesotessistolico. O eletrocardiograma pode ser normal ou mostrar sobrecarga atrial e/ ou ventricular esquerda. Pode haver fibrilação atrial e, se houver HAP, há sinais de sobrecarga das câmaras direitas. Na radiografia de tórax nota -se aumento da área cardíaca às custas do átrio e do ventrículo esquerdos. Pode haver abaulamento da artéria pulmonar e presença de um quarto arco, decorrente de HAP e dilatação acentuada do átrio esquerdo, respectivamente. A ecocardiografia Doppler é essencial para avaliação do mecanismo da regurgitação e da repercussão hemo dinâmica, fornecendo dados sobre a anatomia valvar e provável etiologia, grau de regurgitação, diâmetros das cavidades cardíacas, função do VE e presença de HAP. O grau de regurgitação é avaliado por diversos métodos dos quais se destacam: cálculo da largura da vena contracta, área do orifício regurgitante, cálculo do volume regurgitante pelo método de Pisa, fração regurgitante, presença de fluxo reverso em veias pulmonares, relação entre área do jato regurgitante e do átrio esquerdo.1 • 5 • 6 Na Tabela 1 podem ser encontrados os valores referentes à regurgitação discreta, moderada ou grave. O ecocardiograma tridimensional tem-se mostrado superior ao bidimensional no detalhamento do mecanismo da regurgitação mitral, porém muitas vezes não se encontra disponível na prática diária. 7 O ecocardiograma com estresse medicamentoso ou com exercício pode ser utilizado quando houver divergência entre a gravidade da regurgitação e os sintomas. Os testes de esforço tradicional e cardiopulmonar podem ser úteis na avaliação da capacidade funcional dos pacientes com sintomas duvidosos de insuficiência cardíaca, e sua aplicabilidade será discutida adiante.8 • 9 O estudo hemodinâmico tem papel limitado no diagnóstico e no acompanhamento do paciente com IM. Deve ser solicitado apenas quando for indicado o tratamento cirúrgico, com objetivo de avaliar as artérias coronárias. Atualmente, é muito incomum solicitar a ventriculografia esquerda para avaliar o grau de regurgitação valvar.Esse método é reservado para casos em que há discordância entre os achados clínicos e ecocardiográficos. Classificação da IM segundo as diretrizes AHA/ ACC 2014:10 • A: pacientes em risco (doença reumática, pro lapso de valva mitral - mínima regurgitação); • B: pacientes com doença valvar em progressão (prolapso de valva mitral, alteração reumática da valva mitral com restrição dos folhetos e perda da coaptação central, endocardite infecciosa prévia): vena contracta < 0,7 em, ORE (orifício regurgitante efetivo) < 0,40 cm2 , volume regurgitante < 60 mL); • C: pacientes com IM grave, porém ainda assintomáticos ( vena contracta > 0,7 em; ORE > 0,4 cm2 volume regurgitante > 60 mL); • C1: FE > 60%; VSFVE (volume sistólico final do VE) < 60%; VSFVE > 40 mm; • D: pacientes com IM grave e com sintomas de insuficiência cardíaca. A insuficiência aórtica, gera uma sobrecarga de volume e pressão do ventrículo esquerdo, levando a redução da perfusão coronariana. • Doenças de raiz de aorta, pode ocasionar: Dissecção aórtica, síndrome de Marfan, Sífilis, Osteogênese imperfeito. • Doenças valvar: Febre reumática (80% dos casos), Pós-endocardite infecciosa, trauma, valvar congênita, degeneração mixomatosa das valvas, no lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide, doença de Whippçe, Cronh, síndrome de Eler-Danlos, síndrome de Marfan. A insuficiência aórtica, pode gerar sintomas de insuficiência cardíaca, como: Dispneia aos esforços, sintomas de baixo debito, como lipotimia e sincope, angina (por diminuição de fluxo cornariano e aumento de consumo de oxigênio pela hipertrofia ventricular) e palpitações. Insuficiencia aórtica aguda: Insuficiencia rápida e progressiva, fraqueza, dispneia e hipotensão. • À ausculta cardíaca, observa-se sopro diastólico, aspirativo, de alta frequência, decrescente. • Gravidade da valvopatia: quanto maior for a duração do sopro, mais gravea valvopatia. Em casos muito graves, o sopro pode praticamente desaparecer, cursando com elevação da pressão diastólica final do ventrículo esquerdo(VE). A presença do sopro de Austin-Flint também indica gravidade. • Pulsos arteriais amplos e visíveis. Pode haver alargamento da pressão de pulso (aumento da pressão sistólica e redução da diastólica). Ictus desviado para esquerda e para baixo, hiperdinâmico. • Sopro de Austin-Flint: se associado à ausculta de sopro mesodiastólico em foco mitral, com primeira bulha (B1) normofonética e na ausência de estalido de abertura (diferente da estenose mitral orgânica). Estenose mitral funcional, e não orgânica, devida ao grande volume de sangue que retorna pela valva aórtica durante a diástole. Corrigan Pulso em martelo-d’água. Musset Oscilações da cabeça para baixo e para frente. Quincke Oscilação (pulso) vista no leito ungueal. Minervini Pulsação da base da língua. Duroziez Duplo sopro à compressão da artéria femoral. Pistol Shot Sensação de choque à ausculta de certas artérias. Sobrecarga de câmaras esquerdas (sobrecarga de átrio somente em casos avançados). Aumento da área cardíaca. Avaliar presença de dilatação de aorta – pode sugerir insuficiência aórtica por aortopatia. Permite avaliar o grau de insuficiência valvar, função ventricular e diâmetros, além de avaliar também a raiz da aorta. – O fato de haver muitos parâmetros para avaliar a gravidade indica que nenhum deles é absoluto na classificação. Assim, deve-se considerar o cenário global para poder graduar a IAo no ecocardiograma. Indicada para: 1. Descartar coronariopatia associada em pacientes com sintomas sugestivos de insuficiência coronariana. 2. Descartar coronariopatia em pacientes homens acima de 40 anos; em mulheres pré-menopausa acima de 40 anos com fatores de risco para doença coronariana; ou em mulheres pós-menopausa. 3. Avaliação da gravidade da valvopatia caso haja discrepância clínico- radiológica. • Vasodilatadores arteriais [por exemplo: inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA)] se houver sintomas e/ou disfunção ventricular esquerda. Indicação classe I se estiver contraindicada cirurgia ou se utilizados como tera-pêutica pré- operatória para melhorar perfil hemodinâmico até intervenção cirúrgica. Não devem ser usados como teste terapêutico ou para adiar a cirurgia. • Vasodilatadores podem ser usados também em casos de IAo acentuada, em indivíduos assintomáticos e com função ventricular normal, mas com dilatação de VE, com objetivo de tentar retardar a evolução da doença (classe IIb). Estudos com o uso de IECA, antagonista de cálcio ou hidralazina em pacientes com esse perfil apresentam resultados conflitantes quanto ao benefício do desenvolvimento de sintomatologia, disfunção ventricular ou necessidade de cirurgia. • Sempre se acreditou que o uso de betabloqueadores deveria ser evitado em pacientes com IAo, já que eles poderiam aumentar o tempo de diástole e, assim, piorar a regurgitação valvar. Estudo recente publicado no Journal of the American College of Cardiology em 2009 sugere que o uso de betabloqueador em pacientes com IAo grave pode levar a benefícios em sobrevida. Apesar disso, esse foium estudo observacional retrospectivo. Assim, esses resultados não permitem alterar a prática clínica, mas fazem questionar quanto à contraindicação de betabloqueadores nesses pacientes. • Diuréticos como a furosemida no caso de congestão. Restrição de sal se necessário. • Profilaxia secundária para febre reumática, se indicada. • Profilaxia para endocardite infecciosa em procedimentos cirúrgicos ou odontológicos. • O procedimento cirúrgico consiste em troca valvar. Em alguns casos selecionados, pode-se realizar plástica valvar. • A disfunção ventricular geralmente melhora após procedimento cirúrgico, podendo até normalizar. • Na hipótese de IAo secundária à doença de raiz de aorta, deve-se indicar cirurgia se houver dilatação ≥ 55 mm e/ou expansão progressiva da raiz da aorta (aumento ≥ 5 mm/ano), com qualquer grau de regurgitação. Na síndrome de Marfan, operar se ≥ 50 mm. • Técnica de Bentall De Bono: indicada para correção de problemas na raiz da aorta, como dilatação de aorta ascendente com insuficiência aórtica, síndrome de Marfan ou dissecção de aorta ascendente com disfunção valvar. Consiste na substituição da raiz da aorta por um enxerto composto, formado por uma prótese aórtica (tubo de Dacron), acoplado a uma prótese valvar mecânica, reimplantando os óstios das artérias coronárias. A febre reumática, fatores congênitos e degeneração senil, são considerados possíveis etiologia da estenose aórtica. Sua fisiopatologia é causada pela obstrução da via de saída do VE, ocorrendo aumento da pressão sistólica, o que gera uma hipertrofia concêntrica, e diminuição da pressão na raiz da aorta, pela redução da pressão de perfusão coronária. Febre reumática – EAo em geral não ocorre isolada. Geralmente há algum acometimento de valva mitral. Além disso, já que o mecanismo da estenose é por fusão das comissuras, é comum encontrar algum grau de insuficiência aórtica associada. Congênito – Valva bicúspide – alteração congênita mais comum, em 2% da população. Com 50 anos de idade, metade desenvolve EAo – EAo congênito – a hipertrofia na EAo congênita é mais exuberante; aparece com menos sintomas. Em 15%, pode ocorrer morte súbita sem sintomas premonitórios. DegeneraçãoSenil Mesmos desencadeantes de aterosclerose –hipercolesterolemia, diabetes mellitus (DM). Forma mais comum nos países desenvolvidos. • Início por volta dos 5 anos de idade se congênita; sétima década se senil. • Tríade clássica: angina pectoris + dispneia [insuficiência cardíaca (IC)] + síncope aos esforços. A sobrevida médiaem anos é de 5 anos para aqueles que se apresentam com angina, 3 anos com síncope e 2 anos com sintomas de IC. • Trinta e cinco por cento se apresentam com angina (por aumento da demanda de O2, decorrente da hipertrofia, e por redução da oferta de O2, por redução da pressão de perfusão coronariana); apesar disso, sempre é necessário avaliar insuficiência coronariana, principalmente se EAo degenerativa (cerca de 37% dos pacientes com EAo degenerativa apresentam também doença coronariana). • Quinze por cento com síncope aos esforços, por redução de perfusão cerebral, com vasodilatação periférica sem aumento do débito cardíaco. Pode ocorrer síncope também ao repouso; nesses casos, deve-se descartar a presença de arritmias, como fibrilação atrial ou taquicardia ventricular. • Cinquenta por cento com IC. O início dos sintomas aumenta dramaticamente a taxa de mortalidade para quem não realiza troca valvar. • Pode haver sangramentos gastrointestinais associados à EAo grave por diminuição de fator de Von Willebrand e pela presença de angiodisplasia intestinal (síndrome de Heyde). A cirurgia de troca valvar em geral resolve esse distúrbio de coagulação. • Ausculta cardíaca: sopro sistólico rude, ejetivo, com irradiação para fúrcula e carótidas. Se auscultado no ápice, fenômeno de Gallavardin (diferenciar de insuficiência mitral). • Sinais de gravidade: sopro com pico tardio, desdobramento paradoxal da segunda bulha (B2) ou B2 inaudível, pulso parvus et tardus (atraso no pico de fluxo carotídeo e com amplitude reduzida), presença de B4. –Sobrecarga ventricular esquerda (85% se EAo grave). Pode haver bloqueio de ramo ou bloqueio atrioventricular. Alterações de repolarização ventricular. Inespecífico. – Área cardíaca normal ou pouco aumentada. Alargamento da sombra aórtica (dilatação pós- estenótica). Calcificação da aorta. – Pode ser realizado em pacientes assintomáticos ou com sintomas duvidosos,em ambiente hospitalar. Nesses pacientes, o teste ergométrico pode ser muito importante para auxiliar na decisão quanto à conduta cirúrgica. – Contraindicado se sintomático, uma vez que há indicação de cirurgia e o risco de complicações é maior. Não deve ser usado para excluir coronariopatias nesses pacientes. – Folhetos valvares aórticos espessados, mobilidade reduzida. Medida dos gradientes de pressão, área valvar e velocidade máxima de fluxo. Hipertrofia ventricular. – Deve ser solicitado a cada 6 meses para reavaliação de pacientes assintomáticos com EAo grave, a cada 1 ano se EAo moderada e a cada 2 a 3 anos se EAo leve. Solicitar também após intervenções percutâneas ou cirúrgicas. • O tratamento medicamentoso é pouco efetivo. É voltado para pacientes não candidatos a tratamento cirúrgico ou como ponte para o tratamento cirúrgico. • Podem-se utilizar diuréticos, como a furosemida, para alívio de sintomas, com cuidado quanto a hipovolemia e hipotensão. • Cuidado com o uso de vasodilatador [inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECA)]. Os vasodilatadores reduzem a resistência vascular periférica, o que normalmente aumentaria o débito cardíaco (DC). Em pacientes com EAo grave, como há obstrução importante na via de saída do VE, não ocorre aumento do DC, e isso pode levar à piora da hipotensão. Pode ser usado com cautela se houver hipertensão arterial ou presença de disfunção ventricular esquerda. • Alguns estudos indicam que o uso de estatinas poderia diminuir a progressão da calcificação da EAo, mas o assunto é ainda controverso. O estudo SEAS avaliou cerca de 1.800 pacientes em uso de sinvastatina e ezetimiba ou placebo. Não houve melhora nos desfechos relacionados à valvopatia. • Na descompensação clínica grave, é discutível o uso de vasodilatador endovenoso, como o nitroprussiato. • Deve-se lembrar sempre de realizar profilaxia para endocardite infecciosa e profilaxia secundária de febre reumática se indicada. Ver capítulo 68 – Endocardite infecciosa. Anticoagular se associado à fibrilação atrial. • A troca valvar é o único tratamento realmente efetivo para alívio da obstrução mecânica da valva estenótica.
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