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Direitos Humanos - Aula 01 - Conceito Geral, Caracteristicas e Evolucao Historica _ Parte I - 2017061712511194

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Direitos Humanos | Material de Apoio 
Prof. Tiago Correia 
AULA 1 
 
1. CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS 
Direitos humanos são “os direitos que visam resguardar os valores mais preciosos da pessoa humana, aqueles 
essenciais a uma existência digna, tendo por finalidades protegê-la tanto em face do Estado quanto em face dos seus 
próprios semelhantes”. 
2. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA 
A dignidade não é um direito da pessoa. Ela é um atributo que nasce e é inerente a todo e qualquer ser 
humano. Ou seja, basta pertencer à espécie humana para possuí-la. 
Se nós, enquanto pessoas, possuímos direitos humanos, é porque (todos nós) somos dotados de dignidade. É 
a partir e por causa dela que os nossos direitos se originam. 
Por estas e outras, partindo da premissa de que a dignidade do ser humano é um atributo presente em toda 
e qualquer pessoa, bem como, de que os direitos humanos encontram nela o seu fundamento, o professor José Afonso 
da Silva a conceitua como sendo: 
Um valor supremo que atrai o conteúdo de todos os direitos fundamentais da pessoa, desde o direito à vida. 
3. DIREITOS HUMANOS versus DIREITOS FUNDAMENTAIS 
As expressões “direitos humanos e direitos fundamentais” tratam da mesma coisa? Referem-se, de fato, ao 
mesmo ideal? 
Em última análise a resposta é sim, à despeito da existência, segundo alguns estudiosos, de uma sutil diferença. 
Acompanhe o raciocínio: 
A terminologia direitos humanos é utilizada nos tratados e documentos internacionais de proteção a pessoa 
humana. Noutros dizeres, é uma expressão de matriz internacional. Designa os postulados de proteção ao ser humano 
reconhecidos internacionalmente! 
Por sua vez, o termo direitos fundamentais representa “os direitos humanos positivados no texto de uma 
Constituição”, ou seja, é uma expressão de viés interno ou nacional. Indica os direitos humanos protegidos 
internamente! 
O conteúdo destas expressões, perceba, é o mesmo (materialmente falando, ambas tem por objetivo proteger 
a dignidade humana), razão pela qual entendo que elas, visivelmente, tratam da mesma ideologia, uma vez que os 
direitos fundamentais, em última análise, decorrem, direta ou indiretamente, dos direitos humanos. 
4. CARACTERISTICAS DOS DIREITOS HUMANOS 
Os estudiosos apresentam inúmeras características para os direitos humanos. Eis algumas delas: 
Universalidade, Historicidade, Indisponibilidade (Inalienabilidade e Irrenunciabilidade), Relatividade, 
Imprescritibilidade, Efetividade, Complementaridade (Interdependência) e Indivisibilidade. 
 UNIVERSALIDADE: traduz a ideia de que os direitos humanos são universais, isto é, “onde existir ser 
humano haverá direitos humanos”. 
 HISTORICIDADE: traduz a ideia de que os direitos humanos são HISTÓRICOS, ou seja, eles “nascem, se 
modificam e se afirmam com o passar do tempo”. 
 INDISPONIBILIDADE: traduz a ideia de que os direitos humanos são INDISPONÍVEIS, isto é, deles a 
pessoa humana não poderá dispor, deles ela não poderá “abrir mão”. Sendo mais claro, os direitos 
humanos não admitem cessão (que é o ato de ceder), seja ela gratuita ou onerosa (mediante paga). A 
INDISPONIBILIDADE, vale registrar, dá origem a outras duas particularidades dos direitos humanos, 
quais sejam: a INALIENABILIDADE e a IRRENUNCIABILIDADE. 
 RELATIVIDADE: traduz a ideia de que os direitos humanos são RELATIVOS, via de consequência, “não 
são absolutos”. 
 IMPRESCRITIBILIDADE: traduz a ideia de que os direitos humanos são IMPRESCRITÍVEIS. Nesses 
termos, afirmar que os direitos humanos não prescrevem é sustentar, na verdade, que o exercício de 
um direito humano não está submetido a um prazo pré – determinado. O exercício em si não 
prescreve. 
 Direitos Humanos | Material de Apoio 
Prof. Tiago Correia 
 EFETIVIDADE: traduz a ideia de que os direitos humanos são EFETIVOS, vale dizer, podem ser exercidos 
imediatamente e, além disso, de imediato devem ser cumpridos, independentemente de provocação. 
 COMPLEMENTARIDADE: os direitos humanos se COMPLEMENTAM mutuamente entre si, de forma 
que o conteúdo de um direito humano é, por vezes, complementado pelo conteúdo de outro, a fim 
de que se tornem ainda mais efetivos e exigíveis. 
 INDIVISIBILIDADE: os direitos humanos são INDIVISÍVEIS na medida em que, juntos, formam um 
sistema uno, harmonioso e seguro de direitos e garantias que procuram assegurar à pessoa humana 
uma vida digna, razão pela qual todos os direitos humanos “devem ter a mesma proteção jurídica. 
 
5. GERAÇÕES OU DIMENSÕES DOS DIREITOS HUMANOS 
1ª GERAÇÃO - LIBERDADE 
DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS 
A 1ª geração ou dimensão dos direitos humanos guarda relação com o valor LIBERDADE. Surge com as Revoluções 
Americana e Francesa – se universalizando com esta última. São os chamados DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS, dos quais 
são exemplos: a VIDA, a LIBERDADE, a PROPRIEDADE, a PARTICIPAÇÃO POLÍTICA, a SEGURANÇA. 
ATENÇÃO! 
Os direitos civis e políticos, 1ª geração ou dimensão, ligados ao valor LIBERDADE, são também denominados de: 
LIBERDADES NEGATIVAS; 
DIREITOS INDIVIDUAIS; ou 
DIREITOS DE LIBERDADE. 
Ocorre que a LIBERDADE propugnada nessa época gerou extrema DESIGUALDADE. É que os direitos civis e 
políticos não eram assegurados a todos indistintamente. 
Os ideais da época, é verdade, se espalharam mundo afora, mas a ideologia de LIBERDADE, já que de fato 
concedida à apenas uma pequena parcela da população, acabou criando um ambiente de muita DESIGUALDADE. 
Pense: a sociedade livre faz o que bem entende, com quem bem entende e da forma que melhor lhe convier. Se o 
Estado não intervém na vida privada, a tendência natural é de que os mais fortes “escravizem” os mais fracos, por 
exemplo. 
Daí que, e diferente não poderia ser, esse tenebroso cenário fez surgir movimentos sociais (são exemplos, os 
movimentos ludista e cartista) que contextualizaram, no século XIX, lutas por direitos e, principalmente, por igualdade 
de tratamento, dando ensejo à chamada Revolução Industrial. 
E é justamente a Revolução Industrial que vai marcar o surgimento da 2ª geração ou dimensão dos direitos 
humanos, os chamados DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS, ligados ao valor IGUALDADE, dos quais são 
exemplos: o TRABALHO, a MORADIA DIGNA, a SAÚDE, a EDUCAÇÃO, o SALÁRIO MÍNIMO. 
Logo: 
2ª GERAÇÃO - IGUALDADE 
DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS 
Esclareça-se que os direitos econômicos, sociais e culturais, 2ª geração ou dimensão, dos direitos humanos, ligados ao 
valor IGUALDADE, são também denominados de: 
i. LIBERDADES POSITIVAS; ou 
ii. DIREITOS DE IGUALDADE. 
Na sequência, o fim da Segunda Guerra Mundial, por sua vez, vai marcar uma reviravolta na tutela dos direitos 
essenciais da pessoa humana. As barbaridades ocorridas, o holocausto, o sentimento de comoção com as atrocidades 
vão aproximar as diversas nações mundiais, fazendo nascer um espírito de FRATERNIDADE, de SOLIDARIEDADE entre 
os povos. 
Surge a percepção de que alguns direitos não pertenceriam à pessoa humana individualmente considerada, já 
que muitos deles eram titularizados pela própria coletividade. É o nascimento da 3ª geração ou dimensão dos direitos 
humanos, chamada de DIREITOS DE SOLIDARIEDADE, ligada ao valor FRATERNIDADE. 
 
 
 
 Direitos Humanos | Material de Apoio 
Prof. Tiago Correia 
Confira: 
3ª GERAÇÃO – FRATERNIDADE 
DIREITOS DE SOLIDARIEDADE 
Aqui, a preocupação, repita-se, é com a COLETIVIDADE. São exemplos de direitos de 3ª geração: o DIREITO AO 
MEIO AMBIENTE SADIO, o DIREITO AO DESENVOLVIMENTO e o DIREITO À PAZ MUNDIAL. 
Note, são direitos que transcendem a individualidade humana, pertencendo, na verdade, a toda a 
COLETIVIDADE. 
ATENÇÃO! 
Os direitos de solidariedade, 3ª geração ou dimensão, ligados ao valor FRATERNIDADE, são também denominados de: 
1- DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS; ou 
2- DIREITOS TRANSINDIVIDUAIS. 
Feita essa análise acerca das três primeiras gerações, é necessário destacar que os estudiosos, atualmente, 
têm feito menção à, pelo menos, outras duas fases deevolução dos direitos humanos, respectivamente, as 4ª e 5ª 
gerações ou dimensões. 
Contudo, em relação a elas os estudiosos não são unânimes, na medida em que existem divergências sobre 
quais seriam os direitos que constituiriam a 4ª geração e quais os que comporiam a 5ª geração. Estudá-las-emos então. 
4ª GERAÇÃO 
Como dito, não há, diferentemente do que existe em relação às três primeiras dimensões, uniformidade no 
estabelecimento de quais são os direitos que a compõem, nem mesmo eventual marco ou acontecimento que tenha 
norteado o seu surgimento. 
No entanto, emergem 2 (dois) posicionamentos que procuram aclarar a questão: 
1ª posicionamento: Segundo o professor Paulo Bonavides, a 4ª geração ou dimensão dos direitos humanos existe e é 
formada pelos direitos à DEMOCRACIA, INFORMAÇÃO e PLURALISMO, que seriam decorrentes da chamada globalização 
política; 
2ª posicionamento: Por outro lado, para o professor Norberto Bobbio, “já se apresentam novas exigências que só 
poderiam chamar-se de direitos de quarta geração, referentes aos efeitos cada vez mais traumáticos da pesquisa 
biológica, que permitirá manipulações do patrimônio genético de cada indivíduo”. Seria, na posição do festejado 
estudioso, o DIREITO À INTEGRIDADE DO PRÓPRIO PATRIMÔNIO GENÉTICO. Sob a ótica de Norberto Bobbio, questões 
envolvendo pesquisas com células-tronco embrionárias, por exemplo, estariam contextualizadas nessa 4ª geração ou 
dimensão. 
A mesma indefinição, ressalte-se, é notada em relação à 5ª dimensão. Acompanhe: 
5ª GERAÇÃO 
Aqui, da mesma forma que na 4ª geração, emergem duas posições que objetivam apontar os direitos que a 
constituiriam: 
1ª posição: Para o já citado professor Paulo Bonavides, a 5ª geração ou dimensão dos direitos humanos é formada pelo 
DIREITO À PAZ MUDIAL, por conta do insaciável clima de hostilidade e da cada vez mais crescente sensação de insegurança 
mundial. 
Contudo, uma observação é necessária: dissemos há pouco que a PAZ constituiria um exemplo de direito humano de 
3ª geração ou dimensão, lembra-se?! E algumas provas seguem essa tendência. Logo, muito cuidado. A PAZ é, de fato, 
um direito de solidariedade, direito difuso, portanto, 3ª geração. Só que como ainda não a alcançamos plenamente, 
mundialmente falando, ela é alocada, por Paulo Bonavides, na 5ª geração. Atenção então na prova! 
2ª posição: Para outros estudiosos, a exemplo de Irving William Chaves Holanda, a 5ª geração é formada pelos 
DIREITOS DA REALIDADE VIRTUAL ou CIBERNÉTICA, relacionados com a inclusão digital da população. Poderíamos, com 
isso, falar em direito de acesso a um computador e/ou à internet, lembrando que a ONU, inclusive, já reconheceu o acesso 
à internet como um direito humano, posto que decorrência direta do direito de acesso à informação. 
 
 Direitos Humanos | Material de Apoio 
Prof. Tiago Correia 
6. MARCOS HISTÓRICOS DOS DIREITOS HUMANOS 
 
É possível enumerar várias situações que, ao longo dos anos, se identificaram de alguma maneira com o processo de 
internacionalização dos direitos humanos. Seguiremos, porém, a orientação da professora Flavia Piovesan que, de 
modo bastante criterioso, identifica três marcos históricos e os apresenta como sendo os eventos pioneiros desse 
contexto, são eles: 
i. DIREITO HUMANITÁRIO; 
ii. LIGA DAS NAÇÕES; e 
iii. ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO (OIT). 
Além dos MARCOS HISTÓRICOS acima, alguns concursos públicos e exames aplicados Brasil afora vêm apontando a 
existência de outros acontecimentos igualmente importantes para o processo de internacionalização dos direitos 
humanos, quais sejam eles: 
i. ILUMINISMO; 
ii. REVOLUÇÃO FRANCESA; e 
iii. SEGUNDA GUERRA MUNDIAL.

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