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cap 9

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Prévia do material em texto

Capítulo
9 Formação de palavras I
 134 capítulo 9
Watterson, Bill. o melhor de Calvin. o estado de s. Paulo, são Paulo, 23 abr. 2003.
Calvin Bill Watterson
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1. Composição e outros processos
Introdução
O que você deverá saber ao final deste estudo.
1. O que caracteriza a formação de palavras por composição.
•	 Como	ocorre	a	composição	por	justaposição.
•	 Como	ocorre	a	composição	por	aglutinação.
•	Quais	são	os	outros	processos	de	formação	de	palavras.
•	O	que	é	um	neologismo.
•	 Por	que	os	estrangeirismos	são	motivo	de	polêmica.
Objetivos
Leia atentamente a tira abaixo.
1. Há, na tira, uma palavra que não faz parte do uso corrente do 
português. Identifique-a.
2. Pelo contexto, que sentido você atribui a essa palavra?
3. O que chama nossa atenção na forma dessa palavra? Que hipótese 
você formularia sobre o modo como foi formada?
No primeiro quadrinho da tira, a personagem Calvin aparece vestida 
como um super-herói, pois imagina ser um deles. Como todos os super- 
-heróis, ele imagina ter uma capacidade que o diferencia dos demais 
seres humanos e que julga estupenda: conseguir responder às questões 
da prova de modo muito rápido. Com base nessa imagem que faz de 
si mesmo, cria uma palavra para denominar esse “novo” super-herói: o 
estupendomem.
No substantivo criado por Calvin, podemos identificar dois radicais: 
estupendo + homem.
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 Formação de palavras I 135 
Neste capítulo, estudaremos os diferentes tipos de composição e alguns 
outros processos de formação de palavras da língua portuguesa.
Composição
Como dissemos, a composição ocorre todas as vezes que são associados 
dois radicais para a formação de uma nova palavra. É importante destacar que, 
quando esse processo ocorre, a palavra resultante tem um sentido diferente 
do sentido de cada um dos radicais que a compõem.
Pense, por exemplo, na maneira como se formou, em português, a pa-
lavra composta cachorro-quente (tradução do inglês hot dog). A partir dos 
radicais cachorro e quente, formou-se uma terceira palavra, que dá nome a 
um sanduíche feito com um pão pequeno e salsicha quente. É óbvio que, na 
origem deste termo, deve ter ocorrido um processo analógico pelo qual se 
estabelece uma relação entre determinados tipos de cachorros (alongados 
e de patas curtas) e a salsicha usada como recheio do sanduíche. Mas, uma 
vez formada a palavra, ninguém pensa que efetivamente está comendo um 
cachorro (animal) quente.
Esse exemplo também ilustra uma “regra” sobre o processo de composição 
de palavras em português: os elementos da palavra composta não podem ser 
trocados por sinônimos. Por isso, não se pode dizer “cão-quente” para fazer 
referência ao sanduíche “cachorro-quente”.
Em português, há dois tipos de composição, a depender da forma da palavra 
resultante. Veremos, agora, as características de cada um deles.
Composição por justaposição
Observe o título e o lide (texto que resume a matéria jornalística) abaixo:
o sapato-bomba
Britânico embarca em voo com explosivos nos pés e expõe a fragilidade da 
segurança nos aeroportos
Época, são Paulo: Globo, ano iV, n. 189, 31 dez. 2001.
Para chamar a atenção do leitor da revista, o autor do título da matéria 
recorre à composição e cria a palavra sapato-bomba. Formada pela junção de 
dois substantivos, o novo termo traduz de modo preciso uma nova ameaça 
terrorista em aeroportos: pessoas que escondem explosivos em seus sapatos. 
Sapato-bomba é uma palavra composta por justaposição.
Quando uma palavra resulta da combinação de dois radicais, dizemos que ela 
é formada pelo processo de composição.
Tome nota
A composição por justaposição se define pela combinação de dois (ou mais) 
radicais que não sofrem alteração na sua forma fonológica (não há mudança nos 
fonemas originais e cada radical mantém o seu acento tônico).
Tome nota
São exemplos de palavras formadas por justaposição: amor-perfeito, guar-
da-livros, bem-me-quer, cachorro-quente, quarta-feira, passatempo, girassol, 
madrepérola, entre outras.
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 136 capítulo 9
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Radicais gregos e latinos participam da formação de muitas palavras da 
língua. Conhecer o significado de alguns desses radicais nos ajuda a com-
preender melhor o sentido das palavras de cuja formação eles participam. 
Consulte o anexo 3 - Radicais gregos e o anexo 2 - Radicais latinos (também 
no final do livro) para conhecer o significado desses radicais utilizados com 
maior frequência em português.
Composição por aglutinação
A composição por aglutinação é definida pela combinação de dois (ou mais) 
radicais que sofrem alteração na sua forma fonológica (há mudança nos fonemas 
originais e no acento tônico dos radicais envolvidos no processo).
Tome nota
Observe os seguintes exemplos:
pernalta (perna + alta), embora (em + boa + hora), aguardente (água + 
ardente), planalto (plano + alto), pernilongo (perna + longo).
Outros processos de formação de palavras
Além dos processos de derivação (que estudaremos no próximo capítulo) e 
composição, observamos que o português também faz uso de outros processos 
para a formação de novas palavras. Vamos conhecer alguns deles a seguir.
Redução ou abreviação
combinação de 
radicais sem mudança 
fonológica
Composição por 
justaposição
combinação de 
radicais com mudança 
fonológica
Composição por 
aglutinação
26º anuário. são Paulo: 
Clube de Criação de são 
Paulo, 2001. p. 196.
A redução (ou abreviação) é o processo pelo qual se forma uma nova palavra 
por eliminação de parte de uma palavra já existente.
Tome nota
Na lista que identifica os itens à venda na cantina da escola, vemos a palavra 
refri. Essa é uma forma reduzida, ou abreviada, do substantivo refrigerante.
Veja alguns exemplos: foto (fotografia), pneu (pneumático), neura (neu-
rose), Sampa (São Paulo), Floripa (Florianópolis), moto (motocicleta), quilo 
(quilograma).
Esse processo é muito frequente na linguagem coloquial.
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Observe a propaganda reproduzida abaixo.
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 Fomação de palavras I 137 
iNtrODUÇãO aOs estUDOs gramaticais
Criação de siglas (siglonimização)
Outro processo de redução que dá origem a novas palavras na língua é 
aquele que transforma determinadas sequências vocabulares (geralmente títu-
los ou designações várias) em uma sigla. Esse processo é também conhecido 
por siglonimização. 
São inúmeros os exemplos de siglas que foram incorporadas à língua 
como palavras independentes: oNu (Organização das Nações Unidas), FGtS 
(Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), cpF (Cadastro de Pessoas Físicas), 
pV (Partido Verde). 
As siglas costumam ser rapidamente incorporadas ao vocabulário dos fa-
lantes e são percebidas como palavras da língua, o que explica o fato de que 
passam também a submeter-se aos mecanismos normais de flexão e derivação. 
Por isso, ouvimos frequentemente referência aos Ets, aos petistas, compramos 
cDs, assistimos a DVDs e assim por diante.
Onomatopeia
Observe os quadrinhos de Caulos.
Você já conhece a figura sonora denominada onomatopeia, utilizada, em 
histórias em quadrinhos, por exemplo, para representar sons (tosse, espirros, 
explosões, etc.).
Nos quadrinhos de Caulos, a onomatopeia (puf) sugere que a cabeça do 
executivo se desfaz quando ele perde a sua maleta e promove um questio-
namento interessante: até que ponto nossa identidade pode ser associada à 
nossa profissão?
Como algumas onomatopeias são incorporadas ao léxico da língua e identifi-
cadas como palavras (zumzum, tique-taque, zás-trás, blablablá, pingue-pongue,bangue-bangue, etc.), esse recurso é reconhecido como um dos processos de 
formação de palavras.
Caulos. só dói quando 
eu rio. Porto alegre: 
l&PM, 2001. p. 31.
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 138 capítulo 9
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Empréstimos lexicais
Os empréstimos lexicais são palavras de outras línguas que vão entrando 
na língua portuguesa através dos tempos. Esses empréstimos têm origem no 
contato entre as culturas e na influência que uma cultura exerce sobre a outra 
em vários aspectos do comportamento e da vida social. Muitas vezes o que 
se toma emprestado é uma ideia ou conceito, ao qual se associa uma nova 
palavra. Essa palavra costuma ser mantida em sua língua original, por vezes 
com adaptações à ortografia do português (shampoo ➝ xampu).
Houve uma fase da língua em que eram comuns os empréstimos do francês 
(abajur, sutiã, pincenê), o que revela o vínculo forte que mantínhamos com a 
cultura francesa. Na fase atual do português, são muito comuns os emprésti-
mos do inglês: teens, e-mail, shopping, show, xerife, site, stress, short, xerox, 
blog, surfe, surfar, etc.
Neologismo
A palavra neologismo é formada pelos radicais gregos néos, que signi-
fica “novo, ou moderno”, e lógos, “palavra, tratado”. Significa, portanto, 
palavra nova.
Todas as línguas recorrem à criação de neologismos para atender às 
necessidades de expressão dos seus falantes em contextos específicos. A 
criação constante de neologismos é prova de que os usuários da língua 
têm conhecimento intuitivo dos elementos mórficos que entram na cons-
tituição das palavras. Observe o trecho abaixo, extraído de uma crônica 
de Zuenir Ventura.
a nova tribo dos micreiros cresceu tanto que 
talvez já não seja mais apenas uma tribo, mas 
uma nação, embora a linguagem fechada e o 
fanatismo com que se dedicam ao seu objeto 
de culto sejam quase uma seita. são adoradores 
que têm com o computador uma relação pa-
recida à do homem primitivo com o totem e o 
fogo. Passam horas sentados, com o olhar fixo 
num espaço luminoso de algumas polegadas, 
trocando não só o dia pela noite, como o mundo 
real pela realidade virtual.
Ventura, Zuenir. a tribo que mais cresce entre nós. 
Crônicas de um fim de século. rio de Janeiro: 
objetiva, 1999. p. 56. (Fragmento).
O jornalista comenta o surgimento de uma nova “tribo”, a das pessoas 
que passam boa parte do seu tempo diante da tela de um computador. Para 
fazer referência a essas pessoas, Zuenir Ventura recorre a um neologismo em 
circulação no português: micreiros.
A análise da forma desse substantivo revela seu processo de formação. 
Partiu-se da redução do nome dado à máquina (microcomputador ➝ micro) 
e a ele se acrescentou o sufixo -eiro, indicativo de pessoas que exercem uma 
atividade específica (padeiro, jornaleiro, etc.). Micreiro, portanto, é quem 
trabalha com e/ou faz uso frequente de micros.
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Existe, no Guia de recursos, uma atividade 
a ser desenvolvida com os alunos cuja 
proposta é uma reflexão sobre os emprés-
timos lexicais que usamos no Brasil.
 Fomação de palavras I 139 
iNtrODUÇãO aOs estUDOs gramaticais
ativiDaDes
Observe atentamente as tiras a seguir.
laerte. Classificados. são Paulo: devir, 2002. p. 17. v. 2.
ClassifiCados Laerte
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laerte. Classificados. são Paulo: devir, 2002. p. 47. v. 2.
ClassifiCados Laerte
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1. Nas duas tiras, as palavras são formadas a partir de um mesmo pro-
cesso. Qual é ele?
2. De que maneira o humor da primeira tira é construído pelo processo 
de formação de palavras utilizado?
3. Explique qual é o efeito de sentido criado pelo uso da palavra guar-
da-chuva, considerando sua formação.
Leia atentamente os textos abaixo.
o primeiro-ombro
lula sente dores ao mexer os braços por causa da bursite
Cuidados médicos. a saúde de lula é boa, mas ele terá de emagrecer, 
reduzir o colesterol e tratar a bursite.
Época. são Paulo: Globo, n. 241, 30 dez. 2002.
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 140 capítulo 9
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o craque-galã e a 
primeira-filhinha
Morram de inveja, meninas! o cobiçadíssimo jogador Kaká, do são 
Paulo, tem sido visto na noite paulistana ao lado de sophia alckmin, filha 
do governador Geraldo alckmin. eles, é claro, garantem que são apenas 
amigos. a amizade entre a primeira-filhinha e o craque-galã surgiu no 
final da Copa, quando o governador levou sophia para recepcionar a 
seleção em Cumbica. “nos demos bem logo de cara”, diz ela, são-paulina 
roxa (para desgosto do papai santista). “trocamos e-mails e falamos sobre 
moda e futebol, só isso.”
Veja-sP. são Paulo: abril, ano 35, n. 38, 25 set. 2002.
4. Nos dois títulos, as expressões primeiro-ombro, craque-galã e primeira- 
-filhinha, formadas a partir do processo de composição por justapo-
sição, são utilizadas para fazer referência a três pessoas públicas. 
Quem são elas?
O que levou o autor das matérias a utilizar tais expressões para identificar 
cada uma dessas pessoas?
5. Que efeito de sentido é obtido pela utilização da palavra primeiro(a) 
nos compostos primeiro-ombro e primeira-filhinha?
6. Qual é o sentido que se pretende construir na expressão craque-galã?
7. Nas tiras de Laerte e nos títulos, as palavras analisadas foram forma-
das pelo mesmo processo, mas o efeito de sentido que produzem 
não é o mesmo. Explique.
Para responder às questões de 8 a 11, consulte o Anexo 2 - Radicais 
gregos	e	o	Anexo	3	-	Radicais	latinos, e leia o texto abaixo.
ele era um homem corajoso. indômito, intrépido, impávido. nada 
temia. e se tinha uma luta era uma luta aberta, valente, correta. um dia, 
porém, soube que havia uma coisa chamada fobia. Falaram-lhe, no escuro, 
da atrofobia. num elevador alguém lhe narrou acerca da claustrofobia. depois, 
no alto de um edifício, ouviu algo acerca da barofobia. e então começou a 
sentir a fobia, a pavorosa fobia da fobia.
Millôr Fernandes. tempo e contratempo. são Paulo: 
Beca Produções Culturais, 1998. p. 21.
8. Ocorrem, no texto de Millôr Fernandes, três vocábulos criados a 
partir do radical grego fobia. Explique o significado de fobia e dos 
três vocábulos formados a partir deste radical.
9. Retire do texto elementos que comprovem sua resposta anterior.
10. Qual o processo utilizado por Millôr para formar as palavras atrofobia 
e claustrofobia?
11. O termo barofobia, formado a partir de dois radicais gregos, significa 
“medo relacionado à variação de pressão atmosférica ou à ação da 
gravidade”. Qual palavra da língua portuguesa, também formada 
por dois radicais gregos, significa, literalmente, “medo de altura”?
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 Fomação de palavras I 141 
iNtrODUÇãO aOs estUDOs gramaticais
Historinha urbana acontecida 
na Praça dom Feliciano
Mariascensorista. todo dia, no annes dias, Maria subia. subia 
e descia. subia-descia. subiadescia. Maria sempre sorria: “Bom- 
-dia, bom-dia”. e dava-lhe, botões escolhia. “oitavo, mocinha”, 
o moço pedia. e, para agradar ao moço, ela sempre fingia, fazia 
cara de quem não sabia. e era sempre a mesma coisa, toda gente 
subia, toda a gente descia. Maria se perguntava onde aquela genti-
nerante toda ia. ela nunca soube, nunca via. [...] e o tempo corria. 
Com sol ou trovão, Maria cumpria. aliás, Maria não sabia nunca 
a quantas ia o dia. Às vezes, com mais ousadia, perguntava a um 
chegante se estava bonito ou se chovia. não importava a resposta, 
ela sempre sorria. É que, dentro do coração de Maria, ela mesma 
escolhia a estação e o tempo que mais lhe aprazia. [...]
MosCoViCH, Cíntia. Historinha urbanaacontecida na 
Praça dom Feliciano. o reino das cebolas. Porto 
alegre: l&PM, 2002. p. 24. (Fragmento).
Usos da composição
Os falantes da língua têm um conhecimento intuitivo sobre a estrutura das 
palavras e sobre os diferentes processos utilizados para formá-las. Em alguns 
contextos específicos, quando desejam produzir efeitos de sentido particulares, 
recorrem a esse conhecimento e formam novas palavras. É o que acontece 
com a composição, no texto abaixo.
O texto conta a história de Maria, personagem que trabalha como ascen-
sorista. Além das informações dadas pelo narrador sobre a personagem, o 
trabalho com a linguagem ajuda o leitor a compreender melhor como sua 
vida é determinada pela função que exerce.
A primeira palavra do texto — Mariascensorista (formada pela aglutinação 
das palavras Maria e ascensorista) — sugere que a identidade da personagem 
não pode ser separada de sua função. Ela se vê (e é vista por todos) como a 
pessoa que, diariamente, opera o elevador do edifício Annes Dias. O movi-
mento do elevador também é atribuído a Maria, era ela que “Subia e descia. 
Subia-descia. Subiadescia”. A associação dos verbos (subir, descer), nessa 
passagem, funciona como uma pista mais segura para a forma como a lin-
guagem está sendo utilizada para traduzir a transformação de Maria naquilo 
que ela faz. Em uma sequência, primeiro temos os dois verbos, ligados por 
uma conjunção (e). Depois, eles se transformam em uma palavra composta 
por justaposição. Por fim, o hífen que separa os verbos é eliminado e a ação 
de subir e descer torna-se algo único, indistinto (subiadescia ).
O termo gentinerante (formado pela aglutinação de gente + itinerante) 
traduz, mais uma vez, a ideia de repetição. Agora em relação às pessoas que 
transitam diariamente pelo elevador operado por Maria.
É claro que tudo isso poderia ter sido explicado pelo narrador, mas o texto, 
pelo modo inesperado como explora a composição, ajuda o leitor a construir me-
lhor uma representação da rotina que caracteriza a vida de um ascensorista.
 composição por aglutinação composição por justaposição neologismo
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 142 capítulo 9
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Para que você possa pôr em prática o que aprendeu sobre a composição e 
outros processos de formação de palavra, transcrevemos, a seguir, a continu-
ação do conto de Cíntia Moscovich. Sua tarefa será identificar, como fizemos 
no trecho inicial do texto, outras palavras compostas ou outros neologismos 
que evidenciam o investimento da autora nesses processos.
Escreva um breve parágrafo em que você explique de que maneira essas 
palavras contribuem para a caracterização das personagens do texto.
PratiqUe
[...] Maria tinha um irmão de nome João. [...] Junto com Maria, ele subia-
descia. Conversavam sobre o dia e sobre os filhos de João. uma das filhas se 
chamava Maria, como a tia. daí que Maria adorava o irmão. “e como anda a 
Maria?”, perguntava. “linda como a tia”, ele sempre respondia. e, para agra-
dar ao irmão, mesmo sabendo qual era a resposta, ela fingia que não sabia. 
e os dois irmãos assim iam. só que Maria já não sorria mais tanto. dentro do 
coração, Maria sentia a falta que um amor lhe fazia. Mas Maria mentia que era 
feliz e que a vida era o subiadescia.
um dia, chovia. Chovia porque era assim que Maria sentia. Foi então que 
entrou-saiu José. Maria viu que a rima escurecia. o ritmo empalidecia. na 
cabeça, era um só banzé: fechava os olhos e só via José. Falou para João que 
lhe doía o coração. seria indigestão? João sentenciou: “isso é paixão. te cui-
da, Maria”. “Paixão?”, ela repetia. os dias se iam. “onde anda José?”, perdia 
a fé. Fazia três dias que não o via. o coração de Maria não mais subiadescia. 
o coração de Maria ficava no chão. amor de um só lado, amor de traição. só 
ela sabia o que lhe acontecia. Passou a não dizer mais bom-dia, bom-dia. o 
coração desmilinguia. e, dentro dela, chovia, chovia.
até que, numa tarde, a porta se abria, ela viu José. lindo, de pé. era um 
uniforme de carteiro o que ele vestia. “Boa-tarde”, ele disse. ela respondeu: 
“Bom-dia”. azul-amarelo, José sorria debaixo do boné. iam os dois no elevador 
que subia. e o que aconteceu, então, foi só alvissaria. José disse que a queria. 
Maria corou, olhou para o chão. José falou de supetão: “se eu te convidasse 
para um arrasta-pé, tu ia?”. “ia, ia”, ela repetia.
Quando o dia sumia, Maria saiu. José, do aguardo, azulamarelecia. o abraço 
de Zé foi que nem cafuné. nunca mais Maria largou o braço e o abraço. Paixão 
e amor era o que a movia. e ela sabia que, dentro do coração, era paz que 
sentia. Grávida ávida. Quando paria o varão, disse que o chamaria João, assim 
como o irmão, pai de Maria, a sobrinha que tinha o nome da tia.
e foram felizes para sempre, todos contentes, José, João e Maria.
MosCoViCH, Cíntia. Historinha urbana acontecida na Praça dom Feliciano. 
o reino das cebolas. Porto alegre: l&PM, 2002. p. 24-26. (Fragmento).
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Por esse motivo, não identificamos 
as expressões bom-dia e boa-tarde, 
exemplos de composição por justapo-
sição, como criações da autora.
No momento de avaliar o texto em 
que os alunos comentam a relação 
entre as novas palavras formadas e 
a caracterização das personagens, é 
importante observar se eles foram 
capazes de perceber que os termos 
cumprem essencialmente as seguin-
tes funções no texto: indicam uma 
ação rotineira (subiadescia, entrou- 
-saiu); caracterizam uma função 
(azul-amarelo, metonimicamente 
representando o carteiro pelas cores 
do uniforme); ou expressam um 
estado de espírito (azulamarelecia, 
alvissaria).
No Guia de recursos, reproduzimos o 
texto com destaque para os termos 
que deveriam ter sido identificados 
pelos alunos. À exceção de alvissaria, 
um neologismo para indicar o es-
tado de euforia que toma conta de 
Maria e José, todos os outros casos 
são exemplos de composição por 
justaposição.
Dada a natureza dos capítulos de 
morfologia, achamos preferível pro-
por atividades de análise de texto e 
não de produção, como fazemos em 
outros capítulos.
O objetivo desta atividade é criar 
uma oportunidade para que os alu-
nos demonstrem ter compreendido 
como ocorrem os processos de for-
mação de palavras por composição 
e também reconheçam a ocorrência 
de neologismos. Como estamos des-
tacando o uso da composição como 
um recurso textual, espera-se que o 
aluno identifique somente os novos 
termos criados por Cíntia Moscovich.

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