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CURSO DE DIREITO DISCIPLINA: ARA0570 - DIREITO CIVIL – CONTRATOS PROFESSOR ROBSON PEREIRA SILVA – TURMA: 2001 Aluno: Marcelo Alves de Souza_____ Matrícula: ______202001261451_________ 1. São Espécies de interpretação dos contratos: Discorra e fundamente cada um deles. Interpretação contratual - Tem como objetivo descobrir qual a vontade dos contratantes presentes na hora da formação do contrato, é descobrir o que está implícito no conteúdo do contrato. Ensina Caio Mário (2010, p. 51) que “a interpretação é, portanto, uma atividade voltada a reconhecer e a reconstruir o significado das fontes de valoração jurídica que constituem o seu objeto” Temos duas espécies de interpretação: A interpretação declaratória - quando tem como único escopo a descoberta da intenção comum dos contratantes no momento da celebração do contrato. Por exemplo, quando temos, no mesmo contrato, duas cláusulas dizendo coisas diferentes a respeito do mesmo assunto. Os contratantes, pelo princípio da boa-fé, deveriam, por si mesmos, se entender e chegar a um consenso. Não chegando a esse consenso, vão ao juiz para que este “declare” sobre qual é a cláusula, isto é, obrigação que deverá ser cumprida. Interpretação integrativa ou construtiva – quando objetiva o aproveitamento do contrato, mediante o suprimento das lacunas e pontos omissos deixados pelas partes, ou seja, é aquela onde há falta informação e o juiz tem que inserir essa informação naquele acordo de vontades para que o contrato tenha ou gere efeitos jurídicos. 2. Dois princípios hão de ser observados na interpretação dos contratos. Cite-os, discorra e fundamente cada um deles. Não existe no código civil uma lista de regras interpretativas, o que existe são critérios práticos que a jurisprudência foi definindo ao longo do tempo. Porém, temos dois princípios básicos utilizados toda vez que o juiz precisar interpretar um contrato. O artigo 112 do Código Civil diz que nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. Sendo assim, quando estudamos direito civil parte geral, mais precisamente, quando estudamos negócio jurídico, manifestação da vontade, vemos que se atenta muito mais à intenção das partes do que ao que esteja escrito. O contrato pode ser inclusive verbal, porém, mesmo que ele seja escrito, o que o código civil diz é que, se não foi essa a vontade que o contratante gostaria de transcrever neste documento estão, às vezes, o juiz pode afastar o que está escrito, se ficar comprovado e demonstrado que aquele contratante tinha outra intenção, pautada, é claro, nesses dois princípios: Princípio da boa-fé e da probidade que embasa toda a interpretação dos contratos e está previsto nos Art. 113 e 422 do Código Civil. Pois, se eu vou atentar mais para intenção dos contratantes do que o texto do documento, então, para que intenção eu vou atentar? Para intenção que está revestida de boa-fé. O segundo princípio é o da conservação ou aproveitamento do contrato. Quando o juiz for analisar o contrato, ele não vai simplesmente declarar a extinção do contrato. Antes, ele vai fazer uma interpretação declaratória ou uma interpretação construtiva com o objetivo de que aquele contrato seja aproveitado e gere algum efeito legal. O juiz vai se utilizar deste princípio para aproveitar ao máximo aqueles efeitos contratuais. 3. Discorra e fundamente sobre as fases da formação do contrato, a saber: I. Negócios preliminares (pontuação); Negociações preliminares são conversas prévias, debates, sondagens, tendo em vista à celebração do contrato. Nessa fase ainda não há uma vinculação jurídica entre os contratantes, mesmo existindo projeto ou minutas. O professor Antônio Chaves diz que a responsabilidade pré-contratual tem natureza própria, não é extracontratual nem contratual, ou seja, se por um lado ainda não há contrato, por outro já existem tratativas pré-contratuais, e é com base nelas que uma das partes pode vir a responder junto a outra. O fundamento dessa responsabilidade nos é dada pelo código civil ao consagrar o princípio da boa-fé previsto no artigo 422 e a responsabilidade pelo abuso de direito no artigo 187. É por atentar contra o princípio da boa-fé e seus subprincípios como, transparência, lealdade, probidade e é exatamente por exercer abusivamente o direito de se retirar das tratativas, excedendo os limites impostos pela própria boa-fé que a parte causadora do dano será obrigada a indenizar a outra. De qualquer forma, a responsabilidade nesses casos não pode ser transposta para além dos limites do razoável, uma vez que não se pode comparar as negociações preliminares com contrato em si já celebrado. O professor Roberto Senise Lisboa descreve quais os elementos devem estar presente para que se configure a responsabilidade pré-contratual: a existência de uma relação pré-contratual, ou seja, de negociações preliminares; a conduta de uma das partes deve ser antijurídica, violando a paz, a ordem, a harmonia, a boa-fé, a honestidade; a ocorrência de um dano, seja material ou moral; a existência de dolo ou culpa (dispensada, na teoria de alguns doutrinadores) por parte de quem causa esse dano; o nexo causal entre a conduta culpável do agente e o dano. II. Policitação (proposta ou oblação). Discorrer sobre vontade contratual; requisitos da proposta; como pode ser feita a proposta; validade da proposta. “É declaração receptícia de vontade dirigida por uma pessoa a outra (com quem pretende celebrar o contrato), por força da qual a primeira manifesta sua intenção de se considerar vinculada, se a outra parte aceitar” (Carlos Roberto Gonçalves, 2013, p. 51). A oferta traduz uma vontade definitiva de contratar – art. 427, CC. Trata-se de negócio jurídico unilateral (escrito ou verbal) que deve conter todos os elementos essenciais à formação do negócio proposto para ter força obrigatória. O Policitante (ofertante, oferente, proponente, solicitante) é aquele que realiza a proposta; O Oblato (aceitante, policitado, solicitado) é aquele que recebe a proposta. A oferta não terá força obrigatória quando (art. 427, CC): o contrário resultar dos termos dela; dependendo da natureza do negócio (ex.: propostas abertas ao público que limitam à existência de estoque – art. 429, CC); dependendo das circunstâncias do caso – hipóteses do art. 428, CC: (se, feita sem prazo a pessoa presente, não for imediatamente aceita; se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; se, antes da apresentação da oferta, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente). III. Conclusão do contrato. É negócio jurídico unilateral pelo qual alguém concorda com os termos da oferta. Trata-se de direito potestativo do oblato que vincula o proponente a cumprir o que foi ofertado. A aceitação pura e simples faz com que o contrato seja considerado concluído (formado). A aceitação realizada fora do prazo, com adições, restrições ou modificações será considerada contraproposta (art. 431, CC) e, neste caso, os papeis do oblato e do proponente se inverterão. A aceitação pode ser escrita ou verbal; expressa ou tácita. O silêncio (aceitação tácita) do oblato excepcionalmente será considerado aceitação quando (art. 432, CC): o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa; o proponente tiver dispensado a aceitação expressa. 4. Discorra e fundamente sobre a classificação dos contratos, a saber: I. Contratos de direito comum e de consumo; Os Contratos de direito comum são contratos convencionais, inspirados pelo liberalismo clássico, prevalecia o ideal de liberdade individual, o individualismo, e imperava a não intervenção do Estado nas relações privadas e na economia, podendo as partes negociarem e contratarem livremente entre si, definindo seus próprios limites e condições. O contrato de consumoé aquele firmado entre o fornecedor e o consumidor, destinatário final do produto ou serviço oferecido, em regra. O contrato de consumo quase sempre possui características de contrato de adesão, em que o consumidor não possui a faculdade de discutir as cláusulas contratuais, cabendo-lhe apenas a aceitação ou não da oferta do fornecedor. II. Contratos consensuais e contratos reais; Consensuais (solo consensu): são aqueles que se formam unicamente pelo acordo de vontades, independente da entrega da coisa ou de determinada forma. São exemplos a compra e venda de móveis pura (art. 482, CC); a locação e o mandato. Reais: são os que exigem, para se aperfeiçoar, além do consentimento, a entrega da coisa que lhe serve de objeto, como os contratos de depósito, comodato e mútuo. III. Contratos solenes; São os contratos que devem obedecer à forma prescrita em lei para se aperfeiçoar (a forma é ad solemnitatem, ou seja, elemento de validade do negócio). IV. Contratos típicos e atípicos; Típicos: são os contratos regulados pela lei, os que têm o seu perfil nela traçado. São exemplos de contratos típicos as vinte e três espécies previstas no Código Civil. Atípicos: são os contratos que resultam de um acordo de vontades, não tendo, porém, as características e os requisitos definidos na lei. Exemplos: hospedagem; factoring; engineering; Os contratos atípicos podem ser: a) atípicos propriamente ditos: frutos da autonomia privada, constituindo negócio jurídico diferenciado, sem similar no ordenamento jurídico; b) mistos: formados pela conjugação de contratos típicos com elementos de negócios não positivados V. Contratos de direito público e de direito privado; Contratos de Direito Público - A Administração Pública figura em um dos polos. São regidos pelas normas de direito público e, subsidiariamente, por normas de direito privado, no que não lhe for incompatível (Ex.: Licitação) Contratos de Direito Privado - Travados entre particulares e regidos pelas normas de direito privado. Podem ser de direito comum, mercantis ou de consumo. VI. Contratos bilaterais e unilaterais; Contratos bilateral - são os contratos que geram obrigações (recíprocas) para ambos os contratantes, como a compra e venda, a locação, o contrato de transporte. Há dependência recíproca das obrigações. Contrato unilateral - são os contratos que criam obrigações unicamente para uma das partes. VII. Contratos onerosos e gratuitos; Onerosos: são contratos em que ambos os contratantes obtêm proveito, ao qual, porém, corresponde um sacrifício patrimonial. Em geral, todo contrato bilateral é oneroso. Exceção – ex.: mandato (ex. com pagamento a posteriori de despesas necessárias à sua execução). Gratuitos ou benéficos: são aqueles em que apenas uma das partes aufere benefício ou vantagem, onerando a outra parte, como sucede na doação pura e no comodato. a) Gratuitos propriamente ditos: acarretam a diminuição patrimonial a uma das partes como ocorre nas doações puras. Ex.: oferecer uma carona a um amigo; b) Desinteressados: não acarretam a diminuição patrimonial a uma das partes, embora beneficiem uma delas. Ex.: comodato e mútuo. VIII. Contratos comutativos e aleatórios; Comutativos: as partes podem antever as vantagens e os sacrifícios que terão, pois não envolvem riscos. Aleatórios (ou de esperança): alea significa sorte, acaso, evento incerto. São contratos em que o objeto é marcado pelo risco. Uma das partes assume o risco de o fato acontecer ou não, dando-lhe ou não o retorno patrimonial desejado. Os contratos aleatórios estão previstos nos arts. 458 a 461 do Código Civil e podem ser: a) Aleatórios por natureza: é o contrato bilateral e oneroso em que pelo menos um dos contraentes não pode antever a vantagem que receberá, em troca da prestação fornecida; b) Acidentalmente aleatórios: são contratos tipicamente comutativos que por certas circunstâncias tornam-se aleatórios. 1. Venda de coisas futuras: o risco pode se referir: • à própria existência da coisa – art. 458, CC (com assunção de risco pela existência). Trata- se de hipótese de emptio spei ou venda da esperança, da probabilidade das coisas ou fatos existirem; • à quantidade – art. 459, CC (sem assunção de risco pela existência). Emptio rei speratae ou venda de coisa esperada. O risco assumido concerne à maior ou menor quantidade da coisa. Se nada existir o contrato será nulo, por falta de objeto. 2. Venda de coisas existentes, mas expostas a risco: - arts. 460 e 461, CC. IX. Contratos principais e acessórios; Principal: é o que tem existência própria, autônoma; Acessório ou adjeto: é o contrato cuja existência depende da existência de outros contratos. X. Contratos de execução imediata e de execução sucessória; Contratos de execução imediata: contratos que se consumam num só ato, sendo cumpridos imediatamente após a sua celebração; Contratos de execução sucessória: são os que se cumprem por meio de atos reiterados, são contratos que se protraem no tempo. XI. Contratos de adesão. São os que não admitem a liberdade de discussão das cláusulas contratuais; 5. Discorra e fundamente sobre Contratos de Adesão. Para subsidiar sua resposta leia os artigos 538 a 564 do Código Civil de 2002. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo. Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde que a alternativa, cabendo a escolha ao consumidor, Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor. (Redação dada pela nº 11.785, de 2008) A doação, por sua vez, é regulada pelos artigos 538 a 564 do Código Civil (Lei nº 10.406/2002). Considera-se doação, o contrato em que uma pessoa, o doador, agindo por determinação própria (liberalidade), transfere gratuitamente do seu patrimônio, bens ou vantagens para o de outra, o donatário, que o aceita livremente (artigo 538). Toda liberalidade pressupõe gratuidade. A doação se caracteriza por ser a título gratuito, diferentemente da compra e venda, que é a título oneroso. 6. Contratos de locação. Base legal: Lei nº 8.245/91 Discorra e fundamente sobre: Locação predial; Contrato através do qual o locador transfere ao locatário a posse de determinado bem imóvel urbano para utilização conforme determinado pela avença e, subsidiariamente, pela legislação. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm#art538 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm#art538 A Lei do Inquilinato prevê não apenas normas de direito material civil, mas também de direito processual (ações locatícias) e de direito penal (penalidades contidas nos arts. 43 e 44 da L ei). O Código Civil terá aplicação subsidiária aos contratos de locação predial. Não se aplica o CDC às relações decorrentes da Lei de Locações. II. Locação residencial; Contrato escrito com prazo igual ou superior a 30 meses – Regra – prorrogação automática após trinta dias (LI Art. 46 §1°) – Contrato por tempo indeterminado, resilível por denúncia vazia (LI Art. 46 §2°) Contrato escrito com prazo inferior a 30 meses ou verbal – Regra – prorrogação automática (LI Art. 47 caput) – Contrato por tempo indeterminado, resilível por denúncia cheia (LI Art. 47 incs. I a V) Contrato de locação para temporada – Considerada subespécie da locação residencial – Possibilidade de pagamento antecipado (Art. 49 e 20) – A temporada não pode exceder 90 dias (Art. 48) – Prorrogação automática após 30 dias (Art. 50) com extinção do pagamento antecipado. – Durante 30 meses a resilição pode ser feita com denúncia cheia e após 30 meses com denúncia vazia e antecedência de 30 dias (Art. 50 parágrafo único) III. Locação não residencial;Espécies de locação e possibilidade de denúncia - Destinadas ao comércio (art. 51) Denúncia cheia (art. 4 e 9) Não renovação (art. 53 I e II) - Destinadas a saúde, ensino e entidades religiosas (art. 53) Denúcia cheia (Art. 9 e 53 II) - Destinadas a lojistas em shopping centers (art. 54) Denúncia cheia (art. 4 e 9) - Outros casos (escritórios e consultórios) (art. 56) Possibilidade de prorrogação por prazo indeterminado e denúncia vazia com prazo de 30 dias (Art. 57). Obs.: Também é considerada espécie de locação não residencial o imóvel locado por pessoa jurídica destinado ao uso de titulares, diretores, sócios, gerentes, executivos ou empregados (Art. 55). Renovação do Contrato – Compulsória – De acordo com as normas do Art. 51 I, II e III cumulativamente – Podendo ser exercido por: Locatário, Cessionário, Sucessores, Sublocatário e Sociedade da qual o locatário é sócio – Deve ser requerida entre 1 ano a 6 meses da data final do contrato (prazo decadencial) – Se não for renovada nem rescindida – contrato prorroga-se automaticamente tornando-se por prazo indeterminado, sujeito a denúncia vazia IV. Ações pertinentes à locação predial: Ação de despejo (Art. 5 ° e Arts. 59 a 66) - Comumente utilizadas em caso de inadimplemento e incisos do Art. 59 Ação revisional (Arts. 19; 68 a 70) - Usada pelo locador ou locatário quando o valor de mercado e o valor reajustado anualmente conforme estabelecido no contrato estão desencontrados. Ação renovatória (Arts. 71 a 75) – Usada para tutelar o direito à renovação compulsória, garantindo ao locatário titular do fundo de comércio o direito de permanecer no imóvel, ainda que contra a vontade do locador. Consignação em pagamento (Lei do Inquilinato Art. 67 combinado com 335 do Código Civil) – Usada em casos de dificuldade em se efetuar o pagamento. 7. Contratos de compra e venda: Base legal: Artigos 481 e seguintes do Código Civil de 2002. Discorra e fundamente sobre: I. Classificação; Bilateral ou sinalagmático: geram obrigações recíprocas entre comprador e vendedor, ou seja, a obrigação do comprador de pagar o preço em dinheiro e a obrigação do vendedor de transferir o domínio da coisa. Consensual: em regra, o contrato de compra e venda é consensual, pois, se aperfeiçoa com a simples vontade das partes, independente da entrega da coisa, art.482, CC. Oneroso: ambas as partes obtêm proveito, a qual corresponde a um sacrifício patrimonial. Comutativo: em regra, é comutativo, pois, de imediato, se apresenta certo o conteúdo das prestações recíprocas. As prestações são certas e as partes podem antever as vantagens e sacrifícios, que geralmente se equivalem. Mas pode ser também aleatório, quando tiver por objeto coisas futuras (emptio spei ou venda da esperança, isto é, da probabilidade de as coisas ou fatos existirem; emptio rei speratae ou venda da coisa esperada, ou seja, quando o adquirente assume o risco da coisa a vir existir em qualquer quantidade) ou coisas existentes, mas sujeitas a risco. Não solene ou solene: pode ser de forma livre, mas em determinados contratos a lei exige formalidade. Contrato nominado: tem designação própria. Contrato típico: é regulado por lei. Contrato de execução imediata ou de execução diferida: será de execução imediata quando se consome em um só ato; as prestações são cumpridas imediatamente após a celebração. Porém, poderá ser de execução diferida, quando também é cumprido em um só ato, mas no momento futuro, ou seja, as partes fixam prazo para a sua exigibilidade. II. Efeito da compra e venda; Segundo Gonçalves (2012, p.227-233), o contrato de compra e venda gera efeitos principais e/ou efeitos secundários. Os efeitos principais do contrato de compra e venda são: Gerar obrigações recíprocas para os contratantes e determinar a responsabilidade do vendedor pelos vícios redibitórios e pela evicção. Efeitos secundários ou subsidiários do contrato de compra e venda: responsabilidade pelos riscos; a repartição das despesas e o direito de reter a coisa ou o preço (Gonçalves, 2012, p.229- 233). III. Elementos da compra e venda. O contrato de compra e venda compõe-se pelos seguintes elementos: consentimento, preço e a coisa (Gonçalves, 2012, p.219). Consentimento Pressupõe a vontade das partes para vender e comprar e esta deve ser livre e espontânea, isenta de quaisquer vícios, sob pena de anulabilidade. Não é demais ressaltar que as partes devem ser capazes e aptas para contratar (pressupostos subjetivos da formação dos contratos). Ex: art.499 do CC veda a compra e venda entre marido e mulher que tenha por objeto bem que integre a comunhão. Preço O preço é a contraprestação do comprador, logo o contrato de compra e venda sem a fixação do preço é NULO, uma vez inexistir contrato de compra e venda sem obrigações simultâneas. 8. Contratos de seguros: Base legal: 757 a 802 do Código Civil de 2002. Discorra e fundamente sobre: I. Conceito e características; Segundo Maria Helena Diniz (2003, p.441): “O contrato de seguro é aquele pelo qual uma das partes (segurador) se obriga para com a outra (segurado), mediante pagamento de um prêmio, a garantir-lhe interesse legítimo relativo a pessoa ou a coisa e a indenizá-la de prejuízo decorrente de riscos futuros previstos no contrato”. O conceito de contrato de seguro no Código Civil está disciplinado no Art.757, com a seguinte redação: “Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados”. II. Classificação; 1) contrato de natureza bilateral ou sinalagmático: contrato de seguro é bilateral devido aos efeitos por ele gerados que, exatamente, a constituição de obrigações para ambos os contraentes, ou seja, há reciprocidade de obrigações (sinalágma). As partes, segurado e segurador, são sujeitos de direitos e deveres: um tem como uma de suas prestações a de pagar o prêmio e o outro tem como contraprestação pagar a indenização em se concretizando o risco. 2) contrato oneroso: pois traz prestações e contraprestações, uma vez que cada um dos contraentes visa obter vantagem patrimonial. 3) contrato aleatório: por não haver equivalência entre as prestações, o segurado não poderá antever, de imediato, o que receberá em troca da sua prestação, pois o segurador assume o risco, elemento essencial desse contrato, devendo ressarcir o dano sofrido pelo segurado, se o evento incerto e previsto no contrato ocorreu. O ganho ou a perda dos contraentes dependerá de fatos futuros e incertos, previstos no contrato, que constituem o risco. 4) contrato formal: segundo entendimento da jurista Maria Helena Diniz, o contrato de seguro seria formal, visto ser obrigatório a forma escrita, já que não obriga antes de reduzido a escrito, considerando-se perfeito o contrato desde o momento em que o segurador remete a apólice ao segurado, ou faz nos livros o lançamento usual da operação ( CC,arts.758 e 759).A forma escrita é exigida para a substância do contrato. Porém, grande parte da doutrina afirma que o contrato de seguro está perfeito e acabado quando se der o acordo de vontades (consenso das partes). Numa primeira análise do art.758,CC , pode-se-ia concluir que o seguro seria formal devido à necessidade do documento. Todavia percebe-se facilmente que o documento exigido não faz parte da substância do ato, possuindo apenas caráter probatório. 5) contrato de execução sucessiva ou continuada: destinando a subsistir durante um período de tempo, por menos que seja, pois visa proteger o bem ou a pessoa. Sua execução se realiza escalonadamente, sendo necessário que a obrigação do segurado seja satisfeita dentro dos termos convencionados, sob pena de rescindir-se por tratar-se de obrigação de trato sucessivo. Os efeitos passados serão mantidos, cessando-se os que decorrerem dali para frente. 6) contrato por adesão: formando-secom a aceitação pelo segurado, sem qualquer discussão, das cláusulas impostas ou previamente estabelecidas pelo segurador na apólice impressa, e as modificações especiais que se lhe introduzem são ressalvadas que o segurador insere por carimbo ou justaposição. 7) contrato de boa-fé: (CC,arts.765,766 e parágrafo único),pois o contrato de seguro, por exigir uma conclusão rápida, requer que o segurado tenha uma conduta sincera e leal em suas declarações a respeito do seu conteúdo e dos riscos, sob pena de receber sanções se proceder de má-fé, em circunstâncias em que o segurador não pode fazer as diligências recomendáveis à sua aferição, como vistorias, inspeções ou exames médicos, fiando-se apenas nas afirmações do segurado, que por isso deverão ser verdadeiras e completas, não omitindo fatos que possam influir na aceitação do seguro. A boa-fé é exigida também do segurador. III. Apólice e bilhete de seguro; O contrato de seguro prova-se com a exibição da apólice ou do bilhete do seguro, e, na falta deles, por documento comprobatório do pagamento do respectivo prêmio. A emissão da apólice deverá ser precedida de proposta escrita com a declaração dos elementos essenciais do interesse a ser garantido e do risco. A apólice ou o bilhete de seguro serão nominativos, à ordem ou ao portador, e mencionarão os riscos assumidos, o início e o fim de sua validade, o limite da garantia e o prêmio devido, e, quando for o caso, o nome do segurado e o do beneficiário. No seguro de pessoas, a apólice ou o bilhete não podem ser ao portador. IV. Risco; Consiste o risco no acontecimento futuro é incerto previsto no contrato, suscetível de causar dano. Quando este evento ocorre, a técnica securitária o denomina sinistro. A obrigação de garantia contida no seguro, só obriga a seguradora a pagar a indenização quando o risco se concretiza, de maneira que este acontecimento torna-se essencial. V. Espécies de seguro; 1) QUANTO ÀS NORMAS QUE OS DISCIPLINAM, em: A) comerciais, regidos pelo Código Comercial, que trata dos seguros marítimos de transporte e de caso; B) civis, disciplinados pelo Código Civil, atinentes aos seguros de dano e aos de pessoa (CC, arts.778 a 802 ). 2) QUANTO AO NÚMERO DE PESSOAS, em: A) individuais, se compreenderem um só segurado; e B) coletivos ou em grupo, se abrangerem várias pessoas. É frequente o seguro de vida em grupo, pelo qual as pessoas têm por escopo aumentar a renda em certas circunstâncias, como após a aposentadoria, e com o evento morte, relativamente aos beneficiários. 3) QUANTO AO MEIO EM QUE SE DESENROLA O RISCO, em: A) terrestres , B) marítimos; e C) aéreos. 4) QUANTO AO OBJETO QUE VISAM GARANTIR, em: A) patrimoniais, se se destinam a cobrir as perdas resultantes de obrigações; B) reais, se obtiverem os prejuízos sofridos por uma coisa; e C) pessoais, se disserem respeito às faculdades humanas, à saúde e à vida. Ou ainda, como prefere o novo Código Civil em: A) de dano (arts.778 a 788) ou B) de pessoa (arts.789 a 802). 5) QUANTO À PRESTAÇÃO DOS SEGURADOS, em: A) a prêmio, se se referirem aos que obrigam o contratante a pagar uma parcela fixa convencional; B) mútuos, como os admitidos pelo Código Civil de 1916, quando as obrigações eram recolhidas em função dos riscos verificados, repartindo-se as consequências, a posteriori, entre os associados mutualistas; e C) mistos, se determinarem uma paga fixa e outra de repique, em função de sinistro, a ser dividida entre os mutualistas, como admitia o Código Civil de 1916. 6) QUANTO ÀS OBRIGAÇÕES DO SEGURADOR, em: A) dos ramos elementares, abrangendo seguros para garantir perdas e danos ou responsabilidades oriundas dos riscos de fogo, de transportes e outros acontecimentos danosos, sendo que a obrigação do segurador consiste numa indenização, se o sinistro se verificar. Pode abranger, ainda, o seguro de responsabilidade civil (CC, arts. 787 e 788, parágrafo único); B) de pessoas ou de vida, se garantirem o segurado contra riscos a que estão expostas sua existência, sua integridade física e sua saúde, não havendo uma reparação de dano ou indenização propriamente dita. Não são contratos de indenização, pois não se pretende eliminar as consequências patrimoniais de um sinistro, mas sim pagar certa soma ao beneficiário designado pelo segurado. Dentre estes, os mais importantes são: os seguros de vida stricto sensu e os seguros contra acidentes. Sendo que há duas espécies de seguros contra acidentes: o seguro contra acidentes no trabalho, obrigatório a todo empregador, visando cobrir riscos de morte ou lesão provocados pelo exercício do trabalho; e o seguro contra acidentes pessoais, que tem por fim cobrir riscos de morte ou lesão oriundos de acidente ocorrido com o segurado. Abrange também o seguro obrigatório para proprietários de veículos automotores. VI. Obrigações do segurado e do segurador. SEGURADOR: é aquele que suporta o risco, assumindo mediante o recebimento do prêmio, obrigando-se a pagar uma indenização. Assim, o prêmio é a garantia pecuniária que o segurado paga à seguradora para obter o direito a uma indenização se ocorrer o sinistro oriundo do risco garantido e previsto no contrato, o risco constituirá num acontecimento futuro e incerto, que poderá prejudicar os interesses do segurado, provocando-lhe uma diminuição patrimonial evitável pelo seguro, e a indenização é a importância paga pela seguradora ao segurado, compensando-lhe o prejuízo econômico decorrente do risco e assumido na apólice da seguradora. A atividade do segurador é exercida por companhias especializadas, isto é, por sociedades anônimas, mediante prévia autorização do governo federal (ASSP,1.852:74; CF 88,art.192,II, com redação da EC 13/96; lei nº 8.177/91, art. 21;CC, art.757, paragráfo único), ou cooperativas devidamente autorizadas (Dec- Lei nº 73166, art.24; Regulamento nº 59.195/66), porém tais cooperativas só poderão operar em seguros agrícolas e seguros de saúde. O seguro social de acidentes do trabalho tem hoje, como único segurador, o INSS (uma autarquia federal, que é o Instituto Nacional de Seguridade Social). SEGURADO: é o que tem interesse direto na conservação da coisa ou da pessoa, fornecendo uma contribuição periódica e moderada, isto é, o prêmio, em troca do risco que o segurador assumirá de, em caso se incêndio, abalroamento, naufrágio, furto, falência, acidente, morte, perda das faculdades humanas, etc , indenizá-los pelos danos sofridos. Dessa forma, ao contrário do que se dá com o segurador, qualquer pessoa pode figurar na posição de segurado, sendo necessário, em princípio ter capacidade civil. ************** O que é o sucesso! Acima de tudo, o sucesso é ser feliz. Acreditar que você pode atingir seus objetivos, aproveitando recursos, correndo riscos, sendo bem-sucedido, é uma atitude que deve ser renovada todos os dias. Você pode, e deve, criar seu próprio sucesso!
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