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Administração – EAD - 2021 1 Unidade 4 FERRAMENTAS APLICADAS À GESTÃO DE PROJETOS 01 - CONCEITOS BÁSICOS Compreender conceitos importantes de gestão de projetos e sua aplicação no mercado de trabalho, além de entender o papel da equipe de projetos, do patrocinador e do gerente de projetos. Você já parou para analisar que em nossa vida temos uma sucessão de projetos? O ingresso em um curso de ensino superior, o ingresso no mercado de trabalho, sua carreira e crescimento profissional, uma viagem especial, seu casamento, a compra de um carro ou sua casa própria, tudo pode ser encarado como um projeto. Você pode se perguntar: mas não são apenas sonhos para nossa vida pessoal? Pare e analise: o que difere um sonho de um projeto? Quando sonhamos e fazemos planos para concretizar este sonho, não é um projeto? Essa é a característica primordial de um projeto: o planejamento! “sm (lat projectu) 1 Plano para a realização de um ato; desígnio, intenção. 2 Cometimento, empreendimento, empresa. 3 Redação provisória de qualquer medida (estatuto, lei etc.). 4 Constr Representação gráfica e escrita com orçamento de uma obra que se vai realizar. P. de lei: proposição escrita apresentada a uma câmara legislativa sobre qualquer assunto, para, depois de discutida em plenário, ser convertida em lei; propositura. P.-tipo: projeto padronizado que deve ser seguido em diversas obras ou instalações da mesma natureza. Pl: projetos-tipos e projetos-tipo.” Veja que um projeto bem planejado tem como pilares de sustentação: Mas não são apenas essas as características que distinguem um projeto. O PMI (Project Management Institute – Instituto de Administração de Projetos) define projeto como sendo “um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado único” (PMBOK, 2013, p. 558). Um esforço temporário significa que existe um prazo; um início, meio e fim previamente determinados. Um resultado único significa que o projeto deve ser único e inovador; é algo diferente do que a empresa já está acostumada a produzir. Esta é a grande diferença entre projetos e operações correntes. Enquanto as operações são contínuas e repetitivas, os projetos são temporários e únicos. Agora que conceituamos projeto e os diferenciamos de operação corrente, daquelas atividades que fazemos continuamente, você pode estar se perguntando: para que serve um projeto? O Guia PMBOK (2013, p. 4) pode nos auxiliar a responder esta questão esclarecendo que um projeto pode criar: • Um produto (este pode ser um produto final, um componente ou aprimoramento de outro item); • Um serviço ou a capacidade de realizar um serviço; • Uma modificação nas linhas de produtos e serviços que vise à melhoria; • Um resultado, como um produto ou documento. CARACTERISTICAS PROJETO ATIVIDADES CONTÍNUAS Finalidade Criar Reproduzir (bens ou serviços) Duração Transitória Permanente Atividade Inovadora Repetitiva Equipe Multidisciplinar Funcional Gerenciamento / Administração Pessoas Processos Valoriza Diversidade Similaridade Procura Eficácia Eficiência Sincronização Dificil Fácil Integração Considera várias especializações Grupos Especializados Administração – EAD - 2021 2 Isto quer dizer que podemos ter projetos para desenvolver um produto ou um serviço novo, ou até mesmo para aprimorar produtos, reestruturar a estrutura, melhoria de processos existente ou o estilo de uma organização. Projetos ainda podem ser usados para o desenvolvimento de programas de sistemas de informações, construção de um edifício, ou até mesmo uma planta industrial. São várias as finalidades (o objetivo; também chamado de produto de um projeto) a que se destina a gestão de projetos e estes possuem algumas características que os distinguem. Observe o quadro abaixo: CARACTERISTICAS E BENEFICIOS DA GESTÃO DE PROJETOS Simplicidade de propósito O projeto possui metas e objetivos facilmente entendidos. Clareza de propósito e escopo O projeto pode ser descrito claramente em poucos termos: seus objetivos, escopo, limitações, recursos, administração, qualidade de resultados e assim por diante. Controle independente O projeto pode ser protegido do mercado ou de outras flutuações que afetam operações rotineiras. Facilidade de medição O andamento do projeto pode ser medido por meio de sua comparação com metas e padrões definidos de desempenho. Flexibilidade de emprego A administração do projeto pode empregar ou cooptar especialistas e peritos de alto padrão por períodos limitados, sem prejudicar os arranjos de longo prazo na lotação de cargos. Conduz à motivação e moral da equipe A novidade e o interesse específico do trabalho do projeto são atraentes às pessoas e leva à formação de equipes entusiásticas e automotivadas. Sensibilidade ao estilo de administração à liderança Embora às vezes capazes de autogestão, as equipes de especialistas automotivados reagem criticamente a certos estilos de liderança. Útil ao desenvolvimento individual Trabalhar com uma equipe de projeto eficiente favorece o desenvolvimento acelerado e a capacitação pessoal. Favorece a discrição e a segurança Os projetos podem ser protegidos de ação hostil ou atividade de informação para defesa, pesquisa, desenvolvimento de produto ou segurança de produtos sensíveis ao mercado ou de alto valor. Mobilidade Como entidades independentes, os projetos podem ser executados em locais remotos, países estrangeiros e assim por diante. Facilidade de distribuição A administração ou a condução de um projeto inteiro pode ficar livre de contrato, como, por exemplo, em um acordo BOT de construção, operação e transferência. GERENCIAMENTO DE PROJETOS Vimos que projetos é um empreendimento único e temporário, mas para que este projeto possa ser concretizado com sucesso, é preciso gerenciá-lo. Podemos definir gerenciamento de projetos da seguinte maneira: “Gerenciamento de projetos é a aplicação do conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto para atender aos seus requisitos” PMBOK (2013, P. 5). Isto quer dizer que existe toda uma sistemática, um conjunto de atividades e ferramentas, que auxiliarão a condução do projeto ao longo de sua duração. Neste sentido, haverá um responsável por toda a condução do projeto, o chamado gerente do projeto. Administração – EAD - 2021 3 O gerente é o responsável por liderar toda a equipe responsável e envolvida no projeto além de alcançar o objetivo do projeto. Caberá ao gerente de projetos identificar as necessidades, estabelecer os objetivos, balancear demandas conflitantes entre qualidade, tempo e custo, bem como o escopo, além de adaptar as especificações e planos de todas as partes envolvidas. Mas quem são as partes envolvidas em um projeto? Assim como toda organização possui os seus stakeholders (partes interessadas), em projetos não é diferente. Pessoas ou organizações envolvidas no projeto podem exercer uma influência (positiva ou negativa) no projeto. Às vezes o stakeholder não tem influência ou poder na organização, mas seus interesses podem afetar a condução do projeto. Por este motivo é de suma importância a identificação de todos os stakeholders. Os stakeholders incluem todos os membros da equipe do projeto, assim como todas as entidades interessadas no projeto, que podem estar dentro ou fora da organização. Temos o gerente de projetos, os membros da equipe e o patrocinador do projeto. Vamos analisar cada um desses: O patrocinador é uma pessoa ou um grupo que fornece recursos financeiros para o projeto. Isto não quer dizer que ele que fomenta financeiramente o projeto, mas ele que conseguirá os recursos necessários e tem total interesse no sucesso do projeto. O patrocinador pode ser alguém interno ou externo à organização. Ele é o porta-voz e o elo entre o gerente de projetos e a alta administração.A equipe do projeto inclui o gerente de projetos e toda as pessoas que estão executando e estão envolvidas nas atividades de gerenciamento de projetos. Muitas vezes esta equipe será composta por especialistas de diversas áreas de conhecimento. As equipes de projeto incluem papéis como: PAPÉIS DA EQUIPE DE PROJETOS : Pessoal de gerenciamento do projeto Os membros da equipe que executam as atividades de gerenciamento do projeto, tais como de elaboração do cronograma, orçamento, emissão de relatórios e atividades de controle, comunicações, gerenciamento dos riscos e suporte administrativo. Este papel pode ser desempenhado ou apoiado por um escritório de gerenciamento de projetos (PMO). Recursos humanos do projeto Os membros da equipe que executam o trabalho de criação das entregas do projeto. Especialistas de suporte Os especialistas de suporte executam as atividades exigidas para o desenvolvimento ou execução do plano de gerenciamento do projeto. Elas podem incluir atividades como contratações, gerenciamento financeiro, logística, jurídicas, de segurança, engenharia, testes, ou controle da qualidade. Dependendo do tamanho do projeto e nível de suporte exigido, os especialistas de suporte podem trabalhar em tempo integral ou simplesmente participar da equipe quando suas habilidades específicas forem necessárias. Representantes de usuários ou de clientes Os membros da organização que aceitarem as entregas ou produtos do projeto podem ser designados para atuar como representantes ou pessoas de contato para garantir a coordenação apropriada, orientar sobre os requisitos ou validar a aceitabilidade dos resultados do projeto. Vendedores Vendedores, fornecedores, ou contratadas, são empresas externas que assinam um contrato para fornecimento de componentes ou serviços necessários ao projeto. À equipe do projeto muitas vezes é atribuída a responsabilidade de supervisionar o desempenho e a aceitação das entregas ou serviços dos vendedores. Se os vendedores arcarem com a maior parte do risco para entrega dos resultados do projeto, eles podem ter um papel significativo na equipe do projeto. Membros parceiros de negócios Membros de organizações de parceiros de negócios podem ser designados como membros da equipe do projeto para garantir sua coordenação adequada. Parceiros de negócios Administração – EAD - 2021 4 Parceiros de negócios são também empresas externas, mas têm uma relação especial com a empresa, às vezes obtida através de um processo de certificação. Os parceiros de negócios fornecem consultoria especializada ou desempenham um papel específico, como instalação, personalização, treinamento ou suporte. Temos também a figura do gerente de projeto que, como vimos, será vital para o sucesso e alcance dos resultados e objetivos de um projeto. Para isto ele precisa ter algumas competências: conhecimento, desempenho e pessoal. O conhecimento refere-se a tudo o que o gerente sabe sobre o projeto e sua apropriada gestão. O desempenho refere-se à capacidade do gerente em conduzir e realizar o projeto, que advém do conhecimento. Não basta ter conhecimento se não souber desempenhar suas funções e aplicar o conhecimento em prática, não é mesmo? O pessoal está relacionado ao comportamento do gerente. Para executar bem o seu trabalho ele precisa ter um conjunto de habilidades interpessoais, que segundo o PMBOK (2013, p. 18) são: • Liderança, • Construção de equipes, • Motivação, • Comunicação, • Influência, • Tomada de decisões, • Consciência política e cultural, • Negociação, • Ganho de confiança, • Gerenciamento de conflitos, e • Coaching. Uma vez que os projetos possuem um tempo determinado de duração, o gerente de projetos precisa já ter todas estas habilidades e competências. Estas habilidades e competências não podem ser desenvolvidas ao longo do tempo, pois poderia comprometer o projeto como um todo. Segundo Keeeling (2002, p. 9-10), o gerente é: 1. O centro em torno do qual gira toda a atividade; 2. O elo entre stakeholder internos e externos e as organizações; 3. Regulador do progresso, velocidade, qualidade e custo; 4. Líder e motivador do pessoal de projeto; 5. Comunicador e negociador em todas as coisas relacionadas ao projeto; e 6. Controlador de finanças e outros recursos. De todas as habilidades do gerente de projetos, a comunicação pode ser a mais importante, uma vez que boa parte de suas atividades dependem diretamente de sua habilidade em comunicar o que deve ser feito, como deve ser feito e quando deve ser feito. 02 - CICLO DE VIDA DE UM PROJETO Compreender as fases e as características do ciclo de vida de um projeto (iniciação, Planejamento, execução, monitoramento e controle e encerramento) e conhecer os Grupos de processos e sua interação nestas fases. Você se recorda de algum produto de sua infância que hoje não existe mais no mercado? Isso nos faz sentir nostálgicos e velhos às vezes, não é mesmo? Mas também nos faz lembrar que os produtos possuem um ciclo de vida. O ciclo de vida de um produto passa por algumas fases: a introdução (quando o Administração – EAD - 2021 5 produto é lançado no mercado e começa a ser conhecido), o crescimento (quando ocorre uma aceitação do produto e a demanda começa a subir), a maturidade (quando as vendas começam a se estabilizar e fica mais difícil aumentar a demanda) e, por fim, o declínio (quando as vendas começam a diminuir, normalmente, devido à obsolescência do produto). Assim como nos produtos, os projetos também possuem um ciclo de vida, embora seja um ciclo com fases diferentes. Uma vez que o projeto é um empreendimento temporário ele tem um início e um encerramento com tempos preestabelecidos. Todas as fases precisarão cumprir um cronograma a fim de não atrasar o projeto como um todo. Do início até o término do projeto, haverá uma série de fases pelos quais ele passará: iniciação, planejamento, execução, monitoramento e controle, e por fim, o encerramento. Entender o ciclo de vida permitirá montar uma estrutura básica que o auxiliará no gerenciamento do projeto, independente do trabalho envolvido no mesmo. A figura mostra que ao iniciar o projeto os custos e esforço de pessoal ainda são baixos. Estamos falando da fase de início do projeto, em que se dará a formalização oficial do projeto por meio de um documento (o Project Charter ou, em português, o Termo de Abertura do Projeto), mas à medida que o tempo passa e o projeto começa a ser organizado e executado, os custos e esforço de pessoal vão aumentado. Nestas fases (de planejamento e execução) existe todo um conjunto de planos e gerenciamento do projeto. Quando as entregas são realizadas, ou seja, o projeto (ou como chamamos em projeto: o produto) está entregue, ainda existe a necessidade de fazer o encerramento formal. Nesta fase ocorre o arquivamento dos documentos do projeto e poderemos então dar como encerrado o mesmo. Claro que a curva de custos e pessoal pode variar de projeto para projeto, mas você pode observar que à medida que um projeto evolui haverá mais dispêndio de energia e custos. Relacionado às fases do ciclo de vida do projeto, também devemos lembrar que no início, quando o projeto ainda está em desenvolvimento, existe maior incerteza e riscos. À medida que as decisões forem tomadas e o projeto já está em andamento, estes riscos e incertezas passam a diminuir, mas pode ocorrer um custo maior caso seja necessário realizar mudanças no projeto. Este comportamento pode ser observado na figura abaixo: Vale ressaltar que as fases do ciclo de vida de um projeto nem sempre são sequenciais, ou seja, primeiro fazemos a iniciação e quando esta terminar dará início ao planejamento. "As fases sobrepostas podem exigir recursos adicionais para permitir a execução paralela do trabalho, podem aumentar o risco e resultar em retrabalho casouma fase subsequente progrida antes que informações precisas sejam disponibilizadas pela fase anterior." PMBOK (2013, P. 43) Por vezes acontece a sobreposição dessas fases. Isto pode ser observado na figura abaixo: Observe que uma fase pode ter início antes da conclusão da fase que a antecede, mas lembre-se que: A fim de ajudar na condução apropriada de todas as atividades de um projeto, o gerenciamento de projetos é conduzido através da aplicação e integração de 47 processos que são divididos e agrupados em grupos. Administração – EAD - 2021 6 Além disto, o gerenciamento de projetos também é organizado por um conjunto de áreas de conhecimento: • integração, escopo, tempo, custo, qualidade, recursos humanos, comunicação, riscos, aquisições e partes interessadas. Observe então a estrutura da tabela abaixo : Áreas de Conheciment o Iniciação Planejamento Execução Monitoramento e Controle Encerramen to Gerenciamento da integração do projeto Desenvolver o termo de abertura do projeto Desenvolver o plano de Gerenciamento do projeto Orientar e gerenciar o trabalho do projeto - Monitorar e controlar o trabalho do projeto - Realizar o controle integrado de mudanças - Encerrar o projeto ou fase Gerenciamento do escopo do projeto - Planejar o gerenciamento do escopo - Coletar os requisitos - Definir o escopo - Criar a estrutura analítica do projeto (EAP) - Validar o escopo - Controlar o escopo Gerenciamento do tempo do projeto - Planejar o gerenciamento do cronograma - Definir as atividades -Sequenciar as atividades - Estimar os recursos das Atividades - Estimar as durações das atividades - Desenvolver o cronograma - Controlar o cronograma Gerenciamento dos custos do projeto - Planejar o gerenciamento dos custos - Estimar os custos - Determinar o orçamento - Controlar os custos Gerenciamento da qualidade do projeto - Planejar o gerenciamento da qualidade - Realizar a garantia da qualidade - Controlar a qualidade Gerenciamento dos recursos humanos do projeto - Planejar o gerenciamento dos recursos humanos - Mobilizar a equipe do projeto - Desenvolver a equipe do projeto - Gerenciar a equipe do projeto Gerenciamento dos recursos de comunicações do projeto - Planejar o gerenciamento das comunicações - Gerenciar as comunicaçõe s - Controlar as comunicações Gerenciamento dos riscos do projeto - Planejar o gerenciamento dos riscos - Identificar os riscos - Realizar a análise qualitativa dos riscos - Realizar a análise quantitativa dos riscos - Planejar as - Controlar os riscos Administração – EAD - 2021 7 respostas aos riscos Gerenciamento das aquisições do projeto - Planejar o gerenciamento das aquisições - Conduzir as aquisições - Controlar as aquisições - Encerrar as aquisições Gerenciamento das partes interessadas no projeto - Identificar as partes interessadas - Planejar o gerenciamento das partes interessadas - Gerenciar o engajamento das partes interessadas - Controlar o engajamento das partes interessadas Fonte: adaptado de PMBOK (2013, p. 61) Assim, vemos que o projeto será estruturado de forma coordenada em um conjunto de processos, que deverão ser tratados em momentos específicos ao longo das fases do ciclo de vida do projeto. GRUPOS DE PROCESSOS Vimos que a estrutura em fases do ciclo de vida do projeto permite que o gerenciamento, o planejamento e a execução sejam segmentados em subconjuntos. Não podemos afirmar que todos os processos possuem uma estrutura única, pois esta pode variar de projeto para projeto, mas, de uma forma genérica, podemos observar um conjunto de processos conforme observado na figura abaixo: Precisamos lembrar que: “um processo é um conjunto de ações e atividades inter-relacionadas que são executadas para criar um produto, serviço ou resultado pré-especificado” (PMBOK, 2013, p.47). Cada processo possui suas entradas, técnicas e ferramentas que serão utilizadas a fim de gerar uma saída, o resultado esperado. Caberá ao gerente de projetos e sua equipe administrarem com cuidado cada processo. Estes grupos de processos garantirão um fluxo eficaz ao longo do ciclo de vida do projeto. As seções seguintes descreverão cada um dos cinco grupos de processos que compõem os processos de gerenciamento de projetos. Cada um desses grupos possui uma dependência, assim haverá interação entre eles. Isto quer dizer que por vezes a saída (o resultado) de um processo pode dar origem a outro processo, não necessariamente do mesmo grupo de processos. GRUPOS DE PROCESSOS DE INICIAÇÃO Podemos definir os grupos de processo de iniciação como: - Os processos executados para definir um novo projeto ou uma nova fase de um projeto existente através da obtenção de autorização para iniciar o projeto ou fase. A partir do desenvolvimento do escopo preliminar do projeto será definido e refinado o escopo final, com o objetivo de determinar todo o curso de ação do desenvolvimento do projeto. Neste momento poderão ser desenvolvidos todos os planos de gerenciamento e os documentos necessários para a execução do projeto. Vale ressaltar que muitas vezes acontece a necessidade de fazer modificações nestes planos, isto ocorre quando mais informações ou caraterísticas são coletadas ao longo do tempo. Quando isto ocorrer, deve-se sempre tomar cuidados e elaborar planejamentos adicionais, mas sempre tendo em mente o escopo do projeto, para que este não sofra alterações que inviabilizem o projeto como um todo. “O benefício principal deste grupo de processos é delinear a estratégia e a tática, e também o curso de ação ou o caminho para a conclusão do projeto ou da fase com sucesso. Quando o Administração – EAD - 2021 8 grupo de processos de planejamento é bem gerenciado, fica mais fácil conquistar a adesão e a participação das partes interessadas. Esses processos expressam como isto será feito, estabelecendo o caminho para o alcance do objetivo desejado.” (PMBOK, 2013, p. 55) Dentro do grupo de processos de planejamento estão todos os aspectos relacionados ao escopo, integração, custo, qualidade, comunicações, recursos humanos, riscos, aquisições e partes interessadas. Encontram-se os seguintes processos neste grupo: • Desenvolvimento do plano de gerenciamento do projeto. • Planejamento do gerenciamento do escopo. • Coleta dos requisitos. • Definição do escopo. • Criação da estrutura analítica do projeto (EAP). • Planejamento do gerenciamento do cronograma. • Definição das atividades. • Sequenciamento das atividades. • Estimativa dos recursos das atividades. • Estimativa das durações das atividades. • Desenvolvimento do cronograma. • Planejamento do gerenciamento dos custos. • Estimativa dos custos. • Determinação do orçamento. • Planejamento do gerenciamento da qualidade. • Planejamento do gerenciamento dos recursos humanos. • Planejamento do gerenciamento das comunicações. • Planejamento do gerenciamento dos riscos. • Identificação dos riscos. • Realização da análise qualitativa dos riscos. • Realização da análise quantitativa dos riscos. • Planejamento das respostas aos riscos. • Planejamento do gerenciamento das aquisições. • Planejamento do gerenciamento das partes interessadas. GRUPOS DE PROCESSOS DE EXECUÇÃO Podemos definir os grupos de processo de execução como: "Os processos realizados para executar o trabalho definido no plano de gerenciamento do projeto para satisfazer as especificações do projeto." PMBOK (2013, P. 49) Isto quer dizer que neste grupo se encontram todos os processos que serão executados para concluir o projeto, que foram devidamente planejados anteriormente. Aqui serão cumpridas todas as especificações do projeto. Dessa forma existe a necessidade de coordenar pessoas e recursos,gerenciar todos os stakeholders, e também integrar e executar todas as atividades do projeto conforme as especificações do plano de gerenciamento do projeto. Algumas vezes poderão se fazer necessárias algumas mudanças no planejamento devido à alteração nas durações esperadas para as atividades ou até mesmo mudanças na disponibilidade de recursos. Todas estas mudanças afetam o planejamento, por isso devem ser administradas com cautela e devem ser devidamente analisadas de forma detalhada para que se tenham respostas apropriadas para cada solicitação de mudança no planejamento. Vale lembrar que uma grande parte do orçamento será dispendida durante a execução do projeto. Dentro do grupo de processos de execução encontram-se os seguintes processos: • Orientação e gerenciamento do trabalho do projeto. • Realização da garantia da qualidade. • Mobilização da equipe do projeto. • Desenvolvimento da equipe do projeto. • Gerenciamento da equipe do projeto. • Gerenciamento das comunicações. • Condução das aquisições. • Gerenciamento do engajamento das partes interessadas. GRUPOS DE PROCESSO DE MONITORAMENTO E CONTROLE Administração – EAD - 2021 9 Podemos definir os grupos de processo de monitoramento e controle como: Os processos exigidos para acompanhar, analisar e controlar o progresso e desempenho do projeto, identificar quaisquer áreas nas quais serão necessárias mudanças no plano, e iniciar as mudanças correspondentes. PMBOK (2013, P.49) Neste grupo estarão todos os processos necessários para acompanhar, analisar e organizar a condução do projeto, seu progresso e seu desempenho. Além disso, também identifica as áreas em que serão necessárias mudanças no plano. Pode-se dizer que a principal vantagem deste grupo de processos é a medição e a análise do andamento e desempenho do projeto em intervalos periódicos e regulares, estes possibilitarão identificar variações no plano preestabelecido no gerenciamento do projeto. Além da medição regular ainda é possível fazer medições e análises para ocorrências apropriadas ou em casos de condições excepcionais. Dentro do grupo de processos de monitoramento e controle encontram-se os seguintes processos: • Monitoramento e controle do trabalho do projeto. • Realização do controle integrado de mudanças. • Validação do escopo. • Controle do escopo. • Controle do cronograma. • Controle dos custos. • Controle da qualidade. • Controle das comunicações. • Controle dos riscos. • Controle das aquisições. • Controle do engajamento das partes interessadas. GRUPOS DE PROCESSO DE ENCERRAMENTO Podemos definir os grupos de processo de encerramento como: Os processos executados para finalizar todas as atividades de todos os grupos de processos, visando encerrar formalmente o projeto ou fase." PMBOK (2013, P. 49) Neste momento o projeto já foi entregue, mas ainda se faz necessário formalizar o encerramento do mesmo. Isto quer dizer que as obrigações contratuais precisam ser encerradas, os documentos precisam ser arquivados e todo o projeto (que está documentado) será arquivado para consultas futuras (que farão parte dos ativos em conhecimento organizacional). Existe a possibilidade de encerrar um processo antes de seu término, isto acontece quando o projeto é abortado ou cancelado, ou por estar em alguma situação crítica. Em alguns casos os contratos não podem ser encerrados devido a cláusulas contratuais, reclamações, entre outros, assim, deverão ser providenciados procedimentos específicos para a sua entrega. Isto também deve ocorrer para casos em que a atividade deverá ser transferida para alguma outra unidade organizacional. Dentro do grupo de processos de encerramento encontram-se os seguintes processos: • Encerramento do projeto ou fase. • Encerramento das aquisições. 03 - O PMI (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE) Aprender a respeito do instituto de gerenciamento de projetos (project management institute - pmi) e sobre as certificações disponíveis para o profissional de gerenciamento de projetos. Você sabia que existe uma entidade internacional que tem por responsabilidade cuidar da atualização da metodologia de gerenciamento de projetos, garantindo que ela contenha as melhores práticas de gestão? Administração – EAD - 2021 10 Você sabia que esta entidade também é responsável por um dos mais respeitados programas de certificação profissional que existem? O nome dessa entidade é Instituto de Gerenciamento de Projetos (Project Management Institute - PMI) que é uma associação sem fins lucrativos, que congrega profissionais de gerenciamento de projetos, em vários países ao redor do mundo. Esta entidade atua na divulgação, pesquisa e certificação dos profissionais de gerenciamento de projetos. De acordo com a página eletrônica do Instituto de Gerenciamento de Projetos Brasil, PMI (2015), "esta associação de profissionais de gerenciamento de projetos, auxilia mais de 700.000 membros, profissionais certificados e voluntários em praticamente todos os países do mundo a aumentar o sucesso das suas empresas, evoluir em suas carreiras e tornar a profissão mais madura". CERTIFICAÇÕES Agora que sabemos o que é o PMI, cabe-se perguntar: Que tipo de certificações ele oferece? Quais são os requisitos para obter a certificação? O Instituto de Gerenciamento de Projetos oferece um programa de certificação para profissionais da área de projetos com todos os níveis de escolaridade. A tabela abaixo mostra as certificações oferecidas e os seus requisitos: AÇÃO DESCRIÇÃO REQUISITOS Certificação Profissional de Gerenciamento de Projetos (PMP) Certificação com maior reconhecimento mundial para gerentes de projetos. Ela se destina aqueles profissionais que tem demonstrado competência e experiência na liderança de equipes de projetos. - Formação de quatro anos (bacharel ou equivalente) - Mínimo de três anos de experiência em Gerenciamento de projetos. - 4500 horas em liderança de projetos. - 35 horas de formação em gerenciamento de projetos. Certificação Técnico Certificado em Gerenciamento de Projetos (CAPM) Adequada para o patrocinador de projetos, iniciante em gerenciamento de projetos, ou para quem é um profissional técnico que gostaria de demonstrar conhecimento na área. Esta certificação é interessante para aqueles que ainda estão decidindo os caminhos de sua carreira. - Diploma de ensino médio ou equivalente. - 1500 horas de experiência em projetos. - 23 horas de formação em gerenciamento de projetos. Certificação Profissional em Gerenciamento de Cronograma (PMI-SP) Certificação de especialista para os profissionais que querem se concentrar no desenvolvimento e manutenção de cronogramas de projetos. - Formação de quatro anos (bacharel ou equivalente). - 3500 horas de experiência em gerenciamento de cronograma de projetos. - 30 horas de formação em gerenciamento de cronograma de projetos. Certificação Profissional em Gerenciamento de Riscos (PMIRMP) Certificação de especialista que demonstra competência na avaliação e gerenciamento dos riscos do projeto, minimizando as ameaças e aproveitando as oportunidades. - Formação de quatro anos (bacharel ou equivalente). - 3500 horas de experiência em gerenciamento de risco em projetos. - 30 horas de formação em gerenciamento de risco em projetos. Certificação Profissional de Gerenciamento de Programas do (PgMP) Certificação projetada para aqueles que gerenciam múltiplos projetos complexos que têm ligação direta com os resultados estratégicos e organizacionais. - Formação de quatro anos (bacharel ou equivalente). - Quatro anos de experiência em gerenciamento de projetos. - Quatro anos de experiência em gerenciamento de programas. Certificação Profissional de Gerenciamento de Portfolio (PfMP) Certificação para quem é um gerente de portfólio e que busca comprovar sua capacidade de gerenciar e alinhar um portfólio de projetose programas, a fim de tornar real a estratégia e os objetivos organizacionais. - Formação de quatro anos (bacharel ou equivalente). - 6000 horas de experiência em gerenciamento de portfólios. - Oito anos de experiência profissional em negócios. Administração – EAD - 2021 11 Certificação Profissional Certificado em Métodos Ágeis (PMI-ACP) Certificação criada para profissionais que utilizam metodologias e práticas ágeis para gerenciar seus projetos. - Formação de quatro anos (Bacharel ou Equivalente). - 2000 horas de trabalho em equipes de projetos. - 1500 horas de trabalho em equipes de Projetos utilizando métodos ágeis. - 35 horas de formação em gerenciamento de projetos ágeis. Certificação Profissional em Análise de Negócios (PMIPBA) Certificação para analistas de negócios que trabalham em projetos e programas, bem como gerentes de projetos e programas que realizam análises de negócios como parte de seu trabalho. - Formação de quatro anos (Bacharel ou Equivalente). - 2000 horas de trabalho em equipes de projetos. - 25 horas na etapa do piloto do projeto. - 35 horas na etapa de piloto do projeto após a certificação. ÉTICA NO GERENCIAMENTO DE PROJETOS Você sabia que ao certificar-se o gerente de projetos compromete-se a seguir um código de ética que define quais são os principais princípios e valores da profissão? E que se o profissional de Gerenciamento de Projetos não observar este código de conduta profissional ele pode perder a certificação? Segundo a página eletrônica do Instituto de Gerenciamento de Projetos, o PMI (2015), atuar e comportar-se de forma ética nunca foi tão importante quanto nos dias de hoje, sendo assim, ele acredita na importância e na criticidade de um comportamento ético na profissão de gerenciamento de projetos. Por conta disso, o PMI oferece guias como o Código de Ética e de Conduta Profissional aos profissionais, assim como um caminho para relatar e resolver questões que envolvam um comportamento não-ético através de um Comitê de Ética. Ainda, de acordo o PMI (2015), todos os casos são direcionados ao Comitê de Revisão de Ética do PMI (Ethics Review Committee - ERC) para uma revisão detalhada e definição de ações quando necessárias. "O ERC, possui a autoridade máxima para resolver e encerrar todos os casos de ética submetidos para o Instituto, independentemente de quaisquer circunstâncias. Através da sua associação no Instituto, através da inscrição para as certificações do Instituto, e aceitando servir ao PMI como voluntário, todos estão aceitando e concordando que o Instituto tem autoridade máxima para aplicar o Código de Ética e Conduta Profissional, seus procedimentos e outras políticas relevantes para resolver situações de ética informadas ao instituto." PMI (2015) 04 - GESTÃO DO ESCOPO Permitir que o aluno possa compreender os processos necessários para o apropriada Gestão do escopo do projeto, além de conhecer os métodos utilizados para que as Mudanças do projeto sejam incorporadas ao mesmo. A primeira coisa que um gerente de projeto deve fazer é procurar determinar aquilo que deve ser feito e como deve ser feito, certo? Em outras palavras, ele deve determinar aquilo que chamamos de escopo. O escopo é a base de todo o trabalho a ser realizado em um projeto. Porém, como definir corretamente este escopo? Para compreender adequadamente o conceito de escopo é necessário, antes de mais nada, estabelecer uma distinção entre o escopo do produto e o escopo do projeto, ou seja, entre os requisitos e o trabalho necessário para que um projeto seja levado a cabo. Veja, a confusão entre esses dois conceitos é bem comum, ocorre com muita frequência e nas mais diversas áreas de aplicação. De acordo com Dinsmore (2005, p. 45), o escopo do produto está relacionado ao conjunto de Administração – EAD - 2021 12 características e funções que o produto final deve possuir e, em geral, é "solicitado pelo cliente ou desenvolvido em conjunto com ele e registrado em um documento de requisitos do produto". Por outro lado, o autor nos esclarece que "existe um trabalho que deve ser realizado para que seja construído um produto final com um conjunto de características e funções definidas nos requisitos". A este conjunto de trabalho a ser realizado chamamos de escopo do projeto. Escopo do Produto Escopo do Projeto As caracteristicas e funções que devem ser incluídas no produto ou serviço, representadas por meio de requisitos O trabalho que precisa ser realizado para entregar o produto, serviço ou resultado com as características e funções especificadas. A IMPORTÂNCIA DE SE DETERMINAR O ESCOPO DE UM PROJETO Agora que sabemos a diferença entre o escopo do produto e o escopo do projeto, se você fosse designado como gestor de um projeto seria necessário estabelecer um entendimento completo daquilo que o seu projeto precisa ter definido para alcançar os objetivos, certo? A esse entendimento, que deve conter os objetivos, os requisitos do produto ou serviço a ser desenvolvido, bem como todo o trabalho a ser executado, nós chamamos de escopo. Newton (2011, p. 52), nos explica que determinar o escopo de um projeto requer uma análise minuciosa e deve consistir em toda a informação que você provavelmente necessitará para planejar um projeto. Newton (2011, p. 52) ainda argumenta que o escopo deve ser conciso, de fácil compreensão, abrangente e completo. Segundo este autor, o bom entendimento do escopo é a "pedra fundamental" de todas as outras atividades do projeto. Se você não compreender bem o escopo, é impossível desenvolver qualquer outra atividade do projeto como definir o prazo ou determinar os custos. “O alicerce que serve como base de todos os bons projetos é um entendimento claro do escopo. Sem isso um gestor de projetos terá dificuldade em realizar uma entrega bem sucedida.” NEWTON (2011, P. 51). A GESTÃO DO ESCOPO Agora que conhecemos o que é o escopo do projeto e do produto, surge a dúvida: como fazer para realizar a gestão do escopo de um projeto? Quais são os processos necessários para fazer isso? Xavier (2009, p. 42), nos ajuda a responder essa questão. Para o autor, a gestão do escopo do projeto possui processos necessários para garantir que o projeto inclua todo o trabalho necessário, e somente ele, para terminar o projeto com sucesso. Ainda, segundo Xavier (2009, p. 42), na gestão do escopo a preocupação fundamental é definir e controlar o que está e o que não está incluído no projeto e, para isso, são necessários os seguintes processos: • Coletar requisitos – define e documenta as características dos produtos e serviços do projeto que irão satisfazer as necessidades das partes interessadas, assim como gera o Plano de Gerenciamento de Requisitos (escopo do cliente). • Definir o escopo – desenvolvimento de uma declaração do escopo detalhada do projeto como a base para futuras decisões do projeto. • Criar a EAP – subdivisão das principais entregas do projeto e do trabalho do projeto em componentes menores e mais facilmente gerenciáveis. • Verificar o escopo – formalização das entregas terminadas do projeto. • Controlar o escopo – controle das mudanças no escopo do projeto. Administração – EAD - 2021 13 Ao lado serão representadas as principais entradas e saídas dos cinco processos de gestão do escopo. Além disso, também estão representadas na figura como os processos se comunicam. O PROCESSO DE COLETAR OS REQUISITOS DO CLIENTE O primeiro passo do planejamento do escopo é o processo de coletar os requisitos. De acordo com Valeriano (2005, p. 156) e Xavier (2009, p. 70), este processo tem por finalidade documentar as características dos produtos e serviços do projeto que irão satisfazer as necessidades e expectativas das partes interessadas. Xavier (2009, p. 70) explica que os requisitos "são condições ou capacidades que devem ser supridas pelo produto, serviçoou resultado do projeto, para satisfazer um contrato, padrão, especificação ou outro documento formal". Como vocês sabem, todo processo na gestão de um projeto possui entradas, técnicas e ferramentas para o processo e as saídas deste processo. O processo de coletar os requisitos do cliente não é diferente. Ou seja, para realizar este processo precisamos, em primeiro lugar, de uma entrada que nos permita iniciar o processo. Neste caso a principal entrada é o Termo de Abertura do Projeto, do inglês Project Charter. O Termo de Abertura de um Projeto é o documento em que se encontram os objetivos gerais e a descrição dos produtos do projeto, ambos importantes para entender as exigências das partes interessadas. Agora que temos o Termo de Abertura do Projeto e sabemos quais são os objetivos do projeto, precisamos determinar quais técnicas e ferramentas devemos usar para coletar os requisitos do cliente. Lembrem-se que estes requisitos devem ser coletados no maior nível de detalhe possível. De acordo com Xavier (2009, p. 73), as principais maneiras de coletar os requisitos do produto ou serviço a ser desenvolvido pelo projeto são as seguintes: • Entrevistas – as entrevistas podem ser uma abordagem formal ou informal de perguntas para se coletar informações relevantes sobre as características exigidas pelas partes interessadas do projeto. Ao entrevistar estas partes interessadas o processo de identificação e definição dos requisitos fluirá de forma rápida e acertada. • Técnicas criativas de Grupo – algumas técnicas podem ser usadas para ajudar na definição das especificações, funcionalidades e objetivos dos produtos do projeto. São elas: • Brainstorming (tempestade de ideias): consiste na geração de ideias sem restrições. Qualquer pensamento relacionado ao projeto deve ser coletado. Uma posterior avaliação das ideias sugeridas irá classificá-las. • Classificação: após a coleta de ideias geradas na técnica de brainstorming, o grupo faz uma análise delas, classificando-as e priorizando-as. • Delphi: consiste em um questionário com perguntas técnicas aos especialistas a fim de determinar as especificações do projeto. Este processo que se inicia com a realização de um questionário, posteriormente busca analisar e determinar o consenso das respostas dos diversos especialistas. • Mapa Mental: o mapa mental é um diagrama usado para gerar e conectar ideias por meio de um arranjo que surge de uma ideia central. O resultado inicial é uma representação gráfica de como as ideias se organizam em torno de um tema central. É importante ressaltar que ao coletar os requisitos nós não utilizamos apenas uma única técnica. O normal é utilizarmos um conjunto de técnicas de maneira a obter uma compreensão mais completa destes requisitos. Por fim, as principais saídas do processo de coletar requisitos do cliente são o Plano de Gerenciamento do Escopo e a Matriz de Requisitos. Administração – EAD - 2021 14 Abaixo detalharemos melhor cada um destes documentos que, segundo Xavier (2009, p. 77) e Dinsmore (2005, p. 45), são os seguintes: • Plano de Gerenciamento do Escopo: neste documento será definido o processo de como os requisitos das partes interessadas serão analisados, documentados e gerenciados durante o projeto. Este é um documento formal para comunicação e orientação de todas as partes interessadas. • Matriz de Requisitos: a matriz de requisitos é uma tabela que associa cada necessidade de produto à parte interessada que lhe deu origem. "Facilitando o acompanhamento de sua conclusão e a obtenção de aceite das entregas no processo de verificação do escopo". A matriz ajuda a determinar os resultados esperados para cada uma das partes interessadas e serve também para gerenciar as mudanças de escopo que podem surgir ao longo do projeto. Matriz de requisitos Projeto Nome do gp Id Parte Interessada (origem) Descrição do Requisito Data De Inclusão Prioridade (alta, média, Baixa) Relação Com o Objetivo Verifica Do Por Aprova Do Por O PROCESSO DE DEFINIR O ESCOPO Sabemos que os requisitos das partes interessadas devem ser coletados e documentados, mas como confirmar o entendimento do escopo de cada uma das partes envolvidas de um projeto? A resposta está no processo de definição do escopo. Segundo Xavier (2009, p. 88), esse processo "consiste em desenvolver uma declaração escrita do escopo que será entregue ao cliente (internou ou externo), incluindo os critérios usados para verificar se o projeto foi concluído com sucesso, assim como a estratégia de condução do projeto para a entrega do escopo definido". Para compreendermos melhor o processo de Definir o Escopo é necessário discutir as entradas, as técnicas e ferramentas para o processo e as suas saídas. Com relação às entradas, neste momento do projeto, já temos dois documentos fundamentais: o Termo de Abertura do Projeto (Project Charter) e a Matriz de Requisitos (Escopo do Cliente). Estes documentos nos permitem ter uma clareza sobre os objetivos do projeto, bem como as necessidades e as expectativas de cada uma das partes interessadas e são fundamentais para a o processo de Definir o Escopo. Sendo assim, discutiremos agora um conjunto de técnicas e ferramentas necessárias para o processo de desenvolver uma declaração escrita do escopo que será entregue. Segundo Xavier (2009), são elas: • Análise de Produto - consiste no desenvolvimento de uma melhor compreensão sobre o produto do projeto. Este trabalho deve ser realizado junto aos especialistas no produto ou serviço que o projeto pretende entregar. • Identificação de Alternativas - qualquer técnica para gerar diferentes abordagens sobre o projeto, como por exemplo o brainstorming. • Opinião especializada - opiniões de especialistas podem dar suporte durante o processo de definição do escopo. Estes especialistas podem ser consultores, parceiros técnicos, outras unidades da organizção, associações, entre outras. Por fim, obteremos como a principal saída deste processo a Declaração do Escopo. A Declaração do Escopo é um documento formal que contém a descrição detalhada do escopo do projeto e que servirá como base para as futuras decisões. Este ocumento, fornece um entendimento comum do escopo entre todas as partes interessadas. É muito importante ressaltar que, quando a definição do escopo não é abrangente o sufuciente, os custos finais poderão ser maiores, devido as possíveis Administração – EAD - 2021 15 alterações e o retrabalho necessário para corrigir os problemas decorrentes da definição incompleta do escopo, o que aumentará a duração do projeto e diminuirá a produtividade dos trabalhadores. O PROCESSO DE CRIAÇÃO DA EAP Vimos que a declaração do escopo é o documento que confirma um entendimento único do escopo de um projeto com todas as partes interessadas. Porém, como transformar esses requisitos (escopo do produto) no trabalho necessário que deverá ser desenvolvido ao longo do projeto (escopo do projeto)? A resposta para isso é o desenvolvimento da estrutura analítica do projeto (EAP). Este importante diagrama, também conhecido como Estrutura de Decomposição do Trabalho (EDT), trata da subdivisão dos resultados principais do projeto em componentes menores para o melhor gerenciamento do projeto. A EAP cumpre uma importante função ao determinar qual trabalho será realizado no projeto. Este processo é muito importante, pois a elaboração da EAP é central para a gestão do escopo do projeto e trata-se de um pré- requisito fundamental para determinação do prazo e do custo de um projeto. O PROCESSO DE VERIFICAR O ESCOPO Os processos de coleta de requisitos do cliente, de definição do escopo e de criação da estrutura analítica do projeto (EAP), fazem parte, como sabemos, da etapa de Planejamento do Projeto. Mas devemos nos perguntar: o que devemos fazer com relação ao escopo, durantea etapa de execução do projeto? A resposta para esta questão é o processo de Verificação do Escopo. O que ocorre é que, com o início da execução de um projeto, o trabalho começa a ser realizado e aqueles objetivos, requisitos e atividades que nos propomos a realizar precisam ser verificadas e ter a sua entrega formalmente aprovada pelo cliente. De acordo com Valeriano (2005, p. 157) e Xavier (2009, p.189) o processo de verificação do escopo trata-se da obtenção de uma aprovação formal das entregas para cada uma das partes interessadas. De fato, o nome verificação pode não expressar completamente o que esse processo faz, o mais correto seria aceitação do escopo. As principais entradas desse processo são a estrutura analítica do projeto, a matriz de requisitos e a declaração do escopo. Com estes artefatos em mãos, podemos então utilizar a principal técnica/ferramenta para a verificação formal do escopo: a inspeção. A inspeção consiste na verificação do escopo propriamente dita, que é feita por meio de auditorias que examinam os resultados do trabalho e asseguram que eles foram completados conforme as expectativas das partes interessadas. Ainda em Valeriano (2005, p. 157) e Xavier (2009, p. 189) destaca-se que, uma vez que as inspeções foram realizadas, esperamos obter as seguintes saídas deste processo: • Entregas Aceitas – é o objetivo do processo de Aceitação do Escopo. O que se pretende com esse processo é a obtenção formal, ou seja, registrada e documentada, de cada uma das entregas. • Solicitação de Mudanças - Durante o processo de verificação do escopo podem ser detectadas necessidades de mudança no escopo do cliente. O PROCESSO DE CONTROLAR O ESCOPO Ainda na etapa da execução de um projeto, surge a seguinte questão: como controlar o escopo que planejamos e como lidar com as possíveis mudanças que podem ocorrer? Parte da resposta para isso está no processo de Controlar o Escopo. De acordo com Xavier (2009, p. 198), o controle do escopo "é o processo responsável por monitorar o status do escopo do projeto" e controlar as possíveis mudanças que possam acontecer. Por controlar a mudança não devemos entender que estas devem ser impedidas, mas sim gerenciadas. O autor argumenta que com relação as mudanças, o controle do escopo consiste em: • Influenciar os fatores que geram as mudanças do escopo para assegurar que, ao serem solicitadas,tenhamos a concordância das partes interessadas. • Detectar que uma mudança no escopo ocorreu. • Administrar estas mudanças quando elas ocorrem. A principais entradas para este processo são a estrutura analítica do projeto (EAP) e os relatórios de desempenho. Os relatórios de desempenho são uma saída do gerenciamento de comunicações do projeto e resumem as informações coletadas de maneira a fornecer Administração – EAD - 2021 16 as partes interessadas os dados sobre o atingimento dos objetivos do projeto. Eles contêm informações sobre aquilo que já foi realizado, bem como as métricas de comparação entre o realizado e aquilo que foi planejado para o projeto. A EAP e o relatório de desempenho são importantes entradas para o processo de controlar o escopo, estes também devem ser associados às solicitações de mudança e a matriz de requisitos, que juntos formarão as entradas para este processo. Com estes artefatos de entrada em mãos podemos fazer uso de algumas técnicas/ferramentas para procedermos o controle do escopo. De acordo com Xavier (2009, p. 204), são elas: • Sistema de Controle de Mudanças – define os procedimentos para efetuar mudanças no escopo do projeto e escopo do produto. O Sistema de Controle de mudanças inclui documentos relativos à mudança e processos de acompanhamento da relação dos níveis de aprovações necessários para a autorização de mudanças. • Medição do desempenho – técnicas de medição de desempenho que auxiliam na avaliação da extensão de quaisquer desvios que venham a ocorrer. • Replanejamento – alterações do escopo podem requerer modificações na EAP, na declaração do escopo do projeto e no plano de gerenciamento do projeto. Por fim, segundo Xavier (2009, p. 211), como principais saídas do processo de Controlar o Escopo temos: •Informações do desempenho no trabalho – as informações sobre o desempenho do trabalho são geradas para tomada de decisão a partir dos dados sobre o desempenho do trabalho e apresentadas nos relatórios de desempenho do trabalho. São exemplos de informações sobre desempenho: status das entregas, até que ponto os padrões de qualidade estão sendo atendidos, estimativas para terminar as atividades do cronograma que foram iniciadas, lições aprendidas documentadas e detalhes da utilização de recursos. • Atualizações do Plano de Projeto – as mudanças de escopo aprovadas devem ser refletidas no plano de projeto. • Atualizações nos documentos do Projeto – os documentos do projeto são referenciados como entrada de dois processos e suas atualizações de praticamente todos processos. As alterações de escopo aprovadas no projeto devem ser referenciadas nos documentos do projeto. 05 - EAP - ESTRUTURA ANALÍTICA DO PROJETO Você sabia que um dos grandes desafios de um projeto é determinar o escopo total do trabalho que será realizado? É para isto que é utilizada a Estrutura Analítica do Projeto (EAP). Como sabemos, a Declaração de Escopo contém o entendimento de todas as partes envolvidas sobre quais são os objetivos e os requisitos que deverão ser desenvolvidos pelo projeto. Ela é um documento descritivo, de natureza formal e que deve conter a aprovação do responsável pelo projeto e de todas as partes interessadas envolvidas. Após esta aprovação, o escopo do projeto deverá ser detalhado e neste processo os principais entregáveis serão decompostos em componentes menores com finalidade de promover o melhor gerenciamento do projeto. A ferramenta utilizada para realizar este detalhamento do escopo é a EAP, que também pode ser referenciada na literatura pelo termo em inglês, Work Breakdown Structure (WBS), ou ainda EDT, Estrutura de Decomposição do Trabalho. O PROCESSO DE CRIAR A EAP Segundo Valeriano (2005, p. 157) a EAP “consiste em uma forma de apresentação do projeto que mostra graficamente tanto o produto a ser feito quanto o trabalho a ser realizado.” “Todo o trabalho deve estar representado de alguma forma na EAP e, caso não esteja,não é trabalho a ser realizado no projeto.” DINSMORE (2005, P. 46). Xavier (2009, p. 100) explica que a EAP é “uma estrutura hierárquica que tem por objetivo, após elaborada e aprovada, ser a base de referência do escopo do projeto” e tanto Valeriano (2005, p. 157) quanto Xavier (2009, p. 100) mostram que a EAP pode ser apresentada sob duas formas: como Administração – EAD - 2021 17 uma relação ou lista identada e, na sua forma gráfica, como um diagrama conhecido como “árvore de ecomposição do projeto ou árvore de decomposição do trabalho”. Para poder exemplificar, de uma maneira simples, como seria a EAP em sua forma gráfica e na forma de uma lista identada, tomemos como exemplo um projeto hipotético de uma reforma em sua casa. As figuras abaixo ilustram estes dois artefatos: REPRESENTAÇÃO DA EAP COMO UMA LISTA IDENTADA PROJETO DE REFORMA DA CASA 1.0 - Alvenaria 1.1 - Realizar alterações estruturais na fachada 1.2 - Substituir o telhado 2.0 - Hidráulica 2.1 - Instalar nova caixa de água 2.2 - Instalar sistema de aproveitamento de água da chuva 2.3 - Substituir encanamentos antigos 3.0 - Elétrica 3.1 - Substituir toda a fiação antiga 3.2 - Substituir todas as tomadas para o padrão brasileiro 3.3 - Instalar luminárias ecológicas 4.0 - Acabamento 4.1 - Substituir pisos e azulejos 4.2 - Pintar fachadas e cômodos 5.0 - Gerenciamento do projeto 5.1 - Realizar Atividades de Iniciação 5.2 - Realizar Atividades de Planejamento 5.3 - Realizar Atividades de Controle Agoraque sabemos o que é uma EAP cabe-se perguntar: por que utilizar essa ferramenta? De acordo com Dinsmore (2005, p. 47) a resposta é simples, pois em termos de gerenciamento a EAP é um apoio efetivo em toda a vida do projeto. Ela permite separar o entregável do projeto em suas partes, garantindo que o escopo aprovado irá cumprir os objetivos gerais do projeto. Além disso, a EAP auxilia no planejamento dos recursos necessários e nos permite ter uma base que nos permita determinar as estimativas de prazo e de custos do projeto. De acordo com Maximiano (2010, p. 59) “a EAP também cumpre o importante papel de gerar clareza para as partes interessadas, não apenas dos entregáveis, mas de todos os outros elementos do projeto” Segundo Valeriano (2005, p. 156), o processo de criação da EAP é constituído pelo seguinte conjunto de entradas, técnicas/ferramentas e saídas: Entradas • Declaração do Escopo – A declaração do escopo permite-nos ter uma descrição clara do trabalho, bem como saber, de maneira detalhada, quais são os objetivos e os requisitos do projeto. Trata-se de uma entrada fundamental para o processo de criação de uma EAP. • Plano do Projeto – O plano de gerenciamento do projeto é um documento criado pelo gerente de projetos, em colaboração com as partes interessadas, com o objetivo de ser o principal documento de orientação ao gerenciamento do projeto. Técnicas/Ferramentas • Modelos de EAP - Tratam-se de modelos de EAP já utilizados em projetos anteriores e que podemser reaproveitados. Administração – EAD - 2021 18 • Decomposição do Trabalho – É a principal técnica utilizada na elaboração de uma EAP. Trata-se da subdivisão dos principais produtos de um projeto até que eles cheguem em um nível suficiente para a auxiliar a equipe a determinar quais são os pacotes de trabalho e as atividades que compõem o projeto. Saídas • EAP – Trata-se da representação gráfica e da lista identada que conterá todo o trabalho a ser realizado no projeto. • Dicionário da EAP - Além da representação gráfica e da lista identada também é necessário produzir um documento que descreva cada um dos elementos de uma EAP. O dicionário da EAP deve possuir uma descrição dos pacotes de trabalho, podendo incluir outras informações de planejamento, tais como, qualidade, risco e pessoal designado. DICIONÁRIO DA EAP O Dicionário da EAP é um documento que descreve em maior riqueza de detalhes cada um dos pacotes de trabalho de uma Estrutura Analítica do Projeto. De acordo com Xavier (2009, p. 117) o Dicionário da EAP deve incluir informações tais como: • Número de identificação na EAP; • Especificação da entrega a ser gerada; • Critério de aceitação; • Aprovação do patrocinador do projeto. A figura abaixo é um exemplo do Dicionário da EAP do pacote de trabalho “1.2 – Substituir o telhado”: DICIONÁRIO DA ESTRUTURA ANALÍTICA DO PROJETO Nome do Projeto: Reforma da Casa Data: __/__/__ Aprovado por: José da Silva proprietário do imóvel Versão: 01 Identificação da EAP Pacote de Trabalho Especificação Critério de Aceitação 1.1 Substituir o Telhado Serão retiradas as telhas antigas da casa em questão, com reaproveitamento do madeiramento atual. Deverá ser feita a instalação de telhado de fibrocimento na cor "bege" referência da marca Eternit. Deverá ser feita adequação do ripamento para instalação da telha de fibrocimento em questão, de acordo com o manual do fabricante. A instalação do novo telhado deverá ser feito de acordo com as normas de execução. Atender as especificações de projeto. Cumprir o escopo, o prazo e o custo estabelecidos no plano do projeto. O pacote de trabalho só será considerado entregue quando for formalmente aceito 06 – GESTÃO DO TEMPO Compreender a área de conhecimento responsável pela gestão do tempo do projeto, Além de entender quais são os sete processos que compõe a gestão do tempo e os Resultados finais a serem alcançados em cada um destes. Quantas vezes já aconteceu de você ficar até mais tarde no trabalho? Alguma vez precisou levar trabalho para casa ou precisou trabalhar em seu dia de folga? Se você já passou por alguma dessas situações é bem provável que você esteja encontrando dificuldades em administrar o seu tempo. E esta não é uma tarefa tão simples, não é mesmo? Ainda mais quando temos muitas atividades a serem realizadas e o tempo parece estar passando mais rápido que o normal. E quando ainda nos dão um prazo impossível? Se você também luta contra o relógio, está na hora de começar a administrar o tempo de forma eficaz e eficiente, estabelecendo prioridades e pensando no sequenciamento das atividades a serem desenvolvidas (o que fazer primeiro, o que pode ser feito de forma simultânea, o que pode esperar, Administração – EAD - 2021 19 pois tem folga). Em projetos acontece a mesma coisa! Administrar o tempo não é uma tarefa fácil, por isso o guia PMBOK (2013) orienta seguir alguns processos que ajudarão a controlar melhor o tempo do projeto. Mas antes de entrar neste assunto vamos recordar alguns pontos importantes sobre projetos. O que é um projeto? Sabemos que um projeto é “um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado único” (PMBOK, 2013, p. 558) e que seu sucesso depende de três pilares de sustentação: custo, prazo e qualidade. Um esforço temporário significa que existe um prazo (um início, meio e fim previamente determinados). E isto quer dizer que o fator tempo (prazo) é um pilar de sustentação de um projeto, se este falhar todo o projeto falhará. É preciso trabalhar em conjunto com o custo, prazo e qualidade para garantir o sucesso do projeto. Segundo Muto e Taveira (2008, p. 122), o “gerenciamento do tempo do projeto é uma das áreas em que as pessoas demonstram maior dificuldade”. Vargas (2009, p. 63) complementa que “o gerenciamento do tempo, juntamente com o gerenciamento de custos, são as mais visíveis áreas do gerenciamento de projeto”. Afinal, se um projeto atrasar este acabará dispendendo mais custos do que o previsto, comprometendo assim o orçamento do projeto. E como vencer esta dificuldade? Dessa forma, o principal objetivo do gerenciamento do tempo é o cumprimento do prazo estabelecido para o projeto, por meio de um planejado e controlado cronograma. Se toda a gestão do tempo puder ser resumida em poucas palavras, pode-se dizer que ela consiste no cuidadoso preparo de um cronograma e no seu criterioso controle, para que o projeto seja concluído no tempo previsto.” VALERIANO (2005, P. 165) GRUPOS DE PROCESSOS DO GERENCIAMENTO DO TEMPO A gestão do tempo possui sete processos que estão distribuídos na fase de planejamento e de monitoramento e controle do ciclo de vida do projeto. Na fase de planejamento é preciso planejar o gerenciamento do cronograma. Para isso primeiramente é preciso definir as atividades e sequenciá-las. Depois será preciso estimar os recursos das atividades e suas respectivas durações. Dessa forma poderá ser desenvolvido o cronograma do projeto. Na fase de monitoramento e controle este cronograma precisará ser controlado para que não haja atrasos no projeto. Observe a animação abaixo para que você possa compreender de forma clara os processos que fazem parte do gerenciamento do tempo. Precisamos lembrar que um processo é sempre composto por entradas que serão transformadas em saídas. Cada um desses processos descritos na figura acima possuirá suas respectivas entradas e estas, por meio de técnicas e ferramentas apropriadas, serão transformadas em saídas. Você notará que a saída de um processo será usada como recurso de entrada para o processo seguinte. Estes processos interagirão entre si e com as demais áreas de conhecimento de projetos (integração, escopo, tempo, custo, qualidade, recursos humanos, comunicação, riscos, aquisições e partes interessadas). PLANEJAR O GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA O processo de planejar o gerenciamento do cronogramavisa estabelecer as políticas, os procedimentos e a documentação do cronograma do projeto: seu planejamento, desenvolvimento, gerenciamento, execução e controle. “O principal benefício deste processo é o fornecimento de orientação e instruções sobre como o cronograma do projeto será gerenciado ao longo de todo o projeto”. (PMBOK, 2013, p. 145) O plano de gerenciamento do cronograma está interligado ao plano de gerenciamento do projeto (pertencente ao grupo de processos da gestão da integração), seu objetivo é identificar um método e uma ferramenta de cronograma e estabelecer os critérios para o controle do mesmo. O método do caminho crítico é um método muito comum e usado no gerenciamento do cronograma. A figura abaixo ilustra o processo de planejar o gerenciamento do cronograma, com suas entradas, suas respectivas ferramentas/ técnicas e suas saídas. Administração – EAD - 2021 20 Como pode ser observado na figura, para elaborar o plano de gerenciamento do cronograma (que é a saída deste processo) será preciso ter algumas entradas, são estas: 1. O plano de gerenciamento do projeto – este é o plano que definiu e integrou todos os planos que fazem parte do projeto, tais como o plano de gerenciamento do escopo, da qualidade, de aquisições, entre outros. É por ele que todo o projeto será conduzido. 2. O termo de abertura do projeto – é o documento que formalizou a autorização para o início do projeto e identificou e deu autoridade ao gerente de projetos, que por sua vez, aplicará os recursos necessários para o desenvolvimento das atividades do projeto. 3. Fatores ambientais da empresa – alguns fatores internos da organização podem influenciar as decisões de planejamento do cronograma, tais como: estrutura e cultura organizacionais, disponibilidade de recursos, o software disponível na organização, entre outros. 4. Ativos de processos organizacionais – dentre os ativos que podem influenciar o desenvolvimento do cronograma, temos: a base de conhecimento corporativo da empresa (todos os conhecimentos adquiridos em projetos anteriores formarão uma base que ajudará no desenvolvimento de projetos futuros, as informações históricas, modelos estabelecidos etc.) e os processos e procedimentos da organização para realizar o trabalho (tais como políticas, procedimentos, planos e diretrizes formais e informais). Para ajudar no desenvolvimento do plano de gerenciamento do cronograma é possível usar algumas técnicas e ferramentas, tais como: 1. Opinião Especializada – a experiência de projetos passados e suas informações históricas poderão nortear a condução do trabalho de desenvolvimento do cronograma do projeto. Além disto, especialistas no assunto, na área de conhecimento, no setor econômico etc. também podem contribuir significativamente em todo o projeto, tanto para este processo quanto para outros processos. 2. Técnicas analíticas – metodologia de elaboração do cronograma, ferramentas e técnicas de cronograma, abordagens e formatos de estimativa, e software de gerenciamento de projetos são opções a serem usadas para o desenvolvimento do cronograma. As técnicas podem incluir planejamento em ondas sucessivas (técnica de planejamento iterativo que trabalha com níveis de detalhamento que podem evoluir ao longo do tempo à medida que o trabalho é desenvolvido), antecipações e esperas (técnica usada para estabelecer a quantidade de tempo que uma atividade sucessora pode ser adiantada em relação a uma atividade predecessora), análise de alternativas e métodos de avaliação do desempenho do cronograma. 3. Reuniões – com o objetivo de desenvolver o plano de gerenciamento do cronograma é comum ocorrer reuniões com o gerente de projetos, patrocinador e membros selecionados da equipe do projeto e das partes interessadas sempre que necessário. A saída do processo é o plano de gerenciamento do cronograma, considerado um documento de apoio do projeto. Segundo Vargas (2009, p. 67) ele formalizará “os procedimentos que serão utilizados para gerenciar todos os prazos do projeto” e incluirá: Administração – EAD - 2021 21 • Título do projeto; • Nome da pessoa que elaborou o documento; • Descritivo dos processos de gerenciamento do cronograma (regras gerais); • Priorização das mudanças de prazos; • Sistema de controle de mudanças de prazos (Time Change Control System); • Frequência de avaliação de prazos do projeto; • Alocação financeira para o gerenciamento do cronograma; • Outros assuntos relacionados ao gerenciamento de tempo não previstos no plano; • Registro de alterações no documento; • Aprovações. DEFINIR AS ATIVIDADES O processo de definir as atividades será responsável por identificar quais são as ações específicas necessárias para que sejam produzidas as entregas do trabalho. “O principal benefício deste processo é a divisão dos pacotes de trabalho em atividades que fornecem uma base para estimar, programar, executar, monitorar e controlar os trabalhos do projeto” (PMBOK, 2013, p. 147). Na gestão do escopo do projeto foi elaborada a estrutura analítica do projeto (EAP), que segundo Valeriano (2005, p. 157) é uma representação gráfica de todo o trabalho a ser realizado. Dessa forma, a EAP “explicita em suas partes físicas, em softwares, serviços e outros topos de trabalho, a qual organiza, define e mostra graficamente tanto o produto a ser feito como o trabalho a ser realizado para obtê-lo”. Isto quer dizer que, com base na EAP, já é possível identificar todos os pacotes de trabalho que precisam ser realizados, e por meio dela poderão ser definidas as atividades necessárias para a entrega desses trabalhos. A gestão do tempo não se interessa pela entrega propriamente dita, mas sim pelas atividades necessárias para realizar esta entrega, pois são estas que demandam tempo. Observe a figura abaixo com a ilustração de uma EAP. Por exemplo, “fazer café” pode ser um pacote de trabalho, uma entrega ou produto, mas a gestão do tempo não se preocupa com o café coado e sim com as atividades necessárias para realizá-lo, tais como: ferver água, separar filtro e bule, colocar pó de café no filtro, coar o café etc. São estas atividades que demandarão tempo, não é mesmo? Isto quer dizer que para realizar o processo de definir as atividades, serão necessárias algumas entradas tais como o plano de gerenciamento do cronograma (realizado anteriormente pela gestão do tempo) e a linha de base do escopo (realizado pela gestão do escopo). Além dessas entradas, este processo ainda necessitará dos fatores ambientais da empresa e os ativos de processos organizacionais, pois estes podem afetar a forma de condução deste processo. Observe a figura abaixo com as entradas, as ferramentas e técnicas utilizadas neste processo e suas saídas. Como você pode observar na figura, serão usadas algumas técnicas já conhecidas e abordadas anteriormente, como a opinião especializada e o planejamento em ondas sucessivas. A novidade aqui consiste na decomposição do escopo, que segundo PMBOK (2013, p. 151) “é uma técnica usada para dividir e subdividir o escopo do projeto e suas entregas em partes menores e mais fáceis de gerenciar”. “A lista das atividades, a EAP e o dicionário da EAP podem ser desenvolvidos sequencialmente ou paralelamente, com ambos servindo de base para o desenvolvimento da lista final das atividades. Cada pacote de trabalho dentro da EAP é decomposto em atividades menores, necessárias para a Administração – EAD - 2021 22 produção das entregas do pacote de trabalho. O envolvimento de membros da equipe na decomposição pode gerar resultados melhores e mais precisos.” PMBOK (2013, P. 152) Fazendo uso dessas ferramentas e técnicas poderão ser obtidas as seguintes saídas: • Lista de atividades – esta lista apresentará todas as atividades do cronograma necessárias para realizar o trabalho e deverá incluir um identificador de atividades e uma descrição do escopo do trabalhode cada uma delas. O objetivo é poder detalhar o que deve ser feito e como deve ser feito. • Atributos das atividades – é uma ampliação da descrição das atividades. Estes “podem ser usados para identificar a pessoa responsável pela execução do trabalho, a área geográfica, ou o local onde o trabalho deve ser realizado, o calendário do projeto a que a atividade foi designada e o tipo de atividade como nível de esforço (frequentemente abreviado como NDE), o esforço distinto e o esforço distribuído” (PMBOK,2013, p. 153). • Lista de marcos – marco é um ponto significativo do projeto, semelhante a uma atividade, mas com duração zero. São representações de um momento de tempo do projeto. A tabela abaixo apresenta um modelo de lista de atividades para o projeto café da manhã servido na cama. A tabela abaixo apresenta um modelo de lista de atividades para o projeto café da manhã servido na cama. Identificação da Atividade Abreviação da Atividade Nome da Tarefa 01 INICIO Café da manhã na cama 02 A Buscar equipamentos e materiais necessários 03 B Encher a chaleira 04 C Ferver a água 05 D Passar o café 06 E Colocar o café no bule 07 F Encher a panela com água 08 G Ferver a água 09 H Cozinhar ovos 10 I Descascar os ovos e colocá-los no prato 11 J Selecionar os pães 12 K Tostar os pães 13 L Passar manteiga nos pães 14 M Lavar e cortar as laranjas 15 N Espremer as laranjas 16 O Colocar o suco na jarra 17 P Colocar todos os itens na bandeja 18 Q Levar a bandeja no quarto 19 TÉRMINO Fim do Projeto Fonte: Carvalho (2015, p. 99-100) Uma vez listada todas as atividades poderão ser possíveis analisá-las para poder sequenciá-las. SEQUENCIAR AS ATIVIDADES O processo de sequenciar as atividades é responsável por identificar quais são os relacionamentos existentes entre as atividades. O objetivo é saber se uma atividade requer que outra esteja finalizada primeiramente, se a atividade pode ser feita em paralelo a outra atividade etc. “O principal benefício deste processo é definir a sequência lógica do trabalho a fim de obter o mais alto nível de eficiência em face de todas as restrições do projeto” (PMBOK, 2013, p. 153). Administração – EAD - 2021 23 A figura abaixo mostra os possíveis relacionamentos que podem ser encontrados entre as atividades, e estes podem ser transformados em diagramas de rede. Um diagrama de rede pode ser desenvolvido manualmente, mas é mais comum o uso de softwares, como o MS Project, já que projetos normalmente possuem muitas atividades e muitos relacionamentos. Este programa trabalhará com quatro tipos de relacionamentos lógicos de dependência conforme quadro abaixo. Término a Início (TI) Relação no qual o início da atividade sucessora depende do término da atividade predecessora. Essa é a forma mais comum de relacionamento quando as atividades são sequenciais. Início a Início (II) Relação na qual o início da atividade sucessora depende do início da atividade predecessora. Essa forma de relacionamento ocorre quando as atividades podem ocorrer ao mesmo tempo, em paralelo. Término a Término (TT) Relação na qual o término da atividade sucessora depende do término da atividade predecessora. Essa forma de relacionamento também está associada a atividades que ocorrem ao mesmo tempo, em paralelo. Início a Término (IT) Relação na qual o término da atividade sucessora depende do início da atividade predecessora. Essa forma de relacionamento é raramente utilizada, mas é disponibilizada para oferecer uma lista completa de possíveis relacionamentos. Assim como os demais processos, o processo sequenciar as atividades também requer entradas, ferramentas/técnicas e saídas. As entradas deste processo são, na verdade, saídas de outros processos. Estas entradas serão utilizadas para desenvolver o diagrama de rede do cronograma do projeto e possíveis atualizações nos documentos do projeto. Observe a figura abaixo: Como observado na figura acima, quando determinada as dependências por meio das ferramentas/técnicas (método do digrama de precedência, determinação de dependência e antecipações e esperas) será possível elaborar o diagrama de rede do cronograma do projeto e fazer possíveis atualizações nos documentos do projeto. Dando continuidade ao projeto café da manhã e estabelecendo as suas dependências, poderemos Administração – EAD - 2021 24 desenvolver o diagrama de rede abaixo: Como pode ser observado na figura, preparar os ovos e o café, por exemplo, são atividades que podem ser executadas em paralelo, mas não podemos nos esquecer de que os recursos necessários para realizar esta atividade podem comprometer também a forma e a sequência de execução. Neste caso, o recurso humano e sua habilidade em executar estas atividades ao mesmo tempo podem afetar o projeto. Imagine se a pessoa não consegue realizar duas coisas ao mesmo tempo? Isto quer dizer que a sequência, o diagrama de rede, mudaria completamente, não é mesmo? Isso também mudaria o tempo de duração do projeto. Por este motivo é sempre importante, antes de fechar um cronograma, estimar os recursos necessários para a realização de cada atividade e o tempo de duração delas. ESTIMAR OS RECURSOS DAS ATIVIDADES O processo de estimar os recursos das atividades é responsável por determinar quais tipos e quantidades de recursos serão necessários no projeto, tais como: materiais, pessoas, equipamentos/maquinários entre outros. “O principal benefício deste processo é identificar o tipo, quantidade e características dos recursos exigidos para concluir a atividade, permitindo estimativas de custos e de duração mais exatas” (PMBOK, 2013, p. 160). A figura abaixo demonstra as entradas, ferramentas/técnicas e as saídas do processo de estimar os recursos das atividades: O objetivo deste processo é determinar os requisitos de recursos das atividades e montar uma estrutura analítica dos recursos, e, se necessário, fazer atualizações nos documentos do projeto. Este processo deverá estar atrelado à gestão de custos, uma vez que recursos podem representar um custo significativo no projeto. ESTIMAR AS DURAÇÕES DAS ATIVIDADES O processo de estimar as durações das atividades é responsável por determinar qual a previsão de duração para cada uma das atividades necessárias para a condução do projeto. Com base nestas durações e seus respectivos sequenciamentos que poderá ser elaborado o cronograma do projeto. “O principal benefício deste processo é fornecer a quantidade de tempo necessária para concluir cada atividade, o que é uma entrada muito importante no processo Desenvolver o cronograma” (PMBOK, 2013, p. 165). A figura abaixo ilustra o processo de estimar as durações das atividades. Administração – EAD - 2021 25 Para Carvalho (2015, p. 104), determinar a duração e uma atividade depende de uma série de informações, tais como: • Estimativas de recursos humanos – quantas pessoas são necessárias, quantas horas são alocadas pelas pessoas, qualificação, e o responsável por executar cada atividade. • Estimativas de equipamentos – máquinas, ferramentas, equipamentos e quanto tempo de alocação será necessário em cada um deles para realizar cada tarefa. • Estimativa de materiais – levantar os materiais necessários em cada etapa. • Estimativa de custos – custos de materiais, máquinas, ferramentas, equipamentos e recursos humanos. • Estimativas de tempo – tempo necessário para a execução de cada tarefa. Notou que estimar o tempo das atividades está diretamente relacionado com as estimativas dos recursos necessários para cada uma delas? A duração e os recursos também se relacionam diretamente com os custos. Aqui você nota novamente como custo, prazo e qualidade realmente são os pilares de sustentação de um projeto e estão diretamente relacionados. Quando as durações das atividades forem estabelecidas poderemos fazer atualizações no
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