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FMC FISIOLOGIA II LIS ABREU BARCELOS 2026.2 Aula 6 Equilíbrio Ácido Base O Equilíbrio Ácido Base corresponde a uma forma do nosso organismo em manter a constante do pH em homeostase. → pH: Potencial Hidrogênio-Iônico É mensurado a partir da concentração do íon H+ pH: -log(H+) Nosso pH sanguíneo normal é 7,4; podendo variar entre 7,35 – 7,45; essa escala de variação é utilizada nos Hospitais, qualquer variação, mesmo que mínima, é completamente lesiva ao organismo humano. → ACIDOSE: qualquer valor abaixo de 7,35; significa que o ambiente está Ácido. → ALCALOSE: qualquer valor acima de 7,45; significa que o ambiente está Básico. Em decorrência dos grandes riscos de lesão ao organismo humano, o Sangue apresenta mecanismos compensatório para manter as concentrações fisiológicas do pH: → Compensação Pulmonar → Compensação Renal Sempre que há a respiração celular, os produtos são CO2 e H+, e se fizermos uma Gasometria, não detectará esse aumento de H+. Pois quando o corpo exala CO2, o H+ é apreendido para formar Ácido Carbônico no Pulmão, esse será dissociado em CO2 e água. Medicamentos mais Ácidos ou Alcalinos podem ser aplicados pela via Intravenosa, o sangue não vai sofrer alterações de pH fora do normal, já que ele conta com aqueles dois mecanismos de controle que citamos anteriormente. → Já no Músculo esses medicamentos NÃO podem ser aplicados, pois as células musculares NÃO apresentam mecanismos regulatórios. COVID-19 Algumas doenças, como a COVID-19, impedem que o nosso organismo reaja sozinho ao desequilíbrio ácido básico. No COVIG-19 alguns pacientes não expiram normalmente, assim, não há a eliminação correta de CO2, acumulando H+ no organismo, apresentando o quadro de Acidose Respiratória. Além disso, o COVID-19 pode alterar o metabolismo, assim, pode haver um acúmulo de ácido pela falha na eliminação desses através da via renal, apresentando o quadro de Acidose Metabólica. ASMA No paciente asmático, o Pulmão não consegue compensar a si mesmo, assim há o auxílio do Sistema Renal. O H+ pode fornecido a partir dos seguintes processos metabólicos: X SISTEMAS TAMPÕES Tampão é qualquer substância que pode, reversivelmente, se ligar aos íons Hidrogênio. Geralmente, são soluções formadas por um ácido e sua base conjugada ou por um hidróxido fraco e seu ácido conjugado. → Tampão + H+ = H+Tampão → H+Tampão + OH = H2O + Tampão A principal substância tampão do nosso organismo é o Bicarbonato, mas além dele temos o Acetato, Fosfato (pH renal) e a Amônia (pH renal). SISTEMAS PRIMÁRIOS REGULADORES DO PH Os Sistemas químicos de tampões ácido-base dos líquidos corporais. → Sistema Respiratório O Centro Respiratório, que regula a remoção de CO2, do Líquido Extracelular, a Liberação de CO2 favorece o consumo de H+. Se uma pessoa respirar em uma frequência além da devida, pode haver um desequilíbrio, em decorrência do acúmulo de CO2; Por outro lado, a sua eliminação exagerada pode causar quadros de Alcalose Respiratória, já que o consumo de H+ aumentará. → Sistema Renal Os Rins, que agem reabsorvendo o bicarbonato filtrado ou eliminando o H+ pelo sistema tampão fosfato ou na forma de NH4+. O Tubo Contorcido Proximal é a principal fonte de Bicarbonato; O pH do Sangue é percebido pelo Capilar Aferente e isso vai interferir na produção de Bicarbonato; O pH renal influencia na expressão da Enzima Anidrase Carbônica e assim os Rins também mantém o equilíbrio do pH renal, controlado principalmente através do Fosfato e da Amônia. Principais Sistemas Tampão: → O pH extracelular: Ácido Carbônico/Bicarbonato → O pH intracelular: Proteínas, Ácidos resultantes do Metabolismo e Fosfato Equilibrio Acido Base ´ ´ Em alguns pacientes, a doença pode estar tão desenvolvida que nem o Sistema Renal conseguirá compensar, aí é hora de recorrer aos Fármacos. Metabolismo Aeróbico da Glicose Ácido Carbônico H+ Metabolismo Anaeróbico da Glicose Ácido Lático H+ Oxidação de Aminoácidos Sulfurados Ácido Sulfúrico H+ Hidrólise das fosfoproteínas e nucleotídeos Ácido Fosfórico H+ FMC FISIOLOGIA II LIS ABREU BARCELOS 2026.2 TAMPÃO PROTEÍNA/ HEMOGLOBINA A Hemoglobina auxilia no Sistema Tampão, quando ela capta o H+ no Tecido para liberar o O2 e reter o CO2. Quando o H+ se liga a Histidina, essa altera a conformação da Hemoglobina, fazendo com que a Hemoglobina tenha mais afinidade com o CO2. → O Paciente com alguma anemia pode desenvolver um desequilíbrio Ácido-Base por causa da deficiência na integridade da Hemoglobina; → O pH do Sangue Venoso (7,44 – 7,46) é levemente mais baixo do que o do Sangue Arterial (7,36 – 7,44). TAMPÃO FOSFATO As moléculas que contém Fosfatos na estrutura, tal como o ADN, o ARN e ATP, bem como os Fosfatos podem funcionar como tampões. → O par HPO42-/H2PO4- é o principal tampão das células, onde se pretende que o pH seja aproximadamente 7; → Também assume grande importância no Sistema Renal. TAMPÃO BICARBONATO A necessidade do próprio organismo faz com que a reação se desloque para um dos lados: → A remoção de CO2 por exalação desloca o equilíbrio para a direita, consumindo íons H+, e se isso acontecer de forma exagerada pode causar Alcalose. O equilíbrio Ácido Carbônico-Bicarbonato é importante para o Sistema Tampão. O CO2 é um gás que fornece um mecanismo para o corpo se ajustar aos equilíbrios. REGULAÇÃO RENAL As células dos Túbulos Renais regulam diretamente o equilíbrio ácido-base, aumentando ou diminuindo a secreção de H+ e a reabsorção de HCO3-. → A Amônia capta o H+, formando o Amônio, auxiliando no equilíbrio do pH renal. O Bicarbonato precisa reagir com a Anidrase Carbônica, para formar o Bicarbonato intracelular que será reabsorvido para o Interstício. → Na célula, quando o 3HCO3- (Bicarbonato) é formado, também há a formação do H+. → Esse H+ é reaproveitado no Lúmen para reagir com o outro Bicarbonato que chegar no Lúmen e produzir CO2 e H2O. → Se o H+ não for reutilizado em outro Bicarbonato, ele vai poder reagir com o Fosfato, mas NUNCA ele ficará livre. DUCTO COLETOR O Ducto Coletor pode produzir Bicarbonato nas células intersticiais para auxiliar no equilíbrio. Essas células podem auxiliar a manter o pH tubular, já que a maior parte do Bicarbonato é absorvido no Tubo Proximal, sendo um mecanismo de regulação na porção final do Néfron. AMÔNIA A Amônia fica transitando em várias células da porção renal, procurando um H+ solto para captar e chamar de seu rs. → Tubo Proximal: tem o Fosfato e o Bicarbonato, por isso o desequilíbrio nessa região é mais difícil. Não sobra espaço para a Amônia. → Alça de Henle: mais provável de ocorrer algum desequilíbrio, assim, a Amônia estará agindo ativamente nessa porção. A Amônia ao se juntar com o H+ forma o Amônio, esse, dependendo do ambiente, pode se dissociar e formar Amônia + H+ novamente ou pode ser devolvido para a luz para ser eliminado na urina. Assim, ela pode ser excretada na forma de Amônia mesmo ou de Amônio, quando estiver ligada ao H+. A Amônia será muito importante para regular o pH tubular, celular e intersticial. Ela levará o H+ de onde está sobrando para onde está faltando. CURIOSIDADE Alcalose Metabólica: Esse quadro pode surgir a partir da utilização exacerbada de Diuréticos, fazendo com que a Água saia da corrente sanguínea e fique dentro do túbulo para ser eliminada. Nessa inibição do transporte de Água para o sangue, há o favorecimento da secreção de H+ que causará a Alcalose, já que esse H+ vai sair da corrente sanguínea também. FMC FISIOLOGIA II LIS ABREU BARCELOS 2026.2 → O desequilíbrio pode ser causado por Fármacos, principalmente se afetar os Sistemas Controladores de pH: Sistemas Pulmonar e Renal. Ex.: Furosemida REGULAÇÃODA CONCENTRÇÃO DE H+ NOS SISTEMAS BIOLÓGICOS De acordo com o tipo da regulação, o organismo reagirá de uma forma à alteração da concentração de H+, assim também demorará um certo tempo específico para cada um dos mecanismos. Os mecanismos de regulação da concentração de H+ evitam os Distúrbios do Equilíbrio Ácido-Base, sendo eles: → Acidose Metabólica → Alcalose Metabólica → Acidose Respiratória → Acidose Respiratória Sendo assim, os Desvios de pH se tornam mínimos; os Desvios de pH são os valores de alcance do pH e o seu significado: Em casos que os valores ultrapassarem muito essas proporções, temos a Margem de Morte Celular, essa margem é praticamente incompatível com a vida. → Qualquer alteração de uma casa decimal pode significar o óbito do paciente. GASOMETRIA A Gasometria é um exame de sangue feito através da coleta de sangue arterial, com objetivo de analisar os gases presentes, suas distribuições, o pH e o equilíbrio ácido-base no sangue. Ao analisar o exame, como vamos saber se é um quadro Pulmonar ou Metabólico? → Devemos analisar as variáveis envolvidas: Pressão Parcial de CO2 Desta forma, para ser um quadro de Acidose, a pressão de CO2 precisa estar ALTA. → A pressão de CO2 na corrente sanguínea elevada, significa que esse paciente está retendo CO2, em decorrência disso está retendo H+ também. Mas e quando o pH estiver dentro da faixa normal, como saber se há um Desequilíbrio Ácido-Básico? → É simples, basta olhar para as variáveis do exame e os seus valores de referência. Se alguma estiver alta, significa que temos um quadro de Acidose, mas como o pH não saiu do valor de referência, esse quadro de Acidose está Compensado. EXEMPLO: → pH de 7,4 com o aumento da Pressão Parcial de CO2 na análise gasométrica = quadro de Acidose Respiratória Compensada MECANISMO COMPENSATÓRIO Nos quadros compensatórios precisaremos identificar quem está compensando quem. VALORES DE REFERÊNCIA → PaCO2 > 40 – Acidose Respiratória < 36 – Alcalose Respiratória → HCO3- < 22 – Acidose Metabólica > 26 – Alcalose Metabólica → pH < 7,35 – Ácido > 7,45 - Básico Acidose Alcalose 6,85 7.58 Acidose Respiratória COMPENSADA • Quadro de Acidose Respiratória, ou seja, a Pressão Parcial de CO2 está elevada; • Mas o pH do Paciente está dentro do valor de referência, sendo assim, algum outro sistema está compensando esse desequilíbrio. • Tem alguém captando esse H+ em excesso. Acidose Respiratória DESCONPENSADA • Quadro de Acidose Respiratória, ou seja, a Pressão Parcial de CO2 está elevada; • Assocaida ao pH abaixo dos valores de referência. • Ninguém capta o H+ em excesso. Acidose/Alcalose Mista • Há ainda pacientes que podem apresentar esse quadro, descompensando os dois sistemas. • Mas não é comum. Sistema Renal Sistema Respiratório 7,35 7,45 Concentração de Bicarbonato (HCO3-) FMC FISIOLOGIA II LIS ABREU BARCELOS 2026.2 BASE EXCESS O Base Excess (BE) é um valor que quantifica a Gasometria do organismo em relação a concentração de Bases. → Acúmulo de Base: ↑BE – Alcalose → Eliminação de Base: ↓BE – Acidose Em caso de Acidose, quando o BE apresentar valor positivo, significará que o Paciente está “melhorando”, já que as concentrações de Bases estão aumentando. → Valor de Referência: -2,5 a +2,5 AVALIAÇÃO DA COMPENSAÇÃO → Identificar se pH, PaCO2 e HCO3- são normais ou anormais; PaCO2 e HCO3- anormais, mas o pH está com o valor normal; pH < 7,4 = Acidose pH > 7,4 = Alcalose → Determinar se a anormalidade primária é metabólica ou respiratória; → Verificar se o grau de compensação é completo ou parcial pH normal (7,35 – 7,45): compensação completa; pH anormal (< 7,35 ou > 7,45): parcialmente compensado ou em processo de compensação, mas com as variáveis de PaCO2 e HCO3- buscando compensação. Alguns Hospitais utilizam a terminologia “Parcialmente Compensado” ou “em Processo de Compensação” quando: → O pH do paciente estiver DUAS casas abaixo ou acima do valor de referência; → O processo de compensação acontecendo, ou seja, aumentando a atividade dos outros sistemas para compensar esse indivíduo; Ex.: Acidose Respiratória Compensada: Rim responderá ao aumento do H+ causado pelo acúmulo de CO2, assim, os valores de Bicarbonato estarão acima do normal. Não é errado utilizar o termo “Descompensado” para esses casos, mas os Hospitais preferem não utilizar, para proporcionar um ar de melhora do paciente. INTERPRESAÇÃO GASOMÉTRICA 1. RN em um respirador pH: 7,52 pCO2: 28 HCO3: 22 BE> +1 Interpretação: O pH é Alcalino e o Bicarbonato está normal, assim, a Alcalose é explicada pela Hiperventilação Alveolar, temos uma: Alcalose Respiratória Descompensada. Tratamento: Regular o Ventilador. 2. Paciente que ingeriu uma superdosagem de Opiáceos pH: 7, 11 pO2: 30 pCO2: 85 HCO3: 24 BE: -3 Interpretação: Acidose Respiratória Descompensada com Hipoxemia Grave. Tratamento: Ventilar o Paciente e Aplicar um Antagonista de Opioide, Oxona. 2.1. Paciente que ingeriu uma superdosagem de Opiáceos Atualizado pH: 7, 40 pO2: 93 pCO2: 65 HCO3: 35 BE: 1 Interpretação: Acidose Respiratória Compensada, o Bicarbonato aumentou, assim, teve um auxílio renal para compensar. BE evolou para 1, sinal que está dando certo.
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