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TECNOLOGIA DOS MATERIAIS AULA 5 Prof. Marcos Baroncini Proença 2 CONVERSA INICIAL Materiais diversos de engenharia Nesta etapa, trataremos de diversos materiais de engenharia, desde os mais antigos e conhecidos, como a madeira usada na construção civil, até materiais de ponta, como o grafeno. Abordaremos diversos materiais usados nas áreas de engenharia e de biomedicina. O objetivo é dar uma visão ampla das possibilidades de uso de materais já consagrados como materiais de construção, bem como trabalhar com novos materiais desenvolvidos e ainda em desenvolvimento para os mais diversos usos. Assim, começaremos abordando a madeira, analisando sua principais propriedades de interesse a aplicações na construção civil. Posteriormente abordaremos ligas metálicas e polímeros desenvolvidos para serem usados na indústria automotiva. Serão então abordados materiais desenvolvidos para a indústria de geração de energia fotovoltaica. Após estes serão abordados o grafeno e seus possíveis concorrentes que estão em desenvolvimento para os mais diversos usos na área de internet das coisas. Por último abordaremos os bioplásticos e seus usos. Assim, será possível desenvolver uma visão mais ampla dos materiais que hoje dispomos para as mais diversas aplicações. TEMA 1 – MADEIRA Neste tópico, abordaremos as madeiras usadas na engenharia, analisando suas características, principais propriedades e aplicações. 1.1 Introdução A madeira é um material de uso na engenharia que, além de apresentar excelentes propriedades estruturais e térmicas, e de ser um dos materiais de maior resistência mecânica por unidade de peso, apresenta a caraterística única de ser renovável e biodegradável. Além disso, é fácil de se trabalhar, resultando em grande diversidade de aplicações. 3 1.2 Propriedades da madeira O levantamento das propriedades físicas e mecânicas da madeira tem como objetivo identificar os usos específicos de cada espécie, e auxiliar no cálculo e dimensionamento de estruturas que as usem, uma vez que há variação grande dessas propriedades entre árvores de uma mesma espécie e, até de uma mesma árvore. Assim, o levantamento das propriedades deve ser feito por amostragem estatisticamente representativa, com realização de ensaios em corpos de prova isentos de defeitos, como empenamento, nós, rachaduras e outros. Figura 1 – Estrutura de madeira Crédito: Den Rozhnovsky/Shutterstock. 1.2.1 Propriedades físicas da madeira As principais propriedades físicas da madeira são cor, cheiro, grã, textura, teor de umidade, densidade, estabilidade dimensional, condutibilidade térmica e condutibilidade elétrica. Sobre a cor, é interessante observar que as madeiras de cores escuras apresentam maior durabilidade natural, com extrativos tóxicos para fungos e insetos. A descrição de cor da madeira é feita adotando o sistema da Comissão 4 Internacional de Iluminantes (CIE), que define a sensação de cor baseada em luminosidade, tonalidade e cromaticidade. Figura 2 – Cores de madeiras Créditos: Druzhchenko Olga/Shutterstock; Nevodka/Shutterstock; Titus Group/Shutterstock. Sobre o odor, é uma propriedade importante na identificação de espécies, e na seleção em usos finais. Por exemplo, embora engradados para transporte de bebidas e embalagens de alimentos devam ser fabricados com madeiras inodoras, é importante referenciar a importância do barril de carvalho para a indústria de bebidas. Grã é a direção dos elementos anatômicos estruturais da madeira, como fibras e vasos na árvore, em relação a uma direção longitudinal da superfície em exposição da madeira serrada. A grã é importante, pois a rachadura de uma peça de madeira ocorre seguindo a sua direção. A grã é classificada em grã direita (reta) e grã irregular. Para nós, há mais interesse na grã direita, na qual existe o paralelismo dos elementos anatômicos ao longo da direção longitudinal da peça serrada. Essa é a orientação que fornece uma madeira serrada de melhor resistência estrutural, de maior estabilidade dimensional no processo de secagem e de mais fácil processamento primário e secundário. Textura é o efeito produzido na madeira em função das dimensões e distribuição de seus elementos anatômicos estruturais. A textura pode ser fina, média, ou grossa, de acordo com o grau de uniformidade de dimensões e distribuição de seus elementos estruturais. A madeira de textura fina apresenta uma superfície uniforme e lisa, permitindo um bom acabamento. A madeira de textura média apresenta uma superfície menos uniforme e com alguma rugosidade. A madeira de textura grossa apresenta uma superfície não uniforme e rugosa. 5 Teor de umidade é uma das propriedades físicas mais importantes da madeira. Por ser um material higroscópico, a madeira perde ou absorve água até entrar em equilíbrio com o ambiente, em função da umidade relativa e temperatura do ar. O teor de umidade interfere nas demais propriedades físicas e mecânicas, sendo fundamental para o planejamento do processo de secagem, para a durabilidade natural, processamento, acabamento e seleção de uso. É definido como a relação expressa em porcentagem entre o peso da amostra de madeira contendo água livre e de impregnação, e seu peso após secagem em estufa a aproximadamente 103 ºC, até que esteja sem água livre e de impregnação, conforme a fórmula a seguir: �6�è = �2�Q F �2�O �2�O �T 100 onde: �x Tu = teor de umidade (%) �x Pu = peso amostra de madeira úmida (g) �x Ps = peso amostra de madeira seca (g) Cabe destacarmos o conceito de teor de umidade de equilíbrio. Quando se remove a água livre, permanecendo a água de impregnação da madeira, esta terá um teor de umidade correspondente ao ponto de saturação das fibras, sendo em torno de 30% para a maioria das espécies. Abaixo do ponto de saturação das fibras, tem início a retirada de água de impregnação. Esse processo seguirá até o momento em que o teor de umidade da madeira entrar em equilíbrio com a temperatura e umidade relativa do ar. Ela terá, então, atingido o teor de umidade de equilíbrio. Em um país imenso como o Brasil, o teor de umidade de equilíbrio da madeira varia bastante. Estudos mostram que o teor médio anual da umidade de equilíbrio para madeiras de árvores de tipo folhosas varia de 13,38% a 13,97%, sendo que a média mínima foi encontrada no Distrito Federal, variando de 7,95% a 8,45%, e a média máxima foi encontrada em Rondônia, variando de 17,92% a 18,28%. Para as madeiras de coníferas, o teor médio anual da umidade de equilíbrio varia de 14,28% a 14,46%, e a média mínima foi encontrada no Distrito Federal, variando de 8,82% a 12,97% e, a média máxima, foi encontrada em Rondônia, variando de 15,34% a 18,87%. 6 É muito importante que a madeira permaneça o mais próximo possível do teor de umidade de equilíbrio da região, para que sejam evitados problemas advindos de alterações em suas formas e dimensões originais. Quando analisamos a resistência da madeira para fins estruturais, consideramos a resistência da madeira com teor de umidade de equilíbrio da região onde será usada. Tal resistência varia de forma inversamente proporcional ao teor de umidade da madeira. Com relação à densidade, pela sua importância como parâmetro referencial de qualidade da madeira, devido à sua alta correlação com várias outras propriedades, como resistência e teor de umidade, foram definidos quatro valores de densidade para análise de uma amostra de madeira: densidade verde, densidade seca, densidade básica e densidade aparente. A densidade verde é obtida para amostras de madeira saturada, ou seja, aquela que se encontra no ponto de saturação das fibras. A densidade verde é utilizada, por exemplo, na estimativa de custo devido ao peso para transporte e na estimativa do peso próprio de estruturas. A densidade seca é obtida para amostras de madeira seca em estufa, a 0% de teor de umidade. A densidade seca é utilizada, por exemplo, na escolha de espécies de madeira para fins energéticos. A densidade básica é a mais fácil de se obter, pois está correlacionada ao volume da amostra de madeira saturada e a massa dessa amostra seca a 0% de umidade. A densidade básica é muito usada para comparar propriedades de diversas espécies e na elaboração de programas de secagem. A densidade aparente é a mais difícil de se obter, devido a ser medida para umidade definida entre 12% e 15%, exigindo todo um sistema de climatização para os ensaios. A densidade aparente é bastante usada na avaliação do peso de estruturas em viga laminada colada. Em termos gerais, podemos considerar que madeiras de densidade básica alta (acima de 720 kg/m3), podem ser usadas para vigas, pilares e pisos, podendo também ser usadas para portas. Madeiras de densidade básica média e alta (acima de 500 kg/m3) podem ser usadas na indústria moveleira, para paredes internas e externas e para esquadrias, podendo também ser usadas para janelas e portas. A estabilidade dimensional é a capacidade que a madeira possui, abaixo do ponto de saturação das fibras, de contrair ou expandir com a perda ou ganho 7 de umidade, e consequente ganho ou perda da água de impregnação das paredes celulares. As alterações dimensionais usadas para definir a contração ou expansão são medidas segundo os três eixos principais: tangencial (T), radial (R) e longitudinal (L). As alterações dimensionais na direção tangencial são sempre maiores do que na direção radial. Já na direção longitudinal, são desprezíveis, variando em torno de 0,5%. A contração é obtida pela seguinte expressão: �%�K�J�P�N�=çã�K = �8�=�H�K�N �@�E�I�A�J�O�E�K�J�=�H �R�A�N�@�A F �8�=�H�K�N �@�E�I�A�J�O�E�K�J�=�H �O�A�?�= (0%) �8�=�H�K�N �@�E�I�A�J�O�E�K�J�=�H �O�A�?�= (0%) �T 100 A expansão é obtida de forma semelhante, ou seja: �'�T�L�=�J�Oã�K = �8�=�H�K�N �@�E�I�A�J�O�E�K�J�=�H �O�A�?�K (0%) F �8�=�H�K�N �@�E�I�A�J�O�E�K�J�=�H �R�A�N�@�A (0%) �8�=�H�K�N �@�E�I�A�J�O�E�K�J�=�H �R�A�N�@�A (0%) �T 100 Madeiras mais estáveis possuem baixos valores de alteração dimensional e relação entre contração tangencial e radial menor ou igual a 2. Conhecer bem essa propriedade física é de grande importância na definição de usos finais da madeira e no estabelecimento de programas de secagem adequados. A condutibilidade térmica da madeira depende do teor de umidade, da densidade, dos extrativos e da direção das fibras, sem variação significativa nas direções tangencial e radial, sendo de duas a três vezes maior na direção longitudinal ou axial. Madeiras de baixa densidade e baixo teor de umidade, pelo preenchimento dos vazios intercelulares com ar, são melhores isolantes térmicos. O ar presente nos vazios intercelulares dificulta a difusão do calor. Com relação à condutibilidade elétrica, apesar de a madeira ser considerada um isolante elétrico, esse conceito deve ficar estreitamente ligado ao efeito que o teor de umidade exerce em tal propriedade física. Em termos gerais, madeira seca em estufa possui resistência elétrica em torno de 1016 � .m. Essa mesma madeira, no ponto de saturação das fibras, terá a resistência elétrica diminuída para um valor em torno de 500 � .m. 8 1.2.2 Propriedades mecânicas da madeira Com relação às propriedades mecânicas, a existência de três direções ortogonais bem definidas e simétricas na madeira (longitudinal, tangencial e radial), permite considerar esse material como sendo ortotrópico, ou seja, com variação das propriedades de uma direção para outra. Assim, a realização de ensaios para determinar essas propriedades deveria ser feito para cada uma das três direções. Porém, como as propriedades mecânicas não variam significativamente em relação às direções tangencial e radial, as normas dos ensaios mecânicos orientam que sejam realizados nas direções paralela e perpendicular às fibras. Trataremos aqui das propriedades mecânicas de algumas madeiras mais comumente encontradas no Brasil. �x Amesclão: usada em guarnições, rodapés, forros e lambris. Também usada na fabricação de móveis estândar e partes internas de móveis, compensados e laminados, artigos de esporte e brinquedos, embalagens e caixas. Resistência à flexão: madeira verde – 49,7 MPa; madeira com 12% de umidade – 76,3 MPa. Resistência à compressão paralela às fibras: madeira verde – 24,8 MPa; madeira com 12% de umidade – 44,1 MPa. Resistência ao cisalhamento: madeira verde – 6,6 MPa; madeira com 12% de umidade – 8,2 MPa. Resistência à tração normal as fibras: madeira verde – 3,1 MPa; madeira a 12% de umidade – 3,5 MPa. �x Angelim-pedra: usada para vigas e caibros, portas, venezianas, caixilhos, partes secundárias de estruturas internas como ripas, forros e lambris. Também usada para pontaletes, andaimes e fôrmas para concreto, para fabricação de móveis estândar, na cutelaria e como lâminas decorativas. Resistência à flexão: madeira verde – 70,6 MPa; madeira com 12% de umidade – 109,3 MPa. Resistência à compressão paralela às fibras: madeira verde – 38,0 MPa; madeira com 12% de umidade – 52,3 MPa. �x Angelim-vermelho: usada em pontes, postes, estacas, esteios, cruzetas, dormentes, construção naval e obras portuárias. Também usada para vigas, caibros, ripas, cabos de ferramentas, carrocerias e vagões de trem. Resistência à flexão: madeira verde – 99,7 MPa; madeira com 15% de umidade – 138,1 MPa. Resistência à compressão paralela às fibras: madeira verde – 65,2 MPa; madeira com 15% de umidade – 80,9 MPa. 9 �x Bacuri: usada em dormentes, estacas, esteios e cruzetas, vigas e caibros em estrutura de telhado. Usada também para tacos, tábuas e parquetes, batentes, portas e janelas, lambris, forros e painéis, móveis decorativos de alta qualidade, utensílios domésticos, embalagens, quilhas e convés de embarcações. Resistência à flexão: madeira verde – 96,8 MPa; madeira com 15% de umidade – 109,3 MPa. Resistência à compressão paralela às fibras: madeira verde – 42,9 MPa; madeira com 15% de umidade – 49,4 MPa. �x Curupixá: usada em portas, venezianas, caixilhos, lambris, painéis e forros, além de ser usada para fabricação de móveis decorativos de alta qualidade, artigos domésticos decorativos, brinquedos e lâminas decorativas. Resistência à flexão: madeira verde – 78,8 MPa. Resistência à compressão paralela às fibras: madeira verde – 40,5 MPa; madeira com 15% de umidade – 64,9 MPa. �x Eucalipto-grandis: usada em ripas e partes secundárias de estruturas, cordões, guarnições, rodapés, forros e lambris, e também na fabricação de móveis estândar e partes internas de móveis, laminados, compensados, embalagens e paletes. Resistência à flexão: madeira verde – 53,8 MPa; madeira com 15% de umidade – 75,6 MPa. Resistência à compressão paralela às fibras: madeira verde – 26,3 Mpa; madeira com 15% de umidade – 42,1 MPa. �x Itaúba: usada em estruturas de pontes, dormentes, postes, cruzetas, vigas, caibros, tesouras, tábuas e tacos, e também usada na fabricação de móveis estândar, veículos e implementos agrícolas, construção naval e embarcações. Resistência à flexão: madeira verde – 115,4 MPa; madeira com 15% de umidade – 126,5 MPa. Resistência à compressão paralela às fibras: Madeira verde – 57,7 Mpa; madeira com 15% de umidade – 68,4 MPa. �x Peroba-rosa: usada para dormentes e cruzetas, tesouras, vigas e caibros, assoalhos, como tábuas, tacos e parquetes, esquadrias, como marcos de portas e janelas e venezianas. além de ser usada na fabricação de mobiliário de utilidade geral, móveis pesados e carteiras escolares, folhas faqueadas, vagões, carrocerias, fôrmas para calçados, paletes e embalagens. Resistência à flexão: madeira verde – 88,2 MPa; madeira com 15% de umidade – 103,8 MPa. Resistência à compressão paralela 10 às fibras: madeira verde – 41,6 MPa; madeira com 15% de umidade – 54,4 MPa �x Pinus-eliote: usado para cordões, guarnições, rodapés, forros e lambris, sendo também usado para fabricação de móveis para exportação, cabos para vassouras, palitos de fósforo, compensados, laminados, torneados, brinquedos, embalagens, paletes, bobinas, carretéis e pincéis. Resistência à flexão: madeira verde – 48 MPa; madeira com 15% de umidade – 69,6 MPa. Resistência à compressão paralela às fibras: madeira verde – 18,5 MPa; madeira com 15% de umidade – 31,5 MPa. TEMA 2 – LIGAS METÁLICAS E POLÍMEROS AUTOMOTIVOS A indústria automotiva vem crescendo em tecnologia e complexidade, assim como os materiais usados para a fabricação dos veículos. Trataremos aqui das ligas metálicas e dos polímeros especialmente desenvolvidos para as exigências dessa indústria. 2.1 Ligas metálicas automotivas Hoje é exigido, para uso na indústria automotiva, que as ligas metálicas apresentem, principalmente, boa conformabilidade, alta resistência mecânica e tenacidade, baixa densidade e boa reciclabilidade a um baixo custo, em função das propriedades que os veículos devem apresentar e à competitividade do mercado. Assim, trataremos das principais ligas metálicas automotivas que atendem a tais especificações. Os aços avançados de alta resistência (AHSS, sigla para Advanced High- Strength Steels) apresentam composição química específica, que gera, por processos precisos de tratamentos térmicos e mecanismos de endurecimento controlados, microestruturas bifásicas ou polifásicas, ora constituídas por ferrita e martensita, ora por austenita retida e martensita, que permitem o uso de chapas mais finas com maior resistência mecânica, sem que haja uma redução significativa da conformabilidade do material, diminuindo o peso do veículo e aumentando sua autonomia sem afetar a liberdade de design, para carros a combustão, híbridos ou elétricos. Além disso, apresentam absorção de impacto e rigidez que atendem às especificações de segurança rígidas desse setor industrial. São usados, principalmente, nas regiões de impacto dos veículos, 11 sendo também utilizados em elementos estruturais e na carroceria. Um exemplo de AHSS é o DP500, ou seja, aço avançado de alta resistência, de microestrutura bifásica (dual phase, ou DP), com resistência mínima à tração de 500 MPa. Figura 3 – AHSS usado em elementos estruturais e carroceria Crédito: Creativeneko/Shutterstock. Aços livres de defeito intersticial, ou seja, os Interstitial Free (IF), são aços de baixo carbono com baixo teor de intersticiais, como o carbono e nitrogênio. São obtidos por meio de processos avançados, como desgaseificação a vácuo, que permite obter aços com teores de carbono e nitrogênio menores que 25-30 ppm cada, além de processos siderúrgicos convencionais termomecânicos para a produção de aços para conformação, com fixação de elementos intersticiais em precipitados de carbetos e nitretos, e para a produção de aços microligados, com o uso de titânio e nióbio na formação de fases que precipitam, removendo os elementos intersticiais. Assim, estes aços apresentam baixo limite de escoamento e elevado alongamento, além de excelente qualidade superficial, permitindo seu uso nas partes estampadas mais complexas exigidas pelo design cada vez elaborado dos veículos automotivos. Além disso, é usado em regiões de absorção da energia de colisão e, devido a seu baixo peso, auxilia no aumento da autonomia dos veículos automotivos. Segundo a Norma ABNT NBR- 5915, são classificados como aços EEP-IF, ou seja, aços para estampagem extra profunda com aço IF. Apresentam como propriedades limite de 12 escoamento de 140M Pa a 180 MPa, limite de resistência à tração de 270 MPa a 350 Mpa, e dureza máxima de 50 HRB. Um exemplo de aço IF dos mais usados na indústria automotiva é o Extragal, produzido pela ArcelorMittal. Figura 4 – Portas automotivas produzidas com aço IF Crédito: Chamil/Shutterstock. Aços endurecidos por prensagem, ou seja, os aços Press Hardening Steel (PHS), são aços liga manganês-boro que sofrem conformação por estampagem em altas temperaturas, normalmente em torno de 950 ºC, o que gera estruturas complexas conforme a microestrutura martensítica é desenvolvida. São usados na carroceria, nas células de sobrevivência e nas barras de impacto para portas e sistemas de para-choques. Um exemplo é o PHS 1500, que é o aço endurecido por prensagem com resistência mecânica de 1500 MPa. Esse tipo de aço PHS possui limite de escoamento em torno de 1300 MPa e alongamento máximo em torno de 6%. Um bom exemplo é o USIBOR, que é um aço laminado a frio com revestimento de alumínio-silício. 13 Figura 5 – Sistema de para-choques Crédito: Gorodenkoff/Shutterstock. Ligas de alumínio de alta resistência mecânica, séries 3XXX, 6XXX e 7XXX, são ligas de alumínio desenvolvidas para terem uma resistência mecânica equivalente à dos aços usados na fabricação de veículos automotivos, mas que podem diminuir o peso dos veículos em até 7%, aumentando, assim, sua autonomia. São endurecidas por precipitação, pelo tratamento térmico de solubilização e envelhecimento, apresentando ganhos significativos de dureza, mantendo a resistência à fadiga e à corrosão característicos das ligas de alumínio. São usadas também para fabricação das rodas de liga leve. A liga de alumínio série 3XXX é uma liga Al, Mn, Mg que possui uma resistência ao escoamento de até 310 MPa. A liga de alumínio série 6XXX é uma liga Al, Mg, Si que apresenta uma resistência ao escoamento mínima de 500 MPa. A liga de alumínio série 7XXX é uma liga Al, Zn, Mg, ou Al, Zn, Mg, Cu, possuindo a maior resistência mecânica entre essas ligas, com resistência ao escoamento de até 625 MPa. 14 Figura 6 – Roda de liga leve 6XXX Crédito: Au_uhoo/Shutterstock. 2.2 Polímeros automotivos Há um crescente uso de polímeros na indústria de veículos automotivos, pois os plásticos pesam, em média, até 50% menos que as ligas metálicas usadas para as mesmas peças. Isso reflete em um aumento bastante expressivo (cerca de 30%) na autonomia dos veículos a combustão, híbridos ou elétricos. Uma conta básica mostra que o uso de 100 kg de plásticos equivale a uma diminuição de 100 kg do veículo automotivo, refletindo em uma redução de consumo de combustível de até 7,5% para veículos a combustão. Os polímeros automotivos são polímeros de alto desempenho, que possuem boa resistência mecânica, boas propriedades térmicas, além da característica resistência química, dentro da exigência de serem de baixo custo. Além de seu uso estrutural, também recebe destaque seu uso em itens de segurança, como em para-choques, airbags e cintos de segurança. É importante frisar que o airbag, feito de nylon de alta resistência, reduz em até 30% o risco de morte em colisões. Já o cinto de segurança, feito de fibra de poliéster, reduz o risco de morte em colisões em até 50% para motorista e passageiro, e em até 25% para passageiros do banco de trás. 15 Figura 7 – Airbag Crédito: Phonlamai Photo/Shutterstock. Figura 8 – Cinto de segurança Crédito: Mikhail Grachikov/Shutterstock. Apresentaremos a seguir os principais polímeros automotivos e alguns de seus usos. Observe que muitos deles já foram discutidos anteriormente. �x Polietileno de alta densidade (HDPE): usado na caixa do triângulo de emergência, na bombona de reserva, no reservatório de água do para- brisa, no tanque de combustível e no sistema de distribuição de combustível. 16 �x Polipropileno (PP): usado na caixa e na cobertura da bateria, depósito do fluido de freio, proteção da correia dentada, proteção do ventilador do radiador, empunhadura do freio de mão, cobertura dos amortecedores, condutos de ar, corpo do filtro de ar, grades de circulação de ar, caixa do cinto de segurança, caixa do retrovisor interno, carpetes, cobertura do volante, conjunto de regulagem dos bancos, console, inserto do encosto de cabeça, inserto do quebra-sol, painéis das portas, painel de instrumentos, para-choques, porta-luvas, revestimento do porta-malas, revestimento do teto e dos bancos. �x Polióxido de metileno (POM): usado na manivela de movimentação e no guia dos vidros das portas, nas engrenagens do sistema de movimentação dos vidros das portas, na alavanca da abertura das portas, nas guias de movimentação do teto solar, nas engrenagens do sistema de acionamento do limpador de para-brisa, nas alavancas de comando dos limpadores de para-brisa e das setas, na alavanca de rebatimento do encosto dos bancos dianteiros, na alavanca de abertura da tampa do porta-malas, no dispositivo de retração dos cintos de segurança, na ancoragem do cinto de segurança na coluna do veículo, no corpo de fechamento da tampa do porta-malas, na boia do carburador, no coxim, na carcaça do filtro de combustível, em componentes da bomba de combustível, na tampa do gargalo de alimentação de combustível, na válvula antirretorno de combustível. �x Politetrafluoroetileno (PTFE): usado na bomba de combustível elétrica, nos guias do pistão do amortecedor e nos elementos deslizantes do amortecedor e do freio. �x Politeleftalato de butileno (PBT) e Politeleftalato de butileno de alto impacto (PBT-HI): usados na ancoragem dos retrovisores laterais, na caixa de conectores do sistema elétrico, nas carcaças da bomba do circuito de água para o para-brisa, no sistema de movimentação dos vidros e dos limpadores de para-brisa, no sistema de ignição e dos faróis, nos elementos de regulagem dos faróis, no estojo de fusível, no para- lama, no porta-escovas de motores elétricos, nos relés, na tampa do airbag, em conectores e no suporte da bobina. �x Policarbonato (PC): usado nos faróis, nas lanternas e no painel de instrumentos. 17 �x Poliamida (PA): usada nos conectores de sistema de injeção, no sistema de freio de estacionamento e no escaninho do airbag. Figura 9 – Peças de polímeros automotivos Crédito: Rito Succeed/Shutterstock. TEMA 3 – MATERIAIS PARA CÉLULAS VOLTAICAS A crise energética que vem sendo discutida mundialmente levou a pesquisas sobre as mais diversas formas de produzir, principalmente, energia elétrica, com destaque nos últimos anos para sua produção utilizando células fotovoltaicas. Muito já foi desenvolvido para a produção de energia elétrica por meio de painéis solares. Garças a isso, há painéis solares com baixo custo de instalação e manutenção, sem qualquer impacto ambiental em sua operação. As células fotovoltaicas usadas nesses painéis usam, predominantemente, a tecnologia do silício, porém vêm sendo desenvolvidas novas tecnologias de células voltaicas de segunda e terceira gerações, com materiais alternativos bastante promissores. Trataremos aqui desses materiais para as células fotovoltaicas. 18 3.1 Células fotovoltaicas de primeira geração Embora as células fotovoltaicas de primeira geração tenham sua origem nos anos 1950, esse tipo de célula ainda tem a maior participação no mercado internacional, por ser considerada uma tecnologia consolidada e confiável, de baixo custo de produção e com eficiência na conversão da energia solar em torno de 20%, que é a melhor comercialmente disponível. São células constituídas estruturalmente de wafer de silício de 100 a 200 µm de espessura. Possuem dois processos de fabricação: crescimento de um único cristal com alto grau de pureza, e solidificação lenta de um bloco de silício fundido. Pelo primeiro processo, é gerado o silício monocristalino (m-Si), cuja estrutura gerada é uniforme, tornando-se mais eficiente na conversão de energia por não ter barreiras durante o transporte dos elétrons. Porém, é necessário que ela passe por um processo de dopagem do silício para criar camadas dos tipos n e p. O tipo n (negativo) é produzido, por exemplo, com dopagem com elementos como o fósforo, levando o silício a ter um elétron a mais na camada de valência. Já o tipo p (positivo), é produzido, por exemplo, com dopagem com elementos como o boro, levando o silício a ter um elétron a menos na camada de valência. Pelo segundo processo, é gerado o silício policristalino (m-Si), cujos átomos não se organizam em um único cristal, formando uma estrutura de múltiplos cristais. Apesar de apresentar um fluxo de elétrons menos eficiente quando comparado ao silício monocristalino, apresentando, desse modo, uma menor eficiência em um painel solar, tem a vantagem de ter um processo mais simples e barato de produção, com consumo de energia bastante menor que o usado para produzir o silício monocristalino 3.2 Células fotovoltaicas de segunda geração A segunda geração das células fotovoltaicas é fabricada aplicando-se camadas de película fina de material fotovoltaico (da ordem de variação de nanômetros a micrômetros) em uma base de vidro, plástico, cerâmica ou metal, por meio de deposição de vapor ou processo de impressão – por isso, o nome thin film (“filme fino”). Como no processo de fabricação é utilizada pouca matéria- prima, o produto final acaba sendo mais barato. 19 Os três materiais de filmes finos usados são o telureto de cádmio, o silício amorfo e o disseleneto de cobre, índio e gálio. Com relação às células de primeira geração, apresentam as vantagens de gastarem menos energia na produção, além da menor utilização de matéria-prima já citada, e terem um processo com menos desperdícios. Devido a sua boa aparência final, vêm sendo incluídos de forma crescente em projetos arquitetônicos. 3.3. Células fotovoltaicas de terceira geração Antes de tratar das células voltaicas de terceira geração, é necessário comentar sobre o Limite de Shockley-Queisser, que é o limite de eficiência termodinâmica de uma célula solar, cujo valor fica em trono de 33% para uma temperatura ambiente de 300 K, com um espectro AM 1,5 na célula solar. Como as células fotovoltaicas de primeira e segunda geração não ultrapassam esse limite por usarem uma única junção p e n, as células fotovoltaicas de terceira geração vêm sendo desenvolvidas para ultrapassar o Limite de Shockley- Queisser a um menor custo de produção. Entre os materiais para sua confecção, os mais estudados vêm sendo: dye-sensitized solar cell (DSSC), organic photovoltaic (OPV), perovskite solar cell (PSC) e quantum dot sensitized solar cell (QDSSC). �x Dye-sensitized solar cell (DSSC): apresenta custo baixo e baixo impacto ambiental, porém com baixa eficiência energética. É composta por um anodo foto-sensibilizado e um cátodo foto-eletroquímico, estando o anodo em um semicondutor. Em geral, usam de forma combinada materiais orgânicos e inorgânicos. São células leves e apresentam uma eficiência de conversão de energia entre 8% e 14%. �x Organic photovoltaic (OPV): apresentam baixo custo e baixo impacto ambiental, embora sofram degradação ambiental, sem proteção eficaz. Usam o efeito fotovoltaico na produção de energia elétrica, por meio de polímeros orgânicos condutores que recebem as cargas e então as transportam. Apresentam uma eficiência de conversão de energia em torno de 6%. As OPV de materiais como pentaceno, ftalocianina de cobre, polifenileno vinileno e fulerenos de carbono são fabricadas por processo de impressão. 20 �x Perovskite Solar Cell: as células solares híbridas baseadas em perovskita são materiais de bastante interesse para a produção de sistemas fotovoltaicos mais econômicos e eficientes, por possuírem óxidos, nitretos, haletos e ternários com magnetismo, supercondutividade e magnetorresistência. São produzidas por processos químicos de baixo custo. Apresentam uma eficiência de conversão de energia que pode atingir até 19,7%. �x Quantum dot sensitized solar cell (QDSSC): captam diversas faixas do espectro eletromagnético por pontos quânticos, o que torna maior sua eficiência de conversão de energia. São constituídas por um fotoanodo, normalmente um vidro condutor transparente, por uma camada de semicondutor, geralmente o TiO2, e por uma camada de pontos quânticos (PQ), que são nanocristais coloidais que ficam adsorvidos no TiO2. Apresentam uma eficiência de conversão de energia que fica entre 38% e 67%. TEMA 4 – GRAFENO E SEUS CONCORRENTES Trataremos aqui da evolução na tecnologia de produção do grafeno, e dos principais concorrentes que se apresentam em desenvolvimento. 4.1 Grafeno O grafeno é um monocristal bidimensional formado por uma única camada atômica de átomos de carbono localizados nos vértices de uma rede hexagonal plana. 21 Figura 10 – Grafeno Crédito: 123dartist/Shutterstock. É o material mais fino conhecido, sendo bastante flexível, resistente e extremamente duro. Além disso apresenta excepcionais propriedades eletrônicas, devido ao fato de seus elétrons se comportarem como férmions de Dirac, sem massa, e com uma mobilidade excepcionalmente elevada, de até 500000 cm2/V.s, permitindo conduzir corrente elétrica à temperatura ambiente melhor que qualquer outro material conhecido. É a combinação de tais propriedades, como a alta resistência, dureza, flexibilidade e propriedades eletrônicas, que suscitaram e vêm suscitando tantos estudos sobre seu uso. Após mais de 16 anos de sua descoberta, apesar de seu conhecido comportamento como supercondutor, o grafeno vem sendo testado para uma gama bastante ampla de aplicações, que vão desde baterias e eletrodos para catálise, até biossensores. Há também inúmeras pesquisas visando sua geração por métodos viáveis industrialmente e que mantenham suas propriedades eletrônicas e mecânicas. Entre os métodos desenvolvidos para a produção do grafeno, se destacam a esfoliação micromecânica, a esfoliação eletroquímica e a deposição química na fase de vapor (CVD). A esfoliação se apresenta como a melhor técnica para a obtenção desse material, tanto em termos da preservação de suas propriedades, quanto pelo baixo custo de obtenção. Porém, sua produção em escala ainda não se tornou 22 viável. Para isso, a deposição química na fase vapor se apresenta como a melhor alternativa. Figura 11 – Produção do grafeno Crédito: Bonninturina/Adobe Stock. 23 O método de esfoliação micromecânica foi o mesmo utilizado por Novoselov (que, inclusive, lhe rendeu o Prêmio Nobel). Nesse método, uma fita adesiva é usada para esfoliar repetidamente as camadas de um cristal de grafite pirolítico altamente orientado (HOPG). Posteriormente, a fita adesiva contendo grafeno é pressionada contra um substrato. Na técnica de esfoliação eletroquímica do grafite, o grafeno é produzido em uma célula eletroquímica, na qual um eletrodo de grafite e um contra-eletrodo são imersos em uma solução ácida, normalmente de ácido sulfúrico. Aplicando- se uma diferença de potencial entre os eletrodos, o eletrodo de grafite sofrerá oxidação e, em suas bordas, ocorrerão expansões interplanares do grafite, gerando o grafeno oxidado, que irá precipitar para o fundo do recipiente. Figura 12 – Esfoliação eletroquímica do grafite O método de deposição química de vapor para obtenção de grafeno é realizado na superfície de metais catalíticos, como níquel (Ni), paládio (Pd) ou cobre (Cu). Primeiro, é feito um tratamento térmico na superfície do metal em um forno CVD, com atmosfera controlada por injeção de gás argônio, para gerar grãos maiores e uniformes em sua superfície. Em seguida, é injetado gás metano no forno a baixa pressão e alta temperatura, rompendo suas ligações químicas e dissociando o gás. O carbono grafite irá aderir à superfície do metal, gerando uma superfície de deposição da ordem de cm2, que é bem superior do que se obtém pelas técnicas anteriores. Por fim, o forno é resfriado e a folha de grafeno produzida é retirada da superfície do metal catalisador. 24 4.2 Borofeno Desde que a folha de borofeno (boro bidimensional) foi gerada por deposição química de vapor (CVD) na superfície do metal catalisador prata (Ag), em 2015, a pesquisa sobre borofeno cresceu rapidamente nos campos da física da matéria condensada, da química, da ciência dos materiais e da nanotecnologia. Devido às propriedades físicas e químicas que possui, o borofeno tem várias aplicações potenciais, como uso em baterias de íons de lítio (Li), sódio (Na) e magnésio (Mg), para armazenamento de hidrogênio, em super capacitores, biossensores, entre outros. O borofeno é mais forte e mais flexível que o grafeno. É um bom condutor de eletricidade e calor, é supercondutor, é leve e bastante reativo. Estudos levam a crer que o borofeno pode armazenar quantidade superior a 15% de seu peso em hidrogênio, que adere facilmente a sua estrutura. Essa propriedade de adsorção, combinada com a grande área superficial de suas camadas atômicas, torna o borofeno o material mais promissor para ser usado em células de hidrogênio. Entretanto, sua elevada reatividade faz com que seja altamente suscetível à oxidação, para a qual devem ser tomadas medidas de proteção, o que torna o borofeno caro de fabricar e difícil de manusear. O processo comercial de sua obtenção é bem semelhante ao da obtenção do grafeno em forno CVD, apenas substituindo o gás e o metal catalisador. Como metal catalisador, é usada a prata (Ag), pois o arranjo regular de seus átomos leva os átomos de boro a adotar um padrão no qual cada átomo se une a outros seis para criar uma estrutura hexagonal plana. No entanto, uma proporção significativa de átomos de boro se liga apenas a quatro ou cinco outros átomos, gerando vacâncias na estrutura. O padrão das vacâncias é o que dá ao borofeno suas propriedades únicas. 25 Figura 13 – Borofeno Crédito: Jefferson Schneider. 4.3 Dissulfeto de molibdênio O dissulfeto de molibdênio é uma substância extremamente versátil. Possui estabilidade química e térmica, podendo ser obtido na forma de filmes finos com propriedades físicas anisotrópicas, ou seja, que variam de acordo com a direção no espaço, o que o torna um material habilitado para diversas aplicações, como baterias, células solares, lubrificantes sólidos, catalisadores, entre outros. Pertence a uma classe de materiais conhecidos como compostos lamelares, ocorrendo em três modificações polimórficas: 2H, 3R e 1T. As modificações 2H e 3R se caracterizam por terem átomos de molibdênio ligados covalentemente a átomos de enxofre, em uma geometria trigonal prismática regular. A fase 1T apresenta forma ondulada devida à distorção da esfera de coordenação octaédrica presente no centro dessa estrutura. 26 Figura 14 – Modificações 2H, 3R e 1T Crédito: Jefferson Schneider. A modificação 2H-MoS2 é a mais comumente encontrada, e dá origem a materiais equivalentes aos obtidos da grafita, como os nanotubos. É, como a modificação 3R, um material diamagnético e semicondutor, ao passo que, a fase 1T, é condutora. As propriedades semicondutoras da modificação 2H-MoS2 e sua produção na forma de filmes finos, fazem com que seja o mais recomendável para a confecção de células solares. TEMA 5 – BIOPLÁSTICOS Hoje os bioplásticos vêm sendo usados de forma crescente nas mais diversas aplicações de engenharia. Portanto, é importante que o profissional de engenharia e tecnologia tenha um bom conhecimento tanto desses materiais, quanto de suas aplicações. 5.1 Bioplásticos Os bioplásticos, ou biopolímeros, são materiais de diversos usos na engenharia que, conforme definição da European Bioplastics (EUPB), são produzidos a partir de fontes não renováveis, como o petróleo, ou de fontes renováveis como cana-de-açúcar e celulose, podendo, ou não, serem biodegradáveis. Partindo dessa premissa, dentro dessa categoria de materiais 27 há aqueles que possuem sua origem de fontes não renováveis, mas biodegradáveis, os que possuem origem de fontes renováveis, mas que são biodegradáveis, e os que vêm de fontes renováveis e que não são biodegradáveis. Figura 15 – Bioplástico Crédito: MikeDotta/Shutterstock. Como exemplo de bioplásticos de origem não renovável e biodegradáveis, podemos citar o poli (butileno adipato-co-tereftalato) (PBAT) e a policaprolactona (PCL), entre outros. Quanto aos bioplásticos de origem renovável e biodegradáveis, citamos o poliácido láctico (PLA), o polihidroxialcanoato (PHA) e o poli (succinato de butileno) (PBS), entre outros. Por fim, entre os bioplásticos com origem renovável, porém não biodegradáveis, estão o polietileno (PE), o poli (tereftalato de etileno) (PET), a poliamida (PA), o poliuretano (PU), entre outros. Em convenção virtual realizada pela EUPB em 2020, foi apresentado um relatório que indica uma forte tendência de crescimento da indústria global de bioplásticos. Nesse congresso, a presidente da EUPB, François de Bie, afirmou que as expectativas de crescimento nos próximos cinco anos atingiriam 35%, ou seja, uma capacidade global de produção na ordem de 2.817.000 toneladas até o ano de 2025.
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