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Introdução aos métodos de imagem Os exames de imagem são parte fundamental no processo diagnóstico, portanto, compreender sua aplicabilidade é essencial no cotidiano médico. Não existe o melhor método de exame de imagem, mas sim o mais adequado. A escolha do método de exame é relativa à situação do paciente, devendo ser analisada a necessidade real de determinado tipo de exame, devendo ter uma indicação precisa e fundamentada na suspeita clínica, principalmente os que utilizam de radiação ionizante. Radiografia (raio-x) Imagens de projeção, como sombras Ultrassonografia Imagens Tomografia Computadorizada seccionadas Ressonância magnética (fatias) - Resolução espacial, é a capacidade de separar dois pontos no espaço; graus de detalhes, menor espaço entre 2 pontos reconhecíveis como separados. Se configura como a capacidade do sistema de diferenciar duas estruturas vizinhas que podem ser vistas separadas em uma imagem. A resolução espacial não depende da quantidade de radiação aplicada. Esse tipo de resolução é afetada pelo borramento da imagem, sendo influenciada pela definição da estrutura alvo e de suas adjacências. O método de imagem com melhor resolução espacial é a mamografia, porém dentre os abordados nesse resumo, o melhor é o Raio X. RX>USG>TC>RM. - Resolução temporal, quanto tempo um exame demora para formar a imagem, capacidade de produzir o maior número de quadros em um intervalo de tempo, permitindo o registro do movimento das estruturas, sem que embaralhe a imagem. TC>RM. - Resolução de contraste, que é a capacidade de distinguir tons de cinza, distinguir dois tecidos. RM>RX. OBS: Não existe hierarquia entre os exames, existe exame certo para a situação adequada. Radiografia (Raio-X) É uma técnica imaginológica que usa pulsos de ondas eletromagnéticas (Raios x) para produzir radiografias que representam os tecidos em duas dimensões, baseado em suas densidades. Ela é comumente usada para avaliar a anatomia do tórax, abdômen e esqueleto. Descoberto em 1895 pelo alemão Wilhem Rontgen, o Raio X revolucionou a medicina. Nele, são emitidas ondas eletromagnéticas por uma fonte de radiação. Essas ondas têm capacidade de atravessar corpos de baixa densidade e são absorvidas por aqueles com maiores densidades, se projetando em um filme sensível. A diferenciação dos tecidos é feita pela densidade. Os raios x são absorvidos pelo corpo do paciente e os raios que atravessam as estruturas corporais sensibilizam o filme, deixando-o mais ou menos escuro de acordo com a capacidade de atravessar ou absorver tais raios, enquanto que as estruturas que absorvem os raios completamente não sensibilizam o filme, deixando áreas brancas. As áreas brancas têm alta atenuação por absorverem os raios, sendo denominadas radiopacas, enquanto as pretas têm baixa atenuação, sendo radiotransparentes ou radiolucentes. Existem 5 densidades (gama de tonalidades do branco ao negro) básicas: Ar (pulmões, alças intestinais) Gordura Partes moles/água (coração, vasos, músculo, fígado...). Osso. - Quando absorve, não sensibiliza, ou seja, as áreas ficam brancas. Termos: Hipo, iso ou hiper DENSO. Imagem radiopaca/opacidade (hiperdensidade): aumento da densidade (``mais branco``). Imagem radiotransparente/Hipertransparência/ Lucente (hiperluscência): Diminuição da densidade, quando está mais preto do que deveria. Vantagens: Baixo custo; Amplamente disponível; Rápido; Pode ser feito no leito; Menor dose de radiação; Excelente para ver gás/ar (como é no tórax) e osso. Desvantagens: Pouca resolução e de contraste; Não permite vários cortes axiais, por exemplo. Incidências radiográficas (posições dos pacientes): INCIDÊNCIA PÓSTERO-ANTERIOR (PA) Indica que o feixe de raios X deve entrar pela parte posterior e sair pela anterior. Como a face próxima à placa do equipamento de raio X aparece mais nítida nas imagens, essa incidência é recomendada para observar a porção anterior da área examinada. INCIDÊNCIA ÂNTERO-POSTERIOR (AP) Ao contrário da PA, essa incidência mostra que a radiação penetra o organismo pela parte anterior e sai pela posterior. Indicada para estudo da porção posterior das estruturas anatômicas. INCIDÊNCIAS OBLÍQUAS AP OU PA PARA REALIZAR RX Privilegiam a visão de um dos lados da porção anterior ou posterior do corpo, mencionado no pedido do exame. Se foi pedida incidência oblíqua posterior esquerda (OPA), por exemplo, a face posterior esquerda deve ser posicionada mais próxima da chapa sensível do aparelho de raio X. INCIDÊNCIA MÉDIO-LATERAL Descreve uma trajetória em que o feixe de raios X entra pela face medial (ponto médio) da parte examinada, e sai pela face lateral. INCIDÊNCIA LÁTERO-MEDIAL NO POSICIONAMENTO RADIOLÓGICO O raio central entra pela face lateral e sai pela medial. Essa incidência também é conhecida como lateral. Uma boa radiografia depende do contraste e da nitidez da imagem. Na tentativa de melhorar a diferenciação entre estruturas de densidade semelhante, como as que se encontram no abdome, são utilizados meios de contraste naturais (ar) ou artificiais (à base de bário e iodo). Esses contrastes são utilizados principalmente no estudo dos tratos digestórios alto e baixo, urinário, biliar, e no estudo vascular e de articulações. - Contrastes à base de sulfato de bário são utilizados nas seguintes situações: Estudo do trato digestório alto: seriografia do esôfago, estômago e duodeno (SEED) e trânsito do intestino delgado. O paciente ingere contraste baritado, o que possibilita observação e análise do lúmen desses órgãos Estudo do trato digestório baixo: clister opaco. O contraste baritado é introduzido no cólon por via retrógrada, pelo ânus. No estudo do trato digestório, além do contraste artificial, também se utiliza o ar, que é um contraste natural, o que gera duplo contraste, facilitando a identificação de lesões, principalmente mucosas. - Já os contrastes à base de iodo são utilizados nos seguintes casos: Colangiografia: para o estudo das vias biliares. Urografia: uretrocistografia e pielografia, para estudo da função renal e, respectivamente, da uretra, bexiga e sistema ureteropielocalicial, retrogradamente Angiografia: para o estudo das artérias e veias Artrografia: para o estudo das articulações. Tomografia computadorizada É uma técnica imaginológica que utiliza pulsos de Raios X para produzir imagens que retratam os tecidos em duas e três dimensões, baseado em suas densidades. É bastante utilizada para o estudo do sistema musculoesquelético, parênquima de órgãos sólidos e distribuição de fluidos corporais. Nada mais é do que um raio-x que roda e faz vários cortes sequenciais. Assim como o Raio X, a TC utiliza de radiação ionizante, porém em quantidades maiores e por meio de uma ampola rotatória fazendo cortes sequenciais, podendo ser feita com ou sem o uso do contraste. Apesar de usar o mesmo tipo de radiação, na tomografia a imagem não é impressa em filmes. A TC reconstrói a imagem do corpo através de cortes transversais milimetricamente realizados por um computador, existindo a possibilidade de análise de cada um dos cortes individualmente, permitindo a visualização sem superposições. É atualmente um dos principais métodos de imagem para a avaliação do abdome. É um método de exame de imagem rápido, usado em emergências, que capta diferenças pequenas entre as densidades das estruturas, podendo ainda, ser utilizado contraste. Além disso, é um exame não invasivo, entretanto, utiliza uma maior quantidade de radiação ionizante, além de ser mais custosodo que o Raio X e a ultrassonografia. A unidade de Hounsfield (HU) é usada para medir a densidade na TC, variando de valores negativos até positivos. A água é utilizada para a calibração do equipamento, tendo seu valor como referência, entre 0 e 10 Hounsfield. Quanto mais densa for a região corporal, maior será seu valor de atenuação, como os ossos, músculos e fígado. Termos: HipoAtenuante ou hipodenso (mais preto) IsoAtenuante ou isodenso (cor cinza) HiperAtenuante ou hiperdenso (cor branca). Na tomografia existe o conceito de janelas (pós- processamento), porque é possível ver várias densidades. É possível ajustar, como se fosse o brilho e o contraste da imagem, para que a gente dê ênfase em uma estrutura ou outra. - Janela de partes moles - Janela do parênquima pulmonar - Janela óssea. Na tomografia obtemos cortes axiais, mas é possível reconstruir a imagem em cortes sagitais e coronais, para ver em outros ângulos. Vantagens: Aquisição de imagens rápida; Boa resolução temporal; Boa resolução anatômica (consegue diferenciar bem as estruturas); Desvantagens: Muita radiação; Ás vezes, é necessário uso de contraste iodado; Sedação em crianças; Envolve o transporte do paciente, pois ainda não há amplamente disponível o aparelho portátil. Ressonância magnética Produz imagens através de campos magnéticos e ondas de rádio. Todos os núcleos atômicos possuem campo magnético e, de certa forma, agem como um imã. A RM baseia-se no comportamento dos prótons de hidrogênio do corpo. É principalmente aplicada aos tecidos moles. O contraste utilizado na RM é o gadolíneo. Seu uso é vantajoso em relação ao detalhamento das estruturas e a não utilização de radiação ionizante, contudo, é um exame demorado que pode causar desconforto por claustrofobia ao paciente, além de ser dispendioso. Vantagens: Excelente resolução de contraste Não usa radiação Muito bom para diferenciar tecidos muito próximos. Desvantagens: Demorado Sedação para crianças e pode causar claustrofobia Pode deslocar estruturas ferromagnéticas Pode causar aquecimento Pode dar interferência elétrica em marca-passo, em aparelho auditivo, ás vezes, aparelho dentário atrapalha o exame. Pode precisar de contraste, que na RM é o gadolíneo, e em pessoas que tem insuficiência renal crônica, pode acumular e causar fibrose nefrogênica sistêmica. O termo intensidade é utilizado na classificação das imagens: Ex: hipointensa pode ser substituída por hiposinal. Na RM dois tipos de imagens/sequências podem ser geradas, T1 e T2, que se diferenciam pelo contraste tecidual. Através da intensidade do sinal da água, a diferenciação das imagens fica facilitada. Em T1 a substância branca fica mais branca, e a substância cinzenta fica mais escura, a água fica escura (hipointensa, preta) e em T2 todo líquido parado fica branco (hiperintensa/clara). Além disso, na RM pode ser feita a supressão do sinal da gordura, deixando as imagens hipointensas, e sem a supressão, hiperintensas. Ultrassonografia Nesse exame, a imagem é obtida através do som com ondas acima da frequência audível. O ultrassom interage com as estruturas formando ecos. Assim que uma onda sonora encontra uma estrutura, parte é refletida e convertida em uma imagem por meio de um transdutor. A frequência do transdutor varia de acordo com a região ou estrutura alvo, quanto mais profunda for, menor deve ser a frequência. Quando as ondas sonoras encontram uma estrutura que as absorve completamente, como os ossos, forma-se um artefato, o qual é chamado de sombra acústica posterior. Quando as ondas encontram estruturas com líquido, a exemplo da bexiga, os tecidos posteriores são atingidos mais intensamente, o que é chamado de reforço acústico posterior. Vantagens: Acesso fácil Rápido Exame dinâmico Pode ser feito no leito Não usa radiação Permite o uso de doppler, para ver o comportamento vascular, fluxo sanguíneo Desvantagens Precisa ser experiente e precisa do operador presente, para fazer o exame e interpretar em tempo real Gás, gordura e osso são limitantes, pois atrapalham a propagação do som (artefatos de atenuação) Indicações: Quase tudo, avaliação de vísceras parenquimatosas, com o fígado; muito bom para essas estruturas que é possível diferenciar a interface líquido e parênquima, como a vesícula biliar. Pacientes com contraindicação à radiação (gestantes), e que precisem repetir exames várias vezes USG obstétrico Dentre as vantagens da ultrassonografia, podemos ressaltar acessibilidade financeira, rapidez, portabilidade, velocidade de obtenção de imagens e o não uso de radiação ionizante. Em contrapartida, sua principal desvantagem é o fato de ser um exame que depende da habilidade técnica do operador.
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