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CARIOLOGIA

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Cariologia
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª M.ª Gizela Faleiros Dias Costa
Prof. Me. Gerson Lopes
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Fatores da Doença Cárie Dentária
Fatores da Doença Cárie Dentária
 
 
• Realizar ampliada abordagem da doença cárie, reconhecendo todos os fatores biológicos e 
a influência dos fatores socioeconômicos, comportamentais, de instrução relacionados ao 
processo saúde-doença bucal.
OBJETIVO DE APRENDIZADO 
• Introdução;
• O Papel da Saliva no Desenvolvimento de Lesões de Cárie;
• Fatores Relativos ao Dente;
• Biofilme;
• Placa Ecológica;
• Dieta;
• Alimentos e sua Cariogenicidade;
• E na Prática, Como Agir?
• Acesso aos Fluoretos;
• Outros Fatores: Classe Social, Renda, Comportamento, 
Instrução, Conhecimento e Atitudes.
UNIDADE Fatores da Doença Cárie Dentária
Introdução
Um dos problemas de saúde bucal de maior relevância é a doença cárie. Sua ascen-
dência está ligada à Revolução Industrial, quando houve a introdução dos açúcares na 
dieta, sendo que nas populações mais primitivas, cuja alimentação se limitava à caça, 
frutas e pescas, praticamente não tiveram a experiência de cáries. Mas sua etiologia é 
multifatorial, sendo necessária a interação entre diversos fatores, dentre eles os dentes 
susceptíveis, a microbiota bucal, dieta e o tempo para que o processo se estabeleça.
Recentemente a cárie vem sendo analisada também no seu aspecto socioeconômico, 
estabelecendo uma relação entre a estratificação social e a presença de lesões, bem 
como a dificuldade do acesso ao tratamento. 
Portanto, diversos fatores influenciam os processos metabólicos relacionados à doença 
cárie, de modo que para facilitar o entendimento utilizaremos a seguinte Figura: 
Classe social
Renda
Saliva
(taxa de �uxo)
Saliva
(composição)
Tempo
Dente
Dente
Depósito de
microrganismos
Depósito de
microrganismos
Soluções
�uoretadas
pH
pH
Capacidade
tampão
Taxa de
depuração
do açúcar
Dieta
composição
frequência
Espécies
microbianas
Atitudes
Instrução
ConhecimentoComportamento
Figura 1 – Esquema dos fatores do processo de cárie
Fonte: Adaptada de FEJERSKOV; NYVAD; KIDD, 2017
O círculo interno indica os fatores biológicos do processo de cárie que atuam no nível 
da superfície dentária individual; como exemplos podemos citar:
• Saliva: composição salivar (capacidade tamponante), velocidade de secreção sali-
var, concentração de íons de flúor nos fluidos da boca;
• Biofilme: microrganismos, espessura;
• Dieta: composição e frequência.
Já o círculo externo mostra como a classe social, renda, o comportamento, a instru-
ção, o conhecimento e as atitudes influenciam os fatores biológicos.
8
9
O Papel da Saliva no Desenvolvimento 
de Lesões de Cárie
A saliva é o fluido secretado por d iferentes glândulas salivares – as maiores (parótida, 
submandibular e sublingual) e as menores (centenas delas); é responsável por diversas 
funções na cavidade bucal, dentre as quais temos: lubrificação, hidratação, facilitar a 
mastigação, a gustação e deglutição, além de atividade imunológica. 
Em relação ao desenvolvimento da cárie, a saliva está intimamente ligada com: 
• Limpeza fisiológica através de seu fluxo: as taxas de fluxo normais para saliva to-
tal não estimulada encontram-se entre 0,2 e 0,5 mℓ/min. É de fundamental impor-
tância a manutenção de um fluxo salivar normal para que todas as funções da saliva 
aconteçam. Pacientes com redução de fluxo salivar, conhecida por xerostomia e 
causada pelo uso de medicamentos, tratamentos radioterápicos, portadores de sín-
dromes (Sjögren), podem apresentar aumento na prevalência de cárie. Com taxas 
diminuídas de fluxo, o processo normal de remineralização é alterado, favorecendo 
a desmineralização. Contudo, deve-se lembrar sempre do conceito multifatorial da 
cárie, de modo que em condições de boa higiene bucal e dieta não cariogênica, 
essa alteração na prevalência é minimizada;
• E quilíbrio da microbiota bucal: realizado através da ação combinada de proteínas 
antimicrobianas da saliva, tal como a l isozima, que é capaz de hidrolisar a parede 
celular bacteriana; l actoferrina, que tem atividade bacteriostática, bactericida, fun-
gicida, antiviral e anti-inflamatória. As a glutininas levam à agregação de diversos 
microrganismos, e as i munoglobulinas atuam na adesão e fagocitose bacteriana. 
Além disso, o esmalte em contato com a saliva forma uma camada de proteínas 
e glicoproteínas denominada película adquirida, que se forma após a erupção 
dentária. Essa película servirá para a adesão ou repulsão de microrganismos num 
momento seguinte. Acredita-se ainda que essa película é capaz de favorecer à remi-
neralização, por manter o cálcio e fosfato próximos à superfície dentária durante a 
exposição aos ácidos. As bactérias cooperam para a degradação de cadeias laterais 
de oligossacarídeos de glicoproteínas, tais como as mucinas. A produção ácida ad-
vinda do metabolismo desses açúcares é relativamente baixa. Todavia, na ausência 
de outros nutrientes, a saliva é uma fonte suficiente de sustentação do crescimento 
da microbiota oral ;
A profilaxia profissional, o condicionamento ácido e clareamento são capazes de re-
mover a película adquirida. Já a escovação pode influenciar no atraso da adsorção de 
novas proteínas quando é utilizado o Lauril Sulfato de Sódio (LSS), o que pode deixar 
a superfície mais vulnerável aos ácidos da dieta. 
• Efeito-tampão: a Capacidade-Tampão da Saliva (CTS) é a propriedade de a sa-
liva manter o seu potencial Hidrogeniônico (pH) constante a 6,9-7,0, graças aos 
seus tampões mucinato/mucina, HCO3/H2CO3 (bicarbonato) e HPO4 – (fosfato), que 
bloqueiam o excesso de ácidos e bases, mantendo a integridade dos dentes e da 
9
UNIDADE Fatores da Doença Cárie Dentária
 mucosa bucal. A capacidade tamponante da saliva é um importante fator de resis-
tência à cárie dental, pois age neutralizando os ácidos bucais;
• Participação no processo de Desmineralização e Remineralização (DES-RE): a 
saliva cobre os dentes através da película, por um filme delgado de cerca de 10 μm 
de espessura. Sabe-se que a camada mais externa do dente – o esmalte – é forma-
da basicamente por um mineral denominado hidroxiapatita, e que todo mineral 
apresenta solubilidade em água, dependendo da saturação do meio. Sob condições 
fisiológicas (pH 7,4), há equilíbrio dinâmico, em que as trocas iônicas entre esmalte e 
meio ambiente acontecem; porém, a quantidade de íons que é perdida pelo esmalte 
(DES) é igual ou muito parecida com a que o meio ambiente fornece (RE). Para que os 
tecidos duros dentais não sofram dissolução, deve haver esse equilíbrio, ou a saliva e 
os fluidos bucais devem ser supersaturados em relação à hidroxiapatita e fluorapatita.
A solubilidade da hidroxiapatita e de outros fosfatos de cálcio é muito afetada pelo pH 
da água na qual é dissolvida, portanto, em ambiente ácido os cristais de hidroxiapatita se 
dissolvem, já que o fluido salivar se torna insaturado em relação ao dente pela remoção 
dos íons PO43– e OH–. Neste caso, a desmineralização é favorecida. Esta é a represen-
tação química de uma hidroxiapatita sólida quando se dissolve: 
Ca5(PO4)3 OH ↔ 5Ca+2 + 3PO4+3– + OH–
pH
Tempo (min)
pH crítico
para dissolução
da dentina
pH crítico
para dissolução
do esmalte
0 10
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
20 30 40 50 60
Figura 2 – Dissolução do esmalte e da dentina em relação à queda do pH. Nota-se que o pH 
fica abaixo do crítico na dentina, mais que o dobro do tempo da dissolução em esmalte
Fonte: Adaptada de BUSATO; MALTZ, 2014
Para que a saliva e o fluido da placa estejam numa saturação menor em relação à 
hidroxiapatita, é necessário atingir um pH “crítico”, com valor aproximado de 5,5 no 
esmalte, onde haverá predomínio da desmineralização. Com o uso do flúor, o “pH 
crítico” é mais baixo, de aproximadamente 4,5, atrasando o processo. Na dentina, o pH 
crítico é de 6,2-6,3. 
Constantes quedas no pH, pela manutenção da acidez por períodosmais longos, 
farão com que não haja tempo hábil para retornar ao pH inicial, de modo que as suces-
sivas desmineralizações acontecerão, o que aumentará a suscetibilidade à cárie dentária 
– que inicialmente se apresentará na forma de lesões brancas no esmalte e amolecidas 
na dentina (Figura 3).
10
11
Ao contrário, quando o meio bucal se torna supersaturado em relação à hidroxiapati-
ta, ocorrerá a remineralização, a qual é possível até mesmo quando já apresenta sinais 
iniciais de cárie em esmalte. Porém, a reversão total de minerais raramente é notada. 
Podemos notar, na Figura 3, que a cada exposição ao meio bucal ácido, o pH cai 
para um nível em que o processo de desmineralização começa e notam-se constantes 
quedas do pH abaixo do nível crítico, demonstrando frequente exposição à alimentação 
rica em sacarose – o que será abordado adiante.
pH
4
5
6
7
8
Figura 3 – Quedas constantes do ph após exposição à dieta rica em sacarose
Para facilitar o entendimento, visualize o seguinte esquema:
Hidroxiapatita
Ca10(PO4)5 OH2
Hidroxiapatita
Ca+2 Ca+2
Ca+2
Ca+2
Ca+2
PO4
-3
PO4
-3
PO4
-3
PO4
-3
OH2
-
OH2
-
Ca10(PO4)5 OH2
A: �uidos do bio�lme supersaturado em
relação à hidroxiapatita. Minerais repostos
ou manutenção do equilíbrio (RE).
B: �uidos do bio�lme subsaturado em relação
à hidroxiapatita. Minerais dissolvidos (DES).
Figura 4 – Relação entre os minerais dentais e os fl uidos bucais em 
jejum e após a exposição a carboidratos fermentáveis
Fatores Relativos ao Dente
Os dentes passam por uma maturação pós-eruptiva, portanto, são expostos na cavi-
dade bucal e gradativamente realizarão trocas com os fluidos bucais no processo DES 
RE. Assim, os dentes recém-irrompidos são mais suscetíveis à desmineralização do que 
aqueles que já passaram pelas frequentes remineralizações. Atualmente, sabe-se que 
essa diferença de suscetibilidade não é substancial para que se altere o potencial cariogênico.
Outra característica relacionada aos dentes corresponde aos locais de maior suscetibi-
lidade, pela morfologia ou posição termo que entra em desuso; isto porque o que existe 
são locais onde há depósitos microbianos que não foram removidos, o que aumenta a 
predisposição ao aparecimento da lesão.
11
UNIDADE Fatores da Doença Cárie Dentária
Biofilme
A presença de microrganismos (biofilme) na superfície dental é pré-requisito para o 
desenvolvimento das lesões de cárie, porém, a sua existência não é suficiente para que 
haja lesão de cárie.
A cavidade oral de um recém-nascido é estéril, mas com o passar dos meses a 
quantidade de microrganismos aumenta gradativamente. Os pioneiros são: Streptococcus 
salivarius, Streptococcus mitis e Streptococcus oralis. Em seguida surgem anaeróbios 
Gram-negativos: Prevotella melaninogenica, Fusobacterium nucleatum e Veillonella 
spp. Mais tarde, com a erupção dos dentes, surgem os Streptococcus mutans e 
Streptococcus sanguinis. Essa flora bacteriana permanece em equilíbrio, sendo 
influenciada pela dieta, higiene e alterações hormonais.
Os estudos concordam quando colocam o S. mutans como uma bactéria altamente 
cariogênica, porém, a cárie pode ocorrer na ausência dessa bactéria. Dentre as bactérias ca-
pazes de levar à lesão de cárie dentária estão os lactobacilos, bifidobactérias e Scardovia spp.
Uma dieta rica em carboidratos aumenta a taxa de crescimento de muitas bactérias 
orais. Assim, tem sido mostrado que o acúmulo de placa dental após 4 dias, consideran-
do-se extensão, peso e número de bactérias, é maior quando os indivíduos consomem 
uma dieta complementada com guloseimas açucaradas, quando comparado ao cresci-
mento por uma dieta controlada, sem a adição de sacarose. 
Entretanto, o que pode ser clinicamente mais importante é que uma dieta rica em 
sacarose pode mudar a composição da microbiota, gerando baixo pH, capaz de inibir o 
crescimento de muitas bactérias orais encontradas na placa, selecionando, deste modo, 
as espécies mais acidúricas. 
Todos esses fatores aumentariam a probabilidade de desenvolvimento de lesões cariosas.
• Capacidade acidogênica: a produção de ácido é determinante fundamental para 
a patogenicidade, sendo responsável pela desmineralização do esmalte na etapa 
inicial da cárie. É um pré-requisito essencial para que um microrganismo seja con-
siderado cariogênico;
• Capacidade acidúrica: sobrevivência do microrganismo em pH ácido, permitin-
do que desenvolva as suas atividades metabólicas em ambientes de pH baixo, tais 
como sulcos e fissuras dos dentes.
O que é biofilme?
12
13
Figura 5
Fonte: Getty Images
Os microrganismos não ficam soltos na cavidade oral permanentemente, de modo 
que precisam se fixar a uma superfície para crescimento e multiplicação. Para isto, 
aderem-se à película adquirida (descrita no item saliva) por interação de receptores.
Como o biofilme é formado?
70% de células
microbianas 
30% de matriz
extracelular +
�uido do bio�lme 
Matriz extracelular =
polissacarídeos produzidos
pelas bactérias e outros
elementos salivares.
Fluido do bio�lme = permeia a
matriz extracelular e nesse que se
concentra os íons cálcio, fosfato e
�úor que participam do processo
DES-RE.
Figura 6
Placa Ecológica
Os microrganismos associados à doença cárie estão presentes em cavidades bucais 
livres de cárie; portanto, sugere-se que a cárie é causada por desequilíbrio da microbiota 
“disbiose”, associada a repetidas diminuições de pH após frequente ingestão de açúcar 
– esta teoria ressalta a natureza multifatorial da doença cárie.
13
UNIDADE Fatores da Doença Cárie Dentária
Figura 7 – Hipótese da placa ecológica
Fonte: FEJERSKOV; NYVAD; KIDD, 2017
O diagrama mostra um relacionamento dinâmico, no qual uma mudança 
ambiental no biofilme (p. ex., pH baixo) conduz a uma mudança no equilíbrio 
da microbiota residente, deslocando, assim, o equilíbrio para a desminerali-
zação do esmalte. A cárie pode ser controlada pela inibição dos patógenos 
putativos (EM ou outros produtores de ácido) ou interferindo nas mudanças 
ambientais, conduzindo à mudança ecológica (p. ex., reduzindo o desafio 
ácido pelo uso de controle da ingestão de açúcar, pela estimulação de saliva 
e/ou pela remoção do biofilme). EM: estreptococos do grupo mutans. 
Portanto, precisa ser desmistificado o papel dos microrganismos, pois a sua presença 
não é suficiente para que haja lesão de cárie, uma vez que estão presentes também na 
cavidade oral de pacientes livres de cárie – o que reforça a teoria da não transmissibili-
dade da cárie.
Então, se há desequilíbrio na microbiota bucal, para prevenir a doença cárie é necessário 
restaurar este equilíbrio? Se sim, como fazê-lo?
Remoção mecânica da placa, controle da ingestão de açúcar e estimulação salivar?
Dieta
A dieta tem papel-chave no processo carioso. Sabe-se, pela evidenciação histórica, 
que o consumo de açúcares está intimamente ligado ao maior risco à cárie. As bactérias 
presentes no biofilme metabolizam os carboidratos, gerando ácidos como produtos, os 
quais capazes de levar à desmineralização dos tecidos dentários. Isso acontece porque, 
após o consumo de açúcar, o pH do biofilme cai bruscamente, e em 10 minutos chega ao 
seu ponto mínimo, retornando ao seu valor basal após 45 a 60 minutos. A frequência dessa 
queda abaixo dos valores críticos leva ao predomínio dos processos de desmineralização 
em relação à remineralização, aumentando a chance de aparecimento da lesão de cárie.
Além disso, os carboidratos podem ser armazenados na forma de Polissacarídeos 
Intracelulares (PIC) e Extracelulares (PEC). Os PIC podem ser formados por diversos 
açúcares e são reservas utilizadas no metabolismo bacteriano em momentos de escassez. 
14
15
Já os PEC advêm da metabolização exclusiva da sacarose e atuam na adesã o bacteriana, 
aumentando a porosidade da matriz do biofilme, o que confere à sacarose o título de 
açúcar mais cariogê nico.
Figura 8
Fonte: Getty Images
Você Sabia?
No processamento industrial, as moléculas de amido sofrem gelatinizaç ã o, demodo que 
quanto maior for o grau desse processo, mais fácil será a degradação enzimática, por-
tanto, maior será o seu potencial cariogê nico. Ou seja, o amido cozido promove maior 
queda de pH em relação ao amido cru.
Alimentos e sua Cariogenicidade
Os alimentos mais rapidamente metabolizados pelas bactérias do biofilme são os 
açúcares. Nota-se que a glicose, maltose, frutose e sacarose levam a quedas de pH 
semelhantes, com diferença só observada na lactose – na qual a queda do pH é menor.
pH
Amido cru
Amido cozido
Lactose
Glicose
Maltose
Frutose
Sacarose
min
6
5
10 20 30
Figura 9 – Curva do pH do biofi lme após a ingestão de diferentes açúcares
Fonte: Adaptada de BUSATO ; MALTZ, 2014
15
UNIDADE Fatores da Doença Cárie Dentária
Nota-se que outros alimentos, como o leite e os seus derivados, principalmente o 
queijo, possuem efeito protetor contra a cárie, em razão da presença de cálcio, fosfato 
e caseína. Portanto, sabe-se, por meio de diversos estudos, que no leite, mesmo pos-
suindo lactose, esse açúcar é pouco cariogênico ou apresenta efeito nulo na ocorrência 
da cárie; já o leite materno contém mais lactose e menores concentrações de cálcio e 
fosfato que o leite de vaca, sugerindo ser mais cariogênico – porém, este assunto tem 
causado controvérsia entre os pesquisadores.
No mercado existem diversos adoçantes, substitutos do açúcar, que podem ser não 
calóricos, tais como a sacarina, o ciclamato e aspartame, que não são metabolizados 
pelas bactérias do biofilme – e por isto não têm relação com a cárie. E há os calóricos, 
tais como o sorbitol e xilitol que, apesar de serem metabolizados pelas bactérias, causam 
leve queda de pH, mas insuficiente para atingir o pH crítico da desmineralização.
Diversos estudos demonstram que o xilitol reduz a contagem de S. mutans, sendo 
capaz de levar a uma menor produção de ácidos pelo biofilme, com menor número 
de bactérias cariogênicas. Devido a isto, alguns dentifrícios adicionaram esse com-
ponente em sua fórmula.
Figura 10 – Curva de Stephan após alta frequência de 
consumo de alimentos ricos em carboidratos
Fonte: FEJERSKOV; NYVAD; KIDD, 2017
Através dessa curva de Stephan (Figura 10) é possível observar o que acontece após 
a ingestão de alimentos cariogênicos: uma queda abaixo do pH crítico. A frequência de 
alimentação rica em carboidratos causará repetição contínua dessa curva, com períodos 
maiores de desmineralização e maior susceptibilidade à cárie.
E na Prática, Como Agir?
Precisamos saber como é a alimentação do paciente, o que pode ser realizado atra-
vés de diários alimentares (anota-se toda a alimentação durante 4 a 7 dias); entrevista (o 
que consumiu nas últimas 24 horas); questionários (formulários construídos em fase de 
validação para ser usado no atendimento).
16
17
Após a coleta dos dados, o cirurgião-dentista deverá avaliar individualmente a dieta 
de cada paciente e realizar o aconselhamento dietético oportuno, visando ao controle 
da cárie dentária. Importante ressaltar que se forem notados outros hábitos alimentares 
nocivos, este paciente poderá ser encaminhado ao nutricionista para tratamento multi-
disciplinar simultâneo.
A proposta deve conter a substituição de balas, chicletes e refrigerantes convencio-
nais por aqueles contendo alternativas ao açúcar. Sucos de fruta, sem adoçar, deve ser 
a melhor opção de refresco, e quando houver consumo de açúcar, que seja próximo às 
refeições principais, seguido por escovação dentária.
Pesquisas são realizadas com probióticos na tentativa de que a microbiota bucal residente 
seja favorecida em detrimento de espécies causadoras da cárie; porém serão necessários 
diversos estudos nessa área para maior esclarecimento.
Acesso aos Fluoretos
O flúor (F–) é um fator que influencia na ocorrência de cárie e a sua presença na 
cavidade oral favorece o hospedeiro. 
Durante muito tempo acreditou-se que o F– exercia efeito anticariogênico, deixando o 
esmalte mais resistente por incorporar-se aos seus cristais. Dessa forma, o F– tinha como 
indicação principal a sua ingestão durante a formação do dente. Atualmente, a maioria 
dos profissionais de saúde reconhece o F– como um dos responsáveis pelas reduções da 
cárie e o seu uso considerado eficiente é pela fluoretação da água e compondo os dentifrí-
cios, a fim de que haja disponibilidade de íons nos fluidos bucais (saliva, fluido do biofilme).
Na ausência de flúor, o pH crítico para a desmineralização do esmalte é 5,5; já na 
sua presença, esse pH é reduzido a 4,5, fazendo com que seja necessária maior queda 
de pH para que se inicie a desmineralização – este fato é explicado pela fluorapatita ser 
mais resistente ao pH ácido. Além disso, o flúor pode estar presente na forma de fluo-
reto de cálcio, que é um reservatório de flúor disponível quando há ataque cariogênico. 
Outros Fatores: Classe Social,
Renda, Comportamento,
Instrução, Conhecimento e Atitudes 
Todos os fatores que descrevemos até agora pertencem ao círculo interno, ou seja, 
são aspectos biológicos do processo de cárie. A partir de agora abordaremos o círculo 
externo (Figura 1), onde a causalidade da doença cárie será relacionada ao nível socioe-
conômico, comportamento, à instrução, ao conhecimento e às atitudes.
17
UNIDADE Fatores da Doença Cárie Dentária
Ao analisar os dados do último levantamento epidemiológico nacional (SB-2010), 
confirma-se a determinação social da cárie dentária, com maior severidade dessa doen-
ça nos grupos populacionais socioeconomicamente menos favorecidos. A prevalência 
de cárie foi significantemente mais elevada em crianças pretas, pardas e amarelas que 
em brancas, o que é explicado pela pior condição socioeconômica desses estratos de 
cor da pele.
Outro fato que chama a atenção desde o primeiro levantamento de 1986 é que, 
apesar do declínio da prevalência de cárie em todo o País, nota-se que há manutenção 
de piores indicadores dessa doença em famílias com renda mais baixa e que vivem em 
municípios com piores indicadores econômicos e de acesso à água fluoretada. 
É evidente, portanto, que o nível socioeconômico influencia os conhecimentos, as 
atitudes e os comportamentos em relação à saúde bucal e, portanto, estão relacionados 
à ocorrência da cárie dentária. 
18
19
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
Projeto Homem Virtual – Formação de lesões de cárie em superfície oclusal e o ICDAS 
https://youtu.be/kf9bYCab7RU
 Leitura
Cárie: tem muita coisa que você (ainda) não sabe
https://bit.ly/3cB0S9K
Cárie é transmissível? Tipo de informação sobre transmissão da cárie em crianças encontrada através da 
ferramenta de busca Google
https://bit.ly/3qN2AJZ
Determinantes individuais e contextuais da cárie em crianças brasileiras de 12 anos em 2010
https://bit.ly/3eGiuDR
Pesquisa Nacional de Saúde Bucal: resultados principais
https://bit.ly/3eDw0Ih
19
UNIDADE Fatores da Doença Cárie Dentária
Referências
ALVES, K.; SEVERI, L. Componentes salivares associados à prevenção da cárie den-
tal – revisão de literatura. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São 
Paulo, v. 28, n. 1, p. 37-42, 2016.
BUSATO, A. L. S.; MALTZ, M. Cariologia: aspectos de dentística restauradora. São 
Paulo: Artes Médicas, 2014. (Série Abeno: Odontologia Essencial – Parte Clínica).
FEJERSKOV, O.; NYVAD, B.; KIDD, E. Cárie dentária: fisiopatologia e tratamento. 
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. 
FELDENS, C. A.; KRAMER, P. F. Cárie dentária na infância: uma abordagem con-
temporânea. São Paulo: Santos, 2013. 
NASCIMENTO, M. M. et al. Second Era of Omics in caries research: moving past the 
pHase of disillusionment. J. Dent. Res., v. 96, n. 7, p. 733-40, 2017.
PINTO, V. G. Saúde bucal coletiva. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. 
20

Outros materiais