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TECNOLOGIA DE MATERIAIS COM ÊNFASE NAS LIGAS FE-C TOMÁS DE AQUINO FERREIRA ENGENHARIA AGRÍCOLA E ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO Departamento de Engenharia Universidade Federal de Lavras - UFLA Lavras-MG S U M Á R I O 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 7 2 OBTENÇÃO DO FERRO GUSA ............................................................................. 99 2.1 DIAGRAMA SIMPLIFICADO DE UMA MODERNA USINA SIDERÚRGICA INTEGRADA ...................................................................................................... 9 2.2 MINÉRIOS DE FERRO ....................................................................................... 9 2.3 COMBUSTÍVEIS SÓLIDOS UTILIZADOS EM SIDERURGIA ........................ 122 2.3.1 Carvão vegetale em 2.3.2 Carvão mineral ................................................ 122 2.4 FUNDENTES .................................................................................................. 133 2.5 O ALTO-FORNO ............................................................................................. 133 2.5.2 Formação da escória ................................................................................ 155 2.5.3 Gás do alto-forno ...................................................................................... 155 2.5.4 Regeneradores (recuperadores) ............................................................... 166 2.5.5 Lingoteamento do gusa............................................................................. 177 3 PROCESSOS DE OBTENÇÃO DO AÇO ............................................................. 188 3.1 FORNO SIEMENS-MARTIN (ACIARIA SIEMENS-MARTIN) ......................... 188 3.2 CONVERSORES BESSEMER ....................................................................... 200 3.3 PROCESSOS DE SOPRAGEM A OXIGÊNIO ................................................ 233 3.4 FORNOS ELÉTRICOS ..................................................................................... 24 3.4.1 Fornos a arco ............................................................................................ 244 3.4.2 Forno de indução ...................................................................................... 255 4 AÇOS .................................................................................................................... 277 4.1 IMPORTÂNCIA ............................................................................................... 277 4.2 APLICAÇÃO ................................................................................................... 277 4.3 CLASSIFICAÇÃO ........................................................................................... 277 4.4 ALGUMAS DEFINIÇÕES IMPORTANTES, SEGUNDO A NORMA ABNT P-TB-52 ............................................................................................... 288 4.5 ELEMENTOS DE LIGA ................................................................................... 299 4.6 SISTEMAS DE DENOMINAÇÃO DOS AÇOS ................................................ 300 4.6.1 Sistema de denominação dos aços ABNT(Associação Brasileira de Normas Técnicas), segundo a Norma ABNT Nbr 6006/80 ...................................... 30 4.8 ALGUNS CRITÉRIOS A CONSIDERAR SOBRE A SELEÇÃO DE AÇOS ..... 322 4.9 AÇOS CARBONO PARA ELEMENTOS DE MÁQUINAS - ALGUMAS INDICAÇÕES DE CARÁTER PRÁTICO ........................................................ 333 5 CONTROLE E ENSAIO DE PRODUTOS SIDERÚRGICOS .................................. 34 5.1 VERIFICAÇões ELEMENTARES ..................................................................... 34 5.2 ENSAIOS DE LABORATÓRIO ....................................................................... 366 5.2.1 Análise química ......................................................................................... 377 5.2.2 Exames metalográficos ............................................................................. 377 5.2.3 Ensaios mecânicos ................................................................................... 377 5.3 ALGUMAS HETEROGENEIDADES DOS AÇOS QUE OCORREM NA SOLIDIFICAÇÃO ............................................................................................ 377 5.4 MACROGRAFIA ............................................................................................. 411 5.4.1 Preparo de corpos de prova ...................................................................... 411 5.4.2 Exame e interpretação do resultado ......................................................... 433 5.4.3 Algumas considerações sobre o comportamento de um metal (fadiga) ... 444 5.4.4 Algumas ilustrações de análises macrográficas ...................................... 455 5.5 MICROGRAFIA ............................................................................................... 499 5.5.1 Noções sobre estrutura dos materiais ...................................................... 500 5.5.2 Alotropia do ferro e em5.5.3 Noções sobre ligas metálicas ...................... 54 5.5.4 Diagrama de equilíbrio das ligas ferro-carbono ........................................ 577 5.5.5 - A Estrutura e a textura explicam as propriedades do aço........................ 633 5.5.6 Técnica micrográfica ................................................................................. 655 5.5.7 Interpretação micrográfica (aços-carbono esfriados lentamente) ............. 699 6 TRATAMENTOS TÉRMICOS E TERMOQUÍMICOS DOS AÇOS ........................ 733 6.1 TRATAMENTOS TÉRMICOS ......................................................................... 733 6.1.1 Noções preliminares ................................................................................. 766 6.1.2 Recristalização .......................................................................................... 777 6.1.3 Recozimento ............................................................................................. 800 6.1.4 Normalização ............................................................................................ 833 6.1.5 Têmpera .................................................................................................... 844 6.1.6 Têmpera superficial .................................................................................. 933 6.1.7 Revenimento ............................................................................................. 955 6.1.8 Coalescimento .......................................................................................... 977 6.1.9 - Aços rápidos ............................................................................................ 988 6.2 TRATAMENTOS TERMOQUÍMICOS ............................................................. 999 6.2.1 Cementação .............................................................................................. 999 6.2.2 Nitretação ................................................................................................ 1011 6.2.3 Cianetação .............................................................................................. 1022 6.2.4 Boretação ................................................................................................ 1022 7 FERROS FUNDIDOS ......................................................................................... 1033 7.1 FORNO CUBILÔ ........................................................................................... 1044 7.2 DIAGRAMA DE EQUILÍBRIO Fe-C SIMPLIFICADO .................................... 1066 7.2.1 - Ferros fundidos eutéticos (4,3% de C)................................................... 1088 7.2.2 - Ferros fundidos hipoeutéticos (2% A 4,3% de C) .................................... 108 7.2.3 Ferrosfundidos hipereutéticos .................................................................. 109 7.3 PRINCIPAIS TIPOS DE FERROS FUNDIDOS .............................................. 109 7.3.1 Ferro fundido brancoe em 7.3.2 Ferro fundido cinzento ....................... 1099 7.4 MELHORAMENTO DAS PROPRIEDADES DOS FERROS FUNDIDOS ..... 1155 7.4.1 Inoculação ............................................................................................... 1155 7.4.2 Ferro fundido maleável ........................................................................... 1155 7.4.3 Ferro fundido nodular .............................................................................. 1166 7.4.4 - Ferros fundidos ligados.......................................................................... 1177 7.5 TRATAMENTOS TÉRMICOS DOS FERROS FUNDIDOS ........................... 1188 8 NOÇÕES SOBRE ENSAIOS MECÂNICOS DOS MATERIAIS METÁLICOS ..... 1199 8.1 NOÇÕES PRELIMINARES ........................................................................... 1199 8.2 ENSAIO DE TRAÇÃO .................................................................................. 1200 8.3 ENSAIO DE DUREZA ................................................................................. 13535 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 147 1 INTRODUÇÃO Temos falado extensivamente a nossos estudantes sobre a necessidade e as vantagens de ter uma manutenção preventiva rigorosa de nossos tratores, implementos e máquinas agrícolas. Sem sombra de dúvida, a manutenção corretiva é muito mais cara que a preventiva. O custo financeiro da mão de obra, de peças de reposição e do tempo de máquina parada pesa fortemente sobre os custos de produção. Em nossos dias, com a ajuda de microcomputadores, principalmente em caso de frotas maiores, resultados notáveis podem ser conseguidos quanto aos cuidados necessários que resultem em aumento da vida útil das máquinas, trazendo um justo retorno sobre o capital investido. Falhas graves poderão ocorrer em máquinas e equipamentos, podendo serem atribuidas, no nosso entender, basicamente, a dois fatores: - cuidados mínimos e simples não são tomados, quer por desconhecimento ou displicência; - os operadores das máquinas não são treinados para operá-las adequadamente; Dessa forma, torna-se evidente que é altamente interessante investir no treinamento e na capacitação do operador para que o mesmo tenha condições de cuidar devidamente da máquina, seguindo com critérios as orientações do fabricante. É preciso que se tenha consciência dos limites da máquina, para que se possa obter da mesma a melhor performance possível, porém, sem sobrecarregá-la. Tira-se daí a conclusão óbvia: quem aprende como é uma máquina “por dentro” cuida melhor dela. Conhecendo-se como funcionam seus órgãos e elementos, a conseqüência natural é adotar um comportamento consciente quanto à manutenção e operação. Assim, a simples verificação diária do nível de óleo em um motor, por exemplo, passa a ter significado e importância, e como, muitas vezes, estas máquinas operam em condições severas de contaminação sólida do ar (poeira), a simples verificação do Tecnologia de Materiais 8 sistema de filtragem de ar aumenta enormemente a vida útil de um motor, com menor abrasão das peças, por melhor que sejam os materiais que tenham sido utilizados na sua execução, e assim por diante. No desenvolvimento de um produto, várias considerações são feitas, tais como: - configuração conforme o fim que se destina; - análise cinemática de seus componentes; - análise dinâmica dos esforços a que será submetido. Procura-se levantar dados numéricos, alguns empíricos, que permitam o correto dimensionamento pelos critérios da resistência dos materiais, ou avaliação pela análise experimental de tensões e dinamometria por transdutores resistivos, indutivos ou capacitivos; - escolha do material adequado para confecção dos seus elementos; - como estes materiais podem ser melhorados por meio de tratamentos térmicos e termoquímicos, para um melhor comportamento sob a ação dos esforços previstos; - decisões sobre a melhor forma para fabricar os componentes, com estabelecimento de critérios de controle de qualidade; - após montagem do protótipo, devem ser realizados exaustivos testes em bancadas dinamométricas, equipamentos de ensaios dinâmicos e ensaios simulados (pistas especiais, por exemplo); - finalmente, ensaios em condições reais de trabalho, o que pode levar à reavaliação para melhorar o comportamento de componentes, até se chegar a um produto de qualidade. Passa-se, portanto, obrigatoriamente pela decisão sobre qual o material a ser empregado, e como ele pode ser melhorado. Daí a importância de se conhecer os materiais metálicos, com ênfase em aços e ferros fundidos, o que fornece importantes subsídios, não só para a fabricação da máquina, mas com igual importância de como cuidar dela e operá-la devidamente. Em princípio, este é o propósito deste trabalho, resultado da compilação de uma série de notas de aulas oferecidas aos cursos de Engenharia Agrícola e Engenharia de Controle e Automaçãoda UFLA, que, longe da pretensão de se ter esgotado o assunto, pelo contrário, visa fornecer dados básicos para aprofundamentos posteriores. Sugestões e críticas construtivas serão bem aceitas. 2 OBTENÇÃO DO FERRO GUSA 2.1 DIAGRAMA SIMPLIFICADO DE UMA MODERNA USINA SIDERÚRGICA INTEGRADA Serão abordados neste capítulo e nos capítulos 3 e 7 de forma mais simples, evitando-se propositalmente detalhes do processamento da obtenção dos produtos que constituem os principais materiais utilizados na fabricação das máquinas em geral. O ferro gusa como primeiro produto obtido, a partir do qual processa-se a obtenção dos aços e ferros fundidos, já que o gusa em si não tem aplicabilidade em mecânica, por razões que ficarão claras ao longo do texto. A importância dos materiais ferrosos (ligas Fe-C) na Engenharia é tão grande que, dentro da área de metalurgia, o processo até recebe um nome especial: siderurgia. Abordar devidamente somente essa área exigiria uma publicação específica, tão vasta ela é, e composta de inúmeros detalhes técnicos de importância. 2.2 MINÉRIOS DE FERRO O minério de ferro (Fe) é um dos minerais metálicos mais amplamente difundidos no reino mineral. A crosta terrestre contém cerca de 5% de Fe na forma combinada. O minério consiste em ferro metálico em combinação química com quantidades variáveis de oxigênio, carbono e enxofre. O fósforo e o manganês também podem estar presentes e podem influir na quantidade do metal que dele pode ser obtida. O minério de ferro é composto, pois, de Fe combinado e pela “ganga”, matéria terrosa que geralmente contém SiO2 e Al2O3, óxidos de cálcio, magnésio e traços de P, S, Ti, Mn e outras substâncias. Tecnologia de Materiais 10 FIGURA 2.1 Diagrama Simplificado de uma Moderna Usina Siderúrgica Integrada Obtenção do Ferro Gusa 11 Os minérios de ferro de importância industrial estão classificados nos seguintes grupos: - hematita (Fe2O3): apresenta-se na forma compacta (cristalina) ou friável (amorfa). Tem coloração negra ao vermelho tijolo (aproximadamente 70% em peso de Fe). É o mais utilizado; - magnetita (Fe3O4): é o mais rico e também o mais raro (aproximadamente 73% em peso de Fe). Tem coloração negra e é fortemente magnético; - limonita ou minério de ferro pardo (2Fe2O33H2O): é uma forma hidratada da hematita (o teor de Fe é de aproximadamente 60% em peso) - siderita(FeCO3 - carbonato de ferro): tem aproximadamente 48,3% de Fe. 2.2.1 Preparação do minério de ferro - Britagem e classificação (por peneiramento) O minério é britado e classificado em dimensões uniformes e adequadasà boa operação do alto forno (pedaços muito grandes são mais difíceis de reduzir que os pequenos), permitindo também permeabilidade à passagem de maior volume de ar através da carga, possibilitando melhores condições de combustão no alto-forno. - Sinterização Tem por objetivo reconstituir, a partir de materiais finos, pedaços grandes de minério, adequados ao carregamento e operação do alto forno. O minério fino é misturado com quantidade dosadas de coque moído (ou carvão vegetal), calcário e água para obter certa aglomeração. É então colocado sobre uma esteira móvel (grelha móvel) e sua superfície levada à incandescência enquanto se succiona ar através da camada de mistura, por debaixo da esteira. As partículas ao aquecerem se unem pelas zonas de contato entre si, formando pedaços maiores. Resulta num material poroso que é depois quebrado no tamanho adequado para ser utilizado no alto forno ou aciaria (sinter). - Pelotização (peletização) Utilizando minério fino, este ainda é mais pulverizado ainda a fim de se ter melhores condições de formação de pelotas. As pelotas cruas são aglomerados esferoidais de partículas, obtidas mediante a ação de rolamento sobre uma superfície em movimento (tambor rotativo) e a ação de um ligante intergranular líquido (água). A formação das pelotas dentro do tambor rotativo com10 a 15 mm de diâmetro. Em seguida, procede-se à “queima” das pelotas cruas em equipamentos que Tecnologia de Materiais 12 podem ser semelhantes à máquina de sinterização (esteira móvel). 2.3 COMBUSTÍVEIS SÓLIDOS UTILIZADOS EM SIDERURGIA 2.3.1 Carvão vegetal Devido às suas qualidades como combustível e redutor e seu elevado grau de pureza, é considerado matéria-prima de qualidade, contribuindo com cerca de 40% do gusa produzido no Brasil. Dificuldades: enorme infraestrutura de reflorestamento, dada a escassez de reservas naturais. Consome-se cerca de 3 a 5 m3 de carvão/tonelada de gusa. Exemplo: uma siderúrgica que produza 450.000 t/gusa ao ano necessita de cerca de 180.000 hectares de eucaliptos e de 25.000 homens para exploração. 2.3.2 Carvão mineral O carvão mineral é uma massa compacta e estratificada de matéria vegetal, cujo processo de decomposição foi interrompido como resultado de ação geológica. Geralmente, os depósitos carboníferos se localizam nos limites de regiões montanhosas, onde alterações geológicas causaram o soterramento de florestas. A turfa é considerada o estágio inicial da transformação da matéria vegetal em carvão. A ação combinada da pressão e calor durante longos períodos causou modificações profundas na estrutura da turfa, como eliminação da água, do gás carbônico e do metano, aumentando progressivamente o teor de carbono do material residual. Isto resultou na transformação da turfa em linhito, e nos demais tipos de carvão betuminoso, tal como hulha e antracito. ▪ Coque Para a operação de um alto-forno, precisa-se de um combustível sólido que seja rico em carbono, fornecendo, pela queima, a elevação da temperatura necessária às reações químicas da redução do minério e contribuindo com o carbono como principal agente redutor. O carvão mineral bruto, após beneficiamento e lavagem, é a matéria-prima para a fabricação do coque. • Carvão, carregado nas câmaras de coqueificação da coqueria de uma usina siderúrgica, sofre, por aquecimento, a decomposição das moléculas mais complexas, com desprendimento de compostos mais simples e voláteis e formação de um resíduo sólido, poroso e carbonoso: o coque. O coque, portanto, exerce quatro funções principais em um alto forno: a) é o combustível; b) é o gerador de gás redutor (CO) ou age diretamente na redução; Obtenção do Ferro Gusa 13 c) assegura elevada permeabilidade (passagem dos gases) à coluna de carga. d) E também, como o carvão vegetal, é elemento de liga 2.4 FUNDENTES • Calcário (CaCO3): calcita (romboédrico) e aragonita (ortorrômbico) sempre "contaminado" com dolomito. O calcário é a matéria-prima para fabricar a cal. Nos fornos de cal, acima de 725ºC obtêm-se CaO e CO2. No alto-forno é utilizado como fundente para eliminar as impurezas na produção do gusa, formando escórias fluidas. OBS.:Ver definição de ferro gusa (nº 1, na página 41, Capítulo 4). No alto-forno, a cal(CaO) é responsável pela transformação da ganga do minério (sílica e alumina) numa escória fundida, que se separa do gusa por diferença de densidade. É um fundente de grande importância em aciarias, como agentedesfosforizante do gusa. 2.5 O ALTO-FORNO FIGURA 2.2 Corte longitudinal de um alto-forno, mostrando a variação da temperatura em função da altura. Tecnologia de Materiais 14 2.5.1 Reações de redução (eliminação do oxigênio do minério) A metalurgia do ferro - siderurgia - consiste, basicamente, na redução de seus óxidos por meio de um combustível carbonoso. Os materiais carregados em camadas sucessivas no alto-forno - coque, minério e fundente - durante o processo, se transformam em: ferro gusa, escória, gás de alto forno e poeira (100 t./dia para um forno de 1600 toneladas diárias de gusa). No alto-forno, a redução dos óxidos de ferro se processa à medida que o minério, o agente redutor (coque ou carvão de madeira) e o fundente (calcário ou calcário dolomítico) descem em contracorrente em relação aos gases (CO e CO2) provenientes da queima do carbono com o oxigênio do ar quente soprado pela ventaneiras. FIGURA 2.3 Na zona das ventaneiras, pela queima do combustível, geram-se calor e grandes quantidades de monóxido de carbono que ascendem através da carga A carga vem descendo no interior do forno, enquanto os gases (CO e CO2) resultantes da queima do coque (ou carvão vegetal) na altura das ventaneiras, ao ascenderem através da coluna de carga, reduzem o minério e préaquecem os materiais da zona superior. Aumentando o aquecimento, a composição dos componentes da carga vai alterando (secagem e calcinação), até realizarem-se as reações de redução indireta e direta, quando o oxigênio combinado com o ferro do Obtenção do Ferro Gusa 15 minério (Fe2O3) passa, sob a forma de óxidos de carbono (CO e CO2), a fazer parte dos gases. O processo de redução é acompanhado de outras reações químicas, como a formação de carbonetos e fusão de ganga e dos fundentes, dando origem à escória. As reações químicas e as regiões do alto forno em que ocorrem estão apontadas na Figura 2.4. 2.5.2 Formação da escória A cal (CaO) e a ganga e as cinzas do coque reagem entre si na região de rampa, próximo das ventaneiras do alto-forno, numa temperatura acima de 1.200ºC, dando formação à escória que se separa do gusa líquido, na região do cadinho, por diferença de densidade, eliminando as impurezas que cada um dos componentes da carga do alto forno traz consigo. A escória fluida resultante, depois de solidificada, é utilizada na construção de estrada, como lastro para ferrovias (sustentação e drenagem na região dos dormentes), na manufatura de lã de escória (material isolante), cimento, blocos para construção civil, ou como corretivo do solo (se a escória for básica) e na fabricação de pisos e ladrilhos. 2.5.3 Gás do alto-forno O gás produzido tem a seguinte análise média: 13% de CO2, 27% de CO, 3% de H2 e 57% de N2. FIGURA 2.5 Diagrama do sistema de limpeza de gases de um alto-forno Tecnologia de Materiais 16 Devido à grande quantidade de pó arrastado, este gás deve ser tratado antes de utilizado. Passa, então. por coletores de pó e lavadores e, posteriormente, por um precipitador eletrostático. Assim, limpo e refrigerado, parte do gás de alto-forno é queimado para preaquecimento do ar que será soprado no alto forno, nos regeneradores (recuperadores). O restante do gás poderá ser queimado nas coquerias, aciarias e outros equipamentos. 2.5.4 Regeneradores(recuperadores) Utilizando-se o gás do alto forno para preaquecimento do ar antes de enviá-lo às ventaneiras, obtém-se uma considerável economia de coque. O ar é então aquecido à temperatura da ordem de 800º a 1.200ºC. Os regeneradores são aparelhos para armazenamento de calor. Absorvem-no durante o período em que o gás do alto-forno é queimado na câmara de combustão e cedem-no depois ao ar soprado ao sentido inverso. Normalmente, são necessários quatro regeneradores: dois em aquecimento, um cedendo calor e outro como reserva para manutenção de um dos mesmos em uso. FIGURA 2.7 Esquema da região de um alto-forno, mostrando os 4 regeneradores O regenerador é constituído em um corpo cilíndrico de chapa de aço protegido internamente por refratários. O volume interno é ocupado pela câmara de combustão e o restante pelo Obtenção do Ferro Gusa 17 empilhamento de tijolos refratários de formato especial, que formam canais para o máximo de superfície de troca de calor. 2.5.5 Lingoteamento do gusa O gusa líquido, durante a corrida do alto-forno, enche panelas montadas sobre estruturas móveis sob trilhos ou os chamados carros torpedos que, por sua vez, irão alimentar as aciarias ou máquinas de lingotar. Estas máquinas são esteiras rolantes, contendo moldes. Os moldes (sob a forma de esteira) levam um borrifamento de leite de cal para proteção e, em seguida, são enchidos de gusa líquido proveniente da panela ou carro torpedo. Cerca de 3 minutos após o enchimento, chuveiros de água apressam a solidificação do gusa, antes dos pequenos lingotes (pães de gusa) serem descarregados no fim da esteira. 2.6 MISTURADORES A freqüência de vazamento do alto forno (4 a 6 corridas por dia) é diferente da frequência dos conversores Bessemer ou Thomas (a cada 30/40 minutos) ou do Forno Siemens-Martin (a cada 6/9 horas), sendo pois necessário um depósito intermediário para: - homogeneizar o gusa, entre uma corrida do mesmo do alto-forno e a seguinte, ou para fusão de sucatas do setor de laminação das aciarias; - manter a temperatura do gusa usando queimadores em seu interior; - regularizar a cadência de trabalho, ou estocar gusa para as aciarias. 2.7 O “BAIXO FORNO” O método de obtenção do gusa de maior importância, depois do alto forno, é por meio de um forno elétrico a arco voltaico. É também chamado forno de baixa cuba. É utilizado quando o minério é de maior pureza e onde o custo da energia elétrica é mais barato e mais fácil. Neste caso, o carbono deixa de ser combustível e age apenas como elemento redutor. 3 PROCESSOS DE OBTENÇÃO DO AÇO Acidentalmente, o homem primitivo, nas fogueiras para aquecimento à noite, juntou “pedras ao redor do fogo”. Era a casualidade da junção de três elementos: ocalor da combustão, o carvão da madeira já queimada e, provavelmente, as pedras eram minérios de ferro. Foi o início da siderurgia: assim surgia um material resistente, mais que o cobre. No limiar do século XVIII, quando iniciou-se a chamada Revolução Industrial, na Inglaterra, os teares artesanais davam lugar às primeiras “máquinas” têxteis. James Watt (1769) aperfeiçoou a máquina a vapor de Thomas Newcomen (1711). Henry Bessemer (1857) fabricou "ferro maleável" e aço sem utilizar combustível: por sopragem de ar, em larga escala para a época e a custo baixo. Foi uma nova impulsão na Revolução Industrial. Ninguém deteve a consequência inevitável: a união da máquina a vapor e a produção do aço, para construir máquinas de maior capacidade, substituindo mais ainda o artesanal. Na mesma época, os irmãos Martin aplicaram o princípio dos regeneradores, descoberto pelos irmãos Siemens, aumentando o rendimento da produção do aço, no processo que recebeu o nome deles. 3.1 FORNO SIEMENS-MARTIN (ACIARIA SIEMENS-MARTIN) É um forno horizontal (longo) ou forno de soleira. O forno Siemens-Martin permite alcançar a fusão e, depois, o refino, de uma carga formada de uma mistura de sucata e gusa (sólido ou líquido) e fundente (calcário ou cal), sobre uma soleira ácida ou básica. Utiliza como fonte de calor uma chama de alta temperatura. É dotado de regeneradores para preaquecimento do ar ou do gás pobre (gás de A.F.). No caso de aquecimento por óleo ou combustível pesado, gás natural ou gás de coqueira (combustíveis de alto poder calorífico), somente o ar é preaquecido. Processos de Obtenção do Aço 19 FIGURA 3.2 Aciaria Siemens-Martin (S.M.) com regeneradores (recuperadores) ▪ Partes constituintes: soleira, abóbada, muro de traz (com furo e calha de corrida), muro avante (com as portas de carga), regeneradores, queimadores e os canais (condutos) que interligam os dois últimos. ▪ Classificação: - quanto ao revestimento: a) revestimento ácido: formado por tijolos refratários de sílica; b) soleira básica: formada por tijolos refratários básicos (magnésio ou dolomito); c) revestimento básico: inteiramente revestido de tijolos de magnésia ou cromita-magnésia. O revestimento básico suporta maiores temperaturas de operação e tem durabilidade maior, o que compensa o custo mais elevado do tijolo básico. Tecnologia de Materiais 20 A operação do forno Siemens-Martin é feita acima de 1.600ºC. A transmissão de calor à carga se faz, em parte, pela convecção, mas, principalmente, pela irradiação. O êxito da operação em fornos Siemens-Martin depende, em grande parte, do projeto e execução da soleira, pois o refratário utilizado nesta região deve resistir à temperatura de 1.650ºC e também à ação química das escórias. ▪ Tipos de operação (conforme o carregamento): - sucata e gusa líquido: são usados quando se dispõe de ferro líquido em abundância e a menor preço que a sucata de aço (usina integrada); - gusa líquido: usa-se apenas o ferro líquido vindo diretamente do alto forno (usina integrada); - gusa sólido e sucata: quando não se dispõe de alto forno. A carga, em geral, é composta de 15 a 30% de gusa em pedaços (usina não integrada, aciarias isoladas); - sucata: em pequenas usinas quando não se tem gusa sólido disponível (aciaria isolada); - metal soprado: é utilizado em usinas que possuem conversores Bessemer. A carga compõe-se de 70% a 80% de gusa pré-refinado (soprado) líquido e o restante de sucata sólida (integrada ou não). ▪ Reações químicas: Após a fase de carregamento e fusão da carga do forno Siemens-Martin, segue- se a fase de trabalho (refino) do banho. Esta fase tem os seguintes objetivos: reduzir o silício, o manganês, o enxofre e o fósforo a percentuais permissíveis à especificação do aço, trazer o carbono ao nível desejado o mais rápido possível e obter a temperatura necessária ao vazamento. ▪ Vazamento da corrida É a operação final, depois que carbono se encontra no teor desejado, os teores de fósforo, enxofre e manganês estando abaixo dos limites máximos tolerados e após a adição dos elementos de liga (cromo, vanádio, etc.). Procede-se, então, ao lingotamento. 3.2 CONVERSORES BESSEMER A obtenção de aço por meio destes conversores (ou convertedores) consiste na injeção de ar sob pressão (sopragem) através do banho de gusa líquido. Trata-se de um forno basculante em cujo fundo se encontram orifícios (ventaneiras), por onde o ar passa sob pressão, borbulhando fortemente através do banho metálico. Processos de Obtenção do Aço 21 O conversor é basculado até a horizontal para receber a carga de gusa líquido. Nesta posição o metal líquido fica no ventre do recipiente e não entra em contato com as ventaneiras. À medida que retorna à posição vertical o ar passa a atravessar o banho. FIGURA 3.3 Representação das diversas etapas do processo Bessemer A transformação do gusa em aço pode se dar de duas maneiras: - Aço Bessemer O conversos é revestido de refratários silico-aluminosos (Processo Bessemerou processo ácido). O oxigênio do ar combina-se com o Fe e as reações químicas procedem-se na Tecnologia de Materiais 22 seqüência seguinte: 2Fe + O2 (ar) → 2FeO 2FeO + Si → SiO2 + Fe FeO + Mn → MnO + Fe Eliminam-se, portanto, estas impurezas sob a forma de escória (composta de silicatos de Fe e silicatos de Mn). A descarbonetação é a fase seguinte: 2C + O2 → 2CO FeO + CO → Fe + CO2 O CO pode também ser oxidado (queimado) na saída dos gases na boca do conversor, com chamas de comprimento entre 9 e 10 m. 2C + O2 → 2CO2 2CO + O2 → 2 CO2 A seguir, a diminuição da chama e sua mudança de cor indicam para o operador, por meio de óculos especiais, o ponto final do processo. O aço Bessemer tem na sua composição fósforo e enxofre, pois estes elementos não são eliminados durante a soprada. - Aço Thomas (ou Processo Bessemer Básico) Utiliza-se o mesmo conversor Bessemer, porém, com revestimento refratário à base de dolomita (revestimento básico). O refino de aço no processo Thomas consiste na oxidação do carbono, silício, manganês e fósforo. Portanto, tanto no processo Bessemer ou no Thomas, o gusa deve ter baixos teores de enxofre, que é difícil de ser eliminado nestes conversores. No processo Thomas, devido ao revestimento básico, adiciona-se cal à carga como principal agente desfosforizante. - Vantagens da produção de aço pelos conversores Uma característica comum aos dois processos, apesar de não produzirem aços de qualidade Siemens-Martin, é a rapidez do ciclo que é da ordem de 30 a 45 minutos. Outra característica é que, as impurezas que se deseja retirar do banho metálico, servirem de combustível, por serem reações exotérmicas, proporcionando uma considerável economia de combustível, em relação a outros processos. Processos de Obtenção do Aço 23 3.3 PROCESSOS DE SOPRAGEM A OXIGÊNIO ▪ Conversor a oxigênio Apesar de antiga, somente depois do desenvolvimento de grandes instalações de produção de oxigênio, se tornou viável a idéia de sopragem direta com oxigênio puro. FIGURA 3.4Etapas de fabricação aço em um conversor a O2 a) carga sólida b) carga líquida c) sopragem d) vazamento do aço e) vazamento de escória O processo consiste em soprar verticalmente dentro de conversores o oxigênio (99% de pureza), sobre a superfície do banho metálico, por meio de uma lança resfriada à água. Na zona de impacto do jato de O2, a reação com o metal líquido é violenta e imediata, com temperaturas locais de 2.500 a 3.000ºC, o que resulta numa enérgica movimentação do banho. Como a eficiência térmica é excelente, pois não há o peso morto do nitrogênio no gás soprado, pode-se usar qualquer tipo de gusa. Tecnologia de Materiais 24 Uma parte do óxido de ferro (2Fe + O2 → 2FeO), juntamente com a cal e outros fundentes, forma rapidamente uma escória ativa e espumante, que assegura a fixação do P2O5 (resultante da oxidação do P). É normal o revestimento básico, de tijolos de dolomita calcinada, misturada com alcatrão e prensada (tijolos de dolomita). Consomem-se cerca de 7 kg do refratário por cada tonelada de aço. Como o oxigênio é quase puro, o aço produzido possui menor teor de nitrogênio (abaixo de 0,002%) que os aços produzidos pelo Siemens-Martin. Carrega-se o conversor na posição inclinada com sucata e gusa líquido. Após o início da injeção, coloca-se a cal como fundente. Devido às altas temperatura envolvidas na região do impacto do jacto, uma certa quantidade de ferro evapora. O ferro arrastado junto com os gases (quase 100% de CO), quando sai do conversor, queima em contato com o ar formando uma poeira vermelha de Fe2O3 e uma parte escura de Fe3O4. ▪ Vantagens do conversor a oxigênio (comparado com o conversor Siemens- Martin): Produz aço de qualidade equivalente à da aciaria Siemens-Martin, mas a custo de produção pouco superior à metade desta. Consome cerca de ¾ a menos de calorias para uma mesma quantidade de aço produzido, portanto, sensível economia de combustível. Consome cerca de 7 vezes menos refratário. O custo do investimento é também menor, cerca de 50% do custo de uma aciaria Siemens-Martin de igual capacidade. ▪ Tipos de processos: São 2 os processos mais importantes: LD-AC e OLP, Estes usam a injeção simultânea de O2 e cal (CaO), pulverizada, através da lança ( de cobre, esfriada a água). 3.4 FORNOS ELÉTRICOS Pelas melhores condições de se controlar a temperatura do banho e as condições de oxidação e redução do processo, os fornos elétricos se prestam à fabricação de aços de qualidade. 3.4.1 Fornos a Arco Nestes fornos, há a transformação da energia elétrica em energia térmica, com a formação de um arco voltaico, utilizando-se eletrodos de grafite ou carvão amorfo. Processos de Obtenção do Aço 25 FIGURA 3.5 Funcionamento do forno elétrico à arco (trifásico) Basicamente existem três tipos de fornos: a arco indireto, a arco com aquecimento por resistência e a arco direto. ▪ Forno elétrico a arco indireto: forma-se entre 2 ou 3 eletrodos, sendo a transmissão de calor à carga por irradiação, pois os eletrodos não mergulham na carga. ▪ A arco com aquecimento por resistência: os arcos voltaicos se fazem no interior do material carregado, ainda não fundido. Há um fluxo de corrente através da carga, por cima da camada de metal líquido. ▪ A arco direto: o arco se forma entre o eletrodo e o material carregado. A transmissão de calor é feita diretamente à carga. 3.4.2 Forno de indução Difere dos outros processos de fusão do aço porque o calor não é transmitido à carga por irradiação ou convecção e sim produzido no interior da mesma. Uma corrente elétrica que circule por uma bobina (primária), pode, sem haver Tecnologia de Materiais 26 contato, mas devido ao efeito indutivo, transmitir sua energia a uma outra bobina (secundária). Este é o princípio do transformador elétrico. FIGURA 3.6 Forno de indução de baixa frequência À semelhança de um transformador, o forno de indução possui uma bobina primária e o banho metálico assume a função da bobina secundária. Ao se fazer passar uma corrente de alta voltagem pelo enrolamento primário, será feita circular no banho metálico uma corrente induzida de menor voltagem, porém, de maior amperagem. Quanto à frequência podem-se classificar em: baixa (frequência da rede), média (200-10000 hertz) e alta frequência (maior que 10.000 hertz). Na fabricação de aço nos fornos de indução (principalmente os de alta frequência), o carregamento é feito com pedaços de sucata de boa qualidade (com análise prévia) e como não há trabalho de escória, o metal produzido é sensivelmente a média dos componentes da carga. Adicionam-se também os elementos de liga necessários. Os fornos de baixa frequência (frequência da rede) tiveram grande expansão recentemente, competindo até com fornos Cubilot (para a obtenção de ferros fundidos), devido à possibilidade de fundir rebarbas e cavacos de torno e à facilidade de mudança da composição da liga. A capacidade, em geral, é de, pelo menos, 600 kg para os metais ferrosos e 400 kg para fusão de metais não ferrosos. 4 AÇOS 4.1 IMPORTÂNCIA A importância dos aços provém de vários fatores: boa resistência mecânica, ductilidade, relativa homogeneidade, possibilidade de ser forjado, laminado, estampado, estirado, moldado, caldeado, soldado, usinado, perfurado, rosqueado, etc., e modificado em suas propriedades, por meio de tratamentos mecânicos, térmicos e termoquímicos. Observações: a) Ver, nas páginas 41, 42 e 43, (Norma ABNT P-TB-52), as definições números 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8. b) Para melhor compreensão do que é ductilidade, recomenda-se estudar, no capítulo 8 “Ensaio de Tração”, antes de prosseguir. 4.2 APLICAÇÃO Com o aço fazem-se barras, chapas, eixos, trilhos, perfis,parafusos, engrenagens, rolamentos, ferramentas, fios, tubos, numerosas peças de máquinas e motores, vergalhões para concreto armado, etc., além de um sem número de peças e fundidas. 4.3 CLASSIFICAÇÃO Os aços podem ser classificados conforme diversos critérios: a) pelo tipo de forno em que foram produzidos: aço Siemens-Martin (SM), aço Bessemer (B), aço Thomas (T), aço de forno elétrico (E), aço LD, etc.; b) conforme sua composição química: aços-carbono, aços-liga (baixa e alta liga); c) segundo sua aplicação geral: Tecnologia de Materiais 28 - aços para construção civil (CA-25, CA-50, impropriamente denominados ferro de construção); - aços para construção mecânica: aços para estrutura de máquinas, para elementos de máquinas, para beneficiamento (que aceitam têmpera e revenimento), para cementação, etc. Obs.: estes tratamentos serão estudados no Capítulo 6; - aços ferramenta: indicados para ferramentas de corte (aços rápidos), brocas, lâminas de formão, punções, aços para trabalho a frio e a quente (para matrizes de cunhagem e estampagem, laminação, trefilação, etc.); - aços estruturais: perfis de estruturas metálicas; - aços para molas e outros; d) conforme suas características mecânicas ou físicas: aços de alta resistência, inoxidáveis, resistentes ao calor, de baixo coeficiente de dilatação, com características magnéticas, etc. 4.4 ALGUMAS DEFINIÇÕES IMPORTANTES, SEGUNDO A NORMA ABNT P-TB-52 1) Ferro gusa: liga ferro-carbono, contendo ainda outros elementos, é obtida por fusão redutora e destinada, geralmente, à refusão e refino. 2) Aço: liga ferrosa (Fe + C); é capaz de ser deformada plasticamente, com teores mínimos e máximo de carbono da ordem de 0,008% a 2%, respectivamente, podendo conter outros elementos de liga, além das impurezas inerentes ao processo de fabricação. 3) Aço-carbono: aço em que não se fizeram adições de elementos de liga e no qual os seguintes elementos não ultrapassam os teores indicados: manganês - 1,65%; silício - 0,60%; cobre - 0,60%. Costuma-se classificar os aços-carbonos segundo as denominações abaixo: Teor de C em % Denominação Menos que 0.15 Extra-doce Baixo-carbono < 1030 0.15 - 0.30 Doce 0.30 - 0.40 Meio-doce Médio-carbono 1030 - 1060 0.40 - 0.60 Meio-duro 0.60 - 0.70 Duro Alto-carbono 1060 - 10120 0.70 - 1.20 Extra-duro Estas denominações e os teores correspondentes são variáveis e são apresentadas apenas como indicação. 4) Aço-comum: denominação obsoleta impropriamente utilizada para designaraços-carbono. Controle e Ensaio de Produtos Siderúrgicos 29 5) Aço-liga: (aço ligado) aço que contém elementos de liga adicionados intencionalmente com a finalidade de conferir-lhe propriedades desejadas. 6) Aço de baixa-liga: aço em que a soma dos teores dos elementos de liga não ultrapassa a 5%. 7) Aço de alta liga: aço em que a soma dos teores dos elementos de liga ultrapassa a 5%. 8) Aço especial (aço fino): aço caracterizado por propriedades superiores, para finalidades específicas, em virtude de precauções especiais na fabricação ou de requisitos de composição química, podendo ser ligado ou não ligado. 9) Aço estrutural: aço destinado à construção de estruturas, de baixo ou médio carbono. 10) Aço ferramenta: aço adequado à confecção de ferramentas de corte ou conformação. 11) Aço rápido: aço para ferramentas capaz de suportar as elevadas temperaturas de trabalho e de usinagem com altas velocidades de corte, sem perder a dureza. Contém tungstênio, cromo e vanádio e, eventualmente, molibdênio, cobalto e outros elementos. 12) Aço inoxidável: nome genérico das séries de aços de alto teor de cromo frequentemente com níquel e cuja principal propriedade é sua alta resistência à oxidação e corrosão. 13) Aço manganês: aço com excelente resistência à abrasão e choques, com 10% a 14% de manganês e de 1% a 1,4% de carbono (aço Hadfield). 14) Ferro-liga: liga de ferro e um ou mais elementos que não o carbono. Usado em siderurgia como um meio de introduzir estes elementos no aço e no ferro fundido; ou como agente desgaseificante ou de limpeza do aço e do ferro fundido. 4.5 ELEMENTOS DE LIGA São elementos químicos intencionalmente adicionados ao aço com a finalidade de melhorar suas características. Assim, pode-se aumentar sua resistência mecânica, a resistência ao calor, ao desgaste, à corrosão, etc., ou melhorar suas propriedades elétricas e magnéticas, a elasticidade, a resiliência, aumentar o rendimento dos tratamentos térmicos e termoquímicos, etc. Dependendo das características desejadas, os elementos mais utilizados na adição são: alumínio (Al), boro (B), chumbo (Pb), cobalto (Co), cobre (Cu), cromo (Cr), enxofre (S), fósforo (P), lítio (Li), manganês (Mn), molibdênio (Mo), níquel (Ni), nióbio (Nb), silício (Si), tântalo (Ta), titânio (Ti), tungstênio (W), vanádio (V). Tecnologia de Materiais 30 4.6 SISTEMAS DE DENOMINAÇÃO DOS AÇOS 4.6.1 Sistema de denominação dos aços ABNT(Associação Brasileira de Normas Técnicas), segundo a Norma ABNT Nbr 6006/80 Esta norma considera conveniente que as demais Normas Brasileiras adotem o sistema de denominação de aços laminados e forjados descritos a seguir. Este sistema foi baseado no sistema da Society of Automotive Engineers (SAE) e da American Iron and Steel Institute (AISI) e é usado para identificar composições químicas dos aços. A denominação do aço é feita basicamente por meio de quatro ou cinco dígitos. Os dois primeiro dígitos indicam a classe a que o aço pertence e os demais indicam o teor médio aproximado de carbono. Se o teor médio aproximado de carbono for inferior a 1%, o aço é denominado por quatro dígitos, e se o teor médios aproximado de carbono for igual ou superior a 1%, o aço é denominado por cinco dígitos. Quando especificada a adição de boro ou de chumbo, acrescentam-se, após os dois primeiros dígitos, as letras B e L, respectivamente. As classes de aços ABNT são as seguintes: 1 - Aços carbono: 10xx: aços ao carbono com Mn 1% Max. 11xx: aços ressulfurados 12xx: aços ressulfurados e refosforados 14xx: aços ao nióbio 15xx: aços ao carbono com Mn de 1% e 1,65% 2 - Aços manganês: 13xx: aços com Mn 1,75% 3 - Aços níquel: 23xx: Ni 3,50% 25xx: Ni 5% 4 - Aços Níquel-cromo: 31xx: Ni 1,25 - Cr 0,65 e 0,80% 32xx: Ni 1,75 - Cr 1,07% 33xx: Ni 3,50 - Cr 1,50 a 1,57% 34xx: Ni 3,00 - 0,77% Controle e Ensaio de Produtos Siderúrgicos 31 5 - Aços cromo-molibdênio: 41xx: Cr 0,50 - 0,80 e 0,95 / Mo 0,12 - 0,20 - 0,25 e 0,30% 6 - Aços níquel-cromo-molibdênio: 43xx: Ni 1,82 / Cr 0,50 e 0,80 / Mo 0,25% 47xx: Ni 1,05 / Cr 0,45 / Mo 0,20 e 0,35% 81xx: Ni 0,30 / Cr 0,40 / Mo 0,12% 86xx: Ni 0,55 / Cr 0,50 / Mo 0,20% 87xx: Ni 0,55 / Cr 0,50 / Mo 0,25% 88xx: Ni 0,55 / Cr 0,50 / Mo 0,35% 93xx: Ni 3,25 / Cr 1,20 / Mo 0,12% 94xx: Ni 0,45 / Cr 0,40 / Mo 0,12% 97xx: Ni 0,55 / Cr 0,20 / Mo 0,20% 98xx: Ni 1,00 / Cr 0,80 / Mo 0,25% 7 - Aços níquel-molibdênio: 46xx: Ni 0,85 e 1,82 / Mo 0,20 e 0,25% 48xx: Ni 3,50 / Mo 0,25% 8 - Aços cromo: 50xx: Cr 0,27 - 0,40 - 0,50 e 0,65% 51xx: Cr 0,80 - 0,87 - 0,92 - 1,00 - 1,05 - 1,15 e 1,25% 50xxx: Cr 0,50% 51xxx: Cr 1,02 52xxx: Cr 1,45% 9 - Aços cromo-vanádio: 61xx: Cr 0,60 - 0,80 - 0,95 e 1,05 / V 0,10 - 0,10 min e 0,15 min. 10 - Aços silício-manganês: 92xx: Si 1,40 e 2,00 / Mn 0,65 - 0,82 e 0,85 / Cr 0 e 0,65% 11 - Aços ao boro e ao chumbo: xxBxx: B indica ao Boro xxLxx: L indica ao Chumbo Tecnologia de Materiais 32 Para aços fundidos (peças obtidas de aço vazado em moldes), adota-se a seguinte designação: o sufixo AF precedido por 4 algarismos. Os dois primeiros indicam a tensão de ruptura (r) em kgf/mm2 e os dois últimos o alongamento percentual. Ex.: ABNT 4825 AF: aço fundido comr = 48 kgf/mm2 e alongamento de 25%. SISTEMAS DE DENOMINAÇÃO DE FERROS FUNDIDOS (NORMAS DIN) Para os ferros fundidos mais aplicados usam-se as seguintes siglas: GG = Gussein mit Lammellengraphit (Grauguss) - ferro fundido com grafita lamelar - ferro fundido cinzento. GGG = Gusseisen mit Kugelgraphit - ferro fundido esferoidal - ferro fundido nodular. GT = Temperguss - ferro fundido maleável. Após as siglas, usam-se números que representam os valores mínimos de resistência à tração. GG 22 - ferro fundido cinzento com r = 22 kgf/mm2 (DIN 1691) GGG 45 - ferro fundido nodular com r = 45 kgf/mm2 (DIN 1693). 4.8 ALGUNS CRITÉRIOS A CONSIDERAR SOBRE A SELEÇÃO DE AÇOS De forma geral, pode-se dizer que um aço para determinada aplicação foi bem escolhido quando o resultado é uma peça ou ferramenta que satisfaz as exigências técnicas pelo menor custo. Os principais fatores que determinam a escolha de um aço podem ser resumidas segundo os itens abaixo: a) esforços mecânicos a que será submetida a peça (valores a serem usados para cálculos pela resistência de materiais); b) características geométricas e dimensões da peça; c) intensidade e natureza das solicitações mecânicas: solicitações estáticas, dinâmicas (pulsantes, cíclicas e ou aleatórias, etc); d) propriedades mecânicas dos aços (elasticidade, ductilidade, dureza, tenacidade, resiliência); e) propriedades termoquímicas dos mesmos (capacidade de melhorar suas características mecânicas por meio de tratamentos térmicos e químicos); f) resistência à corrosão, quando necessário; Controle e Ensaio de Produtos Siderúrgicos 33 g) se o aço deve ser ligado ou não; h) custos de aquisição e fabricação mínimos. Um projeto meticuloso de uma peça não deve se basear, portanto, somente no dimensionamento. Relacionar os cálculos com outras características do aço é de grande importância. Estas devem estar relacionadas em função das condições que o elemento da máquina estará submetido. 4.9 AÇOS CARBONO PARA ELEMENTOS DE MÁQUINAS - algumas indicações de caráter prático ABNT-1020 r = 40-55 kgf/mm2 e = 20 kgf/mm2 HB = 153 boa usinabilidade aplicações gerais de oficina, rebites, arames, pregos, parafusos, chapas, fios, etc. ABNT-1030 r = 40-60 kgf/mm2 e = 23 kgf/mm2 HB = 160 eixos, suportes e peças pouco solicitadas, tubos sem costura, alavancas, polias, barras laminadas perfiladas, etc. ABNT-1040 r = 50-65 kgf/mm2 e = 27 kgf/mm2 HB = 183 parafusos especiais, engrenagens, peças para indústria automobilística, eixos e máquinas agrícolas, etc. ABNT-1050 r = 60-75 kgf/mm2 e = 30 kgf/mm2 HB = 223 eixos, virabrequins, anéis, facões, lâminas, discos de arados. ABNT-1070 r = 80-95 kgf/mm2 e = 40 kgf/mm2 HB = 264 molas pouco solicitadas ferramentas agrícolas resistentes ao desgaste, trilhos, ferramentas de corte, etc. ABNT-1080 r = 90-100 kgf/mm2 e = HB = molas chatas de média solicitação peças com alta dureza após a têmpera, etc. ABNT-1090 r = 100-110 kgf/mm2 e = HB = chavetas, molas chatas e helicoidais, cabos, cutelaria, etc. Tecnologia de Materiais 34 5 CONTROLE E ENSAIO DE PRODUTOS SIDERÚRGICOS Observação: Neste capítulo alguns tópicos são tratados de forma mais ampla (materiais ferrosos e não ferrosos), mas as técnicas metalográficas são específicas para aços e ferros fundidos. 5.1 VERIFICAÇÕES ELEMENTARES Consistem em verificações rápidas e simples com a intenção, em primeira instância, de verificar as características dos metais. - Aspecto da superfície: ▪ casca oxidada: material recozido; ▪ manchas e coloração características: material temperado; ▪ em materiais fundidos: a) Bolhas e asperezas: areia de moldagem de granulação grosseira. b) Casca de areia aderente: areia fusível. - Trabalho mecânico: ▪ na região de cortes pode-se perceber se foi por meio de maçarico ou tesoura-guilhotina. - Quanto à superfície de uma fratura: Percebe-se que o material tem comportamento frágil ou dúctil. FIGURA 5.1 Fraturas na torção: frágil (a) e dúctil (b) Controle e Ensaio de Produtos Siderúrgicos 35 ▪ Se o material se rompeu provocado pelo fenômeno da fadiga. FIGURA 5.2 Fratura por fadiga em um eixo-árvore (a) e um eixo (b) - Sob ação de uma lima: Informará se o material é duro ou se está temperado - Pelas fagulhas emitidas por um esmeril. FIGURA 5.4 Ilustração dos diversos tipos de centelhamento produzido durante o esmerilhamento dos aços, com diferentes teores de carbono Tecnologia de Materiais 36 - Pela ação de um imã: • os aços e ferros fundidos são geralmente atraídos por um imã. Já os aços inoxidáveis não o são (porém, suas limalhas o são). - Pela resposta a ação de um martelo: • material mole - provoca deformação plástica; • material duro - ruptura frágil; • material temperado - funciona como mola. - Pela sonoridade: • som puro e duradouro - não existe fissuras; • som chocho - presença de fissuras; epela forma dos cavacos de uma ferramenta de corte: FIGURA 5.5 Forma dos cavacos resultantes de torneamento 5.2 ENSAIOS DE LABORATÓRIO Indicações mais técnicas e completas sobre o metal são fornecidas pelos ensaios de laboratório, com o auxílio de máquinas, instrumentos e métodos adequados. (Observação: Sugere-se a leitura de “Ensaios não Destrutivos” no Capítulo 8, a partir da página 140.) Os ensaios de laboratório podem ser divididos em três categorias principais: análise química, exame metalográfico e ensaios mecânicos. Controle e Ensaio de Produtos Siderúrgicos 37 5.2.1 Análise química-→ consultar literatura específica. 5.2.2 Exames metalográficos Visa analisar a estrutura do metal ou liga metálica, procurando relacioná-la com as propriedades físicas, composição, processo de fabricação, etc. Estes exames são feitos em superfícies do metal devidamente polidas e com o ataque de reativos adequados. Pelo exame à vista desarmada ou com o auxílio de uma lupa (máximo 10x), chamado macrografia, obtêm-se informações de caráter geral; um aspecto de conjunto sobre a homogeneidade do material; a distribuição, natureza e quantidade de certas impurezas; processos de fabricação, tratamentos térmicos, etc. Pela utilização de microscópio (micrografia), pode-se observar a granulação do material; a natureza, quantidade, distribuição e forma dos diversos constituintes; certas inclusões, etc. 5.2.3 Ensaios mecânicos Procura-se determinar valores numéricos correlacionando-os com as propriedades mecânicas do metal. O ensaio pode ser feito sobre a peça ou sobre pedaços retirados da peça de forma conveniente (corpos de prova). Os ensaios mais importantes são os de tração, dureza, dobramento, resistência ao choque, flexão, torção, fadiga, compressão, desgaste e outros menos freqüentes. 5.3 ALGUMAS HETEROGENEIDADES DOS AÇOS QUE OCORREM NA SOLIDIFICAÇÃO O aço é relativamente homogêneo no estado líquido, mas na sua solidificação em um molde ou lingoteira alguns fenômenos ocorrem que o tornam heterogêneo, podendo surgir o que se classifica como macro-defeitos. Alguns destes defeitos são minimizados ou mesmo eliminados pelos tratamentos térmicos e mecânicos a que o aço é submetido até se transformar em peça acabada. Outros porém persistem e ainda podem ser observados. Tecnologia de Materiais 38 a) Vazio (chupagem): a solidificação inicia na superfície do metal que está em contato com molde ou lingoteira e na parte exposta do ar. Forma-se, em toda a periferia do produto uma camada sólida (pele), quando o interior ainda permanece líquido. FIGURA 5.9 Diversas fases da solidificação de um metal numa lingoteira Como o metal, à medida que solidifica, diminui de volume, aparecerá no interior do corpo uma região oca que se denomina vazio.b) Segregação: apesar dos processos de refino do aço, este contém impurezas normais, vários outros metais ou metalóides. No estado líquido estas impurezas ficam distribuídas quase uniformemente. Durante a solidificação, como esta ocorre da periferia para o centro, para lá se dirigem estas impurezas, principalmente o fósforo e o enxofre. Ao acúmulo destas impurezas em certa região de um lingote ou peça, chama-se segregação. FIGURA 5.10 Disposição da segregação que se encontra nas seções de produtos laminados e forjados de qualidade inferior Como as propriedades mecânicas estão ligadas à composição química nestas regiões aquelas ficaram afetadas. O aço torna-se mais duro e quebradiço e oferece um campo favorável à propagação de fissuras. Controle e Ensaio de Produtos Siderúrgicos 39 c) Estrutura dendrítica: os metais se solidificam sempre sob uma forma cristalina. Pequenos cristais são formados e têm seu crescimento segundo direções preferenciais, à medida que a solidificação aumenta. Na maioria dos metais os eixos (direções) são triortogonais e, ao conjunto de cada eixo principal e os secundários dá- se o nome de dendrita (semelhante à ramificação das árvores). FIGURA 5.11 a) Crescimento das dendritas originadas na solidificação; b) aspecto típico da seção de um “lingote” mostrando algumas formas que as dendritas adquirem durante a solidificação no interior de uma “lingoteira”; c) efeito dos cantos na cristalização Uma dendrita cresce até o ponto em que esbarra com as dendritas vizinhas e, terminada a solidificação, cada dendrita forma um pequeno cristal de contornos irregulares. Da mesma forma que ocorre a segregação na parte central de uma peça ou lingote, por motivos semelhantes ocorre, nos encontros das dendritas, a chamada segregação interdendrítica, com maior concentração de impurezas. A velocidade de solidificação está diretamente ligada com o tamanho das dendritas. Um aço esfriado lentamente terá, pois, dendritas maiores. O esfriamento rápido provoca o aparecimento de um grande número de centros de solidificação (origem das dendritas), o que resultará na subdivisão em áreas menores da segregação interdendrítica, com conseqüente distribuição mais uniforme das impurezas, ou seja, um aço menos heterogêneo. Tecnologia de Materiais 40 d) Bolhas: são pequenas cavidades cheias de gases, principalmente CO. Elas são oriundas do aprisionamento de gases mecanicamente arrastados durante o vazamento do lingote ou peça, ou de gases dissolvidos no metal em fusão, ou ainda, das reações químicas antes da solidificação completa. O aço líquido dissolve quantidades consideráveis de H2, N2, O2. Estes gases se libertam enquanto a viscosidade da massa o permitir. As bolhas que se formam por último não conseguem mais se desprender. Na laminação ou forjamento a quente, as paredes das bolhas podem se soldar (caldeamento), devido às pressões do processo, desde que o gás seja CO, que impede a oxidação das superfícies internas. É comum também a presença de impurezas nestas superfícies, o que dificulta ou impede de se soldarem o que tomarão forma de fissuras, na superfície da peça ou internamente, o que comprometerá suas propriedades mecânicas. e) Trincas: trincamento (fissuramento) nos lingotes ou peças fundidas são decorrentes das tensões excessivas que se desenvolvem durante o resfriamento ou reaquecimento demasiadamente rápidos. Tolher o movimento de contração é originar tensões que poderão ocasionar trincas superficiais, profundas ou internas, e até mesmo ruptura. FIGURA 5.12 Defeitos de contração (levando à ruptura) em volantes fundidos e modo de corrigi-los Para se ter uma idéia da diminuição de volume do aço ao solidificar-se, a densidade do mesmo no estado líquido (1600ºC) é 7,06 e no estado sólido é 7,87. Controle e Ensaio de Produtos Siderúrgicos 41 f) Gotas frias: ao verter o metal líquido no molde ou lingoteira, pequenas gotas respingam contra as paredes, resfriando com maior rapidez e oxidando-se super- ficialmente. Algumas permanecem nas paredes e outras caem dentro da massa fluida, ficando retidas. 5.4 MACROGRAFIA O exame do aspecto de uma peça ou amostra metálica, segundo uma secção plana devidamente lixada e geralmente atacada por um reativo apropriado, chama-se macrografia e o aspecto chama-se macroestrutura (podendo mostrar macro-defeitos) . Quando um material ou peça é entregue a um laboratório de ensaios, afim de ser examinado para esclarecer alguma questão, é necessário que o interessado explicite claramente o que deseja e qual a finalidade do exame. Um histórico é necessário pois as peças podem fracassar em virtude de um defeito local, acidental ou de construção e também por causa do material com que foram feitas. É altamente prudente que o técnico do laboratório proceda um exame detalhado da peça sob diversos ângulos, como: o aspecto de uma fratura, marcas de pancadas, sinais de grimpamento, vestígios de soldas, azulamento por aquecimento, porosidade, rebarbas, trincas, polimentos locais, corrosões, desgastes, entortamentos, etc. É importante que o interessado especifique as regiões da peça que deve ser ensaiada ou, pelo menos, a finalidade do exame para que o laboratorista possa delinear e executar um programa de ensaios que caso requeira. A omissão de informações ou observações pode levar até ao fracasso, pela decepção que se poderá ter após a análise da amostra. 5.4.1 Preparo de corpos de prova A técnica de preparo dos corpos de prova segue as seguintes frases: a) Escolha e localização da secção a ser estudada A forma da peça, os dados que se quer obter e outros objetivos determinam: • Corte transversal - quando se quer verificar: - homogeneidade da secção; - forma e intensidade da segregação; - posição, forma e dimensões das bolhas; - forma e dimensões das dendritas; - existência de restos de vazio; Tecnologia de Materiais 42 - profundidade de tratamentos térmicos; - se um tubo é inteiriço, ou soldado; - etc. • Corte longitudinal - quando se quer saber: - se a peça é fundida, forjada ou laminada; - se foi estampada ou torneada; - eventuais defeitos perto das fraturas; - extensão de tratamentos térmicos, etc b) Obtenção de uma superfície plana e lixada Inclui duas etapas, ou seja, desbaste e lixamento. • Corte e desbaste: Feito com serra ou disco abrasivo (cut off), ou procede-se ao desbaste por esmeril ou mesmo utilizando uma plaina, até atingir a região de interesse. Deve-se proceder com cuidado evitando aquecimento (maiores que 150ºC), que venha a distorcer a análise. Algumas sugestões para métodos de seccionamento podem ser classificadas conforme o Quadro 5.1. • Lixamento: É indispensável até retirar qualquer defeito (deformação) da superfície, que possa “mascarar” o resultado final. O desbaste, mesmo que cuidadoso, pode provocar deformações superficiais. FIGURA 5.13 Deformação da textura do material por desbaste É feito por lixas d’água nas direções perpendiculares aos riscos da lima ou lixa grossa, até o completo desaparecimento dos riscos. Gira-se a peça de 90º e procede- se ao lixamento com lixa de granulação mais fina ainda, até desaparecerem os riscos da anterior, e assim por diante até o acabamento final (geralmente lixa d’água nº 600). Controle e Ensaio de Produtos Siderúrgicos 43 c) Ataque por um reagente químico Com a superfície apenas lixada já se pode observar algumas particularidades como restos de vazios, trincas, grandes inclusões, porosidades, falhas em soldas, mas é indispensável o ataque químico para evidenciar outras heterogeneidades. Ao ser submetido à ação de um reativo, certas regiões são mais atacadas que outras, devido a duas razões principais: diferenças de composição química e de estrutura cristalina.A aplicação do reativo pode ser feita de três maneiras: ataque por imersão do reagente; por aplicação com algodão e por umedecimento de papel fotográfico com reagente próprio, aplicando-se o papel sobre a superfície do corpo de prova (impressão direta de Baumann) (esta última menos utilizada). Os ataques químicos poderão ser ainda lentos e profundos e rápidos e superficiais, sendo este último o mais utilizado. São cinco os principais reativos, porém o reativo de iodo apresenta um melhor contraste: Reativo de Iodo Iodo sublimado............................................................................................................10 g Iodeto de potássio........................................................................................................20 g Água..........................................................................................................................100 g d) Precauções - Evitar aquecimento ou deformação plástica (encruamento) do corpo de prova. - Enxugar muito bem o reativo ou água da superfície de exame, que poderá ficar retido nas trincas, cavidades, etc., pois poderá vir à tona (superfície), distorcendo resultados (formação de estrias). - Não tocar com os dedos a superfície, mantendo-a o mais limpa possível. - Cuidado com os reativos que contêm ácidos. - Um polimento muito brilhante dificulta o ataque, pois, o reativo não “molha” homogeneamente a superfície (tensão superficial do líquido), contraindo-se em gotas. - Bolhas de ar, principalmente na imersão, produzirão áreas não atacadas. 5.4.2 Exame e interpretação do resultado Algumas regiões escurecerão mais que as outras. O reativo de iodo é o mais utilizado e se presta melhor para fotografia. Um repolimento leve após um primeiro ataque poderá ser desejável com o intuito de realçar certos aspectos estruturais produzidos por uma reação mais profunda ou para novos ataques. Tecnologia de Materiais 44 Com relação à composição química, escurecem bastante: a) as áreas com maior teor de carbono; b) as áreas com maior quantidade de inclusões não metálicas, como o fósforo e, principalmente os sulfuretos. Portanto, as zonas segregadas, as bolhas cheias de material mais impuro, superfícies cementadas, etc., sobressaem-se em tom escuro. As regiões com cristalização diferente dividem-se em: a) granulações muito grosseiras, como pequenos mosaicos claros e escuros; b) texturas diferentes devido a tratamentos térmicos (têmpera, etc.); as regiões escurecerão bastante; c) texturas deformadas plasticamente a frio (encruadas). as regiões serão mais corroídas, portanto, estarão mais escuras. 5.4.3 Algumas considerações sobre o comportamento de um metal (fadiga) Os produtos siderúrgicos, por vários motivos apresentam certas heterogeneidades, nem sempre fáceis de serem evitadas. Estes defeitos criam regiões de resistência mais baixa e, em esforços estáticos não assumem tanta importância quanto para as solicitações dinâmicas. É comum microfissuras originarem-se nos postos mais fracos, propagando-se por toda a secção sob influência de choque e tensões repetidas, ocasionando as rupturas por fadiga, altamente perigosas por passarem geralmente desapercebidas até a ruptura brusca da peça. FIGURA 5.14 Exemplo de uma ruptura por fadiga em uma mola helicoidal. Observação: As Figuras 5.2 e 5.3 são também exemplos Controle e Ensaio de Produtos Siderúrgicos 45 Porém, a ruptura de uma peça nem sempre é de responsabilidade das heterogeneidades do material. Erros de dimensionamento e sobrecargas podem levar diretamente à ruptura ou acelerar a fadiga do metal, por melhor que seja sua qualidade. A escolha inadequada do material, erros de construção ou formas mal projetadas também podem ser responsáveis. Eliminando-se estas hipóteses, é válido suspeitar de possíveis defeitos do material. Alguns podem ser detectados pela macrografia, outros somente por meio de micrografia. Porém, nem sempre é possível determinar com precisão as razões que levam uma peça a um rápido desgaste ou ruptura, já que muitos fatores podem entrar em jogo, tornando-se muito complexa a análise. 5.4.4 Algumas ilustrações de análises macrográficas - macro-defeitos (a maioria atacada por iodo) FIGURA 5.15 Gancho de aço moldado. Notam-se falhas e porosidades Tecnologia de Materiais 46 FIGURA 5.16 Secção transversal de uma barra de aço pouco laminada. Os eixos das dendritas estão pouco recurvados. As áreas pretas são concentrações de impurezas FIGURA 5.17 Secção longitudinal de um tirefond. Nota-se, a presença desegregação. FIGURA 5.18 Barra de aço. Secção transversal. Segregação quadrada. (laminação ou forjamento e não por torneamento do lingote original). Controle e Ensaio de Produtos Siderúrgicos 47 FIGURA 5.19 Barra chata com segregação irregular devido às deformações na laminação. Secção transversal FIGURA 5.20 Tubo com emenda. A macrografia mostra que a chapa foi previamente laminada de um lingote com segregação, depois recurvada e caldeada de topo FIGURA 5.21 Cabeça estampada de um parafuso. A região segregada se apresenta fibrosa. Na parte superior, as fibras tomaram um aspecto que denuncia uma obtenção por estampagem Tecnologia de Materiais 48 FIGURA 5.22 Tubo sem emenda (Mannesmann). Secção transversal. A parte segregada aproxima-se da periferia em quatro pontos, o que indica que o lingote original tinha secção transversal quadrada FIGURA 5.26 Secção transversal de uma engrenagem. Peça cementada ao longo dos dentes e na superfície interna. A macrografia revela a espessura da camada cementada, sua regularidade e a ocorrência de trincas na base dos dentes; mostra também a homogeneidade da estrutura do aço Controle e Ensaio de Produtos Siderúrgicos 49 5.5 MICROGRAFIA A metalografia microscópica ou micrografia dos metais estuda os produtos metalúrgicos, com o auxílio do microscópio, visando a determinação de seus constituintes e de sua textura. FIGURA 5.28 Representação esquemática do processo de solidificação (cristalização) de um metal Os metais na solidificação se cristalizam formando os chamados grãos, dado o formato que apresentam. Os grãos que apresentam formas particulares chamam-se nódulos, veios, agulhas, etc. Por meio de uma técnica apropriada, torna-se visível a textura microscópica do material, conseguindo-se evidenciar os diversos grãos de que é formado. FIGURA 5.29 Região onde os cristais se encontram formando os contornos dos grãos. Nesta figura podem ser vistos 3 tipos de imperfeições da rede: a ausência de um átomo (vazio), a descontinuidade de um plano de átomos (discordância) e a desordem atômica na transição de um grão para outro (de contorno) Tecnologia de Materiais 50 A importância da micrografia decorre do fato de que as propriedades mecânicas de um metal não dependem apenas de sua composição química mas também de sua textura. Desta forma, de acordo com sua textura, um aço pode ser mole, duro, quebradiço, elástico, etc., e sua textura pode ser modificada por meio de tratamentos mecânicos e térmicos, com conseqüente alteração de suas propriedades mecânicas. FIGURA 5.30 Formas em que grãos nodulares são vistos ao microscópio (neste caso: metal puro ou liga monofásica) 5.5.1 Noções sobre estrutura dos materiais As propriedades dos materiais dependem do arranjo de seus átomos, que se classificam em: estruturas moleculares (agrupamento de átomos), estruturas cristalinas (arranjo repetitivo de átomos) e estruturas amorfas (sem nenhuma regularidade). No interior de um metal fundido, os átomos não assumem posições fixas, mas seu arranjo não é tão desordenado como num gás. Têm seus movimentos restringidos pelos outros átomos e pelas paredes do recipiente. Quando o metal é esfriado,o movimento dos átomos torna-se cada vez mais lento até que, na chamada temperatura de solidificação, ele cessa. O arranjo dos átomos neste instante é a chamada estrutura cristalina (reticulado cristalino). Os metais, de grande interesse na Engenharia, têm arranjos atômicos que são repetições nas três dimensões (no espaço) de uma unidade básica. Tais estruturas são denominadas cristais. Controle e Ensaio de Produtos Siderúrgicos 51 FIGURA 5.31 Reticulado cristalino (cristal); arranjo repetitivo segundo x, y e z QUADRO 5.2 Sete principais ângulos e dimensões das arestas das células básicas que dão origem ao reticulado, determinados por Bravais Sistema Eixos e ângulos Retículo de Bravais Triclínico a b c 90º Simples Monoclínico a b c = = 90º Simples Base centrada Ortorrômbico a b c = = = 90º Simples Base centrada Corpo centrado Face entrada Tetragonal a = b c = = = 90º Simples Corpo centrado Cúbico a = b = c = = = 90º Simples Corpo centrado Face entrada Hexagonal a = b c = = 90º, = 120º Simples Robboédrico a = b = c = = 90º Simples Existem sete tipos de sistemas cristalinos principais, ou seja, 7 formas de empacotamento atômico: cúbico, tetragonal, ortorrômbico, monoclínico, triclínico, hexagonal, romboédrico(e sete derivados, totalizando 14 sistemas cristalinos). Tecnologia de Materiais 52 FIGURA 5.32 Grupos espaciais. Estes 14 reticulados de Bravais se repetem nas três dimensões (7 básicos e 7 derivações) A maior parte dos metais comuns se cristaliza na forma cúbica. O ferro, por exemplo, tem estrutura cúbica, chamada de cúbica de corpo centrado (ccc). O cromo e o tungstênio, idem. Já o cobre, o alumínio, o chumbo, o níquel, a prata são alguns exemplos de estruturas cúbicas de faces centradas (cfc). FIGURA 5.34 Células ccc e cfc Controle e Ensaio de Produtos Siderúrgicos 53 FIGURA 5.35 Com o modelo de esferas rígidas, célula ccc e seu reticulado FIGURA 5.36 Idem, para o arranjo cfc Esta repetição de uma unidade básica (célula), formando um reticulado espacial, algumas vezes controla a forma externa do cristal. A simetria hexagonal dos flocos de neve é um bom exemplo. As superfícies planas dos cristais de pedras preciosas e também do quartzo (SiO2) são também manifestações externas de arranjos cristalinos internos. ➢ A título de ilustração, os metais zinco, magnésio, cobalto, cádmio, berílio e outros se organizam no estado sólido, na forma denominada hexagonal compacta. Tecnologia de Materiais 54 FIGURA 5.37 Células básicas hexagonais compactas e o modelo dos átomos como se fossem esferas rígidas 5.5.2 Polimorfismo ou alotropia do ferro Um cristal de mesma composição química, que pode se apresentar em estruturas cristalinas diferentes, é chamado de polimorfo, e o fenômeno, de polimorfismo e ou alotropia. Como o exemplo, o ferro puro, na temperatura ambiente e até 910ºC tem estrutura cristalina ccc e é chamado de ferro alfa (Fe). No intervalo 910-1.400ºC, a estrutura torna-se cfc e denomina-se ferro gama (Fe). Finalmente, de 1.400ºC a 1.535ºC, passa a ter novamente a estrutura ccc e é chamado de ferro delta (Fe). 5.5.3 Noções sobre ligas metálicas ---→Soluções Muitas vezes, elementos são adicionados a um material com a finalidade de melhorar suas propriedades. O bronze é um exemplo típico: adiciona-se estanho ao cobre. Se tal adição passa a fazer parte integral da fase sólida, deu-se origem à chamada solução sólida (liga). FIGURA 5.38 Exemplo de uma solução sólida (cristal misto)-Aço X 10 Cr Ni 18 8 Controle e Ensaio de Produtos Siderúrgicos 55 Soluções sólidas em metais • Soluções sólidas substitucionais Estas se formam facilmente, porquanto os átomos do solvente e do soluto têm dimensões e estruturas eletrônicas semelhantes. Quando se adiciona zinco ao cobre (latão), ele substitui facilmente o cobre num reticulado cfc, até que um máximo de 40% dos átomos de cobre tenham sido substituídos (raio atômico do cobre: 1,276 Å; raio atômico do zinco: 1,332 Å). FIGURA 5.39 a) Solução substitucional aleatória (a esmo) → Latão: Cu + Zn; b) Solução substitucional ordenada No caso do latão, a distribuição do zinco no cobre é inteiramente aleatória (ao acaso), mas a estrutura cristalina não é alterada. Existem as chamadas soluções sólidas ordenadas, em que o soluto se distribui de forma organizada na rede cristalina. • Soluções sólidas intersticiais Um pequeno átomo pode se localizar nos intertícios (vazios) entre átomos maiores. O carbono no ferro cfc (Fe) é um exemplo característico. FIGURA 5.40 Solução sólida intersticial. Carbono alojado no vazio do retículo cfc do Fe Tecnologia de Materiais 56 QUADRO 5.3 Os mais importantes acompanhantes do ferro e elementos de liga 1 Elemento 2 Abreviatura 3 Diâmetro atômico Å (10º cm) 4 Reticulado cristalino 5 Peso atômico 6 Solubilidad e ferro % em peso 7 Max. em ferro % em peso 8 Dissolvido em Chumbo Titânio Nióbio Alumínio Tungstênio Manganês Molibdênio Vanádio Cobre Cobalto Níquel Cromo Ferro Silício Fósforo Enxofre Boro Carbono Nitrogênio Hidrogênio Pb Ti Nb Al W Mn Mo V Cu Co Ni Cr Fe Si P S B C N H 3.50 2.90 2.89 2.87 2.75 2.74 2.73 2.63 2.56 2.50 2.49 2.49 2.48 2.35 2.18 2.03 1.77 1.54 cfc hd ccc cfc ccc cfc ccc ccc cfc cfc cfc ccc ccc D rh K K D 207.2 47.9 92.9 27.0 183.9 54.9 95.9 50.9 63.5 58.9 58.7 52.0 55.8 28.1 31.0 32.0 10.8 12.0 14.0 1.0 0 6.3 1.8 37.0 33.0 3.5 37.5 100 3.5 76.0 8.0 100 14.4 2.8 0.02 0.15 0.02 0.115 0.0005 0 0.75 1.4 1.0 3.2 100 1.6 1.5 8.5 100 100 12.5 2.2 0.25 0.05 0.15 2.06 2.6 0.001 - S S S S S S S S S S S S S S E E E E - na coluna 4: cfc cúbica de face centrada; hd hexagonal compacta; D rede de diamante; ccc cúbica de corpo centrado; rh rômbica; K rede de estrutura complexa - na coluna 5: trata-se do peso atômico relativo. Dividindo-o pelo número de Loschmidt (6,02.1023), resulta o peso de cada átomo em gramas - nas colunas 6 e 7: refere-se a max. solubilidade sob temperatura elevada - na coluna 8: colocado na rede no lugar de átomos de ferro, substituição; E = depositado em espaços intersticiais. Controle e Ensaio de Produtos Siderúrgicos 57 Conforme afirmado no item 4.2, o ferro abaixo de 910ºC, é ccc, acima de 910º é cfc. No retículo cfc, existe um “buraco” desocupado, relativamente grande, onde o carbono, sendo de diâmetro bem menor, pode se alojar e produzir uma solução sólida de ferro e carbono. Quando o ferro, em temperaturas mais baixas, passa a ser ccc os intertícios entre os átomos tornam-se menores (maior empacotamento) e, conseqüentemente, a solubilidade do carbono no ferro ccc é relativamente pequena. • Limite de solubilidade sólida Há um limite bem definido na quantidade possível de um soluto em um solvente, sem alterar sua estrutura cristalina. O soluto em excesso, além deste limite, forma uma outra fase (uma segunda fase). FIGURA 5.41 O aço é um exemplo típico da presença de mais de uma fase 5.5.4 Diagrama de equilíbrio das ligas ferro-carbono A via de acesso para o estudo das propriedades físicas e mecânicas dos aços e de tratamentos térmicos nos mesmos é o diagrama ferro-carbono. A distribuição do ferro e do carbono no interior de uma massa é que dita suas propriedades. Uma representação gráfica destes arranjos em função da temperatura e do teor de carbono é obtida experimentalmente.
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